003.1 Ann Major - Tesouro Moreno (MI Extra Tarja 03.1) - ARF · versão 1

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Tesouro Moreno What This Passion

Ann Major

"Assine aqui, Kate!" Indignada com a proposta de Rod Reynolds, Kate Andrews ergue o queixo até seus olhares se encontrarem. Ele então se explica num sussurro: "Você precisa de mim, querida!" Com um suspiro, Kate resigna-se a assinar o contrato absurdo. E a única forma de encontrar o tesouro do galeão espanhol naufragado no Caribe. Mesmo que precise se render ao homem que odeia. O homem que a abandonou no auge da paixão!

Digitalização: Vicky B Revisão: Samuka

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major

Leitura — a maneira mais econômica de cultura, lazer e diversão.

NOVA CULTURAL WHAT THIS PASSION © 1987 Means — Ann Major Originalmente publicado pela Silhouette Books Divisão da Harlequin Enterprises Limited. TESOURO MORENO © 1987 — para a língua portuguesa EDITORA NOVA CULTURAL LTDA. Todos os direitos reservados, inclusive o direito de reprodução total ou parcial, sob qualquer forma. Esta edição é publicada através de contrato com a Harlequin Enterprises Limited, Toronto, Canadá. Silhouette, Silhouette Desire e o colofão são marcas registradas da Harlequin Enterprises B.V. Tradução: Patrícia Moribe EDITORA NOVA CULTURAL LTDA. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2000 — 3.° andar CEP 01452 — São Paulo — SP — Brasil Caixa Postal 2372 Esta obra foi composta na Artestilo Compositora Gráfica Ltda. e impressa na Artes Gráficas Guaru S.A.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major

Capítulo 1

Kate Andrews olhava com tristeza para os estragos no Estrela Brilhante, seu barco pesqueiro. As peças metálicas estavam enferrujadas, a pintura, descascando e as redes, rasgadas. Acordara tensa e exausta, pois dormira apenas uma hora na cabine, após passar a noite toda pescando camarões. Além disso, estava sem dinheiro para fazer uma reforma ou uma nova expedição de resgate no oceano. Com a vista perdida no horizonte, lembrou-se do grande sonho do pai, que passara a ser o dela também: ele morrera tentando encontrar o navio espanhol Marta Isabella, mais conhecido como o "Galeão Dourado", que desaparecera três séculos atrás com um tesouro a bordo, numa terrível tempestade no mar do Caribe. Por mais de dez anos, Kate e seu pai vasculharam todos os arquivos da época, de Londres a Madri, à procura de pistas. Por fim, descobriram uma carta de um capitão espanhol, escrita alguns anos após o naufrágio, que indicava um certo recife como o local provável do desastre. Quando navegavam pelo estreito da Flórida, próximo ao recife Púrpura, avistaram alguns destroços no fundo do mar, que poderiam ser do Marta Isabella. As características do local coincidiam com a descrição do antigo navegador. Nos anos seguintes, Jake Andrews e a filha singraram várias vezes o estreito da Flórida, nas proximidades do tal recife, até confirmarem a presença dos destroços. Navegavam durante dias seguidos, tomando cuidado com os bancos de coral que quase não se viam à superfície, pois um pequeno deslize poderia deixar o barco avariado. Quando finalmente prepararam-se para a expedição de resgate, nem desconfiavam que aquela seria a última viagem de Jake a bordo do Estrela Brilhante. Mergulharam num local próximo à face sul do recife e acharam algumas moedas de ouro, mas não localizaram qualquer vestígio de canhões ou da âncora, que seriam provas irrefutáveis da presença do galeão. Embora Jake soubesse, com certeza, que os restos do naufrágio estavam lá, não tivera tempo suficiente para provar sua teoria: as emoções e as tensões da busca foram demais para ele. Acabou sofrendo um ataque cardíaco a bordo e, mesmo voltando imediatamente para Key West, era tarde demais para ele. Kate deu um longo suspiro, tentando afastar aquelas tristes lembranças, e deixou que os sons da nova manhã a envolvessem. Espreguiçou o corpo esbelto e sinuoso, cujas curvas eram generosamente insinuadas por uma calça jeans bem desbotada e justa, e uma velha camiseta sem mangas. Podia ouvir os gritos estridentes das gaivotas voando no céu, o espoucar distante do motor de um barco sendo ligado e o borbulhar de alguns peixes que pulavam na água ali por perto. Amanhecia um belo dia. O céu estava azul, límpido, e o sol, de um vermelho intenso, banhava de dourado o oceano, desde o horizonte. A superfície da água estava tão calma e brilhante que parecia um espelho. "Hoje o dia vai ser tão quente quanto ontem", pensou, desanimada, enquanto preenchia de gelo picado a caixa de isopor onde depositava os camarões que ela e seus ajudantes haviam pescado na noite anterior. Sentiu o músculo do ombro doer, ao repousar o saco de gelo no chão. Naquele instante, a voz grave de Don Taylor, que saía com o barco dele, interrompeu-a. — Bom dia, Kate!

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Ela acenou distraidamente, sem demonstrar muito entusiasmo. Gostava de Don como amigo, e não queria incentivá-lo a ter esperanças. Às vezes saíam juntos, e um mês atrás ele tornara a pedi-la em casamento. Mas a ideia de ser mulher de um pescador, e ter de lidar com aquilo pelo resto da vida a deixava nauseada. Ela própria não pescava por opção, mas como um meio de sobreviver, e manter-se independente. Muito embora, às vezes, a solidão, as preocupações e a falta de uma família deixavam-na muito carente. Se Don a surpreendesse num daqueles momentos, poderia até ter sorte. . . Kate sentia-se exausta, mas agora tinha que preparar a venda dos camarões para os turistas. Pedro e Juan, seus ajudantes, faziam aquilo depois de trabalharem a noite toda; por que ela não iria conseguir? Além do mais, precisava do dinheiro da venda para pagá-los. Na semana seguinte, vencia outra prestação da hipoteca do Estrela Brilhante, e ela já estava devendo a do mês anterior. O gerente do banco negara-lhe a extensão do prazo de pagamento, alegando falta de crédito. Em seguida, aconselhara Kate a vender o barco para Rod Reynolds, que segundo dissera estava disposto a pagar uma boa soma pelo pesqueiro. Depois de ouvir o nome de Rod, ela saíra furiosa do banco, acompanhada pelas últimas palavras do gerente: — Você é tão teimosa quanto seu pai, e seu orgulho ultrapassa o bom senso. Quanto a Rod Reynolds, o gerente estava certo, embora ela não gostasse da ideia de vender seu único patrimônio a um patife como aquele. Detestava-o, e ele era a última pessoa a quem pediria ajuda. Apesar de que, ao mesmo tempo, ele era o único homem capaz de ajudá-la. Naqueles dez meses após a morte do pai, Kate sentira-se muito só e desamparada. Os poucos recursos que ele lhe deixara haviam se esvaído, e os credores não se mostravam dispostos a investirem numa mulher tão jovem para uma nova busca do Marta Isabella. Entretanto, por mais que estivesse abalada, não permitia que ninguém sentisse pena dela. Mantinha sempre uma aparência reservada, e assim dissimulava os sofrimentos. Kate tinha razões para se sentir orgulhosa, pois conseguira satisfazer a expectativa do pai em relação ao filho que desejara, e não pudera ter. Entretanto, não se tornara vaidosa e, em vez de vestidos, sapatos e maquiagem, estava sempre de calça jeans e camiseta, quando não envergava o maio de mergulho. Trazia os longos e brilhantes cabelos negros sempre presos num rabo-de-cavalo, e no verão sua pele adquiria um tom dourado, escuro e atraente. Trabalhava tanto quanto um homem, mas seu jeito esportivo deixava transparecer um encantador e indiscutível toque feminino. Naquele rosto oval de traços finos e adornado por uma boca sensual, o que mais se destacava eram os grandes e magnéticos olhos verde-esmeralda, herdados da mãe, falecida há muitos anos. Contornados por cílios longos e negros, os olhos de Kate eram luminosos quando sorria, mas ficavam opacos quando se irritava. Os homens sentiam-se fascinados ao conhecê-la, mas ela fingia não perceber. O sol continuava a brilhar no céu, mas o esplendor de seus raios avermelhados parecia acentuar a angústia de Kate. Estava sem dinheiro, e seu dever era lutar para reabilitar a memória do pai, que terminara a vida ridicularizado por correr atrás do que era considerado uma fantasia absurda. E a única solução mesmo era pedir um empréstimo a Rod Reynolds, o homem a quem odiava e desprezava. Mas era um fato, tinha que admitir. Depois de decidir-se, Kate concluiu que não havia mais tempo a perder. Pedro e Juan cuidariam da venda do camarão. Ela precisava tomar um banho, livrar-se do cheiro de peixe, e trocar de roupa. Em pouco tempo, chegaria à cidade. Só em pensar em encontrar-se com Rod Reynolds um calafrio atravessou-lhe o corpo.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Rod era um negociante astuto. Construíra seu império com muita garra e trabalho, fazendo fortuna vendendo relíquias encontradas no fundo do mar. Comprara vários barcos para organizar passeios turísticos. Além disso, tinha uma cadeia de lojas de artigos náuticos, organizava expedições, filmava explorações, escrevia livros que se tornavam logo best-sellers, e fazia palestras. Era muito carismático, e a imprensa o consagrara. Muitos anos atrás, o pai de Kate encontrara-o inconsciente à beira de uma estrada. Rod fugia de um passado infeliz, que o marcara muito, e procurava uma nova vida. Decidido a ajudá-lo, Jake acolhera-o em sua casa, empregando-o como assistente, e ensinando-lhe todos os segredos do mar. Mas, para Kate, Rod não passava de um grande ingrato e de um aproveitador. Quando Jake precisara de ajuda para montar uma grande expedição e resgatar um navio afundado, Rod abandonara-o para cuidar de seu próprio negócio. Tornara-se um milionário, enquanto Kate e Jake continuaram passando por dificuldades. Certa vez, Rod emprestara uma grande soma a Jake, mas exigira que fosse devolvida com juros. O pai de Kate se preocupara tanto com o empréstimo que talvez aquilo tivesse lhe apressado a morte. Kate odiava Rod profundamente. Acima de tudo, pensava, ele arruinara sua vida. Ao conhecê-lo era apenas uma menina doce e alegre, mas ele conseguira seduzi-la para depois abandoná-la, sem explicações. Aquela rejeição a tornara uma mulher dura e só. Sim. Aquele homem devia-lhe tudo aquilo, e tinha obrigação de ajudá-la. Ao chegar ao escritório de Rod, Kate ouviu-lhe a voz através da pesada porta de mogno, e estremeceu ao relembrar aquele som rouco e suave em seu ouvido, murmurando palavras ardentes de amor. O estômago dela se contraiu. Como poderia esquecer aquela voz tão especial, tão carinhosa e masculina? A secretária avisou-o da presença de Kate, e pela porta entreaberta a voz dele soou jovialmente. — Nancy, mande-a entrar. Afinal, não posso deixar uma amiga esperando. Amiga? Que atrevimento! Kate ficou furiosa com aquelas palavras, e cerrou os punhos ao levantar-se em direção à porta. Tentou controlar o nervosismo ao entrar no escritório luxuoso. Seus pés afundaram no carpete macio, e o único som que se ouvia vinha do ar-condicionado. Rod estava de costas para ela, ao telefone. — Tudo bem, Susan. — Falava com decisão. — Hoje à noite então. Às sete horas! Parecia uma pose estudada com o intuito de provocá-la. Kate fechou os punhos com mais força, e fincou as unhas na palma da mão. Ela não dava a mínima para as namoradas de Rod, e fazia força para não ouvir a conversa. Desviou o olhar para a janela, tentando se distrair. Mas era impossível. Ele estava ali, e ela não podia ignorá-lo. Rod vestia um terno azul-marinho elegante e bem cortado, mas Kate podia lembrar-se perfeitamente do corpo musculoso dele. Era alto, atlético e sempre bronzeado. Ela conhecia de cor cada detalhe do tórax rígido e cabeludo, pois suas mãos o acariciaram muitas vezes. Os cabelos dourados estavam brilhantes e despenteados. Ela adorava fazer-lhe cócegas na cabeça, só para sentir nos dedos a maciez dos fios sedosos. Droga! Por que ele era tão poderoso, tão bonito e tão insensível? Kate odiava-se, por não conseguir ser tão insensível quanto ele. Rod desligou o telefone, e girou a cadeira de couro preto até encontrar-se de frente para ela. Inclinou-se para trás, e encarou-a, como se quisesse hipnotizá-la com aqueles olhos azuis ofuscantes. Apesar do ambiente e das roupas elegantes, ela podia sentir a força e masculinidade que emanavam dele num simples olhar. Um tremor percorreu-lhe o corpo, desde a cabeça até a ponta dos pés. 5

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Kate não conseguia parar de admirar cada detalhe daquele rosto másculo. A testa era larga, e as sobrancelhas escuras emolduravam o incrível azul dos olhos. O queixo era quadrado, a boca, muito sensual, e o nariz seria do tipo clássico se não o tivessem quebrado com um soco há muito tempo. Embora mais magro e rude, agora, também estava mais bonito. Irritava-a saber que, atrás de tanta beleza, escondia-se um maucaráter. As lembranças deixaram-na perturbada, as pernas tremiam, e ela teve de se apoiar numa cadeira. — Olá, Kate! Há quanto tempo. Tempo demais. Os olhos azuis percorreram-lhe o corpo com tal intensidade que Kate se sentiu nua diante dele, com o coração pulsando mais forte. Naquele instante, reparou na simplicidade do velho vestido amarelo, que ao mesmo tempo lhe marcava todas as curvas do corpo. Queria ter-se lembrado de aplicar ao menos um batom ou enrolar os cabelos, para não parecer tão simplória. Mas parecia que aquilo não fazia a menor diferença para ele, cujos olhos devoravam-na com volúpia. — Nem tanto — respondeu, nervosa, tentando recuperar a calma. Ela tentava parecer indiferente, mas o tormento de estar na frente daquele homem era muito grande. Rod se abriu num sorriso malicioso, mostrando os dentes muito alvos. Estava se divertindo com o nervosismo dela. — Continua charmosa como sempre. Uma gata, sempre afiando as unhas, pronta para atacar. Como na nossa última noite.. . Kate enrubesceu de vergonha, enquanto soltava faíscas pelos olhos. Na última vez em que foram para a cama juntos, ele lhe abraçara o corpo febril e sussurrava ao ouvido dela, chamando-a de gatinha selvagem, pois amaram-se tão intensamente que ela acabara por arranhar-lhe as costas num momento de êxtase. Era engraçado que ele se lembrasse daquela noite, depois de tanto tempo e, por certo, tantas outras mulheres. Ela contra-atacou: — De você eu só podia esperar estas palavras de baixo nível. — Sério? Então você ainda me odeia? — Sim! — ela respondeu, com raiva. Rod levantou-se. Kate era alta, mas ele devia ter uns dez centímetros a mais que ela. — Que ódio feroz. Feroz no ódio, feroz no amor. Ele estava sendo sarcástico. Kate começava a se arrepender por ter ido. — Se os olhos pudessem fuzilar... — ele zombou dela. "Você não viveria mais que uma hora", pensou, furiosa. — Mas, apesar de me odiar tanto, você veio me ver — ele falou com voz calma, sem demonstrar o nervosismo com que cerrara o punho dentro do bolso do paletó. — Eu precisava falar com você. — Eu tentava imaginar quanto tempo se passaria até que você voltasse a me procurar. — Você era a última pessoa da minha lista. — Talvez eu devesse ser o primeiro. — E por quê? — Porque sou o único louco capaz de ajudá-la. Kate prendeu a respiração. — Quer dizer que está ao menos disposto a me escutar? — perguntou, em dúvida. — Sim.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Kate suspirou, aliviada. Talvez fosse mais fácil do que imaginava. Talvez ele não fosse tão mau-caráter como ela sempre pensara, e tivesse até se arrependido de tudo o que fizera. — Muito obrigada, Rod. — Esboçou um sorriso. — Nada como o dinheiro para amansar o coração de uma mulher. — Rod sentenciou com cinismo. Kate se contraiu de novo. Por um segundo pensara que ele tinha se regenerado, depois de tantos anos. De qualquer forma, iria ouvi-la. — Então, o que você quer? — Rod perguntou, bruscamente. — Preciso que você financie minhas despesas nos próximos três meses. — Em seguida, deu-lhe as somas dos custos de combustíveis, salários, das parcelas do barco e da manutenção. — Por que tanto dinheiro, se você odeia pescar camarões? — Bem, pelo menos me distraio... — Kate procurava uma desculpa, pois não queria dizer nada àquele homem odioso sobre o galeão espanhol. Rod, entretanto, não pareceu acreditar. — Por que você não se desfaz do barco? — Ele continuou, cauteloso. — Jake está morto, e você poderia dar aulas. — Eu só me formei porque aquilo era muito importante para papai. — Você também precisa começar a agir como uma mulher. Casar, ter filhos. Você sempre sonhou com isso, não? — Isso já faz muito tempo. — Ela o cortou secamente. Rod fechou os olhos apertados. — Gostaria de saber por que é uma mulher tão amargurada, Kate. — Olhe-se no espelho, e reflita bem, Rod Reynolds. — Ela sentia-se humilhada. Não queria que ele percebesse o quanto sofrera depois que a rejeitara. — Você não está querendo dizer que sou responsável por isso, está? Rod se aproximou, e Kate desviou o rosto para evitar o olhar dele. — É claro que não. — Tentou disfarçar a angústia na voz. — Eu me afastei de você para o seu bem. Se eu continuasse a seu lado, você se machucaria muito mais. — Nunca saberemos com certeza, não é? Olhe, a gente vai perder tempo se começar a falar dos velhos tempos. Você vai me financiar ou não? — Tudo bem, voltemos aos negócios. — Rod pareceu um tanto confuso, de repente. — Se eu lhe emprestar o dinheiro, como pensa pagá-lo? — Se eu não puder pagá-lo, o Estrela Brilhante é seu. Rod aproximou-se tanto, que Kate pôde sentir o aroma da colônia após barba. O sol batia naqueles cabelos loiros magníficos, deixando-os dourados. — O que eu vou fazer com um barco que está todo hipotecado? Eu quero algo de mais valor como garantia. — O que, por exemplo? A proximidade e o olhar insinuante de Rod a incomodavam. — Você tem algo que eu desejo ardentemente. Tocando-lhe os cabelos, Rod deslizou a mão pela nuca delicada, e afagou-lhe as costas. Kate se esquivou das carícias com um movimento rápido. — Não brinque comigo, Rod! Ou você me dá o dinheiro, ou não. — Eu acho que temos outras coisas a resolver. — O que você quer dizer com isso? — Você acha que eu a deixei porque não gostava mais de você. Não é verdade. Seu pai é que não queria que a filha se envolvesse com um joão-ninguém. Queria você

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major formada e casada com alguém de nível. Aquilo me doeu muito, mas eu não poderia ir contra Jake. Devo a ele tudo o que sou. — É mentira, Jake nunca faria. . . — Aí é que você se engana — ele a interrompeu. — Você fez com que a tripulação se revoltasse contra meu pai, bem no meio daquela operação-resgate, quando ele mais precisava de sua ajuda e de todos os empregados. — Foi uma farsa que ele armou para que você sentisse raiva de mim, e me esquecesse o mais rápido possível. E pelo visto funcionou bem. — Não quero ouvir mais uma palavra. Não podendo suportar ouvir aquilo sobre o pai, Kate correu até a porta. Rod, entretanto, alcançou-a, e prendeu-lhe o corpo sinuoso contra o peito largo. Ela sentiu uma coxa rígida por entre as pernas. Estava completamente presa nos braços daquele homem, sentindo-lhe o calor e o coração batendo forte. — Não se precipite. Eu lhe darei o dinheiro, mas quero uma garantia. — Qual? — ela perguntou, pálida. Com o indicador e o polegar, Rod ergueu-lhe o queixo até que seus olhares se encontrassem. — Eu nunca me esqueci de você, Kate Andrews. — Nem eu de você. Mas não tome isto como um elogio. Rod sorriu, e aquela expressão deixou-o mais bonito. — Vindo de você eu me sinto lisonjeado. Me agrada a ideia de que fui inesquecível para você — ele murmurou, numa voz macia e sensual. — Quando Jake me disse que eu não servia para você, fiquei ressentido por algum tempo, mas já passou. Agora quero que me dê uma chance de ser seu amigo. — Você não pode comprar amigos com dinheiro. — Não sei de onde você tirou essa ideia, Kate. Pois saiba que geralmente eu posso. Se não puder comprar a amizade de uma mulher, consigo dela outras coisas mais interessantes. — Você é um bruto, um grosso, Rod Reynolds. E não vou perder meu tempo enumerando os seus defeitos. — Como você é generosa. Kate tentou se soltar, mas os dedos de Rod a prendiam como tenazes de ferro. — Não sei o que você tem de especial, Kate. Nem sei se é bonita. É magra demais, e vive vestida em trapos. Você não tenta ser meiga ou feminina. No entanto, deixar você foi a coisa mais difícil que já fiz. Talvez seja a sua garra e coragem que me atraem. Quem mais seria capaz de me salvar de um tubarão da primeira vez que entrei em pânico? E desde a morte de seu pai você tem lutado como ninguém para se manter por cima. Eu quero ajudá-la, e uma vez que Jake não pode opinar mais no nosso relacionamento, eu a quero comigo. Primeiro ele dizia que não era bonita nem feminina, e depois oferecia ajuda. Era isso: o que ele realmente queria era sexo. Tratava-a como a uma prostituta! — Você pode me oferecer a quantia que quiser, mas eu não vou para sua cama por dinheiro — declarou, com o lábio inferior trêmulo. — Espere aí! — Rod exclamou. Sua voz rouca nunca fora tão macia. Levantou-lhe o queixo até que os lábios de Kate ficassem a apenas alguns centímetros dos dele. — Agora é você quem tem a mente suja. Kate observou a boca sensual de Rod tão perto, e desejou-o. Ainda podia sentir o gosto daqueles lábios que tantas vezes beijara, a maciez, os dentes alvos dele mordendolhe a língua. Sem querer, ela abriu levemente a boca, numa expressão de desejo. Rod passeou o olhar por seus lábios macios. 8

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Eu não disse que queria ir para a cama com você, Kate. Sinto muito desapontála, mas eu quero apenas a sua amizade. — Ele continuou olhando-a de modo provocante. — Você está morrendo de vontade de ser beijada, mas ainda não está preparada. Eu gosto de mulheres meigas e delicadas, mas não posso ser amigo de um ouriço-do-mar, e muito menos beijá-lo. Kate nunca fora tão insultada na vida. Um ouriço-do-mar! Queria matá-lo depois daquilo. Mas só de imaginar-se na cama com aquele homem que tanto desprezava davalhe uma sensação estranha, mista de ódio e prazer. — Não, não podemos ser amigos — falou, entre dentes. Rod, entretanto, não se fez de rogado. — Eu dou uma semana para você mudar de ideia. Se você quer o dinheiro, já sabe a condição. — E essa tal de Sue com quem você falava ao telefone? Ela também recebe dinheiro? — Não é de sua conta — ele disse, num tom reprovador, mas suave. — O nome dela é Susan, uma boa amiga. — Está certo. Talvez possamos ser amigos. — Kate hesitava. — Este será só o começo. — E depois? — Depois eu farei de você uma mulher de verdade — ele declarou, de modo insolente, concentrando o olhar nos seios firmes que podiam ser vistos pelo decote. Kate, instintivamente, levou uma das mãos ao decote. — Não vou mudar meu jeito de ser por sua causa. — Será que não? Rod continuava com o olhar nos seios dela, cujos bicos estavam excitados e marcavam o leve tecido amarelo. Kate rezou para que ele não notasse, mas era claro que ele já percebera, tanto que sorriu maliciosamente com os cantos da boca. Ele insistia em mostrar interesse pelo corpo dela, e por mais que ela se esforçasse, deixava transparecer todo seu instinto feminino. — Que tal uma aposta, Rod? — Já fizemos uma, e até ofereci dinheiro. — Será que você não poderia ser mais gentil? — Sou um homem de negócios. Se pago, eu quero a mercadoria. E, no seu caso, pagarei caro, mas espero ser bem recompensado. Seus olhares se encontraram, e permaneceram muito tempo cruzados. Por fim, Rod levou uma das mãos ao pescoço de Kate, e deslizou-a pelos sedosos cabelos negros. Com um toque possessivo, mas alguma coisa mais, alguma coisa mágica, poderosa. Ela estava paralisada. — As coisas podem não dar certo. . . do jeito que você pensa — Kate balbuciou, sentindo o rosto vermelho e quente. — Talvez não, mas estou apostando alto. Tudo ou nada. E você é o grande prêmio.

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Capítulo 2

Kate ligou a mangueira, e começou a lavar o convés do Estrela Brilhante. Fazia uma semana que falara com Rod no escritório dele. Aceitar a proposta era a única saída para seus problemas, mas para tanto teria de engolir o orgulho. Naquela manhã o motor do barco apresentara um estranho barulho, e ela não podia mais adiar uma revisão. Com muito esforço, conseguira pagar Pedro e Juan e sabia que, se surgisse alguma eventualidade, como aquele problema no motor, não teria como arranjar dinheiro. — Oi, Kate! — O chamado de uma voz masculina a interrompeu. Ela reconheceria aquela voz rouca e macia em qualquer lugar do oceano. Deu um passo em falso, e quase tropeçou na mangueira. Rod estava na beira do cais, e os raios de sol iluminavam sua figura. Os olhos azuis brilhantes, divertidos. Com as pernas afastadas e as mãos na cintura, ele mais parecia um arrogante deus dourado. — O-lá, Rod! — ela gaguejou. Kate sentiu vergonha de suas roupas surradas. Ele vestia uma calça jeans justa, que lhe moldava as pernas musculosas, e uma camisa branca, que contrastava com o forte bronzeado. Ela trabalhara a noite toda, e não tivera chance de tomar um banho ou trocar de roupa. Algumas olheiras mostravam seu cansaço e, certamente, estava rescendendo a camarão. Para disfarçar o nervosismo, continuou a lavar o barco, mas estava tão agitada que se esquecera da janela quebrada e molhou o interior. — Cuidado, gringa! — Juan, um de seus auxiliares, protestou da cabine. — Parece que seu humor não melhorou, desde a semana passada. — Rod gracejou. — Sinto muito se contribui para piorá-lo. — Meu humor estava ótimo até encontrar você — Kate respondeu, ríspida. Rod sacudiu os ombros. — Pelo menos você é sincera. As outras mulheres que estão atrás do meu dinheiro fingem que me amam. Gosto de pessoas diretas. Ou será que sou eu quem está interessado em você? — A voz dele era macia e cheia de astúcia. O calor do olhar de Rod fez o corpo de Kate queimar. Ela balançou a cabeça, fingindo jogar os cabelos para trás, mas na verdade tentava disfarçar a agitação. Por que aquele demônio era tão bonito, perfeito e com uma voz tão sensual? Por que ele não era baixinho e gordo? — Não me importo em quem você esteja interessado — ela declarou. — Você arranjou outra pessoa para ajudá-la? — Não. — Então as coisas continuam ruins, não? — ele perguntou, calmamente. — Estão piores. A máquina. . . — interrompeu a frase, pois não queria que ele sentisse pena dela. Odiava-o por ser tão rico e poderoso. Rod, notando-lhe o desespero e o cansaço no rosto, convidou-a para o café da manhã. Kate se surpreendeu com o convite, feito com delicadeza, sem a arrogância habitual. — Mas olhe como estou!

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Se você insiste. . . — ele sorriu, e percorreu o corpo dela com um olhar voluptuoso, fixando-se em cada curva. A camisa úmida colava-se ao corpo, moldando-lhe os seios redondos e firmes. — Não era a isso que eu me referia! — ela protestou, envergonhada. — Foi você quem pediu. — Ele sorriu. — Eu quis dizer que não estou vestida para sair. O sorriso de Rod se alargou. — Você fica linda de camiseta, Kate. Principalmente se ela estiver molhada. Kate corou, e emudeceu, fingindo-se de brava. Rod fez um gesto de desalento com as mãos. — Tudo bem, vá para casa, e se troque. Eu vou conversar com o capitão do meu barco, e daqui uma hora passo em seu apartamento, certo? Kate continuava calada, e ele completou: — Pelo amor de Deus, pelo menos uma vez na vida diga sim para mim! Ela respirou fundo, um pouco confusa. Por fim, concordou com um gesto de cabeça, quase agradecendo. Por que seu coração batia tão forte por causa de um simples convite para o café da manhã? Continuou calada, mas Rod sorriu, certo de que a convencera. — Ótimo! Vejo você daqui a uma hora. Enquanto ele se afastava, Kate seguia-o com o olhar. Sentiu o estômago contrairse, e desligou a água. Não queria se apaixonar novamente por aquele homem. Não podia! Kate correu para casa, tomou um banho, e apressou-se em enrolar os cabelos. Colocou seu melhor vestido, e olhou-se no espelho. A cor verde-água lhe caía bem, combinava com seus olhos, e o corte era de uma elegância delicada. Há muitos anos não se sentia tão bem, tão feminina. O cabelo negro cascateava ondulado pelos ombros, depois de escovado. Ela então maquiou-se com cuidado, e examinou-se. A sombra leve realçava-lhe discretamente os olhos, e o batom deixava os lábios úmidos e provocantes. De repente, parou para pensar: por que estava se arrumando para sair com um homem que odiava tanto? Ficou esperando do lado de fora para que Rod não entrasse e reparasse na simplicidade da sala, quase desprovida de móveis. Não queria que ele se sentisse mais superior ainda. Esperou uns dez minutos, até que ele chegou num Mercedes azul. Também não era bom que reparasse na fachada da velha casa, que herdara do pai. Era uma construção típica dos tempos românticos de Key West. Rod certamente acharia a casa fora de moda e feia. Rod abriu a porta do carro, e Kate sentiu a maciez do estofado de couro. O carro era novo e luxuoso. O ar condicionado e o rádio mantinham um ambiente suave e calmo no interior, mas ela mal notou aquele luxo, pois olhava fixamente para ã figura masculina e elegante de Rod. Tudo parecia estranho e excitante. Desviou a atenção para a frente, mas sentiu que ele inspecionava cada detalhe, pelo espelho retrovisor. De soslaio, viu que sorria, aprovando a mudança de sua aparência. Se ele risse de seus cabelos enrolados e do vestido verde, sairia imediatamente do carro, e bateria a porta na cara dele. Mas Rod não se atreveu a dizer nada, e continuou a sorrir satisfeito. — Como é, vamos ou não? Não tenho o dia todo, sou uma garota trabalhadora. — Eu também sou um garoto trabalhador. — Ele riu. Kate olhou-o furtivamente. Sentiu a fragrância masculina daquele homem maduro e perigoso. Falou, quase gaguejando: 11

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Para mim, você não é um garoto. Rod soltou uma gargalhada, e Kate ficou vermelha, achando-se uma estúpida por ter feito um comentário tão idiota. — Até que enfim você reconheceu que eu sou um homem. Ele não tirava os olhos do corpo perfeito de Kate, que sentia como se estivesse sendo acariciada, com a pele queimando sob a fina fazenda do vestido. — Algum problema? — ela perguntou. — Nenhum. Pelo contrário, gosto do que vejo. Você cresceu, Kate, e não é mais uma garotinha. É uma bela mulher. Kate não se deu ao trabalho de responder. — Por que você está sentada tão longe de mim? Antes que pudesse protestar, Rod passou os braços pelos ombros dela e puxou-a para si, até que as pernas de ambos se encostassem. Ele notou que aquele contato deixara-a excitada, e sorriu. Kate sentia o coração pulsando loucamente. — Assim é melhor, não? Não tenha medo, minha querida. Não de mim. Rod beijou-lhe as têmporas. Os lábios eram quentes, e a respiração acariciava-lhe o rosto. Kate estava muda, sentindo-se confusa e insegura. Suspirou aliviada, quando ele ligou o- carro, e deu a partida, dissipando o clima tenso que a envolvia. Foram a um restaurante caro e sofisticado. O maître, cortesmente, deu-lhes uma mesa com uma maravilhosa vista para o mar. E imediatamente foram atendidos por um atencioso garçom. Kate estava constrangida, mas ao mesmo tempo adorando ser tratada como uma princesa, cercada de tanto luxo. Não estava acostumada a passar tão bem. Queria sugerir algo simples e barato, pois não gostaria que ele pensasse que estava esfomeada, só porque trabalhara a noite toda. Mas Rod insistiu para que pedisse o melhor desjejum do cardápio. Logo foram servidos, e Kate procurou comer devagar e com elegância, enquanto Rod falava. Ele se expressava com cuidado, evitando uma discussão em pleno restaurante. — Eu fiquei muito triste, quando soube da morte de Jake. Infelizmente não havia meios de dizer-lhe isto na época. Kate lembrou-se de que Rod estivera no funeral de seu pai para apresentar-lhe as condolências, e oferecer ajuda no que fosse necessário, mas ela o repelira. — Acho que não havia mesmo —: admitiu, séria. — Eu estava tão triste e perturbada que não queria saber de falar com ninguém. — Acho que você deve ter sofrido bastante nestes dez meses. Como tem se ajeitado? Kate não costumava dividir seus problemas com ninguém, mas Rod estava sendo tão gentil e atencioso que não resistiu, e contou-lhe o que vinha acontecendo desde a morte do pai. Ela nunca havia lidado antes com a parte financeira do negócio, portanto cometera muitos erros, e gastara o que não podia. Além disso, tivera que pagar consertos de emergência do barco, impostos atrasados e as contas do médico, quando Juan quebrara o braço. Por fim, deixou transparecer a enorme solidão que sentia. Ao terminar o relato, Kate estava inclinada sobre a mesa na direção de Rod, e ele segurava-lhe as mãos, confortando-a. Naquele momento, esquecera-se completamente da raiva que sentia contra ele. Lembrava-se vagamente de como era bom dividir os sentimentos com alguém interessado. Rod parecia comovido. — Kate, como você sofreu! Eu sei o que é ser pobre e levar uma vida dura. Eu já fui muito pobre, e acho que estas lembranças me machucam muito. — Apertou-lhe as mãos delicadas e, antes de soltá-las, beijou-as carinhosamente.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Durante alguns segundos mergulharam em silêncio completo. Ele a observava comendo, satisfeito, pois Kate comia com gosto, não deixando restos no prato. Pousando o talher no prato, ela o encarou, decidida. — Rod, acho que esta foi a melhor refeição de minha vida. Muito obrigada. — Acho apenas que você estava com apetite. — Você foi muito gentil em me trazer aqui. Acho que há muito mais coisas importantes a fazer, em vez de ficar escutando minhas lamúrias. — Gosto de ser gentil, especialmente com você. — Ele apertou-lhe a mão novamente, e ela estremeceu. — Acho melhor irmos embora — disse, libertando-se das mãos dele. — Tudo bem! — Rod pagou a conta, e saíram do restaurante. Dentro do carro, ele voltou-se para Kate e disse, em tom quase ameaçador: — Então, você já se decidiu, Kate? Aceita minha proposta? Era impossível ser rude, num momento que ele estava sendo gentil e lhe pagara aquele esplêndido café da manhã. — Acho que não tenho muita escolha. Ou aceito, ou vou à falência. — Tem uma condição. Se eu lhe der o dinheiro, não quero que você continue pescando. — O quê? — Você será a única proprietária do barco, mas quero ser informado sobre tudo que fizer no Estrela Brilhante, e o barco não irá a lugar algum sem minha autorização. Pedro e Juan farão a pesca, e você não estará a bordo, pois não quero que continue a trabalhar a noite toda. — Você está brincando comigo! — Kate sentiu as têmporas latejando. — Nunca falei tão sério em minha vida. Você é uma mulher, e não quero que fique trabalhando duro feito um homem. — Você não tem o direito de dizer o que posso ou não fazer. — Caso aceite o dinheiro, esta cláusula também estará no contrato, por escrito. — Estou arrependida de ter confiado em você. — Ninguém está lhe forçando a aceitar meu dinheiro — ele disse, calmamente. — Mas se eu aceitar serei uma escrava às suas ordens. — Entenda como quiser. Eu já disse que pretendo ser seu amigo. Não quero que se mate trabalhando. — Não se preocupe comigo. — Mas eu me preocupo. Você é muito teimosa e orgulhosa, mas está na hora de se cuidar um pouco. — Ora, você é um machão, e não quer que eu seja independente! — Kate estava furiosa. — Ao contrário. Não quero ser prepotente, quero apenas protegê-la. — Não preciso da sua proteção — ela protestou, irritada. — Você precisa de muitas outras coisas, mas nunca admitiria. Kate fervia de raiva, e retrucou com ironia: — E do que é que eu preciso? — Disso, por exemplo. Rod a envolveu num abraço carinhoso, e então Kate percebeu o que ele queria dizer. Ele estava trêmulo, seu olhar era fulminante, e parecia lutar contra os desejos mais íntimos. Sentindo a mesma coisa, ela afastou-se, amedrontada. — Pensei que você queria apenas a minha amizade — sussurrou. — Eu disse que adorava mulheres meigas e femininas e você se vestiu para mim.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Ele apertou-a gentilmente contra si, e Kate não pôde evitar aquele contato tão íntimo. — Eu o odeio há muito tempo — ela falou, com voz trêmula. — Talvez sim, mas tenho certeza de que você me quer. Posso provar com um simples beijo. — Não, por favor! — ela suplicou. — Sim! — A voz dele era como uma carícia. Kate esperava um beijo selvagem, mas Rod, afastando-lhe os cabelos da nuca, beijou-lhe o pescoço tão levemente que ela sentiu um choque, como se uma corrente elétrica lhe percorresse a espinha. — Oh, Kate, esperei tanto que você viesse para mim — Rod sussurrou, com voz sofrida e suplicante. — Foi um inferno ver você procurar outras pessoas antes de mim para ajudá-la. "O que ele quer dizer com isto, por que se importa tanto?", Kate pensou, confusa. Sentia o corpo ferver, e não pôde conter um gemido de prazer. Tentou afastá-lo, mas as mãos dele apertavam-lhe a cintura e a nuca, enquanto a beijava, cheio de excitação. Parecia que nunca fora beijada antes, tamanha era a emoção que sentia. Os nervos de Kate estavam à flor da pele, e ela gemia feito uma adolescente sem experiência. Aquele beijo reacendera uma paixão adormecida, e ela o desejava ardentemente. Enlaçando-lhe o pescoço, Kate devolveu com paixão o beijo atrevido, entreabrindo os lábios para que a língua dele provasse o mel do desejo, enquanto ela acariciava-lhe os cabelos dourados. De repente, doces lembranças invadiram-lhe a memória. Certa vez, beijavam-se sob o luar numa ilha deserta, enquanto as ondas do mar quebravam sobre os corpos entrelaçados. Eram muito jovens naquela época, e a paixão os devorava. — Rod! — Kate falou, com voz fraca e hesitante. Não tinha forças para repeli-lo, o desejo era mais forte do que a intenção de interromper as carícias. Rod silenciou-a com outro beijo, transmitindo-lhe todo o prazer que sentia. Apaixonado, acariciava-lhe o corpo todo, fazendo com que a pele de Kate queimasse a cada contato. Com mão firme apalpou os seios fartos sob o sutiã rendado, brincando com os mamilos até que ficassem doloridos. Continuaram se beijando, enquanto Rod, deitando-a no assento de couro, encaixou o corpo másculo naquelas curvas delicadas. Kate sentia um desejo incontrolável de fazer amor com aquele homem. Mais um beijo, e ela se entregaria. Não, não, precisava lutar contra ele, concluiu, arregalando os olhos. Então esforçou-se para dissipar as sensações deliciosas e sensuais que a envolviam. — Por favor, acho melhor pararmos com isso — murmurou. Rod a olhou, espantado. Relaxou um pouco, mas não largou o corpo trêmulo que tinha nos braços. — Se você quer assim — falou com voz sombria. — Não a beijarei enquanto não estivermos sozinhos, num local adequado. — Foi um engano, Rod. Prometo que isso não se repetirá. — Kate recuou, envergonhada. — Mas eu lhe garanto que sim. Você não se lembra de como era o nosso relacionamento? Sempre foi uma relação mágica, especial e impossível de ser controlada. Sim, fora tão incontrolável que ele a abandonara. — Rod, por favor! — Ela suplicou. — Essas lembranças me machucam muito. — Oh, Kate, não quero magoá-la. Precisamos ficar juntos novamente. Kate fitou os olhos azuis, que pareciam sinceros. Mas ela sofrera anos a fio, e a dor transformara-se em ódio, impossível de ser esquecido tão facilmente. 14

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Não insista. Eu não confio mais em você, e não somos mais as mesmas pessoas. Você cresceu demais, e agora queremos coisas diferentes. — Ainda desejamos um ao outro. — Apenas uma atração física. — Ela desculpou-se, com um sorriso forçado. — E isto me agrada. — Ele se aproximou, e abraçou-a com força, enterrando o rosto nos cabelos negros de Kate. — Me perdoe. Eu juro que não foi intenção minha machucá-la tanto, quando eu a deixei — murmurou, angustiado. — Não sabia que você sofreria tanto. Jake me disse que aquilo era paixão de adolescente, que você logo esqueceria, e eu estava com tantos problemas que nem pensei nos seus. Aí você foi para a faculdade, e começou a sair com outros rapazes. Pensei que fosse feliz. "Eu o queria muito, mas era orgulhosa demais para admitir", Kate pensou. — Você se casou com sua amiga Carla — ela falou, num fio de voz. — Mas não durou um ano. — Rod concluiu, em voz amarga. — Mas, Kate, estávamos falando de você. Nos últimos anos fiquei em dúvida se era mesmo feliz. Não se casou, era quieta e arredia, sempre fugindo de tudo e de todos. Eu não sabia que a machucara tanto. — Você me magoou muito, Rod, e acho que nunca o perdoarei — ela respondeu, emocionada, e afastou-se dos braços dele. — Você tem certeza? — Sim, você é o último homem com quem eu teria um caso. Rod ficou imóvel por alguns segundos, abalado com aquelas palavras. Por fim, afastou-se dela, e ligou o carro. — Está bem, Kate — concluiu, em voz baixa. Dirigiu até a casa dela em silêncio. Depois de estacionar voltou a encará-la. — Ficarei fora da cidade algumas semanas. Deixarei o cheque e o contrato em meu escritório. Se você decidir, passe por lá. Kate concordou com um gesto de cabeça, e saiu do carro sem se despedir. "Finalmente está tudo acabado", pensou, enquanto se afastava. Mas se era aquilo que queria, por que sentia que seu coração se despedaçava de tanta dor?

Capítulo 3

Rod entrou em seu escritório, e colocou a xícara de café ao lado da pilha de papel acumulada em duas semanas de ausência. Ao notar um grande envelope pardo em cima da pilha, seus olhos brilharam. Estava tão excitado como da primeira vez em que participara de uma busca a um navio naufragado. Abriu o envelope e dois rolos de microfilme caíram sobre a mesa. Eram documentos sobre as Índias Ocidentais, antigas colônias espanholas no Caribe. Havia também um relatório em espanhol de um estudante que ele contratara para investigar o naufrágio do Marta Isabella, o "Galeão Dourado". Rod sabia, por experiência própria, que buscas daquele tipo eram um trabalho meticuloso e muitas vezes frustrante. Através dos séculos, documentos importantes haviam sido destruídos ou perdidos em incêndios, guerras e inundações, e muitos estavam guardados em depósitos de museus, juntando poeira. Por isso, ele havia

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major contratado pessoas de Londres, Madri e Sevilha especialmente para aquele trabalho de pesquisa. O que Kate diria se soubesse que ele estava agora atrás do enigma que Take tanto perseguira? A única razão até aquele momento para não se envolver diretamente na busca fora o respeito que tinha pelo amigo. Mas agora ele estava morto, e nada o impediria. Cuidadosamente, Rod recolocou o material no envelope, e avistou os documentos assinados por Kate, numa caligrafia feminina e caprichada perto dos garranchos dele. Bebeu um grande gole de café, e sentiu o corpo esquentar. Pensou em Kate. Soube através de Bill, seu braço direito na companhia, que ela andara quebrando todas as cláusulas do contrato. Continuava pescando, e ainda por cima havia rumores de que estava preparando uma expedição de mergulho com o dinheiro dele, sem lhe dar nenhuma satisfação. Enfim, ela estava fazendo dele um completo idiota. Naquela manhã mesmo, ao chegar, ele passara pelo cais, e ficara sabendo que Kate saíra sozinha com o barco, sem avisar ninguém para onde ia. Alguém a vira carregando tanques de oxigênio e instrumentos de mergulho. Uma mulher sozinha em alto-mar significava perigo. O Estrela Brilhante não era, nem de longe, um barco seguro, e o golfo do México estava repleto de imigrantes ilegais, contrabandistas, traficantes de drogas e tubarões. Só um louco mergulharia sozinho naquela região. Maldita bruxa de olhos verdes! Rod pensara nela constantemente nas últimas duas semanas. Ele a queria, sempre a quisera, mas o orgulho e a promessa feita a Jake de que nunca mais a procuraria afastara-o dela por dez longos anos, durante os quais trabalhara duro para provar ao pai dela que ele era tão bom quanto qualquer homem. Durante dez anos, suportara ser desprezado por Kate toda vez que se encontravam, como se ela fosse uma rainha e ele, um mendigo. E quando Jake falecera, e ele lhe oferecera auxílio, ela nem quisera escutálo. Agora, quando ela precisava da ajuda dele, insinuara que ele fora o culpado da situação em que se encontrava. De qualquer modo, fora um choque saber que ela sofrera tanto quando ele a deixara. Mas ele tinha sido tão rejeitado desde a infância que não aceitava muito aquelas ideias. Secretamente, achava que Kate sempre se sentira superior, desde a primeira vez que o vira. Apesar de rico e bem-sucedido agora, era-lhe difícil apagar as memórias de uma infância marcada pela pobreza e pelo abandono. Rod tentava não remoer o passado, mas as imagens voltavam sempre com insistência. Lembrava-se perfeitamente do pavor e humilhação que sofrera na noite em que Jake o encontrara. Tinha então apenas vinte anos. Fora levado num carro em alta velocidade, seguro por três rapazes. Havia sido espancado por um deles, seu lábio estava partido, e parecia que todos os ossos do corpo estavam quebrados, devido aos socos e chutes que lhe deram. Chovia muito, a estrada estava enlameada, e dentro do carro o ar era pesado e quente, cheirando a álcool, suor e ao próprio sangue. A dor intensa deixava-o ofegante, mas o medo que sentia sufocava qualquer outra sensação. Os rapazes estavam furiosos porque Carla Jones desmarcara um encontro com um deles para sair com Rod. Seguiram-no e à garota após a sessão de cinema para provocálos. Rod tentara defendê-la, e então os rapazes forçaram-no a entrar no carro, enquanto ela fora buscar socorro. Pararam à beira de uma estrada, e alguém gritou: — Fim da linha para você, Reynolds! Gargalhadas maldosas ecoaram-lhe aos ouvidos.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — E nem tente voltar, rato, se quiser continuar vivo. Carla era minha garota, antes de você aparecer. — Rod reconheceu a voz de Luther. — Você é tão desprezível quanto sua mãe, Reynolds. Você não passa de um bastardo. Rod juntou as últimas forças, e gritou: — Comigo foi um acidente de nascença, mas você, idiota, consegue ser bastardo no fundo de sua alma. O rosto de Luther contorceu-se de ódio. — Eu mato este filho da. . . — vociferou, e deu um soco na mandíbula de Rod, que rolou para fora do carro, e caiu sobre o asfalto duro e úmido. A chuva ensopava-o, mas as dores eram tão fortes que ele não conseguia nem ficar de pé para pedir ajuda. Os carros passavam bem perto dele, espirrando lama das poças sobre seu corpo inerte. Quando voltou a si, Rod delirava de febre, e suas roupas úmidas estavam coladas à pele. Encontrava-se num lugar estranho e limpo, e a cama macia substituía o asfalto duro. Algumas vozes sussurravam no silêncio do quarto. — Você perdeu o juízo, papai? Ele devia estar bêbado. — Ele não cheira a álcool. — Olhe como está imundo. E se for um assassino? — Eu duvido muito, Kate. Ele é alto, mas é um garoto muito magro. Eu não poderia deixá-lo na estrada, todo machucado naquela chuva. — Você devia levá-lo a um hospital. — Para quê? O pulso está forte, e não quebrou nenhum osso. É jovem, e vai ficar bom logo, logo. — E se ele estiver fugindo da polícia? — Já estaríamos sabendo. Depois de algum tempo, Rod acordou novamente. A cabeça girava, e estava tonto. Abriu um pouco os olhos, e percebeu na penumbra um garoto que apontava uma tesoura em direção de sua garganta. Agindo por instinto, e com alguma força que lhe restara, derrubou o garoto na cama, e arrancou-lhe a tesoura das mãos. Estava sobre o garoto, e sentia-se ofegante e com dolorosas pontadas. O garoto tentou gritar. Rod tapou-lhe a boca com a mão, mas o moleque mordeu seu dedo com força. — Seu selvagenzinho! Faça isso de novo, e eu machuco você. Entendeu? — Rod ameaçou. 17 O assustado garoto concordou com um gesto de cabeça, e Rod avisou-o: — Se você não gritar, eu tiro a minha mão. Posso confiar em você? O garoto concordou novamente, e Rod destapou-lhe a boca. Os olhos do menino eram grandes e verdes. Bonitos demais para pertencerem a um diabinho daqueles. Mesmo os olhos azuis opacos de Carla Jones não eram tão bonitos como aqueles. — Olhe aqui, garoto, você é travesso demais para sua idade. O que você ia fazer com aquela tesoura? Pensou que eu estava fraco demais para reagir? — Rod sorria, com raiva. Assustado, o garoto conseguiu gaguejar algumas palavras: — E-eu não ia machucar o senhor. — É claro que não. Na ponta dos pés, e com uma tesoura na mão. — E-eu estava com medo de acordá-lo. Eu ia cortar as roupas molhadas, e cobri-lo com cobertores secos. Meu pai achou você na estrada, e trouxe-o para casa. Eu juro que não queria machucá-lo. E está errado sobre mais uma coisa. — O que é?

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Eu não sou um garoto, e você é pesado como chumbo. Se não vai me bater, que tal sair de cima de mim? — Você não é um garoto? — Rod perguntou, surpreso. O garoto, isto é, a garota negou com um gesto de cabeça, e tentou sorrir. Rod engoliu em seco, só então percebendo como era bonita. Jogando a tesoura na mesa, percebeu que sua outra mão pressionava justamente o seio dela. Tirou rapidamente a mão daquele seio grande e macio. Um segundo atrás ela era um moleque tentando matá-lo, e agora era uma mulher que ele prendia com seu peso. Sentiu um suave cheiro de lavanda, e percebeu que aquele contato o excitara. — Quantos anos você tem, garota? — Dezessete — ela sussurrou. — Não parece ter mais que doze, a não ser pelo... — Rod correu os olhos pelo corpo jovem, e ela ficou pálida. Como é que não reparara no corpo bem desenvolvido e nos seios redondos e macios que estavam sob seu corpo? "Foi o pânico e o medo de ser morto," concluiu. As dores voltaram com força, e ele quase desmaiou, enquanto a garota tentava libertar o corpo frágil e delicado da pressão que sofria, mas aquele movimento excitava-o mais, fazendo com que os músculos ficassem rígidos e tensos. Ela não fazia seu gênero, pois ele gostava de mulheres do tipo sexy, insinuantes e bem vestidas, e não de garotinhas. Mas, de um jeito especial, ela o atraía. — Por que você usa cabelos curtos, e se veste como um menino? Uma garota deve agir de modo diferente de um rapaz — falou, com cinismo, ao mesmo tempo que sentia a dor crescer. — Acho que está passando mal. Que tal sair de cima de mim? — Ela estava corada de vergonha, e mais linda ainda. Rod soltou um gemido de dor, e caiu ao lado dela, quase desmaiado. — Fique quieto — ela murmurou. — Eu vou ajudá-lo. Ela estava quase alcançando a tesoura, quando ele agarrou-a pelo pulso. — Você vai tirar minhas roupas? — Ele queria provocá-la. — Vamos, continue seu trabalho. Desabotoou um botão da camisa, e ela ficou imóvel. — Qual o problema, menina? Tire a minha roupa— ordenou, com aspereza. — Você é um ingrato — ela finalmente disse, vermelha de raiva. — Se não fosse por meu pai, você estaria morto. Só quisemos ajudá-lo. E esta muito enganado se pensa que me agrada a ideia de despir um homem tão desprezível e sujo como você. Rod ficou tão furioso com aquelas palavras que, agarrando-a, puxou-a pelo braço com força. — Você está querendo dizer que é melhor do que eu? Ela tremia e seus olhos estavam arregalados. Ele continuou: — Posso ler em seus olhos. Então, acha que sou um lixo? — E-eu não quis dizer isto. E-eu... — Olhe aqui, eu não sou um lixo, nem um criminoso. Prefiro morrer a ser ajudado por pessoas como você, que pensam isso de mim. Mas a dor tornou-se insuportável, e ele não pôde continuar. Antes de desmaiar, porém, percebeu-lhe a mão delicada segurando a sua com muito carinho. Puxou-a então pela mão até alcançar o corpo delicado, que abraçou como se fosse sua única salvação, pedindo com dificuldade que não o deixasse morrer sozinho. A garota ficou ao lado dele a noite toda, embalando-o durante os delírios, refrescando-lhe o corpo febril, e deitando-se ao lado dele, quando ele conseguia dormir um pouco. 18

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Quando Rod voltou novamente a si, raios de sol entravam pelas frestas da janela. Sentia-se fraco, estava sem as roupas úmidas, e os cobertores pinicantes o sufocavam, Ia afastar as cobertas, quando sentiu alguma coisa gelada encostada em seus lábios rachados. Soltou um grito de dor e, ao abrir os olhos, viu a garota dos cabelos curtos e olhos cor de esmeralda. Ela estava sentada na cama, e tinha um sorriso inocente nos lábios. Vestia uma calça jeans e uma camiseta verde justa, que apertava e marcava bem os seios. Era linda e frágil. — Você não tem medo de ficar sozinha comigo? — Ele gracejou. — Não — ela falou com voz calma, e o coração de Rod bateu mais forte. — Você nem imagina o que eu poderia fazer com você. Ela engoliu em seco, antes de responder. — Você está todo arrebentado, e se tentar alguma coisa eu dou um soco nas suas feridas. Sei exatamente onde estão. — Vejo que esteve ocupada me examinando. Ela virou o rosto, fingindo não perceber a insinuação. — Onde estão minhas roupas? — Rod perguntou, querendo implicar, e fazê-la ficar vermelha. — Estão na lata de lixo — ela respondeu, embaraçada. — Estavam todas rasgadas. — Quem me despiu? — perguntou, em tom cínico. Ela tornou a empalidecer. — Que diferença isto faz? — disse, gaguejando e enrubescendo. — Faz muita. — Fui eu — ela murmurou. — Eu as cortei, enquanto dormia. — Tudo? Até minhas calças? — Eu o cobri com um cobertor, e não vi nada, se é isto o que perturba você — falou, com voz chorosa. A timidez dela era irresistível. — Oh, não é isso. — Ele sorriu. — Eu apenas tentava imaginar você me despindo. Se sabe onde estão minhas feridas, é claro que deu uma espiada. Os olhos dela soltavam faíscas verdes de raiva. Mesmo furiosa, continuava sendo de uma beleza comovente. — Você é muito nojento. Será que nunca tentou ser gentil em sua vida? Talvez evitasse a surra que levou. Eu cortei os lados da calça, e só não chamei Jake porque ele estava dormindo. Você estava gelado, e eu quis ajudá-lo, não fiz nada de propósito. — Os olhos verdes imploravam que acreditasse. Rod sentiu uma grande ternura pela garota e mais alguma coisa nova e especial, que nunca sentira antes por nenhuma mulher. Queria protegê-la contra tudo, até contra ele próprio. — Você está bem melhor — ela disse, tentando mudar de assunto. — Para onde vai agora? Tem família ou algum lugar para ir? — Não, eu não tenho ninguém e nenhum lugar — Rod disse, com voz triste e pensativa. — Que horrível — ela murmurou, com uma sinceridade que o deixou emocionado. — Pelo menos simpatizou um pouco comigo, mesmo que eu não seja o seu príncipe encantado. Agora ela sorria. Sem pensar, tomou a mão dele nas suas. — E quem precisa de um príncipe? Uma garota magrela como eu não saberia se portar diante de um — disse, sorrindo. — Você não é tão magra assim. — Rod não conseguia desviar os olhos do volume dos seios contra a camiseta fina.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Corando violentamente, ela tentou soltar-se da mão que a prendia, mas ele a segurou firme, o que lhe deu uma estranha sensação de prazer. Aqueles olhos verdes irradiavam bondade, simpatia e amizade, coisas que nunca sentira em nenhuma outra mulher. Também, nunca se importava com aquele detalhe, a única coisa que sempre quisera das mulheres fora sexo. Com Kate, porém, tudo tinha sido diferente desde o primeiro instante. A meiguice dela era tão suave que conseguiu aliviar suas dores e diminuir sua amargura. Necessitava daquela doçura e gentileza desesperadamente. — Beije-me — implorou, com voz sôfrega. Ela hesitou e beijou-o, mas não era exatamente um beijo na testa que esperava, quando fechou os olhos. O telefone tocou, transportando Rod de volta ao presente. Enquanto a secretária atendia na recepção, ele levou o café aos lábios, mas a bebida estava fria e amarga. Definitivamente, queria Kate de qualquer maneira, ela era parte dele. Sempre a desejara, mesmo quando ela o desprezara. Agora ela queria usá-lo, mas para isso teria de pagar um preço. O telefone tocou novamente, e dessa vez ele atendeu. — Chefe, o helicóptero achou o Estrela Brilhante no recife Púrpura, aquela ilhota onde Jake Andrews resgatou o La Reina Hermosa há onze anos — informou-lhe seu braço direito. 20 — Sei onde fica. Obrigado, Bill. Rod nunca gostara daquele local distante e infestado de tubarões, o que não fazia muita diferença para Kate. Mas o que ela estava fazendo sozinha naquela ilha? Havia algo misterioso naquilo tudo. Temendo que algo pudesse acontecer a Kate, Rod sentiu uma mistura de tensão e desejo invadir-lhe o corpo.

Capítulo 4

Rod ligou o motor do Esmeralda, que roncou ruidosamente, lançando rolos de fumaça preta no ar. Estava quase zarpando, quando Susan Peerson apareceu no cais. A roupa branca e justa dava um charme especial ao corpo bronzeado e esbelto. — Olá, Rod! Você não me ligou mais, seu diabinho. Ele odiava ser perseguido, mesmo por mulheres bonitas. E justo naquele dia, Kate conseguira estragar-lhe o humor, desafiando sua autoridade, e fazendo-o de tolo. — Estive fora da cidade — respondeu, lacônico. Ela sorriu maliciosamente. — Senti sua falta. — É difícil acreditar — ele ironizou. — Pelo que eu sei, você tem muitos admiradores. — Mas você é diferente. Ele percebeu o olhar insinuante de Susan, mas não disse nada. — Tem lugar para mais um? Rod, faz muito tempo que você não me leva para passear no Esmeralda.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Ele hesitou por um instante. "Até que não é má ideia," pensou. Pelo menos Susan queria estar ao lado dele. — Tudo bem — disse, e estendeu a mão para ajudá-la a subir a bordo. — Quero que você me leve para um lugar remoto e isolado — ela disse, dengosamente. — Sim, senhora! Rod viu que ela não percebera o tom irônico da resposta dele. Se Susan soubesse que ele estava indo atrás de Kate, ficaria furiosa. Manobrando o barco, tomou a direção do recife Púrpura, cruzando em alta velocidade o azul cristalino das águas. Susan desceu à cabine, para que o vento não lhe desalinhasse os cabelos. Em menos de meia hora, avistavam-se as praias brancas da pequena ilha de coral, e Rod diminuiu a velocidade para evitar os escolhos traiçoeiros que emergiam e submergiam à superfície do mar. — Susan, vá para a proa, e fique de olho nos corais — ele ordenou. — Não quero atropelar nenhum e arrebentar com o casco do barco. — Sí, sí, capitán. — Ela se divertia, falando espanhol com sotaque cubano. Ao sair da cabine vestia apenas um minúsculo biquíni preto que mal cobria as partes íntimas do belo e esguio corpo dourado. — O que é isto, fio dental? — Rod brincou. — Da última vez, eu não estava tentando desviar o meu barco de bancos de corais. Se você não quiser virar janta de tubarão, é melhor voltar para a cabine. Vou acabar me distraindo, se você ficar desse jeito na minha frente — ele concluiu, irritado. Era estranho, mas ao invés de excitá-lo, aquele corpo sexy o incomodava. Definitivamente, fora um erro trazê-la com ele. — Calma, calma, já estou descendo. — Susan se desapontou, ao perceber que ele estava mais interessado no barco do que nela. O Esmeralda seguia lentamente. O mar estava tranquilo, e apenas uma leve brisa agitava o verde-azulado das águas. A superfície cristalina parecia um espelho, e Rod podia ver a areia branca a uns dez metros de profundidade. Ao redor dele, os corais que despontavam na superfície brilhavam ao sol. Ao se aproximar da ilha, Rod avistou o Estrela Brilhante ancorado na praia, balançando serenamente com o movimento das ondas. Mas que diabos era aquilo na popa do barco? "É claro," pensou Rod, "enquanto eu estava fora da cidade, Kate reinstalou o escavador no barco dela. O escavador marinho serve para perfurar o solo oceânico com rapidez, através de fortes jatos d'água. Mas para que ela precisa desta máquina, se está pescando camarões?" Kate devia estar à procura de outra coisa. Aquilo fora apenas um pretexto para conseguir o empréstimo, e ele desconfiou que podia adivinhar o que ela pretendia fazer com o dinheiro. Mais uma vez, ela o enganara. Ele aproximou o barco do Estrela Brilhante. O convés do barco de Kate estava abarrotado de tanques de oxigênio, mas nenhum sinal dela. Ou estava na cabine, ou sozinha no fundo do mar. Rod largou a âncora na água, e apenas depois de se certificar de que o Esmeralda estava fundeado firmemente, desligou o motor. De repente, entrou em pânico. Dezenas de tubarões circundavam o barco de Kate. Pareciam agressivos e esfomeados. — Kate! — ele gritou, assustado. "Será que ela está mergulhando sozinha?", pensou, aflito. Rod ficou pálido de medo, só de pensar que Kate estaria correndo perigo, sozinha no fundo do mar. Gritou novamente: 21

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Kate! Enfim, ela pôs a cabeça pela porta da cabine. Ao deparar com a expressão zangada de Rod, os olhos verdes brilharam assustados. Então, com o rosto contorcendose de raiva, evitou encará-lo, enquanto o saudava com uma calma fingida: — Oi, Rod! Já que está passeando, por que não recolhe a âncora, e segue em frente? Este é meu ancoradouro. — Não estou a passeio — ele falou, por entre os dentes. — E muito obrigado pela recepção calorosa. O alívio de vê-la sã e salva deixou-o mais furioso ainda, e, ao mesmo tempo, excitado como um adolescente faminto de sexo. Pareceu-lhe que ficara uma eternidade distante dela, ao invés de apenas duas semanas. O maiô bege estava úmido e brilhante. A cor combinava tão bem com a pele bronzeada que, a princípio, Rod pensara que ela estava nua. Kate estava linda, parecia uma deusa pagã, uma Venus de cabelos negros recém saída das profundezas do mar. Sem dúvida alguma ela estivera mergulhando, cercada de tubarões. Ao pensar nisso, ficou possesso de tanta raiva. Fora ele quem a ensinara a não ter medo de tubarões. Os mergulhadores profissionais acostumavam-se muitas vezes a trabalhar na presença daqueles animais, e Kate era uma profissional desde pequena. Mas o pai certamente exagerara ao filmar várias cenas em que ele e sua audaciosa filha faziam peripécias absurdas, como nadar até os temíveis animais, e dar uma martelada no nariz de um deles. Rod inspecionava, furioso, cada centímetro daquele corpo dourado, fixando-se nos seios grandes e firmes, na cintura fina e na delicada curva dos quadris. Então, o olhar insolente deslizou pelas pernas esguias e bem torneadas. — O que é que você está fazendo aqui sozinha? Não sabe que é perigoso? — ele falou, exasperado. — Eu queria ficar sozinha, Rod — ela disse, calmamente. — Às vezes eu venho aqui para pensar em Jake. A tristeza na voz dela desarmou-o. Aquele lugar era muito especial para Kate, e ele se comoveu, mas lutou contra a ternura que começava a sentir por ela. — Você esteve mergulhando? — Cobrou, asperamente. — Só um pouco. — Com todos aqueles tubarões? — Não havia tantos, quando desci, e você bem sabe que eu não tenho medo de tubarões como você, seu maricas. — Ela sorriu. — Sempre mergulhei com eles, e desde que ninguém os provoque, eles não incomodam em nada. — É o que sempre diz. — É a verdade. — Bem, você alguma vez na vida já viu tantos juntos? Acha que é prudente mergulhar assim? — Eu não estava preocupada em ser prudente. — É óbvio. Susan escolheu aquele momento para reaparecer seminua, e com uma lata de cerveja em cada mão. Ao vê-la, a raiva no rosto de Kate aumentou. — A propósito, o que você está fazendo aqui, Rod? — ela perguntou. — Eu vim atrás de você — ele disse, pegando uma cerveja da mão de Susan. — Por quê? — Ela surpreendeu-se, olhando para Susan. — Certamente não está procurando companhia feminina, e se por acaso estiver, sinto dizer-lhe que não estou disponível para sua coleção. O rosto de Rod contraiu-se de raiva.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Você assinou um contrato, concordando que o barco não sairia sem minha permissão. — O contrato foi injusto. — No entanto, sua assinatura está lá. Você não pode desobedecê-lo. — Juan ficou doente, e você não estava por perto, senão teria lhe pedido permissão — ela argumentou. — Ou você obedece ao contrato, ou me devolve o dinheiro com juros. — O que quer que eu faça agora? — Quero que volte imediatamente para Key West. — Ou? — Kate perguntou, em desafio. — Ou você devolve meu dinheiro. E mais a garantia. Kate estremeceu de medo, enquanto ele observava cada detalhe do corpo dela. A ameaça de Rod surtira o efeito desejado. Ela lançou-lhe um olhar furioso. — Você ganhou, Rod. Parece que não tenho escolha. Rod não conseguia parar de olhá-la, a beleza de Kate o hipnotizava. A cada movimento a cabeleira negra ondulava como se fosse feita de fios de seda. Andando com graça, os quadris e as pernas longas movendo-se com ritmo, Kate foi até a proa, e curvou-se sobre o gradil para recolher a âncora. A pose era tentadora, e Rod fez força para se controlar. Depois de puxar uns dois metros de cabo, Kate percebeu que a âncora ficara enroscada em alguma coisa. — Minha âncora ficou presa. Vou ter que descer, e dar uma olhada — ela gritou. — Não! Corte a corda! — Rod ordenou, impaciente. Kate já estava colocando o cinto de peso e os pés-de-pato. — Kate! — ele gritou, exasperado. Ignorando-o, ela colocou a máscara, o tanque, e pegou o arpão. Enquanto Rod observava, aterrorizado, ela acenou-lhe, matreira, e mergulhou. Todos os tubarões seguiram-na para baixo. — Ela é doida — Susan disse, horrorizada. — E é mesmo — Rod murmurou, furioso, e foi buscar seu equipamento de mergulho. Tirando a camisa, ele pôs o tanque e a máscara também. Então olhou para as águas. Mesmo observando as bolhas de Kate subirem normalmente, ele sentiu um frio na barriga ao mergulhar. Com a mão esquerda, Kate afastava os tubarões que se aproximavam demais, e com a direita quebrava o coral onde a âncora se prendera. Avistando Rod, fez-lhe sinal para que ele a deixasse em paz, e voltasse ao barco. Sem fazer conta dela, Rod nadou rapidamente naquela direção. Bem na hora em que Kate conseguira soltar a âncora, agarrou-a, tentando levá-la de volta à superfície, enquanto ela esperneava e chutava. Uns vinte tubarões começaram a segui-los. Por um triz ele não perdeu a perna para dois deles. Kate alcançou a escada da popa e subiu, seguida por Rod, acossado pelos tubarões que o perseguiam. Quando chegou à borda do barco, estava tão exausto que mal pôde se defender de um enorme tubarão pronto para dar o bote. Kate soltou um berro e, enterrando o arpão na cabeça do animal, puxou Rod para dentro do barco. Já a bordo, Rod tirou o equipamento, e respirou fundo várias vezes, tentando relaxar. Estava furioso, e seus olhos faiscavam de raiva. — Sua idiota. Por que mergulhou? Quase mata a nós dois! — ele exclamou, irritado.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Eu queria recuperar minha âncora e, se você se arriscou, a culpa é sua. Ninguém o convidou a descer. Se não tivesse sido tão estúpido ao me proibir de ficar aqui, eu certamente não teria ido. Eu só queria mostrar a você que... — É a desculpa mais idiota que já ouvi na vida! — Ele a interrompeu. — Será que depois desta você ainda acredita que os tubarões são inofensivos até que alguém os provoque? — Até que, para um covarde, você foi bem corajoso. Muito obrigada, Rod. — Kate! — Ele reagiu, indignado, avançando para ela. Kate recuou. Embora sempre fosse ousada, não iria irritá-lo inutilmente. — Calma, Rod! Você ganhou desta vez, e talvez eu mude minha opinião sobre tubarões. Apenas espero que esta má experiência não me torne "cautelosa" como você. Aquilo foi a gota d'água. Pegando-a pelo cotovelo, Rod puxou-a para si, até que os rostos de ambos quase se tocassem, e eles se fitassem dentro dos olhos. — Esta foi a sua última gracinha, Kate Andrews — ele falou, entre dentes, — Já está na hora de você saber quem manda por aqui. Magnetizada pelo brilho duro daqueles olhos azuis, Kate agitou-se, tentando se libertar. — Tire as mãos de mim, seu. . . — Você quebrou o contrato! — Ele sibilou, quase fora de si. — Quero meu dinheiro e a garantia! — Você nunca vai me dominar! — É o que você pensa! Rod pressionou com mais força o braço de Kate que, sentindo a dor, tentou se esquivar, chutando-o e arranhando-o. Mas aqueles dedos pareciam tentáculos de aço a machucar-lhe a pele. — Você vai me pagar tudo o que deve e mais, gatinha de unhas afiadas. — Ele gracejou, com crueldade. — E vai começar agora. — Afaste-se de mim! — ela gritou. No outro barco, Susan assistia à cena, perplexa e impotente. Rod continuou: — Você pensou que podia me enganar, não é? Pegar o meu dinheiro, e me fazer de idiota. É hora de aprender que ninguém faz Rod Reynolds de bobo. Nem mesmo você. Kate Andrews! Com uma das mãos segurando-lhe firmemente a nuca, Rod tentou forçá-la a um beijo. Kate ainda lutou e se debateu, mas ele era forte demais, e ela se rendeu. O beijo que se consumou nos lábios macios e trêmulos foi selvagem e possessivo. Aquela boca salgada era quente e rude, e Kate quase desfaleceu ao sentir os dentes de Rod mordendo-lhe a língua. Depois de tê-la sob controle, Rod beijou-a várias vezes, acariciando-a ardentemente. E pela maneira como as mãos rudes vasculharam o corpo frágil, era como se ela lhe pertencesse. Por fim, libertou-a, para que tomasse fôlego. Kate tremia inteira, engolindo em seco. — E você disse que queria ser apenas meu amigo — ela conseguiu sussurrar. — Eu menti, assim como você mentiu para mim — ele disse, suavemente. — Sim, Kate, agora quero muito mais que uma simples amizade! Rod já se preparava para beijá-la novamente, sem encontrar resistência, quando Susan tocou insistentemente a buzina ruidosa do Esmeralda. — Droga! — Rod resmungou, furioso. — Acho que sua namorada está com ciúme. Parece que há mulheres demais ao seu redor, dom juan. — Kate sorriu, triunfante. — Se ela quer você, eu deixo o caminho livre. 24

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major A buzina continuava a tocar ruidosamente. — Parece que ela realmente o quer. — Ela sorriu, maliciosamente. — Pessoalmente acho que ela tem mau gosto quanto a homens. Rod tremia de raiva, e os olhos azuis vagaram insolentes mais uma vez pelo corpo de Kate, fixando-se nos seios, cujos mamilos se desenhavam sob o tecido do biquíni. — Mas o mesmo não se dá comigo, quando se trata de mulheres — ele respondeu, lançando-lhe um olhar ameaçador, antes de ligar o barco de Kate para encostá-la ao dele.- Kate Andrews, nosso caso está apenas começando.

Capítulo 5

Depois de atracar o Estrela Brilhante, Kate correu para casa. Com movimentos rápidos e agitados, tirou algumas roupas do armário, e jogou-as na mala aberta em cima da cama. Precisava sumir por alguns dias. Rod não devia voltar tão cedo. Desde o começo Kate tivera a intenção de desobedecer às absurdas exigências do contrato que assinara, porém devia saber que Rod não se deixaria enganar. Mais uma vez, arrependia-se por tê-lo procurado. Agora ele era um homem rico, mas no fundo permanecia o mesmo jovem amargurado, querendo se vingar da vida maltratando as pessoas que lhe caíssem nas garras. De repente, fortes batidas na porta interromperam-lhe os pensamentos. Quem seria àquela hora da noite, e o que estaria querendo? Provocar um terremoto em sua casa? Esperaria até que o intruso se cansasse e fosse embora, ou pelo menos machucasse a mão de tanto esmurrar a madeira, e desistisse. Mas as batidas se intensificaram, e já não era mais possível ignorar o barulho. Não demoraria para que a sra. Benson, sua vizinha, aparecesse por lá para bisbilhotar. Com o coração na mão, espreitou pelo visor de segurança. Prendeu a respiração ao enxergar os cabelos loiros, o esplendor masculino do rosto bronzeado e os ombros largos sob uma camisa branca imaculada. Rod parecia tão furioso que ela se sentiu mal. Entreabriu a porta, porém a manteve presa por uma corrente. — Parece que estava me esperando — ele disse, sarcástico. — É melhor me deixar entrar. Os modos ameaçadores de Rod a convenceram imediatamente. Com mãos trêmulas, soltou a corrente, e ele entrou como se fosse o próprio dono do apartamento. — Entre, por favor! — ela exclamou, irônica. Rod deu um sorriso "amarelo" ao passar por ela. — Fique calma, não estou armado. — Esteja à vontade — ela replicou, com frieza. — É o que pretendo, principalmente sendo minha anfitriã uma companhia tão simpática e excitante! — Rod falou em tom malicioso, e examinou-a com um olhar insinuante.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Kate ficou sem fôlego ao pressentir o perigo que corria sozinha com aquele homem. Uma onda de calor percorreu-lhe o corpo, deixando-a tensa. Teria que fugir em outro momento. Agora, o jeito era ficar, e enfrentá-lo. Embaraçada, Kate o observou, enquanto ele estudava a sala com interesse. — Lugar agradável — ele comentou, secamente. — Não seja falso — ela disse, farta das ironias dele. — Pelo contrário. Não é luxuoso, mas é aconchegante, uma atmosfera que dinheiro algum pode comprar. Kate não confiava no brilho dos olhos azuis. — Você não veio aqui para elogiar o apartamento. O que quer? — Você sabe. — Não, não sei. Rod caminhava pela sala como um caçador explorando um território selvagem. Enquanto ele se dirigia à escrivaninha, Kate se lembrou de que, na noite anterior, deixara ali um mapa em que estivera marcando o local onde o Marta Isabella poderia estar, e nem se preocupara em guardá-lo. Precisava evitar que ele descobrisse tudo. Rapidamente, ela se pôs entre Rod e a escrivaninha, comentando, para disfarçar: — Rod, você ainda não me disse o que veio fazer. — Ele a fitou com interesse, mas um tanto confuso. — Acho que fui bem claro esta tarde. — Na última vez em que nos vimos você disse que me deixaria em paz. — E eu a deixei por duas semanas. Ficaria mais tempo afastado, se não tivesse quebrado o contrato. Você não devia ter mentido, Kate, se queria que eu mantivesse a minha palavra. — Eu não mentirei mais, Rod. Prometo. — Tarde demais para promessas vazias, Kate. — Rod, por favor, não! — Que tal dizer sim, de vez em quando? — Por que você não me esquece, Rod? — ela exclamou, de repente, pegando-o de surpresa. Rod a olhou, perturbado e, de repente, Kate percebeu como ele se esforçava para manter a aparência fria e calma. Então ele afastou-se dela, e deu um soco na parede, tentando descarregar toda a fúria naquele gesto. — Droga, Kate! E você acha que não tentei? — Ele explodiu. — Você foi um fantasma na minha vida durante dez anos. Eu tentei esquecê-la, mas não consegui. Será que você sabe o que é gostar muito de alguém, e ser desprezado? Kate engoliu em seco. Sim, ela sabia. Mais uma vez, ele estava insinuando que ela fora inesquecível, assim como ele tinha sido para ela. Mas Rod a abandonara. — Não pode ser verdade! — ela disse, num lamento. — Mas é! — ele replicou, áspero e nervoso. — Há dez anos penso em você, dia e noite, vejo seus olhos verdes ofuscantes depois de nos amarmos, vejo seu corpo colado ao meu, sinto seus cabelos sedosos entre meus dedos. Você sempre foi a única, Kate. Sabia disso, e foi me procurar por dinheiro. — Não é verdade. Eu achei que me devia alguma coisa pelo que fiz por você no passado. — Sim, está certa. Devo-lhe tudo o que sou, minha vida, minha alma. Você fez de mim o homem que sou. Poderia pedir qualquer coisa, eu lhe daria tudo. Mas tudo o que quis foi o meu dinheiro, e para isso teve que mentir para mim. Eu não posso mais aguentar você me tratando como se eu fosse um pobre coitado. Eu cresci rejeitado, mas agora não permitirei que ninguém me pise, Kate, nem mesmo você!

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Kate ficou rubra de vergonha. Será que ele estava falando sério: Podia confiar nele? Rod fingira querer ajudá-la, mas na verdade queria controlá-la. Naquela manhã mesmo, a havia humilhado na frente da namorada. Provavelmente era ele quem estava brincando com ela. O silêncio na sala ficou insuportável, e ela sentiu vontade de fugir. Olhou para Rod e, de repente, sentiu afogar-se no azul daqueles olhos. Não havia mais raiva neles, apenas carinho e volúpia. Rod aproximou-se, pegou-a pelos ombros, e envolveu-a nos braços. Kate tremeu ao sentir o calor daqueles braços, mas não recuou. Cerrando os dentes, tentou refrear as sensações que lhe invadiam o corpo. — Largue-me! — ela suplicou, suavemente, sentindo o corpo derreter-se naquele abraço. Estava se humilhando, mas não podia resistir. Torcia para que ele não notasse os seios intumescidos contra o tórax rígido, nem os mamilos excitados sob a fina camiseta de algodão. — Não acha que está na hora de descobrirmos o significado dessa atração, ao invés de ficarmos brigando? — ele sussurrou, e beijou-a. — Eu não quero saber! — Você não tem escolha. Kate sentiu o corpo em chamas, e abriu a boca para protestar, mas Rod calou-a com um beijo. A fúria e a desconfiança que sentia desapareceram. Ela o queria, mas sempre lutara contra o desejo. Sentia agora que todos os seus músculos suplicavam por aquele corpo másculo. Com a língua, Rod acariciava a boca feminina, trazendo à tona, com aquele beijo, toda a intensidade e sensualidade do passado. Eram sensações que Kate pensara ter perdido para sempre, e não podia mais negar: estava prestes a se render, e uma velha dor agitava-lhe o coração. No meio daquela magia e excitação, Rod olhou-a com um sorriso. — Pensei que você ia me dar um tapa. Mas, ao contrário, você se derreteu em meus braços. Os olhos verdes arregalaram-se diante daquelas palavras presunçosas. Ela estava se humilhando, e aquele crápula se divertia à custa dela. Furiosa, levantou a mão, agora sim, pronta para esbofeteá-lo com toda a força, mas Rod agarrou-lhe o pulso no ar, antes que ela concretizasse a intenção. — Não gatinha, você não vai me bater. Não esta noite. — Ele ria, enquanto ela tentava atingi-lo. — Você vai fazer amor comigo. Kate tentou livrar-se das mãos de Rod, mas ele apenas sorriu, divertido. — Eu não vou para a cama com você! — ela falou, entre dentes. — Querida — ele murmurou, com a voz rouca, antes de beijá-la com violência. Kate sentiu a cabeça rodar, e não demorou muito para que se agarrasse ao pescoço dele. Os pés traíam-na, e ela sentiu o chão desaparecer. A língua dele invadialhe a boca impetuosamente, enquanto ela acariciava-lhe a nuca. Queria tocá-lo, queria acariciar-lhe o corpo todo. Rod deslizou os lábios como chamas da boca carnuda de Kate até o lóbulo da orelha direita, mordendo-a, e fazendo-a contorcer-se de desejo. Descendo mais, seguiu até o pescoço, que pulsava de excitação. Ele beijou a carne macia, e ela sentiu-lhe a respiração quente, apressada, e a paixão que fazia as mãos dele tremerem. Sentiu-se vitoriosa: pelo menos, ele estava nas mãos dela, tanto quanto ela nas dele.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Os dois desceram as escadas, entrando depois no Mercedes azul estacionado em frente ao prédio. — Eu acho ridículo não fazermos amor no seu apartamento, só por causa da tal sra. Benson — Rod murmurou, e pegou uma mecha dos cabelos negros entre os dedos. Seguiram até a casa dele, passando por bulevares suavemente iluminados. O rádio tocava um rock pesado, que combinava com as emoções primitivas e selvagens do homem e da mulher que se encontravam no carro. Ambos estavam ansiosos e inquietos. Sem conter um impulso, Kate encostou a cabeça no ombro forte. Ela fitou-o com muita ternura através dos cílios espessos e ele, não resistindo, retribuiu-lhe o olhar. O convite nos olhos verdes deixava-o atordoado. A emoção e o desejo transpareciam no rosto de Kate. Os lábios cheios e sensuais estavam insinuantemente entreabertos e levemente inchados, devido aos beijos. Os cabelos negros espalhavam-se como fios de seda em desarranjo pelo estofado de couro, e os olhos cor de esmeralda pareciam vagos, mas um intenso fulgor de paixão e desejo ainda ardia no brilho Verde. — Cuidado, Rod — ela sussurrou. — Você está no lado errado da pista, e há um carro se aproximando. — Droga! Uma buzina soou ruidosamente, e Rod desviou o Mercedes bem na hora. Depois do susto, teve de se concentrar, e resistir àquele rosto bonito. Ele adorava aquele olhar de felicidade no rosto de Kate. Sempre a quisera, e agora que estava prestes a tê-la o desejo tornava-se uma dor selvagem, excitando-o e deixando-o rígido de prazer. Tinha que se controlar, e concentrar-se na direção do carro. Sentiu a leve essência de lavanda no ar, e uma mão frágil que lhe acariciava as coxas. Os dedos queimavam-lhe a pele através da calça. Ela era meiga e suave. Era uma mulher, a sua mulher. Kate insistiu nas carícias de maneira mais ousada. Rod ficou fora de si. Freou o carro, conduzindo-o em direção ao acostamento. O atrito dos pneus no asfalto resultou num guincho agudo e irritante. O carro quase bateu na grade de segurança. Ele a puxou, e apertou os seios volumosos contra o tórax musculoso. Ela tremia. Rod a sentiu tão excitada e ardente quanto ele. Cobriu-a de beijos. Os dedos dele agarravam-na firmemente, trazendo-a para junto de si, como se quisesse fundir os dois corpos num só. Era como se nunca tivesse estado com uma mulher. Não podia esperar nenhum segundo para possuí-la. — Pare de me provocar, sua raposa. Ou não chegaremos à minha casa. — Acho que queria testar meus poderes sobre você. — Ela riu, alegremente. — E agora é minha vez. Quase fora de si, Rod enlaçou-a com braços de ferro, apertando-a contra o peito. Comprimida e presa, Kate não se opôs que ele a beijasse longa e profundamente. Quando Rod tocou-lhe os seios arfantes, ela tentou afastá-lo, gemendo. — Temos que sair daqui. — Finalmente você percebeu — ele sussurrou, numa voz rouca e sensual. Com um gemido sufocado, ele soltou-a, enquanto ajeitava os cabelos dourados. — Kate, se você me tocar novamente, eu juro que não serei capaz de parar. Ofegante, Kate concordou, e se afastou o máximo que pôde, enquanto Rod ficava sentado quieto, segurando o volante durante um minuto. O silêncio era preenchido pela música vibrante e selvagem do rádio. Finalmente, ele pôs o carro na pista novamente. A música continuava agitada, mas o silêncio entre ambos era pesado e carregado de forte tensão sensual. Para Rod, a estrada parecia não ter fim, assim como a noite, assim como o desejo de possuí-la.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major

Capítulo 6

Rod estacionou o carro em frente de uma imponente casa colonial branca, ornada com uma bela varanda. Ao lado do casarão, havia uma exuberante palmeira, que fazia sombra sobre a entrada. Mesmo à luz do luar, era possível vislumbrar o perfil de outras árvores. O vento soprava entre as folhagens, acariciando os ouvidos com o farfalhar constante. Kate saltou do carro, ajudada por Rod, ouvindo o longínquo bramido do Atlântico. Sentia no ar uma leve essência de jasmim, de mel e o sempre presente cheiro salgado do mar. De repente, sentiu-se perturbada, ao ser envolvida pelos braços quentes de Rod. Procurou distrair-se, admirando a bela fachada da casa. — Oh, Rod, este lugar é tão lindo! Ele acariciou-lhe o pescoço com a ponta dos dedos, deixando-a arrepiada. — Você gostou? — Adorei! — Os olhos dela brilhavam. — Você seria capaz de amar o dono desta casa? — ele perguntou, olhando-a pelo canto dos olhos. Kate encarou-o, admirada. Um fluxo quente de ansiedade correu-lhe pelo corpo. Rod permanecia impassível, num primeiro momento. Mas, percebendo a tensão no rosto frágil, procurou ser gentil. — Desculpe, Kate, eu não devia ter dito isso. — Não, não devia — ela gaguejou. No íntimo, sentia-se frustrada e triste por deixálo pensar que o amor entre eles era uma coisa impossível. Aquela noite se tornaria apenas mais uma lembrança a atormentar-lhe o coração? Ela mordeu os lábios, e lutou para esconder a mágoa e a dor. Rod levantou-lhe o queixo com a ponta do dedo, e forçou-a a encará-lo. Ele tinha uma expressão muito estranha no rosto, como se estivesse completamente confuso com as palavras dela. — Você não quer gostar de mim, não é? — perguntou, desconfiado. O que poderia dizer? Com medo de encará-lo, Kate desviou os olhos para a escuridão, e falou com nervosismo: — Gosto de você de um jeito especial, mas não sei o que sente em relação a mim. Talvez me queira apenas por esta noite. Eu também tentei esquecê-lo em vão durante dez anos. — Um soluço de dor apertou-lhe a garganta. Antes que continuasse a falar, Rod abraçou-a com força, e beijou-a com violência. Apertava-a tanto, que ela sentia o corpo ardendo em chamas contra os músculos rígidos. Então, repentinamente, ele a soltou e, pegando-a pela mão, conduziu-a em silêncio até a casa. Ao chegar à entrada, porém, levou-a até uma maravilhosa sacada que tinha vista para o mar, cujas águas faiscavam ao luar. O clarão da lua iluminava o jardim sob a sacada, dando brilho à frondosa palmeira, às pequenas flores roxas do canteiro e às belas trepadeiras que cobriam como uma cascata verde o muro da propriedade. Ao longe, as ondas do mar avançavam, quebrando-se na areia branca.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Durante alguns minutos, ficaram abraçados, admirando a beleza da noite. Então, de repente, Kate estremeceu, e Rod abraçou-a com mais força, esquentando-a e protegendo-a. — Está com frio? — ele perguntou, com suavidade. Kate sentiu o corpo arder. Não respondeu, mas Rod compreendeu. Ele estava sendo tão gentil que a má impressão que causara à Kate ao invadir-lhe a casa desapareceu por completo. — Eu posso imaginar o quanto sofreu com a morte de Jake — ele murmurou-lhe ao ouvido, carinhosamente. — É, não tem sido nada fácil. — Mas você sempre foi orgulhosa demais para demonstrar alguma fraqueza — Rod disse, traçando-lhe o perfil com a ponta do dedo, desde a raiz dos cabelos, passando pela testa, pelo nariz perfeito e pela boca carnuda, até o pescoço macio. — Você não devia ter tanto medo dos seus sentimentos, Kate. Devia parar de fugir de si mesma, parar de fingir que não sabe que é uma mulher bonita e sensível. Durante dez anos, Kate só se preocupara em desprezar o sucesso de Rod, mas naquele instante percebeu nos olhos azuis que ele não tivera tanto sucesso contra a solidão. — Acho que todo mundo é um pouco sozinho — ela admitiu —, mas eu gosto de ser independente. E não quero ninguém mandando em minha vida, muito menos um homem. — Talvez precise de alguém mais do que pensa. Naquele dia em que foi ao meu escritório pedir o dinheiro, pensei ter visto em seus olhos um sinal de solidão. Pareceu-me que tentava esconder as mínimas emoções, fingindo-se furiosa e ofendida. — Você se enganou, mais uma vez. — Ela mentiu. — Só quero que saiba que estou aqui, Kate, como um amigo, sempre que precisar. Não a quero apenas fisicamente. Sei o que é ser solitário. Ele parecia sincero e vulnerável, e Kate ficou sem saber o que dizer. Mas quando os cabelos loiros encostaram-se nos fios negros, e as bocas se uniram num beijo ardente, ela inclinou a cabeça para trás, a fim de receber aquela boca quente. Os corpos agarraram-se um ao outro, e as línguas se entrelaçaram. Ela sabia que estava prestes a consumar o desejo que sentia por aquele homem. Sempre fora o primeiro e o único por quem realmente se interessara. — Você é sensacional, quando finalmente resolve ceder — Rod sussurrou. — Oh, Rod, por que tem que ser você? — ela murmurou, e se agarrou àquele corpo forte como se nunca mais fosse soltá-lo. — Acho que é porque estou aqui. Você quis o meu dinheiro, e eu desejei você. Rod queria devorar a boca macia de Kate. Escorregando a mão para dentro da blusa dela, acariciou a pele suave e lisa de um dos seios, até que o mamilo ficasse intumescido. Depois voltou a beijá-la no pescoço, e mordiscou-lhe a ponta da orelha, enquanto os corpos se movimentavam, tentando se encaixar. — Não pare — Kate suplicou entre gemidos. — Não estou parando — Rod murmurou, com a voz sôfrega, beijando-lhe os cabelos. Quando estavam bastante excitados, ele puxou-a pelo braço através do terraço, e a conduziu pelo gramado sob as palmeiras até o bangalô que servia de vestiário no fundo do jardim. Dentro, estava abafado, e o lugar cheirava como se tivesse sido fechado há muito tempo. Rod abriu as janelas; o rumor das ondas do mar e o perfume das flores invadiram o ambiente com um frescor especial.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Kate sentiu a cabeça rodar, quando ele enlaçou-a pela cintura com firmeza, e a beijou. As emoções explodiam nos corpos ardentes. Todas as barreiras que os separavam se desmoronavam naquele momento. Rapidamente, Rod desabotoou-lhe a blusa, que deslizou pelos braços delgados até cair no chão. Kate parecia uma deusa, em sua nudez. A pele, macia como a pétala de uma rosa, resplandecia na semi obscuridade. Enquanto Rod a livrava da calça jeans e da calcinha, as últimas peças de roupa, beijava-a com ardor, desde o umbigo até o emaranhado de pelos negros. Kate tentou se esquivar, estremecendo ao sentir a invasão daquela língua quente e macia, mas Rod segurou-a com delicadeza, fazendo-a gemer, enlouquecida com o delírio das contrações de seu corpo. Logo, ela não mais queria que ele interrompesse aquela carícia tão íntima e alucinante. Quando ele parou, Kate ficou frustrada. Nunca deixara um homem beijá-la assim antes, e nunca pensara que reagiria de forma tão espontânea e delirante. Ela estava tão excitada como da primeira vez que fizeram amor. Sentia-se num sonho, como se estivesse em transe. — Deixe-me despi-lo — disse, sensualmente. Kate desfez o nó da gravata, desabotoando a camisa lentamente, botão por botão. Ao mesmo tempo, tocava-lhe o corpo numa carícia excitante. Agora ele estava completamente excitado. Admirou-o, e suspirou. — Eu tinha esquecido de como você era bonito! — Bonito? O que quer dizer exatamente com isto? — Ele sorriu, provocante. — Acho que não é nada mau — ela observou, com sensualidade. Rod a levantou, carregando-a até a cama. Num segundo estava em cima dela, ávido por possuí-la. Penetrou-a devagar, e as bocas se uniram num beijo violento e sôfrego. Eles se amaram com movimentos ritmados, numa dança louca e selvagem. Kate quase chorava de prazer, gemendo alto, e deixando-o mais excitado ainda. Os dois emitiram juntos o grito do êxtase. Depois, os corpos fatigados e saciados continuaram entrelaçados em repouso, os pensamentos voando longe. Kate nunca fizera amor com um homem apenas pelo mero prazer sexual, e estava receosa. Apesar das palavras doces de Rod, duvidava que para ele aquela noite fosse mais do que uma aventura. Tão logo se cansasse dela, certamente procuraria a cama de outra mulher. Por que logo ele tinha de ser o único homem de sua vida? Não estava arrependida do que fizera. Pelo contrário, fora uma noite maravilhosa, inesquecível. O remorso viria depois, quando ele a abandonasse novamente. — Você é mais sensacional do que me lembrava — Rod murmurou de repente, com a voz cansada e preguiçosa, interrompendo-lhe os pensamentos. — Para uma garota medrosa de ser mulher, você é sensacional na cama. Kate sorriu, como se esperasse ouvir aquilo. — Devo considerar isto como um elogio? Rod abriu os olhos, e a fitou. — Eu não falaria assim, se soubesse que você se importaria. Para uma garota que se fez de durona, é engraçado verificar o quanto você é romântica, quando faz sexo. Gosto desse antagonismo em você. — Com a mão acariciou-lhe a coxa, e murmurou: — Eu quero você novamente. Kate enrubesceu ao perceber que ela também o queria. Rod a beijou. — Só que desta vez eu quero fazer tudo — ele disse, e mordiscou-lhe a nuca.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Rod fez como prometeu, e foi tão selvagem quanto da primeira vez. Kate surpreendeu-se de como ele conhecia-lhe o corpo e os desejos tão bem. No auge das sensações; seu prazer foi tão grande, tão imenso, que ela chegou a sentir medo. Sempre pensara que era forte e independente demais para que um homem pudesse controlá-la. No entanto, Rod a dominou com tanta masculinidade que ela se sentiu diferente. Ele estava conseguindo mudá-la mais rapidamente do que ela pensara. Depois, quando os corpos exaustos se separaram, eles ficaram calados, mergulhados nos próprios pensamentos. Kate estudava-o na penumbra, quando Rod voltou-se, e a encarou. — Me diga uma coisa, Kate: está arrependida por esta noite? — Não. — Gostaria que as coisas voltassem a ser como eram antes? — Gosto do jeito que estão. Mergulharam em silêncio novamente, mas Kate sabia que Rod queria lhe dizer algo, só não sabia como. Então, acariciou-lhe os cabelos, e começou: — Kate, precisamos conversar sobre um assunto muito importante. Talvez eu devesse esperar mais, mas prefiro jogar aberto com você. Não podemos mais esconder segredos um do outro, não depois do que aconteceu esta noite. — Que segredos, Rod? — Gostaria de saber as verdadeiras razões que levaram você a pedir o empréstimo. Espero que não se importe em me dizer por que reinstalou o escavador marinho no Estrela Brilhante. Kate ficou gélida. Não esperava que Rod tocasse naquele assunto. De repente, aquele clima romântico e tão especial evaporou-se, num passe de mágica. Ele mal acabara de fazer amor com ela, e já estava falando de negócios. Os dedos rudes que a acariciavam queimavam-lhe a pele, e em vez de ficar excitada, irritou-se com ele. A atmosfera tornou-se pesada. Estavam de volta à dura realidade. — Você pretendia ir atrás do Marta Isabella, não é verdade? — Rod perguntou, com voz suave, indo direto à questão. Kate ficou tensa, sem saber o que responder. Sentia o coração bater acelerado, encurralado no peito como um peixe agarrado numa armadilha. Oh, não! E se tudo aquilo não passasse mesmo de uma armadilha?

Capítulo 7

— Você está pensando em ir atrás do Marta Isabella, não é, Kate? — Rod insistiu. — Claro que não, Rod — ela retrucou, sentindo-se culpada. Rod estudou o rosto delicado de Kate por um bom tempo, tentando decifrar o enigma escondido por trás daqueles olhos verdes. Um sorriso cínico moldou-lhe a boca, como se estivesse tomando uma decisão. — Certo, tudo bem — murmurou entre dentes, olhando para o lado. — Já que não está planejando nada, certamente não se importará em saber que eu mesmo decidi organizar uma expedição de busca do "Galeão Espanhol".

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Kate estremeceu, como se tivesse levado um choque. Ela tentou saltar da cama, mas Rod impediu-a sem muito esforço, rindo da tentativa inútil. Embora ela se debatesse, furiosa, ele a puxou para si. — Por que ficou tão brava, se estava me falando a verdade, Kate querida? — ele sussurrou, com a boca a apenas alguns centímetros dos lábios dela. — O Marta Isabella sempre foi o grande sonho de Jake! — Kate exclamou, exasperada. Rod lhe apertava os braços, forçando-a a encará-lo. — Jake está morto. — Você não tem direito a nada, Rod. — Está redondamente enganada. Não há nada que me impeça. Se eu não organizar uma busca agora, outra pessoa o fará. É apenas uma questão de tempo. — Seu, seu... — As palavras morreram na garganta de Kate, que sentiu os olhos marejados de lágrimas. Aproveitando-se, pois Rod afrouxara o aperto nos braços, ela tentou levantar-se novamente, mas ele tornou a puxá-la pelo pulso da mão direita. Seus corpos nus ficaram colados um ao outro, as coxas dele confortavelmente alojadas entre as dela. O contato íntimo, ao mesmo tempo que excitava Kate, a enfurecia. E pensar que minutos atrás ela própria havia se entregado com prazer àquele corpo forte e masculino! Kate forçou o pulso para se libertar. Todo o ódio que sempre sentira por ele estava voltando em ondas magnéticas ao seu coração. Quanto mais repulsa sentia, mais desprezo tinha por si própria, por ter sido tão fraca naquela noite e sucumbido à tentação, e depois à humilhação. O que poderia esperar de Rod? Conhecia-o muito bem. Lembrouse da noite em que fora trazido por Jake, todo sujo e sem um centavo. Ele tivera uma vida difícil, que o transformara num homem duro. — Se você não se incomoda, preciso me levantar, trocar de roupa, e chamar um táxi para voltar para a minha casa. — Mas eu me incomodo muito — Rod disse, num tom divertido. — Posso ler em seus olhos que não confia em mim, e pensa que estou sendo rude e injusto. Você está arrependida por ter feito amor comigo? Indignada pela facilidade com que ele lia seus pensamentos, Kate debateu-se, mas os dedos de Rod pressionavam-lhe a pele como garras de ferro. — Eu estaria fora de mim se ficasse orgulhosa do que fiz esta noite. — Pelo menos uma vez na vida, que tal ser honesta comigo, Kate? Você queria meu dinheiro para organizar sua própria expedição, e procurar o Marta Isabella, não é? Kate parou de repente. No interior do bangalô só se ouvia sua respiração ofegante, e ao longe, o fragor das ondas. — Tudo bem, tudo bem. — Ela fungou, engolindo em seco. — Eu mesma queria ir atrás dos destroços. Por isso, precisava do seu dinheiro. Mas é um direito que eu tenho. Por Jake! — E você me procurou porque já sabia exatamente o paradeiro do galeão, não? Foi descoberto naquela última viagem de Jake, certo? — Como é que... — Ouvi alguns rumores, Kate. No mês passado, Juan se embebedou certa noite, e falou muitas coisas a um de meus homens. Algum tempo depois, você me procura para um empréstimo urgente. Eu sei que você odeia pescar, então deduzi que os rumores eram verdadeiros, mas tive certeza somente quando vi que você reinstalara o escavador marinho no Estrela Brilhante. Não gastaria tanto dinheiro no aparelho, se não soubesse exatamente o paradeiro dos destroços. E hoje à noite eu vi em sua casa, mais precisamente no mapa em cima da escrivaninha, um local assinalado perto de Florida Keys com as letras "M.I.". O que mais poderia ser, além de Marta Isabella? 33

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Paralisada pela surpresa, Kate escutava-o, muda como uma estátua. Depois do choque, comentou com raiva: — Certamente você memorizou as coordenadas, seu canalha sem escrúpulos. — Naturalmente. — E você, com toda a sua astúcia, me fez assinar aquele horrível contrato que lhe dá direito legal de manter o meu barco atracado no cais, enquanto você mesmo vai atrás do Marta Isabella. — É, eu bem que poderia fazer isso. — Rod, você não se sente culpado por ter me usado, e agido dessa forma? Com a ponta dos dedos ele brincava com uma mecha dos cabelos negros. Então, lentamente, desviou os olhos, que estavam fixos no brilho dos fios sedosos, e tornou a encará-la. — Você realmente se acha o mais perfeito exemplo de virtude, não? E o que é que você estava tentando fazer comigo? Você me enganou, e mentiu para conseguir o meu dinheiro. — É diferente. Rod levantou o canto da boca num sorriso divertido e insolente. — Será que é porque você é que estava mentindo? — Não me faça sermão sobre moral — ela gaguejou, indignada. — Você me deu o dinheiro, cortou meus direitos legalmente, forçou-me a fazer amor, e o tempo inteiro esteve me usando para conseguir informações sobre algo que de direito é meu. Você não presta, Rod! — Oh, eu agradeço de todo o meu coração pela sua misericórdia! E quanto a forçála à minha cama... — Com um movimento rápido, aproximou-se dela, e dominou o corpo macio com o próprio peso. A sensação de estar sob aquele homem nu deixou Kate desnorteada. O cheiro másculo da pele dele a embriagava, e o calor da respiração tão próxima queimava-lhe os lábios. Ele aproximou os lábios da garganta dela, e ali brincou com a língua, fazendo círculos excitantes. Era evidente que ela não podia resistir. — Por que seu coração está disparado? — Rod murmurou, com ironia. — Ora seu... — Kate reagiu, furiosa. Com um gemido de raiva empurrou aquele peito cabeludo, tentando fugir novamente. Ao perceber que ele era pesado e forte demais, começou a socá-lo com os punhos nos ombros largos, de forma inútil, quase ridícula. —Você merece ser morto! — Ameaçou-o. Mas faltava convicção na voz nervosa e sem fôlego. — Por quê? Por excitá-la? Você me provocou primeiro. Kate torceu o corpo, mas ele segurou-a com firmeza e delicadeza ao mesmo tempo. Ela sentia as pernas musculosas entre as suas, e percebeu que ele a queria novamente. Com mãos ágeis, Rod acariciou-lhe a garganta, passando em seguida aos seios arfantes, apalpando-os até que ficassem rígidos. Indignada, Kate sentiu uma corrente elétrica percorrer-lhe o corpo, deixando os pelos arrepiados e os músculos tensos. Entregando-se ao instinto, abraçou o pescoço de Rod, e trouxe-o para mais perto de si. — De qualquer maneira, acho que você seria a última pessoa que apertaria o gatilho contra mim. — Ele zombou, irônico. — Me dê uma arma — ela murmurou, enquanto lhe beijava o rosto todo —, e eu farei um favor ao mundo. — Kate, será que você não compreende que a última coisa que eu faria no mundo seria magoá-la? 34

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Você é um grande mentiroso. — Você não está entendendo nada! Eu não quero que você organize uma expedição sozinha. Podemos ser sócios. Se estiver certa quanto ao local exato, eu lhe darei cinco por cento pela indicação. Se encontrarmos o galeão nas proximidades do local indicado, poderá se tornar milionária do dia para a noite. — Eu ganharia cinco por cento, e você, noventa e cinco! — Não, eu não posso arriscar tanto capital sozinho, arranjarei outros investidores. É claro que vou participar com uma parte do capital, mas os seus cinco por cento serão limpos e de graça. Não terá que pagar um centavo pelos gastos da operação. Poderá levar anos até que os destroços do Marta Isabella sejam completamente resgatados, e você sabe também que uma expedição desse tipo custa milhares de dólares por semana, para sustentar os mergulhadores, os barcos operacionais, os impostos e outros acertos com o governo. Além disso, teremos de enfrentar muitas causas na Justiça. Kate percebeu, surpresa, que não havia pensado em tantos detalhes. Cerrou os dentes, humilhada, e virou o rosto. — Kate, de modo algum você conseguiria arcar com tantas despesas, e também não seria capaz de resgatar o Marta Isabella com êxito. E, depois, você sabe o trabalho que dá identificar e cuidar dos destroços? Precisaria do auxílio de um especialista. E você não quer que nada do tesouro se estrague. — Não... — O som de sua voz não passava de um sussurro hesitante. Kate não queria acreditar naquilo, mas Rod era muito astuto, e sabia exatamente o que lhe dizer para convencê-la. Ele continuou, cada vez mais confiante: — Se trabalharmos juntos, será um grande sucesso. Faremos uma descoberta que marcará época. — Parece que você já tem tudo planejado. — Para falar a verdade, tenho sim. É crime? — Não estou bem certa. — É tão difícil acreditar em mim? — Antes de se tornar famoso, você nunca foi nada, e não mudou muito. — Kate sentia-se impotente para livrar-se daquele homem que a envolvia. Mas queria agredi-lo. — Eu nunca confiaria numa pessoa com o seu passado. Nunca! Estou muito envergonhada de mim mesma por ter dormido com você. Não posso ser sua sócia por nada deste mundo. Rod empalideceu. A boca contraiu-se, e os olhos azuis tornaram-se opacos. Kate acertara em cheio no alvo. — Então, todo o lucro será meu. E vou dormir também com você todas as vezes que tiver vontade. De agora em diante não precisarei conquistá-la com carinho e gentileza. Minha vontade será lei. — Você é um bruto que não liga mesmo para os meus sentimentos! — Kate explodiu de raiva. — Não se preocupe, você ficará bem satisfeita. Posso fazer isso com facilidade. Kate soltou um grito furioso e indignado. Com todas as forças, tentou soltar-se daquele homem detestável, mas ele agarrou-lhe as mãos num movimento rápido, apertando-lhe o pulso com vigor, e torcendo-lhe o braço, até ficarem imóveis contra a cama. As bochechas de Kate coraram de vergonha ante a proximidade tão íntima daquele corpo. Ele correu as mãos pelas coxas perfeitas e firmes, inflamando-a de desejo, e fazendo com que a raiva dela diminuísse quase por completo. A atração por Rod era uma espécie de traição a si mesma, ela o percebia, e se irritava profundamente. — Eu o odeio! Se pudesse apagaria todos os seus vestígios. Seria capaz de matálo! — Os olhos verdes faiscavam de raiva.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Rod, por sua vez, estava desfigurado pela frustração. Tinha sido justo e gentil com ela. Explicara-lhe tudo sobre a expedição com muito tato e sinceridade, mas ela continuara a tratá-lo com desprezo. Simplesmente porque nunca pudera esquecer a má impressão que lhe causara o garoto pobre e sujo que o pai dela levara para casa há tantos anos passados. Poderia escolher centenas de navios naufragados, mas preferira o Maria Isabella, pois sabia que aquele galeão era muito importante para Kate. Lembrou-se do modo frio com que ela o desprezara no funeral de Jake, fazendo-o sentir-se insignificante e baixo. Todas aquelas lembranças vinham-lhe à mente agora; o rancor que sentia era forte, e sua paciência se esgotara. Rod segurou os ombros de Kate contra a cama, encostou-se nela com o peito peludo roçando-lhe os seios, prendendo-a com braços de ferro. — Livre-se de mim se puder! — falou, num tom selvagem e primitivo. Em seguida, sem lhe dar tempo de reagir, lançou-se sobre ela com fúria devastadora, esfregando os lábios naquela boca macia, e forçando-a a se abrir. O tórax musculoso esmagava os seios úmidos de suor, e as pernas se entrelaçavam. Ele queria tê-la, e fazê-la compreender que, apesar de tudo o que dissera, ela lhe pertencia. Será que aquela tolinha não sabia que ele a amava? Que sempre a amara? E que sempre a amaria? Kate tremia e hesitava em compartilhar o beijo rude, choramingando enquanto lutava inutilmente contra a vontade de ceder. Aquele beijo a incendiava, fazendo seu corpo frágil arder de desejo, acendendo a paixão. Por fim, não aguentando mais, estendeu os braços, enlaçou-lhe o pescoço e, fincando as unhas nas costas largas, encostou a língua à dele, provando-lhe o sabor. Agora, o corpo delicado delirava, e agitava-se com convulsões sob o peso daquele homem devastador. — Nada disso... importa agora. — Ela deu um gemido agonizante ao render-se. Era o fim! — Eu sou toda sua, Rod. Ao ouvir aquelas palavras, Rod deteve-se por um momento. Lá fora, ouvia-se o oceano rugindo com um clamor longínquo. Sem perceber, ele relaxou a pressão nos braços dela. Lentamente, Kate descolou os lábios carnudos dos dele, e deslizou-os pelo corpo bronzeado, umedecendo-lhe cada centímetro da pele quente. Rod se incendiava ao contato daquela boca que murmurava palavras desconexas e apaixonadas, à medida em que beijava-lhe as coxas, e corria a língua numa proximidade perigosa de seu sexo, excitado. Rod gemeu, alucinado. Finalmente, Kate o envolveu com a boca, beijando-o com ternura e carinho, soprando-o, lambendo-o. Rod tremia selvagemente sob as carícias ousadas. Sentia a cabeça rodar com loucura, o êxtase, o tormento, as mais delirantes sensações misturando-se terrivelmente. Faltava pouco para que explodisse de desejo, quando ela afastou a cabeleira negra e sedosa de seu sexo pulsante. — Rod... — ela murmurou simplesmente ao ouvido dele, com os lábios úmidos de desejo. Os olhos cor de esmeralda brilhavam, grandes e transparentes, encarando-o, as pálpebras quase fechadas de tanta paixão. Rod observou aquela mulher tão linda e sensacional por um momento. Com uma tentação selvagem, agarrou-a nos braços, e encaixou o corpo sedento no dela, que se abriu quente e macio. Kate abraçou-lhe o pescoço, beijando-o, e sendo retribuída com todo ardor. Entregava-se de corpo e alma, enquanto lentamente Rod a acariciava, esfregando com ternura os mamilos túrgidos entre os dedos, e dedilhando a carne macia de seu sexo. Ela 36

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major respirava sofregamente, tremendo com as vibrações sensuais que aumentavam a cada segundo. Delirando de amor, Rod queria confessar que ela era a única mulher da vida dele, mas algo o deteve. Apesar da paixão, da sensualidade envolvente, ela não lhe inspirava confiança. Por fim, explodiu em êxtase, num mar de prazer que nunca sentira antes. Sentia-se completo, incendiado pelas emoções selvagens e delirantes. Saciado e feliz, abraçou-se com ela. Enlaçados e cansados, caíram no sono, com as pernas intimamente enlaçadas. "Ela é minha, depois de tantos anos de espera", Rod pensou. Mas quando acordou, na manhã seguinte, Kate já não estava ao lado dele.

Capítulo 8

Kate voava em sua bicicleta de dez marchas, deixando para trás as velhas casas coloniais de Key West, com suas varandas espaçosas e bem arejadas. De óculos escuros, os cabelos negros esvoaçando ao vento, ela deslizava entre os carros. Os motoristas e os pedestres olhavam com admiração aquela figura charmosa com um short vermelho cavadíssimo e uma camiseta de linha que lhe realçava o corpo esbelto. Por algum tempo, os homens esqueciam o tráfego engarrafado da cidade naquele fim de tarde. Kate continuou correndo até entrar num beco sem saída. Pulou da bicicleta ainda em movimento, e acorrentou-a a um poste. De repente, sentiu-se com calor e suando, por causa do longo passeio. Os cabelos esquentavam-lhe as costas e as roupas grudavam-se à pele. Sem perceber, pedalara como se estivesse sendo perseguida por mil demônios imaginários. Na verdade, apenas um era real: Rod Reynolds. Não que ele tivesse realmente feito algo nas últimas semanas, pois ela mal o vira, desde que fugira naquela noite nos jardins da mansão dele. Mesmo assim, não conseguia parar de pensar nele por um segundo. Por isso, ultimamente, vinha tentando se distrair e aliviar a tensão, dando longos passeios de bicicleta. Durante o dia, ela invariavelmente se perdia em diálogos imaginários com Rod. Estava satisfeita com as atitudes que tomara perante ele, sendo esperta o bastante para tratá-lo com frieza e desprezo, punindo-o impiedosamente por tê-la tratado tão mal, e ter se aproveitado tanto dela. Quando Kate dormia, Rod povoava-lhe os sonhos, que não chegavam a ser pesadelos. Porém, naqueles pensamentos noturnos, ele era sempre o mais forte, e a vencia. Neles, as fantasias sexuais predominavam, e ela despertava no meio da madrugada com o sangue pulsando nas têmporas, o corpo suado e dolorido de desejos que clamavam por serem saciados. Então ficava acordada horas a fio pensando nele, desejando-o, e odiando a si própria por querê-lo tanto. Rod tentara falar-lhe várias vezes, mas ela sempre cortava a ligação imediatamente, ao reconhecer-lhe a voz. Depois dos telefonemas frustrados, ele fora pessoalmente procurá-la no cais. Ela o tratara com frieza e desprezo, rejeitando-o. Kate estava do píer, observando Juan e Pedro, que descarregavam o barco com os camarões pescados na noite anterior, quando de repente pressentiu a presença de Rod. 37

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major De fato, ele estava bem detrás dela, e tal fora a surpresa que mal tivera tempo de se preparar para o choque. Quando se voltara, lá estava ele: os lindos e despenteados cabelos loiros, o belo rosto barbeado, e os olhos azuis fixos nos dela. Ele vestia uma camisa de algodão azul-claro, que intensificava-lhe a cor dos olhos. A calça de jeans surrada moldava-lhe as coxas musculosas, e as botas de trabalho eram velhas e gastas. As mangas da camisa estavam arregaçadas, e os músculos rígidos dos braços bronzeados sobressaíam-se a cada movimento. Por que ele tinha que ser tão bonito e atraente? — Rod... — ela murmurou. — Kate, você está bem? — ele a interrompeu, com gentileza. Rod se aproximou para tocá-la, mas ela deu um passo para trás, fazendo um gesto de negação com a cabeça. Sentia o sangue correr-lhe pelas veias como uma corrente elétrica que desencadeava uma série de sensações fortes e incontroláveis. Percebia que se tornava frágil diante dele, e isso a irritava. — Eu nunca passei tão bem, desde que tirei você de minha vida — falou, fingindo uma espontaneidade inexistente. Rod ficou vermelho, e virou o rosto para o lado. — É, eu deveria esperar por isto. Acho que fui rude naquela noite. — É, um pouco. — Estou arrependido do que fiz. — Rod baixou a voz. — Gostaria de me redimir. Peça-me qualquer coisa, que eu farei. Kate o olhou, surpresa. — Fará qualquer coisa que eu pedir? — Qualquer coisa. Rod a olhava de um modo terrivelmente excitante e quente, e Kate teve que se valer de todo o orgulho para não se derreter diante dele. Ergueu o queixo em desafio. — Rod, se você quer me fazer um grande favor, desapareça de minha vida, e deixe-me em paz. Rod encarou-a como se quisesse tirar aquela máscara de orgulho, que lhe escondia os verdadeiros sentimentos. Mas Kate conseguiu manter a falsa aparência fria. — Tudo bem — ele disse, num tom calmo e inexpressivo. — Foi você quem escolheu o caminho, e espero que esteja feliz. — Isto vai ser difícil, enquanto você estiver por aqui. — Eu não vim aqui para brigar com você, Kate. Vim para dizer-lhe que estou zarpando em dois dias na expedição de resgate do Marta Isabella, e queria apenas convidá-la para vir comigo. Entretanto, depois desta conversa tão amigável, acho que só me resta dizer adeus. Kate teve um sobressalto ao imaginar-se participando da busca. Porém, mais do que fazer parte da expedição, aquilo também significaria ter de estar com ele dia e noite a bordo do Esmeralda, torturando-se com o desejo que a presença dele lhe despertava. — Bem, você já disse o que tinha para falar, Rod — disse, implacavelmente. — Só espero que o seu adeus seja para sempre. Kate deu-lhe as costas, e foi embora para casa. Depois daquela discussão, Rod não a procurara mais, e já haviam se passado três semanas desde que partira na expedição. Com o coração despedaçado, Kate fora assistir ao barco zarpar, mas sem que ele a visse. Estava profundamente arrependida por não ter aceito o convite, mas então era tarde demais. Será que ela nunca seria capaz de esquecê-lo? Perdida em pensamentos, Kate andava distraidamente pela praça, no coração da velha cidade marítima de Key West. Tentou parar de pensar em Rod, e concentrar-se na paisagem. O dia estava muito quente, e ela suava copiosamente, depois de toda aquela 38

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major caminhada. Do outro lado da rua, avistou o jardim tropical de um bar que tinha algumas mesas na calçada. Sentiu a garganta seca, e pensou em tomar uma bebida. Escolheu uma mesa de canto, meio escondida sob as sombras de uma bananeira, e pediu um run punch. Estava muito charmosa, bebericando a refrescante bebida feita de frutas tropicais, rum e gelo, com os olhos verdes absortos, quando um homem aproximou-se, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado dela. — Qual o problema, benzinho? Kate levou um susto ao reconhecer Don Taylor, seu pretendente da marinha. Ele parecia feliz em vê-la, embora ela não pudesse dizer o mesmo. — Oh, Don! Como vai? — Ela remexeu-se na cadeira. — Ah, eu estava apenas pensando, Don. Ultimamente ando com muitos problemas na cabeça. — E esses problemas chamam-se Rod Reynolds? Kate não pôde evitar o rubor. — Bem no alvo. — Ouvi dizer que vocês têm se visto com frequência. Kate não estava com a mínima vontade de conversar sobre Rod, e permaneceu calada, apreciando a bebida. Don chamou o garçom, e pediu uma cerveja. Depois que este se foi, ele voltou-se para ela. — Vocês estão saindo a sério, Kate? — Eu não gostaria de tocar neste assunto, se você não se importa. — Não gosto de Reynolds, e você sabe que já trabalhei uns tempos para ele. Kate levantou os olhos da bebida, e de repente se interessou pela conversa, prestando atenção, enquanto Don falava. — Foi um emprego que não me deixou boas lembranças, benzinho. Mergulhei para ele mais de um ano durante uma expedição que procurava os destroços de uma frota do século dezessete. Bem, no momento em que começávamos a descobrir o tesouro e os cacarecos, ele me despediu. — Sem nenhuma razão? Acho um pouco difícil de acreditar, Don. — Kate surpreendeu-se. De repente, estava defendendo Rod. — É claro que ele tinha uma boa razão. Além da parte dele nos lucros, também estava de olho na minha parte. O rum da bebida estava fazendo efeito em Kate. Sentia-se quente, a cabeça rodava um pouco, mas estava mais descontraída e alegre. Normalmente ela nunca conversaria sobre Rod com qualquer pessoa, mas naquele instante sentiu vontade de desabafar com Don. Afinal, ambos tinham uma certa desavença com Rod, e aquilo os unia num interesse comum. Por que ela não se apaixonava por Don? Seria tudo tão mais fácil. Ele era atraente, cobiçado, e estava sendo muito gentil, além de parecer realmente preocupado com os problemas dela. — Eu não gosto de vê-la com Rod, benzinho — Don continuou. — Como você se meteu com ele novamente? Kate deu mais um gole na bebida. — Ele me fez um empréstimo. — Isto é pior do que assinar um pacto com o diabo... De repente, Kate sentiu vontade de falar tudo o que tinha na cabeça: — E você me diz isto agora? Assinei um contrato injusto, e não posso nem sair com o meu barco, sem antes implorar a permissão dele. Ele foi atrás do "Galeão Espanhol", e você sabe que esse sempre foi o sonho da vida de papai. Don, ele me usou para roubar informações do paradeiro do barco. 39

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — O que quer dizer com isto? — Nunca contei nada para ninguém, e provavelmente nem devia comentar com você, mas na última viagem em que eu e Jake fizemos, achamos algumas moedas de ouro, e tivemos quase certeza de que eram do Marta Isabella. Rod viu o local exato em que marquei num mapa, e decorou as coordenadas. — E onde está o galeão? — Don perguntou, num sussurro. Kate ficou confusa. O calor e o álcool misturados faziam tudo rodar. Inclinando a cabeça na direção da de Don, murmurou-lhe a resposta no ouvido. Ele encostou-se na cadeira, pensativo, e ficou quieto. Durante algum tempo só ela falava, enquanto ele mal ouvia, preso às suas próprias ideias. Kate estava achando agradável a companhia daquele homem. Bebera um pouco demais, mas precisava relaxar, de alguma forma. Aceitou com alegria que Don a levasse para casa. Quando chegaram à varanda de entrada da casa de Kate, Don abraçou-a. — Me dê um beijo, benzinho — implorou, pressionando-a contra a parede. "Apenas um beijo não fará mal algum", Kate pensou. Poderia até se esquecer um pouco de Rod e da maldita paixão que sentia por aquele homem. — Você está tão linda, benzinho. — Don suspirou. Kate fechou os olhos ao sentir a pressão incômoda dos lábios ásperos em sua boca, e foi apertada um pouco mais de encontro à parede. Sentiu-se frustrada, pois não havia nada de excitante naquele encontro. Do outro lado da varanda, veio uma voz rouca e profunda, que Kate reconheceu imediatamente. — Você se importaria se eu o interrompesse, Taylor? Lentamente, Don se afastou de Kate, deixando-lhe um gosto amargo de cerveja na boca. Embora estivesse ironicamente satisfeita pela aparição inesperada de Rod, ela lutou furiosamente para esconder os sentimentos, encarando-o com tanta raiva quanto o parceiro. Rod revidou o olhar com um sorriso divertido. Mesmo na penumbra, dava para perceber que o cabelo dele estava bem mais claro pela ação contínua do sol, e a pele, profundamente bronzeada. Ele não havia feito a barba nas últimas três semanas, e os pelos dourados no rosto davam-lhe a aparência de um destemido pirata. "Droga, por que ele tem sempre que ser tão bonito e atraente?", pensou, irritada. Rod percorreu o corpo de Kate com o olhar, e ele não se abalou quando Don o encarou ameaçadoramente. — É claro que me importo, Reynolds! — Don falou, entre dentes. — Por que não some daqui? O sorriso do rosto de Rod desapareceu imediatamente. — Por que não gosto de vê-lo beijando a minha garota, Taylor. — É? E quem disse que você é o namorado dela? — Pergunte a ela. — Ele completou, num tom sarcástico: — Se ela não é minha garota, bem que deveria ser, pelo menos depois de tudo o que aconteceu. — Do que ele está falando, benzinho? — Don voltou-se para Kate, desconfiado. O sorriso voltou ao rosto de Rod, mais largo e brando ainda. Ele estava realmente se divertindo com a confusão que causara com aquela insinuação. — Benzinho? — Don chamou-a novamente. — Não... Não é nada, Don — ela gaguejou, furiosa. — Eu não chamaria o que fizemos de "nada". — Rod insinuou, ardilosamente. — Reynolds... — Don começou ameaçadoramente. Mais um minuto, e eles acabariam se atracando numa briga.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Don era alto, mas não tão forte quanto Rod, que era teimoso, e não recuaria por nada, e não seria justo que Don apanhasse por causa dela. Kate só viu uma saída: intervir rapidamente. — Don, por que não volta amanhã? — Ela apelou, segurando-lhe o braço. — Eu realmente preciso conversar a sério com Rod algumas coisas pessoais, alguns assuntos relacionados com o empréstimo de que lhe falei. — Tem certeza de que é isto o que você quer, Kate? Eu não estou gostando da ideia de deixá-la sozinha com esse sujeito. — Por favor, Don. Não acontecerá nada. Don hesitou, mas acabou indo embora. Quando ele dobrou a esquina, Kate voltouse furiosa para Rod. — O que pensa que está fazendo? — indagou, furiosa. — Apenas eliminando a concorrência. — Um leve sorriso curvou-lhe os cantos da boca. — Acontece que Don é um velho amigo meu. — E você beija todos os seus amigos sob o luar? — Meus assuntos pessoais não lhe interessam. — O coração de Kate batia selvagemente. — Pois saiba que me interessam muito. — Até parece que nunca teve outra mulher. O sorriso morreu nos lábios de Rod. — Nunca houve ninguém, além de você — ele disse, gentilmente. — É claro. E a tal Sue ou Susan? — Ela sai com quem ela quer. Agora mesmo deve estar com algum outro. — Seja como for, eu não ligo a mínima para o que você faz ou por quê. Quero apenas que suma da minha vida. Desapareça. Entendeu? Furioso por ser rejeitado mais uma vez, Rod venceu a distância que os separava com um pulo, e abraçou-a com firmeza. — Entendi! — falou, em tom ameaçador. Kate se debateu. — Largue-me! Seu... seu... Rod afrouxou um pouco o abraço em torno dela, que quase caiu, enfraquecida pela forte emoção que ele lhe despertava. — Diabos, Kate, a única razão pela qual estou aqui é porque pensei que ficaria interessada em saber o que andei descobrindo sobre o Marta Isabella. E, já que não está nem um pouquinho entusiasmada, vou embora. Bruscamente, Rod deu-lhe as costas, e voltou para o carro. Kate observou-o partir. Queria chamá-lo, mas não sabia se devia. Não podia fraquejar, precisava ser fria, indiferente. Entretanto, o nome dele lhe aflorou aos lábios num sussurro, um som tão fraco que mal podia ser escutado. — Rod! Mas ele ouviu. Rod estacionou o carro e, antes que Kate abrisse a porta, correu até o lado para ajudá-la a sair. Kate pensou estar sonhando. Estava confusa, e podia apenas perceber que seus sentimentos iam do medo à atração. Deixou que os dedos quentes e firmes lhe segurassem a mão, porém o mínimo contato bastava para perturbá-la. As pernas tremiam. Era quase impossível respirar. Ela saltou com leveza do carro, e naquele instante ele a puxou contra o corpo forte. Droga, por que ele tinha que tirar vantagem em todas as oportunidades? Tentou recuar, mas Rod a puxou para mais perto dele. — Gostaria de saber por que tem tanto medo. — Rod esboçou um sorriso. 41

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Não estou com medo. — Mentirosa! Kate desviou o olhar para a mansão branca. Sob a luz da lua, o casarão estava mais belo ainda do que da última Vez em que estivera lá. Fora a noite em que fizeram amor, quando descobrira que ele a estava usando para descobrir o paradeiro do Marta Isabella. Mais do que tudo aquilo, também a lembrava do prazer de estar sob aquele belo homem. — Eu não devia ter aceito vir aqui com você — ela disse, arrependida. Rod apertou-a pela cintura, e murmurou: — Não há nada a temer, Kate. Quase fiquei maluco nestas últimas semanas, por sua causa. A barba dele arranhava o rosto de Kate. Num segundo, beijaram-se avidamente. Num impulso, Kate acariciou-lhe o peito, agarrando-se ao colarinho da camisa, e Rod apertou-a com mais força, quando as línguas se encontraram num beijo vertiginoso. Depois de saciado, ele a soltou. — Acho que é hora de você entrar, e dar uma olhada nos objetos que encontrei. — Humm? — ela perguntou, meio sonâmbula, incapaz de se concentrar em qualquer coisa que não fosse outro beijo. Rod deu uma risada. — Você se lembra por que veio até aqui? — Oh, sim! — É claro — ele murmurou, sorrindo. — Se você veio até aqui com outras ideias na cabeça, podemos até adiar o que tínhamos combinado, e fazer algo muito, muito mais interessante. Kate recompôs-se, e o seguiu, envergonhada por tê-lo beijado com tanto entusiasmo. Rod acendeu a luz, e ela admirou-se com a decoração da sala. As paredes eram imaculadamente brancas, e os móveis, de muito bom gosto. Estavam bem distribuídos sobre o carpete de um verde suave. — Os objetos estão no meu laboratório — Rod explicou, conduzindo-a até um quarto no fim de um corredor. Ali devia ser o escritório do explorador dos mares. As paredes do recinto eram recobertas de estantes de madeira, cujas prateleiras estavam lotadas de destroços de vários navios. Por um instante, Kate fixou-se numa sinistra pilha de braceletes de cobre, conhecidos como manillas. Eram fabricados às toneladas na Europa nos tempos da escravidão negra. Os chefes africanos entregavam muitos cativos e até pessoas da própria tribo para serem traficados para as Américas, em troca daquelas quinquilharias baratas. — Consegui estas pulseiras nos destroços de um navio negreiro que encontrei há dois anos — ele falava, compenetrado. — Quando faço esse tipo de resgate, reflito comigo mesmo sobre as relações de nossos antepassados com os habitantes do Novo Mundo, ao colonizarem essa região do globo. Estas peças de cobre, por exemplo, são como um aviso sobre o que as pessoas são capazes de fazer em nome da ganância. Kate admirou a seriedade que ele procurava imprimir aos negócios. Mas não resistiu em fazer uma observação irônica para si mesma. Como ele podia condenar a ganância alheia, se vivia absorvido pelos próprios interesses? Rod mostrou-lhe uma garrafa de cor acinzentada, e pediu que ela a observasse com atenção. Kate sabia que a substância que envolvia a garrafa era uma fina camada de óxido de chumbo, que podia ser removida mergulhando-se a peça numa solução contendo dez por cento de ácido nítrico. — Como você sabe, os objetos de vidro encontrados nos destroços são particularmente importantes para se datar a época do naufrágio — ele falava. — As 42

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major garrafas encontradas foram, sem dúvida, feitas por volta de 1680. Apenas para me certificar, mandei algumas fotos e medidas para o Museu do Vidro, em Corning. No centro da sala, havia uma mesa e, em cima desta, uma espécie de aquário de vidro, contendo uma massa de moedas de prata bastante oxidadas e mergulhadas num banho eletroquímico. Ao lado do aquário, alguns escudos de ouro espanhol brilhavam tanto quanto no dia em que foram cunhados. Completamente fascinada, Kate pegou uma das peças irregulares de ouro na palma da mão, e a examinou. — Achamos estas peças espalhadas no fundo do mar, perto do local que você marcou no mapa — Rod comentou, enquanto pegava uma moeda. — Algumas estavam cobertas de areia. Tivemos que usar uma draga para aspirar a areia e as conchas soltas. Os olhos de Kate brilharam. — Rod, você acha que isso significa que... — É, é bem possível que pertençam ao Marta Isabella. Se não for o "Galeão Espanhol", certamente o barco que estiver por lá é do mesmo período. Achamos as pedras de lastro, que no caso são espanholas, e você sabe que antigamente os barcos carregavam essas pedras do país de origem. De qualquer maneira, descobrimos algo muito importante, e por isso acho que vale a pena investir para equipar um barco adequadamente, e fazer mais escavações. Kate pensou em como seu pai ficaria emocionado com tudo aquilo. Se ao menos ele ainda estivesse vivo. . . — Oh, Rod... — Ela suspirou. Mas, de repente, voltou à realidade. Rod não era um amigo, mas um inescrupuloso aproveitador. Não havia razão para ela ficar feliz com as descobertas de um negociante desonesto. Num gesto de desalento, ela jogou a moeda que tinha na mão sobre a mesa. — Não sei por que estou tão excitada. Tudo isto seria meu, se você não tivesse me enganado. — Vou lhe dar uma comissão de cinco por cento pela descoberta — ele disse, gentilmente, recolocando uma moeda na palma da mão dela. — Você disse que seria tudo seu. — Será que você também não diz coisas absurdas, quando está com raiva? Rod pousou as mãos nos ombros de Kate, e ela sentiu o coração disparar. Gostava do contato com o corpo dele mais do que podia admitir. Tentou afastá-lo debilmente, mas ele se aproximou mais ainda. — Ouça, Kate. Tudo isto será seu, se quiser. Darei a você toda a minha fortuna. Kate parou, engasgada. — O que quer dizer com isto? — perguntou, tonta. Rod a encarou firmemente, e disse: — Estou pedindo que se case comigo, sua tolinha. — Acariciando-lhe o pescoço trêmulo, correu os dedos até os cabelos negros da nuca, e continuou: — E não vou ficar esperando a resposta para sempre. Você sabe que eu também sou teimoso, quando quero. O tom suave a carinhoso da voz de Rod a enfeitiçou. Sim, sim e sim! Ela queria agarrar-se ao pescoço daquele homem, e dizer o quanto o amava. Mas uma dúvida atroz a reteve. — P-por quê? Por que quer se casar comigo? — Por que não? Responda você mesma à sua pergunta, Kate. Aproximou-se para beijá-la. Kate não conseguia erguer um dedo para evitá-lo. A moeda de ouro que tinha na mão escorregou-lhe dos dedos, e caiu em cima da mesa.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Num segundo, Rod a estava beijando e devorando-lhe a boca macia com tal volúpia que ela precisou se apoiar no peito dele em busca de equilíbrio. Rod interrompeu as carícias, afastando-a gentilmente. Kate ouvia-lhe a voz como se viesse de um lugar distante. — É tudo muito simples, Kate. Você quer o meu dinheiro e o Marta Isabella, e eu quero você. Kate ficou decepcionada e nauseada. Aquelas palavras eram um golpe nos sentimentos dela. Ele não a amava, queria apenas seu corpo. Tentou argumentar: — Um casamento é muito mais do que apenas sexo. Precisaríamos ser amigos, gostar um do outro, e dividir interesses comuns. A atração sexual não dura para sempre... Rod falou friamente: — O nosso caso vem se arrastando há mais de dez anos, e ninguém se casa pelas razões que você mencionou. Eu quero algo muito mais importante do que amizade e ideias comuns, algo que nenhuma outra mulher, além de você, pode me oferecer. Eu amo seu corpo, e não sinto vergonha em confessar isso. Kate já não sabia mais o que era certo ou errado, estava completamente confusa. A franqueza de Rod magoava-a profundamente. Sentiu o coração em pedaços. — Pense sobre isto, Kate, mas se você disser que sim, significará que Don Taylor estará fora de sua vida para sempre. Quaisquer que sejam seus sentimentos em relação a ele, você me pertence. — Se eu não o conhecesse bem, diria que você está com ciúme. — Estou feliz que você me conheça tão bem. Kate tentou livrar-se dos braços fortes, mas Rod puxou-a novamente, beijando-a com sensualidade. Ela abriu a boca para enunciar uma súplica, mas os protestos morreram, sufocados na garganta. — Kate... — ele murmurou, apertando-lhe o corpo com força. — Oh, Kate... Diga que sim. Diga, querida. Diga que se casa comigo.

Capítulo 9

"Fugir, fugir", Kate pensava, e aquela ideia parecia vir do fundo de seu coração. Era um desejo tão profundo quanto o que sentia por Rod. Sozinha, perdida em dúvidas, ela refletia sobre a decisão que tomara. Era o dia de sua festa de noivado, mas não estava nada feliz. Com Rod, não teria mais problemas financeiros. Mas, ao mesmo tempo, revoltavase ao pensar que tinha vendido o corpo e a alma àquele homem. Não havia nada pior do que as batalhas silenciosas que lhe atormentavam o coração. Por que casar-se com ele? Para não ter mais saudades? Para satisfazer o desejo? Kate sentia-se cada vez mais insegura. Rod era rico, e a fortuna dele estava investida em ações no mercado, propriedades e nos vários negócios que mantinha. Ele nunca parava de trabalhar. Agora estava escrevendo um livro, organizando a viagem de exploração, e planejando um documentário que iria filmar sobre o Marta Isabella. Às vezes, Kate se sentia apenas como mais um dos projetos dele.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Além disso, tinha medo que ele se cansasse dela logo. Ele nunca estava satisfeito com o modo dela se vestir, com a maneira como arrumava o cabelo, e, como se não bastasse, queria mudar-lhe a personalidade. Por que Rod queria fazer dela uma mulher frágil, sem iniciativa própria, completamente dependente dele? — Eu não sou Jake — ele lhe respondera há poucos dias. — Jake queria um filho homem, e você sempre quis provar que era tão eficiente quanto qualquer homem. Bem, não precisa mostrar nada para mim, querida. Eu quero apenas que seja uma bela mulher, e isso não é difícil para você. Quando Rod falava daquele modo, Kate quase acreditava nele. Naqueles momentos, não lhe era muito difícil ser meiga e dócil, e deixar que ele a dominasse. Mas por que tinha que se submeter aos gostos e vontades dele? Kate tirou o anel de noivado do dedo para observá-lo melhor contra a luz da lua. O diamante brilhava discretamente. O anel fazia parte de um tesouro que Rod achara em algum lugar das Bahamas, alguns anos antes. Era uma joia muito antiga, um grande diamante de três quilates incrustado num valioso anel de ouro antigo. Não era a gema exuberante e multifacetada que a maioria das mulheres esperaria receber, mas para Kate aquilo era o máximo. Todas as vezes que olhava a joia, suas dúvidas pareciam se dissipar. Ela abaixou a mão direita, e começou a caminhar pelo andar de cima da mansão de Rod; os saltos do sapato faziam um barulho seco contra o assoalho de madeira envernizado. Sua figura charmosa, vestida num fino vestido de tafetá preto, com os longos cabelos negros muito bem penteados, desaparecia por entre as sombras dos corredores. Uma leve brisa agitou um coqueiro, cujas folhas arranhavam o telhado da casa. A piscina iluminada brilhava como uma gema de água-marinha contra o fundo escuro do jardim. As mesas de guarda-sol haviam sido postas num canto, para dar lugar à pista de danças, e alguns postes com tochas de fogo, ao invés de luminárias elétricas, foram colocados em pontos estratégicos da enorme propriedade. No andar térreo, a casa estava cheia de gente, risadas e música. Quando os convidados começaram a chegar, Kate entrara em pânico, e dera uma escapulida para o jantar, e depois subira. Na sala de jantar as mesas do banquete estavam repletas de saladas frescas, frutas tropicais e entradas de frango assado. Kate fora forçada por Rod a supervisionar cada detalhe da festa pessoalmente. Discutiram sobre o assunto por vários dias antes do noivado. Ela não conseguia entender a determinação dele em querer modificá-la. Não que ele fosse um tirano completo. Rod sabia até ser divertido, quando queria. Kate se lembrava com carinho de uma tarde maravilhosa em Nassau, para onde ele a levara numa viagem de negócios. Quando ele voltara do trabalho, saíram para fazer compras. Ela adorara andar pelas ruelas estreitas e complicadas, comprando lembranças baratas. Foram carregados por uma correnteza de turistas. Divertiam-se muito, vendo as bermudas floridas, os enormes chapéus de palha, os visores transparentes e milhares de óculos de sol. Andaram o tempo todo de mãos dadas, rindo, felizes. Mais tarde, ele a levara para jantar e dançar. Rod também fazia Kate participar dos negócios. Deixara que ela o ajudasse a contratar um pessoal extra para os mergulhos, fazendo a maior parte das entrevistas sozinha. Na verdade, ele a consultava sobre cada detalhe relacionado com os planos de resgate do Marta Isabella, como se pretendesse levá-la também. Somente naquela manhã do dia da festa do noivado, Rod anunciara-lhe que definitivamente não iria levá-la para a busca. Ele queria que Kate ficasse tomando conta dos preparativos do casamento, enquanto ele estivesse fora.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Aquela desculpa não a convencera, e ela quase explodira de raiva, quando ele afirmara que já era hora dela aprender a se portar como uma mulher. Rod vivia dizendo também que não queria que ela se matasse de trabalhar, e que já tinha contratado um pessoal especializado para as situações mais perigosas. — Eu quero protegê-la, Kate — ele argumentara. — Quero mimá-la, e dar-lhe tudo que nunca teve. A maioria das mulheres ficaria feliz em poder permanecer em casa. — Talvez eu não faça parte da maioria, Rod. Talvez eu não queira ser mimada, e também acho que está me escondendo algo muito importante. Pelo menos, me diga a razão verdadeira pela qual não quer me levar com você — dissera, pegando na mão dele. — Tudo bem — ele concordara, contrariado. — Esta viagem será muito perigosa. Meus homens ouviram rumores de que teremos alguns problemas pela frente. — Como? — Parece que há algumas pessoas querendo roubar o nosso tesouro. — Eu não tenho medo, Rod. — É, mas eu terei, se você estiver por lá. — Não vai me acontecer nada. — Espero que esteja certa, mas eu nunca me perdoarei, se algo acontecer a você. Apesar de todos os pedidos, Rod não quisera escutá-la. Para ele, já estava tudo decidido, mas Kate se sentia frustrada. Rod teria de aceitá-la do jeito que ela era. Gostava de aventuras, e de ser simples. Nascera para viver mergulhando nas profundezas dos mares, usando bombas de oxigênio, escavando preciosidades, procurando navios perdidos, e voltando à superfície apenas quando o oxigênio estivesse no fim, ou quando ficasse frio demais e ela, enrugada de tanto ficar submersa. Não nascera para ser uma dama de sociedade. Quando aceitara casar-se com ele, imaginava que poderiam viver mergulhando juntos, partilhando das aventuras e expedições. Recusava-se a ficar em casa, morrendo de ciúme e ansiedade. Sempre fora uma pessoa independente, e não queria se submeter a uma situação daquelas. Então, voltava a vontade de fugir, como se escutasse uma voz vinda do fundo do coração. Mas era tarde demais. Todos a esperavam, e ela sentiu uma repentina vontade de voltar à festa e se cercar de pessoas. A orquestra parou de tocar. Kate começou a descer a escada. A sala estava repleta de amigos e sócios de Rod. Percebeu, horrorizada, que Rod a estava esperando no fim da escada, e que acabara de fazer um pequeno discurso sobre ela. Deliberadamente, ele estava fazendo com que ela fosse o centro das atenções. Dezenas de taças de champanhe ergueram-se no ar para brindá-la. Kate olhou assustada para Rod, que lhe respondeu com um sorriso perfeito. Com uma expressão de menino travesso, deu-lhe uma piscadela. Kate sentiu o coração vibrar, alucinadamente. No dia seguinte, ele partiria para a expedição, deixando-a para trás. A vontade de Kate era de matá-lo. Mas queria, também, ardentemente fazer amor com ele. Rod subiu um degrau da escada, e virou-se para a multidão de amigos. — Senhoras e senhores — declarou, numa voz alta e rouca. — Gostaria de propor um brinde. À Kate — levantou os olhos para ela —, à minha mulher. Como sempre, a presença física de Rod deixava-a desnorteada. Ele não parecia pertencer ao mundo daquelas pessoas refinadas, embora o smoking bem cortado lhe caísse perfeitamente. Apesar da aparência civilizada, havia algo selvagem naquele homem tão charmoso, e era exatamente aquilo que o fazia tão atraente. Rod olhou-a dos pés à cabeça, e seu olhar fixou-se por fim nos olhos verdes. Aquela inspeção fez com que ela ficasse ruborizada, dando-se conta do ousado decote do vestido que usava, deixando boa parte dos seios à mostra.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Por que ele tinha sempre que olhá-la daquela maneira? Como se a estivesse desnudando? E por que ela sempre tinha que corar de vergonha, e ficar sem fôlego? Rod ergueu uma sobrancelha interrogativamente, e sorriu. — Querida, tenho certeza de que prefere ficar do meu lado a permanecer aí em cima sozinha. Kate se deu conta de que estava distraída, e alguém brincou: — Nenhuma mulher resiste ao charme de Rod. Todos caíram na risada. Todos, menos Kate, e o rubor em seu rosto ficou ainda mais forte. Na verdade, ela queria voar escada abaixo, e esganá-lo por fazê-la passar tanta vergonha. Ao mesmo tempo, tinha ímpetos de beijá-lo desesperadamente. Então sorriu, tentando disfarçar, murmurando: — Claro que não, meu amor. Os homens riam, e faziam piadinhas com Rod. — Será que você conseguiu transformar a pantera numa gatinha? — Nunca poderia imaginar Você tomando uma atitude séria em relação a uma mulher, Rod. — Ela deve ser uma mulher e tanto, não, Rod? — Oh, ela é. — O sorriso de Rod alargou-se. Kate começou a descer, mas sua cabeça rodopiava. Odiava ser o centro das atenções mas, uma vez que se casaria com um homem famoso, teria que se acostumar. Talvez aquela fosse a intenção de Rod naquela noite. — Todos esperam que dancemos juntos — ele murmurou-lhe ao ouvido, e sua respiração quente tocou-a numa carícia ardente. — Quero que mostre que está gostando da festa, e que está se divertindo comigo. Kate encarou-o, e novamente ele lançou-lhe um sorriso irresistível, que a fez sentir um calafrio de prazer. Então, conduziu-a até a pista de dança. A recepção estava sendo um sucesso. Caminhando ao lado dele, Kate cumprimentava as pessoas, e quando começaram a dançar, sentiu a agitação tomar-lhe conta do corpo. Rod também percebeu, e comentou: — Querida, você está tremendo. Toda vez que eu toco em você, acontece isso. Pelo menos, não é tão indiferente a mim quanto tenta parecer. — Talvez você seja um pouquinho mais do que apenas atraente. Acha que eu estaria aqui agora, se não tivesse nenhuma atração por você? A música continuava, mas ele parou de dançar, erguendo o queixo de Kate com um dedo, forçando-a a encará-lo. — Às vezes pergunto a mim mesmo se a estou forçando a casar-se comigo contra sua vontade. Por isso é que fiz a pergunta. — Quer dizer então que até os machistas têm breves momentos de reflexão. Estou surpresa... Kate fuzilou-o com o olhar, mas Rod riu, jogando a cabeça para trás. — Mas eu sinto dizer-lhe que são momentos muito raros. Antes que Kate pudesse responder, ele tornou a envolvê-la num abraço, e rodopiaram pelo salão. Nunca eles se ajustaram tão bem, e nunca se moveram com tanta facilidade. Deliciada, ela podia sentirlhe o calor do corpo através das roupas e, de quando em quando, o roçar daquelas pernas musculosas através do vestido. Depois da primeira música, Rod a conduziu para o terraço com vista para o oceano. A distância, podia-se ouvir o ruído refrescante das ondas quebrando na areia. Atrás de Kate, o ritmo envolvente da música ajustava-se às batidas de seu coração. Quando chegaram à grade de proteção, ele a puxou num abraço. — Querida — murmurou, numa voz rouca e sensual.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Kate prendeu a respiração por alguns segundos, envolvida pela onda de emoções que a invadiam e a deixavam vulnerável. Ele ainda podia magoá-la muito, e ela temia que o fizesse na primeira oportunidade. Não conseguiu mais continuar pensando, pois ele a apertou contra si, ergueu-lhe o queixo, e aproximou o rosto para beijar-lhe suavemente a boca. Kate prendeu a respiração, com as pernas trêmulas, rendendo-se à paixão tão intensa que parecia derretê-la por dentro. Sem poder se conter, com um gemido, ela entreabriu os lábios para receber a invasão da língua de Rod, e enlaçou-lhe o pescoço. Rod também entregava-se todo àquele beijo. Kate podia sentir a excitação do corpo dele de encontro ao seu. Mais um segundo, e não poderiam parar. Teve que contêlo, pois, com tantos convidados, não havia jeito de escapulirem até a cabana do jardim. Com esforço, Kate afastou os lábios, e encostou a cabeça no peito dele. Mal podia respirar, de tanta excitação. Sentia a boca inchada, arranhada, e lambeu o lábio inferior para aliviar a dor e diminuir a tensão. De repente, lembrou-se de que, na manhã seguinte, ele iria partir. Não podia aceitar a ideia de se separar dele. Então olhou-o suplicante, e murmurou. — Leve-me com você, Rod. Rod ficou tenso. A expressão de desejo desapareceu, e ele falou secamente: — Você nunca perde uma chance, não? — Havia um tom de mágoa na voz dele. — Você fez isto de propósito, não foi? Excitou-me loucamente, a fim de que eu ficasse fora de mim o bastante para mudar de ideia. Você é uma bruxa, uma feiticeira de olhos cor de esmeralda. Mesmo comovido com sua tentativa, eu não poderia concordar, e arriscar... — Isto pode durar semanas e mais semanas, Rod. — Eu já lhe expliquei que esta viagem será muito perigosa. Não quero arriscar sua vida. Se algo acontecer com você... — Ele ficou mais sério. — Oh, Kate, meu tesouro! Minha querida, por que não tenta me entender somente desta vez? Por que é tão difícil aceitar a minha decisão? A teimosia de Rod irritava-a, mas ela respondeu suavemente: — Não sou do tipo de pessoa que abaixa a cabeça sem antes lutar pelo que quer. Serei sua esposa, Rod. Mas você não pode me tratar como uma escrava, dando ordens sem aceitar meus protestos. Tenho o direito de tomar minhas próprias decisões. Não tenho medo, e se algo acontecer comigo a culpa não será sua. — De qualquer jeito eu me culparia. — Rod abraçou-a, como se Kate fosse algo precioso demais para ele. — É um instinto masculino proteger a própria mulher. Nada que fizer ou falar pode mudar a minha decisão. — Mas... — Mas se quiser tentar de uma outra maneira, poderei pensar no caso — ele continuou, malicioso. — A última tentativa foi adorável. Aquele tom de zombaria aumentou a raiva de Kate. — Seu patife! Nada me fará beijá-lo novamente. E se pensa que vou acatar humildemente as suas ordens... — É o que espero que faça, Kate. — Você está errado! — Veremos. Os olhos de Kate brilharam, rebeldes. Estava prestes a dizer algo que o colocaria a nocaute, quando alguém aproximou-se deles, Rod aproveitou para deixá-la um instante e, desculpando-se, afastou-se com ar vencedor e divertido. Kate não teve outro jeito a não ser frear a fúria. Sorriu, e falou baixinho:

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Veremos o que acontecerá, meu querido. Veremos. — Não valia a pena continuar a discutir com Rod. Ele veria quem era mais teimoso; tinha que arranjar uma saída. Quando Rod tornou a encontrá-la, pareceu-lhe que toda a zanga dela havia se evaporado, como por encanto. Kate era toda sorrisos. — Acho que está na hora de aproveitarmos a nossa festa de noivado. — Ela suspirou, e pegou-lhe a mão. — Pensei que era o que fazíamos. — Você sabe o que quero dizer. Não deveríamos desperdiçar nossa última noite com uma discussão sem fim. Acho que deveríamos. . . — Voltar a nos divertir — Rod completou e sorriu, beijando-lhe as mãos com uma delicadeza incrível. — Tem alguma sugestão? — Tenho várias — ela admitiu, olhando com ternura as mãos dadas. — Vou lhe mostrar mais tarde. Devagar, ele tomou-lhe a mão novamente, e beijou-a com carinho. — Não sei se posso esperar até mais tarde — ele murmurou, por entre os dedos delicados de Kate. — Talvez esteja na hora de um homem crescido como você desenvolver um pouco de autocontrole — ela respondeu ironicamente, puxando a própria mão antes que ela mesma perdesse o controle. — Afinal de contas, a ideia da festa foi sua. A sua escrava aqui teve muito trabalho em prepará-la, portanto, quero dançar, dançar e dançar. Kate se soltou dele, e saiu em direção ao salão. De repente, ele estava correndo atrás dela, determinado a ser o único homem com quem ela dançaria naquela noite. Tarde demais. Kate rodopiava nos braços de um outro. Durante o resto da noite, nenhum dos dois tocou de novo no assunto da expedição. Embora nada falassem, pensavam constantemente na questão. Kate sorria, e dançava com outros homens, de propósito, só para deixar Rod com ciúme. Mas, no fundo, não parava de se atormentar, pensando na viagem e em sua frustração. Precisava dar um jeito de ir. Ia conseguir, custasse o que custasse.

Capítulo 10

Nuvens altas cobriam o céu, que ficava cada vez mais escuro, à medida em que o sol se escondia no mar resplandecente com raios dourados. Rod mal notava o ronco do motor do barco ou o balanço das águas sob o Esmeralda, enquanto caminhava pelo convés. Entrou em sua cabine, bateu a porta, e colocou uma bandeja de comida quente sobre a mesa. Havia filé de frango frito e purê de batatas com um molho de creme. Estava cansado e esfomeado pelo longo dia de trabalho no mar. Pretendia agora comer, e dormir algumas horas. Tirava a camisa que vestia, enquanto se dirigia ao armário, no outro lado da pequena cabine. Abriu o armário, e puxou um cabide, mas este não se soltava; então, puxou com mais força. — Ai! — uma voz exclamou, lá de dentro. — Cuidado! Você está arrancando meus cabelos pela raiz. 49

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Havia apenas uma mulher que possuía uma voz tão impertinente! E ela estava em Key West, organizando os preparativos do seu casamento. Rod se afastou, e observou um braço bronzeado e delicado desenrascar uma mecha de cabelos negros que havia se prendido no cabide. Então a mão, educadamente, estendeu-lhe o cabide. Kate não estava em Key West! Estava bem ali, em seu armário. Rod ficou tão chocado e furioso que o cabide escorregou-lhe da mão, e caiu no chão. Espiando por entre as roupas dele, um par de olhos verdes brilhavam, triunfantes. Rod ficou vermelho de raiva. — Kate! Que diabos pensa que... Kate interrompeu-o: — Acho que já está na hora de sair daqui, se quer mesmo saber. Não fique me olhando assim. Por que não me dá sua mãozinha, e me ajuda a... — Esqueça! — A voz gelada cortou a fala de Kate. Sem ajuda de Rod, Kate saiu do armário, pegou a camisa das mãos dele, e pendurou-a dentro do guarda-roupa. Depois começou a se esticar e a massagear os ombros com ambas as mãos. — Não sei se serei capaz de ficar em pé com a espinha reta novamente. Nunca mais escolherei lugares pequenos e escuros para esconderijo. O belo rosto de Rod estava sombrio. Observava-a em cada movimento, ouvindo-a, sem esboçar qualquer sorriso. — Você se acha muito espertinha, não? — Eu acho que estou com fome. Você poderia ao menos cumprimentar-me com um beijo, e fingir que está feliz em me ver. — Estou muito longe de me sentir feliz ao vê-la. E não vou dar nenhum beijinho. — Faça como quiser. Mas, caso mude de ideia, talvez eu não seja tão receptiva quanto agora. E, já que eu sou a única mulher a bordo, poderá se arrepender. Há vários homens no barco, e poderei escolher outro à vontade. Da garganta de Rod saiu um som gutural e Kate, prudentemente, fugiu do alcance dele, sentando-se no banco junto à mesa. — E acho melhor você buscar mais comida. Isto não é suficiente para dois, e não quero que você fique sem comer. — Você não poderia mesmo acatar as minhas ordens, e ficar em Key West, no seu cantinho, poderia? Kate estava ocupada, desenrolando o guardanapo de papel dos talheres. Metodicamente, esticou o guardanapo no colo. — Não — respondeu, lacônica. Depois, levantou o garfo e a faca, e cortou um pedaço do filé de frango. — Será que não lhe ocorreu que talvez eu estivesse certo em querer mantê-la em Key West? — Rod perguntou. — Oh, tenho certeza que pensa que estava certo — disse, antes de mastigar um pedaço de frango. Provou o purê. Era difícil sentir-se culpada, quando estava esfomeada. O delicioso purê derretia-se em sua boca. — O cozinheiro não é mau. Ele se inclinou sobre a mesa, e encarou-a com olhos de aço. — Você é tão mimada que tudo tem que ser do seu jeito, não é verdade, Kate? Uma repentina sensação de medo deixou-a pálida. — Talvez você é quem seja mimado, Rod. Só porque é um homem, não significa que suas opiniões são superiores às minhas. — Isto está me parecendo uma batalha de sexos. — Exatamente.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Cansada de encarar os olhos azuis tão frios de Rod, Kate voltou os olhos para o prato. Estava cansada de tentar ser agradável, e ele se recusava a sorrir. De repente, ele a agarrou pelo punho, e Kate levou um susto. O garfo que tinha na mão chocou-se com o prato da mesa. Ele a levantou, e puxou-a para si, até que ela o encarasse. — O que a faz pensar que é apenas uma batalha de sexos? A situação é muito complicada, Kate. Hoje tive a certeza de que teremos problemas em breve, e este é o último lugar onde você devia estar. — Você está me machucando, Rod. Por um segundo ele apertou-lhe o braço com mais força, e depois a largou. Kate caiu sentada na madeira. Um momento de silêncio pesou no ambiente, antes que Kate perguntasse: — Como você tem certeza de que algo irá acontecer? — A noite passada, depois da festa, o meu laboratório foi arrombado, e algum ladrão roubou todos os meus documentos relacionados ao Marta lsabella. O pior é que não posso confiar nem mesmo na minha tripulação. Esta manhã, um pouco depois de termos deixado Key West, alguém invadiu minha cabine, e revirou tudo. Nada sumiu mas, se acharmos alguns milhões de dólares em ouro e prata, certamente teremos alguma companhia desagradável. — Eu posso me cuidar muito bem. — Eu também, se você não estivesse a bordo. — Não vejo qual a diferença... — Não? Então deixe-me explicar. Já passei por maus bocados em minha vida, e não é fácil me amedrontarem, mas com você por perto não poderei me concentrar em nada, pensando em você, que está aqui, correndo perigo. Sempre fui um homem solitário, Kate. Já perdi todas as pessoas que me eram caras, e não posso nem pensar na possibilidade de perder você. Será que isto não é o suficiente? — Ofegante, ele abriu a porta, e disse: — Preciso de ar fresco. Aproveite bem o seu jantar e a minha cama. — É o que pretendo. Rod ficou furioso, e preparou-se para sair. Alegremente, Kate acrescentou: — Eu não me importo em dividir a cama. — Muito obrigado, mas eu me importo. Vou dormir com a tripulação. Quanto menos nos vermos, melhor. Kate não contava com aquilo. — Você poderia me jogar aos tubarões. — Não me tente.

Chegaram ao local da exploração na manhã seguinte. Rod mandou alguns homens mergulharem e marcarem com cabos de aço entre os corais um local exato para deixar o Esmeralda ancorado. Logo após o trabalho ter sido feito, ele mergulhou pessoalmente para fazer a inspeção. Um dos cabos estava mal colocado, e teria que ser reposto. Cada detalhe era meticulosamente filmado por uma outra equipe especialmente contratada para aquele fim. Kate pensara que uma boa noite de sono seria o bastante para melhorar o humor de Rod, mas bem cedinho, quando ele entrou silenciosamente na cabine para pegar algumas roupas limpas, comprovou o contrário. Ele nunca fora tão frio assim com ela, desde que a descobrira no armário. Rod abriu uma gaveta do armário, e começou a vasculhar.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Que droga é essa? — quase gritou, engolindo uma praga, enquanto erguia um baby-doll rendado, com lacinhos de cetim. As próximas peças que achou foram algumas calcinhas de náilon com rendinhas. Acendendo a luz, gritou em direção ao volume protegido por um cobertor, em sua cama: — O que você fez com as minhas roupas, mulher? Com um puxão forte, ele tirou-lhe o cobertor, e aquele foi o seu primeiro erro. No primeiro instante, ficou paralisado, sentindo as têmporas latejarem. Ela estava preguiçosamente estendida, e toda a sua opulência e beleza feminina estava à mostra. Ela se esticou, e Rod ficou a observar aquele corpo delicado e a pele de cetim. Kate acordou de imediato, olhando sonolentamente para o gigante furioso na beira da cama, que agitava nos braços uma calcinha e um sutiã. — Bom dia, Rod — disse, dengosamente. O rosto sonolento e preguiçoso de Kate era muito gracioso. Parecia descansada, como se tivesse dormido profundamente. Seus cabelos estavam esparramados pela cama. A boca macia desenhava-se num sorriso tentador que atraía, zombava e prometialhe êxtase. Ela sentou-se na borda da cama, enquanto os longos cílios pestanejavam languidamente, e os olhos adquiriam o brilho de um novo dia. Não se incomodou em se cobrir, e parecia divertir-se com o olhar confuso de Rod. — Espero que seja mais simpático desta vez — murmurou, timidamente. Rod estava a um passo da loucura ao vê-la nua na cama dele, fazendo-lhe um convite mudo, mas insinuante. Sentiu o estômago dando um nó de raiva e desejo. Não sabia se queria estrangulá-la ou fazer amor com ela. Evitava olhar para Kate, e ela caiu na gargalhada, divertindo-se muito com o malestar dele. — Você é tão tolo, Rod. O que pensava estar fazendo ao abanar minhas peças íntimas, como se fossem bandeiras de guerra? Eu acho que uma garota precisa de um pouco de privacidade. — Sairei deste quarto, e lhe darei toda a privacidade de que necessita, assim que me disser o que fez com minhas roupas. — Acho que não preciso de tanta privacidade, querido. Ele correu os olhos por aquele corpo luxuriante. — Não brinque comigo, Kate — murmurou. — Pensei que gostasse de... brincar comigo — ela sussurrou, em voz baixa. — Ao diabo... Eu encontrarei minhas roupas sozinho. Ele se virou, e puxou outra gaveta com força. Dois biquínis caíram no chão. Estava prestes a abrir outra gaveta, quando ela o deteve: — Não há necessidade de fazer tanta bagunça — falou, apontando para o armário no outro lado da cabine. — Achei que seria melhor deixar suas roupas juntas no armário, e as minhas nas gavetas. Rod pegou tudo o que precisava, e já estava quase saindo, quando ela disse docemente: — Por favor, apague as luzes antes de sair. Gostaria de dormir mais um pouco. Rod deu uma pancada na parede, e a cabine ficou no escuro.

O tempo passou, mas nada melhorou entre os dois. Rod não aceitava a ajuda de Kate, concentrando-se no trabalho, e ignorando-a por completo. A princípio, ela ficou magoada e se trancou na cabine, mas percebeu que era exatamente o que ele queria. Então, para provocá-lo, decidiu ficar amiga da tripulação, em particular de Cappy, o cozinheiro. Seu maior triunfo era perceber Rod cada vez mais nervoso, sempre que a via 52

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major conversando ou rindo com alguém da tripulação. A amizade dela com Cappy irritava-o profundamente. Os dias se passaram, e a tensão entre os dois piorou. Como Rod controlava todas as operações ficava difícil para Kate participar dos trabalhos, e saber detalhes do que acontecia. Enquanto todos estavam ocupados com cartografias, filmagens ou mergulhos, ela nada tinha para fazer. Aproveitou então para passear pelo barco, e não demorou muito para que conhecesse cada detalhe do Esmeralda, um modelo adaptado da Segunda Guerra Mundial. Ficou impressionada com os modernos equipamentos de busca que Rod instalara a bordo. Logo Kate percebeu que algo não estava perfeito a bordo, e que a tripulação não trabalhava em conjunto. O clima tornava-se cada vez mais tenso. Muitas vezes, os marinheiros discutiam entre si, todos com os nervos à flor da pele. Parecia que eram observados, mas ela não podia ter certeza. Um mês se passou, e a única coisa que acharam do tesouro foram vinte peças de ouro, entre correntes e moedas, e duas âncoras. Mas nem Rod nem a tripulação desanimaram. Os destroços do Marta Isabella estavam espalhados por muitos quilômetros de corais e areia. Resgatar um navio daqueles poderia levar anos a fio. Cada descoberta era cuidadosamente assinalada num mapa. Kate não tinha permissão para mergulhar, então passava horas estudando os mapas, e pensando. Muitas vezes lia e relia a cópia da carta do capitão espanhol pela qual Jake descobrira o local dos destroços. Certa noite em que Kate não conseguia dormir, ela pulou da cama, e foi até a mesa de Rod. Olhou para os mapas. Rod estivera se concentrando na parte sul do recife, pois achava que era o lugar aonde as correntes levariam os destroços perdidos. Mas, e se o galeão tivesse quase atravessado o recife pela parte norte e sofrido um acidente? E se... Kate quis contar correndo sua ideia para Rod, mas ele andava tão frio e distante com ela que não ouviria suas teorias. Rod continuava a mergulhar no extremo sul do recife. Kate implorou para que ele mudasse de ideia, e desse permissão para que ela mergulhasse, mas ele continuou a negar. Particularmente naquela manhã, estava sendo muito frio com ela, e antes dele próprio mergulhar repetiu as ordens severas que a proibiam de fazer o mesmo. Furiosa, ela o observou saltando no mar. Quem Rod pensava que era? Ela fora obediente aquele tempo todo, e o que conseguira? Será que ele não percebia que ela já estava cansada de nada fazer, a não ser observar gaivotas sobrevoando o barco e tartarugas pelo recife? Kate olhou o próprio reflexo no mar, que brilhava como um espelho. A tentação de desobedecê-lo era muito grande. No máximo, ele ficaria furioso. "Que importa? Pelo menos, mudo um pouco o humor dele, que anda tão frio", Kate pensou. Alguns minutos depois, lá estava ela, com todos os apetrechos de mergulho, pronta para pular na água. Sentiu o choque inicial contra a água gelada, mas logo se acostumou. Não havia nem sinal dos outros mergulhadores. Rapidamente, nadou para o extremo norte do recife, e foi para o fundo. No começo, não via nada interessante. Então, a uns sessenta metros de profundidade, perto de uma barragem de corais, viu uma coleção de pedrinhas brilhando no fundo. Aproximou-se mais um pouco, e observou os pequenos objetos verdes, azuis e dourados a brilharem perto de alguns corais. Com uma luva, ela pegou algumas daquelas peças. Percebeu então que se tratava de uma parte do tesouro que o Marta Isabella transportava. Excitada, Kate apanhava as

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major pedras e colocava-as na bolsinha que levara. Quando acabou de apanhar as peças nadou mais um pouco, e achou algo tão interessante quanto a primeira descoberta. Um canhão solitário estava enterrado na areia branca quase por inteiro. Mas o que lhe chamou a atenção foi uma ponta de metal que sobressaía do fundo. Tentou puxar o metal, mas ele não se moveu. Parecia um enorme lingote de prata. Kate começou a varrer a areia com a mão. De repente, algo faiscou contra o fundo branco. Pegou um pedaço de metal, e percebeu que era um escudo de ouro bastante irregular. Ao peneirar a areia com os dedos, achou uma moeda atrás da outra. Havia tantas que o chão parecia acarpetado de ouro. O tesouro! Ela achara o tesouro! Não demorou muito para que a bolsinha que Kate levara se enchesse demais, e quase arrebentasse. Não havia jeito de carregar o lingote de prata para cima sem ajuda. Kate voltou à superfície, cuspiu o bocal do respirador, e subiu a escada lateral do Esmeralda. A primeira pessoa que ela encontrou quando subiu no convés e tirou a máscara foi Rod, que a olhava irado como um caçador impiedoso diante da presa. Sentiu o coração palpitar em pânico, mas, com gestos estudados, sacudiu a água dos cabelos. Rod ainda estava molhado, com a jaqueta de borracha aberta até a cintura. Todas as vezes que Kate observava aquele peito musculoso, ficara espantada com a rigidez e força que ele demonstrava. Rod caminhou na direção dela com uma expressão de superioridade. — Que diabos você estava fazendo? — rugiu, com o rosto pálido de raiva. Kate levantou o queixo, e o encarou firmemente. Um segundo atrás, ela estava tão feliz, tão ansiosa para contar-lhe as novidades, e agora ele arruinava tudo. Falou-lhe com a mesma frieza: — Tenho certeza de que não preciso responder, não é? — A minha ordem foi muito clara. Você não devia ter mergulhado. — Você me provocou além da conta, Rod. — Você é quem passou dos limites! — ele falava em voz alta, com os olhos faiscando de raiva. — De agora em diante, você ficará trancada na cabine, e só vai sair ao convés quando eu permitir. O desdém na voz dele deixou-a indignada. — Você está errado, Rod. Eu queria fazer parte da expedição, mas você bancou o tirano, e me deixou de lado. Eu só pretendia ajudar um pouco, que mal há nisso? Rod bufava, indignado. Mas ela não lhe deu tempo de interromper. — Você não iria deixar eu mergulhar, então tive que fazer as coisas por mim mesma. — Acho que está na hora de eu fazer as coisas por mim mesmo. Rod agarrou-a, segurando-a pelos braços, e a ergueu no colo, enquanto a tripulação assistia à cena, boquiaberta. — Você vai ficar trancada na cabine até que eu decida o contrário — gritou, impiedoso. — Me largue! — Kate esperneava, chutando-o. Todos os homens, exceto o cozinheiro, vibraram com a atitude de Rod, e torciam por ele. Kate ficou vermelha, envergonhada, porque Rod estava fazendo com que ela se parecesse uma mulher vulgar. Ferida em seu orgulho, ela não conseguia agir racionalmente. Então, lembrou-se do saco de pedras preciosas que tinha na mão, e atirou-o no convés. O saco se arrebentou com o choque, e as moedas voaram pelo chão. Rod não prestava atenção. Segurando-a pela nuca fez com que ela se inclinasse para receber um beijo dolorido, exigente e possessivo. 54

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Os homens gritavam, maravilhados, enquanto catavam as pedras e moedas. — Ouro! — Kate achou o tesouro! A loucura que excitava a tripulação era diferente da loucura que excitava os corpos de Kate e Rod. Ele a beijava cruelmente, e Kate pensou que ele lhe quebraria o pescoço com toda aquela pressão. Beijaram-se até quase perderem completamente o fôlego. Kate estava tonta. Com medo. Com desejo. Era toda dele. Não havia mais um conquistador ou um conquistado. Nada importava mais a Kate, senão Rod. Ela abriu os lábios, e devolveu-lhe o beijo, ardentemente. Ela pertencia a Rod. Sempre pertencera. Sempre pertenceria. Mas para sua surpresa, ele a largou, e ambos ficaram encarando um ao outro. O rosto dele era quente, intenso, ansioso. Ele a desejava ardentemente. — Vá para a cabine, e espere por mim — disse, num tom furioso, como se nada tivesse acontecido. — Oh, Rod! —- ela murmurou, suavemente. — Eu... — Vá para a cabine. Agora! — ele ordenou, seco e frio. Desta vez, ela resolveu obedecer. Segundos depois, Kate estava examinando os lábios machucados pelo beijo, quando ele entrou sem bater na porta. Kate sentia o corpo tremer, não sabia se de ódio ou desejo. Ela havia sido humilhada e machucada. Deveria odiá-lo por isso, mas amava-o loucamente. Rod percebeu as marcas que havia feito nos lábios dela, e sentiu-se mal. Não era justo que a tratasse tão mal na frente dos homens. Não a culparia se ela o desprezasse ou lhe dissesse que não queria mais nada com ele. — Desculpe-me pelo que aconteceu há pouco. Perdoe-me se machuquei você — Rod falou, num tom baixo e tenso: — Eu... estou bem — ela gaguejou.- — Ficarei na cabine de agora em diante, se preferir assim. Ele estudou-lhe o rosto solene e singelo por um bom tempo, torturando-a com seu silêncio, e por fim sorriu, aliviado e feliz. — Você é muito travessa, Kate. — O quê? Não acreditando no tom macio e carinhoso da voz dele, Kate se virou para encarálo. — Você é uma menina muito esperta. — O que quer dizer com isto? — perguntou, com esperança na voz. — Você achou o tesouro. Se você não colocar o tanque de oxigênio e mergulhar para mostrar aos homens onde achou as pedras, haverá um motim, e seriam capazes de me enforcar. — Quer dizer que eu posso mergulhar? Gentilmente, ele a abraçou e beijou-lhe a boca, só que desta vez foi um beijo longo, suave e sem exigências. — Será que tenho outra escolha? — Ele brincou, e sorriu. Rod beijou-a novamente, e o sangue corria-lhe nas veias com a turbulência de uma tempestade. Com as mãos, abaixou o zíper do colete de borracha que ela vestia, que caiu no chão, revelando um corpo quente e úmido. Interromperam o beijo, e ficaram encarando um ao outro, os olhos brilhando como se estivessem sorrindo. — E os homens? E o tesouro? — ela murmurou.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Eles esperarão. — Foi a última coisa que Rod disse, enquanto a levava para a cama.

Capítulo 11

Rod e Kate mergulharam por horas a fio no fundo daquele mar cristalino e límpido. Cardumes de peixes multicoloridos passavam pelos dois, que nadavam sempre juntos. Subiram até a superfície, tiraram as máscaras e trocaram um sorriso de cumplicidade ao avistarem o Esmeralda a uma certa distância. O barco de Rod estava agora exatamente sobre o local dos destroços. Ele e Kate haviam escapulido para namorar, enquanto a tripulação continuava no agradável trabalho de retirar do fundo do mar barras de até trinta quilos de prata pura. Os lingotes, enegrecidos e oxidados, eram empilhados entre os tanques de ar, âncoras e ferramentas. Rod ajudou-a quando chegaram à praia, tirando-lhe o tanque das costas. Kate engoliu ar para desobstruir os ouvidos, que estavam sob uma pressão irritante. Repetiu a operação, e dessa vez sentiu a cabeça aliviada, os ouvidos desentupidos. — Você está bem? — ele perguntou, com delicadeza. Kate respondeu com um movimento afirmativo da cabeça. Ele pegou-a pela mão, e conduziu-a até a praia. A ilha deserta era paradisíaca, uma joia branca perdida no meio do mar. A vegetação tinha um verde intenso e, devido à ação das águas e do vento, a areia que cobria a ilha era fina como talco, com alguns restos coloridos dos corais. Uma rocha esculpida pela erosão apontava para o mar. — Olhe, Rod. — Kate apontava a rocha, admirada. — Aquilo se parece com a proa do Esmeralda. Rod inclinou a cabeça e com um olhar crítico estudava a escultura, olhando uma vez ou outra para o Esmeralda com olhar duvidoso. De repente, voltou-se para Kate com um sorriso travesso: — Se você acha... — Mas você não acha que é bem parecido? — Eu não sei se parece ou não. — Rod riu, contente, e aquele som feliz encheu-a de ternura. — Rod, você não tem um pingo de imaginação. — Kate brincou. — Oh, é claro que tenho imaginação. — Como, por exemplo? Rod deu um sorriso quente e preguiçoso. Ele olhou-a da cabeça aos pés, voltando a admirar os seios viçosos que a parte de cima do biquíni vermelho mal escondia. Era um olhar que desnudava e acariciava ao mesmo tempo. Kate estremeceu de prazer, reagindo femininamente. — Agora mesmo posso imaginar você e eu, sem estes tanques e roupas de banho atrás daquela pedra de que tanto gostou. Eu a beijaria todinha, e daí você faria o mesmo. Tudinho. E... — Chega. — Eu não cheguei à parte mais interessante. — O sorriso de Rod se alargou. 56

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Você só pensa em sexo! Mas ela também não podia tirar os olhos daquele corpo tão másculo e delicioso. Toda vez que estava perto dele, sentia uma vontade irresistível de tocá-lo. Uma sensação excitante e íntima percorreu-lhe o corpo todo. Estavam sozinhos numa ilha deserta. Os sentimentos mais selvagens brotavam à flor da pele. — Será que você não está pensando a mesma coisa? — Rod sorriu-lhe, zombeteiro. — Sua mente é mais suja do que a minha. Às vezes tenho as minhas fantasias, mas na sua isto acontece o tempo todo — ela respondeu, mordazmente. — Não é verdade. Fiquei a manhã toda pensando em lingotes de prata e escudos de ouro. Não acredita? Kate sacudiu a cabeça, e mudou de assunto: — Então você pediu pelo rádio que outro barco viesse também? — Quero mandar o Esmeralda a Key West para ser descarregado. — Contanto que eu fique por aqui, está ótimo. — Você sabe que eu não faria nada sem você do meu lado. — É, demorou um bom tempo para que percebesse. Rod ficou com uma expressão de dúvida no rosto. — Sabe, talvez seja melhor mandar você de volta. — Nem pensar! — Kate, você estará bem em Key West. Eu fico inseguro com tantas preciosidades no barco, e sempre há o perigo dos piratas. — Mas ninguém está sabendo. — Tentei adiar, mas tive que avisar às autoridades. — Depois do baú de moedas de prata que achamos à noite passada e do lingote de prata de hoje, quanto tesouro temos a bordo, Rod? — Bem — ele começou —, há uma pilha de moedas de ouro, dez baús de moedas de prata, cinco barras de ouro, setenta lingotes de prata... — E aquele cálice amassado de ouro, que Cappy achou. Oh, Rod, Jake ficaria tão comovido! Veja só, agora todos perceberão que o sonho dele não era uma farsa nem loucura. Ele estava certo o tempo todo. — E isto é tão importante para você? — Rod perguntou, gentilmente. — Mais importante do que qualquer outra coisa. — Sabe, Kate, estive pensando em não vender a minha parte do tesouro, e abrir um museu dedicado a Jake. — Oh, isto seria maravilhoso, e todos saberiam que Jake não era apenas um sonhador. Na verdade, o tesouro e o dinheiro nunca foram tão importantes assim. — Isto se não misturar seus sentimentos em relação a Jake — ele falou, e de repente ficaram num silêncio constrangedor. Ele então continuou, mais calmo: — Afinal, foi por causa do dinheiro que você aceitou casar-se comigo. — Não foi esta a razão, Rod. — Então, por quê? Kate engoliu em seco. Chegara o momento da verdade. — Foi porque eu amava você, Rod — confessou, finalmente. Por um instante ele ficou sério, como se não acreditasse nas palavras dela. Depois, perguntou: — Por que você usou o verbo no passado? — Usarei no presente, então. Eu amo você, Rod. — Mas você nunca demonstrou. Kate lembrou-se de suas razões. Quando Rod a deixara, ela se fechara em si mesma, com medo de enfrentar o mundo. Ele ficara rico e famoso, enquanto ela possuía 57

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major um barco penhorado e um diploma universitário. Ele era bonito, e podia ter todas as mulheres que quisesse, mas ela não passava de uma sonhadora. — Oh, Rod, você não sabe o quanto eu tive medo! — sussurrou. — Meu tesouro, você nunca deveria ter medo. — Ele a confortou, abraçando-a. — Rod, por que você me abandonou há dez anos atrás? — Eu já lhe disse o porquê! Kate sentiu as mãos dele acariciando-lhe os cabelos úmidos. Será que ele também a amava? Agarrou-se a ele, finalmente sentindo-se segura nos braços do homem que amava. — Acho que eu era insegura demais para acreditar em você — murmurou. — Acredite em mim, Kate. Aquilo me magoou tanto quanto a você. Eu a amava, e continuo amando. Mas estava confuso, pensei que me queria pelo dinheiro. Uma parte de mim ainda acredita que, se eu não tivesse tanto dinheiro, as pessoas me desprezariam novamente, e nenhuma mulher gostaria de mim. — Oh, Rod, sinto muito! — Nem mesmo quando Jake percebeu que eu estava apaixonado por você, e me ofereceu a grande chance da minha vida para subir, consegui superar esse sentimento de rejeição. Aquilo foi um choque para mim. O homem que sempre fora o meu herói me rejeitara, porque eu não tinha dinheiro suficiente para oferecer à filha dele. E o próprio Jake também havia começado do nada. — Ele nunca me falou do passado dele. — Jake sempre a amou acima de tudo. Você não precisava ficar provando que podia substituir o filho que ele não teve. — No começo eu tinha uma certa desconfiança de você em relação a Jake, mas logo superei. Ele queria ver você feliz, e eu pude compreender o porquê. Talvez se você não tivesse se casado... — Ah, meu casamento! Logo que Jake me despediu, casei com Carla, pois estava sozinho, e ela era a única pessoa que tinha algo a ver comigo. Mas ela não me amava realmente, apenas gostava de meu jeito de menino rebelde. Quando eu decidi tentar me colocar nos padrões da sociedade, ela perdeu o interesse, e foi à procura de outros homens que pudessem lhe oferecer uma vida agitada e cheia de aventuras. — Rod, eu quase morri, quando você se casou. — Mas nunca demonstrou. — Eu era muito orgulhosa. Sempre amei você! E é a você que eu amo, e não sua fama de rebelde, seu dinheiro, ou seu sucesso. Você é tão lindo, tão grande, tão sexy, tão maravilhoso! Ele soltou uma gargalhada, pois agora podia acreditar nela. — Continue, continue. — Ora, seu egomaníaco machão! — Ela brincou. Rod continuou a rir, mas ficou sério, quando falou: — Você sempre foi a única mulher de minha vida, Kate. Kate sorriu, e seus cabelos soltos esvoaçaram ao vento, enquanto os olhos verdes brilhavam como nunca. Para Rod. ela nunca antes estivera tão linda. — Você ainda quer mudar o meu jeito de ser? — Kate perguntou. — Não, eu a quero do jeito que você é, Kate — Rod falou, beijando-a ardentemente no pescoço. — Agora, acho que está na hora de provar a você que eu realmente tenho imaginação. Pegando-a no colo, caminhou até um recanto aconchegante atrás da enorme rocha esculpida pelo mar.

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Oh, Rod, querido! — Kate murmurou, sedutoramente. Pousando-a na areia, Rod soltou o nó da parte de cima do biquíni, livrando os seios, carnudos e tentadores. Com a ponta dos dedos, acariciou os mamilos, até ficarem duros, e beijou-os. — Hum, que delícia — disse Rod, lambendo as aréolas rosadas. — Ficam assim, sempre que penso em você. — E, depois, eu é que sou o sexomaníaco. — Eu não estava pensando em sexo, estava pensando em você. — E qual a diferença? — Qualquer dia eu lhe explicarei. Agora, neste momento, quero apenas amá-lo. Cheio de desejo, ele se deitou sobre ela, e beijou-a profundamente. Kate correspondeu com ardor. Agora não tinha mais medo de amá-lo, de estar com ele. Finalmente Rod era dela, e descobrira que ele a amava. Abraçada a Rod. Kate acordou repentinamente. A noite estava profundamente escura, sem nenhum sinal da lua e das estrelas. No interior da cabine, o calor fazia com que os corpos de ambos grudassem de tanto suor. Ela rolou para o lado, escutando os sons da noite: o barulho das ondas batendo contra o casco do Esmeralda e o Incessante ruído das bombas da casa das máquinas. Estava quase pegando no sono de novo, quando ouviu o motor de um barco se aproximando. O que significaria aquilo? Seria um sonho? Porém, o balanço das ondas embalou-a novamente, e ela adormeceu. Algum tempo depois Kate despertou novamente. Não conseguia pegar no sono de jeito nenhum. Havia algo estranho no ar, um clima diferente e tenso. Levantou-se da cama. A cabine continuava abafada e quente. Ela pensou em acordar Rod, que estava estirado na cama, mas desistiu da ideia: ele trabalhara muito duro no barco depois que voltaram da ilhota, e merecia o repouso. Decidida a respirar um pouco de ar fresco, resolveu sair para o convés, onde poderia apreciar a brisa do oceano. Cuidadosamente, desceu do beliche, vestiu o biquíni, e colocou uma blusa e um short por cima. Em seguida, atravessou a cabine na ponta dos pés, e abriu a porta. Uma leve brisa a envolveu imediatamente. A noite estava calma e bela, mas ao pousar os pés no convés, teve certeza de que algo estranho estava acontecendo. Caminhou até o local onde Cappy devia estar de vigilância naquela noite, mas nem sinal dele. Kate chamou-o em vão. Amedrontada, ela se virou, e viu um barco pesqueiro amarrado ao lado do Esmeralda. Era o barco de Don! Apressada, dirigiu-se ao poço de mergulho, no centro do barco. Deduziu que Don certamente estava lá por causa do tesouro. Kate sentiu o coração disparar. Pensou em Rod, que estava dormindo, completamente vulnerável. Tinha que avisá-lo. Estava prestes a subir as escadas, quando ouviu a voz de Don: — Temos que pegar Reynolds de surpresa. Kate quase caiu para trás, sufocando um grito na garganta. As mãos dela tremiam, ao segurar a escada. Tinha que arrumar um jeito de avisar Rod. Em pânico, ficou imóvel num canto do pequeno compartimento, escuro como breu, cheirando a mofo e peixe podre. Inclinou-se sobre o poço, e viu a água escura agitandose contra o metal do barco. No escuro, podia sentir a fraca mas intermitente vibração do gerador do Esmeralda. Ou seria o tremor do seu próprio corpo? Oh, o que Rod iria pensar ao ser surpreendido por Don, e ver que ela havia desaparecido? Ele ficaria em pânico, só de imaginá-la correndo perigo. Mas podia pensar também que ela o traíra. Se voltasse agora para lá, pelo menos ele teria a certeza de que

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major ela estava bem, e que não o havia traído. E o que aconteceria com o tesouro? Com Rod? Com o resto da tripulação? Kate tinha que salvá-lo. Ficou pensativa por um bom tempo; então, tirou a blusa, o short e foi até a prateleira onde deixara seus pés-de-pato. Calçou-os. Depois, colocou o tanque de ar e a máscara. Tinha um plano desesperado em mente, mas era perfeito e seguro. Rasgou a blusa, e guardou uma tira de pano no bustiê do biquíni. Então, devagar e em silêncio, mergulhou no poço. A água estava gelada, e o coração de Kate batia descompassadamente. Era perigoso mergulhar naquela escuridão, sem ter avisado ninguém. Inúmeros problemas poderiam surgir: seu equipamento poderia falhar, encontrar tubarões ou correntes inesperadas. Respirando o mais cadenciadamente possível, seguiu até a popa do barco de Don. Saiu à tona ao chegar lá, e na escuridão, apalpando as paredes da embarcação, cortou a mão numa placa de metal solta. Ficou rezando para que o sangue não atraísse os tubarões. Arranhou a mão várias vezes, até achar o orifício que procurava. Fez um bola dos trapos que levara no bustiê, e enfiou-a na abertura. Dez minutos depois, a missão estava cumprida. Voltou então para o Esmeralda. Subiu as escadas do poço, sentindo uma mistura de alívio e medo. Tremia bastante e a água do seu corpo pingava no chão. Estava cansada, pois tivera que nadar contra uma forte correnteza, e a mão ainda estava sangrando. Agora tinha que achar Rod, e ajudá-lo. Kate livrou-se do equipamento de mergulho, sacudiu os cabelos, e vestiu-se. Quando chegou ao convés, o Esmeralda continuava naquele silêncio inquietante de minutos atrás. Caminhou na ponta dos pés em direção à cabine, quando de repente foi segura e teve a boca tampada por uma forte mão. Um homem arrastou-a até um canto escuro. Kate tentou morder a mão e gritar, mas logo sentiu o cano frio de uma arma contra a cabeça. — Eu não tentaria nada, se fosse você, benzinho — o homem que a aprisionava falou. Horrorizada, Kate reconheceu uma voz familiar, que lhe chegara em meio ao cheiro de álcool. — Don! — Fingiu-se surpresa. — Onde esteve, benzinho? Um banho à meia-noite? Kate tremia de medo, e gaguejou ao responder: — E-eu estava com calor. Fui apenas tomar um banho de chuveiro para me refrescar. Don pareceu acreditar. Então Kate viu Cappy, que também tinha uma arma na mão, bem atrás dele. — Onde está o resto da tripulação? — ela perguntou, preocupada. — Lá embaixo. Presos e amordaçados — Don respondeu, sorrindo com sarcasmo. — Don, o que está fazendo? Você não é um pirata! — Acertando velhas contas, benzinho. Certa vez, Reynolds roubou a minha parte de um tesouro. — Tenho certeza que ele o despediu porque andara bebendo demais. — Reynolds é um patife mentiroso e ladrão, benzinho. — Não é verdade. — Leve-me até ele. Don a empurrou pelo convés. Kate estava prestes a gritar, quando Don sussurroulhe no ouvido: 60

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Se abrir a boca, terei de matá-la, benzinho. De qualquer maneira, Rod não acordará tão fácil, pois Cappy botou alguns tranquilizantes na comida dele. Reynolds deve estar dormindo como um bebê. Don empurrou a porta da cabine, e jogou Kate em direção do beliche, ao mesmo tempo que acendia a luz. Rod dormia profundamente, mas acordou, abrindo os olhos sonolentos. Ele só teve tempo de ver Kate presa nos braços de Don, antes de receber uma pancada na cabeça com o cano da arma. Com um gemido agoniado de dor, ele caiu no chão, sem sentidos. Kate deu um grito e, afastando Don do caminho, abaixou-se, e tomou a cabeça ferida de Rod no colo. — Saia já daí, Kate! — Don ordenou, furioso, investindo contra ela. — Não! — ela gritou, desesperada, tentando proteger Rod de outras pancadas. — Pensei que era só o tesouro que queria, Don. — Reynolds trapaceou-me não só no tesouro, Kate. Se não fosse ele, você já teria se casado comigo. Quando eu acabar com ele, mulher nenhuma irá querê-lo novamente. — Não! Se você deixá-lo em paz, Don, eu voltarei para você. Prometo. Você terá a mim e ao tesouro, e Rod ficará sem nada. Lentamente, Don abaixou o braço. Mais calmo, estendeu a mão em direção de Kate, que ficou gelada. Não havia outro jeito, e o pior é que Rod certamente iria pensar que ela o traíra. Pousando a cabeça de Rod delicadamente no chão, foi para junto de Don, que agarrou-a e beijou rudemente. Enquanto isso, Rod começou a abrir os olhos com dificuldade. Sua cabeça rodava e latejava de dor. Escutava algumas vozes distantes, e procurou prestar atenção, sem se mover. — Eu não gostava mesmo de Rod, Don — Kate sussurrava docemente. — Apenas vim com ele porque queria o tesouro. Aquelas foram as palavras mais cruéis que Rod já ouvira em toda a sua vida. A luz ardia-lhe nos olhos. Com dificuldade, conseguiu vislumbrar as sombras que estavam na cabine. — Kate. — Ele gemeu. — Kate. O nome dela brotou em sua garganta como um apelo agonizante de sua alma. Ela o traíra por dinheiro. Ainda conseguiu vislumbrar os olhos verdes, que pareciam terrivelmente amedrontados. Sua cabeça enevoou-se novamente, mas antes de desmaiar, viu-a saindo da cabine abraçada a outro homem.

Quando Rod voltou a si, estava sozinho na cabine. Saiu cambaleando pelo convés até o portão onde estava presa a tripulação. A cabeça latejava de dor, e ele quase desmaiou novamente, mas conseguiu manter-se de pé, e libertar os homens. O tesouro havia desaparecido junto com Don, Cappy e Kate. Rod lembrou-se do modo irritante como Kate vivia elogiando o cozinheiro. Obviamente, ela estava metida naquela conspiração desde o início. E não fora naquela mesma manhã que ela havia dito que o amava? Fora um idiota em ter acreditado. Fora um idiota que sonhara a vida toda em ter o amor de uma família, e chegara até a pensar que seu sonho iria se realizar. Tudo estava acabado entre ele e Kate. Mas o desejo de vingança lhe dava novas forças, e ele iria procurá-la. Nem que tivesse que persegui-la até o fim do mundo!

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Capítulo 12

O pesqueiro de Don seguia em direção a Key West, cortando as águas negras e serenas do oceano. Kate estava sozinha na cabine, vestindo uma camisa enorme de Don. Desesperada, não conseguia parar de pensar em Rod, na ferida na cabeça dele, e na expressão agoniada do seu rosto, quando o deixara para trás. De repente, uma luz vermelha acendeu-se na cabine. Era o sinal que Kate estava esperando ansiosamente. Devia acionar o alarme geral, mas ficou quieta. Só alguns minutos, e seria o bastante. Do lado de fora, ouviu Cappy gritar: — Chefe, está sentindo um cheiro estranho de queimado? Uma buzina irritante começou a soar. — Droga! — ela praguejou. Don veio correndo até a cabine. — Por que não gritou quando a luz vermelha se acendeu? Kate fingiu uma expressão sonolenta, e disse: — Acho que peguei no sono. O que houve? Don correu até o painel, e desligou os motores. — A máquina está fervendo, Cappy! Uma fumaça negra de óleo queimado começou a sair pelas chaminés. — Porcaria! — Don irritou-se. — Eu forcei demais o motor. Vamos ligar novamente, e ver se a água está circulando. Cappy ligou novamente o motor, enquanto Don inspecionava o casco com uma lanterna. . — Cappy, a tubulação de refrigeração deve estar entupida com algas ou alguma outra coisa. Por isso, a água não está entrando. Vou dar uma olhada. Kate prendeu a respiração. E se Don descobrisse que o que estava emperrando a entrada de água fria não era nenhuma alga marinha, e sim um pedaço de sua blusa? — Chefe, há luzes se aproximando. — Reynolds! — Rod... — Kate sussurrou, com alívio e pânico misturados. — Chefe, não há jeito de escaparmos. — É claro que há — Don afirmou, olhando para Kate. — Por que acha que trouxe Kate conosco? Kate ficou paralisada de terror. Não podia deixar que Don a usasse contra Rod. Com um movimento rápido, tirou a camisa, e correu até a proa. Estava prestes a mergulhar na água, quando ele a agarrou pelos cabelos. Entretanto, ela virou-se, e mordeu-lhe o pulso com força, obrigando-o a largá-la, e pulou na água gelada. Kate nadou por baixo da água o máximo que seus pulmões permitiram. Então voltou à tona, mas o Esmeralda já estava do lado do pesqueiro de Don. Kate observava da água, enquanto dois homens agarravam Cappy. Don foi imobilizado por outros três, e alguém foi até a cabine, provavelmente à procura dela. — Ela não está aqui! — o homem gritou. A próxima voz que ouviu foi a de Rod, e Kate nunca a ouvira num tom tão ameaçador: — Se ela estiver machucada, Taylor, juro que vou matá-lo. — E-ela pulou na água! Kate ouviu o som de uma pancada, e Don gritou novamente: — Estou dizendo a verdade! 62

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major — Estou aqui! — Kate berrou, e nadou em direção a eles. Fachos de luz foram dirigidos na direção dela. Dois homens ajudaram-na a subir no barco. Rod encaminhou-se para recebê-la. Estava com a cabeça enrolada em bandagens. O rosto tinha um aspecto sombrio e exausto. Os olhos exprimiam amargura e dor. A única coisa que Kate queria era se atirar nos braços dele e acariciá-lo, mas aquela expressão fria a conteve. Procurou nos olhos azuis e frios a razão para tal comportamento. Rod deu-lhe as costas, e já ia se afastar, quando ela o deteve pelo braço. — Rod. Você tem que me deixar explicar. Rod virou-se, e encarou-a implacavelmente. — Caça ao tesouro novamente, benzinho? — A voz era a de um homem desiludido e indiferente. — Não! Eu te amo, Rod! — Ela não sabia se Rod a perdoaria. — Você tem um jeito estranho de demonstrar seu amor por mim, Kate. — Rod, por favor! — Kate estava pálida. — Se me escutar, compreenderá o que aconteceu. — É claro. Eu seria bastante idiota para acreditar em você novamente. Não quero ouvir uma palavra. Um soluço escapou dos lábios de Kate, e não falaram mais nada.

Havia duas sacolas cheias sobre o beliche da cabine de Rod, e Kate colocava o resto de suas roupas numa terceira bolsa. O barco que ele mandara vir de Key West acabara de chegar, e ela voltaria para lá no Esmeralda, que seria descarregado. Só de pensar que nunca mais veria Rod, parecia que seu coração ia arrebentar de tanta dor. Já havia decidido sobre o que iria fazer. Quando chegasse em casa, quitaria a dívida com Rod com sua parte no tesouro, deixaria o Estrela Brilhante para Pedro e Juan e em seguida, procuraria um emprego de professora em algum outro lugar da Flórida. Kate caminhava pensativa pela cabine. Encontrara-se logo de manhã com Don, que estava sóbrio, e lhe dissera que Rod havia sido indulgente com ele. Prometera perdoá-lo, bastando para isso que prometesse parar de beber, e começasse uma nova vida. Don lhe confessara também que Rod tinha razão, quando o despedira, e que agora estava realmente arrependido e decidido a reabilitar-se na vida. — Quem sabe, Kate — ele suspirava —, se eu nunca tivesse saído da linha, talvez você estivesse agora comigo. Kate estava feliz por Don, e sentiu que Rod fora muito generoso com ele. Ao mesmo tempo, aquilo a intrigava, Como é que Rod conseguia ser tão piedoso com Don, e se recusava a ouvi-la? Ao pensar nisso, sentiu raiva e um nó na garganta. Enterrou o rosto nas mãos, e ficou a murmurar o nome de Rod. Será que suportaria perdê-lo novamente? Amava-o há tanto tempo, e os momentos de felicidade que tiveram juntos foram tão breves... Kate ouviu alguém bater levemente na porta, e abri-la. Levantou o rosto, e deparou com os olhos azuis metálicos do homem que dominava seus pensamentos. — Kate, acho que precisamos conversar. Não podendo aguentar nem mais uma palavra ofensiva, Kate voltou a esconder o rosto entre as mãos, e declarou: — Se está preocupado com o dinheiro que lhe devo, fique tranquilo; eu lhe pagarei até o último centavo. Não ficarei devendo nada a você. — Para você, tudo é dinheiro, não?

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Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Kate levantou-se, e teria fugido porta afora, mas ele pegou-a pelo braço, e puxou-a para si. Durante um instante ficaram a olhar um para o outro, até que ele a beijou violentamente, e então se entregaram ao ímpeto da paixão que os devorava. — Eu te amo, Rod! Eu te amo — Kate murmurava, esfregando os lábios nos dele. — Eu te amo. Oh, Rod, acredite por favor! Rod apertava-a com um braço, enquanto com a mão livre acariciava-lhe a nuca. — Não minta para mim, Kate — sussurrou, entre gemidos. — Rod... — Kate não tinha coragem de abrir os olhos, e perceber que tudo aquilo era um sonho. Ele afastou os lábios, e falou-lhe ao ouvido: — Você sabe exatamente o que fazer, e o que dizer para me torturar. A noite toda fiquei pensando como um louco sobre o que você diria para se defender. Fiquei pensando se haveria algum modo de você se livrar das acusações. E agora diz que me ama. — Sou inocente, Rod — afirmou, num fio de voz. — Acho que está na hora de me contar a sua versão da história. Não prometo acreditar, mas farei o possível para escutá-la. — Tudo bem — Kate respondeu, com a voz baixa. Sentaram-se no beliche e, enquanto ela lhe narrava em detalhes o que acontecera, ele ouvia tudo silenciosamente, sem perguntar ou fazer nenhum comentário. Por fim, Kate ajeitou graciosamente uma mecha rebelde do cabelo, e concluiu: — Agora, espero que acredite que eu não tinha a mínima ideia dos planos de Don. Fingi que fugia com ele apenas para salvá-lo. E por que o ajudaria, Rod? Eu iria casar-me com você, e não havia necessidade de querer roubar-lhe o tesouro. Será que não pode entender o óbvio? — Não. Droga, eu não posso. — Então por que quis escutar-me, se não faz o mínimo esforço para me compreender? — Porque... por mais que tente odiá-la, não consigo. — Inclinou-se sobre ela, e tomou-lhe o rosto com as palmas das mãos, enquanto a olhava fixamente. — Nunca haverá outra mulher para mim como você. E ainda quero que se case comigo, pois por mais que eu tente, não conseguirei viver sem você, Kate. — Não! Rod ficou chocado com a recusa. — Pensei que ainda me amasse... — Sim, ainda te amo — ela admitiu, tristonha. — E então? Kate desviou os olhos para não fraquejar. — Se você não acredita em mim, Rod, está tudo acabado entre nós. Casamentos sem confiança mútua não existem. Se não tivermos isto, não teremos nada. Ela se levantou, e ele nada fez para impedi-la. — Se você for embora, Kate, eu não pedirei que volte mais. Ela o encarou, e disse suavemente: — Estou muito mal, Rod. Mal mesmo. Mas, quanto a você, só posso sentir uma coisa: pena. Estou com muita pena de você. — Pena de mim? — Sim. Por mais rico e famoso que seja, sempre acabará sozinho. E sabe por quê? Porque você tem medo, como aquele pobre menino que Jake encontrou desacordado à beira da estrada. Você continua tentando disfarçar o medo, fazendo-se de durão, mas no fundo é um grande covarde, Rod Reynolds. Tem medo de me amar e de confiar em mim, somente porque acredita que ninguém é capaz de amá-lo de verdade. Mas não é em mim que você não acredita, é em si próprio. 64

Momentos Íntimos Extra 3.1 – Tesouro Moreno – Ann Major Rod ficou pálido. A dor transparecia-lhe no rosto. Kate continuou, implacável: — Se quiser saber a verdade sobre minha história, basta verificar o trapo que enfiei no tubo de refrigeração do motor de Don, e que causou o superaquecimento. O resto da minha blusa deve estar no poço de mergulho. Mas você nem se dará ao trabalho, não é verdade? Não fará o mínimo esforço para acreditar em mim. Kate saiu correndo da cabine, com as lágrimas queimando-lhe o rosto. Mais de uma vez Rod chamou-a, mas ela não parou. Precisava fugir, pois tinha medo de não ter forças para abandoná-lo. Mais tarde, Rod encontrou-a na câmara submarina de observação, olhando pelo vidro os peixes sendo alimentados por um mergulhador da tripulação, que se divertia. Atrás de si, Kate ouviu uma voz rouca e suave a sussurrar-lhe no ouvido: — São lindos, não? Ela não disse nada, nem reagiu quando ele a abraçou suavemente por trás, pressionando o corpo másculo e forte contra o dela. — Kate, meu amor. Eu estava errado... em tudo — ele sussurrou-lhe, meigamente. Kate sentiu que ele lhe beijava o pescoço e que as mãos que a prendiam estavam trêmulas. — Kate, olhe para mim. Ela virou-se para encarar o rosto másculo e forte. Percebeu o sofrimento e o amor que ele exprimia nos olhos. Então desabafou: — Oh, Rod! Você acredita em mim? — Sim, amor. Sim! Sei que estava dizendo a verdade. Eu te amo, Kate. Mais do que qualquer outra coisa no mundo. — Eu nunca menti para você — ela disse, com a voz trêmula. — Eu sei, eu sei! — Rod tomou-lhe as mãos feridas, e as beijou com carinho. — Você tem razão, querida. Eu tinha medo de amar, e de sofrer com isso. Eu precisava do seu amor, mas me recusava a acreditar em você. Era mais fácil pensar que estava atrás do meu dinheiro. Kate o olhou meigamente e murmurou, com os lábios bem próximos aos dele: — Seu tolinho! Quando é que vai aprender que o nosso amor é o mais precioso dos tesouros? — Eu demoro, mas aprendo. — Rod sorriu e perguntou, matreiro: — Sabe de uma coisa? — O que, amor? — Você é o meu maior tesouro. Meu tesouro moreno. Rod a beijou com toda a intensidade de seu ser e, quando as línguas se tocaram, seus corpos se uniram apaixonadamente. Entre os dois, não haveria mais dúvida ou desconfiança. A força daquele amor era tão imensa e vibrante quanto o mar que os rodeava.

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003.1 Ann Major - Tesouro Moreno (MI Extra Tarja 03.1) - ARF · versão 1

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