Apostila de Banana pt1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA DISCIPLINA AC 0497 FRUTICULTURA

- APOSTILA -

A CULTURA DA BANANA I

Fortaleza, Ceará Janeiro de 2013

A cultura da Banana

AUTORES João Paulo Cajazeira Cajazeira Engenheiro Agrônomo, M.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas, Doutorando em Fitotecnia, Universidade Federal do Ceará Márcio Cleber de Medeiros Corrêa Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Fitotecnia, Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal do Ceará

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A cultura da Banana

Sumário 1. Apresentação.................................................................................. 05 2. Origem e dispersão........................................................................ 06 3. Perfil da cultura no Brasil (situação atual e perspectivas)......... 07 4. Taxonomia....................................................................................... 09 5. Morfologia....................................................................................... 11 5.1 A bananeira................................................................................ 11 5.1.1 Caule subterrâneo (Rizoma)......................................... 11 5.1.2 Sistema radicular.......................................................... 12 5.1.3 Gemas apical e lateral.................................................. 13 5.1.4 Folhas........................................................................... 14 5.1.5 Pseudocaule ou tronco da bananeira........................... 15 5.1.6 Inflorescência................................................................ 15 5.1.7 Cacho............................................................................ 16 6. Variedades...................................................................................... 17 6.1 Caipira.........................................................................................18 6.2 Thap Maeo..................................................................................18 6.3 Fhia 18........................................................................................ 19 6.4 Fhia 21........................................................................................ 21 6.5 Pacovan Ken.............................................................................. 21 6.6 Preciosa...................................................................................... 21 7. Exigências climáticas.................................................................... 24 7.1 Temperatura............................................................................... 24 7.2 Ventos......................................................................................... 24 7.3 Precipitação................................................................................ 25 7.4 Luminosidade............................................................................. 25 7.5 Umidade relativa (UR)................................................................ 26 7.6 Altitude........................................................................................ 26 8. Exigências edáficas....................................................................... 27 8.1 Topografia................................................................................... 27 8.2 Profundidade.............................................................................. 27 8.3 Aeração...................................................................................... 28 9. Propagação..................................................................................... 29 -3-

A cultura da Banana 9.1 Métodos de propagação convencional....................................... 29 9.1.1 O pomar........................................................................ 30 9.1.1.1 Tipos de mudas obtidas no pomar.................. 31 9.2 Micropropagação........................................................................ 32 9.2.1 Vantagens da micropropagação................................... 34 9.2.2 Limitações da micropropagação................................... 35 10. Planejamento e implantação do pomar comercial...................... 36 10.1 Época de plantio....................................................................... 36 10.2 Espaçamento e densidade....................................................... 36 10.3 Sulcamento e coveamento....................................................... 38 10.4 Plantio e replantio..................................................................... 38 11. Manejo da cultura.......................................................................... 39 11.1 Manejo das plantas daninhas................................................... 39 11.2 Desbaste................................................................................... 41 11.3 Desfolha.................................................................................... 42 11.4 Amarração da planta.................................................................42 11.5 Ensacamento do cacho............................................................ 42 11.6 Colheita..................................................................................... 44 12. Nutrição e adubação...................................................................... 48 12.1 Calagem e adubação................................................................ 50 12.1.1 Calagem...................................................................... 50 12.1.2 Adubação orgânica..................................................... 51 12.1.3 Adubação fosfatada.................................................... 51 12.1.4 Adubação potássica.................................................... 51 12.1.5 Adubação nitrogenada................................................ 52

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A cultura da Banana

1. Apresentação Diante da importância agrícola no cenário mundial, faz-se necessário, por parte do profissional das ciências agrárias, o entendimento das etapas de produção das principais culturas, desde a obtenção de mudas até a colheita, passando pela comercialização. A cultura da banana, destaca-se por ter grande importância econômica para o Brasil, sendo a segunda fruta mais importante em área colhida, quantidade produzida, valor da produção e consumo, ainda que ocupe 0,87% do total das despesas com alimentação dos brasileiros. Neste contexto, a bananicultura desponta como uma das principais atividades agrícolas, sendo a banana uma das culturas mais exploradas nos trópicos. Segundo dados divulgados pelo IBGE em 2012, a área plantada com a referida cultura vem crescendo, principalmente na região Nordeste. A cultura ocupa uma área de 475.210 ha e rendimento médio de 14,0 t.ha- em sequeiro e 47,6 t.ha- em regime irrigado (Coelho et al., 2006). No Nordeste, o rendimento médio gira em torno de 13,7 t.ha-, já no estado do Ceará esse rendimento é menor, ficando em 10,3 t.ha-. Uma particularidade da cultura é a sua produção que é praticada tanto por grandes, médios e pequenos agricultores, sendo que cerca de 60% da produção nacional é devida a agricultura familiar, daí a grande importância social que esta cultura exerce. Nos perímetros irrigados, a banana é sem dúvida o carro-chefe de produção gerando emprego e renda para as comunidades circunvizinhas. Portanto, o objetivo da elaboração deste material é gerar uma fonte de pesquisa aos estudantes do curso de agronomia, da disciplina de fruticultura. Trata-se, portanto de um material extra de estudo e pesquisa não dispensando material bibliográfico.

João Paulo Cajazeira Doutorando em fitotecnia

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A cultura da Banana

2. Origem e dispersão

O termo banana, provavelmente, é originário da língua serra-leonesa (costa ocidental da África), sendo simplesmente incorporada a língua portuguesa, como a outros idiomas. Determinar sua origem é difícil, mas admiti-se ser do Sul da China ou Indochina (Ásia), Malásia e Indonésia, com exceção da banana-da-terra que é nativa do Brasil. Posteriormente, viajantes a levaram para a Índia, onde é mencionada por escritos budistas que datam de 600 a.C. Alexandre o grande, ao passar pela Índia, deparou-se com imensas plantações de bananeiras onde experimentou de seus frutos pela primeira vez e foi o responsável por levá-las ao Ocidente, isso em aproximadamente 300 a.C. No ano de 650, a banana chega ao continente africano pela ação dos árabes, os quais chegaram com o propósito de trabalhar com o tráfico de escravos e depararam-se com essa cultura que também lhe trouxe muitos lucros, fazendo com que a mesma chegasse até a ilha de Madagascar. Já no século XIII, os navegadores portugueses ao chegarem ao continente africano, apreciaram a banana e a levaram para as Ilhas Canárias, onde foram feitas as primeiras plantações. Em 1516, mudas foram transportadas pelos navios até a República Dominicana e Haiti e daí em diante se expandiu para o Caribe e América Central e depois para os outros países tropicais da América. No final do século XIX, houve uma maior dispersão dos frutos de bananeira, em virtude de novas tecnologias de armazenamento fazendo com que os frutos chegassem em bom estado de consumo nos países mais frios e assim expandindo a comercialização.

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A cultura da Banana

3. Perfil da cultura no Brasil (situação atual e perspectivas) A cultura da banana já era realizada pelos silvícolas brasileiros desde antes do descobrimento. Segundo Moreira e Cordeiro (2006), existiam pelo menos duas variedades de banana, a Branca e a Pacovan. Com o início das exportações em meados de 1904, para o mercado platino, a bananicultura brasileira passou por diversas alterações. Até pouco tempo, a produção de banana era dada em mil cachos, não se considerando o peso desses cachos, sendo assim, era impossível acompanhar a evolução produtiva da cultura da banana. Atualmente, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de novembro de 2012 do IBGE, a cultura da banana teve uma variação negativa na área plantada de 2011/2012 de - 2,8% saindo de 488.878 ha, em 2011 para 475.210 ha, em 2012. Quanto a produção, houve comportamento similar a área, com uma retração de 3,8% ficando em 6.833.942 t em 2012 (em 2011 foi de 7.104.661 t). O rendimento médio para a cultura foi de 14.533 t.ha- e 14.381 t,ha- para os anos de 2011 e 2012, respectivamente. No gráfico 1, é possível observar a evolução da área cultivada e colhida com a cultura da banana durante os anos de 2002-2011 G1. Evolução da área plantada (ha) e área colhida (ha) no território brasileiro nas safras (2002-2011). (fonte

Área (ha)

IBGE, 2012)

525000 520000 515000 510000 505000 500000 495000 490000 485000 480000 475000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Safra Área Plantada

Área Colhida

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A cultura da Banana No gráfico 2, é apresentado a produção e o rendimento médio obtidos para cultura, segundo dados do relatório de desenvolvimento agropecuário do IBGE, 2012.

G2. Evolução da produção (t) e do rendimento médio (kg.ha-) para cultura da banana. (fonte IBGE, 2012) 7200000

Produção (t)

7100000 7000000 6900000 6800000 6700000 6600000 6500000

Rendimento Médio (kg.ha-)

14800 14600 14400 14200 14000 13800 13600 13400 13200 13000 12800 12600 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Safra

As perspectivas para o desenvolvimento da bananicultura no Brasil são muito promissoras, visto que os desenvolvimentos de pesquisas que visem seu aprimoramento são grandes na área fitotécnica. Nos últimos anos, obteve-se grande avanço no que se refere à disponibilidade de material genético diversificado, produção de mudas sadias (micropropagação) e de boa qualidade

genética,

manejo

pré

e

pós-colheita

adequados,

técnicas

apropriadas de fitossanidade, nutrição e irrigação e, sobretudo a melhoria do nível técnico dos agricultores. Corroborando com isso, segundo Bagaiolo (2008), em levantamento de exportação de frutas tropicais in natura para os maiores mercados mundiais, como Japão, Estados Unidos e União Européia, os frutos brasileiros não tem fácil acesso a estes mercados excetuando-se a laranja e a banana. Portanto, há mercado consumidor internacional esperando a produção oriunda dos pomares de bananeira brasileiros.

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A cultura da Banana

4. Taxonomia

Também conhecidas como figueiras-de-adão, pacobeiras ou pacoveiras, a bananeira compõe o gênero Musa que é um dos três que compõem a família musaceae. Existem cerca de 50 espécies de musa que são utilizadas pelo homem para suas atividades. Neste contexto, fazem parte deste gênero, as abacás ou bananeira-de-corda (Figura 1), cujo frutos não têm finalidade alimentar e sim o propósito de fornecer fibras para cordaria. Foto: Wikipedia

O gênero musa tem quatro seções ou séries:

Australimusa,

Rhodochlamys

e

Eumusa.

Callimusa, (Simmonds,

1973). Sendo a última mais importância por deter a maior parte de espécies do gênero, maior distribuição geográfica e conter maior

Figura 1. Flor de Abacá

número de plantas que produzem frutos comestíveis. E, segundo pesquisas de

Carol Wong e colaboradores em Singapura, utilizando a classificação proposta por Cheesman (1948), a qual se baseia no número básico de cromossomos divididos em dois grupos da seguinte maneira: as espécies com n = 10 cromossomos pertencem às seções Australimusa e Callimusa, enquanto as espécies com n = 11 cromossomos integram as seções Rhodochlamys e (Eu) Musa. As espécies componentes destas duas últimas seções são as que apresentam potencialidade como germoplasma

útil ao melhoramento

genético (DANTAS FILHO, 1997), constatou-se que as diferenças genéticas entre as seções do mesmo grupo cromossômico são menores que as identificadas dentro de cada seção. As espécies com 2n = 20 cromossomos estão separadas nas seções Austrlimusa e Callimusa, e as espécies com 2n = 22 cromossomos estão distribuídas pelas seções Musa e Rhodochlamys. De acordo com sistemática botânica de classificação hierárquica, as -9-

A cultura da Banana bananeiras produtoras de frutos comestíveis são pertencentes a classe monocotiledônea,

ordem

Scitaminales,

família

Musaceae,

subfamília

Musoideae, gênero Musa.

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A cultura da Banana

5. Morfologia

Com a chegada dos exploradores europeus a América, uma planta em especial chamou a atenção, pelas formas, porte e coloração ao ponto de ser chamada de musa. 5.1 A bananeira Foto: Portal São Francisco

A

bananeira

é

uma

planta

herbácea, completa, possuidora de um

tronco

curto

e

subterrâneo,

representado pelo rizoma que se constitui num órgão de reserva, onde estão inseridas as raízes fibrosas e adventícias e a junção das folhas formam

o

pseudocaule

que

é

composto pela bainha das mesmas (Figura 2).

Figura 2. Esquema de uma planta de bananeira adulta, destacando suas partes morfológicas.

5.1.1 Caule subterrâneo (Rizoma) É a parte onde a bananeira mantém sua sustentação no solo, dependendo das condições edáficas, sua forma pode variar, em solos de textura leve (arenosos), os espaços intersticiais possibilitam a formação de um rizoma esférico, arredondado, ao passo que em solos com textura pesada - 11 -

A cultura da Banana (argilosos), em virtude do impedimento físico que ele proporciona, a conformação tende a ser um pouco mais achatada. A parte mais externa é chamada córtex (coloração esbranquiçada) que envolve o cilindro central de onde saem as raízes esta “capa” pode ter cerca de 3 a 5 cm de espessura e logo acima se encontra a gema apical, responsável pelo crescimento, ela está exatamente no ponto de fusão do córtex e do cilindro central, ou seja, o câmbio. O córtex das raízes é um prolongamento do córtex do rizoma. Um rizoma pesa em média de 7 a 11 kg, dependendo do crescimento (idade) e material genético e o diâmetro varia de 25 a 40 cm. Alguns chamam, erroneamente, o rizoma de bulbo, por definição o bulbo é um órgão de reserva igual ao rizoma mas, diferentemente do rizoma não emite brotos. A região superior do rizoma é estreita (delgada) onde começa a transição entre o córtex e a bases das bainhas das folhas. Durante o crescimento da bananeira, o rizoma vai ganhando forma de uma bexiga dentro d’água, com essa mudança, a gema apical é empurrada cada vez mais para o alto. 5.1.2 Sistema radicular O sistema radicular da planta fica localizado na parte central do rizoma, na solda do córtex e o cilindro central. As raízes crescem por toda superfície do rizoma no sentido horizontal na sua maioria, uma planta com 60 dias pode ter desenvolvido uma raiz que quase 1 m de comprimento. Elas são do tipo fasciculadas, ficando limitadas nas camadas superiores do solo, geralmente os primeiros 25 cm. No entanto, não mais do 20% pode ultrapassar este limite, crescendo verticalmente podendo atingir até 70 cm, mesmo assim não é suficiente para uma boa sustentação. O número de raízes vai depender do tipo de solo (fertilidade), do estádio de desenvolvimento e do material genético trabalhado, uma média da literatura é que a planta de bananeira tem por volta de 400 a 800 raízes. Nas raízes superficiais, o comprimento horizontal pode chegar a 4,00 m de extensão. No entanto, dependendo da natureza física do solo e da disponibilidade - 12 -

A cultura da Banana de água, as raízes verticais por chegar a se expandir igual as horizontais, mas o diâmetro delas gira em torno de 4 a 8 mm, não sendo suficiente para manter uma boa sustentação. Diante do que foi mostrado até então, as raízes horizontais se estendem mais do que as verticais e essa extensão se dá 360º da planta. Porém, com a família formada, a filha e a neta, principalmente as raízes tendem a seguir o caminhamento do pomar com uma margem de 15º para direita e para esquerda, esse dado é de fundamental importância em trabalhos de adubação. Quando pomar esta instalado em solo fértil, que atenda as necessidades da planta como drenagem, aeração, umidade, estrutura, etc. A tendência é que ela apresente raízes mais vigorosas chegando a crescer 60 cm por mês. O grande número de radicelas permite a planta absorver com maior eficiência. Porém se a situação for contrária, as raízes apresentam-se delgadas, em menor número, frágeis e secas. É bom lembrar que a bananeira lança raízes até a diferenciação floral, a partir daí cessa o aparecimento de novas raízes. Logo as plantas que estão chegando ao final do seu ciclo (após a colheita) apresentam um sistema radicular bastante deteriorado. 5.1.3 Gemas apical e lateral As gemas são um conjunto de células meristemáticas com diferenciação indefinida, localizada no centro do colo da bananeira, sendo responsável pela formação de folhas e das gemas laterais (rebentos). Isso ocorre durante um prazo definido pelas condições ecológicas, nutricionais e genéticas. Ocorre a bipartição dando origem a uma folha com sua gema lateral de brotação que se apresenta como um pequeno cone foliar. A gema apical pode geral de 30 a 70 folhas, dependendo da cultivar. Vencido esse tempo, a gema apical cessa essas atividades vegetativas e passa a ter funções de produção. É a fase da diferenciação floral, quando então as células do câmbio se modificam e criam a inflorescência da planta (futuro cacho).

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A cultura da Banana 5.1.4 Folhas Conforme citado no item acima, o cone foliar é responsável pela formação da folha, como a bainha, pecíolo, nervura e limbo foliar. Quando da formação da folha, há um deslocamento radial concêntrico que vai se aproximando da zona periférica do rizoma, a bainha formada envolve todo o pseudocaule na parte inferior e, a medida que a folha cresce essas bainhas se distanciam na parte superior, graças ao seu formato deltóide. A união das bainhas é condição fundamental para a produção da planta, pois é essa união que forma o pseudocaule que vai sustentar o cacho que se formará posteriormente, além disso, serve como reservatório de nutrientes e água. Antes da formação da folha, é formada a vela pelo enrolamento dos limbos foliares de forma compacta. A vela permanece ereta por um período de dois dias para começar a se desenrolar, isso pode demorar até 30 horas, dependendo dos fatores ecológicos (Figura 3). Foto: Jorge Belim

Após a total abertura das folhas (após a vela), as mesmas não se desenvolvem mais, isto é, suas dimensões de comprimento e largura permanecerão tais quais estão, e como o crescimento de folhas é um processo constante que ocorre no centro do rizoma, logo na parte mais alta sempre vão existir folhas jovens ao passo que as mais senis vão ficando no

Figura 3. Folha de bananeira no estágio “vela” a margem esquerda se enrola primeiro.

perímetro

da

planta

ate

se

desprenderem e caírem.

Dependendo da cultivar cada gema pode dar origem até 70 folhas, evidentemente de acordo com o estado nutricional da planta e a fertilidade do solo. Para qualquer trabalho que exija analise foliar na cultura da bananeira, enumeram-se as folhas sempre de cima para baixo, onde a inicial é a vela - 14 -

A cultura da Banana também chamada de zero, a seguinte são contadas de acordo com a inserção na bainha. Qualquer folha adulta que venha a ser analisada é possível observar um formato de “U” na bainha e seu prolongamento leva a formação da nervura central da folha e sua expansão para a direita e esquerda forma o limbo foliar (superfície foliar), onde, nas borda, encontra-se a nervura de bordo, trata-se de uma linha mais rígida que contorna todo limbo. É interessante citar que um pouco antes da emissão da inflorescência, a planta forma de três a quatro folhas menores, com textura coreácea, com forma irregular e nervuras pronunciadas, chamada de folha “pitoca”. Esta folha, que geralmente envolve mais intimamente a inflorescência quando ainda dentro do pseudocaule, muitas vezes seca durante o desenvolvimento do cacho. 5.1.5 Pseudocaule ou tronco da bananeira Trata-se de um estipe, formado pela superposição das bainhas. Em plantas jovens apresenta um pseudocaule com o formato cônico com a base na porção inferior e, ao passo, que a planta vai crescendo fica quase que um cilindro perfeito. Seu comprimento, que representa altura da planta, vai do colo até a roseta foliar, que é a região delimitada entre o ponto onde a folha mais velha se separa do pseudocaule, até onde a folha mais nova está se abrindo. Pode variar de 1,2 até 8,0 m de altura e seu diâmetro na base varia de 10 a 50 cm, diminuindo a medida que se toma a parte mais alta, de qualquer forma, quando na literatura cita diâmetro, por convenção, este está sendo tomado de uma altura de 1 m do solo. Seu peso varia de 10 a 100 kg. 5.1.6 Inflorescência Quando termina a formação foliar, a gema apical cessa atividade e inicia a diferenciação floral para frutificação da bananeira, a inflorescência. Esse processo ocorre quando cerca de 60% de todas as folhas já se abriram para o exterior e os 40% restante já estão formada, mas permanecem em desenvolvimento

dentro

do

pseudocaule,

sendo

lançadas

após

a

inflorescência. O período que compreende a diferenciação floral e o - 15 -

A cultura da Banana lançamento da inflorescência corresponde a gestação do cacho. Formada a inflorescência, esta passa por um rápido processo vertical de caminhamento, subindo pelo centro do pseudocaule, ultrapassando a roseta foliar para expandir-se no exterior, emerge em volta de uma grande bráctea (placenta). A fecundação das flores se dá por fecundação cruzada, pois quando a planta produz grãos de pólen viáveis, as flores femininas da mesma planta não estarão mais receptivas em virtude de se desenvolverem primeiro. Mas atenção, está fecundação ocorre em bananeiras selvagens. Em plantas que produzem frutos comestíveis, normalmente não produzem grãos férteis e os estigmas das flores são atrofiados, isto indica que a formação das bananas se dá por partenocarpia. Porém, em algumas cultivares, o atrofiamento dos estigmas ocorre em menor proporção e com isso pode-se haver fecundação cruzada dando origem a frutos com sementes, é o caso da cultivar Gros Michel, a qual, por este motivo, é utilizada como mãe em trabalhos de melhoramento. 5.1.7 Cacho Formada a inflorescência, esta passa por um rápido processo vertical de caminhamento, subindo pelo centro do pseudocaule, ultrapassando a roseta foliar para expandir-se no exterior, emerge em volta de uma grande bráctea. O cacho é composto pelo engaço que é o pedúnculo da inflorescência, pelo ráquis, que é o eixo da inflorescência e pode ser dividido em masculino e feminino, pencas, conjunto dos frutos ou dedos e botão floral que é o coração ou a gema apical de crescimento que foi projetada para o exterior. O peso e o tamanho do cacho podem variar de acordo com a cultivar, condições do solo, tratos culturais e fitossanidade.

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A cultura da Banana

6. Variedades

Inicialmente é importante salientar duas linhas de variedades: a primeira é aquela dita tradicional, as quais já são cultivadas por várias gerações e já são bem difundidas no mercado, porém com a evolução do melhoramento genético nos pomares, a cada ano surgem novos materiais com aporte tecnológico, são as variedades com um pacote tecnológico embutido (novas variedades). Estas são desenvolvidas para atender a crescente demanda já que, muitas vezes apresentam resistência a determinadas doenças que são limitantes a produção, e também adaptabilidade a fatores ecológicos específicos. As cultivares podem ser diplóides, triplóides ou tetraplóides (níveis cromossômicos), sendo que as bananeiras de frutos comestíveis tiveram, em sua evolução, a participação de plantas selvagens diplóides como Musa acuminata (A) e Musa balbisiana (B), assim, todas as cultivares são uma mistura dos genomas destas.

M. acuminata

M. balbisiaana

(A)

(B)

Variedade Cultivada

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A cultura da Banana Portanto, as combinações desses cruzamentos origina indivíduos AA, BB, AB, AAA, AAB, ABB, AAAA, AAAB, AABB, ABBB, os tri e tetra plóides apresentam maior vigor vegetativo que os diplóides. Em plantios comerciais, os triplóides são as mais cultivadas. As variedades tradicionais mais difundidas são a Prata, Pacovan, Prata Anã, Maçã, Terra, Mysore e D’Angola, do grupo AAB que tem boa aceitação no mercado interno e Nanica, Nanicão e Grande Naine, do grupo AAA usada para exportação. Há também pomares com acesso diplóide como é o caso da Ouro e outras triplóides plantadas em menores áreas como a Figo Cinza e Figo Vermelha, ambas ABB e Caru Verde e Caru Roxa, ambas AAA. Na Tabela 1 é apresentado um resumo com as características das variedades citadas acima, bem como o grupo genômico, tipo, porte, densidade de plantio, perfilhamento, ciclo vegetativo, peso do cacho, no de frutos/cacho, no de pencas/cacho, comprimento do fruto, peso do fruto, rendimento, e detalhas a respeito da fitossanidade. Nas últimas décadas, empresas de pesquisa, em especial a Embrapa Mandioca e Fruticultura, desenvolveram novas variedades de bananeira, visando atender a demanda pela fruta. Dentre esses materiais podemos citar: 6.1 Caipira Esta variedade tem sido indicada pela sua resistência a uma série de doenças e pragas, que são limitantes a produção, como por exemplo o Mal-doPanamá, as Sigatokas Amarela e Negra e a Broca-do-Rizoma (moleque da bananeira). Trata-se de uma planta (AAA) de porte mediano a alto, com boa produção de frutos pequenos e doces (Figura 4). 6.2 Thap Maeo É uma planta exótica (AAB), vinda da Tailândia e trabalhada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, sendo recomendada para solos de baixa fertilidade, além de apresentar resistência as Sigatokas e ao Mal-do-Panamá, nematóides e ao moleque. É muito semelhante à variedade Mysore só que é - 18 -

A cultura da Banana

Foto: Janay Almeida dos Santos

Foto: L. Gasparotto

resistente a viroses, principalmente ao BSV (Banana Streak Vírus) (Figura 5).

Figura 4. Cacho de bananeira da variedade Caipira.

Figura 5. Cacho de bananeira da variedade Thap Maeo.

6.3 Fhia 18 É uma planta tetraplóide (AAAB), vinda de Honduras, muito semelhante a Prata Anã sendo que seus frutos são mais doces. É recomendada em locais

Foto: Janay Almeida dos Santos

com elevada incidência de Sigatoka Negra, devido sua resistência (Figura 6).

Figura 6. Cacho de bananeira da variedade Fhia 18.

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A cultura da Banana

Tabela 1. Características das variedades mais cultivadas no Brasil, com suas principais características. (EMBRAPA Mandioca e Fruticultura), Cruz das Almas, 2004.

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A cultura da Banana 6.4 Fhia 21 É uma planta tetraplóide (AAAB), vinda de Honduras, muito semelhante a Prata Anã sendo que seus frutos são mais doces. É recomendada para locais onde há muita ocorrência de Sigatokas e Mal-do-Panamá, mas é muito

Foto: EMBRAPA Mandioca e Fruticultura

susceptível ao moleque (Figura 7).

Figura 7. Planta e cacho de bananeira da variedade Fhia 21.

6.5 Pacovan Ken É uma planta tetraplóide (AAAB), resultante do cruzamento da variedade Pacovan com o diplóide (AA) M53. Apresenta um porte alto e produção de frutos maiores e mais pesados que o da pacovan, no aspecto fitossanitário, destaca-se por ser resistente as Sigatokas e ao Mal-do-Panamá (Figura 8). 6.6 Preciosa É uma planta tetraplóide, obtida da mesma forma da variedade Pacovan Ken, sendo que além das doenças que a V. Pacovan Ken é resistente, a Preciosa vai além, Sigatoka Amarela. É recomendada para os estados da Região Norte, principalmente o Acre, onde a Sigatoka Negra esta se tornando um sério problema. A sua produção é muito parecida com a da Pacovan Ken (Figura 9).

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Foto: EMBRAPA Mandioca e Fruticultura

A cultura da Banana

Foto: Janay Almeida dos Santos

Figura 8. Planta e cacho de bananeira da variedade Pacovan Ken.

Figura 9. Cacho de bananeira da variedade Preciosa.

A seguir é apresentada a Tabela 2, que, a exemplo da Tabela 1, mostra as características de variedades novas.

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A cultura da Banana

Tabela 2. Características das variedades novas mais cultivadas no Brasil, com suas principais características. (EMBRAPA Mandioca e Fruticultura), Cruz das Almas, 2004.

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A cultura da Banana

7. Exigências climáticas

A cultura da bananeira se estende por todas as regiões tropicais, no entanto, a cultura tem suas exigências

para

apresentar

uma

produção

economicamente viável. Existem tanto os fatores intrínsecos, que são aqueles inerentes ao material genético utilizado, como os fatores extrínsecos, que são aqueles submetidos a forças antropogênicas, ao clima e as condições edáficas. 7.1 Temperatura A faixa ótima para se produzir banana comercialmente gira em torno de 15 a 35ºC, em média de 28ºC. Embora, a cultura seja cultivada na região tropical, em regiões subtropicais é comum a noite chegar a temperatura menores que 15ºC e isso pode acarretar um distúrbio fisiológico conhecido como chilling ou friagem na qual causa danos nos tecidos da planta. Outra injúria que essas temperaturas pode trazer é a compactação da roseta foliar, com isso a emissão do cacho fica bastante comprometida (engasgamento). Temperaturas

elevadas

(acima

de

35ºC)

também

podem

afetar

negativamente o pomar, devido os danos causados a planta por desidratação dos tecidos. 7.2 Ventos Talvez esse fator seja um dos principais limitantes para a exploração da bananicultura no Brasil, visto que ele pode eliminar completamente o pomar. Normalmente, a maioria das variedades plantadas toleram ventos de até 40 km.h-. Os principais danos causados pelos ventos são: friagem (caso de ventos frios), fendilhamento das nervuras secundárias das folhas, dilaceramento das folhas em virtude do fendilhamento, desidratação, quebra do tronco, perda total do pomar (Figura 10).

24

Foto: João Paulo Cajazeira

A cultura da Banana

Figura 10. Esta foto foi tirada em 05/02/2012, no Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodí, em Limoeiro do Norte, após um vendaval.

7.3 Precipitação Se considerarmos que a bananeira é uma planta riquíssima em água e que cada banana tem em sua composição uma média de 75% de água, fica claro que a cultura demanda quantidades apreciáveis de água para manter uma produção satisfatória e economicamente viável. O ideal para a cultura são precipitações anuais de 1.900mm, bem distribuídas. O déficit hídrico se faz sentir mais no período de floração e de precipitação podendo ocorrer o estreitamente da roseta foliar dificultando ou até impedindo a passagem da inflorescência (engasgamento). 7.4 Luminosidade De maneira geral, a cultura tem preferência por locais que apresentem boa iluminação, na faixa de 2.000 a 10.000 lux (SI_ unidade de iluminamento que corresponde à incidência perpendicular de 1 lúmen em uma superfície de 25

A cultura da Banana 1metro quadrado). Valores inferiores a 1.000 e superiores a 30.000 lux, diminuem as taxas de atividade fotossintética desacelerando o desenvolvimento da planta e provocam a queima das folhas, sobretudo naquelas folhas recém abertas, prejudicando a inflorescência, respectivamente. Em regiões de boa luminosidade, o cacho para corte comercial fica pronto para 80 a 90 dias após sua emissão. Em locais com iluminação deficitária, os cachos demoram até 112 dias para o corte. 7.5 Umidade relativa (UR) Por ser uma cultura de clima tropical, a bananeira se desenvolve bem em locais onde a média anual da UR gira em torno de 80%, assim, a emissão das folhas é mais acelerada, favorece a emissão da inflorescência e uniformiza coloração dos frutos, que é condição Sine qua non para a comercialização. Por outro lado, baixa UR causa o aparecimento de folhas coreáceas e vida útil menor das folhas. A associação da UR ideal com precipitações e temperaturas elevadas, favores o aparecimento de doenças fúngicas, principalmente a Sigatoka Amarela. 7.6 Altitude Cultiva-se bananeira de 0 a 1.000 m de altitudes, porém o seu ciclo se prolonga com o aumento da altitude, para cada 100 m de altitude, o ciclo prolonga-se por mais 30 a 45 dias. Outro fator importante é que a altitude influencia diretamente sobre outros fatores climáticos que por sua vez influenciam na cultura, como a temperatura, luminosidade, umidade relativa, precipitações, etc.

26

A cultura da Banana

8. Exigências edáficas

Outro fator importante que a cultura da bananeira exige para obter um bom desenvolvimento e uma produção

satisfatória,

são

os

edáficos

(solo),

lembrando que o manejo pelo homem é muito importante, pois pode interferir no equilíbrio dos mesmos, mas a frente vamos tratar deste ponto no tópico de manejo da cultura (Capítulo 11). 8.1 Topografia Quanto este ponto, solos de chapada são interessantes para a prática da bananicultura, pois estes apresentam solos planos, com topografia menor que 8% de declividade. Assim, facilita a mecanização e demais tratos culturais. Inviabiliza a prática declives igual ou superior a 30% visto que o sistema radicular não sustenta o peso da planta ocasionando o tombamento.

Foto: João Paulo Cajazeira

8.2 Profundidade

Figura 11. Planta tombada em virtude do levantamento de camalhão para “fugir” do impedimento químico do solo.

O ideal é que o solo seja profundo (> 70 cm), sem impedimentos físicos ou químicos, pois, no caso do segundo temse que fazer uso do rotoencanteirador para levantar camalhão e isso deixa a planta sujeita a tombamento (Figura 11).

27

A cultura da Banana 8.3 Aeração O espaço intersticial do solo é fundamental para o desenvolvimento adequado do sistema radicular. O excesso de umidade causa o apodrecimento das raízes e, consequentemente, a morte das plantas do pomar. Por isso, deve-se evitar locais com tendência de encharcamento ou, pelo menos, que o solo tenha um eficiente sistema de drenagem.

28

A cultura da Banana

9. Propagação

Com o aumento do consumo mundial de banana, maior

exigência

por

parte

dos

consumidores,

renovação de pomares com substituição de plantas, a propagação, utilizando-se mudas de alto padrão genético, torna-se crucial para o sucesso do empreendimento agronômico. Neste capítulo vamos nos deter por duas vertentes, a primeira, os métodos

de

propagação

convencional

e

a

segunda,

métodos

de

micropropagação. A propagação da bananeira pode se dar tanto de maneira sexuada como assexuada. No primeiro caso, a propagação é feito por meio de semente e tem o propósito de melhoramento vegetal. No entanto, naturalmente ocorre no pomar de maneira vegetativa, com a emissão de rebentos. É bom salientar que a propagação por semente (sexuada) é usada mais frequentemente quando se pretende fazer a criação de novas variedades ou híbridos, já a bananeira produtora de frutos comestíveis é propagada de forma assexual, através de mudas. 9.1 Métodos de propagação convencional Normalmente, no pomar de bananeira, as plantas apresentam ao seu redor os rebentos conforme citado anteriormente, estes se encontram nos mais variados estádios de desenvolvimento e são oriundos de uma única planta denominada de “Mãe”. O conjunto da família (Mãe-Filha-Neta) pode ser chamado de touceira ou unidade produtora (Figura 12). A planta mãe é a pioneira, a mais velha da unidade produtora, aquela na qual originará a família. Pode encontrar-se no estágio vegetativo ou reprodutivo com o lançamento do cacho. Perde a denominação de mãe após a colheita, passando o nome para a, até então, planta filha e assim por diante. A planta filha, é aquela oriunda de gemas vegetativas do rizoma da planta mãe. A neta é o rebento originário do filho. 29

A cultura da Banana Outra classificação da unidade produtora é o irmão, que é um rebento de idade semelhante da mãe, da filha ou da neta, que se forma do mesmo rizoma. Na touceira que se forma naturalmente portanto, sem que se tenha feito nenhum desbaste, é possível com o tempo, individualizar-se duas, três, quatro ou mais famílias, desenvolvendo-se ao mesmo tempo (Figura 12). Imaginandose uma touceira que tenha certa idade, pelas cicatrizes deixadas no solo pelos rizomas das plantas já colhidas, é possível traçar uma verdadeira árvore genealógica. A

MÃE

FILHO

NETO NETO

FILHO

B NETO

MÃE

NETO FILHO

FILHO

Figura 12. Corte transversal de uma unidade produtora (A) pomar comercial conduzido de maneira adequada e (B) pomar sem condução.

9.1.1 O pomar É muito comum agricultores (bananicultores) utilizarem o seu próprio pomar com a finalidade de propagação (plantas matrizes), no entanto, é bom observar alguns aspectos. É correto sim utilizar o próprio pomar para propagar 30

A cultura da Banana a cultura, levando-se em consideração a idade do bananal que se vão tirar as mudas. Não se recomenda plantas com idade superior a três anos. Outro fator importante é o estado fitossanitário do pomar, deve-se utilizar sempre plantas saudáveis e livres de pragas que possam propagar-se, por isso é interessante que o agricultor selecione filhos de várias touceiras diferentes. Se rebento atender aos critérios acima, este é demarcado com uma fita ou algo semelhante e quando atingir uma altura entre 30-50 cm já pode ser retirado para ser usado como muda (chifrinho). Mas atenção, a marcação do rebento é feita no lado oposto do caminhamento do pomar e sua extração só é realizada quando a planta mãe for colhida. 9.1.1.1. Tipos de mudas obtidas no pomar Dependendo do estádio de desenvolvimento, as mudas oriundas de pomar recebem diferentes denominações, a seguir vamos nos deter a elas assim como caracterizá-las. As mudas do tipo “chifrinho” são caracterizadas por apresentarem uma altura girando em torno de 20 ou 30 cm, com 2 ou 3 meses de idade, pesando cerca de 1,0 ou 2,0 quilos. Apresentam ainda folhas emitidas fechadas (lanceoladas), isto é, em forma de lança (Figura 13). Pequenas variações podem ocorrer em virtude do material trabalhado, por exemplo, a cultivar. Já as do tipo “chifre” são aquelas iguais as chifrinho alterando apenas as dimensões, por exemplo, nestas o tamanho varia de 50 a 60 cm de altura, idade de 3 a 6 meses, peso de 1,5 a 2,5 quilos. A disposição das folhas são praticamente iguais, lanceoladas (Figura 13). As do tipo “chifrão”, são os tipos ideais de muda para se trabalhar. O tamanho é de 60 até 150 cm, a idade varia de 6 a 9 meses e o peso de 2,0 a 3,0 quilos. As folhas apresentam-se abertas porém, com algumas lanceoladas (Figura 13). Outro tipo de muda é denominada “guarda-chuva ou orelha de elefante”, em algumas localidades ainda é conhecida como muda d’água, nesta a altura varia de 15 a 30 cm, o tamanho do rizoma é ínfimo fazendo com que esse tipo de muda não seja recomendada pois suas reservas são mínimas. As folhas são iguais a de uma planta adulta, diferindo apenas na dimensão (Figura 13). 31

A cultura da Banana Pode-se ainda extrair do pomar mudas com brotos, isto é, rizoma com filho aderido. É um bom tipo de muda visto que apresenta uma brotação bem desenvolvida junto ao rizoma o cuidado que se deve ter é no manuseio para não provocar danos ao broto. Observa-se na Figura 13 que é uma muda de tamanho grande. A propagação da bananeira pode ocorrer a partir de fragmento do rizoma, é uma muda denominada de “pedaço do rizoma”, a exigência é que este pedaço apresente ao menos uma gema intumescida e peso em torno de 800 a

Foto: Janay Almeida Santos Serejo/Marcelo Bezerra Lima

1.200 g (Figura 13).

2

8 3 5 4

6 7

1

Figura 13. Tipos de mudas obtidas no pomar com finalidade de propagação: (1) muda micropropagada; (2) tipo chifrão; (3) tipo chifre; (4) tipo chifrinho; (5) rizoma de planta adulta; (6) rizoma com filho aderido; (7) pedaço de rizoma e (8) tipo guarda-chuva.

9.2 Micropropagação Além das mudas citadas, existem outras que utilizam tecnologia sofisticada para serem produzidas, são aquelas obtidas por meio de propagação acelerada in vitro, ou simplesmente mudas micropropagadas, que apresentam altura de 15 a 20 cm, peso de 80 na 150 g e folhas levemente arredondadas, rizoma pequeno e presença de raízes (Figura 14). 32

A cultura da Banana A tecnologia utilizada para a obtenção destas mudas resume-se na seleção de plantas matrizes (citadas no início do capítulo, no item 9.1.1), seguida da retirada de segmentos diminutos do rizoma (meristemas apicais), os chamados explantes. A muda tipo chifrinho é muito utilizada para retirada de explantes. Os pedaços retirados são levados para o laboratório de cultura de tecidos onde vão passar por uma série de etapas de higienização e aclimatação e, a partir

daí

serão

cultivadas

em

substratos

especiais

para

serem

comercializados. Essas mudas podem ser comercializadas em bandejas de germinação onde ficam alocadas nas células com substrato, sacos com substratos e até bandejas de polietileno com as raízes nuas. A partir da chegada das mudas, as mesmas são transplantadas em sacolas maiores com substratos + nutrientes e colocadas em viveiros para a aclimatação, depois de 45 dias a muda está pronta para ir a campo para a

Foto: EMBRAPA

formação do pomar (Figura 15). Esse tipo de muda é a preferida

pelos

empresários

agrícolas, aqueles detentores de grandes porções de terras, devido a

facilidade

uniformidade

no

transporte,

genética,

maior

vigor, e assim permitir tratos culturais

e

colheitas

uniformes.

São

produtivas

e

disseminação Figura 14. Mudas micropropagadas com as raízes nuas prontas para serem embaladas e comercializadas.

ainda

mais mais

evitam de

a

pragas

e

doenças.

33

Foto: João Paulo Cajazeira

A cultura da Banana

Figura 15. Mudas micropropagadas após aclimatação em viveiro por um período de 45 dias prontas para formar o pomar.

9.2.1 Vantagens da micropropagação Sem dúvida, umas das principais vantagens da utilização de mudas micropropagas é a otimização do tempo de obtenção e a quantidade de mudas obtidas. Conforme observa-se na Tabela 3 do livro “O cultivo da bananeira” da Embrapa Mandioca e Fruticultura de 2004. Nela são apresentados o número de mudas e período necessário para obtenção de plantas. Tabela 3. Comparação entre o número de mudas e período necessário para obtenção de plantas a partir de diferentes métodos de propagação vegetativa. Método

número de Mudas

Natural

20-30 por planta

12

Fracionamento do rizoma

4-12 por rizoma

4-6

Propagação rápida in vivo

20-50 por rizoma

5-7

Propagação in vitro (microp.) 150-300 por matriz

Período (meses)

6-8

Outro atrativo da micropropagação é a uniformidade genética do material e isso se reflete lá na colheita com previsões mais precisas facilitanto o trabalho do setor de comercialização. Material de livre de patógenos minimizando as perdas e, em virtude, de serem oriundas de material 34

A cultura da Banana selecionado, livres de doenças, o reflexo na produção é visível, por exemplo, mudas micropropagadas producem até 30% mais que as convencionais. 9.2.2 Limitações da micropropagação Quando se utiliza mudas micropropagadas pode ocorrer variações somaclonais, isto é, mesmo sendo oriundas de uma matriz, as plantas podem diferir geneticamente devido a alguns fatores como tempo de cultura, número de subcultivos, tipo de explante, composição do meio de cultura, etc, que são agentes capazes de induzir a variabilidade genética mesmo sem haver fecundação.

35

A cultura da Banana

10. Planejamento e implantação do pomar comercial Para que se consiga sucesso nesta atividade, o planejamento é fundamental, isto é, a futura área a qual pretende-se implantar o bananal deve atender alguns requesitos básicos. Por exemplo, torna-se necessário conhecer a região a qual deseja-se implantar o pomar, como seu histórico fitossanitário bem como os canais de escoamento de produção. Outro aspecto importante é saber se o solo apresenta limitação nutricionais e cartacterísticas que possam impedir ou dificultar alguns dos inúmeros tratos culturais, principalmente a colheita. Neste capítulo será abordado os fatores de implantação de um pomar comercial: a) época de plantio; b) espaçamento e densidade; c) sulcamento e coveamento e d) plantio e replantio. 10.1 Época de plantio Pode-se plantar praticamente em qualquer época do ano, desde que se faça uso da irrigação, evitando-se os meses mais frios. Aqui no Ceará, nos meses de junho-julho. Caso o agricultor plante em regime de sequeiro, o indicado é que o faça na época de início das chuvas (quadra invernosa), o ideal que seja no período que as chuvas sejam esparsas, visto que a necessidade hídrica dacultura é pequeno nos três primeiros meses. Deve-se ficar atento no escalonamento do plantio para poder ofertar o produtos em todas as épocas do ano. 10.2 Espaçamento e densidade O espaçamento e a densidade é determinada de acordo com o material que se pretende plantar, assim como a topografia do terreno, características nutricionais do solo, ventos e luminosidade. Nos pólos frutícolas do estado do Ceará, a recomendação para o cultivo e densidade da cultura de banana é:

36

A cultura da Banana Prata Anã: Densidades de 1.333 a 1.666 plantas por hectare, sendo indicados os seguintes espaçamentos: 4,0m x 2,0m x 2,5m e 4,0m x 2,0m x 2,0m. Pacovan: Densidades de 1.111 a 1.333 plantas por hectare, sendo indicados os seguintes espaçamentos: 4,0m x 2,0m x 3,0m e 4,0m x 2,0m x 2,5m. Prata Graúda ou Pacovan Apodi Densidades de 1.333 a 1.666 plantas por hectare, sendo indicados os seguintes espaçamentos: 4,0m x 2,0m x 2,5m e 4,0m x 2,0m x 2,0m. Na Figura 16 é mostrato esquemas de densidade de plantio para a cultura da bananeira. O layout de plantio vai depender do porte da variedade, da fertilidade do solo, variação sazonal dos preços, disponibilidade de mão-deobra, possibilidade de mecanização, velocidade dos ventos e topografia.

Figura 16. Densidade de plantio que pode ser utilizado para a cultura da bananeira. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura.

37

A cultura da Banana 10.3 Sulcamento e coveamento Normalmente, quando se estabelece o pomar, abrem-se covas. As dimensões recomendadas são 30 cm x 30 cm x 30 cm; 40 cm x 40 cm x 40 cm; 50 cm x 50 cm x 50 cm, quem vai determinar a dimensão adequada é o tamanho da muda e aí vai de acordo com a variedade e o tipo de solo. As covas podem ser abertas com um trado mecânico acoplado ao trator. Pode-se fazer o plantio por sulcamento também, neste caso o rendimento pode chegar a mil covas por hora com o trator em 3ª marcha reduzida, nesse caso, o fator limitante é o relevo que deve ser plano a suavemente ondulado e a classificação textural do solo. A orientação deve ser do nascente para o poente, assim a probabilidade do cacho ficar nas entrelinha é maior e com isso a otimização da colheita. 10.4 Plantio e replantio De posse das mudas selecionadas chega o momento do plantio, isto é de se estabelecer o pomar. Deve-se selecionar sempre o mesmo tipo de muda na ocasião, a chifrinho. Se necessário for o replantio de algumas, estas deve estar num estádio de desenvolvimento mais adiantado, no caso deve-se utilizar a muda do tipo chifrão, para acompanhar aquelas estabelecidas no momento do plantio e com isso padronizar a colheita. Quando o local de estabelecimento do bananal for declivoso, um ponto que se deve considerar quando da realização do plantio é, que o lado do corte que separou a muda da planta mãe fique na parede da cova da parte baixa do terreno, assim a primeira gema diferenciada vai aparecer do lado oposto ao local de união do filho com a planta-mãe. Em consequência, os cachos ficarão mais próximos do solo faciltanto tratos como a colheita e o desbaste. Caso seja necessário a realização de replantio, o mesmo deve ser realizado até, no máximo 45 dias após o plantio.

38

A cultura da Banana

11. Manejo da cultura

Os tratos culturais são fundamentais para que o material genético expresse toda sua potencialidade. Estes devem ser realizados na época certa de maneira adequada para que os resultados sejam refletidos na colheita que é o ponto chave do sucesso do empreendimento. A seguir discutiremos sobre os principais tratos culturais realizados na cultura da bananeira. 11.1 Manejo das plantas daninhas A cultura da bananeira é bastante sensível a competição impostas por determinadas espécies de plantas que ocorrem por alguma eventualidade. O período considerado crítico para as plantas de bananeira é aquele compreendido entre os primeiros 5 meses. Neste momento recomenda-se fazer um coroamento nas plantas ou, dependendo da disponibilidade fazer uso de cobertura morta “mulching”, no raio de meio metro. No restante da área pode-se fazer um roço convencional manual ou mecanizado, dependendo da declividade local. Geralmente, dentro dos 5 meses citados, faz-se de 5 a 6 capinas. Após o sexto mês do plantio, não deve-se realizar roços manuais ou mecânicos em virtude de danos que possam ser causadas ao sistema radicular. Não se recomenda um controle químico na fase inicial de implantação do bananal, visto que o herbicida aplicado pode respingar nas plantas de bananeira e prejudicá-las como se elas fossem seus alvos. Pode-se fazer uso de equipamentos que diminuam a deriva, como o chapéu de Napoleão, mesmo assim pode ocorrer queima das plantas. Paralelamente, se usa a premissa da agroecologia na qual, as plantas daninhas podem servir, se for manejada, como abrigos e fonte de alimento de inimigos naturais de pragas e doenças. Além disso, estas podem influenciar no sentido conservacionista do solo e da água, visto que, em terrenos declivosos, as plantas evitam as perdas de solo e 39

A cultura da Banana água por escoamento superficial. Mas, se for necessário a utilização de herbicidas, deve-se levar em consideração a composição matoflorística do local para utilizar o produto mais eficiente. Na Tabela 4 é apresentada uma lista de herbicidas recomendados e registrados para produção integrada na cultura da bananeira.

Tabela 4. Herbicidas recomendados e registrados para a produção integrada de banana PIB (2005-2006). Nome técnico

Marca Comercial Formulação

Dose L/ha L/ha

Carência Classe (dias) Toxicológica

Ametrina

Herbipak 500 BR

2,4-8,0

32

III

Metrimex

2,5-3,8

45

III

Metrimex 500 SC

2,4-5,6

45

III

Atrazina

Siptran 500 SC

3,4-6,2

45

III

Atrazina+Simazina

Extrazin SC

3,6-6,8

45

III

Diuromex

1,0-4,0

60

III

Diuron Nortox

1,5-6,0

60

III

Herburon 500 BR

3,2-6,4

60

II

Diurom+Paraquate

Gramocil

2,0-3,0

14

II

Glifosato

Direct

0,5-3,5

30

IV

Glifosato Nortox

1,0-6,0

30

IV

Roundup Original

0,5-6,0

30

IV

Roundup WG

0,5-3,5

30

IV

Sulfosato

Touchdown

1,0-6,0

21

IV

Glufosinato

Finale

2,0

10

III

Paraquate

Gramoxone 200

1,5-3,0

1

II

Fonte: Inmetro http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/organismos/banana/grade.pdf

40

A cultura da Banana 11.2 Desbaste Pode-se definir essa atividade como sendo a eliminação do excesso de brotações da planta-mãe com o objetivo de diminuir os drenos e estabelecer o “caminhamento” da unidade produtiva ou do pomar. Nos perímetros irrigados (microaspersão e gotejamento), o desbaste é realizado observando-se o posicionamento da linha de irrigação onde, o ideal é deixar as plantas orientadas paralelamente a estas linhas, evitando assim o deslocamento em direção aos gotejadores ou microaspersores, o mesmo procedimento deve ser adotado para as demais touceiras. O procedimento é feito mediante a inspeção prévia da área onde se observa as brotações das plantas. Após a inspeção, uma pessoa habilitada, portanto um facão ou um penado corta rente ao solo essas brotações e, em seguida, retira-se a gema apical com o auxílio de uma ferramenta denominada “lurdinha” (Figura 17). Em alguns locais a lurdinha não é mais usada, utiliza-se em seu lugar o goivão que é uma ferramenta cortante semelhante ao “T” invertido, com a vantagem do funcionário trabalhar em pé,

Foto: João Paulo Cajazeira

Foto: E.J. Alves

diferentemente da “lurdinha”.

Figura 17. Ferramenta utilizada para o desbaste da bananeira (esquerda) e realização de desbaste (direita).

O objetivo da realização do desbaste é, principalmente, manter a população de plantas no seu patamar adequado, além de manter um alinhamento do bananal, ainda que temporário, padronizar a quantidade e a qualidade dos cachos (frutos), com

41

A cultura da Banana isso regular a produção e a oferta, facilitar a entrada e manuseio de equipamentos agrícolas no pomar. Segundo Alves et al. (2004), há uma grande diversidade de critérios propostos por diferentes autores, quanto ao momento em que se deve realizar o desbaste, já que a determinação desse momento pode depender de condições climáticas, da situação dos mercados ou de questões de oportunidade.

11.3 Desfolha A prática da desfolha consiste em se eliminar aquelas folhas secas, mortas, quebradas, doentes ou que estejam atrapalhando o desenvolvimento do cacho, para isso o agricultor, com o auxílio de uma foice bifurcada ou uma ferramenta cortante denominada de “T” invertido, faz um corte no sentido de baixo para cima, bem no pecíolo rente ao pseudocaule. É realizada com o propósito de melhorar a aeração e luminosidade do interior do bananal, eliminar folhas que não estejam com suas atividades fotossintéticas atendendo a demanda e controlar pragas e doenças, com a desfolha, o solo recebe um aporte extra de material vegetal.

11.4 Amarração da planta Essa atividade é muito importante quando a formação do pomar se dá em talhões, pois o vento pode causar a queda de algumas plantas e o “efeito dominó” aumenta os danos. Consiste em utilizar escoras ou fitilhos para assegurar que as plantas não tombem por ação dos ventos (ver item 7.2).

11.5 Ensacamento do cacho Essa atividade é realizada paralelamente ao corte da ráquis masculina e, se for o caso da amarração da planta. Por representar um custo adicional, geralmente ensacase o caso nos pomares voltados a exportação. Como vantagens cita-se a diminuição do atrito com os frutos representando uma melhor aparência, mantêm um microclima no seu interior favorecendo o crescimento o crescimento, diminui a incidência de pragas e doenças além de proteger o cacho dos agrotóxicos utilizados na área. Os tipos de sacos utilizados varia de acordo com a incidência de patógenos, por exemplo, em áreas onde não há muita incidência utiliza-se o saco branco que não tem nenhum defensivo, mas se região apresenta uma elevada incidência de patógenos,

42

A cultura da Banana utiliza-se o saco azul que contêm produtos químicos registrados para cultura. Tanto um tipo como o outro são perfurados para permitir as trocas gasosas com meio (Figura 18). Segundo Alves et al. (2004), as dimensões dos sacos de polietileno utilizado no ensacamento do cacho de banana são de 81 cm de diâmetro por 155 a 160 cm de comprimento e 0,08 mm de espessura. Apresenta furos de 12,7 mm de diâmetro, distribuídos em “S” a cada 76 mm. Sua forma é cilíndrica. Nessas dimensões é apropriado para variedades Cavendish (Nanica, Nanicão, Grande Naine, William, Robusta, Valery, Poyo), para as quais foi planejado. Variedades como a Prata, Prata Anã, Pacovan, Tropical, Pacovan Ken, Terrinha e D’Angola requerem sacos menores em relação ao comprimento, provava-se o saco enrugado em torno do cacho, evitando-se, assim com a fita de coloração pré-definida, que indica a época de colheita

Foto: João Paulo Cajazeira

do cacho.

Figura 18. Pomar apresentando os cachos ensacados, sacos brancos.

43

A cultura da Banana 11.6 Colheita Esta seja talvez a atividade mais importante de todas, pois é ela quem irá refletir a economia da cultura. A colheita é realizada de acordo com a demanda do setor comercial conforme citado anteriormente, e quem vai determinar que planta colher, será a fita colorida previamente posta quanto a ráquis foi retirada. Cada semana é uma cor diferente, no entanto, pode haver a necessidade de plantas da semana serem colhidas na semana seguinte em virtude do desenvolvimento do cacho, conforme

Foto: João Paulo Cajazeira

mostra a Figura 19.

Figura 19. Cachos com a fita da mesma cor, implicando em colheita simultânea.

O ponto de colheita é empírico, um indicador utilizado na maioria das propriedades é a distancia do mercado consumidor. Quanto mais longe, mais verde é colhida a fruta e, consequentemente, o diâmetro dos dedos será menor. A recíproca é

44

A cultura da Banana verdadeira. A determinação da maturidade do cacho é feita pela demarcação das fitas, como citado anteriormente, mas também pode ser feita por diagnose visual dos frutos, por exemplo, a angulosidade ou quinas dos dedos, quando diminui a saliência, é sinal de ponto de colheita. Existem algumas variedades em que essas angulosidades permanecem até o ponto de colheita, como o grupo Terra, nesse caso, deve-se utilizar outro indicador de ponto de colheita, por exemplo o diâmetro do fruto. O calibrador

Foto: João Paulo Cajazeira

mede a distância entre as duas faces laterais do fruto, em milímetros (Figura 20).

Figura 20. Calibrador usado para determinarão ponto de colheita, área comercial para exportação.

Outro fator importante utilizado é a idade da planta, isto é, 14 semanas ou 98 dias após a emissão da inflorescência. De modo geral, na colheita se trabalha em equipe de três homens, onde um é cortador, os outros dois são carregadores. O cortador se encarrega de localizar as plantas a serem colhidas na semana. Em seguida, faz-se um corte no pseudocaule

45

A cultura da Banana onde o peso do cacho faz com que ele caia sobre o carregador que o espera com um artefato almofadado chamado de “cuna”. Quando o carregador apóia o cacho na cuna, o cortador realiza outro corte no engaço fazendo com que o cacho se solte da planta (Figura 21). Os cachos são conduzidos para as ruas onde um trator os recolhe no reboque e os transportam pendurados até a casa de embalagem (Figura 22). Se a colheita for realizada a cabo (exportação), os cachos, a medida que forem sendo colhidos são pendurados no cabo guia e levados até a casa de embalagem , os cachos ficam envolvidos em almofadas para evitar o atrito entre os frutos e depreciar o cacho (Figura 23). Após a operação da colheita derruba-se os pseudocaule para evitar fontes de doenças e todo o fitilho e sacos da área devem ser recolhidos e encaminhados para

(1)

(2)

(3)

Foto: João Paulo Cajazeira

Foto: João Paulo Cajazeira

reciclagem.

Figura 22. Traslado dos cachos do campo para a casa de embalagem.

46

Foto: João Paulo Cajazeira

A cultura da Banana

Figura 23. Colheita a cabo e chegada na casa de embalagem, veja as almofadas para minimizar o atrito entre os frutos.

47

A cultura da Banana

12. Nutrição e adubação

A planta da bananeira apresenta um ritmo de crescimento rápido, logo necessita de um aporte nutricional adequado. Geralmente, o sistema soloplanta, isto é a ciclagem de nutrientes atende as exigências nutricionais da cultura. Porém, quando falamos de produção, é praticamente inviável trabalhar a bananicultura nessas condições, tornando-se necessário a utilização de fertilizantes de acordo com o estádio de desenvolvimento da planta. Evidentemente que, a necessidade de aplicação de nutrientes vai depender do potencial produtivo do material plantado, da sua fitossanidade, e de outos aspectos de manejo. As necessidade de nutrientes são elevadas, devido às altas quantidades exportadas nas colheitas. Sendo assim, em cultivos comerciais, estima-se que a quantidade de nutrientes exportados são da ordem de 400 kg.ha-.ano- de K; 125 de N e 15 de P. Portanto, para a manutenção da produtividade é necessário a reposição nutricional por meio de adubações. No parágrafo anterior observa-se que o K e o N são os macronutrientes mais exigidos pela cultura, quanto a isso os estudiosos são unânimes, seguidos pelo Mg, Ca, S e por fim P. Quando se fala em micros, os mais absorvidos foram, respesctivamente, B, Zn e o Cu. Na Tabela 5 extraída de Borges et al. (2002), é possível notar a necessidade nutricional para a cultura da bananeira. Provavelmente estes dados podem diferir com os de outros autores, pois a variação é devida a fatores como variedade, manejo da cultura, condições edafoclimáticas, amostragem, etc.

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A cultura da Banana

Tabela 5. Exigências de macro e micronutrientes absorvidos (AB), exportados (EX) e restituídos (RE) ao solo nas variedades de bananeira.

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A cultura da Banana Em linhas gerais, o nitrogênio tem papel fundamental no crescimento e desenvolvimento da cultura, principalmente nos três primeiros meses, determinando o porte e o rendimento dos frutos. Ele favorece a emissão e o desenvolvimento dos perfilhos e aumenta a matéria seca. A deficiência desse macronutriente, implica em clorose generalizada, assim como, produção de cacho com número de pencas menor e plantas raquíticas. Solos com baixo teor de matéria orgânica e

ácidos são mais

propensos a apresentarem deficiência em nitrogênio (solos típicos do Nordeste brasileiro). No caso do potássio, interfere diretamente na fotossíntese, translocação de fotossintetizados, equilíbrio hídrico da planta e frutos, aumentando a resistência destes ao transporte e melhorando a qualidade, aumentando os sólidos solúveis totais e açúcares e decréscimo da acidez da polpa. Sua deficiciência afeta a qualidade e quantidade de frutos, bem como a resistência das plantas a estresses bióticos e abióticos. O cacho é a parte de planta que mais é afetada pela deficiência deste macro, pois com a diminuição de K, a translocação das folhas para os frutos também diminui formando frutos pequenos inviáveis à comercialização. Solos com lixiviação intensa e com aplicação excessiva de calcário, devito ao antagonismo Ca e K, são comuns a deficiência de potássio. 12.1 Calagem e adubação Antes de proceder a calagem ou a adubação, é necessário realizar uma análise de solo para aplicara as quantidades apropriadas evitando desperdício de insumos. Em pomares já intalados, é importante se fazer análise de solo para monitorar os nutrientes. 12.1.1 Calagem A calagem deve ser o primeiro trato a ser realizado, pode-se proceder aplicando a lanço em toda a área e, posteriormente, incorporado com gradagem. Recomenda-de a utilização de calcário dolomítico, pois este contêm além do cálcio, magnésio e isso evita o distúrbio fisiológico conhecido como azul da bananeira. Pequenos agricultores que não dispõem de maquinário 50

A cultura da Banana agrícola a incorporação do calcário pode ser feita na ápoca da capina. 12.1.2 Adubação orgânica É uma adubação altamente recomendada e indispensável para os produtores que praticam a chamada agricultura orgânica. É a melhor forma de aplicação de nitrogênio com as menores perdas. A recomendação vai variar do insumo utilizado, por exemplo, estercos bovino e ave deve-se usar de 10 a 15 L.cova- e 3 a 5 L.cova-, respectivamente. Pode-se ainda utilizar resíduos ou tortas, dependendo da disponibilidade. O cuidado que se deve ter ao utilizar esses insumos é que eles estejam bem curtidos antes de aplicar ao solo. Auxilia na melhoria da propriedades físicas do solo melhorando a agregação aumentando a estabilidade favorecendo o aumento da capacidade de armazenar água, reduzindo os riscos de compactação e erosão, além de melhorar as condições de aeração, favorecendo o crescimento das raízes da bananeira. Quanto as

propriedades químicas, atua na capacidade de troca de

cátions, fator quelante e aumentanto o poder tampãp do solo. Na parte biológica, aumenta a atividade especialmente de organismos aeróbicos que são responsáveis pela oxidação do nitrogênio, fósforo e ennxofre. 12.1.3 Adubação fosfatada Embora o elemento fósforo não seja exigido em grande quantidade pela cultura da bananeira, ele é imprescindível para o desenvolvimento vegetativo e do sistema radicular. Por se tratar de um elemento praticamente imóvel no solo, sua aplicação ganha importância, sendo recomendada na cova de plantio. 12.1.4 Adubação potássica Este é o elemento mais consumido pela cultura da banana, sua importância e deficiência foram descritas nos parágrafos anteriores.

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A cultura da Banana 12.1.5 Adubação nitrogenada O nitrogênio favorece a emissão e o desenvolvimento dos perfilhos, além de aumentar a quantidade de matéria seca. A falta desse nutriente reduz o número de folhas, aumenta o número de dias para a emissão de uma folha, os cachos são raquíticos e o número de pencas menor. A deficiência de N leva a uma clorose generalizada das folhas (Borges, 2004). Na Tabela 6 é mostrado a recomendação de adubação NPK nas fases de plantio, formação e produção da bananeira. Tabela 6. Recomendação de adubação NPK para a cultura da bananeira.

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Apostila de Banana pt1

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