Elizabeth Michel - Deja De Sofocarme #1 - Pare de me Sufocar [revisado]

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ELIZABETH MICHEL

Pare de me sufocar DEJA DE SOFOCARME

SÉRIE

Deja de Sofocarme LIVRO 01 2

EQUIPE PÉGASUS LANÇAMENTOS Tradução: CLAUDIA SILVA Revisão Inicial: AMANDA ESPINEL Revisão Final: LARGAY MURIEL Leitura Final: KATERINA PETROVA Verificação: ANNA AZULZINHA Formatação: KATERINA PETROVA

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Sinopse Vincent Coleman é um jovem empresário que está no auge de sua carreira. Com grandes ambições e uma empresa de sucesso, em seus 29 anos tem tudo o que poderia sonhar. Bem, tudo menos um pequeno e insignificante pedaço de terra. Athena Rousseau é uma estudante de 17 anos, que essa prestes a entrar na maioridade e ir para a universidade, não é como qualquer outra adolescente, ela tem a responsabilidade de cuidar de sua família. Sua mãe trabalha e quase nunca está em casa, seu pai tem meses que não vê, ela cuida de seus dois irmãos menores e de sua avó. Vive em uma casa no subúrbio da cidade, onde quase ninguém considera construir uma casa, os poucos vizinhos que tinha, da noite para o dia venderam suas casas. O culpado? Um homem presunçoso que está construindo um enorme edifício a uns poucos metros de onde ela vive. Só há um problema, ao contrário de todos, ela NÃO venderia a casa que custou tanto trabalho a seus pais para construir. Nem morta! Ele pensou que poderia ter tudo isso com apenas o toque de um dedo. Ela era uma mulher teimosa. Ele tinha pouca paciência. Ela era pouco tolerante. Nenhum dos dois acreditou que uma constante guerra de palavras poderia levá-los a querer assinar outro tipo de contrato, um que não era de compra e venda. Uma série de brigas poderia levar Athena a considerar vender sua casa pelo bem da família, mas ela jamais tinha cedido a nada tão facilmente. Além disso, Vincent não pararia até fazer com que ela assinasse o documento que tanto desejava.

4

d

5

v

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Prólogo Uma série de fortes ruídos me despertou. Porra era muito cedo ainda. Virei um pouco à cabeça para ver que o relógio marcava 05:27 da manhã. Quem em seu juízo perfeito causava um grande alvoroço tão cedo? Levantei extremamente zangada e caminhei a grandes passos para uma das duas janelas do quarto para ver o que estava acontecendo lá fora. O que vi me deixou fria. Havia um par de pessoas, homens para ser exata, que dirigiam

três

grandes

máquinas

que

se

encontravam

derrubando uma das casas que estavam a poucos quarteirões da minha. Fiquei imaginando o que estavam pensando fazer a esta hora da manhã, não é como se fossem começar a construir ou ao que quer que pensavam fazer, com o céu ainda escurecido. Lembrei-me que ninguém vivia nessa casa há alguns anos, o dono, o senhor Flint, tentou vender a antiga propriedade, mas devido a seu alto preço ninguém se animou a comprar. Isso e também que ninguém queria viver no subúrbio da cidade, onde os arredores eram quilômetros de árvores e de ruas lamacentas. Além disso, não é como se apesar de ser uma

zona

pouco

criminalidade.

habitada

Tinha.

não

Deus,

houvesse

havia

tantos

índices

de

que

era

desesperador, algumas vezes as pessoas optavam por lutar contra os assaltantes. Em uma ocasião, fiquei sabendo que as pessoas atiraram pedras contra um jovem que tentou assaltar uma adolescente. Eu tinha me alegrado. Pessoas que cometem crimes não merecem ser tratada com piedade. 7

Voltando para a realidade me perguntei quem teria sido o idiota a pagar a quantia que exigia o rabugento do senhor Flint. Desconfiei da situação e decidi ir ao quarto de minha mãe para colocá-la a par do ocorrido. O telefone tocou e eu sabia que seria algum vizinho informando a situação. Escutei a voz de minha mãe enquanto falava com quem quer que seja. Estava vestida com meu pijama, por um momento corei ao pensar que se saísse na rua às pessoas veriam que dormia com um pijama de flanela muito revelador, está bem, não que fosse muito revelador, simplesmente era uma camiseta e uns shorts curtos de cor lilás com um pequeno laço. Era meu pijama de toda a vida e agora ficava menor do que a um par de anos atrás. Considerei me trocar, mas estava muito cansada e zangada para fazê-lo, por isso apenas coloquei meu roupão em cima. Ele chegava ao meio da minha perna e era muito bonito. Saí do meu quarto e me encontrei cara a cara com minha mãe. — Vou ver o que está acontecendo, a Güera já está esperando lá fora. — Me disse enquanto descia as escadas. Güera era minha vizinha do lado, era uma senhora de aproximadamente 41 anos com três filhos de diferentes idades, o maior de 15 anos e os outros dois de 6 anos, que eram os gêmeos do demônio. Literalmente. Segui a minha mamãe para fora com passo decidido, havia outros 5 vizinhos mais esperando para irem falar com o que eu assumi que era o novo proprietário. Estava tão zangada que

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nem sequer percebi que dois dos três homens estavam vestidos com elegantes ternos de alfaiates. O mais novo, que parecia mais perigoso que os outros, tinha cabelos pretos com olhos verdes mais bonitos que poderia encontrar. Seus traços faciais eram perfeitos, não havia nenhuma falha nesse rosto bonito, era alto, eu poderia apostar que pelo menos media um bom 1,85m. A jaqueta folgada que usava não podia esconder que certamente tinha uma construção musculosa. Corei. Seus olhos se encontraram com os meus e mantive o olhar embora sentisse minhas pernas tremerem. Muito tarde percebi que saí com o roupão aberto que se balançava com o ar da manhã. Agarrei ambas as abas e as uni, fechando o cinto de tecido e cruzei meus braços sobre o peito para tentar manter o calor. Continuou sem deixar de me olhar. Engoli em seco e tropecei em uma pedra, doeu horrores quando meu dedo mindinho recebeu o impacto. Gemi bobamente e coloquei todo meu esforço em não parar para afagar meu dedo como uma criança. Os chinelos finos não protegiam muito contra a dureza do chão. — Bom dia. — Disse o homem desviando o olhar para as outras pessoas. — Bom dia, senhor. — Responderam alguns deles. — Pode-se saber o que acontece? — Exigiu alguém. — Por que tanto alvoroço? — Adicionou outro. — Estamos iniciando a construção de nossa propriedade, meu nome é Vincent Coleman e a partir de agora seremos vizinhos. 9

Vizinhos? Realmente acaba de dizer vizinhos? Olhei uma casa que ficou a meia construção e vi que havia vários homens colocando móveis, de aparência cara eu poderia adicionar, no ressinto. Então o atrativo Vincent viveria a menos de 10 casas de mim. Não prestei atenção ao resto da conversa e decidi voltar a dormir um momento. Não teria nada a fazer ali. — Vou voltar a dormir. — Sussurrei para minha mãe enquanto dava a volta. Antes de virar completamente pude ver Vincent me seguir com o olhar. Isto não estava certo, ele era um homem, por Deus. Não era certo desejar alguém como ele. Revirei os olhos para os meus pensamentos, o irônico de tudo era que estivesse fazendo tais danos quando na verdade meus gostos eram um tanto curiosos. Admito que, se haviam homens que realmente eu adorava, seriam os mais velhos do que eu, e somente se fossem maduros poderiam atrair minha atenção. Odiava perder o tempo com meninos imaturos. Vincent era apenas por alguns anos mais velho que eu, não muitos, e pela aparência que tinha, supus que seria algum executivo ou político. Ou possivelmente um criminoso. A gente nunca sabe. Fui para a cama pensando que em poucas semanas depois que terminassem de construir, tudo voltaria ao normal. Nunca imaginei que não seria assim.

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Capítulo um Tentei me concentrar em meu trabalho, o que era impossível quando havia o forte ruído das máquinas que me distraíam. Já passaram semanas sem estar em paz e isso me fez cada vez mais mal-humorada. O maldito Vincent Coleman não tinha sido completamente honesto a primeira vez que nos encontramos. Tinham passado sete meses desde aquele dia e o que pensávamos que seria sua casa

se

tornou

algo

como

seu

escritório

enquanto

supervisionava a construção de um maldito edifício de 17 andares a poucas quadras dali. Como era possível? Fácil, quando tem milhões de dólares em sua conta bancária, você pode se dar ao luxo de comprar milhares de metros quadrados de terra em um bairro humilde e construir o que tivesse vontade. Sim, tinha resultado que o desgraçado era um importante empresário dono das indústrias Coleman, a qual estava ligada as telecomunicações, a construção, a distribuição e outras coisas mais. Tinha praticamente um escritório em cada país do mundo. Tudo o que reconheço é que ele tem tido a ambição e a capacidade de alcançar seu sonho de ter seu próprio império. Era o meu mesmo sonho, embora o meu demoraria um pouco mais para acontecer. Mas estava certa que começaria o meu próprio

negócio

algum dia, e

que poderia atender as

necessidades e caprichos de minha família. E esse negócio cresceria e poderia conseguir que minha mãe deixasse de trabalhar tão duro e meu pai poderia voltar para casa e descansar junto a minha mãe e não trabalhar, 11

exceto para preparar as malas e ir à vontade onde desejassem muito. Meus irmãos poderiam ter o que quisessem e poderiam estudar em qualquer escola excelente. A campainha tocou e sabia quem seria sem olhar pela janela. Vincent. Há seis meses que insistia em comprar nossa casa, assim como estava conseguindo fazer com meus vizinhos. A grande maioria deles cedeu. E cada vez o bairro estava menos habitado. Mas não venderia o lugar que eu cresci e que custou muito caro para meus pais construírem. Que se danasse o empresário, não cederia a suas propostas. Convenceria minha mãe a não aceitar sua proposta de compra. Escutei vozes no andar de baixo, onde tinha certeza que minha avó conversava, tomava chá e comia bolachas com o senhor Coleman como se tornou habitual deles. Sim, poderia odiar Vincent por não desistir de sua oferta, mas tinha que admitir que ele e minha avó passassem um bom momento conversando e convivendo. E não seria eu quem tiraria a única distração da idosa. Fazia tempo que não a vi sorrir com tanta frequência. Embora tivesse que admitir que fosse estranho ver o empresário e à idosa convivendo todos os dias. Até pior que se considerassem amigos. Olhei o relógio e vi que eram 11:45 da manhã, estava atrasada para ir à escola e ainda faltavam muitas coisas para fazer. Decidi continuar com minha rotina e ignorar por completo o atraente homem que se encontrava sentado em silêncio na minha sala. 12

Vamos Athena... simplesmente ignore ele, disse a mim mesma em voz baixa. Terminei de arrumar minha mochila e meu laptop para me dirigir ao andar de baixo, nenhuma só vez me detive para ver Vincent e entrei no escritório junto à sala, coloquei para imprimir meu projeto de economia e deixei tudo para me dirigir à cozinha. A porta da frente se abriu e meus dois irmãos entraram fazendo muito barulho, correram direto para mim e se penduraram como se fossem macacos. Abracei-os com força e fiz cócegas até que se afastaram de mim com a alegria característica de suas idades. Peter era o mais velho dos dois, tinha 10 anos e Louis era o mais novo, com apenas 7 anos, ambos eram de pele clara e com cabelo encaracolado completamente negro. — Estamos com fome... hoje saímos cedo por causa de uma reunião de professores. — Me disse Louis enquanto tirava de sua mochila uma barra de chocolate. — Agora que você mencionou também estou com fome. — Respondi enquanto pego seu chocolate e corro para o quintal com Louis gritando atrás de mim. Quando

ele

conseguiu

me

alcançar

brigamos

pelo

chocolate, ambos ríamos tanto e de alguma forma terminei deitada no chão com Louis sentado sobre mim. Ele mordeu minha mão me fazendo soltar a barra de chocolate e em seguida me beijou na bochecha antes de ficar de pé e felizmente caminhar de volta para casa. — São tão infantis. — Reclamou Peter obviamente com ciúmes por não receber atenção. 13

— Claro que não. — Discuto indignada fazendo bico e cruzando meus braços. Nós dois rimos e dou-lhe um grande abraço de urso, com o qual ele fingiu se afogar. O soltei e senti lágrimas acumularse em meus olhos. Engoli alto e desviei o olhar, não havia nada no mundo que amasse mais que a esses girinos que eram meus irmãos. — Vão fazer suas tarefas, depois venham para comer. — Lhes disse afastando-os com as mãos. Sendo honesta, todo o tempo pude sentir os olhos de Vincent sobre mim, mas me forcei a não mostrar reação alguma. Na cozinha comecei a fazer salada, um pouco de purê de batatas, um espaguete vermelho, que era o favorito de meus irmãos e alguns filés de frango assado. Levei aproximadamente uma hora para terminar de cozinhar e com isso, então estava quase certa que chegaria tarde à escola. — Será que fica para comer conosco, senhor Coleman? — Perguntei por educação, embora na realidade, já tinha começado a pôr a mesa com um prato para ele, por isso não tinha escolha. — Seria uma honra, senhorita Rousseau. — Respondeu Vincent caminhando para mim — Deixe-me ajudar a pôr a mesa. — Obrigada. — Foi tudo o que consegui dizer. Ter ele tão perto de mim na cozinha enquanto pegávamos a comida e os pratos foi uma agonia, especialmente quando nossa pele se tocava e podia sentir arrepios pelo meu corpo.

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A refeição foi realizada em silêncio, apenas com Louis e Peter discutindo sobre alguns personagens da luta livre. Vincent estava sentado em frente a mim e cada vez que levava a comida à boca não conseguir evitar olhar hipnotizada a maneira em que seus lábios se fechavam sobre o garfo. Juro que nunca ninguém fez que comer fosse tão... sensual. Várias vezes tive que limpar a garganta bebericando água, não podia ajudar a mim mesma, observar seus olhos verdes foi como se o resto do mundo desaparecesse ao meu redor. O telefone tocou e me tirando de meu devaneio, levanteime agradecida de ter uma distração. — Olá? — Respondi com voz entrecortada. — Athena? — Fala Tracy — Acaba de ter um problema com a exposição de economia. Gemi em voz alta tensa enquanto esperava para escutar o que aconteceu. — O que aconteceu? — Perguntei receosa. — Um membro da equipe não realizou sua parte do trabalho, portanto o projeto não estará completo. — Que parte falta? —

O

tríptico1

e

as

duas

pesquisas

de

impacto

socioeconômico. Ok, calma Athena, não é tão ruim, faltam... 30 minutos para entrar em aula. Disse para mim mesma ignorando tudo o que me dizia Tracy. Carrego o telefone entre meu ombro e meu ouvido, e com minhas

mãos

comecei

a

esculpir

círculos

em

minhas

têmporas, tinha uma dor de cabeça horrível. O pior seria que 1 Quadro pintado em três panos de modo que os dois exteriores podem se dobrar sobre o do meio. Nesse caso acredito que poderia ser um folheto.

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tinha certeza que a qualquer momento me daria uma enxaqueca que havia se tornado comum em mim, minha visão se tornaria imprecisa e o estresse me controlaria. Então depois de tudo, sofreria da horrível síndrome de cólon irritável e muito provavelmente sentiria que sairia uma úlcera em meu estômago. Não era muito, certo? — Me dê o número de Troy. — Interrompi e assim que me deu isso lhe disse que resolveria o problema. — O que aconteceu querida? — Perguntou minha avó assim que desliguei. — Problemas com uma tarefa... não se preocupe, não é nada. — Tentei tranquilizá-la. Discando o número de Troy, rezei para que não pudesse vê-lo hoje na escola ou corria o risco de tentar quebrar seu nariz. — Trooooy falando. — Disse uma voz áspera que arrastava as palavras. — Não posso acreditar que você está bêbado. — Disse com voz calma e mortal. Vincent estava me observando atentamente, podia sentir isso. — Athena... baby... não estou tão bêbado. — Nada de baby... se pensou que iria se sair com essa, era melhor ter se assumido como o inapto que é, e tivesse me avisado que não faria sua parte do trabalho. — Escute... não é como você pensa esc... — Não, me escute você. — Interrompo — Espere até que te encontre, juro que se arrependerá. 16

Antes de desligar pude escutar Troy gemendo alto, obviamente se lembrou que eu era muito conhecida por colocar homens em seu lugar com chutes que iria deixá-los em risco de não poder ter filhos. — Filha, o que foi que eu disse? — Falou minha avó me olhando acusadoramente. — Que não é bom ir chutando os homens em suas partes baixas apenas pelo fato de que sejam uns porcos ou uns completos imbecis. — Respondeu Peter por mim. Vincent arqueou uma sobrancelha em minha direção, me senti corar. Porra. — Vó, os homens só têm que dar poder na cama, fora dela? Uns bons golpes não lhes caem mal, embora dentro dela não sejam tão ruins. — Disse balançando provocativamente as sobrancelhas só para incomodá-la. Ela teve o bom senso de engasgar com a água enquanto Louis e Peter riam bobamente, Vincent tinha um estranho olhar em seus olhos e estive a ponto de gemer se não me tivesse retirado para o escritório para fazer o tríptico e a pesquisa. Quinze minutos depois tinha o trabalho terminado e estava a ponto de sofrer um aneurisma, se isso é possível. — Eu poderia te levar de carro para a escola... assim não chegará tarde. — Disse Vincent enquanto jogava minha mochila no ombro. Estava pronta para recusar sua oferta quando minha avó me interrompeu.

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— Isso seria muito amável de sua parte, querido. Claro, que ambos deverão ir com cuidado, hoje em dia o tráfego ocasiona muitos acidentes rodoviários. — Não se preocupe, sou um bom motorista. — Ele a tranquilizou. Depois de nos despedir, caminhamos juntos o curto trecho para sua casa, onde estava estacionada na garagem sua bela e impecável caminhonete Hummer preta. Incrível. Tudo em que podia pensar era em como me veriam chegar à escola nesse carro... E em como demônios faria para subir nele. Eu

era

uma

garota

de

baixa

estatura,

apenas

ultrapassando um metro e cinquenta de peso normal, com umas curvas decentes. Era um mistério para mim como conseguiria subir na caminhonete sem parecer uma idiota ou cair de cara no chão na frente de Vincent. O homem devia ter algum superpoder leitor de mentes porque se aproximou de mim, abrindo a porta em um gesto muito cavalheiresco. Então... pôs suas mãos em minha cintura e ali morreu o cavalheirismo.

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Capítulo dois Nenhum de nós se moveu nem disse nada pelo que pareceu uma eternidade, com minha sorte, certamente eles teriam sido apenas poucos segundos. Suas mãos estavam firmes contra minha fina cintura, estava certa que com seus longos dedos quase a envolveriam por completo. Traguei audivelmente, o que pareceu ser o sinal para terminar o que quer que tenhamos iniciado. Com um empurrão me subiu no banco do passageiro, virei à cabeça para encontrá-lo muito perto, muito perto, de mim. Se me inclinasse um pouco conseguiria roçar seus lábios com meus. Aposto que seus grossos lábios seriam suaves e firmes, não podia afastar o olhar deles. Claro que ele pensava que era uma louca. Nunca esperei o que aconteceu depois. Inclinou-se sobre mim para travar o cinto de segurança, suas mãos rosavam em mim, e estava certa que era de propósito. — Segurança em primeiro lugar. — Disse e seus lábios rosaram ligeiramente os meus com cada movimento, ofeguei diante do inesperado tremor que percorreu meu corpo. Tive que me inclinar um pouco mais, ainda sentindo seus lábios em mim, apenas um pouco mais e os sentiria novamente. Antes de saber o que estava fazendo, meus lábios pressionaram os seu brandamente a princípio. Uma simples tentativa de toque que o deixou congelado em seu lugar, sem me responder, mas tampouco sem me rejeitar. Puxando o valor de ter tido o atrevimento de beijá-lo, segui fazendo-o. Simples tentativas de toques em seus lábios até que 19

reagiu e seus lábios responderam aos meus. Uma simples pressão de sua parte e estávamos nos beijando ternamente. Quase inocentemente. Sim, jamais pensei que me encontraria nessa situação. Rapidamente recuperamos a compostura e nos separamos respirando pesadamente. — Temos que nos apressar ou chegaremos tarde. — Disse enquanto se afastava de mim e se dirigia ao banco de motorista. Minha escola não era muito longe de onde vivia e em 5 minutos chegamos apesar de que eu não disse a direção para onde me levaria. Sim, certamente ele sabia a direção de minha escola depois de meses vivendo na cidade. Ele sabia tudo. Chegando estacionou na entrada e desceu da caminhonete caminhando para minha porta, abriu e me ajudou a descer. Olhei para a entrada onde companheiros de meu semestre olhavam com curiosidade a cena. Revirei os olhos e olhei novamente para Vincent, que não afastou os olhos de mim. Engoli em seco. Tentando limpar minha voz. Eram minhas pernas que tremiam ou era minha imaginação? — Obrigada por me trazer, você me fez um grande favor. — Não há nada a agradecer, foi um prazer. — Respondeu com olhos conhecedores. Ele sabia o que eu estava pensando. Também pensei nisso e senti minhas bochechas corarem.

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Tinha sido um completo atrevimento de minha parte me lançar sobre ele e beijá-lo, céus, nem mesmo sabia se tinha uma namorada... ou ainda pior: Esposa. Esse sexy homem poderia muito bem, estar comprometido com alguém, ninguém pensaria que passava seus dias sozinho. Sexy, milionário, atraente, educado? Ele era tudo isso e muito mais. Eu tinha certeza que não estava sozinho. E se estava, a última pessoa em que ele se fixaria para compartilhar seu tempo seria com uma adolescente de baixa estatura e um pouco de excesso de peso. — Bem... eu... tenho que entrar... obrigada por tudo. — Gaguejei enquanto me virei para entrar na escola. Uma mão rodeou meu pulso e me fez parar. Virei para ver Vincent se aproximar de mim e plantar um beijo em minha testa. Bem foda-se tudo, só queria rodear seu pescoço com meus braços e beijá-lo até me saciar, mas não ficaria bem se o fizesse. Enquanto a escola poderia me expulsar ou até pior, processá-lo por aproximar-se de uma menor de idade. Porque Deus sabia o escândalo que provocaria que o importante empresário Vincent Coleman cometesse assédio com uma jovem estudante menor de idade. Limpei a garganta e dei um passo atrás, tentando pôr distância entre o sexy homem e eu para recuperar a sanidade que perdi em algum lugar enquanto contemplava seus olhos e seus braços fortes. — Eu tenho que entrar, nos... vemos... logo. — Balbuciei e praticamente corri até a entrada da escola, antes que pudesse

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me envergonhar mais. Estava me comportando como um moleque. Eu nunca agi assim. Ignorei as vozes me chamando e as pessoas que me cumprimentavam respondi com um sutil aceno. Era tudo o que meu cérebro feito mingau, depois daquele beijo, podia suportar. Durante todo o caminho pude sentir o olhar de Vincent sobre mim; quando tive certeza de que não podia mais me ver, fui rapidamente ao banheiro feminino e parei em frente ao espelho. Minhas mãos tremiam. Eu nunca estive tão descontrolada como estava nesse momento. Nunca ninguém conseguiu me afetar da maneira que Vincent fazia. Sim, ele seria minha ruína, disso eu tinha cem por cento de certeza. Contei até 10 lentamente. Continuei contando até 20. No momento em que estava pelo número 33 me dei uma bofetada mental. Que merda eu estava fazendo? Eu não era esse tipo de garota a que as pernas tremiam pelo simples pensamento de um homem. Porra! Se nunca fui o tipo de garota que se deixava afetar por alguém, não começaria a ser agora. Esclarecido o ponto enquadrei meus ombros e saí com a cabeça erguida do banheiro. Chegando a sala de aula Bianca, Tracy e Allison, minhas melhores amigas, aguardavam sentadas tranquilamente e me olhando com expectativa. Sabia que era apenas uma fachada.

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Assim que joguei minha bolsa em um lado de meu assento começaram a me bombardear com perguntas. Juro que não havia melhores detetives que elas, de uma forma ou outra, podiam conseguir tirar toda a informação a partir de uma história. Por isso eram minhas melhores amigas. — Você pode explicar quem era o homem da entrada? — Perguntou Tracy. — Como se chama? — Interveio Allison. — Conta tudo de uma boa vez, a curiosidade nos consome. — Finalizou Bianca. Tomei uma pausa e lhes contei a história, elas estavam cientes há meses desse homem irritante que roubou a paz e o sono de minha vida com suas loucas ambições monetárias. Sabiam do início da história até o recente momento que lhes contei há alguns instantes. Os olhos conhecedores das três me asseguravam que tinham uma ideia dos sentimentos que estava começando a ter muito para minha tristeza. Não é como se fosse admiti-lo na frente de ninguém, nem mesmo para mim. O dia em que os porcos voassem e minha avó fosse uma velha normal, então sim, praticamente as portas do inferno se abririam

e

eu

gritaria

aos

quatro

ventos

que

estava

apaixonada. Mas como nada disso estava previsto para acontecer em um futuro próximo, abri minha pasta e me preparei junto com minhas amigas para expor nosso projeto.

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Os minutos passavam lentamente, isso é algo que nunca conseguiria entender. Fora da escola não havia tempo para mais nada, a vida não alcançava para fazer o que queria. Mas, entrando na escola? A vida era infinita. Sério, você podia passar uma eternidade vendo o professor mover os lábios e cuspir centenas de palavras que não entendia e que ao fim e a cabo, lhe davam conhecimentos que nunca na vida poria em prática na realidade. Para que merda utilizaria o cálculo ou diferenciais na vida cotidiana? Enfim, o ponto é que via o tempo passar lentamente, então, pensava que terminaria certa classe, e é quando olhava o relógio e veria que só tinham passado uns míseros 5 minutos. A exposição correu bem, apesar de que o último membro da equipe, Troy, não participou. Nós tínhamos obtido uma boa nota. O mau? O maldito Coleman não saia da minha mente. Alguma vez você já ouviu a frase “se for para estar todo o dia em minha mente, pelo menos o vi”? Bem, isso aconteceu comigo. O problema não era ter Coleman em minha mente, o errado era tentar imaginar como seriam seus músculos debaixo de toda essa roupa fina. Como sua pele bronzeada se sentiria se eu pudesse passar meus dedos sobre ela. O pior de tudo eram seus lábios. 24

Seus lábios cheios eram perfeitos, firmes e suaves ao mesmo tempo, e que mate um unicórnio se negado que o homem sabia muito bem como usá-los. E porra sim, ele sabia usá-los! E eu sei como beijava. Deus me perdoe. Ele permaneceu em minha mente em toda sua gloriosa visão. Sem dignar-se a vestir uma camisa. Assim era ele exatamente na vida real, arrogante e teimoso. Por que teria que ser diferente na minha cabeça?

Todo o dia foi lentamente transcorrendo, felizmente fui capaz de seguir com minha vida sem mostrar reação alguma diante o fato de ter suportado Coleman mesmo quando ele não estava presente fisicamente. Por isso, foi insuportável, às vezes. O céu escureceu completamente e o relógio marcava 19:43, odiava quando as aulas eram em tempo integral. Eu continuei a falar com a Tracy, Allison e Bianca, tentando convencê-las a ficar comigo até que meu ônibus passasse. O bom? Era que o ônibus me deixava a um par de quadras da minha casa e só tinha que caminhar alguns metros. Estava tão distraída que a princípio não senti meu celular tocar, e isso porque estava segurando em minha mão. Revirei os olhos e respondi sem ver o número na tela. — Olá? — Disse com um tom indiferente. 25

— Estou bem atrás de você, sua avó me pediu para vir te buscar. — Ele respondeu com uma voz rouca que estava me atormentando nos últimos meses: Vincent. Ele tinha vindo para me ver, ou melhor, dizendo me recolher, obviamente por pedido de minha avó intrometida, mas isso não minimizou o fato de que ele estava, realmente, estacionado a poucos metros atrás de mim. Fiquei sem palavras sustentando o celular junto ao meu ouvido como uma idiota. Pensei sobre o que dizer, mas ele já tinha desligado. Suspirei em sinal de rendição e me despedi de minhas amigas. — Veio por você? — Perguntou Bianca muito animada. Queria gritar que isto não era uma novela! Era minha vida e ele não era o príncipe azul dos contos de fadas, só que mais viril e com mais dinheiro. — Porque minha avó pediu. — Esclareci embora não servia de nada. — Bem, não faça ele esperar. — Disse Tracy e me espantou como se fosse uma incomoda mosca rondando sobre seu almoço. Enruguei o nariz e rolei os olhos. — Nos vemos amanhã, garotas! — Eu gritei enquanto virei e comecei a caminhar com um passo tranquilo, muito lento, em direção a Coleman. Eu podia ver pela forma em que olhava meus pés, como se quisesse ter um controle remoto para controlar a velocidade, que lhe irritava não conseguir as coisas na velocidade desejada. Bom. 26

Sorri diabolicamente e diminuí o passo. Obviamente de propósito. Até o momento em que cheguei a seu lado já tinha aberto a porta de carona e aguardava em uma postura rígida que entrasse. Meu sorriso morreu no instante em que olhei seus olhos de perto. Verdes. Amava-os tanto que não podia perder a precaução neles. E o perigo não era o fato em si, senão eu adoraria, realmente muito, muito, me perder em suas profundidades e estar só rodeada do Coleman e mais Coleman. Uma existência coberta por sua essência seria o paraíso. Ou o inferno, sussurrou minha consciência.

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Capítulo três — Então... obrigada por vir me buscar. — Disse em voz baixa mantendo o olhar no chão enquanto novamente me ajudava a subir na caminhonete. O mesmo processo se repetiu para meu completo deleite e horror, suas mãos em minha cintura, sua pele roçando a minha enquanto prendia o cinto de segurança e sua respiração a alguns centímetros de mim. Em silêncio fechou minha porta e rodeou a caminhonete para o assento do motorista. Ele dirigiu lentamente para minha casa. — Você não pode ir mais rápido? — Perguntei exasperada. Dirigiu seus olhos para mim e levantou uma sobrancelha. Sim, eu sabia o que significava. “Já sentiu, baby, o que é esperar uma velocidade maior”. Bem, sim, o karma, certo. Revirei os olhos e soltei o fôlego resignada a seguir seu jogo. — Como foi com seu trabalho? — Me perguntou com sua sedosa voz. Sério, estava tão animada por sua atenção que nem sequer escutei o que ele havia dito. Lembre, Athena, droga... ficará como uma idiota! Uma pergunta! Sim, era isso, mas... O que me perguntou? Como foi com meu trabalho! — Bem, minhas amigas e eu conseguimos uma boa nota. — Eu disse orgulhosamente. — Parabéns. — Disse e voltamos a ficar em silêncio. 28

Estávamos prestes a chegar a minha casa quando retornei a visão para seu perfil, seu nariz era completamente reto e seu queixo sobressaía obstinadamente. Era perfeito. Seus dedos estavam brancos de apertar com força o volante. Ele deve ter sentido meu olhar sobre ele, porque se virou para mim e sustentou meu olhar. Segurei um suspiro, ainda não acostumada com o impacto que tinham seus olhos sobre mim. — Athena. — Disse com reverência e freou a caminhonete de repente, jurou um pouco em voz baixa e passou as mãos pelo seu cabelo, deixando-o completamente desordenado de uma forma atraente. Escutei que soltava a respiração lentamente e voltou a enfrentar meu olhar. Eu congelei sob sua intensidade. Antes de sequer saber ele estava segurando meu rosto delicadamente e seus lábios roçavam os meus com leves toques experimentais. Perdi o controle e envolvi meus braços em seu pescoço da maneira que queria fazer no período da tarde. Respondi a seu beijo com emoção. Por minha mente passavam milhares de razões pelas quais não deveria estar beijando meu presunçoso vizinho milionário. Sim, provavelmente eram 1003 razões que torna o que fazíamos errado. Mas só havia uma razão válida para mim naquele momento: porque eu queria. Eu estava beijando ele porque era o que ele queria, e nada importava mais do que saciar esse desejo que tinha por esse homem irritante. 29

Ao nos separarmos ambos estávamos ofegando, eu de forma mais descontrolada que ele. Mas não me importava. Manteve suas mãos em minhas bochechas. — O que você está fazendo comigo? — Perguntou em um sussurro, seus olhos mostravam a confusão que havia em seu interior. — Não sei. — Eu respondi — O que está fazendo você comigo? — Não sei. — Ele respondeu e voltou a unir seus lábios com os meus. O tempo parou para nós, não tinha ideia de quanto tempo tínhamos estado nos beijando até que me levou para casa. Voltou a me ajudar a descer e me acompanhou até a porta. Entrei e antes de fechar dei um sorriso tímido. Debrucei-me contra a porta fechada e escutei Vincent ir para sua casa.

Nessa noite no jantar reclamei para a minha avó, por ela decidir por mim antes de sequer me consultar se estava de acordo. Como esperado, a querida senhora me ignorou da maneira que você faria nessas novelas tolas que ela tanto odiava e que eu às vezes colocava apenas para incomodá-la. Assim fomos ela e eu, apesar da sua idade, sua alegria era admirável. Tinha energia que podia competir com Louis, meu irmão mais novo. Por isso a amava. Vivia os anos ao máximo. 30

— Aqui entre nós, apenas para que se cale de uma vez, ele se ofereceu. — Disse como se estivesse compartilhando o maior conhecimento jamais conhecido na existência. — A segurança hoje em dia está falhando e considero melhor se ele fosse para te acompanhar no caminho de volta para casa quando sai mais tarde. E a maneira como ela disse foi como se essa não fosse ser a única vez que ele iria me buscar na escola. Uma parte de mim sorriu iludida. A outra parte? A outra parte amaldiçoou como um orgulhoso marinheiro. — O Sr. Coleman não está muito ocupado para se oferecer para ir tomar conta de mim? — Perguntei. — O pobre homem não tem nada interessante para fazer em um país onde se encontra sozinho e sem família. — Respondeu minha avó com tristeza. Admito que me afetou um pouco de sua mágoa, podia entender por que vinha a minha casa com minha avó sempre que podia. Não tinha ninguém com quem compartilhar seu tempo. E o trabalho era apenas frivolidade quando levava em conta o que realmente contava na vida. Despedi-me de minha avó, de meus irmãos e minha mãe e fui para o meu quarto. Adiantei a tarefa que tinha para o dia seguinte e fui me distrair em meu computador. Revisei meu facebook e li um capítulo do livro que estava lendo há uma semana: Vampire Academy da Richelle Mead. Amava tanto esse livro que era a segunda vez que o lia. Meu celular vibrou na escrivaninha aonde o tinha deixado. Era uma mensagem.

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Vincent: Boa noite, Athena. Vincent.

Vincent tinha me enviado uma mensagem? Oh por Deus, Vincent tinha me enviado uma mensagem! Athena: É verdade que se ofereceu para ir me buscar hoje?

Respondi de volta, precisava saber, ou melhor dizendo confirmar, porque minha avó nunca mentia. Queria que Vincent assumisse que foi ideia dele. Algum problema com isso?

Respondeu de volta. Irritante homem teimoso! Athena: Nenhum. Só queria ouvir de você. :) Vincent: Bem, você não deveria voltar sozinha para casa tão tarde. Athena: Estou acostumada. Não tenho problema com isso. Vincent: Não é razão suficiente. Eu irei te buscar de agora em diante. Athena: É pergunta ou afirmação, senhor exigente? Vincent: AFIRMAÇÃO

Respondeu e sorri como boba embora ele não pudesse ver. Athena: Não tem nada para fazer? Imaginava você um homem ocupado. Vincent: Eu posso fazer o tempo em minha agenda, Senhorita Rousseau. :) Athena: Tenho certeza que você pode, obrigada por sua oferta. Vincent: Mas? Tenho certeza que há um “mas”, com você sempre há. Athena: Mas... não tenho certeza se seria correto. Vincent: Medo de que se renda a meus beijos? Poderia me ter de joelhos se quiser. :) Athena: Nunca imaginei você como um homem encantador. NÃO. Sabe como seria você e eu compartilhando tempo? Não se preocupa? 32

Vincent: Absolutamente não. Athena: Bem, esclarecido o ponto, é seu risco. Serei feliz em te ter como meu motorista, obrigada. Vincent: Deveríamos discutir os termos de meu emprego. Os dias de férias. Meu salário. :) Athena: Um cookie seria suficiente? Dois bolinhos? Vincent: Pensa em me pagar com cookies? :) Athena: Hey! Faço os melhores cookies que você poderia comer. Vincent: Bem, serei feliz em ter a honra de que cozinhe para mim. Athena: Você faz soar como algo tão... sujo. :) Vincent: Você é a única que interpreta as coisas assim. ;) Athena: Haha, é um palhaço. Vou dormir. Tenha uma boa noite, Sr. Coleman. Vincent: Igualmente senhorita Rousseau. Vejo você amanhã a 13:15 em ponto. Athena: Por que? Vincent: Entra 13:30, não? Temos tempo para chegar antes da hora limite. Athena: Também pensa em me levar? Isso é demais. Vincent: Não é para mim. Adeus.

Guardei meu celular e fui para a cama preparada para dormir, por que Vincent estava preocupado com minha segurança? Por que isso se quer interessava ele? O pobre homem devia estar extremamente entediado neste país se concordou em fazer o papel de meu motorista. Adormeci com um sorriso mesmo sabendo que não duraria para sempre. Por isso desfrutaria de cada minuto que pudesse ter perto dele. 33

Era um erro, mas não podia me afastar. Não queria fazer, por isso não o faria. Tinha tomado minha decisão.

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Capítulo quatro No dia seguinte despertei antes que o alarme de meu celular soasse, as terças-feiras eram parte de meus dias de trabalho. Poderia ser considerado assim, embora fosse algo informal. Eram 6:30 da manhã, tinha tempo para uma ducha e tomar o café da manhã, levantei relutante da cama e saí resmungando de meu quarto para preparar o banho. Não havia nada como um banho de água quente para animar o início do dia. Com todo o esforço do mundo tinha conseguido me arrumar e ficar acordada durante o processo. Estava prestes a dar 7 horas em ponto quando desci as escadas e encontrei a minha mãe vestida para o trabalho e preparando o café da manhã. Podia escutar como Louis e Peter corriam de seus quartos para

o

banheiro

e

assim

sucessivamente.

Eram

as

desvantagens de que eles compartilhassem o quarto no segundo andar. Seus passos eram muito barulhentos. O quarto de meus pais e o meu também estavam em cima, a única pessoa que tinha seu quarto no primeiro piso era minha avó. Que, aliás, estava sentada na sala discutindo com minha mãe sobre quem cozinhava o café da manhã. Minha mãe insistia em fazê-lo sempre que podia, embora não era muito boa cozinhando, não tanto como era minha avó, mas nunca admitiria em voz alta. Mas argumentava que a vovó tinha cuidando suficientemente de meus irmãos sempre que necessitava. 35

Minha mãe trabalhava na biblioteca da cidade no turno da tarde e pelas manhãs trabalhava sendo professora de préescolar. Era duro para ela ter que trabalhar o dia inteiro, mas as contas assim requeriam. Estava ficando tarde. Beijei minha mãe e minha avó nas bochechas e insisti que poderia passar deixando meus irmãos na escola primária. — Você poderia fazer isso? — Perguntou minha mãe enquanto colocava as tigelas de cereal de Louis e Peter sobre a mesa. — Claro que sim, mãe, não é nenhuma incomodo. — Tranquilizei-a ajudando a embalando seu almoço que sempre levava com ela — Além disso, se não sair de uma vez ficará tarde. Abraçou-me fortemente e lhe devolvi o abraço beijando-a ruidosamente em sua bochecha. — Obrigada querida, você é um sol. Não entendo o que fiz para merecer uma filha tão boa. — Ambas sabemos. — Disse franzindo o nariz e revirando os olhos. Ela começou a rir em voz alta e piscou um olho antes de pegar sua pasta e o pote com o almoço e sair. Eu a vi pôr suas coisas na caminhonete e entrar no banco do motorista. — Diga adeus aos meninos. — Disse ela enquanto saía a toda pressa e com cautela em direção a seu trabalho. Voltei para dentro e terminei de pôr minhas coisas em ordem. Sempre que ia trabalhar levava meus livros que tinham tarefas pendentes.

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— Athena! — Gritou Louis enquanto descia rápido as escadas e correndo ainda mais rápido em minha direção. Quando chegou perto o bastante de mim saltou e se pendurou de meu pescoço, cerquei-o com os braços e girei até fazê-lo gritar que estava enjoado. Louis era o mais novo da família, portanto era o mimado, e era o mais apegado a mim, além do Peter, embora acreditasse que eles eram bem mais como umas sanguessugas comigo, sempre querendo estar presos a mim. Tinha sorte de ter esse tipo de relação com meus irmãos mais novos, nos éramos família, amigos e confidentes. Peter também desceu as escadas e se aproximou para me dar um beijo na bochecha, em sua pouca idade estava prestes a alcançar a mesma estatura que eu. Claro, que não é que eu medisse muito, mas era assim. — Oi meu irmão, já está tão alto quanto eu ou mais... — Olá, irmãzinha. — Ele me cumprimentou e se sentou para comer seu cereal apressadamente. Ele sempre insistia em me chamar de irmãzinha, como se eu não fosse 7 anos mais velha que ele. Depois do café da manhã me despedi de minha avó e saí com meus irmãos, carreguei a enorme mochila de Louis que pesava como se dois elefantes estivessem guardados lá. Parei por um momento enquanto colocava as trancas em seu lugar para que ninguém pudesse entrar na casa. Sim, definitivamente era algo difícil de fazer tendo em conta que tínhamos a porta no pátio dianteiro, e que um ladrão demoraria mais de 15 minutos em conseguir romper todos os cadeados e ferrolhos que havia para entrar na casa. 37

Minha mente hiperativa trouxe a lembrança de Vincent, teríamos que passar em frente à sua casa no caminho para a escola de meus irmãos que estava a não mais de 10 quadras caminhando. Olhei para a minha roupa, vestia calças pretas, sapatilhas pretas e uma camisa branca de botões. Sim, não era algo atraente de ver esta hora do dia. Mas era o que tinha. E porra, se não era para dar um espetáculo visual a Vincent! Me dei uma sacudida mental e caminhei ao lado de meus irmãos. Meu coração pulsava forte. Por alguma estranha razão tinha amaldiçoado meus nervos ao passar em frente à casa do Sr. Coleman. Bem, Athena, agora volta a ser o Sr. Coleman, já não é Vincent. Revirei

os

olhos,

não

é

como

se

depois

de

ter

compartilhado um par de simples beijos casuais ele e eu fôssemos amigos ou algo mais. Louis e Peter discutiam sobre alguma série idiota, mas não estava escutando absolutamente, no momento em que estava a duas casas da dele, era como se o tempo respirasse e se tornasse infinito. Não podia andar rápido o suficiente para meu gosto. Por alguma razão estranha tinha a sensação de que ele estaria vendo. Estava louca. Obcecada. Iludida. Como uma estúpida menina de 11 anos.

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Sem mesmo estar consciente estava olhando para a janela do segundo andar de sua casa. A janela estava aberta e música de piano filtrava através dela. Uma silhueta passou caminhando em frente a ela. Vincent. Seus verdes olhos me devolveram o olhar e um sorriso brincou em seus lábios, sorri bobamente e lhe pisquei um olho, voltei a olhar abruptamente para frente e caminhei sem olhar para trás. Pude sentir aqueles ferozes olhos me seguir tão fixamente que tinha medo de tropeçar em uma pedra no caminho. Para minha sorte isso não aconteceu, embora meu celular vibrasse na minha bolsa e dei um pequeno gritinho que causou riso em meus irmãos. Esta foi realmente uma bela manhã, vi passar um anjo em frente à minha casa.

Era uma mensagem de Vincent, desde que recebi suas primeiras mensagens salvei seu número na memória do celular. Sorri. Outra longa conversa que me faria sorrir como idiota o resto do dia. Athena: Sério? Soa um pouco louco e irracional. Vincent: Bem, então de alguma forma morri e fui direto ao céu. Athena: Tá maluco. Vincent: Temo que não, simplesmente encantado. Athena: Encantado? Vincent: Sim, eu disse a você, por um anjo. Athena: O "anjo" tem nome? Vincent: Sim, você quer saber? 39

Athena: Não, me deixaria ciumenta. :(

Cinco

segundos

depois

percebi

o

que

disse

e

a

profundidade que havia atrás de minhas palavras. Definitivamente eu estava brincando com fogo. Tanto ele quanto eu, estávamos entrando em um terreno desconhecido. Vincent: Eu gosto de você com ciúmes.

Respondeu para minha total surpresa, apesar de que sua mensagem tinha demorado 5 minutos para chegar até mim. Não sabia o que dizer então não disse nada, precisava pensar minhas palavras com clareza. Chegando à escola primária de meus irmãos, devolvi a mochila de Louis e me despedi deles. Caminhei até a parada de ônibus. Tinha 10 minutos para chegar ao trabalho. Trabalhava em um restaurante italiano que estava só a 5 minutos de distância. Era um local pequeno, como deve ser, o proprietário insistia em contratar unicamente às pessoas necessárias, não era nada pretensioso embora definitivamente o mobiliário fosse decente e elegante. Há alguns meses ele me ofereceu a chance para trabalhar em alguns horários que combinavam com minha agenda escolar, entendia-me muito bem com o senhor Sangabriel, dono do restaurante. Por isso feliz ele me contratou. Com o tempo comecei a ajudar no armazém e o inventário de mercadorias, bem como a organização das mesas e os

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garçons, também como auxiliar na área de contabilidade, mas nunca tinha me permitido ajudar como garçonete. Condições do Sr. Sangabriel. Assim atualmente tinha um trabalho informal, mas digno e com bom salário. Além disso, eu gostava de cuidar do inventário das mercadorias e das contas do restaurante. Eu era boa em fazê-lo, e o proprietário confiava em mim o suficiente para levar uma conta do capital local de entrada e saída. Hoje teria que fazer um inventário permanente e cuidar do abastecimento com fornecedores. Chegando ao restaurante cumprimento o dono que sempre se encontrava trancado em seu escritório jogando Angry Birds em seu tablete e assistindo filmes e séries. Ele era como uma criança e tinha energia suficiente para comparar-se com uma. Comecei a fazer os inventários quando uma mensagem de texto chegou a meu celular. Você está bem? Estou preocupado, perdoe minha ousadia.

Dizia a mensagem de Vincent. Engoli alto e tentei limpar a garganta, tinha formado um nó que me impedia de ser capaz de dar, se quer uma desculpa. Athena: Apenas me pegou de surpresa, quanta verdade havia em suas palavras? Vincent: Por mais surpreendente que seja, tanta para nos preocupar. Athena: Pensei que era a única preocupada aqui.

Sorri ao imaginar que Vincent se encontrava na mesma situação que eu, por um momento dentro de mim duvidei de

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tudo e tinha certeza que o que estava acontecendo era algo unilateral e que só me afetava. Mas encontrei conforto em saber que tanto ele como eu sabíamos que algo estava acontecendo e que afetava a ambos igualmente. Vincent: Pode não fazer sentido, mas eu duvido sequer que haja uma maneira de parar, ou possivelmente é minha obsessão falando sobre a razão, mas o que seja que começamos não pode ser interrompido. Athena: Isso soa como uma ordem, Sr. Coleman, e está falando no plural como se houvesse um NÓS sobre isso. Vincent: HÁ, por favor, não duvide, senhorita Rousseau.

Mordi meu lábio com nervosismo, tentando esconder o sorriso que queria escapar do meu feroz controle. Athena: Bem, você tem sorte Sr. Coleman, sinto-me bondosa no dia de hoje, por isso, não discutirei com você o termo NÓS, como se fôssemos casal. Vincent: Mmm, como sempre, é um prazer falar com você, é a alegria de meus solitários dias, obrigado por suas ocorrências. Trocando de tema, Onde está neste momento? Athena: Por que quer saber? Vincent: Chame-o instinto protetor, mas sim, exatamente isso... Por algum motivo me faz querer te proteger. Athena: Prefiro não perguntar de onde vem esse sentimento, já estamos o suficientemente fodidos com o que existe entre nós dois. Estou trabalhando e está me distraindo. Vincent: Sim, não nos aprofundemos nessa questão, trabalhando onde? Fazendo o que? Quanto tempo trabalha e que dias? Athena: Pensei que havia dito que despertava seu instinto protetor... não o PERSEGUIDOR. Tenho que trabalhar, então vamos nos falando. Beijos. Vincent: Esses beijos são promessas próximas a cumprir? Nem sequer me disse onde trabalha. :( Athena: Não seja mal-humorado.

Respondi. 42

Vincent: Eu sou, aprenda a viver com isso. Athena: Você é um teimoso. Vincent: Você é teimosa. Athena: ARRRGHH! É IMPOSSÍVEL.

Escrevi franzindo o cenho e praticamente esmagando as pobres teclas de meu celular. Vincent: E você é LINDA :)

Respondeu Vincent. Athena: É sério? Deus me ajude a tolerar você!

Tentei transmitir que estava irritada, mas sabia que não conseguiria, encontrava-me sorrindo e sentindo um calor dentro de mim por nossa pequena discussão. Vincent: Obrigado, isso significa que estará comigo mais tempo para se irritar com minha atitude. Portanto, te tenho para mim. Athena: Só se eu o tenho para mim, Sr. Coleman. Advirto que é uma loucura tudo isso. Vincent: Mas uma loucura boa tenho certeza. :) Athena: Sim, uma loucura boa, agora pare de me incomodar e faça algo produtivo.

Foi à última mensagem que enviei e embora não tenha me respondido, sabia que sorriu em frente à tela do seu celular.

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Capítulo cinco Terminei o trabalho antes do previsto e o Sr. Sangabriel me deixou sair pouco antes das 11 da manhã.

Fazia o

inventário e os pedidos de mercadoria por telefone de maneira rápida, por isso tive tempo de organizar o depósito e fazer minha tarefa. No caminho de volta para casa me encontrei pensando em Vincent, apesar de ser mais velho que eu e que era um homem adulto, não conseguia encontrar razões válidas para mim, que me levassem a ficar longe dele e acabar essa aproximação que estava ocorrendo entre nós dois. Ele era quase 11 anos mais velho que eu, mas isso não importava nada, pessoalmente a idade é só apenas um número, o que contam são os fatos, a maturidade, o nível de responsabilidade, etc. Nada mais tinha importância em uma relação. Sim, parecia muito romântico e sonhador: no amor a idade não importa. Não iria colocar como é, mas sim, podia contar como uma maneira de expressar meus pensamentos. No momento em que cheguei em casa estava sorrindo sem motivo aparente, ou possivelmente esse motivo tivesse nome: Vincent Coleman. — Está muito contente hoje. — Comentou minha avó enquanto me aproximava dela para dar um beijo em sua testa. — Foi um bom dia até agora. — Expliquei deixando minha bolsa no sofá da sala. Quando virei meus olhos para a cozinha lá se encontrava o responsável por meu sorriso, o Sr. Coleman. Com um

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avental coberto de farinha. Sorri abertamente e não pude aguentar as vontades de rir como louca ruidosamente. Tive que pôr as mãos em meu estômago e me inclinar, de tanto rir sentia que me faltava ar e dor no estômago. Não podia evitar. Vincent com um avental de cozinha era uma visão. — Não seja rude, filha. — Repreendeu-me minha avó, mas também se encontrava sorrindo. — Estava ajudando sua avó a fazer um bolo. — Explicou Vincent

levantando

uma

sobrancelha

e

me

desafiando

abertamente a seguir com a provocação. Engoli em seco e olhei em seus olhos, parei de rir, mas continuei sorrindo. — Vou comprar mais ovos na loja, Vincent, tome cuidado para que o bolo não queime. — Disse minha avó e saiu pela porta, deixando ele e eu sozinhos. Ele cruzou seus braços e fez uma pose digna de um modelo,

conseguindo

parecer

incrivelmente

atraente

e

indignado ao mesmo tempo. O sorriso se apagou de meu rosto, corri meu olhar pela roupa de Vincent. Vestia suas típicas calças pretas e uma camisa azul pálido de botões, as mangas estavam arregaçadas, deixando à vista seus incrivelmente bem torneados braços. Nunca vi uns braços tão atraentes como os dele. Eu gostei. Deixaram-me louca. Faziam-me perder a sanidade. Estava vestindo um avental florido para evitar sujar sua roupa e de alguma maldita maneira conseguiu que inclusive isso parecesse atraente sobre ele.

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O homem devia ter um pacto com o diabo. Ninguém podia ser tão gostoso como ele era, colocasse o que colocasse. — Agora você não está rindo de mim, certo? — Disse com um sorriso malicioso enquanto se aproximava de mim, me rodeando com seus fortes braços e me mantendo cativa dele, inclinou-se sobre mim deixando seu rosto a uma curta distância do meu. — Encontrou algo engraçado, senhorita Rousseau? — Absolutamente nada engraçado. — Respondi rodeando seu pescoço com meus braços. Ele grunhiu audivelmente me causando uma espontânea risada, ao que respondeu me aproximando ainda mais a ele, se é que isso fosse possível. Seus lábios assaltaram minha boca e perdi todo o senso de humor. Muito cedo se separou de mim. — Estive preocupado, Srta. Rousseau, afinal não me disse onde trabalha e no que. — Queixou-se fazendo uma engraçada e sexy careta. Queria morder seus lábios. Deus me ajude e tenha piedade dessa humilde pecadora que era eu, morderia esses lábios mais cedo ou mais tarde e ninguém me impediria. — Não seja mal-humorado, logo eu vou te contar tudo. Agora tenho coisas mais importantes a fazer neste momento. — Expliquei. — Ah, realmente? Quais coisas? — Estas. — Eu disse e o aproximei de mim decisivamente. Seus lábios davam o mesmo ou mais do que recebia. Era perfeito. 46

Mordisquei seu lábio inferior, ganhando um gemido dele. Porra. Seu lábio era mais viciante do que tinha esperado. Lambi seu lábio inferior causando um estremecimento e me afastei respirando rapidamente, como se tivesse corrido uma maratona. O único problema era que eu odiava o exercício, por isso ninguém acreditaria que estive correndo pelo que estava com falta de ar. A menos claro, que dissesse que um cão havia me perseguido, então sim, ninguém duvidaria de mim. Vincent me olhava com intensidade. Muita, eu acho. Se eu não adorasse o homem, eu teria medo. — Eu gosto do avental. — Comentei com voz rouca e ruborizei. — Nem sequer tenho palavras. — Desculpou-se colocando cada mão ao redor de meu rosto e acariciando com seus polegares minhas bochechas ruborizadas. Nem sequer sabia se tinha passado um minuto ou possivelmente dez e se minha avó estava a ponto de retornar. Merda. — Minha avó deve estar chegando. — Disse-lhe dando um beijo no queixo e me afastando dele. Um perigo andante para as mulheres. Quem não gostaria de deixar o que estivesse fazendo para contemplar ele? Maldição, para saltar nele! — Vou me arrumar, tenho que ir para a escola. — Disselhe enquanto começava a subir as escadas. — Posso te levar? — Perguntou enquanto acendia a luz do forno para ver o bolo que estava assando.

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Eu sorri. Não podia conceber uma imagem dele sendo caseiro. Agora a tinha guardada em minha memória até o dia de minha morte. — Certamente eu pensei que fosse fazê-lo, senhor controlador. — Respondi elevando uma sobrancelha e me afastei dele. No momento em que voltei a descer as escadas já eram 12:00, estava vestida com o horrendo uniforme escolar, mas com bom humor que absolutamente nada poderia arruinar. A

vovó e Vincent estavam decorando o bolo com

merengue. Odiava admiti-lo, mas parecia delicioso, especialmente porque, para surpresa de todos, Vincent ajudou a fazer. E só por isso, com certeza seria o melhor bolo que comeria em minha vida. Sentei-me em uma cadeira alta na mesa do café da manhã e observei como cobriam o bolo de merengue, não é como se ficasse perfeito, mas estava decente a apresentação. E era perfeito para mim. — Me diga, vovó, como conseguiu que o Sr. Coleman colocasse um avental florido e te ajudasse a cozinhar um bolo? — Brinquei, maravilhada com a imagem de Vincent. — Eu não perdi o toque da manipulação. — Respondeu ela piscando um olho. Sorri. Essa era minha avó com o senso de humor de uma adolescente. Em adição, a relação entre eles era como se ele fosse mesmo seu neto, o que significava uma relação profunda. Sim, podia dizer que para ela, ele era da família. 48

Era como um neto adotivo. O que não sabia é se isso era bom ou ruim. Supunha que o saberia em algum momento. Nós três comemos em silêncio. Um silêncio confortável. O tempo passou voando. A 13:10 em ponto pendurei minha bolsa no ombro e saí da casa. Novamente iria à escola na caminhonete de Vincent. Minha avó voltou a repetir que tomássemos cuidado e sorriu todo o tempo que nos viu sair juntos da casa. É como se ela soubesse algo que nós não sabíamos. A mulher podia ser velha, mas era extremamente sábia e observadora. O que era muito ruim para mim se continuasse com o objetivo de continuar vendo Vincent e querer mantê-lo em segredo. — Precisamos conversar. — Disse Vincent enquanto me ajudava a subir na caminhonete e me colocava o cinto de segurança. Por seu tom de voz uma sensação de mal-estar e preocupação se acumulou dentro de mim. Ele falaria de algo sério. Possivelmente tinha se arrependido. Não que fôssemos algo. Mas possivelmente encontrou alguém. Possivelmente eu não era suficiente para ele. Possivelmente só brincava comigo. Merda! Já estava imaginando as possíveis razões pelas quais teria que deixar de vê-lo.

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Bem quando me sentia mais apaixonada por ele do que nunca. Bem, paixão era apenas uma palavra que justifica e esconde a verdade. Mas não pensava admitir que me apaixonei por ele quando estava a ponto de me mandar para o inferno! Não, senhor, antes morta! — Bem, falemos logo, então. — Eu disse com um tom de voz indiferente. Sim, foi uma boa atuação e escondendo que meu interior estava entrando em colapso com o pensamento de perdê-lo. — Estive pensando esta manhã, — Explicou me olhando nos olhos, um nó se formou em minha garganta — a verdade é que eu acho que não podemos continuar assim. Sim. O. Fim. De. Meu. Mundo. Começou. Mas não choraria. Porra! Eu não chorava e não o encarei. Não. Não. Não. Não. Não. Não. DIGNIDADE, ATHENA! Eu gritei em meu subconsciente. Mantive a cabeça para cima, tentando não expressar minhas emoções. — Bem.

Concordo. — Mesmo aos meus ouvidos minha

voz soou fria. — Não me entenda mal, — repreendeu-me severamente. — Refiro-me que não podemos continuar assim como estamos... Eu pensei... Ele não terminou de dizer a oração e o nervosismo estava me corroendo. Precisava saber sua “solução”. — Foda-se tudo. — Grunhiu exasperado — Seja minha namorada. Seja minha.

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Engasguei e comecei a tossir. Merda. Era embaraçoso. O homem me pedia para ser sua namorada e que eu fazia? Engasgava. Ele acariciou minhas costas até que pude respirar normalmente. — Você está bem? — Ele perguntou divertido. Sim, o desgraçado atraente estava se divertindo. Namorada? Realmente me pediu para ser sua namorada? Olhei ele nos olhos e não sabia o que dizer, beijou-me com ternura, e em seu beijo pude sentir o desespero. — Por favor. — Sussurrou contra meus lábios e toda a tensão abandonou meu corpo. Não o deixaria escapar de meu lado. Não enquanto os dois quisessem estar onde estávamos. Devolvi-lhe o beijo e sorri contra seus lábios. — Sim, quero ser sua, mas só se você for meu. — Sussurrei e o beijei com ardor.

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Capítulo seis No

momento

em

que

Vincent

pôs

em

marcha

a

caminhonete não fui capaz de deixar de sorrir, realmente tinha um estúpido sorriso permanentemente plantado em meu rosto. Pela milésima vez tentei ser discreta em vê-lo de soslaio. E pela milésima vez falhei. Me pegou olhando para ele e pegou minha mão entre a sua e a levou aos lábios. Plantou um suave beijo nela e me deu um bonito sorriso torcido. Oh, sim, o homem tinha o melhor sorriso que eu já vi! Era tão injusto como alguém podia ser tão perfeito. Teria que propor alguma lei que impede os homens de serem tão sedutoramente viciantes. Quer dizer, onde está a igualdade entre os homens? Se pudesse, apostaria que Vincent estava no mais alto na escala DOS MELHORES PARTIDOS. Ninguém tinha oportunidade, nem mesmo a mínima a seu lado. Ali estava à questão, o fator principal desta história: ELE ME ARRUINOU COMPLETA E IRREMEDIAVELMENTE PARA OUTROS HOMENS. Sim, como poderia haver alguém depois dele? — Não sabe o que me faz sentir em saber que é minha. — Ele sussurrou com um penetrante olhar em minha direção. Sim, ele não me dava uma ideia do que ele poderia sentir. Mas a intensidade de seu olhar me fazia ter uma ideia. — Eu sei o que me faz sentir sabendo que você é meu. — Respondi-lhe de volta. 52

Deu-me uma piscada e voltou sua atenção para estrada. Nesse dia havia muito tráfego. Para minha sorte. — Sabe o que melhoraria este dia? — Perguntou-me casualmente enquanto estávamos parados no meio do tráfego. — O que? — Respondi um tanto cautelosa. Com Vincent Coleman nunca sabia que ideia teria de um momento para o outro. E era essa espontaneidade que tinha, que eu tanto adorava. Porra. Eram tantas coisas que eu adorava nele que demoraria horas em fazer uma lista com elas. — Vamos passear... não entre na escola. — Seu tom de voz era extremamente sedutor que me encontrei considerando sua proposta. Vamos! Um dia inteiro com Vincent como companhia. Seus beijos. Seus abraços. Sentir sua mão tomando a minha enquanto caminhamos. Ouvir sua voz. Sentir o calor de seu corpo. NÃO VÁ LÁ, ATHENA! Minha consciência praticamente gritou. Bem. Sim. Concentre-se. Não o olhe nos olhos. Ignore o homem. IGNORA. O. HOMEM. NÃO. O. OLHE. NOS. OLHOS. Sim, era fácil dizer... O

olhei

desconfiada.

PRIMEIRO

ERRO.

Seus

olhos

suplicavam que cedesse. — Por favor, por mim? — Insistiu enquanto continuava com esses olhos de cordeiro. 53

Maldita seja, era o homem mais sexy do mundo. Quem poderia lhe negar algo? NÃO. SE. RENDA. Bem, não me rendo. Claro. — Diga sim. — Continuou insistindo. Estava prestes a recusar. Estava tão perto de dizer que tinha que assistir as aulas, não poderia faltar. Isso não estava correto. Certo? A verdade é que já não sabia. Não enquanto o carro estava cercado por seu sexy cheiro de homem e esse perfume que cheirava tão delicioso. Ou era só seu cheiro natural? DIABOS. Eu o vi se aproximar de mim. Não o impedi. SEGUNDO ERRO. — Você sabe que quer fazer. — Sussurrou perto de mim, sua respiração se chocando contra meu rosto. Quais eram as razões que tinha para dizer não? — Se entregue a seus desejos. — Sussurrou enquanto mordia meu lábio inferior com seus dentes. Eu permiti. Suas

mãos

rodearam

meu

pescoço

e

começou

a

massagear minha nuca. Era tão relaxante que cedi a seus beijos. TERCEIRO ERRO: permitir seu contato com minha pele. Sim. Em menos de 10 segundos perdi toda minha força de vontade. Eu era mingau em suas mãos. — Bem. — Cedi com um sussurro.

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Deu-me um último beijo em meus lábios e voltou sua atenção ao tráfego, os carros estavam começando a se mover desta vez. Ele manteve um sorriso satisfeito em seu rosto. MALDITO MANIPULADOR QUENTE PRA CARAMBA. Como não vai se tornar um grande empresário sabendo tão bem como conseguir o que ele queria? Não é que estivesse zangada, a simples ideia de passar todo o dia com ele fazia meu coração disparar, mas começava a me incomodar que pudesse ceder tão facilmente. Eu não era do tipo que cedia aos outros. PORRA. Mas é que o homem era tão sexy... — Com esse sorriso que tem parece mais jovem. — Comentei fascinada vendo seu perfil. A verdade era que com esse sorriso e a alegria que emitia, parecia mais jovem, com uma despreocupação quase infantil. Eu adorei. Não me cansaria de dizer isso. — Pareço velho sem ele? — Perguntou elevando uma sobrancelha. QUENTE. — Não é isso, só que são raras as vezes que te vejo sorrir... — Disse mordendo meu lábio e recordando as milhares de vezes que o vi de longe parecendo frio e controlador. — A primeira vez que te vi pensei que era um amargurado. Negou com a cabeça parecendo divertido. Isso era bom, por um momento temi que se incomodasse por minha honestidade. — São poucos os motivos para sorrir, a vida que levo tende a ser muito solitária. — Comentou e senti meu coração 55

encolher ao imaginá-lo só e chateado com seus negócios. — Para minha sorte, um dia apareceu um bonito anjo em pijamas enquanto estava a ponto de sofrer um enfarte por estresse. Senti minhas bochechas coram. Desde aquela época não havia cometido novamente o erro de sair à rua de pijama assim nem que esteja levando a cabo o apocalipse. Bem. Ele estava exagerando. Mas a verdade é que me tornei mais cuidadosa na hora de vestir. — Não me lembro disso. — Queixei-me cobrindo meu rosto entre minhas mãos. O carro parou abruptamente. Vincent tinha estacionado perfeitamente entre dois carros. Como fez isso tão rapidamente, era um mistério. — Por que...? — Comecei a dizer, mas me deteve. Afastou minhas mãos do meu rosto e me fez encará-lo. Alguma vez havia ficado tão nervosa? Eu acredito que não. — Eu adoro quando se envergonha. — Explicou um pouco tímido. Isso era algo novo para ver. Eu gostava do Vincent tímido. Era ainda mais quente. Como poderia? Aproximou-se lentamente de mim, seus lábios cobriram os meus. Sim, encontrei meu paraíso pessoal. Não tinha a menor ideia do tempo que tínhamos passado nos beijando, de algum jeito parecia que tínhamos estado eternamente ali juntos, nos beijando. E por outro lado parecia que não foi o suficiente para me saciar dele. 56

Declarado: era viciada nele. — Sou viciada em você. — Sussurrei, me afastando dele para recuperar o fôlego. Não era a única que estava ofegando. Bom. Pelo menos ele não era imune. — Eu também sou viciado em você. — Disse Vincent enquanto dava um suspiro e ligava a caminhonete. — Ainda não posso acreditar que tenha me convencido a não entrar na escola. — Queixei-me. — Não é um sequestro, não está obrigada a ficar. — Respondeu indignado. Ótimo. Apenas o que faltava. Que o homem estivesse sentido. — Hey! — Chamei sua atenção e coloquei minha mão em seu

queixo

obrigando-o

a

me

olhar



Não

é

isso...

simplesmente me desconcerta que me leve a fazer coisas que jamais acreditei que faria, e as faço porque quero, mas o incentivo é você. — Estou feliz em saber que sou seu incentivo. — Admitiu timidamente. — É apenas que tudo isso é novo para mim. — Admiti em voz baixa. — O que é novo para você? — Perguntou curioso. — Isso... nós... — Respondi desconfortável e me movi no assento. — Nunca tive um relacionamento. Absolutamente sua cara era um momento Kodak. Por um lado, mostrava surpresa. Por outra incredulidade. Alegria. Júbilo. Êxtase. Êxtase, realmente?

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— Fico feliz que você goste de ser o primeiro. — Disse ironicamente. — Não pode me culpar. — Defendeu-se. — Melhor não perguntar o número que sou eu. — Minha insegurança me fazia nem sequer querer ter uma ideia. Vamos. Vincent é jovem, bonito, atraente, com um corpo quente, trabalhador, rico e muitas coisas mais. Ele era o que toda mulher quer. Quem poderia resistir a ele? Certamente, eu não. — Não vamos lá. — Repreendeu-me. — Sim, tenho um passado, como todos... Mas este é o presente e é o que importa. Você é o que importa. Mesmo assim minha insegurança deixou um eco de sua voz em meu interior. Deixaria a questão por agora. — Aonde vamos? — Perguntei mudando de assunto. — Pensava em te mostrar um lugar. — Disse sorrindo radiantemente. — Bem. — Concordei e me concentrei em ver através da janela da caminhonete. Demoramos 20 minutos para chegar. Tomamos a estrada dos subúrbios da cidade, quase chegando ao portal de entrada. Vincent se dirigiu ao longo de uma estrada pavimentada, que terminou na entrada de uma fazenda. O portão elétrico se abriu e ele entrou para estacionar a caminhonete dentro. Bem. Não sabia o que estávamos fazendo ali. Mas definitivamente tudo era muito ao estilo Vincent. Elegante. 58

— O que fazemos aqui? — Perguntei enquanto Vincent descia da caminhonete e se dirigia para minha porta para me ajudar a sair. — Queria te mostrar minha casa. — Respondeu com as bochechas coloridas de um ligeiro rubor. Espera. Sua casa? Sim, definitivamente poderia imaginar essa bela fazenda sendo sua casa. — Se essa é a sua casa, que diabos faz vivendo em uma pequena casa perto da minha? Olhou-me como se eu não pudesse compreender o óbvio. Ótimo, agora eu era a idiota aqui. — Não é óbvio? — Perguntou, como se uma parte dele acreditasse que estava brincando. Neguei com a cabeça. Ele revirou os olhos — Não posso viver aqui porque significaria deixar de te ver sempre. Oh. Meu. Deus. Acredito que nem se um extraterrestre parasse em frente a mim e me tivesse atirado o Justin Bieber poderia ter sido tão feliz como o que estava ouvindo de Vincent admitindo sua fraqueza por mim. — Bom. — Eu disse. — Bom? Isso é tudo? — Perguntou com um olhar incrédulo. — Eu digo que não posso me afastar de você e só me diz “bom”? — O que mais quer que eu diga? — Respondi — Sou a mulher mais feliz por ter você comendo na palma de minha 59

mão. Acha que existem palavras para descrever algo que nem mesmo eu posso entender a sua intensidade? — Eu gosto quando você está prestes a se desesperar. — Disse de repente enquanto dava um beijo em minha testa e rodeava meus ombros com seu braço. Começamos a caminhar para a entrada da bela casa. Mmm algo não estava bem. Movi minha mão lentamente de sua cintura a suas costas. Não, isso não estava bem. Coloquei minha mão no seu bolso traseiro da calça que vestia. Sim, muito melhor. Me acomodei mais perto dele, estava a ponto de ronronar como um gatinho. Sim, isso era ao que me reduzia Vincent, mas não podia evitá-lo. DIABOS. O homem tinha o melhor traseiro do mundo. Tinha um sorriso satisfeito em seu rosto. Eu sabia que gostava de minha mão onde estava. Quem não gostaria? Poderia me acostumar a isso. Agora bem, tinha descoberto algo que eu ainda não tinha pensado ser possível: EU GOSTAVA DOS TRASEIROS. Mas não todos. Apenas o de Vincent. Eu poderia deixar de me sentir atraída para ele? Honestamente pensei que não. O que significava que estava na merda.

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Capítulo sete Quando entramos na sala da casa tive que me afastar dele para que pudesse caminhar livremente. Uma pena. — Quer algo para beber? — Perguntou Vincent enquanto me ajudava a tirar a bolsa. TUDO. UM. ESPETÁCULO. Considerando que a justa camisa azul céu de botões que estava usando fazia ser muito notável a excelente musculatura de seu abdômen e braços, me fazia querer babar. Literalmente. Outro sorriso satisfeito. Se o homem pudesse medir o nível do ego que tinha, certamente superaria os limites estabelecidos como "aceitáveis para que sua saúde mental permaneça intacta". Não é que me queixasse. Eu gostava do jeito que estava. Sim, e isso incluía sua fodida atitude junto com seu perfeito traseiro, abdômen e braços. Uuff às vezes a gente podia chegar a ser tão sacrificada. Levantou uma sobrancelha e me olhou em expectativa. O que ele havia dito? Alguma pergunta. Tinha certeza disso. Mas o que tinha me perguntado não tinha nenhuma maldita ideia. Genial. Ficaria como tola. Senti minhas bochechas ruborizarem. Apenas o que precisava. —

Perdão,

O

que

você

me

disse?



envergonhada. Soltou uma forte risada e se aproximou de mim.

61

Perguntei

Pôs uma mão em minha bochecha e com seu polegar acariciou meu lábio inferior. O. PARAÍSO. — Havia perguntado se queria algo para beber, Água, limonada ou soda? — Perguntou enquanto colocou sua outra mão ao lado do meu quadril. SIM, DEFINITIVAMENTE O PARAÍSO! Ele me puxou mais próxima a ele, estávamos praticamente separados por apenas o tecido de nossas roupas. Podia sentir o calor e a dureza de seu corpo. INCRÍVEL. Minha mente hiperativa imaginou centenas de ideias do que poderíamos fazer para melhorar a situação. — Bem? — Perguntou divertido. — Bem o que? — Perguntei distraída enquanto coloquei minhas mãos em seu peito. Nesse momento estava totalmente certa de que ele fazia exercício. Seus marcados músculos eram a prova exata disso. Aproximou-me mais. Não pensei que isso fosse possível. Mas era. Podia sentir todo seu corpo contra o meu. Seus lábios roçaram os meus timidamente e falou contra eles. — Tem que aprender a prestar mais atenção. Você se distrai com facilidade. — Repreendeu-me, me dando um casto beijo nos lábios e dirigindo-se para a cozinha. Isso é tudo? Será que o bastardo me provocava e apenas decidia que teve o suficiente? Oh, não, senhor. Não ia me deixar com as vontades. 62

Fui atrás dele até a cozinha. Ele estava agachado olhando algo na geladeira. Me aproximei mais, estava pondo gelo em dois copos. E vê-lo nessa posição me dava uma excelente vista de seu firme traseiro. DEUS. PODERIA

MORRER

ALI

MESMO

DE

COMBUSTÃO

ESPONTÂNEA. Tinha certeza nunca me senti tão atrevida em toda minha curta vida de 17 anos e meio. E o que com o Sr. Coleman? Ele apareceu e jogou toda minha concentração e raciocínio a merda. O que eu estava fazendo? Estava totalmente de acordo com isso. Ambos estávamos igualmente fodidos. Olhei-o servir limonada nos copos e aproximar-se de mim. Estendeu-me um sorrindo como um diabólico lobo a ponto de atacar a sua presa. NÃO. DEFINITIVAMENTE AS COISAS NÃO ESTAVAM BEM. Por que demônios seria a ovelha quando posso ser o lobo? Sorri malvadamente e aceitei o copo. Tomei um longo gole de limonada e soltei um silencioso gemido quando senti minha garganta refrescar-se. Era a melhor limonada que provei. Vincent ficou com o copo parado a meio caminho de sua boca. Olhava-me acusadoramente. Você vê o que parece? Com minha língua lambi os resíduos de limonada de meus lábios. 63

M-U-I-T-O L-E-N-T-A-M-E-N-T-E. Vincent soltou um grunhido. Um grunhido, sério? O que é isso, a era das cavernas? VOCÊ. MINHA. EU. TU. JUNTOS. AGORA. Não, senhor. Teria que aguentar. Este era um jogo de dois. — Você está bem? — Eu perguntei inocentemente. Deixou de repente o copo no balcão e entornando a água. Mordi meu lábio inferior. A guerra estava chegando. EXCELENTE. Aproximou-se rapidamente de mim. Com o polegar libera meu lábio de meus dentes. — Não. Morda. O. Lábio. — Disse lentamente com a mandíbula apertada firmemente. OH. SIM. O. HAVIA. ACERTADO. JUSTO. EM. SEU. PONTO. FRACO. — Por que não? — Perguntei fazendo beicinho para efeito. Outro grunhido. Ele rapidamente se aproximou de mim e me beijou com força. Devolvi-lhe o beijo. Aproximou-me mais a ele. Caminhamos um pouco, choquei-me contra a geladeira. Encurralou-me contra ele. Outra vez sua mão em meu quadril e a outra em meu pescoço. Senti uma leve dor em meu lábio. Vincent mordeu meu lábio! Ele passou sua língua sobre ele e um formigamento substituir a dor. PERFEITO.

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Passei os meus braços ao redor de seu pescoço e o aproximei mais de mim. Retornei-lhe o favor mordendo seu lábio. Obtive um gemido em resposta. Não sei quanto tempo seguimos com o jogo, até que meus lábios

se

sentiam

irritados

e

saborosamente

usados.

Separamo-nos para tomar ar. — Temos que parar. — Disse com uma rouquidão deliciosa. — Estou totalmente de acordo. — Cedi sustentando meu peso nele. Ainda não podia liberar seu pescoço de meus braços, minhas pernas tremiam e tinha certeza que se me soltar cairia diretamente no chão como gelatina derretida. — Vamos dar um passeio, quero te mostrar algo que é pelo que te trouxe. — Disse me dando um beijo na testa. — Não tenho certeza se posso caminhar neste momento. — Disse sorrindo tolamente. — Bem, não podemos correr o risco de cair. — Respondeu alegremente. Agora que ideia entrou nessa dura cabeça? Deus me ajude, encontrei-me feliz aguardando suas loucuras. Ajudou-me a me sentar na cadeira que estava a um lado da mesa de café da manhã. Um brilho malicioso sobre seus olhos. Pelo amor de tudo o que é sagrado, que não permita que suas ideias sejam tão loucas.

65

Começou

a

me

beijar

lentamente.

Derreti.

Amava

tremendamente aqueles lábios travessos. Suas mãos começaram a acariciar levemente meus joelhos, um arrepio percorreu meu corpo. Alguma vez deixaria de ter tal reação a sua proximidade? Ele abriu minhas pernas com firmeza. Franzi o cenho. Mas que merda? Senti minhas bochechas corar. Com a saia do uniforme que tinha colocado e que ele fizesse tal ousadia, mostrando mais pele do que eu gostaria. Eu o senti sorrir contra meus lábios. — Não seja tão maliciosa. — Disse ele com desaprovação. Ótimo. Agora eu era a maliciosa. Virou de costas para mim e se acomodou entre minhas pernas e empurrou suas mãos em ambos os lados de minhas pernas. — Envolva meu pescoço com seus braços e segure bem. — Disse-me sorrindo. Então era para isso. Pensava em me carregar. Então para que tanto jogo? — É um maldito provocador. — O acusei e fiz o que me pediu. Levantou-me com ele e me sustentei para não cair embora não fosse necessário, ele era muito forte e eu muito magra. Não é como se o homem estivesse carregando muitos quilogramas para desestabilizar-se.

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— E você muito maliciosa. — Respondeu e começou a caminhar comigo tendo minhas pernas ao redor de sua cintura. Seguimos caminhando pelo terreno que rodeava a enorme casa. Estava coberto por árvores. Era lindo. Olhei para baixo e corei. Que me carregasse enquanto usava saia? NÃO ERA BOA IDEIA. Mesmo usando um short de lycra por baixo, eu não gostava. E outra vez aparecia seu poder leitor de mentes. — Não há ninguém perto assim não se preocupe. — Me tranquilizou. — Em algum momento não considerou que queria encobrir meu corpo de você? — Perguntei em um sussurrou ao lado de seu ouvido. — Honestamente? Não. — Esse foi seu ego falando. Revirei os olhos. — Às vezes pode ser tão egocêntrico que me surpreende que eu continue aqui te aguentando. — Mas você seria capaz de ir? Porque não te detenho, fica porque quer, assim como eu. Somos perfeitos um para o outro. — Nós somos. — Concordei e mordisquei sua orelha. Soltou um grunhido. — Agora quem é a provocadora? — Perguntou com essa voz rouca que me fazia tremer de prazer. — Aprendo com o professor. — E aprenderá mais se você não se acalmar. — Disse maliciosamente. — Estou aguardando. — Sussurrei e parei de provocá-lo.

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A vida às vezes podia ser tão maravilhosa que sentia como se tudo o que tive que viver para chegar onde estava, com Vincent, havia valido a pena. Porque o havia ganhado. Seja o que for que tivesse levado a nos encontrar, estava agradecida de que nos tenha juntado. Pela primeira vez me sentia completa, como se tivesse encontrado algo perdido que nem sequer estava procurando. Mas não o admitiria a Vincent, seu ego já era grande o suficiente sem saber que estava louca por ele.

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Capítulo oito O caminho pelo que Vincent caminhou nos levou até um pequeno riacho de água cristalina. Era lindo. O som da água correndo tranquilamente por seu caminho me fez fechar os olhos e desfrutar do relaxamento que me causava. Estar rodeada de natureza era delicioso. E mais ainda se foi colada a um sexy homem. Deus! Estava me transformando em alguém que ia direto para a cidade ninfomaníaca. Não demoraria muito e eu poderia me auto proclamar uma ninfomaníaca. Uma ninfomaníaca virgem, zombou minha consciência. Franzi o cenho tentando passar por cima da questão. Pensar nisso enquanto estava tão perto do Vincent? NÃO, OBRIGADA. Esse era uma questão proibida. Por enquanto. — Isso é tão bonito e perfeito. — Comentei beijando um lado do pescoço de Vincent. — Eu sei, o lugar é maravilhoso, é por isso que te trouxe, sabia que você gostaria. — Explicou sorrindo infantilmente. Essa nova faceta de meu Coleman era tão quente que estava me apaixonando cada vez mais por minuto. —

Não

falava

da

paisagem,

embora

também

seja

maravilhoso. — Sussurrei contra seu pescoço. Deus, Vincent era uma droga. Um perigo. Uma ameaça. Um fogo que me consumia rapidamente. Ele era tudo isso e muito mais, e apesar disso me sentia tão ligada que era impossível me afastar. Seria minha ruína e não me importava porque a seu lado me sentia completa. 69

Pela primeira vez sentia o verdadeiro prazer de viver. Ele abriu meus olhos e em troca lhe entreguei meu coração. E nesse momento o confirmei: amava o homem com loucura. Quando tinha acontecido? Eu não sabia. Poderia ter começado a amar desde o primeiro momento em que o vi, ou quando escutei pela primeira vez sua voz, ou desde que vi como tratava a minha avó como um ente querido, ou possivelmente desde o primeiro beijo, também poderia ter começado a amá-lo quando insistiu teimosamente em comprar minha casa, ou quando insistiu em ser meu motorista. A verdade é que o importante é que o amava, não importa desde quando, e uma teoria é que bem poderia amá-lo cada vez mais com cada pequena coisa que fizesse. Se era bom ou ruim amá-lo? Não sabia. Tinha medo de afastá-lo com meus sentimentos. Deus sabe que os homens fogem deste tipo de coisas. Não poderia dizer decidi obstinadamente. Poderia ser um engano, disse minha consciência. A honestidade era a chave de qualquer relação. Mas merda! Não tinha uma maldita ideia do que fazer. Bem, assim estava a coisa: tinha aceitado que o amava, apesar de que jurei que não chegaria a fazê-lo, o que foi feito foi feito e não podia remediar, deixaria que vivêssemos o momento e se tivesse a chance, confessaria a ele meus sentimentos. Mas se ele não me amasse? Se não me quisesse nem um pouco? Se fugisse no momento que soubesse do meu amor? Se ele se preocupasse? Se o perdesse? Se não voltasse a vê-lo? 70

— No que tanto pensa? — Perguntou gentilmente Vincent. — Nada importante. — Respondi alerta. Merda. Que péssima mentirosa eu era. Ele

parou

e

virou

sua

cabeça

para

me

olhar

interrogativamente. Oh, grande, agora o homem se tornou obcecado em descobrir o que se passa em minha mente. Sempre tinha que ser tão curioso? — Não penso em lhe dizer o que pensava. — Eu adverti exasperada. — Nunca me diz nada. — Se queixou e começou a caminhar outra vez, sim, o menino estava zangando. — Também não me disse a respeito de seu trabalho. Amava o Vincent infantil. Sorri felizmente. — Não seja infantil. — Eu disse e lhe contei tudo sobre meu trabalho, o que fazia, os dias que trabalhava, as horas que trabalhava, contei-lhe absolutamente tudo. Menos dizer que o amava. Porque isso era uma loucura. — Fecha os olhos. — Disse-me um momento depois. Eu fiz. Ele parou e me abaixou com cuidado de suas costas e o senti caminhar e posicionar-se atrás de mim para me rodear com seus braços. Quase ronronei. — Agora abra os olhos. — Sussurrou em meu ouvido. Abri os olhos um tanto cautelosa... E fiquei sem palavras. O pequeno riacho desembocava em uma bela pequena lagoa de água cristalina, estava rodeado por árvores que dava uma bela sensação de paz e reclusão. Parecia tão perfeito ali. 71

Vincent, com todo e seu pretensioso traje, de alguma forma pertencia a esse lugar cheio de natureza. Eu não tinha palavras. A emoção tomou conta de mim. — Vincent, é tão perfeito... não tenho palavras. — Consegui dizer. Vincent me apertou mais contra ele. Me aconchegou em seus braços e sorri. Esse era meu novo lugar favorito no mundo. — Estava morrendo de vontade de compartilhar este lugar com você, sabia que você gostaria. — Disse inclinando-se para mim e beijando meu rosto com ternura. — Obrigada. — Respondi em um sussurro e me virei entre seus braços para rodear seu pescoço com meus braços e beijálo. Um belo casal fazíamos. Ele tremendamente alto e musculoso e eu pequena e magra e frágil em comparação com ele. Mas de alguma forma fomos perfeitos um para o outro. Beijei-o até que estava com falta de ar, sempre era o mesmo cada vez que ele me beijava. — Vamos, ainda há mais. — Ele disse tomando minha mão e caminhando mais perto da beira. — Mais? — Perguntei extasiada. Assentiu como um menino que mostra seu mais novo brinquedo. — Às vezes é como um menino. — Comentei com um grande sorriso.

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Virei o olhar para a cesta e a manta que estavam na grama a uns metros da beira da lagoa. — Um piquenique? — Eu perguntei vendo-o desfrutar de sua ideia. Amava a esse homem infantil. Não podia negá-lo mais. — Não é genial? — Perguntou orgulhoso. Dirigi o olhar mais uma vez para a cesta e a manta. Oh, não. Vincent e suas loucas ideias, mais uma vez. — Você tinha tudo planejado. — O acusei, me obrigando a manter uma expressão séria e zangada. Teve a decência de corar. Pelo menos. Olhou-me com olhos arregalados. Seu olhar me fez lembrar meu irmão Louis quando era pequeno e o apanhava roubando bolinhos na cozinha antes do jantar. Por um momento não soube o que dizer e senti remorso de colocá-lo nessa situação, embora fosse bem merecido. No final optou por defender-se com toda a presunção que tinha em seu sexy corpo. — Sim, planejei tudo calculadamente, algum problema? — Disse com o ego até sua máxima expressão. Esse era meu Vincent. Presunçoso até os ossos. Eu ri alto e o abracei me colocando nas pontas dos pés para lhe dar um beijo no queixo. — Claro que importa, é tão digno de você, meu homem controlador das cavernas. — Respondi docemente. Grunhiu e me aproximou possessivamente a ele. Sim, esse era meu Vincent.

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— Eu gosto tanto de escutar você me chamar de seu homem.



Grunhiu

com

voz

rouca

e

me

beijou

descontroladamente. Já disse que ele era meu homem das cavernas? Sua mão caiu decisivamente em minhas costas. Não me importava. Eu não sei quanto tempo estivemos nos beijando até que ele se separou. Fiz beicinho. Afetava-me tanto o seu afastamento. Ou eu adorava terrivelmente muito sua proximidade, raciocinei mentalmente. — Vamos ou juro que terminarei deixando de ser um cavalheiro. — Grunhiu e me deu uma palmada no traseiro para que caminhasse. Soltei um grito mais pelo choque do que pela dor. Embora não é que suas palmadas não fossem tão suaves, porque não o eram. Mas eu gostava. Sim, agora que as tinha descoberto não me esqueceria delas. Deus sabia a vontade que tinha de dar uma palmada em seu traseiro. Mas isso provocaria o homem das cavernas em seu interior. Que não era tão ruim, mas quente. Vincent estendeu a manta e se sentou sobre ela, fiz o mesmo. Suspirei feliz. — O que fiz para ter ao melhor namorado do mundo? — Eu perguntei olhando-o com adoração. Caramba, não era comum em mim isso, mas o adorava com paixão. E o admitia para mim mesma com orgulho.

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— Sim... tem o melhor namorado do mundo. — Ele disse com orgulho. — E o mais egocêntrico também. — Adicionei em voz baixa rolando os olhos. — Hey, escutei isso! — Ele gritou indignado. — Sei, esse era o ponto. — Eu esclareci divertida. Mostrou-me a língua de maneira infantil e imatura, o que obviamente fez que meu coração disparasse. Colocou a cesta a um lado dele. — Vem para cá, mulher. — Ele disse ainda com voz indignada e me puxou suavemente até que estava sentada entre suas pernas. Suspirei e me inclinei contra seu peito. Rodeou-me com os braços e me beijou na bochecha. — Às vezes é tão exasperante, pequena. — Disse-me com voz suave. — E isso te incomoda? — Perguntei com a voz baixa. Ele ficou em silêncio. Esperei sua resposta. — Isso e o fato de que me deixa louco, me chama de velho, abusa de meu corpo, zomba de mim, não tem medo de mim, inclusive às vezes não tem respeito por mim. — Disse ironicamente e ouvi suas palavras atentamente — Também que me olhe com seus olhos ternos e às vezes me dá olhares sujos... tudo isso e muito mais, não me incomoda, pelo contrário, são coisas que fazem que eu a ame. Que viva para ver, minha pequena e teimosa mulher.

75

Até o momento em que terminou de dizer as palavras eu já me encontrava derramando lágrimas e tentando com todas minhas forças não fazer nenhum ruído que me traísse. Eu falhei miseravelmente. — Por que está chorando? — Perguntou-me Vincent preocupado e me virando em um ângulo em que ainda estava sentada entre suas pernas e podia ver meu rosto. Sua

pergunta

foi

o

gatilho

para

que

os

soluços

começassem. Era tão patético. Mas sempre tive uma parte sensível em mim que de vez em quando aparecia ao exterior. Esse era um momento. Seus braços me embalaram tão protetoramente que um calor me envolveu e me tranquilizou. — Diga-me, por favor, por que chora? Disse algo errado? — Ele perguntou pela segunda vez. E tomei a decisão de lhe dizer, para melhor ou para pior, lhe contaria meus sentimentos. Se ele ia ou ficava, era decisão dele, eu estaria em paz comigo mesma por ter sido honesta. Eu respirei. — Não quero te perder. — Disse entre soluços. — Você não vai, sempre pode me dizer o que quiser. — Tentou me acalmar. Fechei os olhos e contei até 10, tranquilizei-me o suficiente para falar claramente. Limpei minhas lágrimas. As palavras de Vincent tinham me oprimido. Mas o correto era a honestidade. Não era fácil de dizer, mas tentei o melhor que pude. — Há algo que não sei se posso te dizer, é que tenho medo. — Queixei-me em voz baixa. 76

Ele colocou uma mão sob meu queixo e o olhei em seus olhos. Verdes. Nunca me cansaria dessa cor. Amava esses olhos tão maliciosos. — Eu prometo que seja o que quer que me diga, ficarei aqui, contigo, a seu lado. — Disse com tranquilidade. — Bem, mas você que pediu. — Comecei a dizer. — A questão é que eu não sou esse tipo de garota que dá uma chance ao amor, até que você chegou nunca me interessei em alguém, é o primeiro em muitas coisas... A primeira vez que te vi pensei que era a coisa mais quente que já vi, e depois conversamos e começou a construção de seu estúpido edifício e pensei que era um desagradável. — Então quando continuou insistindo em comprar minha casa... estava certa que era um idiota. Mas com o tempo quando vi a maneira como tratava minha avó, comecei a perceber o tipo de homem que era e não podia evitar me sentir atraída por você, mesmo sendo errado. Não sou o tipo de garota que se fixaria. Mas desde que nos beijamos pela primeira vez não conseguia parar de pensar em você. — Chegou um momento em que não podia negar mais o que sentia. Mentia para mim mesma. Mas agora não posso continuar a fazê-lo, não com algo tão bonito. Eu te amo, Vincent. Te amo pelo homem que é pela mulher que me faz ser. Te amo por suas loucuras, sua atitude infantil e machista, por sua forma possessiva de agir, por seus valores. Te amo além da razão e da lógica, e não me importa se isso que sinto te faz fugir, mesmo assim te amarei. Te amarei queira ou não, corresponda-me ou não, continuarei te amando.

77

Até o momento em que terminei de falar as lágrimas continuavam caindo de meus olhos. Esperava alguma reação de sua parte. Não

sabia

o

que

esperar,

mas

que

me

beijasse

apaixonadamente não era minha primeira opção. Apertou-me contra ele e de algum jeito terminei deitada sobre ele com uma mão em meu traseiro e a outra em minhas costas.

Em poucas palavras terminei no paraíso mais

delicioso.

78

Capítulo nove Eu pude sentir a mão de Vincent contra a pele de minhas costas, era quente e firme contra minha pele, acariciou com um ritmo regular e um delicioso arrepio percorreu meu corpo. Se somente assim me sentia unicamente de ter a mão de Vincent contra a pele de minhas costas, não podia imaginar o êxtase que sentiria ao ter seu corpo contra o meu. Um gemido saiu de minha boca e me separei dele. Afligiam-me todas as emoções que me fazia sentir. — Não sei o que esperava, mas definitivamente não era que me abordasse tão descaradamente como agora. — Disselhe com um sorriso em meus lábios. Não que eu estava reclamando, porque não estava. Quem diabos se queixaria de ser o alvo da paixão de Vincent? Quero dizer, é o homem mais quente do mundo. — Eu te amo também, minha pequena. — Disse Vincent interrompendo minhas divagações. Fiquei congelada olhando-o com os olhos bem abertos. — Não se surpreenda, este velho mal-humorado tem a capacidade de amar. — Comentou irônico. — Este velho mal-humorado que tem a capacidade de amar, acaba por ser meu homem, então não fale assim. — Eu disse beijando-o novamente. Com minhas mãos abri botão por botão de sua camisa até chegar à metade que foi quando mãos me seguraram pelos pulsos me detendo de continuar com meu objetivo.

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— Você vê o que quero dizer? Um querendo ser um cavalheiro

e

chegam

para

abusar

dele.



Queixou-se

vagamente. Abusar dele? O homem aprenderia o que era abusar. Sim, senhor, essa pessoa foi boa, querendo corrigir os enganos de compreensão de alguém. Ensinaria a Vincent o termo "abusar". — Vejo exatamente o que quer dizer, querido. — Tranquilize-o ficando quieta com um olhar inocente. Ele soltou minhas mãos depois de um longo olhar. Sorri maliciosamente. Sentei montada em seu abdômen e terminei de desabotoar sua camisa abrindo-a de repente, e quase mandando a voar os pequenos botões. Pude ver por sua expressão que o tinha tomado por surpresa. Agarrei suas mãos e as estiquei por cima de sua cabeça. Fiquei a uns centímetros de seu rosto. Rocei meus lábios com os seus hesitante. — Agora sim sabe claramente o que significa abuso? — Perguntei com inocência, como se eu não estivesse sentada sobre ele. Provocando-o. — Eu acho que deixou claro, mas não completamente. — Respondeu maliciosamente tentando liberar suas mãos de meu fraco controle e ele sempre tão cavalheiro, não usou a força contra mim. — Oh, não, senhor, você não se moverá. — Ameacei-o e eu segui o jogo. Bom. 80

Manteve suas mãos fora do meu caminho enquanto explorava seu corpo. Deixei descoberto seu peito. Caramba. Nada era mais sexy do que ele. Tinha um ligeiro rastro de beleza em seu peito. Cada músculo estava duramente trabalhado até a perfeição. Todo seu abdômen tinha um sex-pacote orgulhosamente notável. Lambi meus lábios. O que fez Vincent gemer. Podia sentir minhas bochechas coradas, mas meu prazer estava além de minhas reservas e inibições. O que, se a vergonha que sempre sentia me impediria de desfrutar de meu homem? Claro que não! Foda-se, morria de vontade de saborear Vincent e nada vai me impedir. Deixei pequenos beijos em seu pescoço. Os ruídos de Vincent eram cada vez mais perceptíveis. Eu amei. Incitavam-me. Fui até sua clavícula e beijei meigamente cada centímetro de pele. Com minhas mãos acariciava seu peito. As mãos de Vincent foram para as minhas pernas, que acariciava preguiçosamente, subindo cada vez mais a saia até deixar descoberto o short que usava debaixo dela. Grunhiu quando percebeu. Ri ironicamente e decidi deixar uma grande mordida em seu pescoço. Agora, o gemido que obtive como resposta? Esse sim era um gemido. No dia seguinte, quando se visse no espelho, veria o pequeno presente que lhe deixei. Suas mãos desistiram da saia e acariciava meu traseiro, me apertando contra ele.

81

— Porra, pequena, realmente tento ser um maldito cavalheiro contigo e não me facilita as coisas. — Queixou-se enquanto beijava seu peito. — Não quero que seja um cavalheiro. — Reclamei em vão. Ainda assim, ele conseguiu me fazer parar e sentando-se e me rodeou apertadamente com seus braços. — Querida, na verdade não podemos continuar. — Você não me deseja? — Perguntei-lhe insegura. Minhas pernas ainda envoltas em seus quadris, então eu sabia, ou melhor, sentia que o desejo não era o problema. Porra, Vincent tirava o lado mais sujo e atrevido de mim. Esse homem quente me mandaria direto para o inferno, estava muito certa. — Essa não é a questão. — Respondeu. Sorri diabolicamente. — Bem, isso explica o volume em suas calças. — Respondi me movendo de propósito para enfatizar o meu ponto. Outro grunhido. — É uma provocadora, senhorita Rousseau. — Sua voz rouca me enlouquecia. Moveu seus quadris fazendo que neste momento eu soltasse um gemido audível. Ele riu de mim. Vincent e seu papel de provocador. Sexy e irritante. Embora encantador. — Mas falo sério, quero que nossa primeira vez juntos, sua primeira experiência, se é que tenho a sorte de ser bom para você, seja especial. — Explicou com voz rouca. 82

— Que ideia lhe ocorre de especial para nossa primeira vez? — Perguntei-lhe curiosa. — Não sei, um jantar romântico, você e eu juntos, passando uma tranquila noite em um lugar bonito, de férias preferivelmente. — Vincent, todo isso parece muito romântico, mas não se trata do lugar especial, se não da pessoa e contigo cada momento é o indicado enquanto você seja quem me faça sua. — Disse-lhe com voz séria. E era a verdade. Não me importava o lugar nem o luxo, enquanto estivesse com Vincent, meu homem mal-humorado e controlador, tudo era perfeito. — Sei, mas, por favor, me agrade sobre isso, me deixe organizar tudo para que seja inesquecível. — Implorou com aqueles grandes olhos bonitos. Como eu poderia negar? — Bem, faremos à sua maneira. — Respondi. — No final será você quem acaba com um grave caso de bolas azuis. Eu brinquei com ele. Caiu em minhas provocações como sempre. Resmungou uma vez mais. Sério o que era isto, uma nova língua ou porque tanto grunhir? Ou isso ou na verdade Vincent tinha uma besta interior. — Realmente você é uma provocadora. — Disse afastando a gola de minha blusa e beijando a pele de meu ombro. Porra. Sua vingança. Por que eu adorava tanto provocá-lo? 83

Oh sim, por vingança. Ótimo, meu prêmio? UMA MORDIDA. Vincent fazia um chupão em minha pele. Olho por olho. Disse ironicamente minha consciência. No momento em que pudemos parar de nos torturar com provocações nos sentamos na manta, comendo o que trouxe na cesta. Chocolate e fruta. Sanduiches. Coca cola – minha favorita. Doces. Sim,

estava

apaixonada

por

ele.

Conhecia-me

perfeitamente. — Nosso primeiro encontro. — Sussurrou, me dando um beijo com sabor de chocolate. DELICIOSO. — Mmm tem sabor de chocolate. — Sussurrei em seu lugar. — Não poderia ter me ocorrido nada melhor para um primeiro encontro. Exceto que tivesse preferido deixar de fora o fato de me incentivar a não ir para a aula. — Mas valeu a pena, Certo? — Perguntou com uma piscadela. — Absolutamente. Continuamos comendo até nos saciar. Olhamos para o lago por alguns momentos, abraçados e de vez em quando me roubando carícias ilícitas. Sorria

cada

vez

que

a

mão

de

Vincent

deslizava

discretamente por minha perna. Um arrepio percorreu meu corpo quando sua mão chegou dentro de minha camisa e acariciou a pele de minhas costas. — Meu Deus, às vezes você é um pé no saco. — Queixeime quando senti meu rosto corar e meu corpo queimar. 84

Por que fazia tanto calor? — Eu gosto de ver você assim. — Ronronou beijando meu pescoço pela milésima vez. Tinha certeza que quando pudesse ver minha pele do pescoço e ombros encontraria mais de um chupão. Maldito homem febril. Bem,

eu

poderia

morder

minha

língua

com

esse

comentário. Eu rivalizava com seu nível de desejo. Envergonhada de quão quente me sentia, literalmente, deixei-me cair sobre minhas costas na manta e cobri com um braço meus olhos. — O que está fazendo comigo? — Perguntei a nada, completamente desconcertada. — Querida, às vezes é tão inocente. — Comentou se deixando cair ao meu lado apoiando seu peso sobre um braço. Inclinando-se para mim continuou com seu maravilhoso ataque de beijos, sua mão novamente entrando em minha camisa, não achava possível corar mais, mas era, sentia meu maldito rosto queimar, assim como o resto de meu corpo. Sua mão acariciou meu ventre e viajou mais à frente brincando com os limites de meu sutiã. PORRA, ESTE HOMEM IRIA ME MATAR! Oh sim, já podia imaginar a manchete no jornal: “Adolescente morre de combustão espontânea por provocações luxuriosas de seu namorado maior de idade”. Mas que deliciosa morte. Sua mão cobriu meu peito e soltei um suspiro.

85

Isso estava indo longe demais, e estava tão ansiosa para ultrapassar os limites. Mas NÃO! Vincent tinha a sua maldita teimosia do “esperando o momento certo”. Oh, mas não tinha inconveniente em invadir meu corpo obscenamente até então. Arqueei meu corpo, implorando que parasse e que continuasse ao mesmo maldito tempo. PORRA. Não sabia o que queria. Não sabia o que se passava comigo. Simplesmente estava em meu limite. — Sabe como é chamado? — Pergunta colocando sua mão dentro de uma taça do meu sutiã — Você está excitada, minha pequena delícia. Sufoquei um gemido. Senti-lo contra minha pele, brincando com meu peito: era demais. Minha razão e lógica se perderam em algum lugar entre meu êxtase e a luxúria. Paraíso e inferno nunca estiveram tão perto como estavam agora, dentro de mim. Sufoquei qualquer pensamento e me concentrei em suas carícias. MALDITO SEJA. Este homem me mataria. — Está me matando. — Confessei em voz baixa, com apenas um sussurro. —

E

você

a

mim.



Reconheceu

afastando

uns

centímetros de mim, mas mantendo suas abençoadas mãos em minha pele. — Deus, poderia morrer agora. — Ou paramos de uma maldita vez ou seguimos. — Exigi respirando rapidamente.

86

Passaram dois segundos sem que respondesse. E outros mais. E outros mais. E outros mais. Realmente é preciso tanto tempo para decidir? Caramba, estava me matando. Afastou-se de mim colocando minha roupa em seu lugar, como se nada tivesse acontecido e deu um último beijo em meus lábios. — Você e seu maldito complexo de cavalheiro. — Resmunguei vendo-o fechar sua camisa. Lástima. Eu

gostava

muito

de

vê-lo

sem

ela

cobrindo

seu

pecaminoso corpo. — Você e sua deliciosa boca desrespeitosa — Respondeu divertido. — E agora o que fazemos? — Eu disse ainda zangada por não o tê-lo perto de mim. — Voltaremos para casa e veremos filmes. — Propôs me ajudando a ficar de pé. Muito cavalheiro, sacudiu minha saia de qualquer detrito preso a ela. E seu cavalheirismo morreu quando aproveitou para passar sua mão em minha bunda. — Eu realmente acredito que minha saia está limpa. — Eu reclamei como uma garotinha. Mas dane-se, o homem me deslocava e se afastava, prendia-me e logo se detinha. Sim, adorava brincar comigo. Assim como eu gostava de brincar com ele. — Às vezes pode ser tão infantil, pequena, você esquece sua idade. — Respondeu rolando os olhos.

87

— Mas mesmo assim me ama? — Perguntei sorrindo novamente. — Mas mesmo assim te amo. — Assegurou com orgulho. — Bom, porque eu te amo, mesmo com todos os seus anos pesando sobre você. — Acrescentei me aproximando dele e rodeando seu pescoço com meus braços. — Agora me leve de volta carregada, senhor. Riu em voz alta, e me ajudou a rodear sua cintura com minhas pernas enquanto caminhava de volta para a casa. Descansei minha cabeça no espaço entre seu ombro e seu pescoço e suspirei feliz. Vincent, com toda e sua atitude pomposa e às vezes desagradável, me fazia à mulher mais feliz do mundo inteiro.

88

Capítulo dez Depois de chegar à casa de Vincent, nos sentamos no sofá da sala de televisão assistindo vários capítulos de CSI: Miami, ele amava a série com loucura. Coisa que nunca poderia ter imaginado. As horas passavam e sem perceber o relógio marcou 18:00. Tínhamos mais 50 minutos antes de ter que voltar para casa. — Desejo que este dia nunca terminasse. — Disse me puxando para ele e circulando seus braços ao meu redor. — Eu tampouco. — Respondi unindo sua mão com a minha. Sempre que estava rodeada por seu calor sentia tanta tranquilidade que poderia dormir de um momento para o outro como um bebê. — É minha. — Sussurrou começando a beijar novamente meu pescoço. Teria sorte se não houvesse muitos chupões nele, ou teria uma noite muito divertida tentando explicar a minha mãe como chegaram lá. — Sou sua. — Concordei, inclinando minha cabeça para lhe dar livre acesso a meu pescoço. Mais mordidas. Mais gritos meus. — Você está me matando. — Avisei em voz baixa. — Mas de prazer, ou não? — Perguntou divertido. Elevei uma sobrancelha em sua direção. Não podia mentir, assim para economizar tempo optei por dizer a verdade. 89

— Sim, me mata de prazer. — Confessei na defensiva. — Mas isso não muda o fato de que é tão arrogante como o inferno. — Mas assim mesmo me ama, não? — Perguntou com um grande sorriso de lobo. Sim, esse é meu Vincent e seu grande senso de humor. — Sim, eu amo você. — Eu me deleitava com o prazer de dizer as palavras em voz alta. — Você já considerou a ideia de dizer a seus pais sobre nossa relação? A sua avó? Seus irmãos? — Perguntou de repente. Mais uma vez eu e minha inoportuna necessidade de me sufocar. Novamente me deu suaves golpes nas costas enquanto recuperava o fôlego. — Você realmente vai sufocar cada vez que te perguntar sobre algo importante? — Perguntou extremamente divertido. Maldito. Divertia-se a minhas custas. — É um mau hábito que tenho. — Confessei indignada. Desde que tinha aproximadamente 7 anos iniciei o mau hábito de me sufocar por qualquer coisa. Que fosse ruim ou chato. Com o tempo não consegui deixar de fazer isso. Embora fosse algo inconsciente. Queria que parasse de acontecer. Também estava no vício de morder as unhas quando estava nervosa.

90

Deus, eu tinha tantos maus hábitos que certamente a minha vida não seria suficiente para me livrar deles. Comer muito. Gritar quando tinha algum animal perto. Pânico de borboletas. Tripofobia extrema2. Sim, a lista era muito grande. Sua boca e língua roçando minha pele, me distraiu de meus pensamentos. Concentrei-me nos beijos desse homem tão viciante. Mais uma vez voltava a me provocar sem piedade. Sua boca se uniu à minha. Simples toques inocentes. Tentadores. Beijos antes da ação real. Nunca em minha vida beijei do jeito que fazia com Vincent, mas a maldita e sensual prática tinha me ensinado tão perfeitamente que podia viver beijando seus deliciosos lábios pelo resto da existência. Sua língua acariciava meu lábio inferior e se abriu com total

confiança

e

segurança

em

minha

boca,

os

dois

batalhamos em um sensual tango que verdadeiramente conseguiu subir a temperatura do lugar. Ou eram nossos corpos? Porra, seduzia-me de tal maneira que faria qualquer coisa que o homem me pedisse. Tão fora de controle me tinha. Os quadris dele se moveram de tal maneira que se chocassem contra os meus. Eu gemia alto. Ele respondeu a isso separando minhas pernas e me fazendo rodear seus quadris com elas. Q-U-E-N-T-E.

2

Tripofobia é um nome proposto para a suposta fobia de padrões irregulares ou de agrupamento de pequenos buracos ou saliências. 91

Sentada

escarranchada

sobre

ele

podia

sentir

a

protuberância em suas calças cada vez que ele movia seus quadris com sensuais e controlados movimentos. Respondi a isso

movendo

meus

quadris,

provocando

que

ambos

ofegássemos fortemente. Quanto tempo passamos assim? Ele se separou e passou suas mãos por seu cabelo, deixando-o artisticamente desordenado. Tinha os lábios inchados e as bochechas coloridas de um rubor. Era tenro. Alcançou seu celular na mesa de centro e olhou a hora. Amaldiçoou em voz baixa. Sorri por vê-lo fora de controle. Eram esses os únicos momentos em que o vi assim. Eu gostava de saber que era a única que podia tirá-lo de sua zona de conforto. — Temos que sair se não quisermos chegar tarde. — Advertiu separando-se de mim. Genial. Agora eu estava andando em perigo. No momento em que voltamos para a caminhonete e estávamos na estrada liguei meu celular. MALDITA SEJA. 3 mensagens. 1 chamada perdida. A hora: 19:00. Supunha-se que saía da escola às 18:50 e contando o tempo que conversava e esperava o ônibus, ou nesse caso Vincent, provavelmente teria que chegar às 19:30 no máximo. — Tudo bem? — Perguntou Vincent enquanto olhava fixamente a estrada e me dava um rápido olhar. — Sim, só que já é tarde.

92

— Não se preocupe, chegaremos em 25 minutos no máximo. — Está bem, não há pressa. — Tranquilizei-o e abri minhas mensagens. A primeira era de minha mãe: Querida, vou chegar um pouco tarde esta noite, dia de inventário na biblioteca. Te amo.

Respondi a isso a tranquilizando e pedindo que tomasse cuidado. Disse-lhe que não tinha sido capaz de responder porque estava em aula. Respondeu minha mãe com um: Não se preocupe, te cuide. Beijos.

A segunda mensagem era de Tracy: Você está vindo? Está bem?

Estava louca para responder então respondi: Athena: Não vai acreditar com quem estive. Tracy: É quem acredito que é? :O Athena: Oh, sim. Nada mais nem nada menos que Vincent. Tracy: OMG! Tem que me contar tudo. Athena: Amanhã, agora estou em sua caminhonete com ele. Vejo você amanhã. Tracy: Não é justo. Sempre me deixa curiosa. Athena: Hahaha eu sei. Prometo te contar tudo na primeira hora. :)

— Quem é? — Perguntou Vincent curioso. Revirei os olhos. O senhor controlador estava à espreita. — Tracy, uma amiga da escola, queria saber se eu estava bem.

93

— Mmm sim, está mais que bem. — Disse com essa maldita voz sedutora. Olhei-o por um momento sem saber o que dizer. Seus comentários sujos sempre me tomavam de surpresa e não podia fazer nada para evitá-lo. Cinco segundos depois revirei os olhos. — Não posso acreditar que você tenha dito isso. — Queixei-me exasperada. Ele respondeu com uma piscada sensual em minha direção que me derreteu por completo. Oh sim, meu namorado era um maldito sexy. Voltei minha atenção à terceira mensagem. MERDA. O remetente? Valentino Clark. Querida, não ouvi nada de você, como está? Vamos sair esse sábado?

Bem, sim. Valentino é algo assim como o melhor amigo de toda a existência, mas o homem com o qual nunca seria capaz de levar uma relação normal. Por quê? Porque ele tinha um jeito de flertar para tratar suas amigas, especialmente eu, tomava muitas liberdades na forma de tratar, era muito detalhista, carinhoso e protetor e ao mesmo

tempo

era

intimidante.

Sua

atitude

era

monopolizadora, por assim dizer. Somos amigos há 11 anos aproximadamente, ele chegou a ser

meu

vizinho

por

dois

anos.

Quando

se

mudou

continuamos mantendo contato e saindo a cada fim de semana. Houve um tempo em que pensei que estava apaixonada por ele, mas só foi essa fase que qualquer amigo passava.

94

Acreditava amar meu amigo, mas só era amor de amigos o que sentia e nada mais. Infelizmente para nós, eu superei esse amor infantil, mas ele não, ele continuou insistindo até o momento que me amava e fomos feitos um para o outro. Eu o ignorava ou seguia junto. Mesmo às vezes brincávamos, mas ele sempre conheceu o seu lugar e respeitou minha decisão. Era um grande homem, e certamente a garota que ganhasse seu coração seria muito sortuda, era uma pena que eu não fosse quem lhe entregaria seu amor e o faria feliz no dia a dia, mas não se pode controlar o amor. Você sente ou não. Nunca havia um meio termo, embora pensássemos que sim. Às vezes isso acontecia, acreditava amar alguém, mas algo te impedia de estar com essa pessoa, estava confusa e fazia mil desculpas mais. As coisas não eram assim. Com Vincent confirmou-se desde o primeiro momento em que o vi, eu soube: ele era o único. Apesar de não saber quanto tempo duraria nossa relação, estava certa que o amaria sempre. — E agora quem é? — Perguntou Vincent com ciúme aparecendo no tom de sua voz. E porra, se eu não gostei! O Vincent ciumento era algo digno de ver. S-E-X-Y. — Um amigo da infância, pergunta como estou e quando vamos nos ver. — Expliquei tranquilamente. Quem nada deve, nada teme.

95

— Um amigo? — O monstro verde do ciúme derrubou a porta por completo e apareceu. Oh sim, olá Vincent ciumento. Sorri. — Sim um amigo, anos atrás foi meu vizinho e desde então, sempre falamos e saímos a cada fim de semana, é como uma tradição. — Você gosta? — Perguntou diretamente. Abri os olhos surpreendida. Ri em voz alta. — Te faço rir, Athena? — Perguntou indignado com cara séria. Oh, não, seu orgulho ferido fez uma aparição. Alguma vez deixaria de ter um momento divertido a seu lado? — Não, querido, é só que, você de todas as pessoas fica ciumenta? É sério? — Perguntei divertida — O grande Vincent Coleman ciumento, quem diria? Deu-me um curto, mas significativo olhar. Continuou dirigindo em silêncio. — Sr. Coleman, pensei que já tinha descoberto, só tenho olhos para você. — Assegurei com voz terna. Quem diria, tinha um lado sentimental. EU! Eu: a garota que ignorava todos os meninos da escola. Que não gostava de nenhum homem até o momento. Mas como dizem: o amor pode tudo, assim pela primeira vez descobri que podia sentir emoções descontroladas. Não sabia se beijava Vincent por tirar essa parte de mim ou o golpeava por fazê-lo. 96

— Só para mim? — Sim. — Assegurei. — Então, me ama? — Mais uma vez, sim. — Bom, porque é só minha e ninguém toca o que é meu. — Reclamou como uma criança do caralho. Bom,

Vincent,

muito

digno

de

sua

idade,

pensei

ironicamente. — Sério, às vezes pode tornar-se tão infantil. Mostrou sua língua em minha direção e me piscou o olho e deixei passar sua antiquada atitude no momento. Bem, este sábado na hora de sempre. Respondi a Valentino.

Chegamos a sua casa e estacionou a caminhonete, carregou sobre seu ombro minha bolsa e caminhamos para minha casa. Esperava com todo o meu coração que Vincent não enlouquecesse quando soubesse que sairia com Valentino. Quer dizer, porra, era meu amigo, não deixaria de vê-lo só por um maldito capricho do homem. Maliciosamente pensei que no que diria Vincent ao ver o delicioso aspecto de bad boy de Valentino. Ele teria que aprender a viver com isso. Mas isso estava em mãos do destino e esperava com todo o coração que não enlouquecesse no sábado. Antes de entrar na casa onde minha avó estava na sala com meus irmãos fiz um gesto a Vincent de que mantivesse sua bendita boca fechada.

97

Ele piscou. Isso era um “sim, vou manter em segredo nossa relação”? Não sabia, mas esperava que fosse. Pelo bem dos dois.

98

Capítulo onze No dia seguinte Vincent e eu seguimos com a rotina diária, ele passava por mim, em sua garagem nos beijávamos antes de subir em sua caminhonete e ele flertava comigo antes que me deixasse na entrada da escola. Aí é onde fomos distantes e formais. Não podia permitir que a escola descobrisse minha relação com Vincent, Deus sabe o que poderiam fazer só para irritar minha vida. Reclamá-lo. Me expulsar. Chamar meus pais. Me castigar. NOS IMPEDIR DE ESTARMOS JUNTOS. As possibilidades eram infinitas e nem sequer me importavam, não é que procurasse abertamente um castigo ou reprimenda

por

amá-lo,

mas

não

me

arrependia

absolutamente de nós. Enfrentaria qualquer coisa por nós. Não é que tivéssemos um futuro, porque não fazia ilusões de tê-lo pelo resto de meus dias, as coisas eram muito boas para ser reais. Mas aproveitaria o tempo que a vida nos desse e nos permitisse estar juntos. Eu sabia que em algum momento o perderia. Ele não era do tipo de comprometer-se, e muito menos imaginava fazendo comigo, mas tampouco é que eu fosse das que se comprometem, Deus sabe que amava minha liberdade.

99

O tempo passaria e ele encontraria uma mulher mais velha que eu, mais madura, que o enlouquecesse e lhe fizesse desejar sossegar e iniciar uma vida familiar. Porra. Pensar em Vincent casado com outra pessoa no futuro? Não era divertido. Assim deixei a questão porque não era masoquista para me ferir obcecada com o fato de que cedo ou tarde ele iria deixar a minha vida. Quando cheguei à escola, faltavam 5 minutos para que as aulas iniciassem. Minhas três melhores amigas estavam juntas esperando com um sorriso diabólico. Bem, enfrentaria a todo um arsenal de ameaças para confessar tudo. Suspirei. — Comece a falar. — Exigiu Tracy com um olhar determinado. Bianca e Allison concordaram com a cabeça. Olhei para o resto da sala, todos estavam distraídos em suas próprias coisas. Ótimo. — Nos beijamos. — Sussurrei sorrindo. Um grito abafado foi ouvido na sala e todos se viraram para nos olhar chateados pelo barulho. Ignorei-os e me concentrei nos olhares incrédulos de minhas amigas. — Ele me pediu para ser sua namorada. — Adicionei omitindo o fato de que sua proposta foi mais uma de homem das cavernas possessivo: Seja minha. Grunhindo o pedido tinha soado tremendamente sexy e atraente.

100

— OMG! E o que você disse? — Exigiu Bianca com um olhar que dizia: Começa a falar ou vou te bater. E sabia que ela faria. — Que sim! — Gritei em voz baixa totalmente animada. — Oh meu Deus! Percebe o quão velho é? — Perguntou Allison com os olhos abertos, mas mesmo assim não ocultando a emoção que sentia. — Porra, sim! — Respondi com as bochechas ruborizadas. — E isso não é tudo. — Bom, que merda espera, fala de uma vez. — Exigiu Tracy. Nenhuma era muito boa quando fazia as declarações com atrasos para dar drama à história. Rolei os olhos. — Bom, ontem enquanto ele me trazia para a escola conseguiu me convencer a não entrar e me levou a sua fazenda que está a 25 minutos de distância, a qual é bonita e disse que me amava. Consegui dizer com indiferença, como se todos os dias aparecessem quentes homens milionários declarando seu amor por mim. Sim, deixe-as sem palavras. Um ponto para mim. Os gritos e todas as perguntas que me fizeram depois... não pude entender uma maldita coisa. Cada uma falou em separado, fazendo uma pergunta diferente até que chegou a professora e tivemos que parar de falar. No segundo módulo a professora de geografia não apareceu, por isso fomos comer no refeitório da escola. 101

Comemos pizza enquanto conversávamos. No momento em que terminei de lhes contar o que tinha acontecido no dia anterior com Vincent, começamos a falar sobre homens em geral. — Eu quero um Vincent para mim. — Suspirou Allison com um olhar sonhador. O único namorado que ela teve na escola era um completo idiota que não a merecia absolutamente. Felizmente ela o deixou, ele não era bom para ela. Sua família, como todo mundo, apenas queria o melhor para ela. Quer dizer, quem queria um mal partido para sua filha? Por isso me alegrava que ela esperasse essa pessoa certa que fosse adequada para ela. Sua alma gêmea. Eu tive sorte de encontrar Vincent. Não sabia como tinha chegado onde estava. Eu era afortunada. Estava

certa

encontrássemos

que já

o

fato

estava

de

Vincent

designado

e

desde

eu

nos

antes.

Secretamente acreditava que éramos almas gêmeas. Não que fosse admitir a ele em voz alta porque certamente me acharia uma criança sonhadora e iludida. — Tenho certeza que Vincent deve ter um irmão ou algum primo para você. — Comentei com uma piscadela. Ela riu alto e seguimos a brincadeira. — Se for assim vai apresentá-los para mim. — Ameaçoume.

102

— Eu prometo, será primeira a quem o apresentarei, mas deve me prometer não sair fugindo intimidada pelo sexy homem que te conseguirei. — Hahaha, está bem prometo. — Disse unindo seu mindinho com o meu e riu em voz alta. — Merda, somos umas loucas. —

Falem

por

vocês

mesmas.



Respondeu

Tracy

enquanto nos dava uma palmada na testa e afastando-se antes de que pudéssemos devolver o golpe. Sempre jogávamos o mesmo. — E você Bianca, não quer um Vincent para você? — Perguntei sorrindo enquanto tomava um refrigerante. Amava tanto Coca-cola. — Merda, claro que sim. — Disse com um sorriso malvado. Continuamos falando até que ficou tarde e tivemos que chegar correndo para a sala onde o professor de administração já se encontrava dando aula. Durante o intervalo continuamos falando de Vincent e seus possíveis irmãos ou primos. Meu celular começou a tocar. Valentino Clark. Dizia a tela. Sorri feliz. — Hey, estranho. — Eu respondi em saudação. — Bonita duende. — Respondeu com sua voz rouca de sempre. Sedutora ele a chamaria. Mas depois de ter escutado a voz sedutora de Vincent, nenhuma tinha comparação.

103

Duende é como Valentino sempre tinha me chamado desde que éramos pequenos. — Que milagre é esse? Tenho meses sem saber de você, o que aconteceu com sua vida, Valentino. — Disse seu nome completo rolando os olhos. Eu tinha tentado resumi-lo a Vale para economizar saliva, mas cada vez que o chamei assim ele tomou sua vingança me aproximando algum verme ou um asqueroso inseto. Desde então gastava saliva e tempo dizendo V-A-L-E-N-T-I-N-O. O homem era um desastre de cavalheiro quando se tratava de seu nome. — Voltando à cidade, estive durante um ano viajando de mochileiro, mas minha mãe ameaçou me deserdar se não voltasse. — Explicou. — E Deus não permita que o grande Valentino não herde a casa da família. — Terminei por ele. — Exatamente. — Bom, seu ego ainda está intacto. — Eu disse. — Inevitavelmente para você, sim, meu pequeno duende, sairemos no sábado como era o costume? — Perguntou e pude ouvir o ruído no fundo, certamente estava na rua e quase o atropelaram. O que não me surpreendia. Sempre foi o menino "carisma" da escola, mas quando falávamos de cruzar a rua ele era um completo asno. Pela extremidade do olho vi Bianca sorrir. Uma maquiavélica ideia passou por minha cabeça, mas a sacudi temporariamente.

104

Teria que planejar cuidadosamente minha jogada de mestre do século. Valentino e Bianca. Não parecia tão mal. Talvez em algum momento pudesse organizar um encontro às

cegas

e

muito

violentamente

os

obrigaria

a

VOLUNTARIAMENTE participar. Sorri. Amava tanto minha inteligência. — Claro, no sábado estou livre. — Respondi distraída sem saber o que estava aceitando. Pensei em Vincent e deixei meus pensamentos divagarem. Valentino falava sobre algumas de suas loucas aventuras. Em algum momento de meus constantes Ahã e Oh percebeu que não lhe prestava a menor atenção. — Onde está sua mente, meu duende? — Exigiu indignado por ser ignorado. — Oh, sinto muito. — Desculpei-me envergonhada. — Nada de desculpa, em quem tanto pensa que te deixa voando baixo, duende? Contei a ele sobre Vincent, omitindo o fato de que tinha 29 anos, que era milionário e sim, que muito provavelmente era um amor que me destroçaria quando o perdesse. — Então este Vincent é seu namorado? — Perguntou como um pai que exige o registro inteiro do pretendente de sua filha. Grunhi. HOMENS TOLOS E MACHISTAS. Era o acaso que choviam homens assim aos montes em minha vida? — Sim, é meu namorado, e te agradeceria se não comentasse nada, é um segredo temporário. 105

— Não se preocupe, não direi nada, mas quero conhecê-lo. — Estava completamente decidido em fazer minha vida miserável. Pelo telefone escutei um pouco de ciúmes escapar de seu controle, mas o ignorei. Valentino sempre foi apaixonado por mim, apesar das milhares de coisas que disse para convencê-lo do contrário. — Está bem. — Respondi e escutei a campainha que anunciava o fim do recesso. — Escute, tenho que ir, as aulas vão começar. — Adeus, duende. — Despediu-se.

— Lembre-se, no

sábado passo para te pegar. E DESLIGOU sem me dar oportunidade de responder. O resto do dia me concentrei em tentar aprender algo do que diziam os professores. Foi impossível. Mas pelo menos eu tentei. A atenção é o que conta, certo? O tempo passou voando e encontrei há mim mesma horas depois falando com Vincent em sua caminhonete a respeito de meu dia de escola. Quando lhe disse da ligação de Valentino não sabia o efeito que teria nele que eu lhe falasse de alguém mais. Quer dizer, Deus, foi uma maldita e simples ligação. Não é que tivesse traído o homem. HOMEM DAS CAVERNAS. Discutimos por um momento sobre isso. O convenci a conhecer o meu amigo de toda a vida.

106

Também concordou em falar com minhas amigas e disse que em algum momento poderíamos sair todos juntos para que as conhecesse. Era tão lindo. Mas sua ternura e beleza terminaram quando parou a caminhonete em um lugar discreto e se aproximou de mim me beijando com posse. Certo nível de posse que não imaginei nele e que deixou minhas pernas tremendo. Não tinha visto este lado possessivo de Vincent. Também me encantava. — Você é minha. — Rosna Vincent com voz rouca. — Claro que sim, amor. — Zombei dele em tom de brincadeira. Seus olhos tinham um brilho de luxúria ao me escutar falar assim. Continuou me beijando com essa deliciosa possessividade, como se morresse por me marcar como sua. Oh, sim. Esse teimoso, ciumento e controlador homem era o amor da minha vida. ORGULHOSAMENTE TOMAVA COMO MEU. E ME OFERECIA COMO DELE, é claro. Para cada quebrado, seu esfarrapado3.

3 Ditado espanhol, explicando o quanto eles se combinam.

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Capítulo doze O dia de sábado começou como qualquer outro fim de semana normal em casa, com os gritos felizes de Louis enquanto acordava Peter para começar a assistir televisão. Amavam começar os sábados assistindo televisão ou jogando o console Xbox 360. A porta de meu quarto se abriu e entrou Louis correndo para mim e tomando impulso para lançar-se sobre mim. Sim, isso também era rotineiro. Beijou-me na bochecha e o abracei fazendo cócegas. Riu com alegria. — Irmã, vamos jogar! — Ele exigiu parando de pé na cama e puxando meu cobertor no chão. Pegou meu pé e começou a puxar. Amava-o, mas o menino era um pé no saco nos dias em que não havia aula. — Bem, bem, eu levanto, mas solte meu pé. — Disse-lhe entrecerrando meus olhos e me sentando na cama. Saí do quarto com Louis pegando minha mão e me dirigindo à sala de televisão onde Peter em seu pijama de flanela estava ligando o console. — Olá, irmãzinha. — Cumprimentou enquanto se sentava em uma poltrona laranja. Sim, meu pai e seus extravagantes gostos. Eu tinha insistido em comprar uma linda poltrona negra, mas ele se obcecou com essa enjoativa poltrona laranja. Sentei a seu lado e por uma hora jogamos Halo 2. Tínhamos jogado o mesmo jogo por quase 2 anos e seguíamos fazendo isso. 108

Hábito, eu acho. Momentos depois, escutei a porta abrir, eu sabia quem era. Meu Vincent. Desde o passar dos meses era costume para ele vir para o café da manhã e o almoço. Poucas semanas depois de fazê-lo por insistência de minha avó, ele tinha começado a comprar alimentos. Minha mãe e avó se negaram a aceitar. Nós aceitamos você na casa, é um convidado, dizia minha mãe. Compro alimentos de coração, respondia ele, como aqui muitos dias para que não contribuísse com nada, concluía. Um longo debate, depois minha mãe deixou de resmungar sobre as compras semanais que faziam Vincent e meus irmãos no supermercado aos domingos. Realmente, o homem era um maldito esbanjador. Cada vez que chegavam em casa do supermercado, Louis e Peter tinham um novo jogo ou suficientes suprimentos de lanche para um apocalipse zumbi. Bom,

estava

exagerando.

Mas

ele

era um maldito

indulgente. Para Louis e Peter, ele era algo assim como um irmão mais velho,

era

a

figura

paterna

que

de

vez

em

quando

necessitavam, alguém que não era seu pai, mas simplesmente um amigo de quem pudessem depender quando necessitavam. Vincent tinha se metido dentro do coração de cada membro de minha família, apenas esperava que quando soubessem de nossa relação não enlouquecessem como uma parte de mim suspeitava que fariam.

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— Vincent chegou! — Gritou com alegria Louis e desceu as escadas correndo para cumprimentá-lo. — Não corra nas escadas! — Gritei para suas costas, mas me ignorou. — Já sabe como é. — Respondeu Peter revirando os olhos e desligando o console para descer também. Caminhei atrás dele. Todos estávamos de pijama. Era costume para nós tomar o café da manhã nos fins de semana de pijama. Bom, apenas para meus irmãos e eu. Minha mãe e avó sempre estavam arrumadas. Encontrei Vincent sentado na sala com o Louis falando do jogo em que me ganhou. Quando ele olhou para cima e encontrou o meu olhar, sorriu. — Bom dia, Athena. — Cumprimentou-me dando um luxurioso olhar secreto. Estava vestindo short e uma enorme camisa de flanela. Regularmente com o calor que fazia, colocaria uma camiseta de alças, mas graças aos chupões dele não podia fazer isso hoje. Não que estivesse reclamando. Cada vez que os vi sorria. Muitos pensariam que seria algo muito territorial, mas porra, eu os amava. E amava mais por saber que ele também tinha vários que eu fiz. — Bom dia, Vincent. — Respondi me sentando em frente à mesa de café da manhã. 110

— Quem quer panquecas? — Perguntou mamãe enquanto preparava a mistura para fazê-las. — Eu! — Gritaram Louis e Peter ao mesmo tempo. — Bem, enquanto isso se sentem na mesa, em seguida vão para fora. — Respondeu minha mamãe concentrando-se na comida. Nos sentamos de maneira que Vincent estava em frente a mim. Deus, tinha tanta vontade de beijá-lo. Mas tinha que me conter, não podia andar por aí lhe fazendo carinhos em frente a todo mundo. Assim me contive. Bem, quase. Quando me sentei tirei um pé de meu chinelo e o estiquei por baixo da mesa, olhei para onde minha mãe e avó estavam concentradas cozinhando. Meus irmãos falavam entre si. Com meu pé percorri a panturrilha dele. Para cima e baixo. E assim sucessivamente. Pude

ver

por

seu

olhar

surpreso

que

o

peguei

despreparado. Excelente, foi apenas o começo. Lançou-me um olhar de advertência, o qual fingi não ver. Continuei com minhas maldades enquanto me servia um copo de leite achocolatado. Me imitando serviu seu próprio copo. Bebeu um pouco dele e quando colocou o copo na mesa ele tinha um bigode de espuma, o qual lambeu com sua língua, muito lentamente. Engoli em seco. Eu queria ser quem lambesse esses deliciosos lábios. Com meu pé percorri toda a sua perna. 111

Até o momento em que se remexeu em seu assento, um pouco desconfortável, mas isso só eu notei. Tinha tido o efeito que eu queria. Quando imitei sua ação de lamber meus lábios limpando os resíduos de leite seus olhos seguiram cada movimento. Pude ver o desejo brilhar em seus olhos. Dirigi meu pé ao vulto em suas calças, o que o fez sufocar de surpresa. Bom, Athena! Me felicitei. Minha

avó

vira

para

ver

o

que

acontecia,

estava

preocupada. — Estão bem, céu? — Perguntou a Vincent. Ele limpou a garganta. — Sim, estou bem, simplesmente engoli errado. — Tranquilizou-a lhe dedicando um sorriso. Quando todo mundo retornou ao que estava fazendo me deu um longo olhar que prometia uma doce e cruel vingança. Ele tirou meu pé de onde estava? Não. Mas sim, pegou meu tornozelo e pressionou contra ele mais forte. Quase soltei um gemido. Quase. Consegui me conter. Porra.

Esse

homem

era

um

maldito

demônio

deliciosamente pecaminoso. Porque tinha que desejar esperar por nossa primeira vez juntos? Nem sequer eu, que era virgem, podia esperar. Ele devia sofrer. Isso era certo. Com sua mão embaixo da mesa acariciou meu pé em uma deliciosa massagem, subindo pela panturrilha e enviando arrepios por meu corpo. Nem mesmo durou o suficiente nosso jogo. 112

Todos nós sentamos para tomar o café da manhã e tive que voltar meu pé ao meu lugar, não sem antes receber um apertão de sua mão que prometia ação. Falamos sobre a escola. Deixei de prestar atenção às histórias de Louis. Mamãe limpou sua garganta chamando minha atenção. Olhei-a envergonhada. — Perdão, o que estava dizendo? — Perguntei cautelosa. Deu-me um olhar de reprimenda. — Perguntei se Valentino virá este fim de semana, tem meses que não o vejo, pensei que era tradição de vocês sair todos os sábados. Pelo canto do meu olho pude ver Vincent me olhar atentamente. Obrigada, mãe, por me colocar em problemas. — Ah, sim, falei com ele esta semana, hoje virá me ver. — Disse-lhe como se estivesse falando de matemática. INDIFERENTEMENTE. Esperava que isso apaziguasse o humor de Vincent. — Bem, você sabe que sempre gostei desse rapaz. — Disse mamãe me piscando um olho. Ruborizei e evitei o olhar fixo que Vincent tinha sobre mim. Meus irmãos começaram a me provocar, minha avó só olhava de mim para Vincent repetidamente, como se soubesse o que estávamos fazendo e esperasse um anúncio formal disso. MERDA. Estava em problemas. 113

— Mamãe, falamos sobre isso. — Reclamei me sentindo desconfortável — Valentino é apenas um amigo e nada mais. Não poderia vê-lo como qualquer outra coisa. Para minha completa desgraça, e de Vincent, minha mãe continuou insistindo. — Mas todos sabem que ele sempre teve esse eterno amor por você. — Esse menino é um desastre quando se trata de você. — Confessou minha avó sorrindo maliciosamente. Oh, ótimo. Apenas o que me faltava. — Eu não gosto de Valentino para cunhado. — Queixou-se Louis enquanto comia. — Estou de acordo com ele e as crianças como os bêbados não mentem. — Assegurei inquieta — Agora, podemos mudar de assunto? Se a vida fosse mais simples... — Carinho, só queremos o melhor para você. — Começou o discurso de sempre — Você sabe que tem que deixar de se preocupar tanto pelo trabalho e a economia, deixe isso para seu pai e para mim, tem que viver sua vida como qualquer adolescente. Bem, meu limite entrou em exibição. — Mamãe, avó... vocês sabem que as amo, mas às vezes são tão desesperadas, vou dizer isso apenas uma vez, apesar de que queria esperar mais tempo: estou apaixonada. Ok, eu disse. Toda a mesa ficou em silêncio. Continuei falando, tomando valor do brilho nos olhos do Vincent. 114

— É só que, ele é mais velho que eu, e veio do nada se intrometer em minha vida como uma maldita dor de dente... E eu juro que tentei resistir a ele, mas deu luz a meus dias e se tornou meu tudo. Alguém poderia me dizer algo? Uma pergunta? Uma repreensão? Qualquer coisa? Minha avó sorriu. Meus irmãos riram. Minha mãe me deu um duro olhar. Oops. —

Que

idade

tem?

Como

se

chama?

Quando

o

conheceremos? Como é? Bem, essas eram muitas perguntas que eu não tinha nem uma maldita ideia de como responder. — Mamãe. — Reclamei choramingando miseravelmente — Podemos falar disso em outro momento? Confia em mim, é um homem excelente com valores, educado, responsável e muito inteligente. Juro que não se trata de algum emo ou algo assim. Ela torceu o nariz em sinal de protesto, mas assentiu com a cabeça. Esperava um longo bate-papo com minha mãe. Vincent tinha um sorriso secreto.

Porra. Estava se

divertindo. BASTARDO ADORÁVEL. Eu o chutei por baixo da mesa. O que, como era de se esperar, o fez sorrir mais. Esse era meu homem, tão desesperador, mas tão viciante. Cristo, eu o amava com loucura. — Quero conhecê-lo o quanto antes. — Finalizou minha mãe com autoridade. ESTAVA FERRADA.

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Olhei interrogativamente para Vincent quem simplesmente assentiu com segurança. Sério? Isso é tudo? O homem não tinha nervos, medo, alguma coisa? Bem, falamos de Vincent Coleman, o Sr. Segurança. Que porra pensava ao acreditar que ele se sentiria nervoso? Eu balancei a cabeça e continuei comendo com a esperança de que as coisas não se foderiam muito. Mas claro, era de mim de quem falávamos. A vida me daria surpresas que não sempre achava agradáveis. Assim era minha vida.

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Capítulo treze Quando terminamos de tomar o café da manhã Vincent insistiu em ajudar a recolher os pratos e lavá-los. Mamãe teve que ceder, ele era um teimoso sem remédio. Um motor foi ouvido. Genial. A hora do julgamento final se aproximava. E então a campainha tocou. — Eu abro! — Gritou Louis correndo para a porta da casa e saindo para o jardim da frente para abrir a porta de entrada fechada. Estava começando a subir as escadas para me vestir, quando um alvoroço me fez parar. Um homem alto, musculoso, com cabelo café e grandes olhos cinzas estava parado no meio da sala distribuindo abraços para minha família. E claro, o homem das cavernas que era meu namorado me olhava enfurecido. Agora o que eu fiz? Franzi o cenho. — Pequeno duende! — Gritou Valentino com sua deliciosa voz requintada. Aproximou-se de mim e me abraçou me levantando do chão. Rodeei-o com meus braços para evitar cair e sorri. — Vale! — Gritei de volta felizmente sabendo que isso lhe incomodaria. Grunhiu em aborrecimento e diversão. Sabia que ele sentiu saudades de mim. — Senhora Rousseau, uma desculpa com antecedência. — Disse Valentino e não entendemos por que até que se abaixou

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no chão e me tomou pelas pernas até me ter pendurada sobre seu ombro como um saco de batatas. Comecei a gritar histérica. Odiava quando me carregavam. Caminhou para o móvel da sala e me deixou cair pesadamente sobre ele. Para esse momento já tinha perdido um chinelo

no caminho enquanto

chutava por minha

liberdade. Sorriu consigo mesmo e foi quando viu a cara de um Vincent zangado. MERDA. Mas tinha que admitir que me excitava para caramba vê-lo tão possessivo e machista. Quando essas coisas se tornaram tão atraentes? — Oh carinho. — Interveio minha mãe sem dar-se conta da cena que se realizava e lhe apresentando Vincent — Ele é o senhor Vincent Coleman, é um amigo da família. Vincent, o jovem arrumadinho que vê aqui é Valentino Clark, um amigo de infância da Athena. Valentino dirigiu seu olhar para mim e elevou uma sobrancelha com uma pergunta implícita em seus olhos. Ele é seu namorado? Sorri e assenti com orgulho. Ele é meu namorado, meu homem, meu! Queria gritar orgulhosa. Mas me calei no momento. — Prazer em conhecê-lo, Sr. Clark. — Vincent exclamou divertido com uma ligeira nota de brincadeira em sua voz enquanto estendia a mão para Valentino.

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Valentino respondeu à saudação e balançaram suas mãos tensamente. — O prazer é meu, Sr. Coleman. — Respondeu. — Bem, eu vou me vestir. — Disse fugindo para meu quarto e deixando a minha família, meu namorado e meu melhor amigo sozinhos na sala. Até o momento em que cheguei a meu quarto meu celular tocou no tom de mensagem. Não me disse que era quase um maldito modelo.

Dizia a mensagem de Vincent. Athena: Você é muito melhor, mais bonito. Respondi de volta. Vincent: Não jogue comigo. Athena: Eu não faço. Apenas só tenho olhos para você. Vincent: Grrr. Assim que eu gosto. Athena: Está grunhindo para mim através de uma mensagem? Sério? Quase ri descaradamente.

Meu homem ciumento era tão divertido. Não respondeu. Comecei a tirar o pijama quando a porta se abriu e Vincent

entrou

através

dela

em

silêncio.

Sorriu

maliciosamente. Sim, meu homem e suas travessuras. — O que está fazendo aqui? — Perguntei ignorando o fato de que estava sem camisa e só de sutiã. Deu-me um longo olhar percorrendo todo meu corpo. Senti-me arder sob seus verdes olhos. PROVOCADOR. — Você gosta do que vê? — Perguntei vendo-o aproximarse de mim. 119

Foi então que entendi o que sentia a gazela ao ver chegar o caçador com seu rifle. Com uma rapidez surpreendente me levou para a cama e se inclinou sobre mim, suas mãos percorriam meu ventre nu. Seu ávido olhar percorria cada centímetro de pele. — Eu não gosto, — conseguiu dizer com sua voz rouca — Eu adoro, me fascina. E então, uniu sua boca à minha, enfiando sua língua para provocar a minha. Retirando-se quando lhe exigia mais e me enlouquecendo quando pedia trégua. Arqueei minhas costas para ele. Deu-me um último beijo e acariciou cada chupão que deixou em mim no dia anterior. Maldito homem das cavernas sexy. Amava seus chupões. — Por muito que eu goste de ter você sobre mim, tem que ir ou vão nos descobrir. — Avisei tentando me afastar da tentação. — Logo saberão de nós. — Ainda não. — Eu avisei. Olhou-me franzindo o cenho. — Você tem vergonha de mim? — Perguntou indignado enquanto se separava de mim. — Claro que não. — Respondi divertida. Deus, o homem podia ser milionário e cheio de ego, mas algumas vezes cheguei a ver seu lado vulnerável. E isso que me encantava nele.

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Embora parecesse inalcançável, tinha seus momentos onde parecia humanizado pelas emoções que invadiam qualquer pessoa. Ciúmes. Amor. Vício. Tristeza. Posse. A lista era larga. — Vincent, eu te amo, mas temos que esperar. Sou menor de idade e parece que não consegue ver o muito que isso afeta você, que é mais velho. Tentei que compreendesse. Recusar-me a divulgar nossa relação foi minha tentativa de protegê-lo das críticas que receberia por ter se envolvido comigo. Não queria que tivesse problemas. — Apenas tento te proteger. — Sussurrei olhando-o. Sorriu e embalou minhas bochechas com suas mãos enquanto me dava um beijo. — Eu sou quem deve te proteger. — Murmurou sorrindo. — Mas eu também quero te proteger. — Então nos protegeremos e pertenceremos um ao outro. — Disse feliz com sua ideia. — Que assim seja, mas saia daqui de uma vez ou te arrancarei. — Assegurei com um olhar ameaçador. — Mmm está é minha gatinha feroz. — Praticamente ronronou me dando um último beijo e dirigindo-se à porta. Olhei o show que era seu traseiro. — E não o deixe se aproximar de você, eu não gosto que toquem o que é meu. — Grunhiu, me piscando um olho em brincadeira. — Entendido, meu senhor. — Disse-lhe fazendo um estilo de saudação de marinheiro. Ele olhou para mim por um longo momento. 121

— Deus, que infantil pode ser às vezes. — Mordeu a língua? — Perguntei-lhe docemente de volta. Depois de que saiu de meu quarto terminei de me vestir com jeans e uma blusa estampada de gola redonda. Cobria todas as amostras de afeto de Vincent e era muito bonita. Pus umas botas de cano longo negros de salto. Sim, daria meu namorado um pequeno enfarte. Terminei de me arrumar pondo uma grande quantidade de mousse em meus rebeldes cachos, e desci para a sala. A vovó e Vincent estavam conversando como sempre. Ela tinha um olhar de adoração em seu rosto. Pelo menos sabia que haveria uma pessoa feliz com a relação entre ele e eu. Quando me viu soube que tinha alcançado meu objetivo. Como amava incomodar meu homem. Claro, Valentino também teve esse olhar em seus olhos e eu não gostei, mas o ignorei. — Pronta? — Perguntou ficando de pé. — Claro. — Disse. Despedi-me de minha mãe e meus irmãos. Em minha avó dei um beijo na bochecha. Aproximei-me para fazer o mesmo com Vincent. — Provocadora. — Sussurrou discretamente em meu ouvido. Sorri maliciosamente. Saí da casa atrás de Valentino, que estava esperando por mim com um capacete na mão e uma maldita motocicleta a seu lado. Eu estava fodida.

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Capítulo quatorze — Realmente, Vale? — Perguntei exasperada. Odiava motos. Na verdade, eu gostava, mas uma coisa era vê-las e admirar e outra muito diferente montar em uma. Valentino me empurrou de brincadeira e revirou os olhos. Ele estava a ponto de dizer algo quando o sexy-quenteperfeito maior homem das cavernas que poderia alguma vez encontrar, fez sua aparição. — Porra, não! Nem de puta brincadeira você sobe nessa coisa. — Ordenou Vincent me dando um olhar de pedra, queria rolar os olhos, mas o apoiava — Essa coisa não é segura. O último falando mais como um insulto que como uma observação. Valentino o olhou divertido. Bastardo. Sabia o que estava por vir e o faria pagar mais tarde. — Desculpe-me, e você quem é para opinar? — Exigiu zombeteiro. Vincent se aproximou ameaçadoramente dele. Apenas o que eu precisava. Uma briga entre homens das cavernas. Ótimo, meninos, muito maduro de sua parte, pensei amargamente. — Sou o namorado de Athena, e se quer vê-la para falar do tempo que não se viram então não me encha o saco e muito menos pretenda que deixe que ela suba nessa coisa. — Disse com uma voz tão ensurdecedora e autoritária que jamais o ouvi usar. 123

Olhei atrás dele esperando e rezando que ninguém mais que Valentino o tenha escutado. Apenas o caminho para o topo. Deus. — Meninos. — Comecei a dizer, mas o olhar que ambos me dirigiram me fez calar. Bem, isso me aconteceu por ter homens tão machistas e controladores em minha vida. — Qual é sua proposta? — Cuspiu Valentino. A mão de Vincent se moveu e por um momento pensei que lançaria um soco no lindo rosto de Vale, mas apenas pegou as chaves de sua caminhonete de seu bolso traseiro. As lançou em Valentino. — Faça-lhe um só arranhão e vai apanhar muito. — Advertiu-lhe com essa sexy voz autoritária — E é melhor cuidar da minha garota ou vou matá-lo. Sim, esse era meu homem, pensei orgulhosamente. — Caminhe. — Ordenou a Valentino. Vincent pegou minha mão enquanto caminhávamos para sua garagem. Oh merda, realmente pensava emprestar seu Hummer a Valentino, o louco das corridas e velocidade? Olhei-o interrogativamente. Me beijou delicadamente nos lábios. — Nem louco deixarei que suba em uma moto, sabe quão perigosas são? Agora sim revirei os olhos. — Sim, papai, sei quão perigosas são. — Respondi-lhe zombeteira. Me fulminou com o olhar um momento antes de tomar despreparada com um beijo. 124

Um selvagem e possessivo beijo, deveria acrescentar. Rodeei seu pescoço com meus braços e o aproximei mais de mim. Quem poderia não se obcecar com os beijos deste homem? Valentino tossiu ruidosamente. Vincent o amaldiçoou com o olhar. Eu? Eu estava no sétimo céu depois do beijo de Vincent. Como me chamava? Que dia era? Não me sentia capaz de responder nenhuma pergunta mesmo a mais simples. — Vamos, céu. — Disse Valentino rodeando minha cintura e me afastando de Vincent. Maldito provocador. Certamente queria receber uma surra por parte de meu possessivo namorado maior. E seria bem merecido. Por minha parte, se Vincent queria lhe dar um golpe, ou dois, ou três... eu não me oporia. — Cuida de minha garota. — Grunhiu Vincent. Deus, já sentia saudades de seus grunhidos. Despedi-me dele com um beijo antes de subir em sua caminhonete. Realmente emprestou sua caminhonete a meu melhor amigo? Sério, realmente, amava muito o meu homem. MEU. Como é bom sentir e falar. Seu até que vá embora da cidade, disse maliciosamente minha consciência. E com esse pensamento o resto do dia passei pensando no futuro, coisa que eu nunca fazia.

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Em meus 17 anos, quase 18, de vida, nunca antes tinha me permitido amar desta maneira um homem. Com Valentino foi diferente, era um amor inocente, de amigos. Mas com Vincent, o amor que sentia tomou conta de tal maneira que havia ocasiões em que me sentia assustada. Porque ele se tornou uma parte de mim. Mas as circunstâncias não estavam a nosso favor. Eu era menor de idade e ele não. Ele entrou em minha vida exigindo querer comprar minha casa. Ele não viveria para sempre perto de mim, ele tinha uma casa para a qual retornar. Esperava poder ganhar mais tempo antes de perdê-lo. Porque não sei o que faria quando isso acontecesse, e até então queria ter algo ao que me segurar. Pelo resto da tarde Valentino e eu comemos como famintos e vimos um horrível filme de ação. Não pude me libertar do exaustivo interrogatório que me fez e fui obrigada a responder as suas 189 perguntas. E se Vincent fosse um mafioso? Que idade tinha? Quando tinha iniciado uma relação com ele? Quais eram nossos planos para o futuro? Pensava dizer a minha família? No momento em que cheguei em casa não pude evitar o segundo interrogatório: de Vincent. Valentino era gay? De onde tirou essa pergunta, não sei, mas quando disse que não era, “me proibiu” de me aproximar a menos de 2 metros dele. Desde essa mensagem ignorei o resto de suas mensagens. Em minha mente era apenas tudo ruim para ter um relacionamento com ele. Sim, minhas inseguranças faziam sua aparição e se negavam a se afastar de minha mente. Não 126

dormi muito nessa noite. O medo do futuro me roubava o sono.

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Capítulo quinze No dia seguinte despertei como todos os domingos: com os gritos emocionados do Louis por sair às compras semanais com o Peter e Vincent. O maldito homem era um indulgente irremediável com meus irmãos. Ele os estava estragando. Sério. Bom. Embora eu não podia reclamar de nada. Também tinha me mimado muito. Disso estava certa. Depois de gastar meu tempo tomando uma longa ducha e me arrumando com um lindo vestido estampado e sapatos baixos, desci para a sala. E sim, meus irmãos tinham um olhar de reprovação por minha demora. Deus não permita que eles atrasassem a hora das compras com o Vincent! Revirei os olhos. — Nenhuma só palavras, girinos. — Ameacei-os enquanto tomava minha bolsa e os fazia sair para a rua. Iríamos à casa de Vincent. — Consiga que compre essa nova caixa de bolachas que são deliciosas. — Gritou minha avó enquanto fechava a porta. — Não há problema, vou fazer. — Respondi sorrindo. A velha mulher podia ter seus anos de idade, mas sua alma continua sendo a mesma de uma criança. Ela amava as sobremesas. Desde que anunciaram umas bolachas cobertas de chocolate com recheio suave, não havia quem parasse seus gemidos dos desejos que tinha que experimentá-las. 128

Não demorou quase nada em sair quando meus irmãos já estavam falando com Vincent fora de sua casa. Ele olhou para cima e me viu. Deu-me um sorriso perverso. Meu homem tramava algo. Tremi levemente de medo... E expectativa. Amava suas loucuras. Isso não podia negar. Disse algo a meus irmãos. Eles entraram correndo em sua casa. Quando cheguei a seu lado não disse nada. Com um aceno tenso me indicou, mas bem em seu próprio idioma ordenou, que entrasse. Engoli em seco e obedeci feliz por essa ocasião. Pelas vozes de meus irmãos soube que eles estariam no segundo piso no quarto de Vincent. Com o que os tinha subornado para afastá-los por um momento? Não sabia nem queria saber. Essas eram coisas de homens. Entre eles e ninguém mais. Para minha própria tranquilidade me neguei a perguntar e me sentei na poltrona da sala. Durante todo o tempo pude sentir seus olhos sobre mim. Não fez nada. Não se aproximou. Não me falou. Não me beijou. NADA. Esperei pacientemente. Negava-me a dar o primeiro passo. Um segundo de distração. Apena levei um maldito segundo vendo uma foto dele em uma parede e o homem estava sobre mim. Praticamente. 129

Tinha-me pressionada no sofá e começou a me beijar apaixonadamente. Eu permiti e respondi a isso com ardor. Ambos necessitávamos. — Me diga, o aproveitador se aproximou de você? — Grunhiu separando-se de mim. Em qualquer momento meus irmãos poderiam aparecer. — Chama-se Valentino, e não, não fez nada. Quantas vezes tenho que dizer que somos apenas amigos? — Quantas vezes tenho que te dizer que é perceptível que ele não te vê apenas como amiga? — Rosnou. Revirei os olhos. — Quantas vezes tenho que dizer que apenas você me interessa, maldito homem Neandertal? Não pude ajudar e sorri. Vincent era todo um caso. Suas mudanças de humor eram divertidas. Merda, quase soava como uma masoquista. —

Simplesmente

me

assegurava

de

não

ter

que

esquartejar o inominável — respondeu ameaçadoramente. — Inominável, realmente? É de meu amigo que falamos, Vincent. — Queixei-me em vão. Sabia que nem morto o chamaria por seu nome. — É um homem e eu não gosto de como olha você. — Grunhiu enquanto tomava minha mão e me puxava para seu abraço. O que discutíamos? Perdi toda a lógica assim que sua mão se repousou na parte baixa de minhas costas e seus lábios percorreram meu pescoço. 130

Por que o homem tinha que ser tão monopolizador comigo? Não é que me queixasse, mas sempre, cada dia, todo o tempo ele se dava sua festa comigo e eu não tinha tempo de desfrutar do meu homem. De saboreá-lo. SE CONCENTRE, Athena! Gritou minha consciência. Certo, meus irmãos estavam a poucos metros de nós. Forçadamente consegui me afastar dele. E como era de se esperar tentou voltar a me aproximar dele. — Meus irmãos estão lá em cima. — Eu adverti tentando soar séria. Estive a ponto de pensar que ele faria beicinho. Mas era Vincent de quem falávamos, por isso apenas o vi grunhir e resmungar enquanto subia para seu quarto para trazer meus irmãos. Sorri. Tudo o que tenha a ver com Vincent me fazia sorrir. Três segundos depois, os três dos quatro homens de minha vida desceram animados. O quarto era meu amado pai. No percurso para o supermercado mais próximo eles não pararam de falar de algum novo jogo que acabava de ser lançado. Se tivesse sido qualquer outra pessoa que não fossem meus irmãos, teria ficado ciumenta pela falta de atenção de Vincent para mim. Sacudi a cabeça com o pensamento, jamais, nem em meus loucos sonhos, eu poderia ter me imaginado sentindo ciúmes. Mas claro, Vincent me levava a sentir coisas inesperadas.

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E disso que se tratava o amor, não é mesmo? Levava você a sentir coisas que jamais esperaria. Vincent estacionou a caminhonete e meus irmãos saíram emocionados. Eu esperei que ele me ajudasse a descer. E como esperado, "acidentalmente" tocou-me mais do que o aceitável. E piscou os olhos para meu olhar de reprovação. Não podia ficar brava com ele. Era irresistível. Ele se encarregou de conseguir um carrinho de compras que sustentamos entre nós dois. Muito perto. Podia sentir o calor de seu corpo. Que estava vestido com uma camisa polo apertada, que realçava seus músculos e umas calças jeans. Simples. E totalmente quente. A maior parte do tempo gastei tentando impedir que eles, meus irmãos e Vincent, adicionassem coisas sem sentido ao carrinho. Era sério? Vincent era o homem, ele deveria ser quem se assegurasse de comprar as coisas adequadas. Mas não. Ele consentia a meus irmãos com qualquer gosto. E também pegava o que lhe dava vontade. Sem fazer caso de minhas repreensões e advertências. — Sorvete! — Gritou Louis olhando Vincent. Ele assentiu satisfeito. Meus irmãos saíram correndo à seção de congelados. — É sério? — Eu perguntei incrédula. — Eles são crianças, e parece que você também. Olhou-me divertido. 132

— Eu gosto de lhes dar um gosto. — Defendeu-se me dando um pequeno golpe no nariz. Afastei-me. Dava-me nos nervos que tocassem meu nariz. Mas apenas ele permitia fazê-lo. Às vezes. — Os mima muito. — Continuei insistindo enquanto pegava a caixa de bolachas que minha avó queria. — É apenas que eu gosto de fazer. — Admitiu com um ligeiro rubor cobrindo suas bochechas. — Está vida familiar, é algo novo para mim, eu gosto de sentir o que sinto quando estou com sua família e contigo. Por favor, não me negue dar o que eles queiram. Ou a você. Revirei os olhos e me estiquei para lhe dar um beijo no queixo. Foi incorreto, sei, mas não pude resistir. — Como poderia te negar algo? — Respondi resignada. Seu rosto se iluminou. — Então não me negaria querer sair contigo para fazer compras cada vez que necessite pelo resto de nossas vidas? — Perguntou feliz. Seria demais dizer que eu gostava de vê-lo feliz. Isso me fazia feliz. — Isso é um exagero, mas não, não lhe negaria isso. — E se te dissesse que quero toda uma vida a seu lado? — Perguntou de repente. Fiquei sem palavras. — Uma vida, você e eu juntos, com seus irmãos, seus pais e avó, minha família. — Acrescentou em meio ao meu silêncio, seus olhos tinham esse brilho que me impedia de lhe negar qualquer coisa. — Basta pensar nisso, até poderiam haver novas crianças com seu cabelo e meus olhos. 133

Bem, isso definitivamente me deixou sem palavras. A felicidade envolveu cada célula do meu corpo. E um pingo de insegurança fez se notar em mim. — Você fala sério? — Perguntei finalmente. Parou o carrinho de compras no meio do corredor de cereais e embalou meu rosto em suas mãos. Deu-me esse olhar exigente de: preste atenção porque não repetirei. — Athena, não sei por que te empenha em subtrair o valor do que há entre nós, pensa que irei embora após a inauguração dos escritórios da empresa? Você acha que da noite para o dia direi: já terminei aqui agora vou para lá? Por um caralho, te amo! É a primeira vez que sinto isto na vida e não penso em perdê-lo. Não te perderei. Então nem pense em me deixar, porque sabe quão teimoso sou e se necessário, cada santo dia me apaixono, porque é o melhor que me aconteceu, não o sucesso ou a fortuna, seu amor é o melhor desta vida. — É o brilho de seus olhos quando me vê, é o sorriso em seu rosto sempre que está comigo, é a entrega total que me dá, isso é o que me faz sentir desde que te conheci, são todas essas coisas e muito mais pelas que te amo e te quero em minha vida para sempre. Me chame de egoísta se quiser, mas não posso te perder, não vou aceitar. Acostume-se com a ideia. Escutei chegar meus irmãos e continuamos fazendo as compras,

Vincent

me

dava

olhadas

intensas

em

cada

oportunidade que se apresentava. Louis e Peter não demoraram a sair correndo novamente por algo que queriam. Desta vez a seção de jogos foi o objetivo. 134

Novamente fiquei a sós com Vincent. Profundamente em seu olhar encontrei esse temor nele, não tinha respondido a suas palavras e ele se confidenciou comigo. Não podia fazer mais que lhe corresponder da mesma forma. — Sim. — Disse simplesmente. — Sim o que? — Perguntou. Esperança. Havia esperança em seus olhos. Me apaixonei mais por ele. Esse teimoso, controlador, indulgente, atraente homem era o amor de minha vida. — Sim, eu gostaria de passar cada dia do resto de minha vida a seu lado, minha família te ama, e com razão, é o melhor homem que podia ter me apaixonado, não por seu dinheiro, mas sim pela pessoa que é. Fez-me te amar com tanta intensidade que me assusta me perder em todo esse amor. Mas não me importa, porque não posso imaginar a vida sem você ao meu lado. Foram apenas poucos dias desde que temos esta relação, mas eu te amo desde essa primeira vez que te vi há meses, meu homem teimoso. Eu te amo. E quero te fazer feliz sempre. — Você me faz feliz por simplesmente ser quem é e de estar a meu lado, amor. — Respondeu com essa voz rouca e sem se importar que estivéssemos em um lugar público, me beijou. E eu respondi ao beijo porque quando havia amor, o resto não importava.

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Capítulo dezesseis Uma semana passou e foram os melhores dias da minha vida, não podia tirar meus pensamentos de Vincent. Meu charmoso e irritante namorado. Vincent insistia em me mandar mensagens enquanto estava em aula. Em mais de três ocasiões os professores me tiraram o celular e em todas essas ocasiões meu insensato homem riu insuportavelmente a minhas costas. Divertia-lhe meu desconforto, disso não tinha dúvida. Cada vez minhas melhores amigas se encontravam mais intrigadas por conhecê-lo, e eu também morria por apresentálos. Nada seria melhor que saber que elas aprovavam o homem da minha vida. E que ele se entendesse bem com elas. Foi uma ocasião de noite enquanto estávamos em sua caminhonete que comentei a possibilidade de que saíssemos todos juntos. Sua resposta era de se esperar. — É obvio, soa genial. No sábado está bem? Você me diz aonde quer ir, eu convido a todas as senhoritas. Ele piscou. Revirei os olhos. Sua resposta foi tão boa e eu tinha que tirar o gênio do mal. Ele convidaria todas as senhoritas. Menos Valentino. Faria qualquer coisa para fazê-lo se sentir desconfortável por Valentino pelo simples fato de que estava se comportando como um adolescente ciumento. — Por que insiste em se comportar assim? — Eu perguntei finalmente depois de observá-lo por um longo momento. 136

— Assim como? — Fingiu inocência. Ótimo. O bom é que era um homem em seus 29 anos de vida. Infantil, isso é o que era às vezes! — Sabe muito bem do que falo. — Disse a ele — Sabe que Valentino estará lá, eu o quero lá sem suas tolices de homem macho. Rosnou. Isso estava se fazendo um maldito habito que eu adorava. Esteve a ponto de começar a falar, ou discutir, mas o interrompi. — E isso não é o que sua mente neandertal pensa, mas sim porque tenho planos para ele e Bianca. Agora, isso sim que conseguiu um grande sorriso estilo Vincent. — Por que não disse antes? — Perguntou contente. É sério? — Querido, às vezes é um idiota. — Eu disse. — Mas eu te amo tanto, pequena. — Respondeu me dando um bonito e quente sorriso. Eu

literalmente

virei

mingau

no

assento

de

sua

caminhonete. Poderia alguma vez deixar de me apaixonar cada vez mais por ele?

O sábado chegou muito rápido, sentia o tempo passar voando e sem me dar conta me encontrava em um restaurante com minhas amigas, Valentino e Vincent.

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Certamente pensaria que seria um encontro divertido, onde alguém faz perguntas e outra pessoa responde. Assim é como as pessoas supõe que se conheçam melhor, certo? Bem, isso é com pessoas normais. Mas falávamos de minha vida. E

Vincent

e

Valentino

lutavam

infantilmente

para

alternar-se e falar sobre si mesmos. Parecia uma maldita competição. O que se Vincent tinha sua própria empresa familiar. O que se Valentino amava competir em corridas automobilísticas de ruas. E Vincent amava comer chocolate. E Valentino odiava o chocolate. Eram umas malditas crianças! Não podia dizer por quem minhas amigas estavam mais embevecidas, se por Vincent ou Valentino. Acredito que as três, Tracy, Allison e Bianca, estavam se apaixonando um pouco por cada um. Para minha alegria notei os olhares que se lançavam entre Bianca e Valentino. Eu sabia! Esses dois foram feitos um para o outro. Mas uma coisa eram uns simples olhares e outra muito diferente era a ação. Assim, obstinada e tímida que era Bianca, me custaria fazer que saísse com Valentino. Mas não perdi a esperança. Se os 6 podíamos estar sentados em uma mesa sem que haja gritos ou sangue correndo, então tudo era possível. Ou isso eu queria acreditar.

138

Capítulo dezessete As semanas passam e eu pensasse que não podia me apaixonar mais por meu controlador e teimoso homem, estava errada. Desde aquela primeira viagem de compras que eu e meus irmãos fizemos com ele, se comportou insuportavelmente atento e doce. Realmente, cada vez que tínhamos um momento a sós insistia em me beijar e me provocar tanto quanto possível, antes que ele mesmo caísse em sua própria armadilha e tivesse que desistir de suas maldades. Em mais de uma ocasião o vi mandar tudo para o inferno e ir tomar uma ducha de água fria. Em todas e cada uma dessas vezes tinha rido até que a dor de estômago me parou. E era então onde tomava reprimendas por minha ousadia. Descobri um lado de Vincent que jamais teria esperado, embora sua veia controladora devesse ter me dado uma ideia. Meu homem era um dominante. Mas não desses que descrevem os livros, ele era um dominante charmoso e brincalhão. Era a melhor maneira que podia descrevê-lo. Quando as coisas lhe convinham. E tomou o hábito de me dar palmadas no traseiro cada vez que ria dele ou fazia algo que não gostava. E eu tinha me acostumado a pegar um gosto dessa selvageria que às vezes se mostrava nele. Estávamos a uma semana da comemoração do dia de mortos e do Halloween.

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Eu por ser de raízes mexicanas, celebrava com minha família o dia dos mortos, era a tradição do país. Visitávamos o cemitério onde estavam enterrados nossos entes queridos que partiram deste mundo. Pelo geral nós levávamos flores para o túmulo do meu avô, era o único defunto que tínhamos. Também

ficávamos

um

momento

falando

com

ele,

esperando que nos ouvisse e tomávamos suco de goiaba, que era seu favorito. Na casa colocávamos um altar em sua honra. Adorava quando a casa estava cheia do aroma da flor do cempaxúchitl. Também amava as caveirinhas de chocolate. Havia tantas coisas que amava de meu México querido apesar de ter nascido, igual a meus irmãos, no Arizona. Meus pais viveram lá por anos, até que decidiram retornar a seu país natal. Mas hoje, com a globalização, Halloween tornou-se mais presente entre nossa gente. Coisa que eu não gostava em excesso, para começar estava nossa identidade nacional, e depois as influências estrangeiras. Não é que eu não gostasse de Halloween, porque eu gostava. Eu gostava do conceito da celebração, e eu, junto com meus irmãos, desfrutava dela. Teria uma festa em um bar da cidade em que se celebraria com fantasias. E estava determinada em participar. Amava me fantasiar. E agora que tinha namorado tinha a teimosia de que nos fantasiássemos ambos.

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Já imaginava fazendo Vincent vestir uma fantasia de espartano. MERDA. Essa era uma doce cena que não deveria ter em minha mente. Não se não tinha ele perto para me deleitar com seus lábios e seu corpo. Estando sozinha? Foi apenas um tesão solitário. Tentava pensar como ser persuasiva para colocar Vincent em um traje pequeno, que deixasse muito de sua pele exposta. PORRA. Daria uma festa para vê-lo assim. Minhas amigas também assistiriam. Tracy iria com seu namorado, Jackson. Eles eram namorados desde que iniciou a preparatória. Bianca e Allison assistiriam juntas, o que não significava que estariam sozinhas. Encontrariam companhia no bar. Embora para minha desgraça Valentino e Bianca tivessem como resultado serem como cão e gato, não perdia a esperança de que algo surgisse entre eles. Meu instinto casamenteiro me dizia isso, eles eram feitos um para o outro. E suas constantes brigas apenas me confirmavam isso. Cão e gato. A história deles, quando surgisse, seria muito divertida de presenciar. Juro, cada vez que se viam, era como se quisessem tirar os olhos um do outro, e apesar disso, lutavam cada vez mais próximos sempre que podiam. Quem fazia isso, que não era masoquista? A única explicação que eu encontrava era que entre eles havia algo, embora eles quisessem negar.

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Vincent se encontrava em minha sala vendo televisão quando desci de meu quarto em uma sexta-feira à tarde. A escola suspendeu as aulas por uma reunião sindical. Ótimo para mim. — E minha avó? — Perguntei me aproximando para me sentar perto dele. Rodeou-me com o braço e me puxou para ele. — Saiu para a casa de Paty, algo sobre seu filho com dor de estômago. — Explicou enquanto começava a morder provocadoramente meu pescoço. Ele tinha um trauma para o contato, não podia passar quinze minutos com ele, sem que de alguma forma tocasse minha pele ou se aproximasse de mim. Meus irmãos estavam na casa de um vizinho jogando. Aproveitei para fazer olhos de cordeiro. Ele me olhou com expectativa. — Já sei onde isso vai dar. — Disse se divertindo as minhas custas — O que vai me pedir? Cruzei meus braços indignada. — Nada. — Me defendi obstinadamente. Deu-me um longo olhar. Eu desisti. — Ok, vamos juntos na noite do Halloween a um bar que organizará um evento onde terá que ir com fantasia. — Claro. — Ele respondeu enquanto se levantava e me estendia à mão. Aceitei-a e começou a me guiar para a saída. — Aonde vamos? — Perguntei pendurando minha bolsa no ombro.

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— Comprar as fantasias. — Disse simplesmente enquanto caminhávamos para sua caminhonete. — É assim tão simples? — Perguntei incrédula. Me olhou elevando uma sobrancelha. — O que você esperava? — Não sei, te convencer... te subornar... te persuadir. — Respondi balançando a cabeça. Soltou uma gargalhada enquanto me ajudava a entrar em sua caminhonete. E sim, não tinha parado o hábito de me tocar mais. Não é que me queixasse, não faria isso nunca. — Não me negue a ser convencido. — Ele balançou as sobrancelhas seguidamente, insinuante. Eu ri. Meu homem era todo um amor de palhaço. — Além disso, — adicionou me dando um intenso olhar. — Você não sabe que eu adorarei te ver em uma pequena fantasia de coelhinha. Me piscou quando eu corei. E então uma maravilhosa ideia veio a minha mente com tesão. — Façamos um acordo. — Ofereci enquanto ele colocou em marcha a caminhonete. — Que tipo de acordo? — Ele bisbilhotou com um brilho travesso em seus olhos. Bem, tinha-o onde o queria. — Você escolherá a fantasia que deseja que eu use. E esse brilho peralta se voltou intenso. LUXÚRIA EM ESTADO PURO. 143

Exatamente assim era seu olhar. — Em troca de que? — Ele investigou, todo Vincent em sua "faceta profissional". Sempre vendo os prós e contra. — Você escolhe a minha fantasia e eu escolho a sua. É um negócio justo. — Que regras estão em jogo? — Absolutamente nenhuma. — Nenhuma? — Questionou divertido. — Exatamente. Estou disposta a te agradar em seus gostos, mas você vai respeitar a fantasia que eu quero que use. E esse olhar que me deu fez que a temperatura subisse alguns graus. — Sem limites? — Continuou perguntando. Assenti. Enquanto parou em um sinal de transito vermelho se aproximou de mim e me beijou. Mordiscou divertidamente meu lábio inferior e se afastou quando conseguiu me colocar ainda mais entusiasmada. — Você, minha pequena provocadora e amada mulher, não sabe no que acaba de se colocar. Me piscou um olho e continuou dirigindo. Olhei pela janela até que chegamos a uma loja de fantasias. O que ele não sabia é que eu estava mais do que ciente do que estava prestes a enfrentar ao lhe propor o acordo. Ao final, ambos obtínhamos satisfação sem importar no que terminasse o assunto.

144

— Vamos, minha bela dama, uma roupa sexy aguarda por você.



Cinicamente

ofereceu

seu

braço

em

gesto

cavalheiresco e cortês. Nesse momento, em que ele me levava para ser modelo das fantasias que escolhesse, não havia nada de cortês. Muito menos de cavalheiresco levando em conta o brilho luxurioso em seus olhos. Revirei os olhos. Na loja enquanto cada um procurava a fantasia do outro, o pessoal feminino, uma caixa e uma atendente, o comiam com os olhos. Não tinham vergonha nem descaramento. Nem mesmo tentavam esconder. O pior de tudo é que eu, a namorada do sexy homem, estava ali presente. Oh não, senhor, Vincent era meu homem, só meu. E assim de repente, descobri a ciumenta e possessiva que me fazia ser esse amor de homem. Levei a um provador a fantasia provocante de garçom stripper e caminhei balançando os quadris. Ele me olhou fixamente. Seguindo cada movimento. Oh sim, quando eu propus que eu poderia tê-lo comendo em minha mão. Tomem essa, cadelas! Quis gritar para as funcionárias. Mostrei-lhe a imagem que aparecia na embalagem da fantasia. Um musculoso homem com um boxer preto apertado e uma gravata borboleta ao redor do pescoço. — Não sabe o quanto eu adoraria te ver assim para mim. — Eu disse olhando em seus olhos.

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— Podemos levá-lo como um extra. — Respondeu colocando suas mãos descaradamente em meu traseiro e me aproximando dele. Em outro momento poderia ter protestado. Estando ali com aquelas mulheres que o olhavam com fome? NÃO. NÃO ME INCOMODAVA QUE SE MOSTRASSE AFETUOSO COMIGO. — Também pode escolher um extra. — Sussurrei-lhe lhe dando um terno beijo e me afastando dele para continuar procurando outras fantasias. Em nenhum momento pude deixar de sentir seu olhar sobre meu corpo. As funcionárias me olhavam desconfortáveis e incrédulas. Sim, eram umas putas e ele era meu homem, só meu. Vincent mostrou-me várias fantasias sexys que decidiu comprar para nós, “em algum momento me faria usá-las” tinha ameaçado luxuriosamente. Aceitei. Da mesma maneira escolhi fantasias para ele. Ambos desfrutaríamos muito em algum momento. — Encontrei-as. — Disse me abraçando pelas minhas costas. Pelo tom de sua voz, não pude decidir se estava feliz ou preocupada com as fantasias que ele viu, como indicadas. Segui seu olhar para as que ele escolheu. OH. POR. DEUS. Fiquei sem palavras.

146

Capítulo dezoito — Não posso acreditar que me convenceu a isso. — Eu reclamei enquanto me olhava no espelho de meu quarto. Estava falando no telefone com Vincent. Depois que ele comprou as fantasias há poucos dias tínhamos falado desta noite. Antes de ir ao bar jantaríamos em sua casa. Cozinharia. Ou assim me foi dito. Ainda não podia acreditar na sorte que tinha de ter um namorado como ele. Era um maldito indulgente comigo. Era

detalhista.

Atento.

Terno.

Protetor.

Amoroso.

Controlador. Risonho. Travesso. DIABOS. ELE ERA O HOMEM PERFEITO. E era meu. Não havia um dia em que não tivesse um detalhe comigo. Estava me deixando mal-acostumada meu lindo homem. O dia em que fomos à loja de fantasias, ele viu as fantasias perfeitas. Ou melhor, a fantasia perfeita. Apenas a dele. A minha comprou em outro lugar. Qual era a minha fantasia? O homem comprou uns malditos óculos de aviador. Sério. Tanto procuramos fantasias e ele comprou só alguns óculos que ao final tinha dado a meu irmão Peter. Só tinha se inspirado nos trajes de motociclista e vestido de deusa grega que havia na loja. Ele tinha se aproximado ansioso para eles.

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Então passou suas mãos pelo tecido das fantasias e os ignorou por completo. — O que têm de errado? — Perguntei intrigada. As fantasias eram perfeitas. — O tecido é atual. — Ele respondeu indignado. Vê que pecado seria fabricá-las em roupas que não eram de designer. Certo, meu homem era um delicado. Mas ele tinha ganhado para ser. Não é por menos tinha milhões para gastar no que tivesse vontade. — Está exagerando. — Comentei revirando os olhos. — Claro que não, você deixa tudo em minhas mãos, eu vou resolver. Após essa conversa, ele pagou as fantasias que gostou ao maldito homem. Uma parte de mim se revelava à ideia de me pôr uma maldita fantasia de chapeuzinho vermelho. Mas vamos, deixe-me dar um gosto a meu homem! Por isso tinha me resignado que ele guardasse todos esses provocantes trajes em sua casa. Ele era o único homem em toda minha vida que permitiria fazer isso. Reconheço que sou culpada. Eu gostava nada mais que satisfazer suas loucuras. Também tinha conseguido que comprasse a fantasia de empregada que tinha gostado. DELICIOSO. No dia seguinte Vincent me deu uma bolsa que continha minha fantasia.

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Eu tinha prometido, depois de muita insistência, que só o veria quando estivesse em minha casa sozinha. Eu cumpri. E hoje era o dia do Halloween ele tinha me permitido que o abrisse. Somente hoje. A surpresa? Um maldito bonito e caro vestido! Não sei por que confiei nele, tendo em conta sua tendência a exagerar em tudo. Não podia negar que era o mais bonito que vi em minha vida. O vestido era estilo grego, deixava um ombro descoberto, era vermelho e tinha um laço dourado que se ajustava a minha cintura. Era longo. Era perfeito. E talvez eu pudesse ter perdoado o homem por suas extravagâncias se unicamente tivesse comprado o vestido. Mas não. Era muito esperar ele se conter na hora de fazer compras. Também comprou um belo par de sapatos dourados de salto alto que eram suficientemente confortáveis para estar sobre eles por horas. Mas eram suficientemente bonitos para saber que eram caros. E merda se não tivesse lhe perdoado também isso. Mas não! O homem teimoso deixou umas caixas na bolsa. Com medo abri à primeira.

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— Vincent, vou matar você. — Rosnei vendo o lindo bracelete dourado em forma de serpente que tinha duas pedras verdes como olhos. Maldito seja. Era necessário comprar ouro? Por favor, esperava que não fosse de ouro e que as pedras não tivessem nenhum valor. Mas isso era sonhar. — Por quê? — Perguntou divertido. Sim, agora entendia por que me fez jurar ver a fantasia somente hoje, quando não tinha nenhuma possibilidade de conseguir outra. Ou de machucá-lo seriamente por ter gasto tanto dinheiro em coisas insignificantes. — Tem coragem de perguntar por quê? — Continuei grunhindo. Culpa dele. Tinha me contagiado com o hábito de rosnar. Segundo ele, era algo sexy, segundo eu? Bom, era algo selvagem. — Abriu a caixa? — Perguntou, sua maldita diversão aumentava com meus gemidos. Alguma vez deixaria de divertir-se as minhas custas? — Oh sim, e agora tenho medo de abrir a outra. — Qual abriu? — Os sapatos e o bracelete. — Disse entre dentes. Sua risada distante não me passou despercebida, deve ter afastado seu celular e começado a rir com todo gosto sem lhe importar que o escutasse. — Querida, é que os vi e soube que eram perfeitos para você. — Explicou depois de terminar com sua risada. 150

— Mas sabe que eu não gosto que gaste dinheiro. — Eu reclamei resignada. Já não havia nada a se fazer. Ele sempre ganhava. Mas não perdia a esperança de que algum dia o marcador ficasse a meu favor. Continue sonhando Athena, me disse minha consciência zombando. — Pequena, se quero gastar dinheiro com você, eu vou, sabe que isso não é algo que eu não possa me dar ao luxo de fazer, e adoro fazer, com loucura. Pode, por favor, desfrutar de meu presente dado de coração e outra parte anatômica mais dura de meu corpo? Engasguei-me e comecei a tossir. Nem quando ele não estava perto de mim deixava de me fazer engasgar com suas palavras! Agora bem, teria uma aquecida tarde pensando nessa parte anatômica a que ele se referia. Se concentre! Gritei para mim mesma. Não podia me dar ao luxo de andar por aí com tesão. MERDA. Meu maldito sexy e sujo homem me pervertia. Não é que estivesse reclamando, porque não fazia. — Você está bem, baby? — Perguntou divertido. Limpei a garganta. — Sim, estou bem. — Mesmo aos meus ouvidos minha voz soou rouca. Não deixava de me surpreender à intensidade com que Vincent me afetava. 151

— Sua voz — Salientou com sua própria voz rouca. — Oh não, não começaremos. — Eu avisei quando sentia meu corpo responder a suas brincadeiras com tesão. — Começar o que? — Fingiu inocência enquanto escutava o tecido soar enquanto certamente se agitava. Oh não. Não. Não. Não. Não. Não. — Está em sua cama? — Eu não pude resistir de começar eu mesma o jogo. Fraca. Sou de carne franca quando se tratava de meu homem. — Sim, estou, por quê? Alguma sugestão que queira fazer? — Ele respondeu com a voz ainda mais rouca e distorcida pela excitação. Esta batalha? Tinha completamente perdido. — Sim, tenho. — E qual é? — Se deite. — Ordenei enquanto fechava com chave a porta de meu quarto. Joguei de lado as bolsas de roupa e me deitei em minha própria cama. Aproximava-se nosso jogo. O homem ainda não queria que avançássemos mais um passo fisicamente em nossa relação. Ele recusava-se a levar nosso contato a outro nível. Bem. Eu aceitava. Por enquanto. Mas isso não significava que era contra o sexo por telefone. SIM,

DEFINITIVAMENTE

PERVERTIDO POR COMPLETO. 152

MEU

HOMEM

TINHA

ME

— Já fiz. — Respondeu depois de uns segundos. — Sabe o que eu gostaria que fizesse? — Eu perguntei em um sussurro. — O que? — Toque-se. — Ordenei com voz baixa. Essa conversa suja em minha casa? Não era algo que queria que minha família escutasse. — Como quer que eu faça? — Você sabe como. — Respondi sentindo minhas bochechas corarem. — Oh não, pequena, já me provocou agora não vai se acovardar. — Advertiu-me divertido. E então disse a ele exatamente o que tinha que fazer. Era a primeira vez que tínhamos chegado tão longe em nossos jogos, e tinha sido terrivelmente divertido. Até que o escutei soltar um grunhido final soube que tinha obtido meu objetivo e o homem alcançou seu orgasmo. Por que fazia tanto calor? Contra suas palavras, desliguei e tomei uma ducha de água fria. Até que eram quase 6 da tarde me atrevi a falar novamente no celular. Para minha sorte ele deixou o assunto de nossas travessuras. Coloquei o vestido enquanto o punha no viva-voz. Segundo ele, já estava vestindo sua fantasia. O vestido ficava perfeito, o que me deixava curiosa de como é que ele sabia minhas medidas exatas. Os sapatos coordenavam perfeitos. 153

Eu estava linda. Quase chorei. Vincent

continuou

me

falando

a

respeito

de

uns

problemas que tinha em sua empresa, eu gostei que ele fosse desabafar suas preocupações comigo. Não demorei nada em terminar de me arrumar. Deixei solto meu cabelo com uma divisão no centro. Maquiei-me com um estilo natural. — Já terminou de se vestir? — Ele perguntou. — Sim, já terminei. — Respondi enquanto me questionava se usava o bracelete ou não. Seu poder leitor de mentes fez uma aparição. — Por favor, use o bracelete. — Disse com essa voz melosa que me derretia. — Foi um presente dado de coração e não sabe o quão feliz me faria ao usá-lo. Quando seria capaz de lhe negar alguma coisa? — Bem. — Concordei pondo o bracelete na bolsa que levaria. Eu iria colocá-lo quando estivesse com ele. Embora nessa hora estivesse sozinha em minha casa, o resto de minha família tinha ido à casa de uma tia, não queria me arriscar que alguém me visse usando coisas tão valiosas. Coisas que queria devolver a Vincent, ele querendo ou não. — Já abriu as outras duas caixas? — Perguntou cauteloso. — Não. — Bem, as traga contigo e não se atreva a bisbilhotar seu conteúdo. — OK, onde você está? — Fora de sua casa.

154

Eu coloquei um pouco de perfume, com aroma de baunilha, e peguei um suéter branco antes de pegar minha bolsa, as caixas e o celular e descer as escadas. Efetivamente, Vincent estava esperando por mim. E o olhar em seu rosto quando me viu foi um total espetáculo. — Sabia que estaria linda. — Disse depois de um momento. — Mas não imaginei que tanto. Sorri e caminhei a seu lado até sua casa, negando-me a falar. Quando estávamos dentro de sua casa virei sem prévio aviso e o beijei entusiasmada. Meu homem estava tão quente com sua roupa de motociclista.

155

Capítulo dezenove As mãos de Vincent estavam sobre todas minhas costas, me apegando a ele com força, não me machucava, mas sim encadeavam a sua proximidade. — Está quente, para caralho. — Comentei quando me afastei para recuperar o fôlego. Ele rosnou. — Normalmente te repreenderia por esse vocabulário. — E agora? — Agora só dou graças a Deus de ter a sorte de seus elogios. — Mais uma vez aquela voz rouca. Aquela voz que me fazia querer tirá-lo de todas as suas roupas Mas desde que ele não me permitiria fazer isso, me contive com todas as minhas forças. — É a mulher mais linda que já vi em toda minha vida. — Adicionou quando fiquei sem palavras. Minhas bochechas coraram. Nem com o tempo conseguia me acostumar com as suas constantes adulações. Era como uma donzela angustiada cada vez que ele ficava em modo de cavalheiro. — É o homem mais maravilhoso do mundo, amor. — Respondi. Esse era um daqueles momentos em que ambos nos colocamos melosos com palavras de carinho e constantes elogios. O qual, ele fez muitas vezes, para meu prazer.

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Nada

era

melhor

que

um

homem

atento

que

se

empenhava em te fazer sentir a mulher mais sortuda do mundo inteiro. Ele me beijou outra vez. Eu derreti. Minha vontade foi para o inferno. Era pura massa em seus braços. —

Diga-me

que

aceita

meus

presentes.



Pediu

meigamente beijando castamente meu pescoço. Para minha sorte nesse momento não tinha nenhum chupão dele. Claro, tinha tudo planejado. Caso contrário, não teria desistido de suas constantes mordidas. — Mmm — Disse simplesmente incapaz de formar palavras coerentes. — Isso é um sim? — Perguntou animadamente. — Mmm. — É um não? — Mmm. — Querida, às vezes é tão entregue a minhas carícias que me dá vontade de mandar meu cavalheirismo para o inferno e te fazer minha. — Grunhiu esticando seu corpo. — Faça, eu lhe digo isso. — Consegui responder. Se separou de mim e olhou em meus olhos. Vi seu controle desaparecer e a antecipação começou a formar-se em meu ventre. Finalmente! Poderia fazê-lo meu, meu homem.

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O beijaria. Tocaria cada parte de seu corpo. O provaria com minha língua. O faria perder a sanidade e quando não pudesse mais o aceitaria dentro de mim. E então de alguma maldita forma seu controle retornou com vingança. Grunhi. — Oh não, eu sei o que está tentando fazer, não. — Disse indignado como se fosse um crime eu querer seduzi-lo. Revirei os olhos. Nesse dia não ganharia essa batalha. Mas não me renderia. O homem era tão paciente como um maldito monge. Só esperava que o celibato não estivesse entre suas aspirações. — De acordo. — Grunhi passando por ele e dando-lhe um tapa brincalhão em seu traseiro. Antes que pudesse dar um passo mais ele me puxou de costas contra seu corpo. Seu peito era puro aço. Senti sua ereção contra a minha parte inferior das costas. É que o homem queria me matar por combustão espontânea? — Sabe que te desejo desesperadamente. — Sussurrou em meu ouvido. — E se não fosse por querer que sua primeira vez fosse especial, neste mesmo momento te arrancaria esse vestido e me deleitaria com seu corpo, me daria uma festa contigo e me afundaria dentro de você até que nós dois estivéssemos loucos de prazer. Minha boca estava seca.

158

— Então, para que evitemos isso, vamos jantar, amor, preparei o jantar para você. — Terminou afastando-se de mim e me ajudando a tirar o suéter. Nós nos sentamos para jantar, ele preparou lasanha, minha comida favorita no mundo. Serviu sorvete de chocolate. Meu favorito. Certamente teria exagerado também nisso comprando o mais caro e de melhor qualidade que pôde ter encontrado. Mas ignorei isso e o comi sem nenhum remorso. Vincent não afastou o olhar de mim. Corei. Basta pensar em nosso telefonema para me fazer sentir excitada. Daí a vergonha que se estendia por meu corpo traidor. Depois de terminar o jantar eu agradeci a ele por sua delicadeza, como sempre, ele me pediu para demonstrar-lhe com beijos. Eu fiz. Minutos depois ele pegou minha bolsa e tirou as duas caixas que tanto medo me davam, é como se esperasse que de um momento para o outro mordessem. Louco, eu sei. — Quando os vi, pude ver perfeitamente que foram feitos para o amor de minha vida, minha teimosa e deliciosa mulher que detesta minhas delicadezas. — Ele disse me entregando as caixas. Eu ia começar a protestar quando falou outra vez. Ele não iria parar até que eu aceitasse seus presentes. Deixei-o falar, o pobre homem se esforçou procurando coisas e eu ia de tirana por jogar em sua cara os presentes. 159

— Quero que saiba que sei que o dinheiro não é algo que você procure de mim, mas eu quero entrar e comprar tudo o que me dê vontade para te fazer sorrir. Quero poder comprar o mundo inteiro, amor. Quero compartilhar tudo o que tenho. — Vincent, é que eu só preciso de você para sorrir e ser feliz. — Expliquei pondo minhas mãos em suas bochechas já olhando em seus olhos, queria que visse minha sinceridade — Meu mundo é você, nem seu estúpido dinheiro nem o resto me importa. É você, sempre foi. Por favor, entenda. Ele olhou-me e sorriu. Como amava seu sorriso. — Sei, querida, mas por favor me permita comprar o que queira, dê ao pobre e solitário homem esse gosto. — Não está sozinho, tem a mim e a minha família. Beijou-me. Sua ternura me comoveu. Não podia lhe negar nada. E sei que me arrependeria do que diria, mas esperava pôr um limite em seu momento. — Ok, eu aceito, mas quero que se controle com desperdiçar. — Respondi beijando-o em sua bochecha. Ele bufou e com motivo. Ele não tinha controle na hora de comprar coisas para mim ou meus irmãos. — Abra as caixas. — Insistiu com a emoção infantil característica dele. Uma bonita coroa dourada. Uns brincos preciosos de ouro. DEMÔNIOS. Eu o vi prender o fôlego. Estava esperando minha reação. 160

O pobre já tinha sofrido muito. — Obrigada, amor. — Eu disse me lançando em seus braços despreparados e beijando-o com todo o amor que sentia por ele. Sua surpresa só durou alguns segundos e respondeu felizmente a meus carinhos. Depois que ele me ajudou a colocar os brincos e a linda coroa, definitivamente estava certa de que parecia melhor arrumada para ir a um evento de gala em vez de um simples bar. Vincent tinha umas calças pretas que ficavam bem coladas e umas botas de bico de aço. Uma camisa branca que se ajustava à perfeição e para rematar a roupa quente, uma jaqueta de couro. Seu cabelo negro estava despenteado. Em resumo, ele parecia simplesmente perfeito. — Já disse quão delicioso parece? — Perguntei enquanto ele me ajudava a subir em sua caminhonete. — Sim, mas não irá me incomodar que repita isso quantas vezes queira. — Respondeu com todo o esplendor de seu grande ego. Revirei os olhos. De alguma forma fazíamos o casal perfeito, ele com seu selvagem look e eu com minha chique roupa. Chegando ao bar havia uma grande fila de pessoas. Valentino, Bianca, Tracy e Allison estavam esperando nela. Nos aproximamos deles. Fizeram-nos gestos para que nos colocássemos na frente deles.

161

Eu fiz, mas Vincent ficou com o cenho franzido fora dela. Todos me cumprimentaram e comentaram sobre o vestido que usava. — Supõe-se que é...? — Perguntou Valentino me comendo com os olhos. UGH. — A deusa grega de meu homem. — Respondi orgulhosa tomando a mão de Vincent. Todas menos Valentino fizeram sons de brincadeira. Elas amavam Vincent, como amigo, é claro. Ele gostava delas, foi isso que ele me disse. Tinham-lhe agradado desde que as viu. Minhas amigas eram suas amigas. Havia dito e não passei por cima que não se referisse de igual maneira a Valentino. Homens. Eram uns homens das cavernas. Estava

certa

que

algumas

vezes

podiam

ser

mais

estúpidos que coerentes. Tracy estava usando um vestido estilo japonês. O qual marcava cada curva de seu corpo. O cabelo estava preso marcando suas feições. Parecia tremendamente atraente. Allison estava com um bonito vestido branco que deixava notar essa beleza inocente que tinha. O vestido e a maquiagem tinha como resultado a típica morena que chamava a atenção de todos. Tinha uma tiara com algum tipo de orelhas dessas que davam um estilo de animal. Bianca tinha se negado a fantasiar-se. Embora sim se arrumou usando uns jeans apertados e uma camisa prata. Seu cabelo estava solto e se movia com o vento da noite.

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Não podia deixar de notar a maneira como Valentino a olhava a todos os momentos. Simplesmente ela olhava de lado com um sério olhar que alertava que poderia pô-lo em seu lugar a qualquer momento. Embora não podia negar que também em seus olhos se via a atração. Valentino tinha uma fantasia de cowboy. Com chapéu e botas. Os jeans desgastados se ajustavam a suas musculosas pernas. A camisa xadrez que estava vestindo tinha os primeiros três

botões

desabotoados,

mostrando

descaradamente

a

grande formação de seu peito. Não que eu estivesse olhando. Simplesmente o tarado ficava em frente a mim. Sim, gostava muito de perturbar meu namorado. Era uma pena que só tivesse olhos para o meu homem. Porque Valentino era um grande espécime de homem, digno de olhar e conhecer. Vincent rodeou minha cintura com seu braço e me tirou da fila. — Vamos garotas. — Disse caminhando entre minhas amigas e dando um rápido olhar a Valentino. Era tanto trabalho dizer garotas e Valentino? Quer dizer, ele era meu melhor amigo. Mas era de Vincent que falava. É obvio que seria muito trabalho! Nós o seguimos até a entrada, estava prestes a lhe dizer que era falta de educação furar a fila e que o guarda que estava ali nos mandaria ao caralho.

163

Para a maldita surpresa de todos simplesmente saudou educadamente Vincent e nos deixou entrar. Pude escutar os sons

incrédulos

de

outros

jovens

que

continuavam

aguardando para entrar. Tracy riu da minha cara. Piscou o olho para Vincent e digitou em seu celular enquanto procurávamos um lugar onde nos sentar. Outra coisa da qual se encarregou Vincent. Será que sempre tinha que controlar as coisas? Tentei ignorar o olhar que me deu e me concentrei em desfrutar da noite. Allison gritou animada quando começou a tocar sua música favorita. Levou a mim e a Bianca pela mão para ir dançar. Tentei resistir. Mas quando Allison se propunha a fazer algo ela o conseguia, por menor que fosse seu objetivo. Todas dançamos por um momento até que senti umas mãos rodeando meus quadris. Fiquei tensa, mas relaxei quando vi que era Vincent. Sorri-lhe e dançamos até que recebeu uma chamada em seu celular e teve que sair do bar para atender. — Vamos pegar algo para beber. — Gritou Bianca em meu ouvido. Tracy dançava com seu namorado, completamente alheia a seu redor. Todos que estavam no bar se encontravam fantasiados. Pedimos um copo da Coca-cola. Continuamos dançando por um longo tempo.

164

Umas mãos retornaram aos meus quadris. Sorri e fechei os olhos sem deixar de dançar. Uns lábios se aproximaram de meu pescoço. Fiquei tensa. A fúria percorria meu corpo. Esse cheiro não era de Vincent. Afastei-me e vi um cara tentando voltar a aproximar-se de mim, antes de saber o que fazia minha mão se dirigia em seu rosto. Uma sonora e dolorosa bofetada. Eu sabia. De alguma forma, eu tinha minha mão pesada, como diria minha avó. O vi estremecer. Antes de tomar consciente de algo mais, Valentino o tinha agarrado pela camisa e estava prestes a lhe atingir. Por algum maldito milagre Bianca e eu conseguimos afastá-lo antes que criasse problemas e nos expulsassem. Eu podia ver em seu olhar que queria discutir. Conheciao bem. Apenas discutir? NÃO. Ele queria golpes. Bianca o puxou consigo até levá-lo a um canto oposto. Era melhor ignorar o homem que seguia aturdido esfregando a bochecha. Enquanto caminhava vi Vincent aproximar-se. Oh não. O homem estava tão furioso que saia fumaça pelas orelhas! Aproximei-me correndo dele antes que pudesse cometer um engano. Sim, podia ser milionário e poderia ter os melhores advogados, mas isso não queria dizer que nos livraríamos de ter problemas legais se ele cometesse uma agressão contra o homem que teve o mau julgamento de aproximar-se de mim. 165

Joguei meus braços em seu pescoço e me pendurei nele. Gritei-lhe ao ouvido que não cometesse um erro. Ele deu alguns passos em direção ao homem e sem outra opção fiz a primeira coisa que veio a minha mente para distrailo. Eu o beijei. O beijei extremamente apaixonada, sem me importar que estivéssemos rodeados por espectadores. Suas mãos inconscientemente rodearam minha cintura e respondeu a meu beijo. Estava relutante e tinha os olhos abertos. Suas mãos baixaram até meu traseiro e me prendeu a ele. Soltei um gemido. Sim, eu não gostava dessa atitude machista, mas funcionava. Uma eternidade depois, relaxou e me afastou de lá. Pude ver as caras sorridentes de Allison e Tracy. Sim, pensavam o mesmo, isso era de novela. Mas não era divertido se fosse você o centro das atenções. — Dança comigo. — Eu disse sorrindo. Sorriu de volta e colocou as mãos em meus quadris. Por que fazia tanto calor? Dançamos por um longo tempo. Éramos apenas ele e eu. Muito cedo me advertiu da hora de chegada em minha casa. Nos despedimos de minhas amigas e de Valentino e saímos do lugar. Em sua caminhonete seus ombros estavam tensos. — Eu não gosto de ver nenhum homem perto de você e menos ainda te tocando. — Confessou grunhindo. Meu Vincent. Derretia meu coração. — Fico contente. — Respondi sorrindo.

166

Revirou os olhos e me beijou antes de pôr em movimento a caminhonete. Durante o caminho para casa não falamos e antes de chegar a minha casa ele parou para me beijar. — Na verdade eu gostaria de fazer oficial o nosso relacionamento. — Disse me olhando com olhos de bebê. Pude ver essa vulnerabilidade que raramente aparecia nele. Esse homem possessivo era tão exasperante algumas vezes, e era agressivo quando se tratava de outros homens, mas era meu. Eu desisti. Não podia lhe negar nada. O que me incomodava e amava por igual. — Bem, em breve, eu prometo. — Respondi. O sorriso que iluminou seu rosto me fez sentir um calor em meu peito e soube que era a decisão correta.

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Capítulo vinte — Por favor, amor. — Continuava insistindo Vincent enquanto falávamos por telefone uma quinta-feira à tarde. Desde o dia do Halloween Vincent insistiu em colocar uma data do dia em que falaríamos com minha família. Eu obviamente seguia protelando, até que sua paciência se esgotou

e

eu

tinha

descoberto

o

bom

negociador

e

manipulador que era. Em algumas ocasiões seus beijos me faziam perder a razão e suas mãos me levavam a dizer um monte de coisas incoerentes.

Embora,

simplesmente

murmurava

idiotices

afundando no prazer. O problema foi que quando se agarrou a fazer com que eu aceitasse sua proposta de ir imediatamente falar com minha mãe e minha avó. Felizmente no último momento ficava calada e não cedia. — É tão teimoso. — Comentei. — E você uma mulher teimosa. — Argumentou ele — Mas mesmo assim te amo. Sorri com ternura. Queria ceder e lhe conceder o desejo de apresentá-lo como meu namorado a minha família, mas tinha medo e era tão grande que tomou conta de mim. — Quer vir a minha casa para assistir um filme? — Mudou de assunto. Se eu quero? CLARO QUE SIM. Todos em minha casa estavam distraídos, assim pude sair sem chamar a atenção, para minha boa sorte nenhum vizinho estava à vista, então rapidamente caminhei até sua casa. Ele estava esperando com a porta aberta e assim que pisei dentro 168

da casa me encontrei presa à porta por um grande corpo musculoso que tanto amava. Vincent

se

apropriou

de

minha

boca

com

sua

possessividade tradicional. PORRA. O homem era viciado em mim. Assim como eu era nele. — Bem-vinda. — Sussurrou me dando aquele olhar penetrante de lobo feroz e faminto. Oh sim, sempre tinha um bem-vinda à cova do lobo. — Alguma vez deixará de me monopolizar? — Comentei caminhando para a sala. Liguei a televisão e tentei ignorar o fato de que um grande e sexy homem estava me rodeando, me caçando... Nestas ocasiões tinha uma atitude tão primitiva, que minhas pernas tremiam apenas na ideia de ser o objetivo de sua atenção. — Nunca. — Respondeu sentando-se ao meu lado no sofá e me puxando até me sentar em seu colo. Acomodei-me e juro que poderia ter ronronado como um gato. Eu assumi o controle e mudei para todos os canais sem ver do que se tratavam. — Que filme vamos ver? — Não tenho a menor ideia. — Disse dando pequenos beijos em meu pescoço e ombro. — Então por que me fez vir? Ele parou sua provocação e me deu um olhar assustado, suas bochechas coraram um pouco.

169

— Eu queria ter você comigo. — Respondeu depois de uns segundos — E sei que você gosta de assistir filmes. Homem ardiloso. Algo me dizia que já estava perdidamente apaixonada por ele. Relutante parei minhas reclamações. Durante quase quinze minutos passamos de canal em canal sem prestar absoluta atenção. Ele porque estava mais concentrado em me provocar com suas carícias, e eu em não perder a sanidade com elas. Como era de se esperar falhei terrivelmente e o controle remoto se encontrou caído em algum lugar do chão. De um momento para o outro Vincent estava sobre mim, ambos nos encontrávamos deitados sobre o sofá da sala de sua casa. Tínhamos tentado miseravelmente assistir televisão quando ambos começamos a nos tocar a sério. Amava brincar com ele. Até que suas mãos estavam sob minha camisa e tentava me matar de prazer. Mesmo com as vezes que tínhamos brincado da mesma forma, nos provocando, não conseguia me acostumar a essa paixão carnal que provocava em mim. Permaneceu sendo duradoura. De alguma forma, consegui lhe tirar a camisa antes de têlo pressionado contra mim, amava tanto seu corpo, não podia me saciar dele. Cada vez que percorria sua pele com minhas mãos era como se encontrasse o mesmo paraíso misturado com o calor do inferno.

170

Normalmente ele não deixava que chegássemos tão longe. Mas demônios, se não o provocaria até o limite! Em seu passo chegaríamos a ser praticamente celibatários até que fizesse 20 anos. Toda a racionalidade presumida desaparecia quando se tratava dele. Por que esperar? Beijei seu ombro, dando pequenas mordidas em sua pele. Ele grunhiu. Ele colocou uma perna entre as minhas. Eu gemi. Poderia morrer ali mesmo de prazer. Com a mão acariciou meu peito sobre o tecido de minha camisa. Seria melhor se não houvesse nada entre nossas peles, disso não tinha a menor dúvida. — Não podemos... Eu cortei suas palavras com um beijo. Ele entregou-se com total paixão e sensualidade. Amava tanto sua forma de beijar, às vezes terna e outra tão primitiva. Assim era ele, selvagem, primitivo, possessivo e de uma vez terno e amoroso. Era tão contraditório que não podia amá-lo com mais intensidade. Sentou-se me levando a sentar sobre ele escarranchada. O vulto em sua calça se chocava contra meu centro cada vez que com suas mãos obstinadas movia meus quadris contra ele. Era isso, esse calor que provocava a fricção, o que tanto produzia o prazer do sexo.

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Porra! Se era assim enquanto estávamos vestidos, não podia imaginar como seria se nos entregássemos ao amor e ele estivesse dentro de mim. Gemi em voz alta. Não podia deixar esses pensamentos criarem raízes, não se fossem um bilhete com viagem direta a “perdição”. Tenho certeza que estaria perdida se continuássemos assim. Não me importava. Vincent continuava me beijando sem deixar de insistir em me mover contra ele. Não era necessário repeti-lo, meu corpo respondeu por si mesmo, por vontade própria. Seus grunhidos roucos que se formavam em seu peito me descontrolavam. Amava ouvi-lo grunhir. E amava mais ser a causa disso. Acariciei seu peito com minhas mãos. Suas mãos deslizaram em meu traseiro. Me empurrando contra ele. Aumentando o prazer. — Me enlouquece. — Disse separando-se de mim e deixando um rastro de beijos do meu pescoço até o ombro. Deixei cair à cabeça para trás me concentrando na sensação que me causava sua proximidade. Embalei sua cabeça contra meu peito quando estava prestes a afastar-se de mim. Não queria que seu controle fizesse

uma

aparição.

Não

agora

quando

estava

mais

enlouquecida do que nunca. — Não, senhor. — Sussurrei olhando-o nos olhos. — Desta vez não me deixará... — Quente e frustrada? — Terminou por mim. Assenti.

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— Definitivamente, desta vez você não vai. — Eu avisei me pressionando contra sua ereção. Ele xingou em voz alta enquanto tentava controlar-se. — Se deixe levar. — Sussurrei aproximando meus lábios dos seus. E vá se não me obedeceu! Ao mesmo tempo, me movia sobre ele, atacando com seus movimentos. Não acrescentei que não tinha prudência alguma nesse momento. Nunca estaria saciada dele, era o homem mais quente do universo, e o amava tanto que podia viver para sempre com esse fogo interior que ele provocava em mim e ameaçava me queimar de um momento para o outro, era sufocante e ao mesmo tempo viciante. Ele tornou-se mais exigente com seus movimentos. E eu enlouqueci. Com a costura de suas calças, e acrescentando a dureza de sua ereção, ele conseguiu me fazer morrer e chegar ao céu. O calor aumentava ao meu redor. Era um calor insuportável. Que demônios? Um redemoinho de emoções se juntava em meu ventre. — Se deixe levar. — Ele exigiu com voz rouca enquanto mordia meu peito através da roupa. E foi o gatilho de minha perdição. A tensão de meu corpo se liberou e um calafrio percorreu meu corpo enquanto o mundo perdia importância para mim. Só existia o prazer indescritível que sentia. 173

Tinha certeza que gritei ao sentir esse primeiro orgasmo. Em algum momento escutei Vincent amaldiçoar em voz alta, dizendo meu nome e palavras amorosas enquanto sabia que ele mesmo alcançou seu prazer. Quando por fim termino, depois de uma eternidade de poucos segundos, desmoronei contra ele. A força tinha abandonado meu corpo e Vincent me embalou contra ele. Ambos permanecemos em silêncio. O calor por fim diminuía. — Eu te amo. — Murmurei com os olhos fechados enquanto me recostava contra ele e afundava meu rosto em seu pescoço. — Te amo mais, baby. — Respondeu me abraçando fortemente. Permanecemos em um silêncio cômodo. — Como está? — Ele perguntou um tempo depois. Fiz um inventário das emoções e sensações que sentia. Sorri. — Tão satisfeita e feliz que poderia ronronar. — Expliquei beijando sua mandíbula. Ele me olhou nos olhos e me deu esse sorriso tímido. — Eu gosto quando ronrona. — Eu não fiz isso. — Reclamei indignada. — Claro que fez, você não percebe, mas cada vez que te toco você faz. — Ele assegurou beijando a ponta de meu nariz e movendo sua mão para o meu peito. Respondi com um som que perfeitamente ele poderia interpretar por ronronar. 174

Merda. Está bem. Ele tinha razão. Mas nem louca admitiria. Seu ego já estava o suficientemente grande para eu lhe adicionar motivos de grandeza. — Podemos fazer oficial nossa relação? — Ele perguntou de repente enquanto me dava aquele doce olhar. Ele tinha me enganado! Poderia ter me sentido indignada e ofendida se tivesse a mínima força para fazê-lo, mas para minha desgraça depois do que acabávamos de fazer me encontrava vulnerável. Bom, foda-se tudo. O homem queria divulgar nossa relação com minha família? Está bem, que o fizesse. Por sua conta e risco... — Está bem. — Concordei finalmente. Já fui suficientemente evasiva, de um momento para o outro poderia me bater no rosto. E o sorriso que me deu? Por ele valeu a pena. A emoção que ele tinha era indescritível. Tão logo concordei com a sua proposta me levou correndo para o seu quarto para que ficássemos apresentáveis para ir a minha casa. O medo crescia em mim, mas tentava ignorá-lo. Era impossível. Depois de sair do banheiro, parecendo que estava decente e que logo não tinha cometido travessuras com meu namorado, encontrei Vincent colocando uns jeans novos. PORRA. Por que tinha que ter um grande corpo? Seria difícil de superar ou me acostumar a esse homem. Era quase intimidante. 175

E se não fosse porque tinha uma séria obsessão por ele teria saído correndo para me afastar do perigo que ele representava. Apanhou-me olhando completamente fascinada e piscou os olhos para mim. Ruborizei, mas não desviei o olhar. Ele vestiu uma simples camisa branca. Parecia tão relaxado. E agora que notei que deixou de usar suas roupas pretensiosas faz tempo. Aproximou-se de mim e me deu um beijo na testa. — Tudo ficará bem, eu prometo. — Disse como se tivesse detectado o medo que aumentava em mim. Mas confiava nele cegamente. — Acredito em você. Pegou minha mão entre a sua. A minha era muito pequena em comparação com a dele. Mas eu gostava da combinação que formávamos. Saímos juntos para minha casa quando o sol estava se pondo.

Em

minha

casa

nos

mantivemos

em

silêncio,

concordamos que a ocasião ideal seria depois do jantar. Minha mamãe e minha avó falavam animadamente com ele enquanto preparavam o jantar, eu jogava Monopólio com meus irmãos. Devido a minha falta de concentração perdia nas mãos do ambicioso Peter. O jantar foi o mesmo de sempre, todos falando sobre qualquer coisa que tirasse sorrisos dos outros. Quando ajudei a recolher os pratos e surrupiei meus irmãos para subir e jogar na sala de televisão, estava tentando dizer as palavras que planejei em minha mente. 176

Mas era impossível! Praticamente estava tremendo de nervoso. Vincent me deu um olhar encorajador. Por que não, ele não precisava dizer nada agora! Amaldiçoei-o com o olhar pela situação em que estava. Não era algo maduro de se fazer, mas me ajudava a descarregar essa tensão que tinha. Poderia me dar um ataque ali mesmo! Inferno. Se isso que estava a ponto de fazer não era prova de meu amor por ele, não sabia o que o seria. Respira, Athena, me disse mentalmente. Contei a dez. Quinze. Vinte. Merda, era agora ou nunca. E com essa quebra de onda de valor me aproximei de minha mãe antes de me acovardar. — Mãe, podemos conversar? — Eu perguntei. Bem, não era o esperado, mas era um bom começo. Sim, Athena! Animei a mim mesma. E então pelo olhar que me deu minha mãe, toda a minha coragem desapareceu covardemente me deixando sozinha para me levar a forca. — Bem, vamos conversar. Sim, às vezes minha doce e carinhosa mãe podia ser tão intimidante como um touro. Traguei. É agora ou nunca. E com isso tomei um último suspiro.

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Capítulo vinte e um O único problema de tudo era que minha covardia ganhava terreno e não sabia o que dizer, minha mãe me olhava com desespero e preocupação. Assim disse a primeira coisa que veio à minha cabeça tentando ignorar o fato de que balbuciava desajeitadamente pelos nervos. — Bem, a coisa é assim — eu engoli em seco e continuei. — Bem... lembra que eu disse que estava apaixonada? Bem, acontece que essa pessoa também me ama... E realmente não quero que se zangue, porque de verdade estou feliz... — Querida você tem um namorado? — Perguntou minha mãe, compadecendo-se de mim e tentando que chegasse ao ponto chave da conversa. Assenti timidamente. Minha avó e ela sorriram abertamente. Sentamo-nos na sala para o que estava certa seria um longo bate-papo. — Bem, não fique calada, nos conte mais. — Incentivoume minha mãe. Olhei de esguelha para Vincent. E apesar dos nervos, um pouco de esperança e calor se expandiu dentro de mim, ele era o homem que eu amava, para o melhor ou para o pior, meu coração lhe pertencia e me encontrava orgulhosa disso. Orgulhosa do amor que havia entre nós. — Bem, como eu disse, é um grande homem, faz-me sorrir com suas tolices, e é controlador e tão frustrante para caralho algumas vezes, mas eu o amo e sei que me ama também. Pode 178

ser muito ciumento, mas cuida de mim e é muito suave. Tem um grande coração. Minha mamãe sorriu. — Filha, quero conhecê-lo o quanto antes. — Me interrompeu piscando os olhos para mim. Engoli em seco e me preparei para o que estava por vir. — Bem, precisamente por isso que queria falar com você, mamãe... Vincent é o homem que amo. Um olhar incrédulo. Um cair de queixo. Um silêncio assustador. A ira aparecendo. Uma moderação mínima. E finalmente a explosão. Minha mãe começou a gritar histericamente, primeiro com Vincent, em seguida me repreendendo, e assim revessando-se até que ao final gritou com ambos igualmente. Minha avó tentava reprimir um sorriso. Com muita dificuldade conseguindo. Piscou os olhos para mim e para Vincent também. — E você não seja uma cafetona. — Advertiu-lhe minha mãe percebendo o gesto. — Querida. — Ela respondeu — Não exagere, a princípio pudemos vê-los vir, são iguais. Mamãe ficou gritando enquanto dava voltas como um tigre enjaulado ao redor da sala e da mesa. Em algum momento tinha me aproximado de Vincent e tinha pego sua mão, ele envolveu minha mão entre as suas e me deu um beijo na testa me dando conforto. 179

Eu relaxei. Valia a pena enfrentar mamãe por ele. Ela lhe deu um longo olhar. — Vincent, ao escritório, agora. — Disse simplesmente com voz calma, o que era pior que uma voz furiosa. Minha avó entrou primeiro no escritório, minha mãe ficou na porta esperando extremamente tensa. —

Como

pôde

ser

tão

irresponsável,

Vincent?



Perguntou minha mãe lhe dando um olhar assassino. — Mãe. — Tentei interromper, mas ele me parou com o olhar. Assenti e deixei que me beijasse na testa antes de entrar no escritório onde mamãe fechou a porta com um estrondo. Fiquei na sala esperando. Os nervos me corroíam. Não podia aguentar. Do que falavam? Minha mãe nos obrigaria a nos separar? Eu o perderia? Ele teria problemas? MEU DEUS. Eram tantas as preocupações que tinha. Sentei-me no sofá da sala e esperei resignada o resultado de tudo.

Vincent — Bem, que diabos você pensava ao mexer com minha filha? — Grunhiu a mãe da Athena.

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Antes de entrar no escritório notei o nervosismo da Athena, e esperava que com o beijo que lhe dei se acalmasse um pouco. Sabia que a situação seria difícil, Athena era menor de idade, embora não por muito tempo, mas ao final era menor. Mas porra, não podia me manter afastado dela. Ela roubou meu coração de repente. Sem me dar oportunidade de resistir. E eu lutaria por ela. Importava-me um caralho com o mundo, sabia que nós dois éramos iguais. Ela era quem eu poderia garantir ser minha alma gêmea. Senti isso no primeiro momento em que a vi e que falei com ela. Cada olhar que me lançava confirmava isso. E seria egoísta porque eu não a deixaria ir. De alguma forma conseguiria tê-la para mim pelo resto da minha vida. Não era exagero. Ela era minha vida. E queria estar com ela até o final embora ela não acreditasse nisso. — Senhora Rousseau, amo sua filha Athena. — Expliquei com toda sinceridade. Deu-me um longo olhar. A situação era difícil quando ela e a avó da Athena eram como uma segunda família para mim. — Posso vê-lo em seus olhos, Vincent, mas ela é menor de idade. — Argumentou ela.

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— Acha que não sei? Passei mais de 6 meses afastado dela, não querendo lhe falar, mas não tive controle da situação. Não tenho controle de meus sentimentos. — Querido, para onde vai isto? — Interveio a avó. Entendi seu ponto rapidamente. — Sei que pensarão que estou brincando com sua filha, mas como eu disse a ela, não tenho intenção de abandoná-la. O projeto pelo que vim aqui? Quando acabar não irei embora, não a deixarei. Se for necessário tomar medidas extremas, eu vou. Mas serei egoísta e seguirei meu coração, e meu coração é dela. Para melhor ou pior, a vida nos juntou e não posso deixá-la ir. Toda a intensidade do meu amor estava nessas palavras. Os longos anos de minha vida me ensinaram que a solidão é o preço do êxito. Tinha estado tempo suficiente só para saber quando era o momento de aceitar companhia. Athena, essa pequena e doce mulher, colocou-se sob minha pele. E agora que estávamos juntos me sentia pela primeira vez como se vivesse, como se respirasse pela primeira vez. Se fosse necessário, a caçaria, faria qualquer coisa para manter o amor que ela sentia por mim. — Olha, quero que entenda, que como mãe me preocupo, porque são 11 anos de diferença entre vocês, e não sabe a vontade que tenho de tirá-lo de sua vida, de protegê-la. — Explicou ela sentando-se atrás da mesa. — Eu entendo. — Acrescentei. — Mas também sei que ela é mais madura que qualquer uma de sua idade, céus, até cuida de seus irmãos e trabalha 182

para economizar e pagar sua universidade. Ela já não é uma criança, embora seja difícil aceitar. E não posso intervir em suas decisões. E você não sabe quão difícil é isto, mas prefiro estar informada da relação entre vocês, e não posso negar, só te peço que cuide dela, não a machuque. — Sei que isto é uma loucura, mas prefiro os ter convivendo sob meu teto, do que desaparecendo para Deus sabe onde e que lhes aconteça algo. — Com isso quer dizer que temos sua permissão? — Perguntei feliz e incrédulo. Ela assentiu a contragosto, mas sorriu um pouco. — Cheguei a te conhecer estes meses, você é maduro, responsável e prefiro você a algum adolescente drogado, embora tentou grosseiramente nos tirar nossa casa. Bem, tinha o consolo de ser melhor partido que um adolescente drogado. Por outro lado, senti minhas bochechas corarem, tinha comprado vários terrenos ao redor para a empresa, a casa da família Rousseau esteve na lista de casas para adquirir, mas depois de conhecê-los, desisti. Não queria a casa, queria Athena, a queria como minha esposa, caramba. — Eu juro a vocês que não vou machucá-la, ela é o amor da minha vida, embora soe piegas, apenas procuro a felicidade e a segurança dela. Prometo que não se arrependerão de me dar à honra de permitir que eu seja o parceiro dela. — É melhor que você cuide dela. — Advertiu-me uma vez mais. — Bem-vindo à família, filho. — Interveio a avó me dando uma piscada. — Eu sabia que iriam acabar juntos. 183

A mãe da Athena revirou os olhos para as palavras de sua mãe. — Você ainda precisa falar com o pai dela. — Disse-me com um olhar satisfeito. — Tenha certeza que o farei, também falarei com Louis e Peter, esses meninos têm que me dar o seu consentimento. Continuamos falando por um momento, para a mãe da Athena não era fácil aceitar que o namorado de sua filha fosse mais velho do que ela, mas com seu amor de mãe a estava deixando sair do ninho e viver a vida, sem impedimentos contra sua felicidade. Reconhecia o valor que terei que ter por fazê-lo. A maioria das mães iriam arrumar problemas e de uma forma ou de outra afastariam suas filhas desses pretendentes que não gostavam. A mãe de Athena não. Ela depositava sua confiança em sua filha, e respeitava as decisões que tomava, mas não duvidava que se cometesse o menor erro e machucasse sua filha, então sim, ela viria com o machado para cortar minhas bolas. — Eu juro que sobre todas as coisas sempre verei pela felicidade e a saúde de Athena. — Eu comentei enquanto ela se levantava da cadeira e caminhava para a porta. — Não esperaria menos de você, Sr. Coleman. — Ela respondeu em voz baixa. Saí do escritório e dei uma olhada em Athena, podia ver de relance como se encontrava nervosa, se pudesse impediria a bronca que receberia de sua mãe, mas nisso não tinha o menor direito de intervir. 184

A porta do escritório se fechou com Athena, sua mãe e avó dentro. Sentei-me na sala. Agora sabia de onde vinham os nervos da Athena. Não era simples esperar ali por um veredicto. Pensei na primeira vez que vi Athena, ela estava com uma cara de sono e irritada quando se iniciou a construção da sede mexicana de minha empresa. Neste dia tínhamos iniciado a construção no terreno que havíamos comprado. Eram muitos os investimentos para ter obtido o edifício de escritórios nessa localização. Desde o início me neguei em pôr a localização na zona central da cidade ou mesmo nos subúrbios onde começavam a se deslocar os escritórios das grandes instituições. Por alguma razão sabia que este lugar seria especial. E agora sabia por que. Estava tão atraído por Athena que não podia pensar direito, tinha me tornado outra pessoa quando a conheci. Abrandou-me. Embora apenas para ela e sua família. Fora desse círculo continuava sendo o empresário sério e feroz que podia despedir um funcionário se fosse irresponsável ou cometesse um erro. Levava muito a sério os negócios. Mas quando se tratava de minha pequena mulher só queria pendurá-la sobre meu ombro e levá-la para minha cama para reclamá-la como minha e não deixá-la ir. Queria formar uma vida com ela e lhe dar tudo o que quisesse. Queria que o mundo soubesse que era minha. Porra, eu a queria usando meu sobrenome com orgulho. Dito isso, ele é meu homem, referindo-se a mim. 185

Queria seu amor. Seu corpo. Ser a causa de sua felicidade. Queria tudo dela. Eu era um bastardo egoísta por querer isso e lutar para tê-la, mas não podia mesmo que quisesse esperar os poucos meses que faltavam para seu décimo oitavo aniversário. Não, uns poucos minutos estando separado dela eram uma tortura, corro o risco de 3 meses de tortura. Quem disse que se você ama algo, deve deixá-lo ir? Obviamente não me conhecia, agora que finalmente amava alguém e havia sentido o verdadeiro amor, nem morto a deixaria ir, isso era para covardes fracos, se você ama algo, você luta por isso, sem se importar com nada, permaneça ao lado dessa pessoa, só esse era o verdadeiro amor. E

é

por

isso

que

decidi

chegar

até

o

consequências pelo amor que havia entre ela e eu.

186

final

das

Capítulo vinte e dois Athena A porta se abriu e Vincent saiu, o nervosismo tinha me enlouquecido, mas ele me deu um terno olhar que chegou dentro de mim e me acalmei. Minha mãe esperava na porta do escritório, era minha vez e sentia como se estivesse dando um passo para o matadouro enquanto me aproximava para entrar na sala. Minha avó estava sentada em uma cadeira tentando reprimir um sorriso. Minha mãe se sentou atrás da mesa. Segui seu exemplo e me sentei em frente a ela. Olhou-me por uns segundos. — Poderia se explicar? — Disse por fim. Pensei nos milhares de argumentos que poderia dizer. Optei pelo mais honesto e resumido. — Mãe, eu o amo, não posso evitar e sinto muito se a decepcionei, mas nem sequer eu sou perfeita, cometo enganos, mas no fundo do meu coração sei que este não é um. Ela suavizou um pouco com minhas palavras. Um pouco era algo, quando minha mãe se propunha a ser assustadora. — Filha, quero que entenda que como mãe me custa muito aceitar que se envolva com alguém mais velho que você, que tipo de mãe sou se aceitar? Mas, em que tipo de mãe me tornaria se destruir sua felicidade? Deve saber que me colocou em um dilema, quero te afastar desse homem e te colocar em um maldito convento, mas te conheço e sei quão responsável é e a maturidade que tem, não posso te impedir de viver sua vida, mas sim posso te apoiar e te proteger, estar a seu lado, 187

ter sua confiança e a convicção de que ambas teremos uma boa comunicação com respeito a este assunto. — Considerei continuar gritando, mas fazendo isso não conseguirei nada com você e te afastarei de mim, é por isso que decidi não interceder por agora, mas se ele de algum jeito te machuca juro por Deus que o matarei e lhe tirarei os olhos. Poderia ter chorado ali mesmo, tinha a melhor mãe do mundo, sabia que enlouqueceria, mas também sabia que confiava em mim para tomar minhas decisões. É algo que sempre fez, mesmo que em seus olhos sabia que

continuava sendo

a pequena menina que

sempre

necessitaria dela. Não tinha medo de me equivocar, porque sabia que se acontecesse, ela estaria ali para me ajudar a me levantar. Levantei-me e me aproximei dela. Abracei-a com força e a beijei muitas vezes em sua bochecha com sonoros beijos. Sorriu e me abraçou fortemente, senti-me protegida e amada. Tinha a melhor mãe do mundo. Compreensiva,

protetora,

responsável,

carinhosa,

trabalhadora, confiante. Ela era tudo para mim. — Obrigada, mãe. — Sussurrei. — De nada, querida, por favor, tenha a confiança de me contar qualquer coisa. — Farei, mãe, eu juro. — Bem, vamos lá. Certamente Vincent estará igualmente nervoso por você. Disse ela revirando os olhos. 188

Sim, a melhor mãe do mundo. Virei-me para minha avó. — Te amo, avó. — Eu disse abraçando-a também. Ela deu-me um beijo na testa. — Sempre soube que seriam um casal. — Ela comentou orgulhosa como se fosse a encarnação viva do cupido em versão feminina — E eu te amo, minha menina, por isso, sei que estará em boas mãos com ele, acredite em mim. Saímos do escritório e caminhei para um Vincent nervoso que caminhava de um lado a outro. Meus irmãos estavam sentados e o observando, e pelo sorriso que tinham, soube que ele falou com eles. Aproximeime dele. Abracei-o rodeando sua cintura. Devolveu-me o abraço e olhou para a minha mãe. Ela assentiu. — Confio que cuidará de minha menina e te digo novamente, faça-a chorar e te arranco os olhos. — Disse com voz enganosamente doce. — Não há necessidade de se preocupar. Meus irmãos se aproximaram dele. — Genial! — Simplesmente disseram chocando os punhos com ele. Revirei os olhos. — Eles são tão irritantes. — Comentei despenteando-os da maneira que sabia que odiavam. Queixaram-se da mesma maneira que o faziam quando eram menores.

189

— Então são namorados? — Perguntou Louis com olhos esperançosos. Sim, eles o adoravam. — Sim, somos. — Respondi com orgulho. — Assombroso, tenho um cunhado! — Gritou emocionado. Deus, essa família era tão maravilhosa que me faria chorar de felicidade. Eu tinha tanta sorte. Peter me piscou um olho. Depois de passar um tempo juntos conversando na sala, Vincent se despediu de todos. Acompanhei-o até a saída e quando eu tinha certeza que não nos viam o beijei. Foi um beijo relativamente inocente, tendo em conta que muito provavelmente meus irmãos olhavam das janelas. Vincent colocou suas mãos em meu rosto e parou de me beijar. Seus olhos tinham tanta intensidade. Ele era como o sol, era tão brilhante, que poderia me consumir se o olhasse muito.

Sua proximidade me fazia

queimar, literal e metaforicamente falando. — Eu a amo muito pequena. — Eu também te amo, homem das cavernas. — Respondi. Ele grunhiu brandamente por meu comentário. — Homem das cavernas? — Pergunta incrédulo. — Exatamente, tem a atitude de um. — Eu expliquei. Ele me retaliou mordendo meu lábio inferior com seus dentes. Primeiro suavemente e depois passando sua língua sobre ele. 190

Fazia todo o possível por não gemer em voz alta. Finalmente se afastou de mim e eu recuei. — Boa noite, Vincent. — Boa noite, pequena. — Respondeu acariciando minha bochecha e me fazendo entrar em minha casa. Eu fiz. Toda minha família queria zombar de mim e pude sentir meu rosto ficar vermelho. Naquela noite dormi com um sorriso em meu rosto e uma paz serena em meu ser.

No dia seguinte Vincent estava na cozinha com minha avó fazendo o café da manhã, esses dois eram tão unidos que me provocavam um nó na garganta que me impedia de falar. Eu estava em um maldito pijama de flanela. Um par de camisas sem mangas. Ambos roxos. Quando ele se virou e me viu sorriu tão feliz que corri para abraçá-lo. Nem sequer me importava que minha avó estivesse ali, beijei-o com vontade e rodeei seu pescoço com meus braços. Ele inclinou-se para alcançar minha cintura e a rodeou, me aproximando a ele. — Ugh! Não na minha frente. — Queixou-se Peter na entrada da cozinha. Nós nos separamos sorrindo. — Deixa-os, Peter. — Repreendeu-lhe minha avó.

191

Não perdi o fato de que ela olhava com seus olhos emocionados a cena. O que tinha feito Vincent para ganhar minha família? Novamente demonstrava o fato de que não havia quem resistisse a ele. Tomamos o café da manhã todos juntos e o dia passou como era de costume. Desde que conhecia Vincent o vi muito descontraído, era quase imperturbável, normalmente eu via isso todo o tempo em minha casa, ou mesmo dias nos que eu ia à sua e passávamos juntos o resto do dia. Algumas vezes tinha que atender chamadas de seu trabalho, e o via praticamente se tornar outra pessoa, era duro, frio, inflexível e exigente. Quase beirando a superintimidante. Esses

eram

momentos

em

que

ficava

fascinada

observando-o. Parecia tão solitário e amargurado. Até que me aproximava dele e começava a acariciar meu cabelo despreocupadamente. Com isso, seu tom de voz se tranquilizava e seus músculos relaxavam. Quase podia sentir o alívio da pessoa com quem ele falava quando isso acontecia. E havia ocasiões nas que ele tinha que trabalhar através de seu laptop, eu não gostava de vê-lo sentado em frente a ele franzindo o cenho e concentrando-se necessariamente em tudo que ele fizesse. E sim, igualmente eu intervinha para tentar relaxá-lo.

192

Sentava a seu lado e dava uma massagem em seus ombros

ou

roçava

seu

cabelo

com

meus

dedos.

Ele

instantaneamente se inclinava para mim. Tal era a confiança que havia entre nós dois, cada dia era mais difícil lembrar como era minha vida antes dele. E com isso, os dias passavam, com a relação entre nós dois fortalecendo-se a tal ponto que bem poderíamos ter sido um casal real, casado, e pensar nisso provocava um medo em mim. Um medo que dava lugar a expectativa. Amava tanto Vincent, que suas loucas ideias de um futuro entre nós cada vez jogavam mais raízes dentro de mim. Não me perguntem por que, mas tinha um medo irracional do casamento, isso nunca entrou em meus planos futuros. Filhos: sim. Casa e um carro: sim. Emprego: sim. Um animal de estimação: sim. Marido: não. Possivelmente imaginava tendo um parceiro, alguém que eu amasse e com quem vivesse, alguém com quem ter filhos e passar as noites a seu lado, mas não podia suportar me encontrar amarrada por um papel. O casamento era um compromisso. E eu estava disposta a me comprometer com um homem, possivelmente com Vincent, mas um papel não significava nada para mim. Em meu coração e na vida ele seria como meu marido. Mas eu me recusava a um casamento e assinar os papéis.

193

Independentemente disso, Vincent me tinha com a cabeça cheia de perguntas, e a maldita esperança e ilusão começava a crescer em mim. Não sabia que futuro esperava ter, mas não era tão iludida para acreditar que o que havia entre nós fosse qualquer coisa a longo prazo. Não podia imaginar sendo tão sortuda de ter Vincent somente para mim o resto de minha vida. Por

outro

lado,

seus

constantes

comentários

e

insinuações, afetavam minha fortaleza de não criar ilusões. Nem sequer podia acreditar que depois de uns poucos dias de ter anunciado nossa relação para minha família, estivesse ali, como se sempre pertencesse, deitada na cama de Vincent enquanto ele trabalhava na mesa de seu quarto. Praticamente ele golpeava o teclado enquanto falava comigo tranquilamente, nem mesmo se supunha que ter trabalho podia deixar de flertar comigo. — Se concentre, Vincent. — O repreendi enquanto mudava os canais da enorme televisão de tela plana. Não havia nada a fazer. Vincent grunhiu. Sorri presunçosamente. Ele se distraía com facilidade. E então eu estava deitada entre seus muitos travesseiros suaves e esponjosos enquanto via televisão. Ou fingia fazê-lo. Com sua rapidez habitual se aproximou da cama com essa maneira tão sexy de caminhar. Nem sequer podia afastar o olhar de seus quadris. — Você sabe como é difícil me concentrar quando tenho à mulher mais bela, que é o amor de minha vida, deitada em 194

minha própria cama? — Grunhiu sensualmente enquanto tomava meus pés e me puxava para a beira da cama, para ele. Antes de me deitar tinha tirado os sapatos, e me arrependia porque as mãos de Vincent faziam suaves cócegas na minha planta do pé. Gritei e me queixei em voz alta enquanto tentava me contorcer e me afastar dele. O que podia dizer? Eu gostava de jogar com meu homem. No final, Vincent se deitou sobre mim, cuidando de não colocar todo seu peso, mas o suficiente para me impedir de me contorcer. Parei de rir, a coisa ficava boa. — Eu te amo tanto. — Disse me olhando. Derreti-me. Era um amor de homem. — Eu te amo mais, meu sexy homem das cavernas dominante. — Dominante, né? — Comentou charmosamente movendo suas sobrancelhas. Não pude ajudar, eu ri. — Eu adoro quando é dominante. — Respondi abraçando. Ele beijou meu pescoço e ombro. Gemi. — Eu nunca me canso de você, estou viciado. — Grunhiu enquanto afundava seu rosto em meu peito e deu uma pausa da pele entre meu decote — Eu gosto como cheira. Também gostava como ele cheirava, era uma maravilhosa mistura

entre

loção

Infelizmente, não

e

masculinidade.

Era

tinha a capacidade de

indescritível. falar naquele

momento. — Não posso esperar para o momento em que seja minha. — Continuou falando enquanto me mordia um seio através da camisa. Arqueei-me para ele e fechei os olhos extasiada. 195

— Já sou sua. — Consegui explicar. Olhou-me enquanto descia e beijava meu estômago. Suas mãos acariciavam minhas pernas enquanto as abria e se embalava entre elas. Ele gemeu e se esfregou contra mim, amava quando o fazia, mesmo que ainda estivéssemos completamente vestidos, eu o queria nu. — Eu te amo tanto que morro de medo de pensar em te perder. — Disse enquanto me beijava e continuava movendose contra mim. Eu mudei meus quadris como resposta e perdi todo pensamento coerente quando em segundos senti meu orgasmo iniciar-se. Como se pudesse ler a minha mente, moveu-se mais forte contra mim, conseguindo a pressão e fricção exata nesse lugar exato. Gritei enquanto alcançava o êxtase e o sentia movendo a si mesmo mais forte e gemendo enquanto ele encontrava seu próprio prazer. Desde que ficou claro que ele não pensava me fazer perder a virgindade em um futuro próximo, optamos por alcançar nosso prazer por outras alternativas. Sempre era agradável experimentar juntos nossos prazeres. Ele deitou-se e me puxou contra ele para ficar presa de costas contra seu peito, rodeou-me com seu braço e afundou seu

rosto em meu pescoço, me

beijando e lambendo

preguiçosamente. Não tinha nenhuma objeção, eu adorava que ele me tocasse. Sua mão baixou no meu ventre e acariciou a pele enquanto afastava o tecido de minha camisa de seu caminho. 196

— Não posso esperar pelo dia em que seu ventre se enche e cresça com nosso filho dentro de você, será tão maravilhoso. — Ronronou acariciando meu ventre. Fiquei congelada. — Você quer um filho? — Eu perguntei em um sussurro. Eu sabia que tinha o cenho franzindo enquanto me movia para ficar ambos abraçados de frente. — Porra, contigo? Pelo menos uma dúzia. — Respondeu me olhando nos olhos e medindo minha reação. Não tinha palavras. Ele suspirou. — Pequena, eu lhe disse isso, amo você e para sempre, até a morte, quero que juntos experimentemos o amor, quero fazer sua primeira vez especial, quero estar a seu lado enquanto realiza seus sonhos, enquanto estuda, quero que vivamos juntos e discutamos porque deixei aberto o creme dental, quero que me critique porque cada dia e a cada minuto queira te ter sob meu corpo e estar profundamente em você, quero que viajemos e esteja comigo em todos esses eventos sociais tão chatos. —

Quero

que

juntos

escolhamos

uma

casa

onde

formaremos nosso lar, quero te mimar como minha rainha, quero ter contigo muitos filhos e quero envelhecer a seu lado. Quero que briguemos e nos reconciliemos, quero fazer que te apaixone cada dia mais por mim, quero você para sempre a meu lado. Quero você para mim. Quero que você me queira, quero ser seu homem, o amor de sua vida, o único homem de sua vida, além de nossos futuros filhos.

197

Já me encontrava chorando mesmo antes que terminasse, odiava fazê-lo, mas suas palavras me afetavam tanto que não podia lhe tirar a ilusão de um casamento comigo. Devia ser sincera. — Vincent... — Comecei a dizer, mas me interrompeu. — Oh, não, não esse tom de voz. Pus minha mão em sua boca e o calei. — Vincent, como te dizia antes que me interrompesse, eu não esperava que falasse sério com isso de ficar sério comigo. Tem que entender quão difícil é acreditar em quão afortunada sou ao ter um homem tão maravilhoso como você. Eu te amo, te amo como a nada mais, e se o destino quer, quero te agradar e te fazer feliz pelo resto de nossas vidas. Estaria disposta a te agradar em tudo. — Deus sabe o quanto eu gostaria de viver com você, formar um lar, despertar cada dia a seu lado, cozinhar para você, são coisas que amaria. Filhos? É obvio que eu adoraria, esse sempre foi meu sonho e os ter com você seria minha maior felicidade. Vincent, estaria disposta a tudo, menos a me casar. Um casamento não tem um significado para mim, o compromisso está na pessoa, não em um pedaço de papel. Assim, queria te esclarecer isso. Se você quer posso cometer qualquer loucura, porra, vamos à praia um fim de semana e façamos amor como coelhos, nós podemos fugir para o fim do mundo ou à selva, a seu lado iria até mesmo para o inferno, me peça o que quiser, mas não um casamento, se você quiser em um futuro iniciar uma família, ou vivermos juntos, o que quiser, mas não posso te dar a ilusão de um casamento. Não sei se você me entende? 198

Olhei-o, ele ficou em silêncio. Olhou-me e me beijou. — Passo a passo, estou feliz de que aceite o mais importante, os filhos, viver juntos, todo isso, o casamento não será algo que te force a fazê-lo, mas não duvide que não deixarei de tentar que um dia nos casemos. Por agora, não o faremos, eu entendo. Respeito sua decisão. E há algo mais importante: os filhos. — O que têm os filhos? — Quantos quer? — Perguntou curioso. — Pelo-menos três. Sorriu contente e me apertou contra ele. — Deus, te amo tanto. — E você, quantos filhos quer? — Perguntei-lhe de volta, tinha curiosidade. Ele pensou um momento. — Muitos, mas seria plenamente feliz com os que Deus nos enviar. — É sério? Você percebe que temos poucos meses de namoro e estamos falando sobre viver com você e ter filhos? Caramba, tem sorte que não fuja de você assustada. Ele revirou os olhos. — Pequena, eu tenho certeza que não vai negar os meus pedidos, me ama tanto ou mais do que eu a você, seria capaz de se afastar de mim? — Não. — Eu respondi com sinceridade. Ele sorriu.

199

— Vê? Não podemos nos afastar, somos o casal perfeito, somos almas gêmeas, é perfeita para mim e eu o sou para você. Eu sorri, quando queria ele podia ser brega e romântico. Mas demônios, amava-o tanto que a ilusão se incrustou plenamente em mim, sabia que se por alguma razão nós terminássemos, estaria arrasada. No momento, desfrutaria de cada dia com Vincent.

200

Capítulo vinte e três O dia havia chegado. Sabia que chegaria em algum momento, mas mesmo assim estava morta de medo. Meu pai viria para um fim de semana. Em dois dias ele estaria ali em nossa casa. E teria que falar sobre meu relacionamento com Vincent. Não que ele não soubesse que tinha um namorado. Sabia. Eu falei sobre isso por telefone. Sua resposta? Queria conhecer o homem que roubou o coração de sua princesa, palavras dele, não minhas. Era tão assustador pensar no momento em que tivesse que dizer que o homem que amava era alguém mais velho do que eu, não é como se pudesse me ralhar moralmente, minha mãe e ele tinham uma diferença de idade de 9 anos, e eram felizes. Isso devia contar. Esperava que contasse. Não podia imaginar se não pudesse ser capaz de estar com Vincent, ele ficou debaixo de minha pele, era uma parte essencial de mim. Era meu complemento. Maldição, ele era meu tudo. E era tão assustador pensar quão longe ele tinha se incorporado em meu coração, jamais poderia ter imaginado estar vivendo esta situação, muito menos poderia ter chegado a imaginar que o homem que amasse estivesse tão forrado de dinheiro e fosse mais velho que eu. Tinha que admitir, embora não quisesse. As possibilidades estavam contra nós.

201

Era sábado, e ao contrário de outros dias semelhantes, não sairia com Valentino, ele viajou por algumas semanas para pôr todas as coisas familiares em ordem. Não podia imaginar quais eram essas coisas e não podia lhe perguntar, não ainda. Ele precisava de silêncio no momento. — Eu te amo. — Sussurra Vincent enquanto me beija meigamente no ombro. Sorri instantaneamente. Ele era o melhor namorado do mundo. Não podia ser alguma vez mais feliz do que era com ele. — Eu te amo mais. — Respondo enquanto desligo o console Xbox que estava brincando com meus irmãos, que nos olham divertidos e ao mesmo tempo enojados. Ainda eram muito jovens para entender o que era amar alguém. — Meninos, por que não se arrumam e saímos os quatro a um lugar especial? — Perguntou-lhes Vincent. — Claro! — Gritou Louis enquanto puxava Peter para o seu quarto. — Aonde quer ir? — Olhei-o enquanto me levantava da poltrona. Eram 9:00 e ainda estava de pijama. Sim, Vincent não tinha um bom tempo na hora de vir para a minha casa, as 9:00 já era tarde para ele, ao contrário de mim, que considerava que ainda era terrivelmente cedo. Mas me levantava cedo pelo prazer de ter Vincent comigo. — A fazenda. — Respondeu simplesmente. Beeeeen. 202

O mistério é algo que sempre está nele.

Eu decidi não

discutir. Só desta vez. — Bom dia, minha filha, Vincent. — Diz minha mãe que sai de seu quarto vestida para ir trabalhar na biblioteca. — Bom dia, Amanda. — Responde Vincent. Há algum tempo começaram a chamarem-se pelo próprio nome. Era estranho, mas ao mesmo tempo reconfortante. Parecia como se ele fosse parte da família. — Perguntava a Athena se gostaria que saíssemos com Peter e Louis a uma fazenda que tenho fora da cidade. — Explicou Vincent. O rosto de mamãe se iluminou. — Isso seria fantástico, divirtam-se e cuidem dos meninos. — Responde ela enquanto se despede de nós para ir trabalhar. Escutei-a descer pelas escadas e despedir-se de minha avó. Uns segundos passam e escuto o carro afastar-se. Estamos sozinhos, enquanto meus irmãos estão em seu quarto e minha avó certamente escuta a missa pela rádio. De repente Vincent me atira sobre seu ombro, solto um grito abafado. Obrigo-me a me calar. — Que diabos está fazendo? — Sussurro. — Te desejando um bom dia. — Responde ele com voz rouca. Começou a caminhar para meu quarto. Eu sorri. Realmente amava suas loucuras.

203

Entremos em meu quarto e chutou a porta com o pé para fechá-la. Em um louco e atrevido impulso mordi seu traseiro. Foi uma pequena mordida brincalhona que provocou um gemido nele. Ele jogou-me suavemente contra o colchão e me virei tentando me afastar dele. Recostou seu peso contra minhas costas para me manter imóvel, ri bobamente. Ele mordiscou minha orelha e pescoço. Passando sua língua brandamente por minha pele. Enviando arrepios por todo meu corpo. Ofeguei. — Você me mordeu. — Acusou-me com essa sexy voz rouca. — Eu fiz. — Desafiei-o com voz entrecortada — O que pensa em fazer? — Provocadora. — Respondeu antes de deixar ternos beijos por todas minhas costas. Deu-me uma palmada no traseiro. Gritei de surpresa e me obriguei a me calar. — Que demônios? — Exigi surpreendida. Outra palmada. Gemi. A ardência diminuía e dava lugar a um confuso prazer. — Me diga, era certo que me mordesse? — Ele me perguntou. — Você gostou. — Acusei com os olhos fechados. Outra palmada, um pouco mais dolorosa. OH DEUS. 204

Que merda aconteceu? — Era certo ou não? — Insistiu. — Sim- Rosnei, não estava disposta a me render. Outra palmada. PORRA. — Sim, fiz errado. — Eu disse antes de pensar melhor. — Minha pequena atrevida, me deixa louco. — Explicou Vincent

enquanto

acariciava

brandamente

meu

traseiro

dolorido. Ótimo. Senti-o afastar-se de mim. Estava a ponto de levantar quando senti uma mordida. Sim, exatamente, mordeu-me em uma nádega! Gritei de dor. Sabia muito bem que não era bom provocá-lo, mas era irresistível fazê-lo e agora pagava as consequências de meus atos. Deu-me um pequeno beijo sobre o lugar onde tinha mordido e me estendeu uma mão para me ajudar a levantar. Tinha um sorriso travesso em seu rosto. Oh meu... Lúdico e infantil Vincent. Apesar da dor que deixou sua mordida não pude evitar sorrir estupidamente, sim, definitivamente este sexy e atraente homem ia acabar comigo. — Às vezes se comporta como um maldito homem das cavernas. — Grunhi passando por seu lado e indo ao armário para procurar roupas. — Mas você adora, não pode negar. — Respondeu com essa habitual arrogância. Revirei os olhos. 205

— Por que diabos te amo tanto? — Perguntei a mim mesma tentando perturbá-lo. Ele me abraçou e apertou seu peito contra minhas costas, beijou-me meigamente na bochecha e rodeou minha cintura com seus braços. — Sei que sou desesperador algumas vezes, mas te amo tanto como para tentar me conter a maior parte do tempo. Bufei com suas palavras. — Sim, bem, não faz um bom trabalho, né. — Eu provoquei girando a cabeça para beijá-lo na bochecha. — Acredite em mim, baby, eu faço, do contrário neste mesmo momento estaria te arrancando a roupa e me afundando em você. — Sussurrou em meu ouvido. Soltei um gemido. — Então deixa de se controlar. — Exigi tentando lhe dar o olhar mais sério que tinha. Ele sorriu. — Se vista antes que siga suas ordens. — Disse afastando-se de mim e deitando-se em minha cama. Com os braços cruzados sobre sua cabeça e suas longas pernas esticadas me olhava com expectativa. E sim, tinha esse olhar que dizia: O que você espera? Comece a se despir. Eu olhei para ele e dei de ombros. Se o homem queria um gosto do seu próprio remédio... Quem era eu para negar? Dei meia volta e deslizei meu pijama de flanela por meus quadris até deixá-lo cair ao chão, deixando exposta minha

206

calcinha. Escutei seu suspiro de surpresa. Sim, ele pensou que não me atreveria. Toma está! Eu queria gritar. De frente para o espelho pude ver a perfeita mordida que cobria um lado de minha nádega direita. Sério? Olhei-o e lhe mostrei a prova de sua selvageria. Seus olhos escureceram. — Se não fosse por estar agora mesmo em suas calcinhas em frente a mim, poderia me preocupar com essa sexy mordida em sua pele. — Ronronou ele. Oh, isto era impossível, o homem nem sequer tinha remorso de me haver mordido como se fosse um lobo ou um cão. Argh!

207

Capítulo vinte e quatro Segui choramingando em sussurros silenciosos enquanto ele me abraçava por trás e eu tentava me liberar dele. Ajoelhou-se no chão e deu um terno beijo sobre o lugar que mordeu e embora não fizesse nada fisicamente para aliviar minha dor, sim me reconfortou ainda mais. Ele se deitou na cama e me puxou contra ele, me acomodando de tal maneira que ficamos ali em posição de conchinha. Sorri apesar de mim mesma. — É um selvagem. — Queixei-me enquanto ele me fazia mimos tranquilizadores. Por que, oh, por que este homem tinha que ser tão... Tão perfeito de uma retorcida maneira? — Mas assim me ama, todo selvagem e homem das cavernas. — Responde ele muito seguro de si mesmo. Sim, retorcido. — Tarado. — Sussurro enquanto me afasto dele e me dirijo ao espelho de corpo inteiro que estava em um canto de meu quarto. Ele ficou lá, deitado pacificamente em minha cama enquanto me ouvia me queixar ao seu redor. E sim, tinha esse estúpido sorriso satisfeito que eu tanto gostava. Um pouco exasperada com ele, terminei de tirar a camisa, ficando apenas em roupas de baixo. A surpresa não tão surpresa? Oh, senhor... Virei com um olhar de reprovação em meu rosto para ver Vincent olhando fixamente meu traseiro e também meu corpo inteiro. 208

— Qualquer coisa que queira me dizer? — Perguntei maliciosamente elevando uma sobrancelha. Ele me olha e logo retorna seu olhar para meu traseiro. Ele sorri. — O que você quer que eu diga? Tem uma bela bunda aí, irresistível. — Pisca para mim. Rolo os olhos. — Não bobo... eu estava me referindo a uma desculpa. Ele dá de ombros. — Você me mordeu primeiro. Meu doce e tolo, Vincent. Por que não podia me zangar com ele? — Sabe o que eu gostaria neste momento? — Pergunteilhe docemente. — O que você gostaria? — Perguntou atentamente. Sempre querendo cuidar de mim e satisfazer meus caprichos, meu tolo e esbanjador Vincent. Deus, com todos os seus defeitos de merda era meu Vincent e só meu. — Eu gostaria de rasgar essa estúpida roupa e te morder por todo seu corpo. — Respondi com voz rouca. Porra, apenas pensar em tê-lo nu e a minha mercê era suficiente para me fazer estar a ponto de ter um orgasmo. Ele simplesmente gemeu e cobriu os olhos com o braço, murmurando maldições e coisas sem sentido a respeito de que iria para o inferno. De repente se sentou e me puxou até ele, choquei-me contra seu duro peito e me fez sentar escarranchada sobre ele. Seus lábios cobriram os meus e em menos de um par de segundos me tinha completamente extasiada e enlouquecida. 209

Separou-se e juntou sua testa à minha me dando aquele intenso olhar ao qual estava me acostumando. — Que Deus me ajude, estarei condenado ao inferno. — Disse antes de esfregar seus quadris contra os meus. Eu gemi. Mesmo através de suas calças podia sentir quão grande era apesar de nunca o ter visto nu, o que era um alívio, já que podia chegar a ser muito intimidante como grande imaginava que seria. Afastou-me sem aviso prévio e começou a caminhar em círculos no quarto enquanto resmungava e puxava do cabelo deixando atrativamente despenteado. Olhou-me acusadoramente. Abri os olhos surpresa. — O que eu fiz? — Reclamei ofendida. — O que não fez? Revirei os olhos. — Juro por Deus que às vezes é tão desesperador. Ele pegou meu rosto em suas mãos e me fez enfrentá-lo. — Você é minha pequena provocadora, aqui estou tentando com todas minhas forças manter sua virtude intacta e você me provoca até querer jogar tudo pela janela e te pendurar sobre meu ombro até o avião mais próximo para te levar comigo ao fim do mundo e tomar duramente como o homem primitivo e Olhei-o seriamente. — Talvez não queira minha "virtude" intacta. — Respondi acidamente. Vincent me beijou suavemente nos lábios. 210

— Athena, temos muito para viver, quero estar contigo sempre e enfrentar todos os obstáculos à nossa frente, é minha vida e me faz sentir como voar, literalmente, está profundo dentro de mim. Não há pressa para nada quando temos uma vida inteira pela frente. E quando digo uma vida, falo de dezenas de anos, além de ser velhos e enrugados, falo de P-A-R-A S-E-M-P-R-E. Nesta vida e nas que seguem, não vai se livrar de mim, é uma promessa. Limpei as lágrimas que saíam incontrolavelmente de meus olhos e o abracei, me pegando a ele como uma sanguessuga. Eu sussurrei-lhe ao ouvido suavemente. — Maldito homem perfeito, olhe para mim aqui querendo te implorar para me tome rudemente e vem dizer as palavras mais ternas e românticas que qualquer mulher quer escutar e, em seguida arruína meus planos de te fazer meu de corpo e alma para praticamente me avisar de uma vida inteira a seu lado. Quão ilógico é tudo isto, Vincent? Ele me olhou divertido, o olhar ardendo em luxúria. Bem. — Não me olhe assim. — Adverti com voz ameaçadora — Falo sério, às vezes me faz sentir como se fosse uma ninfomaníaca quando se trata de você e você me nega o prazer que isso implica. Você é minha doce perdição, Vincent Coleman. — E você minha ardente e inocente redenção, Athena Rousseau. Eu te amo, pequena, mais que tudo neste mundo.

211

Quando por fim saímos de casa em direção à fazenda de Vincent não podia deixar de sorrir como uma tola. Era inevitável. Vincent tinha esse efeito em mim. Eu estava voando muito alto. Sentia que a qualquer momento despertaria agitada com a sensação de ter tido o melhor sonho de minha vida e ter a convicção de que tinha sido apenas isso: um sonho. Ignorei minhas inseguranças e me concentrei na conversa entre meus irmãos e meu namorado, falavam sem parar com alegria e felicidade em suas vozes. Família. Era a palavra adequada para descrever o que estava ao meu redor, sentia como se Vincent sempre tivesse estado destinado a ser parte de minha pequena e amorosa família. Parecia correto. Porra, até queria me lançar em seus braços e lhe pedir que se casasse comigo, o que era uma loucura. Pura e simplesmente uma loucura, podia estar de acordo em passar o resto de meus dias com ele, mas não podia imaginar um casamento. Não, isso estava além de meus limites. Filhos, é obvio. Casa, claro que sim. Um cachorro, por favor. Uma vida juntos, rezo que sim. Um casamento, não. Podia ceder em tudo, filhos, casa, cães, o que seja, mas não um casamento. O compromisso estava na gente mesmo,

212

não em um papel. Além disso, casamentos são meros atos superficiais. Não me cansava de dizer isso. — No que você está pensando? — Sussurrou-me Vincent enquanto conduzia com cuidado. Falei em voz baixa enquanto meus irmãos falavam e assinalavam coisas pela janela da caminhonete. — Nunca teria imaginado que seria tão feliz. Olhou-me enquanto parou o carro frente a um sinal vermelho, tomou minha mão na sua e a levou aos lábios para beijar a parte de trás. Suspirei feliz. — O mesmo vale para mim, cada dia agradeço ter te conhecido. — Ele sorriu timidamente enquanto voltava a beijar minha mão. — Ugh! Na nossa frente não. — Queixou-se Louis fazendo sons de engasgos. Todos rimos e meus irmãos voltaram a monopolizar a atenção de Vincent, juro por Deus que esses pequenos demônios eram uns ladrões de atenção. Não, eu não estava com ciúmes. Mas não podia negar que Vincent os tinha enlouquecidos, para eles, ele era um tipo de herói ou irmão mais velho. Era a figura masculina que lhes fazia falta de vez em quando. Eu estava mais que extasiada de vê-los entender-se tão bem. Sentia que minha vida estava completa. Chegamos à fazenda e assim que estacionamos os olhos de Louis e Peter se abriram com surpresa e descrença.

213

— Bem-vindos a nossa fazenda. — Comentou Vincent com voz alegre enquanto me olhava diretamente nos olhos, mas dirigindo as palavras a eles. Senti minhas bochechas corarem. O olhar do Vincent me fazia isso. Merda, o que ele tinha em mente? Suas surpresas sempre eram motivo de alerta, ele não tinha limites em conseguir o que queria sem importar o preço. — Será que vão se casar? — Perguntou de repente Louis. Meu

mau

hábito

fez

um

som

de

engasgo,

tossi

ruidosamente enquanto Vincent me dava tapinhas nas costas e sorria. Seus

olhos

mostravam

uma

determinação

que

me

assustou. —

Algum dia, sim,

vamos nos

casar.

— Afirmou

contundente e soube que não havia forma de fazê-lo retroceder, era um homem teimoso e insistente e sabia que não poderia fazê-lo retratar-se. Afastei o olhar e desci da caminhonete tentando com todas minhas forças não o olhar. Isso me fazia sentir coisas estranhas. Me fazia desejar, querer mais. Estava assustada, com medo de mim mesma e era esmagador que sentia tanta intensidade. Aquele homem fazia as coisas muito boas, não era suficiente me apaixonar, não, tinha que fazer cair a seus pés e arrebatar metade de minha alma, demônios tomou minha alma inteira e meu coração, tomou tudo de mim sem prévio aviso. 214

E eu gostava. Eu gostava dessa possessividade dele, essa dominação que ensinou. É por isso que estava assustada... eu me sufocava. Vincent passou a manhã ensinando meus irmãos a montar um cavalo. Quem saberia que ele tinha um estábulo com cavalos? Neguei-me a montar esses enormes animais. Maldito seja, teriam que me arrastar para perto de um, muito menos sei o que teria que fazer para que eu montasse em um cavalo. NÃO. Simplesmente não subiria em um cavalo, bem poderia optar por ficar diante de um carro em movimento. Vincent se divertiu correndo atrás de mim quando fugi de seus intentos de me aproximar de um cavalo. Quando me pegou e me pendurou em seu ombro e eu choraminguei como uma menina pequena, ganhando o divertimento dos meus irmãos. Não que me importasse. Mas, infelizmente tinha que admitir que tive que soltar lágrimas para que Vincent me deixasse em paz. Ele me beijou consoladoramente e me abraçou, me permitindo observar de longe. Ao meio-dia nós estávamos morrendo de fome, mas meus irmãos não queriam deixar os cavalos. Vincent pediu a vários trabalhadores que cuidassem deles enquanto estavam ao redor dos cavalos, praticamente grunhiu que se algum dos dois tivessem um pequeno arranhão os despediria. Revirei os olhos. 215

Ele era tão protetor com meus irmãos como comigo. — Então rapazes, Athena e eu faremos a comida e retornaremos para vocês, tomem cuidado e não façam nada imprudente. Se precisarem de alguma coisa avisam aos trabalhadores, eles estarão com vocês. Ambos assentiram de acordo e voltaram sua atenção para os cavalos. Vincent me puxou para ele e rodeou meus ombros com seu braço. Caminhamos juntos para a casa, sentia-me amada e protegida sob seu abraço. Suspirei e me inclinei contra ele enquanto continuámos caminhando. A vida era perfeita com ele dentro.

216

Capítulo vinte e cinco — Eu já te disse como você é sexy enquanto cozinha? — Perguntou Vincent enquanto colocou o macarrão para ferver. Olhei ele enquanto se debruçou no balcão nessa pose sexy tão típica dele. Eu tinha certeza que por mera sorte não cortei um dedo enquanto cortava verduras. — Se não fosse porque é um maldito santo nesse momento poderia estar fazendo algo mais que me elogiar como um adolescente. — Respondi lhe dando uma piscada. Esta situação começava a me encher. Escutei um suspiro vindo de Vincent e me recusei a olhar para cima para enfrentá-lo. Seus braços ao meu redor, fechei os olhos em deleite por senti-lo tão perto de mim e me inclinei contra ele. Estava a ponto de ronronar, só não fiz porque de nada me serviria fazêlo. — Não sou um maldito santo agora. — Sussurrou em meu ouvido — Neste maldito momento só quero arrancar a sua roupa e te levar para minha cama e fazer amor com você nela, em seguida na ducha e talvez na mesa, você não sabe o quanto eu desejo te fazer minha, mas ainda é menor de idade, e já é suficiente para me sentir mal por corrompê-la, Athena. Abri os olhos e o olhei. Ele estava falando sério. — Vincent, sei que é uma merda a diferença de idade, mas dentro de poucos meses serei maior de idade e se não superarmos

o

assunto

estaremos

fodidos

chegaremos a nenhuma parte com isso. Seus braços se apertaram em torno de mim.

217

porque

não

— Não quero um dia acordar e saber que você percebeu que alguém mais jovem poderia ser melhor para você. — Admitiu em voz baixa. Meu Vincent, meu teimoso, obsessivo e inseguro Vincent. — Deus, fala como se fosse um maldito ancião, é o homem que amo e coloque em sua fodida cabeça dura que não me arrependo e nunca o farei por te amar. — Então é minha? — Pediu em uma voz suplicante que me assustava. Engoli em seco. — Eu sou, você já sabe. Ele negou com a cabeça. — Sei que não acredita no casamento e eu respeito, por agora, mas já pensou para onde vamos? — Perguntou. Deus, por que fazia tanto calor? Eu me sentia sufocada. Tomei um gole de água para me refrescar. — Sim, já pensei e sei que assim que termine seu trabalho irá embora. O que é uma merda, mas se houvesse a oportunidade, gostaria que estivesse sempre a meu lado, o dia de hoje, os meses seguintes, porra, nos próximos anos até nos fartar um do outro e nos separar, e retornar porque ficamos velhos que necessitam um do outro no final do caminho. — Então por que não vem comigo? — Ir para onde? — Perguntei confusa. — Comigo para Dallas, onde normalmente tenho minha casa, e se não me acompanhar ao fim do mundo se for necessário com meu trabalho, mas não me abandone.

218

Bem, sim, definitivamente a este passo terminaria com o jarro de água. — O que quer dizer? — Quero dizer, — Explicou: — Eu quero que considere a ideia de que vivamos juntos, assim que termine a escola, viajaremos,

pode

ir

para

a

universidade

que

queira,

poderíamos esperar um ano para que vejamos os papéis e requisitos da escola que deseje. Mas não me deixe. Seremos parceiros e te juro por minha vida que dedicarei cada segundo de minha vida a te fazer feliz. Sua voz era rouca e os olhos refletiam tanta necessidade e súplica, como podia negar algo a meu homem? Mas, como podia dar um passo tão grande? Eu considerei isso por uns segundos enquanto via a emoção e o medo que tinha Vincent, temia que dissesse que não, que me negasse a estar com ele. Porra, se não buscasse minha felicidade agora, quando? Se não me arriscasse por amor, o que seria de mim depois com o arrependimento de não saber o que teria acontecido? E se perdesse a oportunidade e deixasse ir o amor de minha vida? PORRA. Eu tinha medo, isso era claro, mas deixaria que por isso se fosse à oportunidade de estar com o homem que amava? — Bem, demônios, — eu disse olhando-o nos olhos e tomando seu rosto entre minhas mãos. — Para começar tenho medo como você não tem ideia. Medo de que um dia se canse de mim, de minha inexperiência, medo de te amar mais e não poder fazer nada para que me ame com a mesma intensidade. 219

Tenho medo porque nunca planejei que a vida me desse um presente tão maravilhoso que é encontrar alguém com quem compartilhar a vida. — Não sei o que faria a partir de agora, se você se fosse e me

deixasse,

provavelmente

ficaria

como

merda,

mas

aprenderia a viver sem você e o vazio que deixaria em mim. Tenho medo de não te fazer feliz. Mas, maldita seja, se eu deixaria ir à oportunidade de ser felizes. Sim, tenho medo de mil coisas, mas vale a pena arriscar tudo por você, então se me diz vamos, eu te acompanho até mesmo no inferno. Antes de poder terminar de falar sua boca estava tomando posse da minha. Suas mãos percorriam meu corpo e me fazia sentir extasiada, louca de prazer. Vincent sempre tinha esse efeito em mim, de me fazer sentir que me queimava e que era a melhor sensação do mundo. Virei-me na cadeira em que estava sentada e envolvi minhas pernas ao redor de sua cintura, suas mãos caíram em minhas costas e me segurou firmemente pressionada contra ele enquanto caminhava e me carregava contra o refrigerador. O que tinham os refrigeradores que eram tão atraentes? — Eu te amo. — Repetiu enquanto beijava meu pescoço uma e outra vez. Seus quadris balançaram contra os meus enviando ondas de prazer por todo meu corpo. — Quando terminar a preparatória vamos a uma viagem? — Perguntou enquanto seguia com seus movimentos de quadris. Olhei em seus olhos bêbada de prazer. 220

— Sim, se for o que quer. — Confirmei. — Compraremos a casa que nós mais gostarmos? — Sim. — Será minha como se estivéssemos realmente casados? — Será um verdadeiro compromisso, juro-o. — Posso mandar fazer um anel para ambos? — Perguntou timidamente. Meu amor. — Eu gosto dos anéis. — Sorri beijando sua mandíbula. — Podemos ter um cão? Sempre quis um. — Amo cães. — Podemos ter filhos? — Perguntou animado. Sim, esse é meu homem quando faz algo o faz muito bem, não esperava menos para nossa relação. — Definitivamente, em algum momento, teríamos que planejá-lo — Eu concordei sorrindo como tola. — Minha esposa. — Afirmou possessivamente enquanto exercia mais pressão contra mim. — Tua. — Confirmei enquanto tinha o melhor orgasmo de minha vida até agora. Mas ainda assim não era suficiente Abracei Vincent com força enquanto ele tentava me controlar e recuperar um pouco de sanidade. Ele beijou suavemente minha testa enquanto eu deixava voltar os pés no chão. Por que tudo se movia? — Sabe quão estranho é que eu goze em minhas calças como

um

pirralho

adolescente?



Perguntou

Vincent

enquanto fazia uma careta em direção a suas calças. continuava mostrando claramente um vulto.

221

Que

Deus, não se supõe que os homens demoram um momento em recuperar-se? Corei e afastei o olhar. Sentia-me culpada de estar o olhando tão descaradamente. — Agora volte, irei me trocar. — Disse me dando um beijo nos lábios e indo para o quarto principal para trocar-se. Era bom que ele tivesse roupa na casa que pudesse usar em ocasiões como está, enquanto esperava que Vincent retornasse coloquei o macarrão para escorrer e fui ao banheiro me refrescar um pouco, era uma coisa boa que não vestisse roupas quentes já que o calor ainda persistia em meu corpo. No banheiro molhei uma toalha de mão e a coloquei em minha nuca, sentia-me tão bem com a água fria. Coloquei-a no cesto de roupa suja e retornei à cozinha. Esperei que Vincent retornasse. Isto não podia seguir assim, se eu aceitasse me aventurar em um abismo e ir com ele assim que terminasse a preparatória, apesar de meu medo, bem ele podia muito bem ser um maldito monge. Não havia outra opção, ele já não poderia recusar. Eu estremeci. MERDA. Parecia como se queira abusá-lo. Bem... Situações extremas... Medidas extremas... não é assim?

222

Capítulo vinte e seis No momento em que retornamos para casa, Peter e Louis se encontravam bocejando, depois de passar todo o dia correndo e montando cavalos estavam tão cansados que os pobres não podiam nem pensar coerentemente. Sorri enquanto eu mesma bocejava. Não podia evitar fazê-lo cada vez que alguém mais fazia. Ainda tinha em minha mente uma conversa, ou um possível assalto físico, com Vincent. Mas isso poderia esperar. — Você está tão linda. — Sussurrou Vincent enquanto estacionava em frente à minha casa. Sorri timidamente, não conseguia me acostumar com os constantes elogios por parte de Vincent. Minha mãe saiu pela porta com minha avó em seus calcanhares. Meus irmãos desceram da caminhonete correndo em direção a elas, juro que em menos de um minuto lhes contaram absolutamente tudo o que fizeram durante o dia. Revirei os olhos, depois de tanta atividade durante o dia e ainda estavam com energia suficiente para competir contra minha avó. — Todos estão saudáveis e seguros. — Disse Vincent sorrindo e aproximando-se para cumprimentar com um beijo minha avó e minha mãe. Minha avó o beijou por mais tempo que o aceitável, juro que a velha o adorava como se fosse seu próprio neto. O que me alegrava. Se as coisas acontecessem de acordo com o planejado, em algum momento teríamos que contar os planos que tínhamos ele e eu. Morria de nervoso no momento em que lhes dissesse 223

que viveria com ele e que muito provavelmente iria embora do país. Sempre soube que chegaria este momento, planejei me mudar para o meu próprio lugar quando entrasse na universidade, apenas não pensei que fosse ser desta maneira, em outro país e com um homem. Não queria nem pensar na maneira como reagiriam meus pais. Não me preocupava com minha avó, ela me entregaria com laço e pacote com o intuito de ter Vincent na família. Minha louca avó adorava-o com todo o coração. Entramos na casa e me sentei na poltrona, recostei-me em Vincent e deixei que me envolvesse em seus braços. Beijou-me na bochecha e juro que por um momento ele poderia ter esquecido que estávamos rodeados por minha família se não fosse por Louis que voltou a fazer sons de vômitos. Sorri. Senti-me corar diante dos olhares sonhadores de minha mãe e avó. Deus, que desconfortável.

A porta da casa se abriu, mostrando um homem alto e robusto com cinza em seu cabelo. Os olhos dele percorreram a família inteira. Primeira minha avó, em seguida minha mamãe, meus irmãos foram os seguintes...

Finalmente seus olhos caíram

224

em mim... E meu namorado, Vincent, ao meu lado me abraçando confortavelmente. Pude ver seu rosto tornar-se pedra. A casa era a personificação do silêncio tenso. — Papai! — Gritou Louis antes de sair correndo para seus braços. Meu pai me deu um duro olhar antes de pegar Louis em seus braços e lhe dar um beijo na bochecha. Como esperado, Louis contou a ele o dia que passamos na fazenda de Vincent. Eu? Eu não podia estar mais assustada que quando Vincent me pediu uma vida a seu lado. Quando meu pai baixou Louis e cumprimentou Peter com um abraço, aproximou-se de minha avó para beijá-la na bochecha e depois de minha mãe com um beijo na boca. Deixou sua mala no chão. Caminhou ruidosamente à porta do escritório e a abriu, parou ao lado dela. Apontou a cabeça duramente em direção ao escritório, em um gesto onde nos ordenava entrar. Engoli em seco. Minha mãe e avó entraram. Peter e Louis nos olhavam sentados no sofá. Tomei a mão de Vincent. Deus, isto era como ir para o matadouro. Ele me deu um aperto com sua mão, seu olhar me dava a entender que tudo estaria bem, mas ele não conhecia meu pai. Entramos no escritório e a porta se fechou de repente. Eu pulei espantada. Merda.

225

Silenciosamente com o olhar, me mandou sentar na cadeira do escritório. Não

queria

soltar

Vincent,

mas

ele

me

empurrou

gentilmente para que fosse me sentar. Eu fiz. Enquanto a minha mão se separou da dele e havia distância entre nós, o punho de meu pai saiu em direção ao rosto do meu namorado. SANTA.PUTA.MERDA.DE.TODOS.OS.SANTOS. Que diabos fez meu pai? Merda, o que devo fazer? E como reagiria Vincent? Agora sim, estava colocada até a cabeça na merda.

— Roberto! — Gritou minha avó assim que meu pai se preparava para o segundo golpe. Minha mãe reagiu mais rápido que eu e estava ao lado dele, tentando acalmá-lo para ouvir a voz da razão. Sacudindo

a

cabeça

me

aproximei

rapidamente

de

Vincent. Um lado de seu lábio estava cortado e sangrando. OH MEU POBRE HOMEM DAS CAVERNAS ATRAENTE. Eu acho que de todas as coisas que poderia ter feito, não deveria ter sido a seguinte. Mas, Hey! Eu era conhecida por minha teimosia, certo? — Que demônios? — Eu gritei em direção ao meu papai. Ele deu-me um duro olhar.

226

— Eu quero saber! Que demônios faz com ela? Por Deus, ela é uma menina! É um puto velho! Eu proíbo você de se aproximar de minha menina! — Fritou em direção a Vincent. Ele permaneceu impassível. Sem responder a seus gritos. E felizmente sem responder aos seus golpes. Olhou-me tomando minha mão e me dando um olhar tranquilizador. — Pai, já sou quase uma adulta. — Comecei a dizer. Como esperado, começou a gritar novamente. — É uma menina! Não pode decidir por si mesma! Quero esse desgraçado fora de sua vida agora mesmo ou o denuncio! BEM. AGORA

SIM

QUE

ME

COLOQUEI

TEIMOSA

E

IMPRUDENTE. — Não pode me proibir de vê-lo, é minha vida! E sabe o que? Nós vamos nos casar! Temos planejado morar juntos assim que termine o ensino médio. E não me importa o que pensem! Todos ficaram calados me olhando boquiabertos. Oh genial. Agora sim que me dei conta. E eu que pensei que estavam ali de enfeite. Embora claro, dizê-lo assim, de repente, não era a melhor maneira de lhes dizer o que tínhamos decidido Vincent e eu. Espera, realmente lhes disse isso? FODIDA MERDA. Santa Maria mãe de Deus. Não podia ser verdade. Relutantemente olhei para Vincent. 227

Oh sim. Imaginou bem, tinha sua maldita cara de satisfação. Homem das cavernas do caralho! Era culpa dele que eu dissesse a palavra casar... Oh Deus, não podia nem pensar nessa palavra! Era sacramento! — Você, fodido imbecil! — Gritou meu pai pegando-me despreparada

e

me

afastando

suavemente,

mas

categoricamente de Vincent, correu para ele dando-lhe um par de socos em seu bonito rosto. — Engravidou minha menina! Mas vai se arrepender, eu vou te colocar na cadeia! Espera! O QUE?! Por todos os Santos e os que ainda iam criar... EU? G-R-A-V-I-D-A? A menos que seja por obra do espírito santo... pensei amargamente recordando todas essas ocasiões em que Vincent tinha impedido que chegássemos além do limite. — Pai, por Deus, solta meu namorado, não estou grávida! Como diabos chegou a essa maldita conclusão? — Exigi franzindo o cenho. Minha mãe apartou bruscamente meu pai e eu me coloquei entre ele e Vincent. Oh meu Vincent. Tinha um horrível olho roxo e seu lábio sangrando. Queria chorar, definitivamente, isto não estava indo nada bem. — Não está grávida? — Perguntou meu pai confuso. Pela Santa Virgem. — Não! — Eu lhe gritei. 228

Ele me olhou fixamente, assim como para Vincent. O silêncio voltou a reinar. — Athena, saia. — Ordenou meu pai. Deve ser uma piada. — Você acha que sairei assim tão fácil para você continuar a lhe bater, por que diabos o acertou? — Cuidado com a língua. Ei ia reclamar, mas Vincent me interrompeu. — Vá para fora, nos deixe conversar. Olhei-o incrédula. Estava falando sério? Será que queria acabar morto? Bom isso era exagerar, o correto é: Queria terminar espancado? — Confie em mim, amor. — Sussurrou. Acho que foi a decisão mais difícil que tive até o momento. Tudo em mim gritava para eu ficar ao seu lado, que não o deixasse sozinho. Mas seu olhar, Deus, seu olhar. Por que não podia lhe negar nada? Eu balancei minha cabeça, mas concordei. — Você corre risco. — Eu respondi enquanto lhe dava um último olhar e saía do escritório. Na verdade, estava começando a odiar esse escritório.

229

Capítulo vinte e sete Nem sequer podia acreditar no que estava escutando, era como um sonho irreal que eu mal podia acreditar, era como se me tivessem anunciado que tinha ganho a porra da loteria. TINHA PERMISSÃO DE SAIR COM Vincent. Deus. Não podia nem acreditar. Vincent me envolveu em seus braços e me beijou suavemente. Seu rosto estava limpo de qualquer gota de sangue, embora tivesse o olho esquerdo arroxeado e a bochecha um pouco inchada. Estremeci ao vê-lo. Que demônios aconteceu ali dentro do escritório que agora meu pai não grunhia nem gritava para Vincent e eu? Ok, seguia meio que grunhindo e fazendo uma careta. Mas fora isso já não estava batendo em meu namorado. — Não é brincadeira? — Perguntei um tanto insegura. Por alguma estranha razão em minha mente estava à imagem deles gritando de um momento para o outro: "você é um tolo" e meu pai espancando Vincent. MEU DEUS. Não podia acreditar que realmente meu pai tivesse batido em meu namorado. Que tipo de pai faz isso? Surpreendi-me que Vincent não saiu como uma alma que leva o diabo correndo e fugindo de mim.

230

Só havia duas explicações: ou verdadeiramente, meu homem das cavernas sexy, amava-me com loucura... Ou era extremamente estúpido. Esperava que fosse a primeira opção. — Querida, é sério. — Explicou minha mãe com um enorme sorriso nos lábios. Por que sorria? Um pressentimento me fez ter arrepios, com constantes calafrios percorrendo minhas costas. Meu pai assentiu tristemente, resignado. Por que estava resignado? Bendito chocolate dos deuses, tinha medo de olhar a minha avó. Vamos, Athena, sim você pode. Disse a mim mesma. Admita-o, seu rosto será o gatilho para que saia correndo como um patinho covarde, rebateu ironicamente minha consciência. Não, senhor, eu era forte. Podia enfrentar o que vinha. Dei uma pequena olhada em minha avó. Santas vacas, porcos e macacos voadores! Que merca estava pensando em me forçar a enfrentá-la? Queria sair correndo dali e me trancar em meu quarto, na verdade, eu não era forte, não com isto, era tão forte como um pequeno inseto a ponto de ser esmagado. MALDIÇÃO. Estúpido, estúpido Vincent! Que merda fez lá dentro? Oh, mas iria me pagar. Fulminei-o com o olhar e sorriu bobamente.

231

BOBAMENTE! BASTARDO FILHO DE SUA MÃE E NETO DE SUA AVÓ. —

Querida,

por

que

você

não

disse

em

outras

circunstâncias? — Perguntou minha avó docemente, com a emoção transbordando dela como um menino ao final de uma noite de doce ou travessuras no Halloween. Sim, queria chorar. — Lhes dizer o que? — Bisbilhotei insegura. — OH meu pequeno bebê vai se casar! — Choramingou meu pai e me arrebatou dos braços de Vincent, me esmagando contra seu peito. — Querida, apenas diga uma palavra e afugento este bastardo ladrão de meninas, podemos esperar 5 anos para que tenhamos que passar isto, ou melhor ainda, esperemos 20! Ainda é muito cedo, e você é meu bebê! OH MEU BENDITO VÍCIO A SANTA COCA-COLA. Meu peito se apertou em pânico. Essa palavra. Essa maldita, fodida, horrenda palavra. M-A-T-R-I-M-O-N-I-O. Vincent apenas podia convencer a minha família para dar a minha mão sem me haver pedido primeiro. Espera. Tentei me lembrar. Embora me lembre de que gritei na frente deles algo assim como: Não pode me proibir vê-lo, é minha vida! E sabe o que? Nós vamos casar! Temos planejado nos morar juntos assim que termine o ensino médio. E não me importa o que pensem! Eu e minha estúpida boca. Vincent e seu estúpido complexo de me fazer dele. 232

Minha avó e sua maldita ideia de fazê-lo seu neto. MERDA. Eu não podia me casar! Era uma adolescente. Meus pais não podiam aceitá-lo assim tão simples, certo? Oh, eu estou morrendo de vontade de saber o que Vincent disse para os convencer. Sim, eles o adoravam, exceto meu pai, mas isto era uma loucura. — Bem, querida? — Insistiu minha avó. Engoli meu medo. Sim, podia fazê-lo. Quer dizer, apenas era questão de assinar um papel, quão difícil poderia ser? Além disso, já estava empolgada com a ideia de uma vida junto a Vincent, de modo que isto era apenas um simples passo no caminho, não é? Oh merda, a quem queria enganar? Nada do que me diga poderia me tranquilizar. — Não, não sei... sabemos... ainda. — Gaguejei e engasguei. — Acredito que podemos falar uns com os outros e pôr uma data. — Acrescentou Vincent alegremente. Estúpido traidor com complexos de controlador e homem das cavernas. Sim, eu mesma estava me sufocando em minha própria tormenta do tamanho de uns mililitros de água em um copo. — Isto será divertido! — Gritou Louis emocionado, que correu para abraçar Vincent. Outro traidor. 233

— Bem-vindo à família! — Acrescentou Peter. Santa família de traidores. Queria rosnar e gritar, mas isso só iria piorar as coisas. — Ela sempre será minha menina, ouviu-me você bastardo ladrão! — Gritou-lhe meu pai sem me deixar ir. E lá estava eu, me afogando em um abraço protetor de urso de meu pai enquanto minha família discutia meu casamento não autorizado por mim, enquanto Vincent me olhava satisfeito e feliz. Apenas uma coisa estava certa: Vincent sofreria assim que o tivesse comigo a sós, apenas ele e eu e um travesseiro. Já imaginava pondo o travesseiro em seu rosto e me sentando sobre ele até que ele se asfixiasse, ainda melhor, imaginava representando a cena do Chuky, onde ele se sentava sobre o travesseiro asfixiando um homem nu cheio de perfurações preso à cama esperando um incrível sexo que nunca chegaria. Bem,

possivelmente

minha

mente

hiperativa

estava

fazendo das suas e eu estava exagerando, mas definitivamente isto sairia muito caro a meu estúpido e teimoso namorado.

234

Capítulo vinte e oito Uma semana tinha passado desde que o bobo do Vincent se aproveitou de minha teimosia e a usou a seu favor para "conseguir minha mão". Tonto. Tonto controlador e impulsivo. Não tinha podido golpeá-lo... Nem... CONVERSAR, quero dizer... A sós com ele. De alguma fodida maneira esteve ocupado dia após dia organizando o casamento, com minha mãe e avó. Meu pai foi transferido do trabalho de volta à cidade, por isso dia após dia estava me sufocando com seus abraços de urso protetor. Não havia dia em que ele não chamasse Vincent de "ladrão de seu bebê". Ele

respondia

que

não

me

roubava,

que

sempre

estaríamos perto deles, simplesmente iniciávamos uma vida juntos. Podia ter sido algo doce de escutar se não fosse por um bonito sorriso de pura satisfação que sempre estava em seu bonito rosto. Merda. Por sua atitude você poderia ter dito que o homem ganhou um milhão de dólares, não uma futura noiva em fuga com pavor do casamento. Bem, poderia parar tudo, mas não queria. Sonho masoquista, né? Eu sei. Mesmo eu o admito.

235

Mas mesmo com o medo que tenho de morrer, sei que o “casamento” é a única maneira em que meu pai e minha mãe me permitiriam sair de casa com ele. E uma parte de mim, uma pequena, morria da emoção por esse bobo e estúpido casamento. Mas não diria a Vincent, quer dizer, com o ego que carrega, não temos por que aumentar-lhe mais. Cada vez faltava menos para a data de meu 18ª aniversário. A escola perdeu toda sua atração para mim. Bastava olhar para frente para a graduação, não podia aguentar a ânsia de descobrir como será enfrentar à vida com Vincent a meu lado. Admito, que mulher não queria ser a esposa dele? — No que pensa, pequena? — Perguntou-me Vincent enquanto víamos televisão em meu quarto. Suspirei. — Não sei se possa fazer... sobre o casamento, quero dizer. Ele olhou para mim por muito tempo. — Nós podemos fazê-lo, amor. — Respondeu em um sussurro. — Promete-me que não permitirá que eu fuja no último momento? Vincent sorriu com malícia. — Querida, acha que te daria a menor oportunidade de escapar? Se já até comprei umas algemas para te prender a mim antes do casamento, basta pensar nisso, vamos ser sexys, nos casando unidos inseparavelmente. Eu bufei. 236

Já sentia saudades de suas loucuras. Olhou-me como se estivesse louca. — Não acredita em mim? Como posso lhe mostrar isso, verá que não minto. — Disse me beijando. Quase poderia ronronar, como é que sobreviveu uma semana sem beijá-lo? — Vamos à fazenda. — Sussurrou entre beijos. Assenti em acordo, bem poderia pedir para ir para trás e de volta à lua e não me oporia a ele enquanto não parasse de me beijar. Separou-se de mim. Gemi. — Hey, preparei uma surpresa — Admitiu relutantemente. OH. MEUS. DEUS. Outra de suas surpresas, NÃO, POR FAVOR! Quase queria gritar a Deus e aos quatro ventos. Suas

"surpresas"

que

tinham

nos

metido

naquela

confusão. Empurrou-me em direção à porta, minha família tinha saído, por isso estávamos apenas ele e eu de testemunhas para o que quer que seja que nos esperasse na fazenda. Por favor, que não seja uma loucura... que não seja uma loucura... que não seja uma loucura, repeti mentalmente em uma oração de esperança, não é que acreditasse que servisse de algo, nem um milagre poderia competir contra a teimosia do Vincent e suas surpresas.

237

Vincent estacionou a caminhonete na fazenda, seu enorme sorriso me dava um mal pressentimento, mas tinha motivos de sobra para desconfiar dele. Que diabos estava planejando meu homem sexy e quente? Desceu da caminhonete sem dizer palavra alguma e caminhou para meu lado para me ajudar a descer. Sua mão foi para o bolso de sua calça, e meu coração pulou uma batida. Pegou um pedaço de tecido e começou a atá-lo para cobrir meus olhos. Eu o parei. — É realmente necessário? — Perguntei insegura. Só Deus sabe o que Vincent planejou. — Absolutamente. — Afirmou seriamente. Meu lindo e misterioso homem das cavernas, será que nunca conseguiria negar nada a ele? — Está bem. — Concordei resignada. Assim que meus olhos estavam cobertos ele me levantou em seus braços e começou a caminhar. Bem, isso eu já estava gostando. Afundei meu rosto em seu pescoço e respirei, oh, amava como cheirava. — Está me cheirando? — Sussurrou Vincent com voz rouca. HMMI! A coisa ficava boa... — Cheira apetitoso. — Respondi com um sussurro. Seus músculos se esticaram e pude adivinhar que se debatia entre me deixar ali no chão e me beijar até perder a

238

coerência e continuar caminhando para a sua surpresa preparada. Quase orava a Deus que Vincent escolhesse a primeira opção, sentia tanta saudade que doía fisicamente. Continuou caminhando e eu gemi choramingando. — Paciência. — Disse Vincent com diversão em sua voz. Que bom que se divertia a minhas custas. Mas não mais, inferno, este dia seria o DIA. — Abra os olhos. Tirei a venda dos olhos e sim, meu coração parou por um segundo como acontece nesses enjoativos filmes românticos. Estávamos no terraço da casa e lá, no extenso pátio da fazenda, estavam plantadas rosas e flores, exigentemente bem organizadas para que se lesse: EU TE AMO, ATHENA... QUER SE CASAR COMIGO? E comecei a me afogar como sempre, Nah, é brincadeira! Pela primeira vez uma notícia assim não me deixava tão despreparada e eu não começava a me afogar bobamente. Graças a Deus. Quero dizer, imagina que lhe proponham casamento e você responda se afogando? Sim, embaraçoso. Mas felizmente para mim, eu não o fiz. Não me afoguei, mas sim comecei a chorar. — Sei que não tinha pedido isso da maneira correta e que isto não foi como esperávamos, mas agora, com essas flores, que crescerão como símbolo de nosso amor, peço, oro que aceite ser minha esposa, porque seu medo irracional não é maior que nós, porque sei que juntos podemos vencer tudo, a 239

lei, a sociedade, nossos medos... O que você diz? Arriscamos ao desconhecido e enfrentamos a vida juntos, como esposos ante nosso compromisso, a sociedade e seus pais? Ajoelhou-se no chão e de seu bolso tirou um anel. Com uma brilhante pedra azul rodeada por pequenos diamantes, parecia um desses anéis antigos com valor incalculável. Era lindo. Assenti entre lágrimas e soluços. — Não sei como diabos fez para que meus pais aceitassem está loucura e não acredito que queira me dizer, assim merda, se você quer tentar eu também quero, mas assegure-se de ter em suas mãos algemas antes de que eu fuja no último momento. Seu olhar se tornou esperançoso. — É sério? — Perguntou incrédulo. Suponho que não acreditava que fosse aceitar tão rápido. Tentei com todas as minhas forças manter uma expressão séria. — Não, era uma brincadeira... nem louca me caso com você. — Respondi. A cor se apagou de seu rosto. Deus, quase me sentia culpada. Abriu e fechou a boca sem saber o que dizer. Acredito que já tinha tido um gosto de seu próprio remédio. — Agora estamos quites... já sabe o que é não saber como agir em uma situação inesperada... Mas sim, na verdade aceito me casar com você. — Disse sorrindo.

240

Ele estreitou os olhos e se apressou em me colocar o anel, como se isso pudesse me impedir que voltasse atrás em minha decisão. — É uma bruxa malvada. — Grunhiu e me beijou ternamente. — Mas te amo. — Eu também te amo, idiota. Ri como uma louca enquanto me carregou em seu ombro como se fosse mesmo um homem das cavernas e caminhava comigo esperneando e me queixando falsamente.

241

Capítulo vinte e nove Vincent entrou no quarto e me jogou dramaticamente na cama. OH MEU VINCENT BRINCALHÃO, Ri em voz alta. Amava vê-lo tão feliz. — Vem aqui, meu futuro marido sexy. — Ronronei tolamente enquanto Vincent se inclinava sobre mim para me beijar. Sim, isto estava no caminho certo. Com minhas mãos acariciei seu peito. Ele tentou separarse de mim, mantinha os olhos fechados fortemente. —

Por

favor,

Vincent,

eu

te

desejo.



Sussurrei

timidamente. Seus olhos se abriram e nossos olhares se encontraram, quase podia ver as engrenagens de sua mente trabalhar a mil por hora. Ele tinha alguma estranha maneira de sempre recuar no último momento, mesmo que eu pudesse ver que morria de vontade de continuar. Sentei-me resignada no suave cobertor azul marinho. Estremeci ante o olhar de Vincent, podia sentir a tensão no ar. Ignorando a súbita timidez que me invadiu tomei minha camisa pelas pontas e tirei lançando-a por algum lugar do quarto. Quase imediatamente seu cenho franziu enquanto me observava atentamente, fiquei tensa em antecipação, podia ver que estava tendo um sério momento de indecisão. 242

Ele abriu sua boca para dizer algo. Eu o parei. Quase sem pensar joguei meus braços a seu redor e o segurei apertadamente contra mim, me levantando do colchão no processo, o que provocou que para manter o equilíbrio rodeasse seus quadris com minhas pernas. Terminei sentada escarranchada sobre ele. Depois de um momento de hesitação ele pôs seus braços ao redor de minha cintura e começamos a rir em voz alta. Era nossa maneira improvisada de liberar a tensão, as coisas definitivamente se descontrolaram. Uns segundos depois o ambiente mudou e uma forte tensão sexual se instalou ao nosso redor. Afastou-se para me olhar nos olhos e sem pensar aproximei meus lábios dos seus. Desta vez não hesitou em retribuir, sustentei seu rosto com minhas mãos e ele esticou as suas costas debaixo de mim aonde me sustentava para que não caísse de costas no chão graças ao feroz aperto que tinha em mim. A princípio o beijo era um tanto cético... relutante, tentando melhorar isso, percorri com minha língua seu lábio inferior, respondendo ao meu pedido abriu sua boca para me dar entrada. Quando nossas línguas se tocaram não pude ajudar, mas suspirei em êxtase. Vincent sabia parecia o céu. Já não havia salvação para mim ou para ele, apesar de suas réplicas anteriores, não podia fazer menos que tomar o que desejava, não importava que o que desejasse fora comerse aos beijos com sua namorada, menor de idade.

243

Parecia uma batalha de vontades, ambos respondendo ao beijo com grande ardor, e por um momento pensei que poderíamos passar nos beijando o resto de nossas vidas. Nossas línguas passaram a mover-se a um ritmo sedutor e quase enlouquecedor. Quando nos separamos um instante para recuperar o fôlego mantivemos nossas testas unidas, eu ofegava como se tivesse corrido uma maratona e ele tomava rápidas respirações devido à emoção do momento. O fôlego de ambos se mesclou e a tensão aumentou. Sim, tensão... Tensão sexual. Definitivamente não havia salvação para ambos, eu já podia sentir sua excitação aumentado impossivelmente por debaixo de suas calças e estava certa que Vincent amava estar completamente pressionado contra mim. Me abaixando caminhei para o centro do quarto onde estava minha camisa que se converteu em meu objetivo. Com minha camisa na mão o olhei elevando uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa. — Não. — Sussurrou caminhando para mim e voltando a atirar a camisa ao chão. Carregou-me fazendo que rodeasse sua cintura com as pernas e com cada passo que dava de volta à cama criava uma deliciosa fricção entre seu pênis e minha vagina, nos fazendo ofegar audivelmente. Um lindo e quase imperceptível rubor se espalhou por suas bochechas e seus olhos brilhavam como sinal de sua própria excitação.

244

Deitou-me suavemente no centro da cama e deslizou suas mãos por minhas coxas, fazendo um caminho direto a meu ventre. Ele não podia negar que estava maravilhado com esta espetacular garota que eu era, embora não fosse correto. Não por agora, legalmente, é obvio. Peguei a parte inferior de sua camiseta e comecei a levantar, ergueu as mãos para me facilitar tirá-la por sua cabeça. Ficou exposto, o peito deliciosamente nu, e assim como eu babava por ele, podia sentir seu olhar cavando em meus peitos coberto só por um sutiã de renda negro que elevava meus seios corretamente. Não podia afastar o olhar, não sabia o que esperar, mas certo para caramba que não era vê-lo e etiquetá-lo com o ser mais perfeito que existia, e o tinha diante de mim, apenas para mim. Não podia acreditar em minha sorte, embora isso não mudasse que gostava de discutir com ele cada vez que fosse possível. Inevitavelmente aproximei meus lábios para seu pescoço, dando deliciosos beijos longos e úmidos, deixando alguns chupões perto de sua clavícula. Vincent inclinou seu pescoço para um lado me dando completo acesso para segui-lo saboreando. Continuei saboreando-o até que se separou de mim e fez um trajeto de pequenos beijos até chegar ao vale de meus peitos aonde percorreu sua língua lentamente, me fazendo tremer descontroladamente. Parou para assegurar-se até onde chegaria isto.

245

— A qualquer momento pode me fazer parar. — Explicou me olhando nos olhos. — Eu sei. — Foi tudo que respondi antes de reivindicar sua boca.

Vincent Estava além de meus limites e não poderia estar ainda mais duro embora o tentasse. Desejava tanto estar dentro dela, senti-la me apertando e me espremendo, queria tanto que me doía. Neste ponto ela se encontrava igualmente necessitada, choramingava enquanto beijava meu pescoço e puxava minha calça para deslizá-la por minhas pernas, ajudando-a me afastei tirando meus sapatos de um puxão e deixando a calça atirada no chão. Me aproximei dela novamente. Descontroladamente me desfiz de suas calças e sapatos. DEUS, A DESEJAVA TANTO. Coloquei minha mão em sua calcinha e separei seus úmidos lábios vaginais, ficando satisfeito, feliz e surpreso por quão molhada estava. — Bem, parece que alguém está tão necessitada como eu. — Murmurei extasiado. — Sempre por você, Vincent. — Respondeu entre suspiros cada vez que roçava meus dedos contra ela, massageando-a. Introduzi um dedo nela, fazendo que arqueasse as costas como resultado, estava tão apertada que por um momento quase me perco ali mesmo na emoção. Com isto cheguei a meus limites, não poderia voltar atrás. Tirei meus dedos 246

fazendo

com

que

gemesse.

Enquanto

me

olhava

acusadoramente aproximei meu dedo na minha boca e saboreei sua excitação como se fosse o mais delicioso manjar alguma vez criado. E para mim, assim era. Seus olhos se arregalaram e não a deixei discutir. Por um milagre depois da cena que fiz ao provar sua excitação,

tínhamos

conseguido

manter

um

pouco

de

coerência. No momento de aproximar meus lábios dos dela, ambos fizemos uma confusão de braços, línguas e pernas ao tentar nos despir por completo. Toda a roupa ficou pulverizada pelo chão e só estávamos ela e eu como Deus nos trouxe para o mundo. — Te amo tanto, Athena, que me dói... Este amor por você me consome. — Disse minutos depois de uma intensa exploração de nossos corpos. — Te amo, Vincent, tanto que às vezes sinto que me afogo e quero gritar a este amor que deixe de me sufocar... Mas nada disto eu mudaria jamais. — Respondeu Athena com um olhar de adoração. Era o bastardo mais sortudo no mundo. Me colocando entre suas pernas a olhei, lhe dando uma última oportunidade de voltar atrás. — Faça amor comigo, Vincent. — Pediu com uma deliciosa voz apaixonada. E assim eu fiz. Deslizei-me dentro dela com delicadeza. Beijei-a quando fez uma careta de dor. — Dói muito? — Perguntei preocupado. Não queria que sofresse. 247

Ela negou com a cabeça, me abraçando fortemente. — Apenas no início, acostumei-me rapidamente. — Assegurou. Retirei-me

para

voltar

a

me

afundar

nela.

Ambos

gememos. Isso era o paraíso. Senti-la ao meu redor era o melhor prazer que alguma vez poderia sentir na vida. E com esse pensamento fizemos amor como dois amantes apaixonados até perder a coerência. A amava tanto, que não poderia imaginar uma vida sem ela. E ver que usava em seu dedo meu anel, me fazia sentir o bastardo mais sortudo e feliz do universo.

248

Capítulo trinta Athena

Dizer que estava dolorida era pouco. Acredito que nunca em minha vida me senti assim... Tão... Enrijecida... Entorpecida... Usada... Era como se tivesse tido uma longa sessão de exercício. E suponho que tinha mesmo. Fazer amor incontáveis vezes com Vincent era como uma estrita rotina de exercícios... tinha músculos que nunca em minha vida tinha usado! Era algo indescritível. E definitivamente foi algo maravilhoso. Nem meus melhores sonhos lhe tinham feito justiça. — Está bem, amor? — Perguntou Vincent preocupado. — Excelente. — Respondi sem jeito com um enorme sorriso. Meu cérebro parece mingau. Depois de tanto prazer, isso era de se esperar, não é? Agora sim que me sentia no céu, recostada sobre o peito do Vincent com suas mãos acariciando minhas costas em um ritmo tranquilizador. Não sei quanto tempo passou. Certamente adormeci com os sussurros do Vincent. Será que podia amar ainda mais alguém? Porque cada vez amava mais Vincent. Cada vez lembrava menos como foi minha vida antes dele... E isso era... perturbador.

249

Não estava mentindo quando disse que às vezes meus sentimentos me afligiam... me sufocavam... mas o amava. E seria

impossível

não

brigar

contra

meus

medos

para

permanecer com ele. Deus, o casamento, meu maior e mais antigo medo. Por alguma razão sempre tive medo de me casar, possivelmente era porque pensava que seria como renunciar a minha liberdade. Mas com Vincent, percebi que a verdadeira liberdade está na oportunidade de amar alguém sem reservas nem impedimentos e estar ao lado dessa pessoa. Estar com ele? Tinha me ensinado isso. Estando a seu lado me sentia mais livre que nunca. Meu estômago roncou. Vincent soltou uma risada. — Vamos te alimentar, amor. — Disse Vincent com essa tola voz presunçosa. Amava essa voz. Balbuciei alguma resposta. Sim, não fui muito coerente depois de ter dormido com ele. Acredito que perdi um par de neurônios no processo. Senti-o levantar-se da cama e caminhar até o banheiro. Acomodei-me na cama novamente. Só queria dormir. Voltou para o quarto aproximando-se novamente de mim com uma toalha na mão. Mas que merda? Olhei-o nervosa. OH NÃO. TOLO. TOLO. PARVO HOMEM DAS CAVERNAS CONTROLADOR. PORRA, NÃO. — Não discuta comigo. — Advertiu sério. 250

Oh claro, agora eu era a que estava fazendo algo errado. O que tinha na cabeça, Vincent, pedras? Tentou separar minhas pernas. Caralho não, isso era tão embaraçoso! — Está louco, Vincent? — Exigi sentindo meu rosto arder. — Por favor, me deixe cuidar de você. — Pediu com esses bonitos e chantagistas olhos de bebê. DEUS. Estúpido homem ao que não podia negar nada. — Bem. — Rosnei grosseiramente. E sim, o que aconteceu era vergonhoso. Ele me limpando... não era algo bonito de ver. Cobri meus olhos com meu braço e tentei encontrar meu lugar feliz. Mas como podia encontrar um lugar feliz quando Vincent estava me tocando tão intimamente? Contei até 30... E continuei contando até 40... Isso não estava funcionando... Uma eternidade depois Vincent se deitou ao meu lado me puxando contra ele e me aprisionando com seus fortes braços. — Não usamos camisinha. — Comentou em um sussurro. OH MEU CONTROLADOR. Olhei seus olhos... Preocupação... Esperança... Desejo... Ok. Realmente passava por sua mente que tenha ficado grávida? SÉRIO?! — Estou tomando pílula. — Expliquei olhando-o nos olhos. 251

E sim... um pouco de decepção apareceu em seu rosto. Vincent, porra de homem sexy, realmente queria me engravidar? Deus. Não podia acreditar. — Desde quando? Fiz uma conta em minha mente. — Algumas semanas, quando soube que não pensava estar comigo de maneira planejada. — Revelei com as bochechas coradas. Porra. Soava como uma pessoa que... pedia sexo... Com Vincent... Mas que mulher em seu juízo perfeito não estaria? Ele ficou pensativo. — De verdade estava pensando em me deixar grávida? — Exigi incrédula. Olhou-me parecendo culpado. — Você é... Inacreditável, Vincent! — Comentei negando com a cabeça. — Me diga que você não gostaria que tivéssemos um bebê. — Desafiou-me com esses bonitos olhos verdes... Sim, estava me perdendo neles. Me imaginei com Vincent e um pequeno bebê com seus olhos e seu bonito cabelo, uma pequena miniatura de Vincent. — Bom, sim... mas não agora... Porra, não tão... Cedo — Balbuciei torpemente. — Algum dia? — Algum dia. — Aceitei. — Excelente. — Ele disse alegremente. Meu Vincent. Meu querido e amado Vincent. Por que tinha que ser tão terno? Por que tinha que me fazer desejar... mais... muitas coisas mais? 252

O resto do dia foi gasto vendo televisão e falando do futuro. Vincent tinha umas ideias tão loucas... E era impossível deter suas loucas divagações. Viajar a Paris. Comer na Itália. Um mês no Mediterrâneo. Sexo na praia... na caminhonete... na sala... em um navio... em um prado... ELE QUERIA SEXO EM TODOS OS MALDITOS LUGARES DO MUNDO. Não cabia a mim dizer que apoiava totalmente essa ideia. Me ensinar a dirigir e comprar um carro? Não. Ir às compras todo um dia? NÃO, OBRIGADA. Ele compraria tudo o que eu desse uma olhada. Escolher uma casa para viver? Possivelmente. Comprar muitos cães de caça? NÃO. Eram tão grandes que apenas imaginá-los... me fazia tremer. Em algum momento pensei que ele queria me fazer ver as coisas boas de estar casados legalmente... como levar seu sobrenome... O sobrenome de meu homem. E por estranho que fosse... O casamento já não me parecia tão ruim. Não tanto. Ou pelo menos estava me concentrando no lado bom das coisas.

253

Capítulo trinta e um MESES DEPOIS MARÇO “Que melhor dia para se casar do que em 21 de março? Havia dito minha avó. O início de um novo ciclo... Abençoado com o início da primavera.” Sim, claro. Minha intrometida e insolente avó. Por que tinha que estar do lado de Vincent? Quer dizer, possivelmente se houvesse dito que a data ideal do casamento seria em algum futuro dentro de 50 anos, isso tivesse estado bem para mim. “Quem quer chegar ao altar mancando com uma bengala e o cabelo branco brilhando?” Se queixou ela, extremamente ofendida comigo. Parecia que minha família estava contra mim. Louis e Peter tratavam Vincent como um irmão mais velho, o que estava bem. A não ser porque eles apoiavam qualquer louca ideia que Vincent tivesse. Minha mãe, bem, ela também estava no quinto céu com o planejamento do casamento de sua pequena. Meu pai? Era o único a meu favor. Resmungava e sempre se queixava de algo. Se o casamento era celebrado na fazenda do Vincent. Se a comida era muito elaborada. Se as flores eram, boas flores. Se a data era muito apressada. Se o bolo era muito grande. Se sua filha não tinha vestido, portanto não podia casar. Ele encontrava reclamações em tudo e por isso o amava. E ele tinha razão, ainda não tinha vestido. 254

Allison, Tracy, Bianca, minha mamãe, minha avó e eu, estivemos percorrendo dezenas de lojas de vestidos de noiva. Nenhum era o adequado. Puro e simples. Ou talvez procurava um pretexto para adiar o casamento. Conforme

a

data

se

aproximava,

meu

pânico

ia

aumentando. Apesar de ter feito as pazes com a ideia de me casar e até tinha chegado a me entusiasmar: ESTAVA MORRENDO DE MEDO. MEDO. PÂNICO. SUFOCADA. APAVORADA. Mencione o que queira, eu sofria. — Embora esteja em jeans e tênis, você e eu? Nós nos casaremos. — Tinha me ameaçado Vincent há uma semana. E apesar disso continuava sem ter o vestido. Acho que é preciso dizer que minhas amigas estavam chocadas, e sim... deram um grito para o céu, quando eu informei

de

que

me

casaria

com

Vincent,

apesar

de

permanecer na escola. Haviam 3 meses de aulas ainda. Mas tínhamos planejado que mudasse para sua casa durante esse tempo para nos adaptar à situação. Além disso, acredito que cada colega da escola especulou algo escandaloso sobre o por que eu usava um enorme e caro anel de compromisso. Mesmo os professores fizeram, e ninguém deixava de olhar minha barriga como se de um momento para outro fosse se converter do tamanho de uma bola de futebol.

255

Começava a considerar fazer um bordado em minha camisa de uniforme dizendo: "NÃO. Não estou grávida. SIM. Sim vou me casar". Era uma loucura e sabia disso. E estava ciente disso. Mas não poderia parar o que pôs em marcha. De uma hora para outra me casaria com Vincent. Se não era por vontade própria estava certa que ele teria um plano B e C em caso de emergência. Assim se não queria descobrir o que ele tramava, chegaria a seu lado vestida de branco por minha vontade. “Ou possivelmente de verde?” Perguntei-me enquanto via um belo vestido de uso vitoriano em cor verde pastel. Tinha renda nos braços, o corpete tinha muitos pequenos detalhes que destacavam a figura e tinha uma calda que poderia elevar-se com um simples vento. Era perfeito. Entrei na loja para experimentar. Era espetacular e estava certa que ele encantaria Vincent. Mas, uma noiva de verde? Sim devia estar louca. Olhei o longo vestido, que chegava justo por cima de meus joelhos. Dando de ombros o comprei. Possivelmente em alguma ocasião pudesse usá-lo.

DEZOITO DE MARÇO Continuava sem encontrar o vestido. 256

Ao ritmo em que ia acho que me casaria usando unicamente o sexy conjunto de lingerie que comprei para deleite de Vincent. Porque ainda teria aulas, a lua de mel foi adiada até depois da formatura. Isso não queria dizer que não desfrutaria de meu homem antes disso. Tinha uma receita médica com data do 21 a 29 de março para me afastar das classes. Era uma pena que iria adoecer do estômago. Vincent tinha uma viagem planejada para Cancun, nada melhor que vários dias onde só estaríamos ele e eu na praia. Oh sim. Um lugar dentro da “lista de lugares onde fazer amor”. Sim, poderíamos riscar esse muito em breve. Apenas de pensar em sexo e Vincent, meus joelhos tremiam e meu estômago dava um tombo. — Eu disse que te amo? — Sussurrou Vincent em meu ouvido enquanto caminhávamos de mãos dadas pela rua. Desde que tinha completado a maior idade, podíamos expressar nosso amor aos quatro ventos, menos quando meu pai estava por perto, ou do contrário o bonito rosto de Vincent voltaria a estar cheio de hematomas. Embora ultimamente meu pai estivesse começando a aceitar a ideia de que sua pequena filha ia se casar e deu uma oportunidade de conhecer Vincent. — Você disse há 5 minutos. — Respondi sorrindo. O homem alguma vez deixaria parar de me apaixonar todos os dias? Ele grunhiu me abraçando possessivamente. Eu ri em deleite.

257

Amava seu papel de homem das cavernas, era meu favorito. — Continua sem encontrar seu vestido. — Comentou enquanto passávamos em frente a uma boutique de vestidos de noiva. Fiz uma careta. — Não, mas já tenho o principal. Ele se deteve, elevando uma sobrancelha. — E o que é isso? — Um sexy conjunto de lingerie para nossa noite de núpcias. — Sussurrei maliciosamente. Sim, era viciada nele. Mas quem não seria? Seus olhos se escureceram e sua mão se colocou possessivamente em meu quadril. — Eu gosto... estou morrendo de vontade de vê-lo. — Grunhiu com essa rouca e sensual voz. — Faltam 3 dias. — Comentei como de costume. Como se não fosse à data que me tirava o sono. Que me impedia de dormir. Como se não fosse à data em que Valentino iria lidar provocando-me interminavelmente sobre a vida de casados. Eu não tinha tempo para pensar sobre Valentino, Deus, só de lembrar seu rosto ferido quando mostrei o anel de noivado que Vincent me deu, meu coração se encolhia. Acredito que de alguma forma ainda seguia guardando esperança que entre ele e eu fosse ter algo, mas agora isso era impossível.

258

E tinha aceitado, me apoiou em cada decisão que tomei em

relação

ao

casamento,

ele

seria

uma

de

nossas

testemunhas, assim como minhas amigas. Seria apenas um casamento civil, era tudo o que tinha cedido. Casamento religioso? Para isso definitivamente não estava pronta e não sei se algum dia estaria.

259

Capítulo trinta e dois VINTE E UM DE MARÇO O Casamento. Hoje era a porra do casamento. Suponho que meus nervos eram tantos que não podia me culpar por querer me esconder debaixo da cama durante o resto da semana. Porra. Durante o resto do ano. Meu estômago estava revolto há uma semana, mas no último par de dias a coisa vinha piorando seriamente. Vomitava sem parar. E ao ritmo em que foram as coisas, chegaria a dizer: “sim, aceito” entre ânsias. Somente de pensar nisso tive que sair correndo ao banheiro me esvaziar, pôr o estômago vazio. Queria chorar. Queria fugir. Queria dormir. DEMÔNIOS. Queria comer. A porta se abriu enquanto estava sentada no chão tentando recuperar forças. Vincent. Olhava-me com preocupação enquanto se aproximava rapidamente de mim. — Está bem? — Perguntou preocupado. Neguei com a cabeça. — Não sei se posso fazer isso. — Choraminguei de um momento para o outro. E assim que a caixa de pandora se abriu, nada pôde detêla.

Chorei

pelo

que

pareceram

horas.

Balbuciei

incoerentemente tolices sem sentido. Voltei a vomitar. E todo o tempo Vincent me segurou em seus braços. 260

Me acalmando. Me dando conforto. Me dando forças. Me sentia culpada por estar no dia de nosso casamento questionando nossa decisão. Me sentia tão mal. Física e emocionalmente. Vincent começou a me despir sem nenhum impedimento de minha parte. — Não sabe que não deve ver a noiva antes do casamento e muito menos nua? — Questionei um pouco divertida pela situação. Deu-me um longo olhar. — Você precisa tomar um banho, fará se sentir melhor. — Explicou com as bochechas coradas. Revirei os olhos. Entrando na ducha ele me ensaboou e massageou meu couro cabeludo, eu suspirava de prazer, estava tão relaxada. Estava. Até que suas carícias subiram de tom. — Aproveitando. — Disse secamente sem olhá-lo nos olhos. Escutei sua risada presunçosa. E eu ia casar com esse homem que tinha o ego do tamanho de um edifício? Não sabia. — Se meu pai te encontrar aqui vai cortar a sua cabeça. — Disse de um momento para o outro lembrando que nem ele nem eu estávamos sozinhos. Enquanto me enxaguava ele me olhar fixamente. 261

— Não vai... espero correr mais rápido que ele. Eu bufei. Bobo e aventureiro Vincent. —

Ainda

está

doendo

o

estômago?



Perguntou

preocupado vendo meu abdômen. Suspirei. — O médico disse que era colite, os nervos estão me matando. — Expliquei vendo meu inchado abdômen. Odiava colite. Se comia, me dava vontade de vomitar ou me sentia inflamada. As dores eram incômodas. Desde o dia anterior toda a família vinha dormindo na fazenda de Vincent. Meus pais e minha avó fiscalizavam cada coisa do casamento. Seria uma celebração simples, com eles, alguns funcionários e amigos de Vincent e meus amigos. Era algo íntimo e simples. Alguém bateu na porta. — Vincent? Os senhores procuram à noiva. — Comentou Michael, chefe de segurança de Vincent. Alguns dias atrás me foi dito que todo um pequeno exército de segurança privado cuidava dele e de minha família em caso de qualquer acidente. Ainda podia lembrar que meses atrás quando tinham matado um jovem perto da colônia, tinha considerado propor a meus pais que aceitassem a proposta de compra de Vincent. O lugar estava se tornando mais inseguro e com o dinheiro que Vincent oferecia pela casa nos permitiria comprar uma em um lugar mais seguro. 262

Tinha considerado seriamente. Mas era nossa casa. Não podíamos nos desfazer dela. É por isso que nunca apoiei a proposta de Vincent. Como tínhamos passado dele insistindo em comprar nossa casa a ele insistindo em me tornar em sua esposa: NÃO PODIA EXPLICAR. Mesmo para mim era uma loucura. Vincent começou a me secar com uma toalha, me trazendo de volta ao presente. Quando terminou, me ofereceu outra que envolvi em meu cabelo. — Vamos ver o que querem seus pais. — Disse ajudandome a vestir um roupão felpudo e grosso. — Vamos lá. — Concordei tristemente. Deus. O que aconteceu comigo? O casamento me assustou por completo. Meus amigos faltaram à escola para vir e muitos dos convidados estavam começando a chegar. Os nervos se apoderaram de mim. Assenti distraída para o que quer que seja que meus pais dissessem. Minha mãe estava emocionada com o casamento. Meu pai estava resignado. Minha avó? Ela estava dançando de alegria por conseguir que Vincent se tornasse seu neto oficialmente. Meus irmãos brigavam inutilmente contra o desconforto da gravata e de vestir seus ternos. 263

Michael,

vestido

com

seu

terno,

recordava-me

do

protagonista de homens de preto. Imaginava de um momento para o outro tirando uma louca arma moderna para lutar contra qualquer coisa que pudesse prejudicar a segurança de Vincent. E o tempo passou voando. Encontrei-me levada pelos insistentes braços de minhas amigas e minha avó e mãe, para que arrumassem minha maquiagem e cabelo. De um momento a outro me encontrei penteada com um elegante coque alto de onde caía meu comprido cabelo com bonitos cachos. A maquiagem natural ressaltava meus olhos marrons e as bochechas coradas me faziam parecer jovem e inocente. Lutei contra todas para que deixassem eu me vestir. Distraidamente coloquei a lingerie: um espartilho branco e calcinhas de renda. Para coroar um sutiã branco. Certamente Vincent gostaria. O ar começou a me faltar. Eu não poderia fazer. Eu não poderia fazer. Eu não poderia fazer. PORRA. Eu tinha que fazer. Amava Vincent, queria estar com ele... queria envelhecer com ele. Foram ouvidas vozes do lado de fora, mas não fui capaz de encontrar sentido. Escutaram passos à distância. A porta se abriu e se fechou audivelmente. Eu congelei. Vincent estava parado lá. Com seu lindo e fino smoking. 264

Levando algemas balançando de maneira brincalhona em um dedo. Parecendo presunçoso e decidido. M-E-R-D-A. Sem pensar corri pelo quarto tentando me afastar dele.

265

Capítulo trinta e três — Não, porra não, está louco! — Gritei me trancando no banheiro. MEU DEUS. Como tínhamos chegado a isso? Estava louco? — Athena, meu amor, abra a porta. — Pediu Vincent com voz insolente. — Está louco, Vincent?! — Gritei dando voltas pelo banheiro. Sentia-me como um leão enjaulado. — Só cumpro com a promessa que te fiz. — Ele argumentou. Ótimo. Era eu a única que perdi a paciência. Bobo. Tolo homem controlador. Comecei a chorar muito rapidamente. — Apenas me deixe em paz um momento! — Gritei enquanto deslizava pela parede até o chão. Abracei minhas pernas e descanse minha testa em meus joelhos. Solucei. Ótimo. Agora tinha soluço. A porta se abriu e Vincent entrou com passos firmes em minha direção. Me tomou em seus braços. Me alegrava que a pouca maquiagem que tinha era a prova d’água, ou do contrário eu pareceria como um guaxinim no dia de meu casamento. Excelente. Podia ver as manchetes dos jornais e as notícias: “Mulher guaxinim se casa com magnata sexy e muito bonito”. 266

Sim, não acredito. Ele me levou de volta para o quarto e me deixou sentada na beira da cama. Secou minhas lágrimas com carinhosos beijos. Agora me sentia culpada. Ele não merecia isso. Vincent merecia algo melhor que uma menina insegura. — Te amo, Athena, com todo meu coração... com tudo o que sou, eu amo — Implorou com esses olhos de bebê. Chantagista. Isso é o que era. E mesmo assim o amava. Deus, amava-o tanto que não sabia por que duvidava. — Pode me trazer o vestido? — Choraminguei em voz baixa, o soluço não me largava. Porra. Vincent pegou o vestido e removendo do gancho. Parei e deslizei o roupão por meus ombros. Deixei-o cair no chão. Sim, definitivamente Vincent gostava de meu conjunto para a noite do casamento. DEUS. Poderia ir nesse mesmo momento a assinar a certidão de casamento de modo que voltasse e celebrasse nosso compromisso. Queria que me tirasse à roupa. Queria fazer amor com ele sendo “marido e mulher”. Apenas com essa ideia ignorei seu ardente e atento olhar. Deixei-o que me ajudasse a me vestir. Acho que foi um tanto estranho, meu noivo me ajudando a vestir o vestido de noiva em lugar de arrancá-lo do meu corpo. Quase queria rir por quão louca era a situação.

267

Definitivamente a história de nós dois era fora de série. Estranha, mas era nossa e não a trocaria por nada. O vestido era simples, branco, que chegava à altura de meus joelhos. Perfeito para um casamento civil. — Pronta? — Perguntou depois que limpei meu rosto e retoquei minha maquiagem. Balancei a cabeça. Calcei os sapatos de salto. Aproximei-me do porta-joias que tinha na penteadeira. Coloquei o bracelete de quartzos4 azuis de minha mãe: algo azul. Vincent prendeu em meu pescoço um colar de diamantes que formavam um V: algo novo. Acomodei o prendedor de flores em meu cabelo: algo velho, por parte de minha avó. — Empresta-me algo, amor? — Perguntei a Vincent. Franziu o cenho, mas assentiu. Tirei da cama as algemas. Merda. Não acha que se Vincent faria uma loucura, não faria muito bem? Bem, desta vez fez à décima potência. As algemas eram douradas e tinham palavras gravadas de amor a todo seu redor, assim como incrustações de pedras preciosas com as letras VAI. Olhei para Vincent levantando uma sobrancelha. Nos comunicamos silenciosamente com nossos olhares. Sério, Vincent? Perguntei.

4 É um tipo de pedra que pode ser transformada em um cristal.

268

Me conhece, baby, se acostume. Sim, essa não era uma grande conversa. Suspirei resignada. Grampeei

a

minha

algema

em

meu

pulso

direito.

Aproximei-me de Vincent e assegurei a outra em sua mão esquerda. Olhou-me divertido. — Algo emprestado. — Expliquei sorrindo. Ele balançou a cabeça. — Eu te amo tanto. — Eu amo mais. — Respondi pegando sua mão na minha.

Chegamos caminhando à recepção do casamento nos terrenos da fazenda de Vincent. Caminhamos de mãos dadas, com nossas deslumbrantes algemas douradas acorrentadas em nossos pulsos. Eu parei de repente. — Está duvidando? — Perguntou Vincent, o bastardo estava indo ao inferno com meu pânico. Idiota. Mas era um idiota encantador. O idiota do que todas querem amar. Balancei a cabeça em resposta à sua pergunta. — Bom — Respondeu. Começou a me jogar sobre seu ombro como se fosse um saco de batatas. Eu gritei surpresa. 269

— Não achou que as algemas eram meu único plano? — Se regozijou sobre si mesmo. Ri em voz alta. Devíamos parecer como um casal de loucos. Olhei para cima e vi meu pai sorrindo. Pelo menos estava desfrutando e tinha esquecido seu rancor contra "o ladrão de seu bebê". O resto dos convidados sorriam diante da nossa cena. Os fotógrafos contratados para fazer as fotos da lembrança viviam seu momento de glória disparando dúzias de flashes em nossa direção. Era uma loucura de casamento. Mas era meu casamento e de Vincent. O que o fazia perfeito. Demônios. Se nós íamos casar, tínhamos que fazê-lo a nosso estilo, não? O resto do dia sorri. Quando disse: “aceito”, nem sequer hesitei. Apesar das dúvidas, foi o melhor momento de minha vida. Porque o sorriso de felicidade de Vincent me fazia sentir que voava, e o sufoco anterior que sentia em relação a mim mesma, desapareceu. Pela primeira vez respirei livre de qualquer peso. Livre das dúvidas. Livre das interferências. Livre de qualquer impedimento. Tudo isso se foi... E só havia amor. O amor que sentia por Vincent, meu sexy-quentecontrolador-homem-das-cavernas. 270

E quando escutei “eu vos declaro marido e mulher” não pude fazer mais que engasgar. Se perguntar se eu tinha soluço depois de chorar, ele permaneceu durante mais da metade da cerimônia. E com tudo e as algemas, o soluço, me engasgar, pensar que me casaria parecendo como um guaxinim, colite e Vincent me carregando para o altar como um homem das cavernas, foi o melhor casamento que jamais poderia ter sonhado, foi mágico. E jamais esqueceria. Mas ainda ficava pendente a noite de núpcias. Felizmente minha avó tomando taças de Champanhe e dançando ao estilo dos anos 50, meus irmãos abandonando seus ternos, minhas amigas chorando, os funcionários de Vincent nos felicitando por nossa entrada e ele negando-se a tirar

as

algemas

por

pelo

menos

uma

semana:

FOI

SUFICIENTE PARA DESVIAR MINHA MENTE DA NOITE DE NÚPCIAS. Não de tudo, mas quase.

271

Capítulo trinta e quatro QUATRO DIAS DEPOIS A luz que iluminava irritantemente o quarto me despertou, gemi e cobri o rosto com o travesseiro. Estava dormindo tão pacificamente. Não consegui me recuperar completamente de toda a viagem de avião. Vincent arrancou os lençóis do meu corpo e puxou meus pés até que cheguei à beira da cama, gritei surpreendida esquecendo por completo meu sonho. Fulminei-o com o olhar, ou pelo menos tentei, vendo que se encontrava meio vestido com suas clássicas calças e sua camisa desabotoada. Oh Deus. Amava seu peito com loucura. Todos esses músculos marcados. Lambi meus lábios. — Eu sei o que pensa, minha pequena gatinha com tesão, mais tarde, tenho que ir ao escritório. — Disse ele com voz rouca. Olhei o relógio da mesa de cabeceira e sim, na verdade, tínhamos adormecido. Sorri. Certamente estava a ponto de lhe dar um ataque. — Por que não colocou o alarme, querido? — Perguntei docemente. Deu-me um olhar exasperado. Continuei olhando inocente e ele revirou os olhos. — Possivelmente porque alguém me fez esquecer de tudo depois que se lançou sobre mim após o passeio turístico e praticamente fez o melhor sexo de minha vida? — Rebateu elevando uma perfeita sobrancelha. Eu corei. 272

Praticamente tinha me lançado sobre ele no dia anterior depois de que cruzamos a porta. — Eu amo que depois de tudo você continue corando com tanta ternura. — Disse ele acariciando minhas bochechas e me beijando. — Quão atrasados estamos chegando? — Perguntei entre beijos. — Se continuarmos a este ritmo provavelmente uma hora de atraso. Bem. — Preciso de alguém para ensaboar minhas costas. — Disse inocentemente enquanto me separava dele e deixava cair minha camisola no chão para ficar nua. Seus olhos percorreram meu corpo com essa luxúria tão comum que sempre tinham em seus olhos quando me viam. Virei às costas e fiz todo um espetáculo em chegar ao banheiro e deixar a porta aberta enquanto abria a ducha e entrava nela. Eu adorava provocar Vincent. — É melhor estar molhada, e não me refiro à água da ducha. — Grunhiu Vincent enquanto entrava completamente vestido com o zíper aberto e me empurrava contra a parede. Circulei sua cintura com minhas pernas e sem aviso prévio se afundou em mim. — Oh Deus... Sempre pronta para mim, certo? — Ofegou e começou a mover-se. Não foi suave e lento, foi rápido e duro e me fez gritar em tempo recorde.

273

O

homem

tinha

que

ser

tão

perfeito

em

tudo?

Especialmente no sexo. Terminamos ofegantes. Ele sorriu. — Não sabe como é bom já não ter que gozar em minhas calças como um adolescente. — Disse com esse sorriso travesso. — Ao invés disso você prefere fazer dentro de mim. — Disse secamente. — E você adora. — Rebateu orgulhosamente. Meu bobo e infantil homem. — Tem razão, eu adoro. — Expliquei beijando-o e movendo provocadoramente meus quadris contra ele, que ainda seguia dentro de mim. Ele gemeu. — Não temos tempo. — Disse tentando convencer-se. — Deus, por que tem que ser tão insaciável ultimamente? Estou certo que te corrompi. — E me corrompeu muito bem. — Disse com uma piscada. Ele revirou os olhos e se separou de mim, me deixando com a sensação de vazio. Tirou a roupa molhada e a jogou em um cesto de roupa suja. — Como pôde ter molhado sua roupa? Não poderia ter tirado isso antes de me atacar grosseiramente? — Perguntei zombando dele enquanto lavava meu cabelo. — Havia uma formosa deusa esperando por mim nua no chuveiro. — Defendeu-se. Foi minha vez de revirar os olhos. 274

— Chama-se tomar um banho, não esperar por você nua. Ele sorriu e terminamos de tomar banho em tempo recorde. Depois de que nos vestimos saímos para a sala da casa, onde Michael esperava pacientemente divertido. — Senhor, Athena, bom dia, suponho que o alarme não soou a tempo. — Disse sorrindo enquanto pegava minha bolsa e a carregava por mim. Ele sempre era assim tão cavalheiro. — Não soou absolutamente. — Grunhiu Vincent enquanto amarrava sua gravata azul. Ele amava o azul. Sorri divertida. O homem não suportava estar atrasado, apesar de que eu estava desfrutando que está fosse sua primeira vez. Saímos e fomos até onde o Hummer estava estacionado. Vincent me ajudou a subir e ajustou meu cinto de segurança antes de subir e fazer o mesmo com o dele mesmo. A caminhonete foi colocada em marcha e rodeou meus ombros com seu braço. Me recostei contra ele sorrindo enquanto olhava pela janela. Dois dias atrás tivemos que viajar para Nova Iorque por seu trabalho, assim agora nos teríamos nossa lua de mel provisória aqui. — Já disse esta manhã que te amo? — Sussurrou-me. — Não, absolutamente não o disse com palavras. Beijou-me com ternura. — Eu te amo mais que qualquer coisa neste mundo, baby. — Disse com esse brilho malicioso em seus olhos. — Eu te amo também, homem das cavernas. — Respondi. — Juntos até o fim? 275

— Até o fim e mais. — Assegurei me recostando nele. Felizmente me envolveu em seus braços e tinha certeza que pude ver Michael sorrir com a cena. Pela janela pude ver um carrinho de cachorro quente em uma esquina. Senti meu estômago rosnar. Merda. — Michael pare o carro, por favor. — Pedi prestes a chorar, porra, realmente queria um cachorro quente. Vincent me olhou interrogativamente. — Na verdade, realmente, quero um cachorro quente. — Expliquei fazendo olhos de cachorrinho. Ele revirou os olhos. — Sabe a quantidade de bactérias que tem esse carrinho? — Disse ele. Michael estacionou no lado olhando, aguardando as ordens de Vincent. — Por favor, por favor, por favor. — Pedi lhe dando aquele olhar que ele não podia resistir. — Você vai ficar doente. — Continuou sem ceder. — Claro que não vou ficar. — Virei meu olhar para Michael. — Certo? Você certamente já comeu um cachorro quente de rua... Diga a Vincent quão deliciosos são. Ambos os homens não poderiam resistir ao meu olhar. —

Nós

estávamos

indo

tomar

café

da

manhã

saudavelmente no escritório. — Disse Vincent. — E tomaremos você vai comer sua fruta e eu meu cachorro quente. — Fiz beicinho. — Você correrá o risco de ficar doente? — Perguntou exasperado. 276

— Absolutamente. — Assegurei, diabos daria um dedo e até mesmo dois por um cachorro quente nesse momento. — Além disso, vejamos o lado bom... se ficar doente poderá cumprir sua fantasia de cuidar de mim noite e dia. Caramba, eu até comprarei uma roupa de enfermeiro! Ele balançou a cabeça e sorriu. Eu o tinha em minhas mãos. Lancei-me sobre ele e o beijei. — Bem, espera aqui. Michael, me acompanhe. Desatei o cinto e passei por cima de Vincent para sair da caminhonete. Michael me ajudou a descer. — Não demoraremos, senhor. — Assegurou a Vincent, que assentiu e pegou seu Smartphone. Peguei minha bolsa e caminhei contente em direção ao cachorro-quente. O homem que atendia tinha claras raízes latinas. Sorri. Amava encontrar hispanos nos Estados Unidos, era como encontrar família. — Bom dia. — Disse-lhe falando o mais mexicanamente possível. Olhou-me e sorriu. — Bom dia, menina, o que posso lhe oferecer? — Perguntou alegre. Olhei para Michael, quem se notava divertido. — Quer alguns cachorros-quentes? Ele me olhou surpreso. — Não aceitarei um NÃO por resposta. — Eu assegurei firmemente. Girei-me para o trabalhador olhando para a comida. Praticamente salivei em antecipação. 277

— Pode me fazer um pedido para viagem? — Perguntei e não lhe deixei responder. — Para mim serão 4 cachorrosquentes, com muita cebola, pouca mostarda, quase nada, mas não tão pouco, um pouco de molho ketchup e pouco picante. Oh, e muita maionese! Mas não muita. Tomei uma respiração. Michael e o homem me olhavam divertidos. — Deus, sério tenho muito desejo, será uma sorte se a comida não cair no chão antes de dar uma provada. Você vai querer o que, Michael? Cinco, seis ou mais? Não seja modesto ou farei Vincent demiti-lo. Soltou uma gargalhada. — Cinco, por favor, de tudo um pouco e muito picante. — Disse ele sacudindo a cabeça. O trabalhador fez os pedidos para viagem e deu a Michael o seu pedido e depois o meu. — Oh, também duas Coca-Colas, por favor. — Desejos? — Perguntou ele divertido. Assenti. — Muitos. Ele estendeu os refrigerantes e os deu a Michael. — De quantos meses é a criança? — Perguntou de repente com olhos sábios. Franzi o cenho. — Que criança? — Disse olhando atrás de mim e por toda a rua. Olhou-me como se estivesse louca. — O seu, senhorita. Quase deixei cair minha comida. 278

Abri os olhos em surpresa. — Oh não, não estou grávida! Simplesmente sempre tenho desejos, assim sou eu. — Disse-lhe sorrindo. Ele balançou a cabeça. — Se você diz, senhorita. Entreguei-lhe uma nota de cem dólares. — Fique com o troco e tenha uma boa tarde. — Igualmente e obrigado, anjo. Deus a abençoe. Caminhei ao lado do Michael para a caminhonete com o cenho franzido em confusão. — Estou gorda? — Perguntei antes que chegássemos ao Hummer. — E não minta. Olhou-me confuso e desconfortável. — Absolutamente, senhorita. Rolei os olhos. — Athena, para você, lembra. Ele assentiu e abriu a porta para mim. Subi e passei por cima de um sorridente Vincent até me sentar no centro. Olhou-me e olhou para Michael. — Deus, acabarão doentes. — Disse Vincent, enquanto eu pegava meu refrigerante e o estendia a ele. — Segure-o por mim. — Disse-lhe distraidamente. A caminhonete estava em movimento e abri meu saco tirando um muito delicioso e cheiroso cachorro-quente com muita cebola e ketchup. Lambi meus lábios e dei uma grande mordida. Gemi, tinha sabor de céu.

279

Fechei os olhos e desfrutei até a última mordida do cachorro-quente. Abri os olhos e peguei o refrigerante com Vincent que já tinha aberto para mim. Tomei um grande gole até suspirar feliz. — Estava gostoso? — Perguntou ele entretido. Dei-lhe um sorriso. — Não tem ideia. Ele riu e me tirou o saco e olhou dentro. — Enfim, quantos malditos cachorros-quentes comprou? — Murmurou olhando dentro. Bem, acredito que seu olhar incrédulo dirigido a mim disse que tinha encontrado sua resposta. Ofendi-me e peguei meu café da manhã. — Tenho fome e desejo. — Me defendi. Ele me abraçou e beijou. — Não dizia com essa intenção. — Murmurou contra meu cabelo. Sem aviso lágrimas rolaram por minhas bochechas. Na verdade, estava engordando? — O senhor do cachorro-quente me disse praticamente que estou gorda. — Choraminguei escondendo meu rosto em minhas mãos. Vincent me puxou contra ele e felizmente me enrolando em seu colo. Escutei-o ordenar a Michael que subisse com as coisas para o escritório quando chegamos ao estacionamento do edifício.

280

A porta se abriu e fechou e nós ficamos sozinhos na caminhonete. — Amor, olhe para mim. — Ordenou com sua voz autoritária. Sorvi meu nariz e limpei minhas lágrimas das bochechas e o olhei. Deus, meu homem. Tão bonito e sexy para caramba, era meu. — Você não está gorda, é perfeita e até mesmo se ganhar peso, continuará sendo a mulher mais sexy e linda no mundo para mim. Ao inferno com o que digam, te amo como você é e isso é o que importa. Mais lágrimas. Joguei meus braços ao redor do seu pescoço. — Ele disse que parecia grávida. — Sussurrei tristemente. Vincent se afastou um pouco de mim para me enfrentar. Ele parecia surpreso. — E você está? — Perguntou incrédulo. DEUS. Queria bater nele forte, para caralho. — Não, não há nenhuma possibilidade, estou tomando a pílula, lembra? — Esclareci e terminei a conversa.

281

Capítulo trinta e cinco Ao final de tudo acabamos ficando uma semana extra em Nova Iorque. Sim, uma loucura. Começava a amar as luzes da cidade. Mesmo o tráfego, começava a se tornar familiar. — Você gostaria de viver aqui? — Perguntou Vincent com um sorriso. Por que tive medo de me casar? Céus. Sentia que era a melhor coisa que me aconteceu na vida. Olhei seu enorme sorriso. Deus. Amava esse sorriso. O que me perguntou? Ótimo, Athena... voltamos para os velhos hábitos, reclamei comigo mesma. Viver aqui em Nova Iorque! Sim, isso era. Quase quis tripudiar... não fiz... felizmente. —

Não

particularmente...

é

bonita,

mas

permanentemente? Prefiro algo mais... tranquilo... caseiro. — Caseiro, né? — Questionou enquanto pegava minha mão e entravamos em sua casa. Era de tarde. Ele teve que ir diariamente a empresa, é obvio, obrigavame a ir com ele. Não é que estivesse reclamando. Amava vê-lo trabalhar... E estava aprendendo muitas coisas. A respeito da direção de sua empresa.

282

E me entretinha ajudando Chelsea, sua secretária de mais de 50 anos, para que ela descansasse um pouco. A primeira vez que respondi o telefone para atender as ordens de Vincent ele se surpreendeu. Ele se recusou. Esse homem bruto não queria que movesse um dedo. Um dedo! Sim, seus complexos de macho alfa estavam saindo de controle. Não me queixava... ainda. — Estou morta. — Eu reclamei tirando os sapatos. Atirei-me sobre a cama. Queria dormir. Estava prestes a dormir. Até que Vincent começou a massagear meus pés. Era um amor de homem, merda, era o homem perfeito. Como o encontrei, ainda não sabia, mas estava feliz porque eu fiz. Suas mãos foram percorrendo minhas pernas até que se estabeleceram sobre mim. Deixou pequenos beijos em meu pescoço. — A propósito... quero que conheça minha família. — Soltou de repente. SANTA

VACA

E

SEUS

ANTEPASSADOS

TRANSFORMADOS EM HAMBÚRGUERES. — Conhecer... A sua família... — gaguejei estupidamente. Olhou-me fixamente. — Sim, a minha irmã, irmão e pais. — Explicou. Uma irmã! 283

Vincent tinha uma irmã. Quem caralho poderia ter dito? Bem, também tinha um irmão. Mas isso não era tão surpreendente, uma parte de mim esperava. Mas o que vai de um irmão a uma irmã! Além disso, sua ideia de querer me apresentá-los? IMPOSSÍVEL. Morreria. Estava certa. Eles me odiariam. Quer dizer, tínhamos nos casado sem eles presentes! Por que tínhamos nos casado sem eles presentes? Como eu poderia alguma vez lhe perguntar por sua família? ISTO ESTAVA MUITO... MUITO RUIM. Deus, não queria nem pensar o que aconteceria se me apresentasse a eles, e sua reação ao saber. — Me deixe ver se entendi. — Disse lentamente. — Tem um irmão e uma irmã. Olhou-me como se fosse tola. Ótimo. Mas isto era importante. Estava em jogo minha sanidade mental. Sei, estava exagerando. Que garota não exagera? — Sim. — Respondeu marcando cada letra. — Eva é minha irmã menor, tem 19 anos e William tem 24 anos. — Todos vocês são 3. — Estupidamente declarei o óbvio. Vincent revirou os olhos, resignando-se que a conversa não acabaria logo. Nem iria passar para outras coisas importantes. Como por exemplo: suas mãos em meu corpo... ou seus lábios sobre minha pele... 284

Merda, se concentre, Athena! Gritei comigo mesma. — E quer me apresentar a eles. — Praticamente gritei. Estava sendo infantil e admitia. Diabos, tinha direito a fazer! Eu era uma adolescente. Pela primeira vez queria me comportar como tal. E se isso significava ser pirracenta e teimosa, que assim seja. — Novamente, sim. — Grunhiu enquanto começava a se inclinar sobre mim. Oh, não, senhor. Os jogos teriam que esperar. Afastei seu rosto de meu peito. De maneira infantil agarrou um pedaço de minha blusa entre seus dentes e me olhou com olhos de bebê. Quase senti remorso de lhe negar momentaneamente o que queria. — Não vê que isso é uma crise? — Gritei olhando-o com o que sabia eram olhos cobertos de terror e medo. Liberou minha camisa e virou-se na cama, me levando com ele até que estava deitada sobre ele. Pôs as mãos sobre meu traseiro e me apertou contra sua ereção. Gemi. Amava tanto senti-lo contra mim. Amava seu corpo. Amava o sabor de sua pele. Amava a maneira em que o sentia sob meu toque. Amava seus lábios, tão deliciosos e tentadores. Amava seus olhos. E seus músculos... eu não podia pensar neles, não se queria me concentrar. Tinha a musculatura perfeita para ser o espécime masculino perfeito em todo mundo. Sem mencionar essa parte de seu corpo que tanto gostava de apertar contra mim. 285

Bem, nós gostávamos. Ele era tão perfeito. Puro e simples. Demônios, foco Athena! Eu me repreendi. — Você realmente quer adiar esta conversa? — Reclamei enquanto colocava suas mãos em meus peitos e os espremia com essa posse própria dele. Soltei um grito de prazer. Ele tentava me distrair. Oh Deus, doce Deus, papai Noel, o coelho de páscoa e as abóboras do Halloween, por que era tão difícil afastar minha atenção de seu corpo, por quê? Levei seus pulsos em minhas mãos e as afastei até que as forcei a ficar por cima de sua cabeça. Seus olhos brilharam maliciosamente. — Agora te deu o desejo de ser controladora? — Perguntou movendo suas sobrancelhas sugestivamente. Ri. Por seu tamanho, fiquei esticada sobre ele a poucos centímetros de distância entre nossos rostos, para manter suas mãos contra a cabeceira. Estávamos em uma de suas tantas casas. Sua cama era tão grande e confortável que me fazia querer chorar de prazer cada vez que me deitava sobre ela. Mas não tinha comparação quando se tratava de estar deitada sobre Vincent. Ele era extremamente confortável. Ele moveu seus quadris contra mim, me provocando... me distraindo... me dando prazer... — Falemos rápido. — Exigi sabendo que dentro de um minuto ou menos estaria me inclinando contra meu homem para saboreá-lo. 286

— O que quer saber? Quero que conheça minha família, eles vão te amar como eu te amo, é apenas mais um passo em nossa relação. — Tenho medo. — Admiti olhando-o nos olhos. Deu-me aquele olhar de ternura e escapou de meu agarre para

me

abraçar

fortemente,

me

enrolei

contra

ele

alegremente. — Baby, sei que tem medo, eu também tive quando falamos com sua família, tinha medo que não me aceitassem por ser mais velho que você, sei que é algo difícil de superar, mas te amo tanto que não importa o que digam outros. É minha. Só minha. Sorri e o beijei. — Está bem. — Concordei. — Aceita conhecê-los? Assenti. — Esta é minha mulher, tão valente e forte. — Comentou com orgulho. — Ótimo, agora tire a roupa. Elevou uma, sobrancelha, mas obedeceu e em menos de um minuto tirou a roupa até ficar nu. Era a vista mais espetacular que poderia ver alguma vez. Lambi meus lábios. — Vê algo que você goste? — Perguntou divertido enquanto arrancava a roupa de meu corpo. — Vejo algo delicioso que morro para comer. — Respondi assistindo maliciosa. Ele grunhiu. Fiquei nua frente a ele.

287

Beijou-me com fome. Respondi com a mesma intensidade. Era insaciável quando se tratava dele. — É tão deliciosa e perfeita... não sabe o quanto quero estar dentro de você. — Sussurrou beijando meu pescoço. Soltei um gemido alto, enlouquecia-me quando falava asperamente durante o sexo. — Faça. — Exigi, não estava para preliminares nesse momento, queria meu homem e o queria nesse mesmo instante. Olhou-me nos olhos. Estava me avaliando. O que viu deve tê-lo agradado, porque sem aviso se afundou em mim com uma forte estocada. Gritei pela surpresa e o prazer de senti-lo me alongando. Não me deu tempo de obter compostura. Moveu-se forte e rápido contra mim, me tirando o fôlego e me deixando louca de prazer. Cada investida dele me levava mais perto do céu. Ele grunhia incoerentemente. Eu gemia descaradamente. Ambos movíamos os quadris um ao encontro do outro. Muito em breve senti meus músculos esticar-se e alcançar o êxtase. Gritei seu nome em minha libertação sem deixar de ser consciente de que tomava minhas pernas sob meus joelhos e eu teria mais dele. Não me deu a oportunidade de me recuperar e me dar uma pausa. Continuou com seus experientes movimentos e 288

gozei pela segunda vez, desta vez mordendo seu ombro para evitar gritar freneticamente. Ele moveu-se novamente e se esticou. Senti-o gozar dentro de mim, depositando sua quente semente em meu interior enquanto gritava meu nome. Quando finalmente fui capaz de pensar claramente notei que Vincent se deixou cair ao meu lado e tinha me atraído para ele e fechado seus braços contra mim. Amava que sempre me abraçasse depois de fazer amor ou cada vez que fodíamos. Quando ainda era virgem poderia ter jurado que ambas eram o mesmo. Depois de vários meses com uma vida sexual muito ativa com o Vincent? Conhecia a diferença claramente. Fazer amor com ele era algo mágico, não havia palavras, era uma conexão entre nós dois que nos unia por completo. Era terno, romântico, excitante e complacente. Quando

fodíamos?

Era

o

próprio

céu,

ambos

enlouquecíamos e ele deixava livre essa veia dominante que tinha, era duro e carnal. Era enlouquecedor. Era um instinto primitivo. Era algo selvagem. Amava ter as duas formas, sendo um completo cavalheiro complacente e, além disso, um sexy homem das cavernas selvagem e dominante. Era a combinação perfeita. Suspirei feliz. Não havia melhor lugar para estar que entre os braços de Vincent. Me sentia quente... melhor... me sentia em casa.

289

Epílogo Quando voltei a abrir os olhos bocejei, sentia-me mais feliz do que nunca, tinha um pequeno desconforto entre minhas pernas e me sentia perfeitamente bem usada. Foi um aviso de onde Vincent esteve. Sorri me esticando. Vincent estava me olhando com um sorriso travesso. — Você adormeceu. — Explicou sem deixar de sorrir com suficiência. Genial, seu ego estava correndo seu momento de fama. Ruborizei. Tinha que admitir que o homem acabou completamente comigo com sua intensidade. — Você é tão intenso, acaba comigo completamente. — Disse sem pensar. Ele sorriu mais. — Baby, é tão viciante. — Respondeu enquanto baixava seu rosto para meu peito e levava um mamilo a sua boca. Arqueei-me. Deus, estava tão sensível ultimamente. — Você está bem? — Perguntou preocupado. — Só estou um pouco sensível. — Respondi enquanto me separava dele e me sentava, queria ir ao banheiro. Soltei um gemido lamentoso enquanto me deixava cair de volta na cama. Imediatamente Vincent estava pairando sobre mim com essa usual preocupação extrema. — Sinto-me tão bem usada. — Expliquei sorrindo antes que me oprimisse com seu questionamento. 290

Ele me olhou seriamente e sorriu. — Não acho que possa caminhar. — Presumiu enquanto me tomava em seus braços e me levava para o banheiro. Bufei de uma maneira que digamos não era muito feminina. Depois de pensar sobre isso, desta vez ele tinha TODO o direito de presumir. — Eu não acho que posso fazê-lo. — Concordei. Ele me beijou com ternura. — Sinto muito, amor. — Está se desculpando por ter me dado excelentes orgasmos? — Perguntei divertida. Ele bufou sorrindo infantilmente. Deus, como o amava. — Tem razão. Beijei-o na bochecha. Ele me abaixou quando estávamos no banheiro. Molhou uma toalha e se aproximou de mim. Oh não. Porra não. Não. Não. Não. Sim. Estava a ponto de reclamar. — Me deixe cuidar de você. — Pediu com aqueles olhos de bebê. Tinha que ser tão ingênua para me render sempre a esse olhar inocente e esperançoso. Separei

as

pernas

mantendo

meus

olhos

fechados

enquanto o sentia me limpar, ele amava tanto fazer isso por mim. Era um louco obsessivo. Deus, era meu homem pervertido.

291

— Acho que já é suficiente. — Adverti enquanto sentia o desejo voltar a construir-se dentro de mim com suas carícias atrevidas. Deu-me um longo olhar. A preocupação voltava a mostrar-se em seu rosto. — Necessito de um momento sozinha. — Interrompi seus pensamentos. Mais uma vez vi que ia começar a reclamar. — Realmente preciso de um momento a sós. Olhou-me com olhos de bebê. — Não me olhe assim, tenho que fazer xixi e não poderei fazer se estiver aqui, ou você gostaria que eu estivesse presente enquanto você faz? Um brilho cobriu seus olhos. Me senti corar. Agora que o pensava... — Não impediria isso. — Respondeu me piscando um olho. — Terei isso em mente. — Acenei sorrindo e o afugentei. Não queria dizer a ele que não me sentia bem, estava muito sensível nesses dias, fiquei um momento em frente ao espelho vendo o meu rosto, estava um pouco pálida, bem, mais do que o usual. Saí

e

encontrei

Vincent

esperando

completamente confortável com sua nudez. Me deu um longo olhar. Eu fiquei tensa. Já era suficiente.

292

fora

da

porta,

— O que, tenho várias cabeças ou o que? — Eu praticamente grunhi. Ele ficou me olhando e soltou um resmungo. Realmente? Me pegou e levou para a cama, acomodou os travesseiros e se afastou para fazer uma chamada em voz baixa. Olhei-o. Qual era a porra do problema dele? Olhei

o

relógio,

eram

17

horas,

merda,

a

pílula

anticoncepcional, devia ter tomado ela há uma hora atrás. Levantei e procurei em minha bolsa as pílulas, Vincent estava de costas falando ao telefone. Vesti a camisa de Vincent que chegava à metade de minha coxa. Fui até a cozinha para um copo de água. Cantarolava uma canção enquanto começava a pegar o comprimido. Uma mão me fez jogá-lo no chão. — Que merda está fazendo? — Gritei com Vincent. Realmente estava me enlouquecendo. — Não tome. — Me advertiu enquanto o recolhia e jogava no lixo. Sacudi a cabeça incrédula. —

Por

que

fez

isso?

Sabe

que

é

minha

pílula

anticoncepcional e que já devia tê-la tomado há uma hora. — Seus seios estão maiores. — Ele disse. Fiz uma careta, não entendi. — Estão irritados, é normal. — Seu humor é muito suscetível. — Voltou a assinalar. — Olá? Sou mulher, somos assim. — Está um pouco inchada. — Grunhiu assinalando meu estômago. Merda, meu limite. 293

— Porra, não pensou que estou no meu período prémenstrual? É irritante. Deixei o copo de água e fui para o quarto. Antes de chegar à campainha tocou, ignorei e fui pegar outra pílula, já que meu marido a tinha jogado fora. Antes que eu percebesse, Vincent estava grunhindo enquanto entrava no quarto com um saco na mão. Isto estava cada vez pior. — Solte as malditas pílulas. — Repreendeu-me com um tom de voz que jamais o ouvi usar comigo. Qual era o problema De um momento para o outro estava sendo carregada em direção ao banheiro, Vincent era cuidadoso comigo, mas mesmo assim não podia evitar sentir medo. Desceu-me sobre o piso com cuidado. Abriu a bolsa e tirou um recipiente transparente. — Faça xixi nisto. — Ordenou me entregando algo que segurei por reflexo. Oh merda. Alcancei para ver o conteúdo do saco. Testes de gravidez. Empalideci e me senti tonta. Vincent me segurou contra ele. — Fique tranquila. — Disse beijando minha testa. Como ia estar tranquila com ele trazendo testes de gravidez para mim? Olhei para ele interrogativamente. — Confie em mim. — Disse. — Está bem. — Queixei-me. 294

Olhei

para

que

saísse,

seu

olhar

me

indicava

categoricamente que não faria. Não discuti, tomei o pequeno recipiente e me concentrei unicamente em enchê-lo e ignorar o fato de que meu namorado, marido, estava me vendo. Que vergonhoso. Deixei-o no lavabo. —

Boa

garota.



Consolou-me

Vincent

enquanto

começava a abrir cada teste de gravidez e o submergia em minha urina. Sim, vergonhoso. Quando ele acabou contei 7 diferentes testes aguardando por nós no lavabo. Cada um de diferente marca. Não sabia o que dizer. Era um impacto total. — Não posso estar grávida. — Reclamei mais comigo mesma do que com Vincent. Ele me olhou. Sentou me puxando para o seu colo enquanto me abraçava. Olhei-o nos olhos. — Não posso estar. — Quando é seu período? Eu parei para pensar. Devia ter sido a 3 semanas atrás. Merda. — Três semanas atrás. — Respondi com voz embargada, ele levantou uma sobrancelha. — Mas eu sempre tenho atrasos. — Expliquei iludida. Não dissemos nada por vinte eternos minutos. Ele apenas me sustentou e agradeci seu apoio, esses eram momentos difíceis. Ele olhou para mim interrogativamente. 295

Era a hora. Agora ou nunca. Assenti. Ele me deixou sentada enquanto verificava os testes. Seu rosto era inexpressivo. Porra. Senti nauseia, de medo definitivamente. Uma eternidade depois ele me olhou. Não soube medir suas emoções. — As 7 coincidem no resultado. — Disse com voz séria. Tomei uma respiração e tentei me preparar mentalmente, o resultado mudaria minha vida de maneira definitiva. Eu me preparei. — Qual é o resultado? Ele olhou para mim. — Positivo. — Respondeu. Se não estivesse sentada poderia ter caído no chão. O impacto me deixou gelada. Estava grávida. Tinha um pequeno ser crescendo dentro de mim. Um filho. Meu e de Vincent. Lágrimas derramaram de meus olhos. Vincent me abraçou e olhou preocupado. Ele também chorava. E isso apenas me fez chorar mais. — Calma, amor. Essa é uma boa notícia, não esperava que acontecesse tão cedo, mas estou feliz para caralho. Temos uma pequena mistura sua e minha. Vamos ficar bem, teremos 296

um bebê, e sei que é jovem, mas te prometo que tudo ficará bem. Ambos o amaremos e sei que seremos bons pais, prometo que tudo ficará bem. Observei-o enquanto falava. Ele estava preocupado de que eu não quisesse o bebê? Oh Deus, meu amado Vincent. Pude encontrar esse medo em seus olhos. Senti meu coração apertar. — Vincent. — Comecei a dizer entre soluços — Eu choro porque é uma grande surpresa e não vou te enganar dizendo que não estou assustada, porque estou como a merda, mas estou feliz. Meu Deus! Não sabe a felicidade que estou sentindo independentemente das circunstâncias. Beijei-o antes que pudesse me dizer algo. Levantou-me e rodeei sua cintura com minhas pernas. — Obrigado, amor. — Sussurrou sorrindo. Sobre seu ombro pude ver os testes de gravidez, eu consegui vê-los. Tudo indicava que estava grávida. Um em especial chamou minha atenção. Tinha uma pequena tela digital. Peguei-a e a sustentei diante de mim enquanto Vincent me segurava para não cair. A tela indicava que estava grávida de 4 a 5 semanas. Abri os olhos, surpresa. Vincent sorriu alegremente. — Entre 4 e 5 semanas? — Perguntei sorrindo. Isso queria dizer que definitivamente tínhamos concebido durante nossas primeiras relações. Fodidas pílulas de merda, pensei amargamente. 297

Ele assentiu. — Amanhã de manhã vamos ao médico para nos assegurar que tudo esteja em ordem. Acessei. — Oh meu Deus... vamos ser pais. — Disse como se não pudesse acreditar ainda. Eu balancei a cabeça. Meu estômago roncou. — Tenho fome. — Vamos alimentar você e a esse pequeno. — Disse enquanto me levava para a cozinha. Descansei minha cabeça em seu ombro. Sentou-me em uma cadeira alta na mesa de café da manhã enquanto começava a cozinhar. Nem mesmo estava ciente de estar ali na cozinha, preparando

a

comida

enquanto

estava

completa

e

deliciosamente nu. — Acho que deveríamos estar nas mesmas condições. — Disse enquanto se aproximava e eu tirava sua camisa. Sorri. Ele era insaciável. Eu também era. Olhou fixamente o meu ventre, baixei o olhar para meu abdômen. Não tinha notado, mas realmente se notava uma barriguinha que eu não tinha. Ele cobriu meu ventre com sua mão e eu coloquei a minha sobre a dele. Oh Deus. Ele sacudiu a cabeça incrédulo.

298

— É real? Realmente está acontecendo? — Perguntou me olhando nos olhos. Assenti com a cabeça, não podia falar. — Nem eu posso acreditar ainda. — Consegui dizer. — É minha imaginação ou está muito grande? Eu bufei. — Querido, estou muito grande? Você não é o que leva um bebê dentro que espera ver dentro de uns meses, já não vai me querer quando for uma bola pesada. — Athena, te amarei mais, haverá mais de você para amar, se é que é possível, porra cumprirei todos os seus desejos e colocarei em uma casa isolada para te manter segura, você e o nosso filho. — Filho? Continua o chamando assim, poderia ser uma menina. — Debati. Ele se aproximou de mim e me abraçou. — Acredite em mim quando digo que tudo o que eu quero é que nasça sã e salva, mas tenho certeza que é um menino. — O que você gostaria que fosse, independentemente de sua certeza de que vai ser menino? — Menino... assim quando tivermos uma menina, ela terá quem a proteja. Sorri. Ainda não tinha nem 3 meses de grávida e já pensava em futuros filhos. Revirei os olhos, esse era meu homem. — O que apostamos? — Disse de um momento para o outro. Me interessei imediatamente. As coisas ficavam boas. 299

— Você diz. — Acessei. — Se for menino eu vou ter você por uma semana como eu quiser, quando quiser e onde quiser, não discutirá e só receberá o que eu te dê. — Eu gosto da ideia. — Respondi — E se não for menino? — Estarei a sua inteira disposição uma semana inteira, porra poderia me fazer seu escravo. — Explicou revirando os olhos. — De acordo. Beijei-o enquanto ele colocava suas mãos em meu ventre. Oh meu Deus. Poderia ser mais perfeito? Porra, não poderia ter imaginado nunca que ficaria grávida tão inesperadamente e que Vincent enlouqueceria de alegria pela notícia. Sentia-me tão feliz apesar de estar morrendo de medo, a gravidez era um processo longo e desconhecido para mim. Aconteciam tantas coisas que me aterrorizavam, e honestamente, o aumento do peito me incomodava. A gravidez apenas começava e meu busto aumentou consideravelmente. Não estava reclamando. Parecia sexy. Mas era assustador. Ele segurou meus peitos em suas mãos e os amassou. Deixei escapar um gemido. Sentia-me tão bem. — Não posso esperar para provar seu leite materno. — Sussurrou com esse olhar malicioso. Meu ventre saltou em excitação. DEUS. Esse homem ia me matar. 300

— É um pervertido. — Respondi sorrindo. Mas era meu pervertido, ao que não podia negar nada. Deus me ajude, dentro de uns meses as coisas poderiam ser quentes. Muito quentes. Separou-se de mim. — Bem, agora alimentemos este pequeno. — Disse contente — O que prefere comer? Eu pensei. O que desejava muito? Deus, agora que comecei a pensar eram tantas coisas as quais eu desejava muito. Soltei um gemido só de pensar. Vincent

me

escutou

e

elevou

uma

sobrancelha

interrogante. — É que agora que comecei a pensar, são tantas coisas as que desejo muito. — Expliquei timidamente. — Bem, escolha um por agora, mais tarde podemos atender cada capricho que tenha, meu amor. — Respondeu meigamente. —

Ovo

à

mexicana.



Choraminguei

desejando,

verdadeiramente com vontade, de comer uns ovos à mexicana — Com muita cebola e pimenta, por favor. Ele sorriu. — Imediatamente. Vi se deslocar pela cozinha enquanto preparava os ovos à mexicana e tirar lágrimas dos olhos enquanto cortava a cebola. Dez minutos depois tinha os ovos à mexicana mais deliciosos que já vi. Me deu água na boca. 301

Quase poderia ter chorado de prazer quando provei um bocado. — Estão bons? — Perguntou divertido. Assenti. Eu não era capaz de falar. Comi 5 omeletes e deixei o prato completamente limpo. Oh Deus. A esse ritmo seria um barril cheio. Mas demônios, valia tanto a pena. Não sabia que Vincent também comeu e me olhava satisfeito enquanto tomava um gole de água da Jamaica. — Já estou gostando disto da gravidez. — Comentou com esse sorriso malicioso. Corei. Não podia me acostumar com a ideia. Era tão irreal. — Amanhã iremos ao médico, quero que façam um exame geral para nos assegurar que tudo está em ordem, afinal, você continuou tomando suas pílulas e terá que ver se isso não afetou o bebê. — Explicou tomando água. Não. Meu bebê. Fortes soluços saíram de mim e não pude detê-los nem queria fazê-lo. Meu bebê. O bebê de Vincent. Ele não podia estar mal. Não Deus, por favor. — Fique tranquila, amor, estou certo que tudo está bem. — Consolou-me Vincent enquanto me abraçava e me apertava contra ele. 302

Afundei meu rosto em seu peito e continuei chorando. Ele tentava me consolar, mas não funcionava. Nada faria até que soubesse que tudo estava bem, que meu bebê estava bem, a salvo, crescendo forte e saudável. — Não quero que nada aconteça com nosso bebê. — Sussurrei olhando-o nos olhos. Eu vi por seu olhar quebrado, que também lhe afetava. — Não posso suportar. — Disse e me carregou até o seu quarto. — Comece a se vestir. Eu o vi pegar o telefone e fazer uma chamada. Fiz o que pediu e me vesti. No momento em que terminei, ele já tinha terminado a chamada e colocava rapidamente um jeans e uma camisa branca. Colocou seus sapatos e me olhou. — Pronta? — Perguntou. Assenti enquanto coloquei meus sapatos baixos. Não tinha certeza que poderia usar saltos nesse momento. Pegou minha mão e saímos para a garagem onde Jackson, seu guarda-costas, aguardava com a caminhonete ligada. Vincent abriu a porta para mim e ambos entramos. Com o carro em movimento me ajudou a me pôr o cinto de segurança. Vi Jackson nos olhar pelo espelho retrovisor, tinha um olhar compassivo, certamente meu aspecto devia ser patético e comovente nesse momento. — Onde vamos? — Eu perguntei entre soluços. Odiava soluços. Sempre os tinha depois de chorar.

303

— Vamos para o médico, é melhor tirar nossas dúvidas de uma vez. — Respondeu tomando minha mão entre as suas. — Tenho medo. — Admiti chorando novamente. Ele as limpou e me beijou. — Tudo estará bem. Assenti e encostei minha cabeça em seu ombro e continuei chorando. Ele não deixou de me abraçar mesmo quando entramos no consultório da doutora. Nem sequer escutei o nome dela, muito longe escutei vagamente Vincent lhe explicar nossa situação. Levantei quando me pediram uma amostra de urina e entrei no banheiro que estava dentro do consultório. Quando saí lhes entreguei a amostra. Uma enfermeira mediu minha pressão e tirou umas amostras de sangue. Respondi todas as perguntas que me fizeram. Verificaram meu peso. Anotaram minhas medidas. A doutora se retirou pelo tempo em que lhe entregaram os resultados dos exames de sangue e urina. Falou com um médico. Vi-os discutir a respeito dos resultados. Vincent me abraçou durante todo o tempo. O que para mim foi uma eternidade depois, pediram-me para pôr uma bata cor de rosa. Fiz e Vincent me ajudou a fazêlo apesar das réplicas das enfermeiras por privacidade. Ele bufou grosseiramente e disse que era sua mulher, que não me deixaria sozinha. Isso me fez sorrir.

304

Levaram-me para uma maca onde me pediram para deitar e pôr minhas pernas em uns estribos. Franzi o cenho, mas não protestei mesmo quando estive completamente aberta à vista de todos. A doutora me deu uma manta para me cobrir, ela colocou umas luvas e explicou a respeito de um ultrassom vaginal. Merda. Fiquei tensa, mas não me neguei que essa maldita sonda branca coberta por uma camisinha entrasse em mim. Vincent segurou minha mão entre as suas e sussurrou palavras carinhosas. Pude ver a doutora e o doutor sorrir com nossa cena. Ruborizei. A tela se mostrava imprecisa. E foi aí que eu o vi. Eram umas pequenas bolinhas brilhantes na tela. Os médicos se olharam, falaram uns momentos em voz baixa e assentiram de acordo enquanto sorriam enquanto a doutora olhava desconfortável. — Bem, fico feliz em dizer, senhorita Rousseau, que está em perfeito estado de saúde, assim como seus bebês, felicidades, está esperando trigêmeos. — Disse a doutora. Trigêmeos. Deus. Estava grávida. De trigêmeos! Não um... nem dois... TRÊS!

Fim 305

PRÓXIMO E ÚLTIMO LIVRO

Não me deixe cair A história de Vincent e Athena continua. Após um casamento apressado.... Uma gravidez não planejada... Esse é o início de uma nova vida para os dois. Após uma união perfeita baseada no amor, era impossível que os problemas não aparecessem. Até porque, os problemas unem às pessoas, não é mesmo? Ou as separam? Uma coisa é certa, tudo começou com um amor proibido e apesar disso era mais real do que um amor socialmente aceitável. Se puderam superar e conseguir que a família da Athena aceitasse sua relação e os permitissem unir suas vidas em matrimônio... também poderiam conseguir com a dele? Eva, William e os senhores Coleman, aparecem de repente na vida deles... com as cabeças cheias de mil e uma perguntas. Mas não aparecem sozinhos... Melissa Whittemore, sua namorada de infância, retorna à vida de Vincent. Exigindo uma explicação e com toda a intenção de recuperá-lo: a qualquer preço. Nem tudo é perfeito, uma tempestade de emoções tentará destruir o amor entre Vincent e Athena. Com vários problemas batendo à sua porta, se têm muito em que pensar... além da possível paternidade. Só resta a esperança de que ao final das adversidades virá a paz, e que nenhum deixe de apoiar o outro quando a escuridão governar seus dias.

Aguarde... 306

Agradecimentos Olá leitores e leitoras, são tantas palavras que quero lhes dizer, Deixa de me sufocar é uma história que comecei a escrever por prazer e diversão, Libros Del Eielo foram os primeiros a me dar a oportunidade de me apresentar como escritora. É meu começo como escritora e como eu disse antes, só quero fazê-los sorrir como minhas autoras favoritas me fazem sorrir cada vez que leio um livro (assim espero fazê-los rir com alguma cena). Quero fazer uma menção especial (prometi para mim mesma), às garotas mais geniais que conheci: Carol Vanessa, Shari Bo, Jess Rowe, Juaniita, ximee!!! Lina E, Isabela G, luce_11, mikizz, Ariadna, Marilyn, kamii, Albaricoquex, marimagda81, etc. (são muitas para mencionar, me desculpem, mas sabem que lhes agradeço, assim como aos leitores que seguiram essa história, mas não comentaram). Sem vocês e seu imenso apoio, seria ainda uma história de gaveta, então sim, se não fosse por vocês não teria me animado a continuar compartilhando esse romance, portanto têm os créditos dessa história, OBRIGADA por acreditar em mim e dar uma oportunidade ao Vincent e Athena, lhes desejo o melhor agora e sempre, desejo bem a vocês garotas. E como não mencionar ao fórum Libros Del Cielo, é o lugar onde encontrei um lar e um refúgio, obrigada por me deixar compartilhar minha história com vocês. (Também, já sem abusar desse espaço, quero dedicar o romance a toda minha família, os amo: mamãe, papai, irmão, irmã (estrela), e cunhada). Sem mais o que dizer no momento, lhes desejo uma feliz leitura e desculpem se encontrarem algum erro de ortografia que não tenha corrigido.

Elizabeth Michel 307

Sobre a autora Elizabeth Michel é uma escritora mexicana, sendo Deja de Sofocarme seu primeiro livro finalizado, o qual não existe versão física do mesmo. Michel publicou essa história no fórum de fanfics Livros Del Cielo, onde também publicou suas autorias I Just Want To Scare My Fears e Cenizas De Un Amor De Infancia. Adora comer chocolate ou algo gordurento e com muitas calorias, gosta da flor de calêndula e seu aroma. Se define como o tipo de garota que prefere fazer algo tranquilo como ler deitada na cama mesmo quando sua irmã Estrela aparece para lhe atirar travesseiros ou se deitar em cima do livro que esteja lendo. A própria autora incentiva à distribuição de suas histórias, desde que respeite e não tire seus créditos. Também incentiva o contato do público com ela e o compartilhamento da opinião dos fãs sobre suas histórias através de suas contas oficias:

Facebook:

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Fã page:

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Outras histórias de sua autoria pelo blog: http://elizabethmichel-author.blogspot.mx/

Esta é uma obra de ficção. Foi feita sem fins lucrativos e é de distribuição gratuita. Não devem ser levados a sério os conceitos utilizados. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é pura coincidência. Elizabeth Michel, 2013. Todos os direitos reservados. SAFE CREATIVE (c) 1311129240239

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Elizabeth Michel - Deja De Sofocarme #1 - Pare de me Sufocar [revisado]

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