Homeopatia e Manifestacoes Alergicas Dr. R. SANANES

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Dr. R. SANANES Presidente do Colégio Francês de Ciências Humanas Diretor de Estudos em Bordeaux, Toulouse e Montpellier Diretor de Ensino da . Confederação de Médicos Homeopatas da França

HOMEOPATIA ,., e MANI,,Ft;STAÇOBS ALEKGICAS

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ORGANIZAÇÃO ANDREI EDITORA LTDA Tel.: (011) 223-5111 - Fax: (011) 221-0246 Caixa Postal 4989 - CEP 01061-970 - São Paulo (SP) - 1997-

Esta obra apresenta a versão em português do original francês "Homéopathie et Manifestations Allergiques", publicado por Éditions Similia, Paris, França . .

Editor Edmondo Andrei

Tradução Lauro Santos Blandy

Copyright Internacional Éditions Similia, Paris, França.

Copyright da Edição Brasileira Organização Andrei Editora Ltda.

- ·rodos os direitos reservados -

Impresso nas Oficinas Gráficas da Organização Andrei Editora Ltda.

Índice

Alergia ... ..... ....... ...... .. ..... .. .. .................. ............... ... ..... ....... .. .. .......... .. ... .... ... ..... ..

7

I. Um fato social em plena expansão ........................................ :...................... .

7

II. Abordagem imunológica e etiológica ..............................:...........................

9

III. Os antígenos: "esses inimigos de foran.......................... .............. _. .......... ..

10

IV. Regulagem da informação antigênica ...................................................... ..

14

Terreno das manifestações alérgicas ............................... ........ ..................... .

19

I. Tema constitucional ....... .. ... .... .... ......................................... .... ....... .. ..............

21 ·

II. Diáteses ...................................... .... ..... .... ... ......... .......... .... ..... .........................

24

. . das mamºfest açoes - aIergacas ' . P s1qmsmo ........................................................ .

29

Manifestações alérgicas e ajuste hormonal .... .. .... .... .. .. :................. .......... .-...

35

I. Fenômeno de periodicidade ............................... ........................ .. ......... .. .......

35

II. Idiossincrasia hormonal.. ........ ................................. .......... ............. ............ ...

36

III. Lombalgia pré-menstrual. ........................ :...................................................

37

IV. Hiperfoliculinemia (direta ou indireta)....................... ...............................

37

V. Prurido na pré-menopausa................................................................ ....... .....

38

Isoterapia e manifestações alérgicas ....... ........................... .......... .... ....., .......

39

I. Aplicação da lei de identidade ....... ........ ..... .. .. .. .. .. ....... ........ ... .... .... ... ... .. .. ... .

39

II. Dessensibilização .... ....... ......................... ...................·... .. .. .... .. .. .... .... ..... ........

40

6 - ÍNDICE

Manifestações asmáticas ...... .... ................ ..... ......... ..... .... ............. ...... ........... ...

43

I. Fisiopatologia ... '. ......................................................................... :.....................

43

II. Remédio · sintomático: tratamento da crise..................................................

45

III. Asmas intrínsecas ............... :......................... :...............................................

47

IV. Asma de esforço ...... ......... ... ..... ... ..... ..... ........ ..... ...................... .. ..................

49

V. Asma grave com associação cardíaca.........................................................

51

VI. Terapêutica com fim etiológico: o antígeno .... ......... ....... .................... ... ..

51

VII. Medicamentos de fundo ........................................................... :................. · 53

Tos·ses espasmódicas............ .............................................................................

59

. . 'd·c . · . Ri 01·tes aI'ergicas per10 1 as ............................................................................

61

I. Polinose .. .. ............................. ..... .... ................................................................. ....

61

II. Amigdalite e angina........... ............................................................................

66

III. Laringite alérgica ...................................................... :...................................

67

IV. Polipose nasal... ............................................................................................

69

V. Rinite não temporária: vasomotora, aperiódica .................................... .....

70

VI. Manifestações alérgicas oculares ...............................................................

71

VII. Manifestações alérgicas cutâneas ...........................,.. .... .... .... .. ... ...... .. .......

77

Manifestações alérgicas raras.........................................................................

95

I. Dor de cabeça "alérgica" ........................................ ~ .......... ;............................

95

II. Alergia do aparelho auditivo··································»............. .-......................

97

Ill. Alergia digestiva .................... :............................'. .........................................

98

IV. Alergia articular. .............................. .............................................................. 104 V. Alergia às picadas de insetos ................................................................ '. ...... 105 VI. Alergia solar .............................................................. :.......................... :........ 106

Conclusões ............... ... ...... ... ............. .. .... ....... .. .......... .. ... .... .... ... ........ ... .. ... ......... . 109

Alergia

I. UM FATO SOCIAL EM PLENA EXPANSÃO

As estatísticas sociais e epidemiológicas prometem à alergia um êxito, uma fama e uma ampliação na escala de progresso industrial: uma pessoa em cada quatro sofre ou corre o risco de sofrer durante sua vida perturbações alérgicas! Prurido e espirros serão os sintomas gerais dessa reatividade específica. A OMS coloca a alergia no· sétimo lugar entre as doenças mundiais, não muito longe das doenças medicamentosas "iatrogênicas", aliás com uma certa relação com as mesmas! É verdade que o ambiente parece responsável por uma grande parte: .é geralmente o mesmo que é lembrado pela cumplicidade de seus componentes e pela poluição devido à industrialização. Não se pode ignorar, a título de exemplo, que o francês de classe média gasta todo ano 4,5 quilos de complementos alimentares contra os quais seu corpo deve se mobilizar para se adaptar a essa agressão. Síndrome de uma reação humana excessiva, um déficit imunitário, reconhecimento e memorização do antígeno em causa, individualização dos sintomas expressos, a alergia será no futuro o grande campo de uma homeopatia reabilitada: serão reconhecidos os seus méritos e sua valorização irá esclarecer e promover a imunoterapia infinitesimal específica em beneficio de um mundo de poluição descontrolada. A alergia, que é uma síndrome eloqüente, ao ser estudada tende a uma , limitação estranha de conhecimento: nada parece definitivo nesse conflito onde os alergólogos definiram, entretanto, horizontes promissores. Se a etiologia da alergia for bem entendida, a bioquímica bem esclarecida, o peso da pessoa e o direito à.diferença surgem a partir dos meandros do. psiquismo, onde se encontram ainda as influências bem pouco exploradas do terreno e da hereditariedade. Esse capítulo cada ve~ mais amplo da imunodepressão fará surgir _numerosos paradoxos entre os quais o de escapar à estatística terapêutica, pois o agressor alergêníco está a sua frente, bem reconhecido e bem identificado.

8- HOMEOPATIA E MANIFESTAÇÕES ALÉRGICAS

A compreensão perfeita do mecanismo imunitário (celular e humoral) não evita o desvio terapêutico e vemos correntemente a conduta específica se completar (a· dessensibilização) da forte defesa do anti-histamínico ou do corticóide. A cada passo, a sensibilidade individual surge com sua exigência: o psiquismo e o ambiente modelam o seu relevo específico. A medicina homeopática nesse particular é privilegiada na ordem secreta da natureza: ela admite a não uniformidade das reações imunológicas humanas. Ela se associa ao ecossistema; Hahnemann admitia a existência da doença, mas a natureza tinha previsto o seu auxílio no reino animal, vegetal ou mineral. O homem e seu ambiente eram encarados com o mesmo respeito! Diz-se que os fenômenos alérgicos foram reconhecidos no plano experimental antes de serem avaliados tio plano clínico. Com von Pirquet, . Arthur Vidal, Praustnik, Coca, o conhecimento científico foi estabelecido de fonna sólida. O mesmo paralelo pode:.se aplicar na pesquisa experimental com o teste do indivíduo sensível que reage eletivamente a esta ou aquela "substância". A patogenesia é o indicador infinitesimal do remédio e do antígeno em cada centímetro quadrado do corpo. A homeopatia é, portanto, uma dessensibilização em pequenas doses. As descobertas de B. Halpem sobre o agressor e a bioquímica nem sempre progrediram no sentido de um melhor conhecimento da vítima. À primeira vista, o remédio homeopático não se inspira tanto na lei dos semelhantes, mas sim na lei da identidade. Isso (não passa de uma primeira abordagem: se os medicamentos sintomáticos se referem à sensibilidade dos tecidos, órgãosalvo do alérgeno, o homem global, enquanto um sistema único, intelectual e psíquico, se delineia rapidamente. A semelhança abrange e rearma as defesas em face de um ambiente ecológico hostil, pois é o homem que é preciso conhecer, . aquele que dedica o seu gênio para se adaptar aos inúmeros assaltos: a poluição, meio-ambiente, medicamento, profissão, conflitos familiares e a alergia, ''essa violência não violenta" (Prof. Michel) encontra o seu ambiente. Ela não despreza o cunho hereditário que pode se achar corrigido em uma mesma espécie. Com PSORINUM é possível modificar o déficit de linfócitos T e a síntese das IgA ou das IgM e, principalmente, as IgE que voltam raramente depois de um tratamento alopático bem feito. Além disso, a alergologia abrange três aparelhos em suas mani..; festações essenciais: o aparelho respiratório, o tubo digestivo e a pele. Ela mostra uma eficácia terapêutica decrescente na ordem enumerada desses aparelhos, o que não deixa de lembrar a lei de Hering, com o sentido hierárquico dos sintomas e a lógica de não "destruir, ou combater sem entender'' uma lesão dermatológica em alopatia. Ela é o contrário de um · combate que detennina o maior risco terapêutico, devido as suas reações e a sua hipersensibilidade.

ALERGIA - 9

II. ABORDAGEM IMUNOLÓGICA E ETIOLÓGICA 1. A alergia: uma síndrome biológica de limites imprecisos.

''Resposta imunitária diferente, excessiva, que ultrapassa o seu alvo em face de substâncias bem toleradas pelo indivíduo normal''; por meio dessa definição, a alergia pouco- explica a sua complexidade clínica; os matizes se desdobram constantemente entre o biológico puro e o funcionamento psíquico. Hipócrates escreveu no século V antes de Cristo: "o queijo não age do mesmo modo em todos os homens. Ele dá força aos que ele cura, mas existem outros que não o toleram; o seu temperamento é diferente quando no organismo existe alguma coisa de incompatível com o queijo. Mas, se ele fosse por natureza nocivo aos homens, ele os. tornaria doentes". O grande livro da história que precedeu a era _exrperimental e científica da alergia é rico em observações. Lucrécio já lembrava: " o que é alimento para uns, é veneno para outros''. A hipersensibilidade tem a característica de uma idiossincrasia, de uma antipatia, de uma idéia filosófica~ com Gallien e Freud, ela reassume um carácter médico. Conhece-se a febre das rosas, a asma dos gatos ou os pós das perucas e o eczema dos morangos. Foi Jenner (1798), contemporâneo de Hahnemann e precursor do infinitesimal, que entreabriu a porta da imunologia experimental com a inoculação de crostas de vacina nas filhas de camponeses protegendo-as assim contra a varíola. Arthus descreve (em 1903) a anafilaxia por soro de cavalo no coelho. Mas foi Pirquet que lhe deu o seu nome original: alergia ou reatividade alterada. Desde o aparecimento da definição, as experiências se multiplicaram. Portier e Richet, Besredka, Vidal abrem o caminho científico da alergia com a descoberta da histamina por Henry Dale em 1935, cujo poder farmacodinâmico é espantoso: na dose de 1/200.000.000, essa substância é capaz de provocar a contração de uma alça intestinal. Enfim, B. Halpern, pai da dessensibilização, descobriu durante a II Guerra Mundial, a primeira substância química sintética, chamada de '' anti-histamínico' '. Nesse ínterim, e completando as observações da época pré-científica, foram descritos os fatores nervosos: o acesso de asma pelo riso em demasia, cansaço ou sunnenage (Salter), pela umidade, neblina e vento. Blaclay, contemporâneo de Freud, a partir da auto-experi~entação com pólens e poluentes, iniciou o imenso capítulo da psicossomática, lembrando as causas emocionais variadas, a responsabilidade do ambiente afetivo do doente, o que os psicólogos definem como se estando nos limites do corpo real e do corpo imaginário: o processo imunológico se definindo pela oposição entre o ser e o não ser (Sarni Ali).

10 - HOMEOPATIA E MANIFESTAÇÕES ALÉRGICAS

Blaclay afirmou por um lado que 1/2.000.000 de pólen era capaz de produzir os sintomas da febre-de-feno em uma hora, mostrando assim toda a lógica da influência terapêutica das doses infinitesimais. Porém, por outro lado, ele explica que os indivíduos de temperamento nervoso, os "bemeducados' ', bem-controlados, de uma educação rígida, eram mais expostos do que a classe frustrada dos camponeses. Isso são idéias a serem redescobertas . no século XX, pois a alergia surge nos países em vias de desenvolvimento. Ela atinge as cidades e os povoados dos confins marroquinos, sem alcançar a montanha! Será que nesse caso podemos concluir que há falta de antígeno nas altitudes? Freud, o cientista do irracional, saberia dar a entender a incidência do psiquismo por meio da asma de Dora em que '' a crise é um meio de estimular o amor de seus pais e que ela utilizaria toda vez que tivesse à sua disposição o material fisico para produzir a doença'', e isso justamente em sua vida de adulto onde essa doença era a única anna para chamar a atenção de um ambiente indiferente. Assim também a reação de Marcel Proust na falta dos beijos maternos, e que ele converte em crise de asma. Portanto, a alergia é um estado de hipersensibilidade, pondo em jogo o conflito antígeno-anticorpo, o sistema imunitário sangüíneo que identifica e memoriza as substâncias estranhas, mas deve-sé acrescentar a isso · a hipersensibilidade psíquica, as receptividades afetivas, ou os planos secretos anteriores com reflexo sobre o ego ou o aniquilamento obsessivo.

IIL OS ANTÍGENOS: ESSES "INIMIGOS DE FORA" Mais de 25% da população nasce com uma capacidade exagerada de criar anticorpos do tipo IgE, em resposta aos alérgenos do ambiente. Além dessa incontestável predisposição hereditária (estimulada, aliás, pelas vacinas sem controle), a alergia é a causa do encontro com uma substância estranha ao organismo: o antígeno. Ela dá início à fonnação de anticorpos e à atuação da memória e da imunidade celular. As alergias proliferam como as populações, ·e os elementos identificados Sâ(i) mais fáceis de Se . reconhecer que OS da imensa clandestinidade industrial ou farmacológica. Elas esclarecem essa idéia aceita de polissensibilização (verdadeira cumplicidade, grupo de malfeitores) explicando em parte as falhas da dessensibilização ' 'específica''. Os principais fatores da agressão antigênica são bem conhecidos:

ALERGIA - 11

1. Pólens. Invisíveis a olho nu (5/100 mm), eles são a semente masculina das espécies vegetais. Transportados pelo vento a longas distâncias (anemófilos), são muito alergizantes em relação àqueles transportados por insetos (entomofilas). A reação nos indivíduos alérgicos aparece se a concentração ultrapassar de 10 a 20 grãos de pólen por metro cúbico de ar. As famílias botânicas incluídas serão certas gramíneas, certas árvores (plátanos) ou herbáceas (parietárias); o ·arbusto betuláceo ou o salgueiro dos jardins têm florações precoces no calendário (fevereiro-março). A ambrósia, a tanchagem e o solidago podem causar alergias até setembro ou outubro. 2. Poeira de casa. Serve para conter os alérgenos da casa, com os ácaros - inv1s1ve1s a olho nu (0,3 mm) - , o dermatophagoides pteronyssinus, dermatophoides farinae. Os ácaros são mantidos na roupa de cama pela transpiração e pelas descamações cutâneas humanas. Eles têm necessidade de cogumelos microscópicos, de _bolor e os "sprays" atuais não aniquilam os ácaros, porém combatem o bolor. Um destino estranho o desse antígeno! Essa vegetação criptogâmica suspeitada por Hipócrates foi reconhecida experimentalmente por Hahnemann com LYCOPODIUM, PSORINUM e principalmente ARSENICUM ALBUM que apar~ce no segundo grau do repertório de Kent, no capítulo de agravação pelo queijo, já muito rico em histamina. É o primeiro intervindo.nas dispnéias causadas pelo bolor!

/ 'Y Pele, Fâneros Homem ~

-----•· . Ácaros à. Umidade

Homeopatia e Manifestacoes Alergicas Dr. R. SANANES

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