Fundamentos da Astrologia CN aula 3 parte 1

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Fundamentos da Astrologia Aula 3 parte 1

Teoria dos Aspectos Entre os planetas em Astrologia Tradicional são levados em conta apenas os aspectos chamados maiores ou ptolomaicos: sextil (60°), quadratura (90°), trígono (120°) e oposição (180°). A conjunção, conceitualmente, não é considerada um aspecto. Em seu livro “Ancient Astrology Theory and Practice: Matheseos Libri VIII – tradução de Jean Rhys Bram”, Firmicus Maternus (séc. III) define aspecto como “qualquer distância entre planetas que, multiplicada por 2, 3, 4 ou 6, resulte em 360”. O aspecto demonstra que há comunicação entre os planetas ou que eles “se enxergam”. Observe a figura ao lado, que tem como referência os domicílios dos luminares – Câncer e Leão – e, como visto na aula anterior, nos dá a base para a maneira pela qual as regências planetárias foram atribuídas. Seguindo a ordem caldaica dos planetas, observamos que, a partir de Câncer e Leão, cada planeta rege um dos signos à direita e à esquerda, onde possuem seus domicílios diurno e noturno: Mercúrio rege Gêmeos (ao lado de Câncer) e Virgem (ao lado de Leão), onde tem domicílio diurno e noturno respectivamente; Vênus rege os signos que se localizam ao lado de Mercúrio e de Virgem, Touro e Libra, e assim sucessivamente até chegarmos a Aquário e Capricórnio, onde Saturno, o último dos planetas na ordem caldaica, possui seus domicílios diurno e noturno. A natureza dos aspectos também possui relação com esta imagem: tendo como referência o domicílio dos luminares, vemos as relações que os outros signos estabelecem com estes:

- Aquário se opõe a Leão, domicílio do Sol, e Capricórnio se opõe a Câncer, domicílio da Lua, portanto, a oposição (aspecto de 180°) tem a natureza, o sentido, o caminho de Saturno. - Peixes faz um trígono com Câncer e Sagitário faz um trígono (120°) com Leão, portanto o trígono tem a natureza de Júpiter. São os domicílios de Júpiter que fazem aspecto de trígono com os domicílios dos luminares, portanto o trígono tem a natureza de Júpiter. - Áries faz uma quadratura (90°) a Câncer e Escorpião faz uma quadratura a Leão. Sendo ambos domicílios de Marte, a quadratura tem então a natureza, o sentido, o caminho de Marte. - Touro faz um sextil (60°) a Câncer e Libra faz sextil a Leão, portanto, a natureza, o sentido, o caminho do sextil é de Vênus.

Uma das funções dos signos é estabelecer e facilitar a relação entre os planetas, configurando-os. Isso quer dizer que, quando dizemos que um planeta está em trígono a outro, estamos dizendo que essa relação possui os signos em que estes planetas estão como intermediários, são eles que estão à distância de trígono – 120° um do outro. A razão disso é: são os signos, este segmento de 30° do zodíaco, que guarda com outro signo uma relação de distância de 120°, o trígono. Cada aspecto une os signos que os formam com alguma relação: os signos configurados à distância de 120° ou trígono se associam por semelhança de elementos (por exemplo, Áries está em trígono a Leão e Sagitário, todos os três são signos do Fogo); o sextil, 60°, une signos de mesmo gênero ou “temperatura”: Virgem está a 60°, sextil, de Escorpião e de Câncer, os três signos frios e femininos; a quadratura se dá entre signos de mesmo modo: Touro está em quadratura a Aquário e Leão, todos signos chamados fixos ou sólidos. Essa relação de aspectação, que se estabelece desde a totalidade de um signo até a totalidade de outro signo, necessariamente fala de aspecto por signos e não por graus. Desta maneira, Júpiter em qualquer grau de Gêmeos está em quadratura com uma Vênus em Virgem, independente do grau que ela esteja. Se o aspecto produz a aplicação por grau, existe a promessa de que este aspecto se cristalize em um evento concreto, e não permaneça apenas na subjetividade ou potencialidade. Mas como se dá essa aplicação, como saber se ela existe ou não? Sabemos que a velocidade de Vênus é superior à velocidade de Júpiter, que é mais lento. Portanto, uma Vênus a 4° de Virgem e um Júpiter a 16° de Gêmeos: Vênus caminhará por Virgem e se aproximará da quadratura perfeita, do aspecto perfeito – também chamado de partil – com Júpiter a 16° de Gêmeos. Quando o planeta mais rápido está caminhando na direção de um aspecto perfeito com um planeta mais lento, dizemos que o aspecto é aplicativo. Vênus, neste caso, se aplica a uma quadratura com Júpiter em Vênus. Quando Vênus alcança em Virgem o mesmo grau que Júpiter está em Gêmeos, dizemos que o aspecto é partil, exato, perfeito. Vênus a 16° de Virgem e Júpiter a 16° de Gêmeos estão em uma quadratura partil. Porém, Vênus por ser mais rápida que Júpiter, começara a se afastar do aspecto exato, caminhando para 17°, 18°, 19°, 20° de Virgem e assim por diante. Este caminho de Vênus se afastando do aspecto partil com Júpiter é chamado de aspecto separativo, quando o planeta mais rápido já fez o aspecto partil e agora se separa dele, se afasta dele. A conjunção (planetas teoricamente no mesmo grau, mas também apenas no mesmo signo) não é um aspecto e sim uma co-presença: suas influências estão em união ou amálgama. A palavra “aspecto” deriva do verbo “ad-spicio”: ver, observar. Isso significa dizer que planetas que se encontram em signos que não se veem, também não se veem, ou seja: se ignoram. Aquilo que a Astrologia chamada moderna transformou num aspecto chamado inconjunção ou quincúncio é exatamente a situação de planetas que não se veem, por estarem a 150° ou 210° graus de distância um do outro, portanto, isso é uma ausência de aspecto. Equivale a dizer que: se em qualquer mapa, planetas regentes de duas casas estão nesta condição de inconjunção, ou seja, não se enxergam, será difícil que se apresentem fluidos ou conectados entre si tais assuntos na vida no nativo. Os aspectos são ainda divididos entre sinistros e destros, e tal divisão se dá da seguinte maneira:

No mapa ao lado, a Lua a 12° de Gêmeos, por ser mais rápida, se aplica a uma quadratura com Júpiter a 14° de Virgem. Neste exemplo, o planeta mais rápido que forma o aspecto, a Lua, se encontra anterior ao mais lento na ordem zodiacal: pois Gêmeos é anterior a Virgem dentro do zodíaco, que começa em Áries. Este aspecto é chamado de sinistro.

Quando ocorre o contrário, quando o planeta mais lento se encontra anterior na ordem zodiacal, o aspecto é chamado de destro. Observe o mapa abaixo:

Neste mapa, a Lua a 04° de Câncer se aplica a uma quadratura a Júpiter a 08° de Áries. A Lua, que é o planeta mais rápido a formar o aspecto, se encontra após Júpiter, planeta mais lento, na ordem zodiacal: pois Câncer está depois de Áries. Este aspecto é chamado de aspecto destro. O aspecto destro é considerado mais forte pois ocorre na direção da rotação da Terra, os raios da Lua para Júpiter se dão na direção da rotação da Terra.

Aspectos aplicativos – também conhecido como “aplicação” – estão relacionados diretamente com eventos que se produzirão de maneira concreta na vida no nativo. A distância entre estes planetas diz respeito ao tempo que o evento levará para ocorrer. A Astrologia árabe e os Orbes Por volta do ano 1.000, a Astrologia árabe, não diferenciando entre aspecto e aplicação, deu origem aos chamados orbes, fazendo surgindo a eles uma nova estrutura de conhecimento no que diz respeito aos aspectos. Orbe significa círculo e alude ao orbe (círculo) de luz que rodeia um planeta, portanto, são os planetas que possuem orbes e não os aspectos. Saturno: 18° (9° antes e 9° depois) Júpiter: 18° (9° antes e 9° depois) Marte: 16° (8° antes e 8° depois) Sol: 30° (15° antes e 15° depois) Vênus: 14° (7° antes e 7° depois) Mercúrio: 14° (7° antes e 7° depois) Lua: 24° (12° antes e 12° depois) Na prática, isso quer dizer que: se Mercúrio está a 20° de Leão, ele tem um orbe que vai de 13° a 27°. Fará aspecto de trígono com qualquer planeta que estiver em Áries ou Sagitário dentro destes graus, fará aspecto de oposição a qualquer planeta que estiver em Aquário dentro destes graus, fará aspecto de quadratura com qualquer planeta em Escorpião ou Touro dentro destes graus e sextil com planetas em Libra ou Gêmeos que se encontrem dentro destes graus. Se qualquer um desses planetas estiver a 20° do signo em questão, mesmo grau em que se encontra Mercúrio em Leão, o aspecto será chamado de aspecto partil. Importante lembrarmos que há diferença entre os graus de aplicação para os helenísticos e o orbe para os árabes: o primeiro tem a ver com o tempo para que um evento ocorra, o segundo coma força e relevância do aspecto. Outras considerações sobre aspectos em Astrologia Tradicional Voltando à visão helenística sobre aspectação, na qual não eram considerados os orbes e sim a aspectação por signos, os planetas em signos que não fizessem aspecto com o ascendente eram chamados de “amiss”. A não-aspectação entre dois planetas ou pontos do mapa é o que chamamos hoje de inconjunção. Estão inconjuntas ao ascendente as casas 2, 6, 8 e 12. O ascendente era chamado de “oiax”, que significa “leme”, fazendo referência ao leme de um navio. Se o leme (ou quem está nele) não enxerga o que acontece à sua volta, o navio fica ameaçado e exposto a perigos. Por isso, planetas nas casas inconjuntas ao ascendente são “perigosos” para o nativo, representando potenciais ameaças

já que não são enxergados pelo ascendente. Outra ameaça são os aspectos de planetas maléficos. Não importa a natureza do aspecto, não é bom para nenhum planeta ou ponto do mapa (Ascendente, Meio do Céu, Parte da Fortuna, etc) ser observado por um planeta maléfico. O testemunho de um planeta benéfico ao mesmo ponto do mapa é capaz de atenuar o malefício da aspectação de um maléfico. 00z m 00' 00'

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