BAUDELAIRE et elii. Manual do Dandy. Trad. de Tomaz Tadeu. BH. Autêntica. 2009.

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(.2ue é, pois, essa paixão

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transformada em doutrina, fez adeptos poderosos, essainstituição não escrita que formou uma casta tão altiva? Ê, antes de tudo, a necessidade ardente de D

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pode sobreviver até mesmo-a tudo aquilo que se chama de ilusão. E o prazer de surpreender e a satisfação orgulhosa de jamais se surpreender. Charles Baudelaire

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Leia também da colação Mimo: Antropologia

do Ciborgue

-- As vertigens

do pós humano . Meu coração desnudado . O casacode Marx -- Roupas, memória, dor

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autêntica

Uma maneira

de se vestir? De se portar?

Um

estilo de vida? Submissãoà moda? A sua invenção

ConÉomtidade?Originalidade? Impassibilidade Uma atitude? Uma prática? Uma visão de mundo? Unia

6ilosoâE

Hipertroâa

do cuidado

com

a

aparência? O que é, afinal, o dandismo?

Um âenâmenobritânico do séculoXVll? Um discurso francês do século XVlll?

Uma mania

passageira? Uma tendência universal?

Frio? Fleumático? Elegante?Pedante?Ruidoso? Escandaloso?

Imperturbável?

Quem

é,

afinal, o dândi George Brummell. D'Orsay. Charles Baudelaire.

Oscar Wilde. Robert de Monstesquiou. Marcel Proust. Jogo do Rio. Santos Dumont. Christian Dior. Quem âoi, quem é dândi?

Não importa: o dandismovivei Numa literatura que não para de crescer. Em recantos da Intemet. Na obsessão contemporânea com o estilo e com a aparência. Não o mesmo, nem o mesmo

nome, talvez. Mas o mesmo espírito, a mesma detemunação

a viver a vida com estilo.

Os textos aqui reunidos constituem uma espé-

cie de suma do dandismo. Baudelaire dá Ihe sua expressão mais sintética Balzac benta, ainda que

indiretamente, fixar-lhe os princípios. D'Aurevilly

ruça-lhe o retratovivo: GeorgeBrumme]]. Ser dândi: não é para todos SÓ para os /zappy

Jeir/, como queria Stendhal, que talvez tenha sido

um. Não desista.

Manual do dândi A vida com estilo

Charles Baudelaire Hlonoré de Balzac Barbey d'Aurevilly

M anual do dândi A vida com estilo

ORGANIZAÇÃO,TRAOUÇÃOENOTAS

Tomaz Tadeu

autêntica

Copyright da tradução © 2009 by Tomaz Tadeu PROJETOGRÁFICO DA CAPA

DiogoDroschi

Sumário

EDITORAÇÁO ELETRÕNICA

Luiz FlávioPedrosa WaidêniaAlvarengaSantosAtaide REVISÃO

Ana Caroiinade Andrade Aderaldo EDITORA RESPONSÁVEL

RejaneDias CharlesBaudelaire, "Le dandy". seção IX de "Le peintre de la vie moderne' Honoréde Balzac."Traité de la vie élégante Barbeyd'Aurevilly. Du dandysmeet de George Brumme//.

/

Apresentação

Revisadoconforme o Novo Acordo Ortográfico

111EX Hê UdlglES s:

11

O dândi -- Charles Baudelaire 21

AUTÊNTICA EDITORA HDA. Rua Aimorés, 981 , 8' andar . Funcionários

Tratado da vida elegante

30140-071 . Belo Horizonte . MG Tel:(55 31) 3222 68 19 www .autenticaeditora.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Pubjjcação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro. SP.Brasil) Balzac.Honoréde,1799-1850 Manual do dândi: a vida com estilo / Honoré de Balzac.Charles Baudelaire.Barbeyd'Aurevilly; organizaçãotradução e notas Tomaz Tadeu.- BeloHorizonte : Autêntica Editora . 2009. (CoieçãoMimo)

ISBN:978-85-7526-382-2

d'AureviDy 209 Dândis e dandismo: ü.ases 217 Dandismo:

1. Balzac.Honoré de. 1799-1850 - Crítica e interpretação 2. Baudelaire. Charles.1821-1867 - Crítica e interpretação3. Dandismo na literatura 4 D'Aurevilly, Barbey,1808-1889 - Crítica e interpretação1.Tadeu, Tomaz CDD-1843.09 Índices para catálogo sistemático 1. Dandismo na literatura 843.09

de Balzac

113 O dandismo e George Brummell -- Barbey

TELEVENDAS: 0800 283 13 22

09-01269

Honoré

biblioteca

básica

221 Dandismo na Internet

Apresentação

Mafzu.zl do dándí reúne três textos fundamentais da literatura sobre o dândi e o dandismo: ''O dandismo'', de Charles Baudelaire; ''Tratado da vida elegante'', de Hlonoré de Balzac; e O dandÍsmo e George Brummel/, de Jules Barbey d'Aureviay. "0 dandismo''

constitui

uma das seções do en-

saio de Baudelaire "0 pintor da vida moderna", que localiza a obra do pintor â'ancêsConstantin Guys. Foi publicado pela primeira vez, em três partes, em novembro-dezembro

de 1863,

no jorna]

]l.e Fegaro.

O ''Tratado da vida elegante'' âoi publicado, em õagmentos, na revista JI,aMade, entre 2 de outubro e 6 de novembro de 1830. Balzac não cumpriu o plano que tinha em mente para o tratado, deixando-o

inconcluso. O dandÍsmo e Geo«e Brumme/J Éoi publicado pela

primeira vez em 1845, em tiragem reduzida,pelo livreiro Guillaume Trebutien, amigo de d'AureviUy. 7

Uma segunda edição, acrescida de um prefácio, eoi

duas das acepções registradas pelo dicionário .fÍouafss:

publicada pelo editor Poulet-Malassis, em 1861. O livro recebeu, em 1879, uma terceira edição, desta

''ato de se lavar, pentear, maquilar, vestir, etc." e ''apo-

vez pelo editor .NphonseLemerre, acrescidade um ensaio (não reproduzido na presente edição) sobre Antonin Nompar de Caumont, Duque de Lauzun

também ao conjunto daspeças de vestuário, adereços,

(1632 1723), considerado

por d'Aurevilly

como

um precursor dos dândis (tese anunciadajá no título, Urz díznd7 d'at,czfzf /es dczndys

"Um

dândi antes

dos dândis''). Dada a grande quantidade de nomes menciona-

dos nos ensaiosde Balzac e de d'Aurevilly, organizei

um índice onomásticapara cadaum dessestextos. Como se poderá observar, limitei-me a 6omecer os dados básicos (nome completo; datas de nascimento

e morte; indicação mínima de ocupação, atividade ou situação) a partir dos quais se poderá, se ddejável, levar a pesquisa adiante. A mesma economia orientou a redução das notas. Para evitar repetição, já que aparece Êequen temente nos três textos, baço aqui, antecipadamente, uma observação sobre a tradução da palavra foíierre, que traduzi, consistentemente, por ''toalete''.

Deve-

se ter em mente, entretanto, que, em francês, a palavra tem uma abrangência mais ampla que o seu equivalente português. Aparentemente, no portuguêsbrasileiro atual, a suautilização restringe-sea 8

sento sanitário; banheiro". Em â.ancês,[oí/efferefere-se

enfeites, cosméticos e demais artiücios utilizados no cultivo e manutenção de uma certa aparência.E, em geral, com essesentido que a palawa aparecenos textos que compõem a presente antologia.

O dândi Charles Baudelaire

O homemrico, dedicadoao ócio e que, mesmo aparentando indiferença, não tem outra ocupação que a de comer no encalço da felicidade;

o homem criado no luxo e acostumado,desdea juventude, a ser obedecido; aquele, enfim, que não tem outra procissão que não a da elegância, gozará

sempre, em todas as épocas, de uma fisionomia diferente, inteiramente à parte. O dandismo é uma instituição vaga, tão bizarra quanto o duelo; muito antiga, pois dela Casar, Catihna, Alcibíades nos dão exemplos impressionantes; muito geral, pois Chateaubriand

descobre-a

nas florestas e às margens dos

lagos do Novo Mundo. O dandismo, uma inst:ituição à margem das leis, tem leis rigorosas a que estão estri-

tamente submetidos todos os seussúditos, quaisquer que soam, aliás, a impetuosidade e a independência próprias de seu caráter.

Os romancistas ingleses têm, mais do que os outros, cultivado o romance da /zeg/z leme, e os 13

francesesque, tal como o Sr. de Clustine:,pre tenderam escrever especialmente romances de amor, tiveram, de início e muito judiciosamente, o cuidado de dotar seuspersonagens de fortunas

muitas pessoas pouco

suficientemente grandes para poderem pagar sem

seu espírito. Assim, a seus olhos, obcecado, acima de tudo, por dísfínção,a perfeição da toalete estána simplicidade absoluta que é, de Eito, a melhor maneira de se distinguir. (2ue é, pois, essapaixão que, transformada em doutrina, fez adeptos poderosos, essainstituição não escritaque 6omiou uma casta

hesitação todas as suas fantasias, dispensando-os, em

seguida,de qualquer pro6lssão.Essesseresnão têm outra ocupaçãoa não ser a de cultivar a ideia do belo em sua pessoa, de satisfazer as suas paixões, de

sentir e de pensar. Dispõem, assim, a seu bel-prazer

e em grande quantidade, de tempo e dinheiro, sem os quais a fantasia, reduzida ao estado de devaneio passageiro,diâtcilmente pode ser traduzida em ação. E bem verdade,infelizmente, que sem tempo livre e semdinheiro, o amor não passade uma orgia de plebeu ou do cumprimento de um dever conjugal. Torna-se, em vez da atração ardente ou plena de fantasia, uma repugnante ufí/idade.

sensatas parecem acreditar,

um gosto imoderado pela toalete e pela elegância

material. Essascoisasnão são, para o peúeito dândi, senão um símbolo da superioridade

aristocrática de

tão altiva? E, antes de tudo, a necessidadeardente de

se equipar, dentro dos limites exteriores das conveniências,de uma certa originalidade. E uma espêcie de culto de si mesmo, que pode sobreviver à busca da felicidade a ser encontrada em outrem, na mu-

lher, por exemplo; que pode sobreviveratémesmo a tudo aquilo que se chamade ilusão.E o prazer de surpreender e a satisfaçãoorgulhosa dejamais se

Se eHo do amor a propósito do dandismo é porque o amor ê a ocupaçãonatural dos que se dedicam ao ócio. Mas o dândi não visa o amor como

surpreender. Um dândi pode ser um homem que

objetivo especial.Se ÊHeide dinheiro é porque o

enquanto era roído pela raposas

dinheiro

é indispensável

às pessoas que Cozem de suas

aparenta indiferença,

talvez um homem que soara;

mas,nesseúltimo caso, sonirá como o lacedemânio

Vê-se que, sob certos aspectos,o dandismo

paixõesum culto; maso dândi não aspiraao dinheiro como a algo essencial;um crédito ilimitado é o

con6lna com o espiritualismo e com o estoicismo.

bastante; ele deixa essagrosseira paixão aos vulgares

gar. Se cometesse

mortais. O dandismo não é nem mesmo, como

degradado; mas se essecrime tivesse nascido de uma

14

Mas um dândi não pode nunca ser um homem vulum crime,

15

talvez não se sentisse

espirituahsmol Paraaquelesque são,ao mesmo tem-

de destruir a trivialidade. Vem daí, nos dândis, essa atitude altiva de castaprovocadora, até mesmo em sua Êieza. O dandismo surge sobretudo nas épocas transitórias em que a democracia não ê ainda todopoderosa, em que a aristocracia está enÊaquecida

po, seus sacerdotes e suasvítimas, todas as condições

e desvalorizada apenas parcialmente. Na confusão

materiais complicadas às quais se submetem, desde a

toalete irretocável, a qualquer hora do dia e da noi-

dessas épocas, alguns homens, deslocados de sua classe, descontentes, destituídos de uma ocupação,

te, até aos mais arriscados movimentos do esporte, não passam de uma ginástica destinada a Éorti6lcar a

mas todos ricos de uma corçainata, são capazesde conceber o projeto de fundar uma nova espéciede

vontade e a disciplinar a alma. Na verdade, eu não

aristocracia, tanto mais diâcil de abater quanto estará

estavainteiramente errado em considerar o dandismo

baseadanas mais preciosas, nas mais indestrutíveis faculdades,e nos dons celestesque nem o trabalho

razão trivial, a desonra seria irreparável. (.2ue o leitor não se escandalize com essa gravidade no ítívolo

e

que se lembre de que existe grandezaem todas as loucuras, uma corçaem todos os excessos.Estranho

como uma espéciede religião. A mais rigorosa regra monástica, a ordem irresistível do Ue//zoda Mbnfan;zd, que determinava que seus discípulos inebriados se suicidassem, não era mais despótica nem mais obedecido do que essa doutrina da elegância e da

originalidade que impõe, igualmente, a seusambiciosos e humildes seguidores, homens muitas vezes cheiosde ardor, de paixão, de coragem, de energia contida,

a terrível

fórmula:

Denominem-se

Pen'nde .zccadczperl

eles refinados, incríveis, belos,

nem o dinheiro podem conferir. O dandismoé o último rasgo de heroísmo nas decadências; e o tipo

do dândi encontrado pelo vi4ante na Amêrica do Norte não invalida, de maneira alguma, essaideia: pois nada impede que se pense que as tribos que denominamos se/t,aKefzs sejam os resquícios de grandes civilizações desaparecidas. O dandismo é um sol

poente; como o astro que declina, ê soberbo, sem calor e pleno de melancolia. Mas, desgraçadamente, a maré montante da democracia -- que invade tudo

leõessou dândis,não importa: têm todos uma mesma origem; sãotodos dotados do mesmo caráter de oposição e de revolta; sãotodos representantesdo que há

e tudo nivela -- abunda diariamente

de melhor no orgulho humano, dessa necessidade,

bastanterara nos homensde hoje, de combatere

Os dândis tomam-se, entre nós, cadavez mais raros, enquanto entre nossosvizinhos, na Inglaterra,

16

17

esses últimos

representantes do orgulho humano e lança vagas de

olvido sobre os traços dessesprodigiosos mirmidões.

o estado social e a constituição (a verdadeira, a que

se exprime pelos costumes) deixarão por muito tempo ainda um lugar aosherdeiros de Sheridanõ,

se deixar emocionar; dir-se-ia que se trata de um fogo latente que se deixa adivinhar que poderia vir a brilhar, masnão quer. E o que seexpressacom

de Brummell7 e de Byrons, desde que, no entanto,

peMeição nessasimagens:'

apresente-se quem deles seja digno.

Notas do tradutor

O que pode ter parecido ao leitor uma di gressão9não o é, na verdade. As considerações e os

Custine

devaneiosmorais que surgemdos desenhosde um artista são, em muitos casos,a melhor tradução que o crítico pode fazer deles; as sugestõesfazem parte de uma ideia-matriz e, ao mostra-las em sucessão,é

2

suportar que ela Ihe roesseo ventre a se deixar denunciar' (E«.Íos,

dizer que o Sr. G., quando esboçano papel um de

privilegiados nos quais o belo e o temível se con-

1, 14)

'Velho da Montanha" era o nome pelo qual era designadoAla Ed Din(ou Assar lbn baba), chefe dos Haschischins, seitaque

seusdândis, confere-lhe sempre um caráter histól-ico

sempre tranquilas mas reveladoras de uma certa corça, que, quando nosso olhar descobre um desses seres

O episódio do garoto lacedemõnio é assim narrado por Montaigne: "Um simples menino de Lacedemânia, tendo furtado

uma raposa e tendo-a escondido sob o casaco,preferiu

possível fazer com que ela se deixe adivinhar. Preciso

ou, ousariadizer, senão setratassedo tempo presente e de coisas geralmente consideradas como divertidas, atê mesmo lendário? E é precisamente essasuavidade nos gestos, essasegurança nas maneiras, essasimplicidade no ar de dominação, essemodo de vestir uma casacae de conduzir um cavalo, essasatitudes

Astholphe-Louis-Léonor, Marquês de Custine(1790

1857), escritor âancês.

se estabeleceu, em 1090, nas montanhas da Pérsia setentrional Máxima de obediência passiva e absoluta("Como um cadáver") ao Papa e àsautoridades religiosas, prescrita por Início de Loyola

l

aosJesuítas.

Como estáimplícito nestapassagem,"leão", tal como os outros termos listados, é sinónimo de "dândi". Segundo o dicionário

Littré (1860-1876), /íofzé um "termo vindo da Inglaterrae que, por alusão aos leões da torre de Londres, visitados por todos os turistas, Goi aplicado, inicialmente, a personagens célebres por

uma razão qualquer e que a alta sociedade convidava para se vangloriar

com

sua presença.

[...]

Diz-se,

por

extensão,

com

fiindem tão misteriosamente, nos fazem pensar: ''Eis

referência ajovens ricos, elegantes, livres nos seuscostumes, que

aqui, talvez, um homem rico; mais provavelmente, porém, um Hlérculessememprego'

despesas". No mesmo verbete, o Littré cita esta passagem do

O caráter de beleza do dândi consiste sobretudo no ar Êio que provém da inabalável resolução de não 18

aEetamuma certa originalidade e, em particular, Cozemgrandes

livro Ir iíoízamo re x (1841), de Frédéric Soulié (1800 1847): 'Sabe-seque a taça à qual o leão pertence sempre existiu, na França, sob nomes variados: assim, o /eãochamou se outrora refinado, muKuef,homem de grande fortuna, rosé;mais tarde, 19

muscadín, incrível, maravilhoso;recentemente. enfim. dândi e JmAíonable; hcÜe, /eão é como é nomeado '

Richard

Brinsley

Butler

Sheridan

(1751-1816),

dramaturgo

e

político inglês. ' George Bryan Brummel1 (1778-1840), conhecido BmmmeZI. "Beau", além do sentido literal("belo"),

como Beata tomado de

empréstimo ao Êancês,era sinânlmo de "dândi", do qual BrummeU Hoiconsiderado um perfeito exemplar. Ver, nesta antologia,

O dandísmo, um longo ensaiode Barbey d'Aureviny sobreo dândi supremo, George Brummell.

; GeorgeGordon Noel Byron, Lorde Byron (1788-1824),poeta romântico inglês

' Isto é, digressãorelativamenteao tema tratado(a obra do pintor Constanún Guys, referido pelasiniciais G. ou C. G.) no ensaio ;0 pintor da vida moderna", do qual o presentetexto é uma das seções (IX).

Tratado da vida elegante

io Baudelaire refere-se às imagens contidas nos desenhos, aquarelas

Honoré de Balzac

e esboçosdo pintor ÊancêsConstantin Guys (1802-1892), objeto

do ensaio"0 pintor da vida modema", do qual âoi extraído o presente texto. l

20

PRIMEIRAPARTE

Generalidades

Menu agitat molent' Virgího

Adivinha-se o esoÍrito eSPÍrito de um homem pela maneira comoporta a st4abengala. Traduçãolmhíonable

Capítulo l

Prolegâmenos

A civilização distribuiu os homens em três segmentos... Teria sido 6acil, para nós, colorir nossascategorias à maneira do Sr. Charles Dupin; mas,

como o charlatanismoseriaum contra sensonuma obra de ÊHoso6ia cristã, evitaremos misturar a pintura aos x da álgebra e nos esâorçaremos, ao dissertar sobre

as doutrinas mais secretasda vida elegante, por nos fazermos compreendidos até mesmo por nossosantagonistas -- as pessoas que calçam botas reversas2

Ora, astrês classesde serescriadaspelos costumes modernos são: o homem que trabalha; o homem que pensa; o homem que não Eaznada Resultam daí três fórmulas de existência bastante

completas para exphmir todos os gêneros de vida, desde o romance poético e vagabundo do boémioaté a história monótona e soníâerados reis constitucionais. 25

r segmentos de um mesmo círculo, o mesmo instru

A vida ocupadas a vida de artistas

mento com um tipo diferente de cabo. Deitam se e levantam-secom o sol: uns com o canto do galo, outros com o clarim. Estes com uma calçade pele,

a vida elegante.

Da vida ocupada

duas vias de lã azul e botas; aqueles, com os pnmetros

O tema da vida ocupada não tem variantes. Ao ocupar as mãos, o homem abdica de todo um destino; ele se torna um meio e, apesarde toda a

farrapos encontrados. Todos, com as comidas mais

nossa 6Uantropia, apenas os produtos de seu trabalho

se tornam merecedores de nossa admiração. Por

toda parte, o homem se postamaravilhado diante de alguns montes de pedra e, caso se lembre dos que as empilharam, é para ter pena deles;se ele ainda vê o arquiteto como uma grande mente, seus operários não passam de espécies de correias

de transmissãoe confundem-se com os carrinhos

primitivas. Golpear o gessoou golpear homens, recolher vagens ou golpes de sabre, este ê, a cada estação,

o texto de seusesforços.O trabalho pareceser, para eles,um enigma do qual buscam a respostaaté o 6im de seus dias. Muito 6equentemente

o triste castigo de

suaexistência é recompensado pela aquisição de um pequeno banco de madeira em que se senta à porta de uma choupana,sob um sabugueiroempoeirado, sem receio de ouvir um lacaio dizer-lhe: "Vamos, homeml

não damos aos pobres mais

do que asegunda-beira.

de mão, as pás e aspicaretas. Trata-se de uma injustiça? Não. Semelhantes às máquinas a vapor, os homens arregimentados para o trabalho são todos produzidos da mesma forma e não tem nada de individual. O homem-

pelo pão no .zrmárío, e a elegância,por um baú de

instrumento é uma espéciede zero social: ainda que

rio são tipos menos degradados da vida ocupada; mas

os zeros sejam muitos, nunca chegarãoa formar um número inteiro senão forem precedidos de um

a sua existência está ainda marcada pelo cunho da vulgaridade. Ê sempre o trabalho e sempre a correia de transmissão: só que, no seu caso, o mecanismo

algarismo significativo. Um

diarista, um pedreiro,

um soldado são

os fragmentos uniformes de uma mesma massa,os 26

Para todos essesinâehzes, a vida é detemunada

roupa velha.

O pequeno varejista,o subtenente,o escriturá-

é um pouco mais complicado. E a inteligência movimenta-se modestamente. 27

r Longe de ser um artista, o alfaiate apresenta-se sempre, no pensamento dessaspessoas, sob a forma

encontraremos o médico, o padre, o advogado, o notário, o pequeno magistrado, o grande negociante,

de uma implacável natura: eles abusam da instituição dos colarinhos Casos,martirizam-se por algum

o Êidalgotede província, o oficial superior, etc.

luxo ocasional como se cora um furto deito aos seus

mente apeúeiçoados, cujas bombas, correias, balan-

credores e, para eles, uma carruagem significa um veículo de aluguel -- pequeno, nas circunstancias ordinárias; um pouco maior, nos dias de enterro ou casamento.

cins, cujas engrenagens, enÉlm, cuidadosamente po lidas, 4ustadas, azeitadas,cumprem suasrotações sob

Esses personagenssão aparelhos maravilhosa-

seusenfeitadosenvoltórios. Mas é sempreuma vida de movimento em que os pensamentosnão sãoainda

Se não entesouram como os trabalhadores

nem livres nem muito fecundos. Esses senhores são

braçais, a fim de garantir, na velhice, o sustento e o

obrigados a cumprir diariamente um certo número de

agasalho, a esperança de sua vida de abelha não vai muito além: a posse de um quarto bastante fho, no quinto andar, na rua Boucherat; depois, um capote e

luvas de percal cru para a mulher; um chapéu cinza e uma meia-taça de café para o marido; a educação de Saint-Denis3 ou uma meia-bolsa para os 6Uhos,o

percursos,inscritos em agerzdas. Essespequenos livros substituem os bedéis que os atomtentavam outrora no colégio e Cozemcom que lembrem a toda hora que são os escravos de um ser de razão mil vezes mais

caprichoso e mais ingrato que um soberano.

cozido com ervas, duas vezes por semana, para todos.

Quando chegam à idade do repouso, o sentimento delas/zíotz obliterou se,o tempo da elegância

Sem serem totalmente zeros nem totalmente

se âoi para sempre. Assim, a camiagem que os con-

núme-

ros inteiros, essascriaturas são, talvez, decimais. Nessa cidade dolenfe4,a vida é determinada por

uma pensão ou alguns títulos da dívida nacional, e a elegância, por lençóis âanJados, uma cama de cabeceira abauladae candelabroscom redoma de vidro. Se avançamos mais alguns degraus na escala so-

cial, na qual aspessoasocupadassobem e se equilibram

como musgo nos cordamesde um grande edifício, 28

duz é feita de estribos prolongados, destinadosaos mais diversos 6inss,ou decrépita, como a do célebre

Portal. Entre eles,o preconceito da caxenlira' ainda está vivo; suas mulheres carregam vistosos colares e pesados brincos; seu luxo é sempre uma poupança;

em suacasa,tudo é cosido,e pode-se ler em cima da porta: "Fale com o suíço''7. Sena soma socialcontam como números, eles são as unidades. 29

Para os novos-ricos dessaclasse,a vida é de-

acertar uma qt4adra na loto, ser$1ho de milionário, p7íttcipe,

terminadapelo título de barão,e a elegânciapor

ter uma sinectlra ou acumular vantagens.

um emplumado criado em libré de caça ou por um camarote no Teatro Feydeau.

Da vida de artista

AÍ temlina a vida ocupada.O alto funcionário,

o prelado,o general,o grandeproprietário,o ministro, o valete8, os príncipes estão na categoria dos ociosos e pertencem à vida elegante.

Após ter concluído essatriste autópsiado corpo social, um âHóso6osente tanta repulsa pelos preconceitos que levam os homens a passaruns pelos outros evitando se como cobras que ele tem necessidade

de dizer: ''Não construo uma nação como quero, aceito ajá deita" Este resumo da sociedade,considerado globalmente, deve ajudar a conceber os nossos primeiros aforismos, que âormulamos assim:

\. O obetivo da vida civilizada oü selvagemé o repouso.

O artista é uma exceção: sua ociosidade é um tra-

balho e seu trabalho, um repouso; ele é, altemadamente, elegante e desleixado; veste, a seu bel-prazer, a camisa do

operado, e decide-se pelo 6-fique tmyadopelo homem da moda; pão está sujeita!!çj!;.elç.asjlHpõe=

Quer se ocupe em fazer nada ou planeje uma obra-prima, sem parecer ocupado; quer controle um cavalo com um bocal de madeira ou conduza a rédeas soltas os quatro cavalos de uma caleche; quer

mal tenha vinte e cinco centavos no bolso ou espalhe ouro àsmãos cheias: ele é sempre a expressão de um grande pensamento e domina a sociedade.

Quando o Senhor Peel entrou na casado Visconde de Chateaubriand, encontrou-se num gabinete em que todos os móveis eram de carvalho:

11. 0 repouso czbso/tifoprodt4z o [édío.

o ministro trinta vezes milionário

111..,4 uída e/e2afzfeé, numa czcepção czmp/ado fe/7no,

imediatamenteo quanto essasimplicidade erahurniIhante para as mobílias de prata ou de ouro maciço que atravancam a Inglaterra.

a arte de attimar o repouso. \N. O homem habituado ao trabalho ttão pode compreendera vida elegante.

compreendeu

Jtutar do repousosemter passadopelo trabalho,ou seja,

O artista ê sempre grande. Ele tem uma elegân cia e uma vida próprias, porque nele tudo reftete a suainteligência e a suaglória. Tantos quantosforem

30

31

V. Corolário.

Para ser Eashionable, é preciso des-

os artistas, tantas serão as vidas caracterizadas por ideias novas Neles, alm;z/otznão deve ser imposta: essesseresindomáveis moldam tudo a seu gosto. Se tomam possede um símio ê para transGigurá-lo.

Segundonossohonrado amigo, E. de G., isso signiâcaria: a nobreza transportada para as coisas.

De acordo com T.-P. Smith: a vida elegante é o princípio âecundante da indústria.

Dessadouü-ha deduz-se um aforismo europeu: VI. Um arfísfa pít'e como gt#er, ou. .. Como pode.

Segundoo Sr.Jacotot, um tratado sobrea vida elegante é inútil, considerando-se que ele se encontra todo em Te/émaco. (Ver a Cofzsfíf irão de Sa/ente.)

Da vida elegante

A se dar crédito ao Senhor Cousin, isso signifi-

Se deixassede de6lnir a vida elegante, estetra LadoseriaÉHho.Um tratado sem definição é como um coronel amputado das duas pemas: não consegue andar. Definir é abreviar: abreviemos, pois.

caria, numa ordem de pensamento mais elevada: ''O exercício da razão, necessariamente acompanhado do

exercício dos sentidos, da imaginação e do coração, que, misturando-se

às instituições primitivas,

às ilu-

minaçõesimediatas do animalismo, vai tingindo a De$ ttições

vida

A vida eleganteé a peúeição da vida exterior e material. Ou então: a arte de despenderas suasrendas como homem de espírito. Ou ainda: a ciência que nos ensina a não fazer nada como os outros, mas aparentando fazer tudo como eles. Mas talvez melhor ainda: o desenvolvimento da graça e do gosto em tudo aquilo que nos é próprio

e nos rodeia. Ou mais logicamente: saber orgulhar-se de sua fortuna. 32

com

suas cores".

(Vejam

a página

44 do Ct4rso

que a expressão poda eZegcznfe não constitui, na verdade, um enigma.) Na doutrina de Saint-Simon: dcz /zlsfórícz da.#/osoÚa, se é

A vida elegante set-iaa maior doença de que uma

sociedadepoderia so6er, partindo deste princípio: ''Uma grandefortuna é um roubo'' SegundoChodruc: ela é um tecido de fi-ivolidades e palavras ocas. A vida elegante comporta certamente todas essas definições subalternos, perífrases de nosso aforismo 111; mas ela encerra, na nossa opinião,

questões ainda mais importantes e, para permanecer 33

fiel a nosso sistema de abreviação, vamos tentar

.à MczHcífd de À4onígomeO' acende nesses homens

desenvolvê-las.

vilizados uma paixão geral pela ./i)rft4rza, expressão

Um povo constituídoapenasde ricos é um sonho político impossível de ser realizado. Uma nação compõe-se necessariamente de pessoasque

que tipifica todas as ambições particulares; pois do desejo de não pertencer à classesofrida e humilhada derivam a nobreza, a aristocracia, as distinções, os

produzem

cortesões, as cortesãs, etc.

e de pessoas que consomem.

Como

se

ci-

explica que aquele que semeia,planta, rega e colhe é precisamente aquele que menos come? Esseresultado é um mistério muito fácil de ser deciâ'ado, mas que muitas pessoasse comprazem em considerar como um grande pensamento providencial. Daremos, talvez, a sua explicação mais tarde, ao chegamios

Mas essaespéciede febre que leva o homem a ver em toda a parte paus-de-seboe a se torturar por

ao termo do caminho seguido pela humanidade. Por enquanto,sob o risco de sermosacusadode

se endomingar todos os dias, cadahomem sentiu a necessidadede ter, como uma demonstração de seu poder, ]!g..!anal..que in6omiassg.aos passantesqual

aristocratismo, diremos 6-ancamente que um homem

colocado no último degrau da sociedadenão deve pedir mais conta a Deus de seu destino do que uma ostra do seu.

Esta observação, ao mesmo tempo fHosóâica e cristã, resolverá, sem dúvida, a questão aos olhos daspessoasque concebem, em algum grau, ascartas constitucionais e, como não nos dirigimos a quais quer outras, prosseguiremos. Desde que as sociedades existem, um governo tem necessariamente sido, sempre, um contrato de segurança concluído entre os ricos contra os pobres.

não conseguir

chegar até a um quarto da escalada,

ou a um terço ou à metade, forçosamente desenvolveu o amor-próprio além da medida e produziu a vaidade. Ora, como a vaidade não é senão a arte de

:jUgalgle.gcypêW.

no grande pau-de-sebo

no cimo

do qual os reis Cozemseusexercícios. E é assimque os brasões, as librês, os capelos, as longas melenas, asbandeirolas volantes sobre os tetos, os saltos vermelhosP, as mitras, os columbários, as almofadas

para seajoelhar na igreja e o incensopara o nariz, as partículas:', os galões, os diademas, aspintas postiças, o ruge, as coroas, os sapatos de bico revirado, os barretes, as samarras, o pequeno veiro, o escarlate, as esporas, etc., etc., tomaram-se,

sucessivamente,

os signos materiais do maior ou menor repouso que

A luta intestina produzida por essa suposta partilha

um homem poderia assumir,do maior ou menor

34

35

número de fantasiasque tinha o direito de satisfazer, da maior ou menor quantidade de homens, de

tendo experimentado, por essa última tentativa, a utilidade, a segurança do velho sistema segundo o

dinheiro, de pensamentos, de lavradores que podia

qual se construíam

dissipar. Assim, um passante distinguia, só de olhar,

graçasa alguns soldados, ao princípio em virtude do qual a Trindade pâs, neste mundo vil, montanhas,

um ocioso de um trabalhador, uma ci6-asignificativa de um zero.

Subitamente,a Revolução, tendo tomado com mão corte todo esse guarda-roupa inventado por catorze séculos, e tendo-o reduzido a papelmoeda, trouxe desvairadamente uma das maiores desgraças que podem afligir uma nação. As pessoas

ocupadas cansaram-se de trabalhar sozinhas; mete-

ram na cabeçaa ideia de dividir a pena e o proveito, em porções iguais, com infelizes ricos que não sabiam fazer outra coisa senão regozijar-se com a

as nações, voltou

por si mesma,

carvalhos e gramíneas.

E no ano da graçade 1804,como no ano MCXX.,

reconheceu-se

dável, para um homem

que é infinitamente ou uma mulher,

agrapensar,

olhando seus concidadãos: ''Estou acima deles; deslumbro os, protão-os, governo-os, e cada um vê claramente que eu os deslumbro, os protão e os submeto; pois um homem que deslumbra, protege ou govema os outros, EHa,come, anda, bebe, dorme, tosse, se veste, se diverte diferentemente

das pessoas

deslumbradas,protegidas e govemadas''

sua ociosidadel... O mundo inteiro, espectador dessa luta, viu aqueles que mais se assustavam com esse sistema

proscrevê-lo, declara-lo subversivo, perigoso, lncâmodo e absurdo, assim que, de trabalhadores, transformaram-se em ociosos. Assim, nessemomento, a sociedade sereconstituiu,

rebaronizou se, recondi6icou-se,reengalonou-se':,

e os emplumados::coramencarregados de ensinar ao povo pobre o que aspérolasheráldicasIhe diziam outrora: jade ferro, Safarzas/.. .-Atrás de nós, genfal/zat31... A França, país eminentemente íilosóâico, 36

E a t,ída elegante surgiul..

E ergueu-setoda brilhante, toda nova, toda velha, todajovem, toda orgulhosa, toda graciosa,toda aprovada, conigida, aumentada e ressuscitadapor este monólogo maravilhosamente moral, religioso, monárquico,

literário,

constitucional,

egoísta: ''Eu

deslumbra, eu protão, eu...'', etc. Pois os princípios segundo os quais se conduzem

e vivem aspessoasque têm talento, poder e dinheiro não se assemelharãojamais aosda vida vulgar.

E ninguém quer ser vulgarl.. 37

Y' A vida elegante é, pois, essencialmente a ciência das maneiras.

Capítulo ll

Do sentimento da üda elegante

Agora, a questão nos parece suficientemente abreviadae tão sutilmente posta quanto se o Subsecretáriode Estado, o Conde Ravez, se tivesse encarregado de propâ-la à primeira Comera Septenali' Mas em que nação começa a vida elegante?

E: são todos os ociosos capazesde seguir os seus princípios?

Eis aqui dois aforismosque devem resolver todas as dúvidas e servir de ponto de partida para !

SÓa completa compreensão do progresso social pode produzir o sentimento da í.'ída e/e2anfe.

Não é essamaneira de viver a expressãodas relações e das novas necessidades criadas por uma

nossas observaçõeslas/zíonab/es:

jovem

VII. Para .zt,ída e/eganre,o único sef'coníp/efoé o

cessário, pois, examinar aqui o encadeamento

centauro, o homem no cotnartdo de um tílbud. Vlll.. Não basta ter se tornado otl nascido rico para teu'zr um.z t,ída e/e2czfzfe: é preciso fer o sentimento

organização já viril? Para explicar esse sen-

timento e vê lo adoradopor todo mundo é ne-

disso.

''Não pose de príncipe'', disse, antes, Sólon, se você não aprendeu a sê-lo'

das

causasque 6lzeram surgir a vida elegante do próprio movimento de nossa revolução; pois antigamente ela não existia.

Com efeito, o nobre vivia, outrora, à suamaneira e continuava sempre um ser à parte. SÓ que as maneiras do cortesão substituíam,

no interior

desse

povo de saltosvermelhos,o apuro de nossavida Jashíonczble.Além disso, o tom da corte só começou com Catarina de Mêdici. Foram nossas duas rainhas

italianas:5 que importaram para a França os refinamentos do luxo, a graça das maneiras e os encantos

do adorno pessoal.A obra começadapor Catarina, 38

39

T' ao introduzir a etiqueta (ver suascartasa Charles IX), ao cercar o trono de superioridadesintelectuais, âoi continuada pelas rainhas espanholasiõ, influência

não saber escrever ou ÊHar, ser ignorante, estúpido,

prostituir seu caráter, dizer besteiros,e continuar nobre. O carrascoe a lei distinguiam-no de todos

potente que âezda corte Êancesaárbitro e depositário das delicadezasinventadas, alternadamente, pelos mouros e pela Itáha.

os exemplares de Jacques Bonhomme

Mas, até o reinado de LuasXV, a diferença que distinguia o cortesão do nobre quasenão setraía senão pelos glbões mais ou menos caros, pelas botas mais ou menos alargadasna extremidade superior do cano, pelo colarinho pregueado, por uma cabeleira mais ou menos almiscarada, e por expressõesmais ou menos

da França: pois, verdadeiros

novas. Esseluxo, todo pessoal,jamais se completava,

de Tallard, na última obra do Sr. Baniêre); que a

como um todo, durante uma vida. Cem mil escudos, profusamente desembolsados numa vestimenta,

(o admirável

modelo das pessoas ocupadas), cortando-lhe em vez de enâorcá-lo.

Chamaram-no

a cabeça,

civis romcznt4si7

escravos, os gauleses:8

bicavam deÊonte dele como se não existissem.

Essadoutrina 6oi tão bem compreendidaque uma mulher de qualidade se vestia diante dos criados como se fossem bois e não se desonrava por st4mupiar o dinheiro

de burgueses (ver o relato da Duquesa

Condessa de Egmont não acreditava cometer incide

numa carruagem, seriam su6lcientespara toda uma vida. Ademais, um nobre de província podia vestir-

lidade ao amar um vilão; que a Senhora de Chaulnes afirmava que uma duquesa não tinha idade para um plebeu, e que o Sr. Joly de Fleury considerava

se mal, mas ser capaz de erguer um desses edifícios

logicamente

maravilhosos, que causam,hoje, a nossaadmiração e

corveta como um acidente de Estado.

o desesperode nossasfortunas modernas, enquanto um cortesão ricamente vestido teca ficado bastante

constrangido em receber duasmulheres em suacasa. Um saleiro de Benvenuto Celhni, comprado ao pre-

os vinte milhões de pessoas sujeitas à

Hoje, os nobres de 1804 ou do ano 1520 não representam mais nada. A Revolução

não era senão

uma cruzada contra os privilégios, e suamissãonão

ço do resgatede um rei, erguia-se, âequentemente, sobre uma mesa cercada de simples bancos.

âoi inteiramente vã. Mas, apesar do progresso evidente dado à ordem social pelo movimento de 1789, o abuso necessário que çons$tuia desigualdade das

Enfim, se passamos da vida material à vida mo-

fortunas recriou se sob novas formas. Não temos

ral, um nobre podia fazer dívidas, viver nos cabarés,

n6s, em troca de um feudalismo ridículo e decaído,

40

41

T' a tripla aristocraciado dinheiro, do poder e do talen to que, com toda a legitimidade que tem, não joga menos sobre a massaum peso enorme, impondoIhe o patriciado do banco, do ministeriahsmo e da balística dos jornais e da tribuna, que funcionam como trampolins para aspessoasde talento? Assim, ainda que consagre,por seu retorno à monarquia constitucional,

uma enganosa igualdade política,

a

gg!!p só aquele cuja existência está gsegurad4.poda .gtudar, observar!.ggmpararz. q rico molçra: Q.çspínt.g.

de invasão"inerente à alma humana em proveito de sua inteligência: e então o triplo poder do tempo, do

dinheiro e do talento garante-lheo monopólio do império; pois o homem armado do pensamentosubstituiu o cavaleiro coberto de berro da Idade Média... O mal, ao seestender, perdeu a suacorça; a inteligência

Françajamais generalizou o mal: pois somos uma

tomou

democraciade ricos. Admitamo-lo, a grandeluta

progresso adquirido com o sangue de nossos pais. A aristocracia vai tomar comum as suas tradi

do século XVlll era um combate singular entre o terceiro Estado e as ordens. O povo não âoi, nesse caso, mais do que um auxiliar das pessoasmais ca-

pazes.Assim, em outubro de 1830, existem ainda duas espécies de homens: os ricos e os pobres, as pessoasque vão de carro e as pessoasque andam a pé, os que pagaramo direito de serem ociosos e os que tentam adquiri-lo. A sociedadeexprime-se por dois termos, mas a proposição continua a mesma. Os homens continuam devendo as delícias da vida

e do poder ao acasoque, outrora, criava os nobres; pois o talento é uma ventura devida à organização social,tal como a fortuna patrimonial é uma vantagem devida à nascença.

se o eixo de nossa civilização:

ê esse todo o

ções de elegância, de bom gosto e de alta política; a burguesia, assuasconquistas prodigiosas nas artes e nas ciências; depois, ambas, à dente do povo, irão conduzi-lo por uma via de civilização e de luz. Mas os príncipes do pensamento, do poder e da indús-

tria, que formam essacastaampliada,não sentirão menos um inesistível desejo de proclamar, como os

nobres de outrora, seu grau de poder e, hoje ainda, o homem social despenderáseu gênio em busca de distinções.Essesentimento é, sem dúvida, uma necessidade da alma, uma espécie dç.}çde; pois até o selvagem tem suas plumas, suas tatuagens, seus arcos

semelhantes: após ter interrogado, extenuado as coi-

trabalhados, seuscauris e briga por miçangas.Então, como o séculoXIX avança sob a condução de um pensamentocujo objetivo é o de substituir a explo-

sas,ele sente vontade dejoEar com os /homens.Ademais,

raçãodo homem pelo homem pela exploraçãodo

42

43

O ocioso sempre govemará, portanto,

os seus

homem pela inteligência:9, a promulgação constante

natural do milionário

de nossa superioridade deverá sofrer a influência

tem os mesmos direitos que o 6Hho de um conde, não podemos mais nos distinguir a não ser por nosso valor intrínseco. Então, em nossasociedade,asdife-

dessa elevada âHosoíia e participará muito menos da matéria do que da alma.

Ontem ainda, os francos sem armaduras, povo

rençasdesapareceram; não há mais senão tonalidades.

débil e degenerado,continuavamos ritos de uma religião morta e levantavam os estandartesde uma potência desaparecida. Agora, todo homem que desejar se erguer deverá se apoiar em sua própria corça. Os ociosos não serão mais fetiches, mas ver{

dadeiros deuses. Então a'êxpressãÓ dinossa 6oml;ia

resultaráde seuemprego, e a prova de nossaelevação individual se encontrará no conjunto de nossavida; pois príncipes e povo compreendem que o signo mais enérgico não substituirá mais o poder. Assim, para tentar traduzir um sistema por uma Imagem, não restam nem três figuras de Napoleão em tr4es

dono de uma casa de banhos20

Também o saberviver, a elegânciade maneiras,o nãose{o qué,fi:uto de uma educaçãocompleta, forma a única barreira que separao ocioso do homem ocupado. Se existe um privilégio, ele.prpvêlg d! superioridade mor!+: Daí o elevadovalor atribuído, pelamaioria, à instrução, !.pureza da linguagem, à graça do porte,

à maneiramais ou menosnatural com que uma vestimenta é tr4ada, ao esmero com os aposentos, enfim, à peúeição de tudo o que procededa pessoa.

Não imprimimos nossopensamentosobretudo o

imperiais, e nós o vemos em toda parte vestido com seupequeno uniforme verde, com seuchapéu

que nos rodeia e nos pertence? ''Fala, anda, come

de três bicos verdes e os braços cruzados. Ele só é poético e verdadeiro semo charlatanismoimperial. Ao eazê-lo descer do alto de sua coluna. seus Inimi-

provérbio, expressãode corte, adágiode privilégio. Hloje, um marechal de Richelieu seriaimpossível. Seum par de França,ou atê mesmoum príncipe, se desrespeita,arisca-se a cair abaixo de um eleitor de cem escudos:::pois não é pemntido a ninguém

gos engrandeceram-no. Despojado dos ouropéis da realeza,Napoleão torna-se imenso; ele é o símbolo deseuséculo,um pensamentodo futuro. O homem.. podelgsq.Êjempre.simplesç.calmo. No momento em que duaslibras de pergaminho não servem mais para nada, em que o alho 44

ou te veste e te direi quem tu és'' substituiu o antigo

ser impertinente ou devasso. (.quanto mais as coisas sofreram a influência do pensamento, tanto mais os detalhes da vida enobreceram-se,

engrandeceram-se.

apeüeiçoaram-se,

Y' \X. Um homem tonta-se Hco, trás nasceelegattte

Essaé a ladeira imperceptível pela qual o cristianismo de nossarevolução lançou o politeísmo do feudalismo, por cuja âlliação um sentimento verde

ra, este sistema de existência não é, pois, mais uma

deiro respirou até nos signos materiais e cambiantes

diversão enelnera,uma palavra vazia, desdenhado

de nossapotência. E eis como voltamos ao ponto de onde partimos: à adoraçãodo bezerro de ouro. SÓque o ídolo eHa,anda,pensa;em uma palavra, é um gigante. Assim o pobre Jacques Bonhomme âoi construído durante muito tempo. Uma revolução

popular é hoje impossível.Se alguns reis ainda caem será, como na França, pelo ítio desprezo da classe inteligente. :!:pr! distinguir

Bolsa vida oela eleg4gcjê!..não

ba:ta mais hoje, pois,.8r.nobre ou acertaruma quadra numa das loterias humanasJ.prçç!$glambém,ter sido dotado dessa indeâlníveLÊaculdade.(o.

espírito

Apoiado nesses fundamentos,

pe[os pensadores

como umjoma]

visto desta altu

lido. A t'íd'z e/ega/ze

repousa, ao contrário, nas deduções mais severasda

constituição social. Não é ela constituída pelos hábitos e pelos costumes daspessoassuperiores que sabem

desÊutarda fortuna e obter do povo o perdãopor suaelevação,em favor dos benefícios difundidos por suasluzes? Não é ela constituída pela expressão dos progressos peitos por um país, uma vez que representa

todos os seustipos de luxo? Enfim, se ela é o índice de uma natureza apeúeiçoada, cada homem não deve

desejar estudar, surpreender os seussegredos? Assim, não ê, pois, mais indiferente desprezar

de nossossentidos, talvezl) que nos leva sempre a

ou adotar

escolher coisas verdadeiramente belas ou boas, coisas

aKÍfaf mo/em: o espírito de um homem adivinha-se

cubo conjunto

combina com a nossa 6lstonomla, com

pela maneira como porta sua bengala. As distin-

o nosso destino. Trata-se de um tato reâtnado, cujo

ções corrompem-se ou morrem ao se tornarem comuns; mas existe uma potência encarregadade

exercício

constante

é a única

coisa que pode

Cozer

com que se descubram subitamente as relações, se previam

as consequências, se adivinhe o lugar ou o

alcance dos objetos, daspalavras, das ideias e daspes-

soas;pois, para resumir, .gB#pcípio da Vida elegante é um elevado pensamento de ordem e de harmonia, destinado a dar poesia às coisas. Daí este aforismo:

as fugidias

prescrições

da nzoda, pois

metas

estipularnovas: é a opinião; ora, a moda nunca 6oi senão a opinião em matéria de roupa. Como a roupa é o mais enérgico de todos os símbolos, a Revolução 6oi também uma questão de moda, um debateentre a sedae a lã. Mas, hoje, a modanão estámais restrita ao luxo da pessoa.O material da 47

Y' vida, tendo sido o objeto do progresso geral, passou por grandesdesenvolvimentos. Não há uma única

Capítulo lll i

Plano deste tratado

de nossasnecessidades que não tenha produzido uma enciclopédia, e a nossavida animal prende-se àuniversalidade dos conhecimentos humanos. .Além disso, ao ditar asleis da elegância, a moda abarca todas as artes. Ao acolher, ao assinalar o progresso, ela se

coloca à 6-ente de tudo: Eaza revolução da música,

dasletras,do desenhoe da arquitetura. Ora, um tratado da vida elegante, sendo a reunião dos princípios incomutáveis que devem dirigir a manifestaçãode nosso pensamento pela vida exterior, ê, de alguma comia, a mef(!/isícadas coisas.

-- Acabo de chegar de PierreÉonds,onde âli ver meu tio: ele ê rico, tem cavalos,só não sabeo que é um fere, umgroom, uma brífscbÉa,e ainda anda num cabfiolet à pompa' \

-- Vejam

só!, exclamou

subitamente

nosso

honorável amigo L. M., depositando o cachimbo entre os braços de uma 1'''2fzus com a fczffamgaque decora sua lareira.

Vejam sól Trata-se do homem da massa.Há o código do direito

das pessoas; de uma nação

código político; dos nossosinteresses-- código civil; das nossas disputas

código processual; da nossa li

berdade-- código de instrução criminal; dos nossos desregramentos código penal; da indústl-ia código comercial;

do campo

código rural; dos soldados

-- código militar; dos negros código negro; dos nossos bosques código florestal; dos nossos barcos embandeirados -- código marítimo.. . Enfim, pusemos

tudo em fórmula, desde a quantidade de lágrimas que 48

49

devemosdenamarpor um rei, um tio, um primo,

nossas fazendas, granjas, chácaras, casas, herdades,

até a vida e o passode um cavalo de esquadrão...

perrasarrendadas,etc., não passam,em suamaioria, de verdadeiros canis; se os rebanhos, e sobretudo os cavalos,recebemum tratamentoindigno de um povo cristão; se a ciência do confortável, se o isqueiro do

-- Bem, e então?,perguntou E. de G., não se dando conta de que nossohonorável amigo apenas recobrava a respiração.

-- Bem, então, quando essescódigos foram peitosnão sei qual epizootia (ele queria dizer ''epidemia") atingiu os cacógraâose fomos inundados de códigos... A polidez, o bem comer, o teatro, as

imortal

pessoasde bem, asmulheres, o subsídio, os colonos,

na qual deixamos estagnar a pequena propriedades A

a administração, tudo ganhou o seu código. Depois,

elegância está ligada a tudo. Ela tende a tornar uma

a doutrina de Saint Simon dormnou esseoceano com

obras que argumentavam

que a cod@cafão

Fumade, se a cafeteira de Lembre,

se os tapetes

baratos são desconhecidos a sessentaléguas de Paris, é certo que essacarência geral das mais vulgares invenções devidas à ciência moderna vem da ignorância

nação menos pobre ao inspirar-lhe o gosto do luxo, pois um grande axioma é certamente este:

(vejam O organizador) era uma ciência especial...

Talvez o tipógrafo tenha se enganadoe não tenha lido direito

a palavra cat dÚcação (de falida, rabo...),

mas nao importa...

um verdadeiro

des que criamos.

Ela (sempre a elegância) dá um aspecto mais

-- Pergunto-lhe, acrescentouele, detendo um de seusouvintes e puxando-o por um botão, não constitui

X. À Jortt4na qüe adqüidmos deve-seàs necessita

milagre

esse

pitoresco a um país e melhora a agricultura; pois dos cuidados dispensadosao sustento e ao abrigo dos ani mais depende a beleza dasraças e de seusprodutos. Ora, observem em quais buracos os bretões alojam as

que

vacas, os cavalos, os carneiros e os ÊHhos e verão que,

que a pídz e/eganfe

não tenha encontr!©ç2 legisladores

em todo

inundo escrevente e pensante? Não é ;êrdade

essesmanuais, inclusive o do guarda rural, o do pre-

de todos os livros a serem escritos, um tratado sobre

ceito e o do contribuinte, não passamde Êivolidades, em comparação com um tratado sobre a moda?A

a elegância é o mais 6Uantrópico e o mais patriótico.

publicação dos princípios que tornam a vida poética não é de uma enomle utilidade? Se, na província,

Seum ministro colocou o lenço e a tabaqueirasobre a mesade Luís X.Vlll23, se os espelhosdiante dos quais umjovem

elegante Caza barba, na casade um 51

r velho camponês,dão-lhe o ar de um homem prestes a cair em apoplexia e se, enfim, o tio de vocês ainda

tinham-se elevado ao tom do iluminismo. Então,

anda num cabelo/efà /a rompe, é certamente por efta

tou-se, lançando um olhar de triunfo sobre os seus colaboradores:

de uma obra clássica sobre a modízl...

Nosso honorável amigo falou por muito tempo e muito

bem, com essa facilidade

de elocução

um dos mais e]egantes24redutores de ]l.a À4odelevan-

-- Esse homem existe, disse ele Uma risada geral acolheu esse exórdio,

mas

que os invejosos chamam de fagczre/íce; concluiu,

em seguida veio o silêncio da admiração, quando

depois, dizendo:

ele acrescentou:

-. A.Slggância dramatiza a vida...

-- Bmmme//l Brunlmell está em Bolonha, banido

Ohl então, essapalavra provocou um hurra geral. O sagazE. de G. provou que o drama quase não podia escaparda uni6omudade imprimido pela elegância aos costumes de um país e, comparando Inglaterra e Espalha, demonstrou sua tese, ao en riquecer a argumentação com as cores locais pro porcionadas pelos costumes dos dois países.Aânal,

da Inglaterra por um número enorme de credores, esquecidosdos serviços que essepatriarca dalashíon

tenninou

na via do progresso.

assim:

É Gacil,senhores,explicar estalacuna na ciên-

cia. Oral Que homem,jovem ou velho, seriasuficientemente corajoso para assumir uma tão Ingente responsabilidade? Para levar a cabo um tratado da vida

eleganteseriaprecisoter um Impulso inimaginável de amor próprio, porque significaria querer sobrepujar as pessoaselegantesde Parasque, também elas,tateiam, tentam, mas nem sempre chegam à graça. Neste momento, após grandes libações deitas

em honra daJas/zíonabZe deusado chá, os espíritos 52

prestou à sua pátry41...

E então a publicação de um tratado sobre a vida elegante pareceu fácil e foi unanimemente considerada como sendo humanidade,

m grcznde betn#cío para a

como constituindo

um enorme

passo

É inúti[ acrescentar que devemos a Brumme]]

as induções 6Hosó6lcaspelas quais chegamos a de monstrar, nos dois capítulos anteriores, o quanto a vida eleganteliga-se fortemente à peúeição de toda sociedade humana: os antigos amigos desseimortal criador do luxo inglês terão, esperamos,identiâcado a elevada6Hosoâiaque, pela tradução impeúeita de seuspensamentos, orienta aqueles capítulos Será difícil exprimir

o sentimento

que se apo-

derou de nós quando avistamosessepríncipe da 53

moda: era respeito e alegra ao mesmo tempo. Como

Brummell de peruca;Napoleãocomo jardi-

não beliscar epigramaticamenteos lábios ao ver o homem que tinha inventado a fHosoíiados móveis,

neiro; Kant agindo como uma criança; LuasXVI de gorro vermelho, e CharlesX em Cherbourgl... Eis

dos coletes, e que ia nos legar axionaassobre ascalças, sobre a graça e sobre os aprestos?

os cinco grandes espetáculos de nossa época.

Mas, também, como não ser penetrado de admiração pelo mais íntimo amigo de George IV, pelo

peüeito. Sua modéstia conseguiu nos seduzir. Parecia lisonjeado com o apostolado que Ihe havíamos reservado; mas,ao mesmo tempo que nos agradecia,

jas/zíonczble que tinha imposto leis à Inglaterra e dado ao príncipe de Golesessegosto pela toalete e pelo condorfabí/fumo que proporcionou

tanta promoção

O grandehomem nos acolheu com um tom

declarou-nos que não pensava ter talento suâlciente para cumprir uma missão tão delicada.

aosoficiais bem vestidos:s?Não era ele uma prova viva da influência exercidapela moda?Mas, quando pensamosque BrummeU tinha, nessemomento, uma

panheiros, em Bolonha, alguns cavalheirosde elite, que se comportam na trança da mesmamaneira,

vida cheia de amargura, e que Bolonha era o seu ro-

extremamenteliberal, pela qual concebiam,em

-- Felizmente, disse-nos ele, tenho como com-

chedo de SantaHelena, todos os nossossentimentos

Londres,

confilndiram-se num entusiasmorespeitoso. Nós o vimos no momento de selevanta. Suarou-

acrescentou, descobrindo-se e lançando-nos um olhar tão alegre quanto zombeteiro. Assim, conta

pa de domlir traziaa marcade suainfelicidade; mas,ao mesmo tempo que refietia essasituação, harmonizava-

nuou, poderemos formar aqui um comitê bastante

a vida elegante...

Honra 'à coragem ínÚe/íz/,

se admiravelmente com os acessórios do apartamento.

ilustre, bastanteexperimentado, para deliberar, em última instância, sobre as dificuldades mais sérias

Brummell, velho e pobre, era ainda Brummell; en-

desta vida,

tretanto, uma corpulência igual à de George IV tinha

amigosde País tiverem aceitado ou rejeitado nossas

despeito as felizes disposições desse corpo modelo, e o

máximas, seu empreendimento

ex-deus do dandismo usava uma perucas... Honível

um carátermonumentall

tão ílívola

na aparência,

e, quando

seus

adquirirá, esperamos,

liçãol... Brummell dessejeitos... Não era a lnmgem de Sheridan caindo de bêbado ao sair do parlamento ou sendodetido pelo oficial dejustiça?

com ele.Aceitamos. Quando uma mfsrress aindaelegante, apesarde suacorpulência, saiu da salaao lado

54

55

Tendo dito isso, sugeriu que tomássemos o chá

para fazer ashonras do serviço de chá, compreende mos que Brummell também tinha a suaMarquesa de

Tranquilizem a temerosa gente dos coufzfO' gefzrZemefz (pequenos proprietários), dos comerciantes

Conyngham.

e dos banqueiros. .. ;Nêle todos o:lfilhos da aristocracia

Assim,

apenas

a quantidade

de coroas

podia distingui-lo de seu amigo real, George IV. Desgraçadamente, amuo pares [ambos igualmente

nascemcom o sentimento.daelegância.com o gosto

grandes], estão, agora, ambos mortos, ou quase.

e, entretanto, a aristocracia de cada país se distingue

Nossa primeira conferência ocorreu durante umjantar cujo requinte nos mostrou que a ruína de

daquelas classespor suas maneiras e por uma notável

Brummel]

gio?.A educação,g.!!é!!ito. Atingidos, desdeo berço, pela graça ham:toniosaque reina em tomo deles,

seria uma fortuna

em Paras.

A questão de que nos ocupamos era uma questão de vida ou morte para nosso empreendimento.

Com efeito, se o sentimento da vida elegante devia resultar de uma organizaçãomais ou menos feliz, seguia-seque os homens sedividiam, para nós, em duas classes:os poetas e os prosadores, os elegantese o comum dos mártires;portanto, não havia mais tratado: os primeiros sabiam tudo, os últimos não conseguiam aprender nada. Entretanto,

após a mais memorável das discus

sões,vimos surgir esteaxioma de consolação: XI. Embora a elegância seja menos ilha aHe do que

Am sentimento, ela provém tanto de tim instinto qt4anto

Wue serva.paraJlmprimir

concepção da existências Qual ê, então, esseprivilé-

criados por mães elegantes cuja linguagem

e cujos

costumes conservam todas asboas tradições, os filhos dos grã-senhores earniliarizam-se com os rudimentos de nossaciência, e ê preciso ser de uma natureza muito

intratável para resistir à constantecontemplação de coisasverdadeiramente belas. Assim, o espetáculomais

temível para um aristocrataé o de uma decadênciatão grande que o deixe abaixo do nível de um burguês. Se as inteligências não sãoiguais, é raro que nossos sentidosnão o sejam: pois a inteligência resulta de uma peúeição interior; ora, quanto mais alongamos a forma, mais igualdade obtemos: assim,as pemas humanas assemelham-se entre si mais do que os rostos, graças à configuração

de um hábito.

à vida uma marc?.poética;

daqueles membros, que apre

sentam linhas alongadas. Ora, como a elegância não -- Siml

Exclamou WiUiam Crad...k, o fiel companhei-

ro de Brummell.

é senãoa peúeição dos objetos sensíveis,ela deve ser acessívela todos pelo hábito. O estudo pode levar um homem rico a usar botas e calças tão bem quanto nós

b€



mesmos agusamos e ensina-lo a gastar a sua domina

Após muitos esforços, após numerosas obser-

com graça... A mesma coisa com o resto.

vações sabiamente discutidas, redigimos os axiomas

Brummel] franziu ligeiramente a testa.Adivinhamos que ia fazer ouvir essavoz profética à qual obedecia outrora uma multidão de ricos.

seguintes:

O axioma é verdadeiro, disseele, e eu aprovo uma parte dos raciocínios formulados pelo honorável que me antecedeu; masdesaprova fortemente que seja levantada assim a barreira que separaa vida elegante e que se abram asportas do templo a todo o povoa -- Nãos

Exclamou Brummell, batendo o punho na n'lesa .

XIII.

E preciso fer c;legado ao menos afé à cl(éssede

retórica para levar tema vida elegante.

XIV. Estãolora da vida eleganteos t.'arejistas,os horttetts de ttegócio e os professores de humanidade. XV. XN\.

O .aparo é uma negczção Um battqueiro que chegot4 aos quarenta anos

sem ter pedidojatência, ou quem tem mais de trinta e seis polegadas de cintt4ra, é o danado da vida elegante: ele verá o paraíso sem nt4nca ai entrar.

-- Não, nem todas as pernas são chamadas a usar botas ou calças... -- Não, senhores. Não existem pessoas mancos, com defeito ou sempre horríveis? E a sentença

seguinte, mil vezes pronunciadas no curso de nossa vida, não é ela um axioma?

X\\. Nada se assemelha tltenosa um homemáo gue um homeml

Portanto, continuou ele, após haver consagrado o vantajoso princípio que propicia aoscatecúmenos da vida elegante a esperança de chegar à graça pelo hábito, reconheçamos também as exceções e

procuremos, de boa íé, assuasfórmulas:

XIVII.

O ser que fzão uemlreq

etzfemenfe a País

jatnais será completamente elegante. XVIII.

O /tomem

descoríÉls é o /eproso do nz ndo

Êashionable2ó Bastam

Disse Brunmiell. -- Se acrescentássemos a mais, estaríamos entrando

um único

aforismo

no ensinamento

dos

princípios geraisque devem ser o objeto da segunda parte do tratado.

Então, dignou-se estabelecerele mesmo os limites da ciência ao dividir assim nossaobra: 59

-- Se examinarem com cuidado, disse ele, to-

dasastraduções materiais do pensamento de que se compõe a vida elegante, vocês ficarão, sem dúvida, impressionados,

como

eu, com a proximidade

mais

ou menos estreita que existe entre certas coisas e a nossa pessoa. Assim, a palavra, o caminhar, as maneiras

são fitos que procedem

Imedíczfczmenfe do

homem e que estãointeiramente submetidosàs leis da elegância. A mesa, as pessoas,os cavalos, os veículos, os móveis, a apresentaçãodas casasnão derivam, por assim dizer, senão medíaíamenfedo

indivíduo. Ainda que essesacessórioscarreguem igualmente a marca da elegânciaque impriinimos a tudo que vem de nós, eles parecem, de alguma maneira, distanciados da sededo pensamento, e não devem ocupar senão um segundo lugar nesta vasta

teoria da elegância. Não é natural refietir o grande pensamento que move o nosso século numa obra destinada talvez a influenciar os costumes dos ignorantões dalasbiofz? Convenhamos, pois, aqui, que todos os princípios que sevincularão imediatamente

nunca são senão as consequênciasde nossa toalete.

Sterne, este admirável observador, proclamou, da mais espirituosa das maneiras, que as ideias do homem barbeado não eram as mesmasdo homem barbudo. Sofremos todos a influência da roupa. O artista aprontado para sair não trabalha mais. Vestida de um penhoar ou aprontada para o baile, um mulher é bem diferente: diríamos, duas mulheresl Aqui, Brummell suspirou.

Nossas maneiras da manhã não são as mesmas da noite, continuou ele. Enfim, George IV,

cuja amizadetanto me honrou, pensou ser maior no dia de sua coroação do que no dia seguinte. A toalete é, pois, a maior modificação experimentada pelo homem social: ela pesasobre toda a existência. Ora, não creio violar a lógica ao propor-lhes ordenar assim a obra de vocês: após ter ditado na seuunf+!.l?ê!!Ê.j!!.l.çis gerais da vida elegante, vocês

deverão consagrara terceira parte à!..Sobas-qyq

à inteligência terão o primeiro lugar na distribuição

procedemimediatamçntçgglndivíduo, q colocar a toalete em primeiro lugar. Enfim, na minha

desta enciclopédia aristocrática.

opinião,

Entretanto, senhores, acrescentou Brummell, há um batoque domina todos os outros. O homem

que procedem médiatamente da pessoa,e que

se veste antes de agir, edar, andar, comer; as ações que pertencem à moda, ao porte, à conversação, etc.,

Desculpamos a predileção de Brummell pela toalete: ela 6lzera a sua glória. -Ê talvez o erro de

60

considero

a quarta parte seria destinada às coisas como

czccssófÍüs.

um grande homem, mas não ousamos combata-la,

das Maneiras deveria vir antes do capítulo da Con-

sob o risco de ver esta feliz classi6lcação rejeitada

persaçózo.

pelos elegantologistas de todos os países. Decidimos

Brummell pâs6im à discussãopor um improvi se que lamentamos não poder comunicar por inteiro.

equivocarmo-nos junto com Brummell. Assim, as matérias a serem tratadas na segunda parte coram adotadas por unanimidade

por esse

ilustre parlamento de modóÊilos,sob o título de Pnnc@íos gerczísda vida elegante. A terceira parte, que diz respeito às coisas que procedem ímedíafame zfe

da pessoa,âoi dividida em vários capítulos.

Ele temnnou

assim:

Senhores, se estivéssemosna Inglaterra, as ações viriam necessariamente antes da palavra, pois meus compatriotas são, em geral, bastante taciturnos; mas tive a oportunidade de observar que na França vocês Eram sempre muito antes de agir.

A primeira compreenderá czfoa/efe em lojas as s aspczrfes.Um primeiro parágrafo será consagrado à

preenderá os princípios que devem reger os apo

foa/efe dos /homens, um segundo, à fo.z/efe das m /;leres;

bentos, os móveis, a mesa, os cavalos, as pessoas,os

um terceiro oferecerá um ensaio sobre os peÓumes, sobre os b.zfz/zos, sobre o penteado.

veículos, e terminaremos com um tratado sobre a

Um outro capítulo dará uma íeoda cotnpZefado caminhar e da mantitettção.

arte de seportar com os otlíros.

Um de nossosmelhores amigos, o Sr. Eugêne Sue, notável tanto pela elegância de seu estilo e pela

mais vasta de todas asciências: a que ocupa todos os momentos de nossavida, que governa todos os atou

originalidade de seus apanhados quanto por um gosto

de nossavigília e os instrumentosde nossosono;

re6lnado dascoisas,por uma maravilhosa concepção

pois ela reina ainda até mesmo durante o silêncio

da vida, prometeu

das noites.

nos a comunicação

para um capítulo intitulado

de suas notas

A quarta parte, consagrada aos acessórios,com-

arte de receber,seja na cidade, seja no campo, e sobre a Teremos abrangido, assim, a universalidade da

Dcz ílmperfínéncíacofzsíde-

rada nas suas relaçõescom a moral, a religião, a política, as artes e a !iterattira.

Sobre as duas últimas divisões a discussão tomou-se acalorada. Tratava-se de saber se o capítulo 62

63

SEGUNDAPARTE

Princípios gerais

Monografia da virtude

Pensei também, senhora, que há pe$eiçõesrevottantes. (MonoKr@a da uí

de, obra inédita

do autor)

Capítulo IV

Dogmas

A Igreja reconhece sete pecados capitais e não

admite mais que três virtudes teologais. Temos, pois, sete princípios de remorso contra três contes de con-

solaçãol Nenhuma criatura humana, sem excetuar Santa Teresa nem São Francisco de Assis, conseguiu escapar às consequências dessa proposição fatal.

Apesar de seu rigor, da mesma maneira que dirige o universo católico, este dogma govema o mundo elegante. O mal sabe estipular acomodações,

o bem segueuma linha severa.Dessalei eternapodemosextrair uma axioma confirmado por todos os dicionários dos casos de co zscíétzcícz: XIIX. O bem não tem senão um modo; o mat tem

Assim, a vida elegante tem seuspecados capitais

e suas três virtudes cardinais. Sim, a elegância é una

e indivisível, como a Trindade, como a liberdade, como a virtude. Daí resultam os mais importantes de todos os nossos aforismos gerais: 67

XX.

O princípio constitutivo da elegâttciaé a

unidade. XXI.

Da mesma maneira, na vida elegante, uma única cadeira deve deter)mar

Não existe uttidade possível sem o esmero,

$etna hartnonia, sete a simplicidaderelativa.

toda uma série de móveis, tal

como a esporaíàz supor um cavalo.Uma cera maneira de vestir-se anuncia uma certa esperade nobreza e de bom gosto. Cada fortuna tem sua base e seu cume.

Mas não é a simplicidade antesque a harmonia, nem a ham-toda antesque o esmero,que produz a elegância:ela nascede uma concordância misteriosa entre essastrês virtudes primordiais.

Cria-la

em

toda parte, e rapidamente,é o segredodos espíritos inatamente distintos. Ao analisar todas as coisas de mau gosto que maculam a indumentária, os apartamentos,os discursosou o porte de um desconhecido,os observadores sempre descobrirão que elaspecam por inÊ-açõesmais ou menos perceptíveis a essatripla lei da unidade.

A vida exterior é uma espéciede sistemaorganizado, que representaum homem tão exatamente quanto as cores do caracol se reproduzem em sua concha. Além disso, na vida elegante, tudo se encadeia e se comunica entre si. Quando o Sr. Cuvier descobreo osso&ontal, maxilar ou crural de algum animal, não infere disso toda uma criatura, até mesmo antediluviana, e não reconstrói imediatamente um indivíduo classificado, seja entre os sáurios ou

Os GeorgesCuviers da elegâncianunca se expõem a formular juízos erróneos: eles Ihe dirão a qual quantidade de zeros, na cima das rendas, devem pertencer as galerias de quadros, os cavalos de pura raça, os tapetes da Savonnerie. as cortinas de seda diáâna, as lareiras de mosaico, os vasos etruscos e os relógios encabeçados

por uma estátua saída do cinzel dos Davids. Tragam-

Ihe, enfim, apenasuma patera:deduzirão daí todo um toucador, um aposento, um palácio.

Esse conjunto rigorosamente exigido pela unidade toma solidários todos os acessóriosda exis

tência; pois um homem de gosto julga, como um artista,a partir de um nada. Quanto maispeúeito 6or o conjunto, tanto mais perceptívelseráalgum barbarismonele contido. SÓum idiota ou um homem de gênio seriam capazesde usar um marfíneí27 como receptáculo de uma vela. As aplicações dessagrande leigas/zíonczble coram bem compreendidas pela mulher célebre (Sra. T.) à qual devemos este aforismo:

os marsupiais, seja entre os carnívoros ou os herbí-

voros?... Essehomemjamais se enganou: seugênio revelou Ihe asleis unitárias da vida animal. 68

XXll..

Conhece-seo espírito da an$tdã assim qüe

se passa o tlmbral de sala porta. 69

Essavasta e perpétua imagem que representa" a sua fortuna jamais deve se constituir num espé' ame que sejainfiel a ela; pois você seria colocado entre dois fogos: a avarezaou a impotência. Ora,

óleo que fornece a flexibilidade e a suavidadeàs

quer você sqa demasiadamente vaidoso, quer seja demasiadamente modesto, você não obedece mais

gos com que são punidas as pessoas parcimoniosas.

a essaunidade, da qual o menor dos efeitos consiste

elas descem de sua espera e, apesar de seu poder,

em produzir

colocam-se no nível daquelesque a vaidadeprecipita

um feliz equibbrio

entre suas corças

produtivas e suaforma exterior.

engrenagens de uma máquina: não deve ser vista nem sentida. Esses inconvenientes

não são os únicos casti-

Ao restringir o desenvolvimento de suaexistência,

em direçãoao perigo oposto. Quem não tremeria

Um erro tão capitaldetemunatoda uma 6i siononua.

diante dessatemível paternidade? Quantas vezes você não encontrou, na cidade

A avareza,primeiro termo dessaproposição,já âoi julgada; mas, sem poderem ser acusadasde um vício tão

ou no campo, burguesessemiaristocratasque, arrumados além da medida, são obrigados, por ÊHtade

vergonhoso, muitas pessoas,aplicadasa obterem dois

transporte,

resultados, esforçam-se por levar uma vida elegante com

deveres de acordo com o almanaque de Matthieu

economia. Essascertamente chegam a um resultado: são

ridículas.Não se assemelham, o tempo todo, a inábeis montadores teatrais cujos decorados deixam entrever as molas, os conmpesos e os bastidores? Deixam de cum-

prir, assim, estesdois axiomas fundamentais da ciência: XXIII.

O i:Heíío mais essencía/ da e/e2cifzcía cofzs sfe

em ocultar os meios. XXIIV.

Tudo o gue revela

ma economícz é dese-

re2'znfe.

a calcular suas visitas, seus prazeres e seus

Laensberg? Escrava de seu chapéu, a senhora receia

a chuva, e o senhor teme o sol ou a poeira. Sensíveis como barómetros, adivinham o tempo, abandonam tudo e desaparecemà vista de uma nuvem. Molhados e enlameados, acusam-se reciprocamente,

ao

chegarem em casa, de suas desgraças; incomodados

em toda parte, não desíiutam de nada. Esta doutrina Éoi resumida por um aforismo aplicável a todas as existências, desde a da mulher obrigada a levantar sua saiapara sentar-se num carro,

Com efeito,a economiaé um meio. E o nervo de uma boa administração,mas assemelha-seao 70

até a do pequeno príncipe da Alemanha que exige ter cantores de ópera bufa à sua disposição: 71

XXV.

Do acordoentre a vida exterior e alortuna

resulta a desenvoltura.

A observação religiosa desse princípio é a úni-

ca coisaque permite a um homem exibir, nos seus mínimos fitos, uma liberdade sem a qual a graça não poderia existir. Se mede seusdesejospor seu poder, permanecena suaesperasem temor de decair. Essa segurançana ação, que se poderia chamar de a conscíéncí(z do bem-estar,preserva-nos de todas astempestades ocasionados por uma vaidade mal-entendida. Assim, os versados na vida elegante não cobrem

seustapetescom uma longa Caixaverde, indicando

todos os diaso seuesplendor;ele é capazde reproduzila. Além disso, não espera, tal como os veteranos do Luxemburgo29, até que seusmóveis atestem seus serviços através de numerosos galões, para dar-lhes outro destino, e jamais se queixa do preço excessivo

das coisas, pois ele tudo previu. Para o homem da

t,ída ocupada,as recepções são solenidades; ele tem suas sagrafõesperiódicas para as quais desembala tudo,

esvaziaseus armários e descobre seusbronzes; mas o homem da t,ída e/examesabe receber a toda hora sem

se deixar surpreender. Sua divisa é a de uma família cuja glória associa-se à descobertado novo mundo;

as visitas de

ele estárenovadamente setnperpczrarus, sempre pronto, sempre semelhante a si mesmo. Sua casa, seuscriados,

um velho tio asmático.Não consultam o termó-

suas carruagens, seu luxo, ignoram o preconceito do

metro para sair com seuscavalos. Submetidos tanto

domingo. Todos os dias são dias de besta.Ennlm, sí

aos encargos quanto aos benefícios da fortuna, não

magna /ícef componere pamísso, ele é como o famoso

parecem nunca contrariados por um dano; pois, neles,tudo se consertocom o dinheiro ou se resolve

Dessem,que respondia,sem se perturbar, ao tomar conhecmlento da chegada do Duque de York:

por onde se pode passar, e não temem

com o maior ou o menor esforço de seus criados.

''Aloje-o

no número

4''

Colocar um vaso,um relógio de paredenuma caixa, cobrir seusdivãscom capas,embrulhar um lustre não

da, na véspera, por Napoleão, a receber, no castelo

é se assemelhar a essaboa gente que, após ter deito

de Raincy, a Princesa da Westíãha, propicia, no dia

economias para comprar candelabros, cobrem-nos

seguinte, os prazeres de uma caça real, opulentos festins e um suntuoso baile aos soberanos.

imediatamentecom uma gazeespessa? O homem de gosto deve des6utar de tudo o que possui. Como Fontenelle,

Ou como a Duquesa de Abrantes que, solicita-

Todolasbíofzczb/e deve imitar,

em sua espeta, essa

e/e tzãogosfa das coisa q e exQem dem fado

ampla compreensão da existência: ele obterá facil-

respeífo.A exemplo da natureza, ele não teme exibir

mente essesmaravilhosos resultados por um busca

72

73

cuidadoperpetuaa boa graçado conjunto, e daí

a essenível da ciência, dizemos,entretanto, alguns progressos.As pesadasobras em madeira do Impé-

provém esteaxioma inglês:

rio estão inteiramente

constante, por um refinado 6'escor nos detalhes. O

condenadas, bem como seus

carros pesados e suas esculturas, semi-obras-primas XXVI. .4 rareia de man14fençãoé o sine qua non da elegância.

A manutenção não é apenasessacondição vital do esmero que nos obriga a impl-emir às coisas seu lustro

cotidiano: essapalavra exprime todo um sistema. No momento em que a fineza e a graça dos tecidos substituíram, na indumentária europeia, o peso daslãs douradas e as cotas amloriais da penosa Idade

Média, deu se uma granderevoluçãonas coisasda vida. Em vez de enterrar os filndos num mobiliário pouco durável,

passamos a gastar o dinheiro

em obje

que não satisfaziamnem o artistanem o homem de gosto. Caminhamos, enfim, numa trilha de elegância e de simplicidade. Se a modéstia de nossasfortunas não permite ainda mudanças â'equentes, pelo me nos compreendemos este aforismo que domina os costumes atuais:

XXVII.

O tu)co é menos dispendioso do que a

elegância .

E tendemosa nos afastardo sistemaem virtude do qual nossos ancestrais consideravam a aquisição

tos mais leves, menos caros,Haceisde serem renovados,

de um móvel como um investimentofinanceiro;

e as famílias não se viram mais privadas do capital3t.

pois cada um sentia instintivamente que é ao mesmo

Esse cálculo de uma civilização avançada teve seus últimos desenvolvimentos

na Inglaterra. Nessa

pátria do confortável, o material da vida é considerado como uma grande vestimenta, essencialmente mutável e submetido aoscaprichos delas/zíon.Os ricos trocam anualmente seuscavalos,seuscarros, suas mobílias; até os diamantes são trocados; tudo assume

tempo mais elegantee mais confortável comer num serviço de porcelana lisa do que mostrar aoscuriosos uma taça na qual Constantin

reproduziu

a Fornarífza.

As artes dão à luz maravilhas que os simples cidadãos devem deixar aos reis, tal como os monumentos, que pertencem apenas às nações. O homem estúpido o bastante para introduzir no conjunto de sua vida uma

uma nova forma. Além disso, os menores móveis são fabricados com esseespírito; asmatérias primas são sabiamente economizadas. Se não chegamos ainda

única amostra de uma existência superior procura parecer o que não ê e recai, então, nessaimpotência

74

75

com que nos esforçamos por deslustrar os ridículos.

Assim, redigimos a máxima seguinte para esclarecer

Essasqueixas, apresentadas com aquela especiosa

arte com que asmulheres sabem colorir todos os seus

as vítimas da mania das grandezas:

argumentos, coram pulverizadas por este aforismo: XIXVIII.

Como .z t,ída e/e2afzfe é

m

Hefípo de-

senvolvimento do amor próprio, tudo o que revela muito fortemente a vaidade tem como rest4ltadotim pleonasmo.

XXIX.

Um homem de bota tt'ato não sejulga mais o

dono de todas as coisas que, em sua casa, devem serpostas à disposição dos outros.

Coisa admirávell... Todos os princípios gerais da ciência não sãomais do que corolários do grande princípio que proclamámos;pois a manutenção e suasleis são, de alguma maneira, a consequência imediata

carruagem,

o fzosso palácio,

o nosso castelo, os nossos

cavalos, mas sabe marcar todas as suas ações com

essetipo de delicadeza real; feliz metamorfose com

da 24fzídade.

Muitas pessoas colocaram como objeção a enormidade das despesasque seriam necessárias para cumprir os nossos despóticos aforismos... ''Qual fortuna'',

Um elegante não diz nunca, como o rei, a nossa

nos disseram, ''poderia

satis-

fazer àsexigências de suasteorias?... Não é verdade que, no dia seguinte àquele que uma casateve sua mobília e sua tapeçaria renovada, em que uma carruagem foi restaurada, em que a sedade um toucador $oi trocada, umlas/zíonczb/e vem insolentemente apoiar sua cabeça engordurada

num cortinado

da

parede?Que chegaum homem enraivecido expressamente para sujar um tapete? Que desaÜ eirados esbarram na carruagem? E é possível impedir, todas as vezes, que impertinentes

umbral do toucador?''

ultrapassem o sagrado

o auxílio da qual um homem parecepartilhar sua fortuna com todos aquelesque o rodeiam. Assim, essanobre doutrina implica um outro axioma, não menos importante que o precedente: X.XX. Admitir uma pessoaem sua casaé supâ-la digna de habitar a sua e!gera. Assim, as pretendidas desgraças com as quais uma limitada

anâltriã questionada

nossos dogmas

absolutosnão podem provir senão de uma fita imperdoável de tato. Uma anÉltriãpode, por acaso, queixar-se alguma vez de Efta de consideração ou de

cuidado? Não é culpa sua?Não existe, para as pessoasapropriadas, signos maçânicos graças aos quais eles devem se reconhecer? Ao não receber em sua

76

77

X):

If[

.] [...] thou 6eel'stan inward shrinking 6-om

de um amigo, convidou-o, e tirando do bolso seu camê de bilhetes(üezentos, aproximadamente), abriu-o como um baralho para oferecer-lhe alguns, quando, soberanamente,e com a simplicidade de umDândi a quem o mundo pertence, Brummellpegou

os todos

Tais leap through flame indo the ature, say it;

com um só movimentos "Ele jamais os pagou", diz o Sr. Scudo,

l shaít not !ove the tens;nay, perhapsmore,

'mas âoi uma manobra admiravelmente executada,e tive, em troca

For 7eidíng fo íhy fzafure[...]

de meu dinheiro, uma ideia melhor da Inglatena

Se [

Foi um pouco depois disso que Brummell tomou se louco, e como o])andismo, maisporte que a sua razão, tinha impregnado o homem inteiro, sua loucura tingiu-se de Dandismo. Ele teve a

[...] sentir, dentro de você, vontade de desistir desse Salto, através da chama, em direção ao üucuro, diga: Não te amarem maltas; ttão, talvez minis,

ira da elegância no desespero. Não tirava mais o seu chapéu na rua

Por cederem à a ízaf reza [...].

quando era cumprimentado, com medo de desarrumarsuaperuca,

[' Os versos sãode Byron, da tragédia Sardanapalo(N.T.).]

e, tal como Charles X, retribuía o cumprimento

196

197

fazendo um gesto

['Na Grã-Bretanha

com a mão. Morava no }Jafe! da Inglarena. Em certos dias, e para

dos séculos XVlll

e XIX,

}+%íE era um dos

dois importantes grupos políticos (Tomesera o outro). Azul era a cor que distinguia os Whigs, que tendiam a usar casacosdessa

grande admiração daspessoasdo hotel, mandava que seu apartamento possepreparado como para uma cesta.Lustres, candelabros, velas,

cor. (N.T.).j

flores em quantidade, nadaEstava, e ele, sob o fogo de todas essas luzes,na magnífica indumentária de suajuventude, com seu casaco

54O Sr. Jesse,que doravante será preciso nomear sempre que se

W%lgazul', com botões dourados,colete de píquée calça preta,

tratar de Brummell, cita, em seu lido, alguns vemos do célebre

colante como os calções do século XVI, ficava à espera, postado

Dândi. Brummell os tinha escritonum álbum muito bonito, no

no centro. .. Ele esperavaa Inglaterra morta! Subitamente, e como se tivessese dividido em dois, anunciava, a plena voz, o príncipe

qual Sheridan, Byron, o próprio Erskine, tinham escrito os seus.

de Galos, depois Lady Connyngham, depois Lorde Yarmouth e,

bastante extensas e que contêm um certo sopro de inspiração.

Não são versos de álbum, algumas linhas traçadas à pressa, mas peças

ennlm, todos esseselevados personagens da Inglaterra, para os quais

5sBulwer, em Pelkam.

ele tinha sido a lei viva, e acreditandovê-los surgir à medida que sóComo essaSenhoritaComel, por exemplo, essaatriz que Stendhal

os chamava, e mudando de voz, ia recebê-los à porca, aberta de

tanto gloriâcou. Mas, para se dar conta da grandeza simples dessa alma, rara como um diamante negro em Londres, era preciso um Stendhal, isto é, um homem espiritualmente positivo, beirando ao

par em par, dessesalãovazio, pela qual não devia, ineehzmente, passarninguém naquela noite, nem nasoutras, e as cumprimentava, essasquimeras do seu pensamento; ele oferecia o braço às mude

maquiavelismo, mas que gostava do natural como certos imperadores romanos gostavam do impossível

res, entre todos essesfantasmasque ele acabarade evocar e que, certamente, para comparecer a essacestado Dândi decaído, não

5' A qual Efta o instinto dasbebasartes, pois e]e realmente ]he falta.

teriam desejado deixar, um só instante, suas tumbas- Isso durava

quando todo essemundo do outro mundo tinha chegado,eis que

Os nomes de Lawrence, de Romney, de Reynolds e de alguns outros só fazem ressaltaressaindigência. O povo romano não era

a razão também chegava e que o infeliz se dava conta de sua ilusão

gilista só porque tinha tocadores de flauta. A arte, na InglaEerra,

e de sua demência, e era nessemomento que ele caía, derrotado,

só existe literariamente. Shakespeareé seu Michelangelo. Coma

numa dessaspoltronas solitárias e que se o surpreendia desmanchado

tudo é singularnessepaís original, o melhor escultorque ele produziu eoiuma mulher, Lady Hamilton, digna de seritaliana, e que

muito tempo..

Enfim,

quando judo estava cheio dessesfantasmas;

em lágrimasl

l

Mas, no Asilo Bon Sauver, suasloucuras coram menos comoventes.

esculpia,com suasposes,no mámtore do mais belo corpo que

O mal piorou e adquiriu um aspecto de degradação que parecia uma

jamais palpitou: o seu. Escultora estranhaque era a p'ópria estátua,

vingança contra a elegânciade suavida. Impossível deixar de contar alguma coisa... Espantosaironia do terrível Gracejador, escondido

l

e cujas obras-primas morreram com ela; glória vitalícia a sua, que não durou mais que as vibrações da vida e a ardente emoção de

no fiandodascoisas,que temlina por ter suavez na vida leviana

alguns diasl E uma página que ainda está por ser escrita; mas onde

daqueles que mais gracejaram deles O pavilhão do Bon-Sauver ãoi

encontrar a pena de Diderot para traça-la?

a pagaque Brummell teve pelo pavilhão de Brighton. Suavida terá transcorüdo entre essesdois pavilhões.

198

s8 Alusão

ao poema

"0 corsário"("The Corsair"), de Byron(N.T.) 199

;9 Do poema "Don Juan ou Beppo",

est. 34, de Byron:

"His

heart

was one ofthose which most enamour us,/ Wax to receive, and marble to retain"l"Seu coração era dos que mais nos encantam, / Cera no receber, e mármore no reter"](N.T.). õoTática militar dospartos, habitantesde Partia, antiga região da Ãsia

Anacreonte (563 a. C. -- 478 a. C.), poeta grego Anacreonte-Arquíloco Morre -- o autor refere-seao poeta Thomas Morre

(ver "Morre"),

que publicou

uma tradução

das Odes de

Anacreonte, além de escreverodes ao estilo de Anacreonte, e que

erachamadode ".4fz.zcreon Morre". Arquíloco (680 a. C. -- 645 a

que se estendia do Mar Cáspio à Índia. Consistia em simular uma

C.), poeta grego

hga, maslogo dandomeia-volta e lançandoflechassobreo inimigo

Bac, rua do

rua em que morou a Senhora de Staêl, em Paios

(N.T.). n Essaausência de escritores não ê completa, pois há Thomas Carlyle;

masé penaque ele prefira aequentemente o sedativoéter do espiritualismo alemão a esseestimulante caviar amado pelos ingleses,

que proporciona sensações tão 6inasl 62Refere-se à Rainha Vitória (1819 1901), que reinou na GrãBretanha de 1837 até a sua morte (N.T.).

Befzfíza como implica o texto, apeladoaplacadoà amante do Príncipe de Games, Mana Anne Fitzherbert, em conespondência com Big Befl, apodo que Brummell dera ao Príncipe

Beyle Made-Henri Beyle, o verdadeiro nome de Stendhal(1783 1842)

Blücher

Gebhard Leberetch von Blücher (1742 1819), marechal-

de campo prussiano que liderou as tropas prussianoscontra o exército

Índice onomástico

de Napoleão na Batalha das Nações (1813) e na Batalha de Waterloo (1815)

Listam-se aqui os principais nomes próprios referidos

no texto. Omitem-se aquelessobre os quais o con texto ê su6lciente para a compreensão dá passagem ou sobre os quais não âoi possível encontrar infor-

Bolíngbroke -- Henry SaintJohn, Visconde de Bolingbroke (1678-

mações adicionais.

BuHon

1751), político e escritor inglês. Brighton

uma das residências do Príncipe de Games.

Georges Louis Leclerc, Conde de BuHon (1707-1788),

escritor Êancês

Alcibíades--(450 a. C. -- 404 a. C.), general e político ateniense. Personagemdo diálogo de Platão que leva o seu nome e também

Bulwer

de O bafzquefe.

Burke

Alexandre -- o czar da Rússia, Alexandre 1(1777 1825)

Byron, Lorde -- George Gordon Noel Byron (1788-1824), poema

Alâteri -- Vittorio AJíied(1749-1 803), dramaturgo italiano.

romântico inglês.

Alâ:ed de Musset -- (1810-1857), poeta, romancista e dramaturgo

Cabais a cidade aancesamais próxima da Inglaterra, situada no

romântico Êancês.

Estreito de Dever

Amédée Rende -- (1808-1859), escritor 6:ancês.

Clnning

200

Edward George Bulwer Lytton

(1803 1873), escritor e

político inglês Edmund Burke (1729-1797), político e escritor inglês

George Canning (1770-1827), político inglês. 201

Carlyle

Thomas

Carlyle

(1795-1881),

ensaísta e historiador

Dantans referência a Antoine Laurente Dantan(1798 1878) eJean-

escocês.

Piene Dantan (1800-1 869), irmãos, ambos escultores.

Faz,no livro Sad s resarflis[0 alÉafafe rernendado], uma crítica do dândi e do dandismo.

Domington, Castelode

Caroline de Brunswick (1768-1 821), nascidana Alemanha. Esposa de George, Príncipe de Games, depois Rei George IV.

pertenceu não a GeoRrey Chaucer, o poeta, mas a Thomas Chaucer,

Carlton House

DonJuan -- poema de Lorde Byron, considerado sua obra-prima.

Cecil

na verdade,Castelode Donnington. E

seuíilho

uma das residências do Púncipe de Games.

Dubois

Cecil Danby, personagemdo romancehomónimo de Ca-

provavelmente Edmond Louis Alexis Dubois-Crance (1747-

thel:ine Gore (1799-1861).

181 4), militar e político Êancês

Chamfort

[)undas

Nicolas Chamíort (1741 1794), escritor Êancês.

Charles IT

Henry Dundas MelviEe (1742-181 1), amigo e lugar-eenenEe

de William Pitt (ver Pita). Ambos eram célebres por beberem muito.

Charles Stuart (1630-1 685), Rei da Inglaterra, Escócia

Daí a expressão mencionadapor D'AureviHy: "beber como Pitt e

e Irlanda (1661-1685).

Dundas Chatham

John

Pita, Duque

de Chamam (1756-1835),

imtão

de

William Pita, o Jovem. Militar e político inglês.

Edgeworth

Chaucer -- Geofítey Chaucer (1343-1400), escritor inglês.

Ersklne

Made Edgeworth (1768-1849), romancista irlandesa.

Thomas Erskine (1750-1823),juüsta e político britânico,

rlascido na Escócia.

Chesteríield -- Philip Dormer Stanhope, Conde de Chester6ield Etherege -- George Etherege (1634-1692), dramaturgo inglês

(1694-1773), escritor e político inglês. Childe Harotd -- Chitde Harold's Pilgritttage\Á peregrinÍtção de Childe

Harald, poema de Byron. Cibber

Colley

Clarisse Harlowe

Ciber

(1 671-1757),

açor e dramaturgo

inglês.

personagem de romance homónimo de Samuel

Richardson (1689-1761), escritor inglês. Congreve WiHiam Congreve(1670-1729), poeta e dramaturgoinglês. Corinne

personagem do romance homónimo da Senhora de Staêl.

D'Aurevilly, nestapassagem, refere-seà autora pelo nome de sua personagem. Cromwel]

Fiesques referência à tragédia de Friedrich SchiDer (1759-1 805), 1a ConylfrafíondeFfesgiJe.A açãopassa-seem Gênova, 1547, e descrevea conspiração dojovem Conde Fiesco contra a Eamíhareinante, Daria. D'Aurevüy provavelmente alude, nessapassagem,à vaidade do conde, causa, afinal, de seu aacasso e morte

Fitzherbert Maça Anne Fitzherbert(1756-1837), com quem George, Príncipe de Gales,depois Rei George IV, chegou a secasar,maso casamento âoi consideradoinválido. Sua ligação com o Príncipe continuou mesmo após o casunento deste com Cmoline de Brunswick.

Fox, Charles -- Charles James Fox (1749-1 806), político inglês. Ohver Cromwel1 (1599-1 658), político e militar inglês.

Figura central na Guerra Civil Inglesa.

d'Orsay

l

Alâed GuiUaumeGabriel, Conde d'Orsay (1801-1857),

célebre por seus gostos refinados.

202

Gales, Príncipe de -- ver "George IV George TV George Augustus Frederick, Príncipe de Gales (17621830), rei da Grã-Bretanha, Irlanda e Hanover (1820-1 830)-

203

Girodet -- Anne Louis Girodet de Roussy Trioson (1767-1824),

Hogarth -- Richard

Hogarth

(1697 1764), pintor

e caricaturista

inglês, jansenista

pintor Êancês.

Granby -- personagem do romance homónimo, de Thomas Henry

Jesse, Capitão

Lister (1 800-1 842), romancista

de Brummel1, 7he Lideof Gente Brumme//

inglês.

William Jesse (1809-1871), autor de uma biografia

GrarzdeÀ4adenioíse/le título dado, na trança monárquica, à bilha mais

Kaunitz

velha dos irmãos do rei. No caso, grata-sede Acne de Montpensier,

austríaco

Wenzel Aston, Conde de Kaunitz (1711-1794),politico

Duquesa de Moncpensier, prima de LuasXIV.

Lamb, Caroline

Guiccioli -- TeresaGuiccioh (1800-1873),teve uma ligaçãoamorosa com Byron quando estevivia na Itália.

por sualigaçãoamorosacom o poeta Lorde Byron

(1785-1 828), aristocrata inglesa, escritora, conhecida

Lauzun Antonin Nompar de Caumont, Duque de Lauzun (1632

Guiscard Antoine de Guiscard(1658-1710),nobre ítancês,eldlado na

1723), cortesãoe militar 6'ancês.Teria se casado,em segredo,caIR

Inglaterm. Em 8 de março de 1711, durante um interrogatório, apunhalou

Acne

Robert Hnley, Conde de O)áord, secretáriode Estado botânico.

de Montpensier,

Lawrence

Gustave Planche Jean Baptiste Gustave Planche (1808-1857), crítico literário hancês.

prima

de Luís XIV,

a Grande À4ade lzoiseile.

Thomas Lawrence (1769-1830), retratista inglês

Lespinasse-- Jeanne Julie Éléonore de Lespinasse(1732-1776), es-

critora aancesa. Hamilton

Anthony Hamilton (1646-1720), escritor irlandês.

Hamilton, Lady possivelmente Amy Lyon ou EmmaHart (1761-

Ligne

CharlesJoseph,Príncipede Ligne (1735 1814), militar e

escritor, nascido na Bélgica, mas de nacionalidade austríaca

1815), que se tornou Lady Hamilton pelo casamentocom Wilham Hamilton. Inspirou, recentemente, filmes e livros (entre esses,O

Listar -- Thomas Henry Lister (1800-1 842), romancista inglês

amarlfe do u11icão,de Susan Sontag). D'Aureviny

Palmerston, Lorde

provavelmente

Caz

alusão às suascélebres representações, nas quais fazia poses inspiradas em personagens clássicas.

Hanover, Casa de

sobre o Reinado da Grã-Bretanha (1714 1901).

Harley Robert Harley, Conde de Oxüord (1661-1724), político inglês. Foi apunhalado,em 8 de março de 1711, por Antoine de Guiscard, nobre Êancês refugiado na Inglaterra. Hazlitt

Palmerston,político inglês Manners, Lorde

dinastia real gennânica que reinou, entre outros,

William Hazliu(1778-1830), eruaístae crítico liteiáho inglês.

Menti de Marsay personagem de vários romances de Balzac. Herculano -- antiga cidade romana, vizinha de Pompéia, e também soterradapela erupção do Vesúvio, em 79 d. C.

204

HenryJohn Temple (1784-1865), Visconde de

John James Robert Manners, Duque de Rutland

(1818-1906),político inglês. Marlborough John ChurchiH,Duque de Marlborough (1650-1722), militar e político inglês Maré, Senhorita -- Anne Françoise Hyppolite Boutet (1779-1847), atroz âancesa

Madre Nash

Thomas Morre (1779-1852), poeta irlandês Richard Nash (1674-1 762), célebre dândi da época, conhecido

como Beau Nash

205

Necker, Senhora -- refere se à mãe da Senhora de Staêl, Suzanne

Churchod(17371794).

Shaútesbury Anthony Ashley Cooper, Conde de Shaâesbury(16211683), político inglês

North, Lorde FrederickNorte (1732-1792),6oi Primeiro-Ministro

Shelley Percy Bysshe Shelley (1792-1822), poeta romântico inglês.

da Grã-Bretanha entre 1770 e 1782.

Sheridan

Pelham -- personagem

do romance

Pilham,

or rhe adpenrures of a

gerzfreman,de Edward George Bulwer Lytton (1803-1 873), escritor e político inglês.

Pitt, Wilham - (1759-1806),conhecidocomo WiHiam Pitt, o Jo

R.ichard Brinsley Butler Sheridan(1751-1 816), dramaturgo

e político inglês.

Stanhope, Lady Hester Lucy Stanhope (1776-1839), sobrinha de William Pita, oJovem, Primeiro Ministro da Grã-Bretanha. Em partiu para uma longa viagem pelo Oriente Médio, tendo se estabelecidonuma cidade situada no anualLíbano, onde permaneceu até sua morte.

vem, paradistinguir de seu pai que, como ele, 6oiPrimeiro-Ministro Tácito Públio Comélio Tácito(55-120 d. C.), historiadorromano

da Inglatena. Rancé AmlandJean LeBouthilierde

Rancé(1626"1700), íimdador dos

Trapistas,ordem de religiosos católicos dedicada a uma rigorosa ascese.

Louis François Amaand de Vignerot du Plessis,Duque

de Richelieu (1696-1788), sobrinho-neto do Cardealde Richelieu (1585-1642). Conhecido por sualibertinagem. Todas asmenções aqui deitasa Richelieu remetem ao Duque e não ao Cardeal.

Rivarol -- Antoine de Rlvaro1 (1753 1801), escritor Êâncês.

Rochester LawrenceHyde, Conde de Rochester(1641-1711), político e escritor inglês. Romney Rulhiêre

(1754-1838),

Tibério Júho CasarAugusto(42 a. C.-37 d. C.), imperador

romano(14 d. C.-37 d. C.). O autor emalusão,nestapassagem, ao fato de Tibério, cansadodapolítica, ter buscadareagia na ilha de Capri. Trebeck -- personagemdo romance Graílby, de Thoinas Henry Lister (1 800-1 842), romancista

inglês.

Tu6iêre -- personagem da peça de Philippe Néricault Destouches

(1680-1754), U GI.'Í"x Turcaret

personagem da peça de Alain Rena Lesage (1668-1747),

de Rulhiêre

(1735-1791),

Vambrugh John Vambrugh (1664-1726), arquiteto e dramaturgo poeta e

ingles

historiador Êancês.

Warwick

Scott, Walter

e político inglês

(1771-1 832), poeta e romancista inglês.

Scrope Davies

de Talleyrand-Pêrigord

Turcaretou !e Fitiattcier.

George Romney (1734-1802), retratista inglês. Claude-Carloman

Charles-Maurice

político e diplomata Êancês.

Tibério

Reynolds -- Joshua Reynolds (1723-1792), pintor inglês.

Richelieu

Talleyrand

Scrope Berdmore Davies (1782-1852), também

Richard NeviE, Conde Warwick (1428-1471),militar

Windham -- WiUiam Windham

considerado um dândi, 6oi amigo de Byron

Wraxall

Staél, Senhora de

critor inglês

Acne Louise Gemlaine Necker, Baronesa de

(1750-1810), político inglês

Nathaniel WiUiam WraxaU (1751-1831), político e es-

Staél-Holstein (1766-1817), escritora de nacionalidade suíça que viveu por muito tempo em Pauis. 206

207

Dândis e dandismo: frases

4

Oscar Wilde O primeiro dever na vida é o de ser tão arti-

ficial quantopossível.Qual é o segundoninguém descobriu ainda. + Em todas as questões pouco importantes,

f

o

estilo, e não a sinceridade, é o essencial.Em todas asquestõesmuito importantes, o estilo, e não a sinceridade, é o essencial.

t Nenhum V

crime é vulgar, mas toda vulgaridade

e crime.

t /

Devemos ser uma obra de arte ou vestir uma t A ocupação é a raiz de toda 6eiura

t 211 \h

A condição da peúeição é o ócio: o objetivo da peüeição é ajuventude. t Há algo trágco no eito de que existe, agora, na Inglaterra, um grande número de jovens que começam a vida com perfis peúeitos e acabam por

adotar alguma pro6lssãoútil. +

Amar a si mesmo é o início de um romance para toda a vida.

Ela é, pois, sempre vulgar, isto é, o contrário do Dândi. ÇMeu coraçãodesnudados

t O Dândi deve aspirar a ser sublime, sempre. Deve viver e domlir dente a um espelho. l.Meu cotaçãodesnudados +

Eterna superioridade do Dândi (Meta coração desttt4dadoÜ

t

l.Frasese $1oso$aspara uso dosjovettsÜ

Um Dândi não eaznada.Podem imaginar um

Charles Baudelaire

Dândi eHandopara o povo, a não serpara aÊontá-lo?

O gosto precoce pelas mulheres. Eu confundia

o cheiro da peliça com o cheiro da mulher. Lembrome bem... Enülm, gostavada minha mãe por sua elegância.Era, pois, um dândi precoce. l.RojõesÜ X

A mulher é o contrário do Dândi. Ela deve, pois, causar horror.

A mulher tem fome: ela quer comer; sede: quer beber.

l.Meta coração desnudados

Albert Camus O dandismo é uma forma degradadada ascese. O dândi cria a suaprópria unidade por meios estéticos. Mas trata-se de uma estética da singularidade e da negação. "Viver e morrer diante de um espelho'',

esseera, segundo Baudelaire, o lema do dândi. Ele é, na verdade, coerente. O dândi, por suafunção, é sempre um opositor. Ele só se mantém no desafio.

Está no cio: quer ser fodida.

Grande méritos

A mulher é fzafura/,isto é, abominável. 212

[...] O dândi corja uma unidade pela própria corça da recusa. Disperso, na qualidade de pessoaprivada de regra, ele serácoerente como personagem.Mas 213,

um personagem pressupõe um público; o dândi só pode desempenhar um pape] quando se opõe. [...]

O dândi, portanto, é sempre obrigado a impressio nar. Sua vocação de dândi estána singularidade, seu apeúeiçoamento, no excesso. Sempre em ruptura, sempreà margem dascoisas,ele obriga os outros a criarem-no,

enquanto nega os seus valores.

(O homefn ret,o/fado, Record, trad. Valerie Rumjanek)

mas ignorarem sua nova invenção, então, no que

toca à imitação, ele é um esquisito,um pobre e tolo Dândi, do qual as pessoasfalam com uma comiseração tolerante ou desdenhosa. E nisso reside a real diferença entre o Be.zue o Dândi. O Beaujá nasceartista da roupa, toda a ciência do vestir-se é algo que Ihe vem naturalmente, suasroupassão a expressãodele mesmo. Com o Dândi, entretanto, é preciso que a ciência das roupas Ihe seja instilada;

ele deve ter um ansioso cuidado e preocupação quanto ao que vestir e como.

Clare Jerrold

('me Bea x znd f/zeDandíes, 1910)

O Dândi, tal como o interpretamoshoje, é um cavalheiro re6lnado, com uma grande preocupação com a sua aparência, mas ele pode ter outras qualidades e outros grandes poderes. Pode ser um

poeta, um político, um negociante, um Lorde, um artista na verdade, pode ser qualquer coisa, desde que tenha também o desejo de se fazer notar pela aparência. Alguém assim copiará avidamente a moda mais recente ou estabelecerá, ele mesmo, uma nova; e se for ousado o bastante para optar pela última hipótese, ganhará ou perderá com isso. Isto é, se a novidade âor aclamada por seus colegas,

se a copiarem e comentarem, então ele subiu um degrau a mais na peculiar classificaçãodo Dândi. Por outro lado, se 6or simplesmente contemplado

Max Beerbohm Como em todas as imagens conhecidas do Beata [George Brummell],

impressiona-nos

a extre

ma simp]icidade de seu vestuário. [...] Pois não é ao seu sutil desprezo pelos acessóriosque podemos remontar o primeiro objetivo do dandismo moderno, a produção do efeito supremo pelos meios menos extravagantes? [...]

Fora de sua arte, o Sr. Brumme]] tinha uma personalidadede uma insignificância quasebalzaquiana. Hlouve dândis, como D'Orsay, que eram quasepintores; pintores, como o Sr. Whistler, que

mas não imitado, se as pessoasrirem e falarem dele,

pretenderam ser dândis; dândis, como Disraeli, que depois seguiram alguma vocação menos trabalhosa.

214

'215

Dandismo: biblioteca básica

Penso que o Sr. Brummel era um dândi, nada mais

do que um dândi, desdeo berço até àqueletemível dia em que perdeu a posee teve de fugir do país A sociedade inglesa é sempre regida por um dândi, e quanto mais absolutamenteregida, maior

será o dândi. Pois o dandismo,a peúeita flor da elegância extrovertida, é o ideal que ela está sempre se esforçando por realizar, à sua própria e incoeren

("Dandies and Dandies'', 1896)

te maneira. Mas não há nenhuma razão para que o dandismosejaconfiindido, como tem sido por quase todos os escritores,com a simplesvida social. Se o contato com a vida social é, na verdade, apenasum dos acidentesde uma arte, suainHuência, como o perfume de uma flor, é inconscientemente difundido. Tem seuspróprios ginse suaspróprias leis e não conhece nenhuma outra. [...]

. +

Poucos lembram que a vaidade do dândi é

muito diferente da rude presunçãodo homem simplesmente bonito. O dandismo é, a6lnal, uma das artes decorativas. Um bom terreno sobre o

qual trabalhar é seu primeiro postulado. E o dândi preocupa-se com seus dotes físicos apenas à medida

que eles são suscetíveisde bons resultados. Para ele, essesdotes não são mais do que o pergaminho sem iluminuras

é para o artista decorativo,

a forma de

um vaso branco ou a superíicie de uma parede que irá receber um aüesco. 216

+

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co mmunity.]ivejournal. Dandyism.net

com/dan dyism

[inglês]

dandysm.net Dandysmus

[inglês, alemão]

dandysme.eu EI Dandismo

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eldandismo.blogspot.com

.b

EI Dandy

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eldandy.net l

11 Dandy

[italiano]

noveporte.it/dandy

Les Nouveaux Dandys]âancês] lesnouveauxdan dys . com/new.dandy/

220

221

Ressonâncias do decadentismo na

Belle Époque brasileira Grupo de pesquisa,aparentemente sem site específico, mas com várias referências na Internet

(usar o

Google para locahzá-las).

Savoir-Vivre ou MourirÍ6ancês] Êancois. darbonneau.Êee The Dandy

.

íi'/index2.html

[inglês]

thedandy.org

i l

222

Um mimo é um dom. Uma dádiva.Um agrado Uma graça. Um mimo não é nada. Mas pode ser muiQUALQUER LIVRO DO NOSSO CATÁLOGO NÃO ENCONTRADO NAS RARIAS PODE SER PEDIDOPOR CARTA, FAX, TELEFONEOU PELA INTEKN

to. Não tem cálculo. Nem intento. Não é pensado E, contudo: escolhido a dedo. Um mimo é generoso,

gentil, delicado. Uma jóia rara. (Mas não cara). Pra alguém que faz anos. Ou sofreu desenganos.Mas tam-

bém a pretexto de nada. Simplesmenteporque você gostou. E lembrou de alguém que gostaria. Porque

você botou o olho e pensou: é issolUm mimo não é um objeto de desejo.Porque não é pra si. E pra outrem. E não é pra ostentar.E pra dar. Discreta E!]

Rua Aimorés. 981, 8' andar Funcionário Belo Horizonte-MG - CEP30140-071

infante. Na cumplicidade

de uma amizade. Ou na

clandestinidade de um amor. Não é pra guardar como Tel:(31) 3222 6819

um tesouro. Porque não é pra dentro, maspra cora.

fax: (31) 3224 6087

E não é da ordem da usura, mas da generosidade. E

Televendas (gratuito): 0800 2831 322

gratuito. Não esperanada em troca. Mas sem que você

o saiba,acabadepositado.No fundo perdido do dom vendas@autenticaeditora .com .br @

itenticaeditora .com.br

universal. Até que um dia, do nada, quando menos

esperava,você recebeum. E o circuito se completa, mas também recomeça. E a lei do mimo se cumpriu.

Quem mima mimado será. Como na história contada por Paul Auster (Co//ecfed Frase,Picador). Um amigo andava desesperadamente atrás de um livro que queria muito, mas não conse-

guia encontrar em lugar alguns. Após mesesde busca, passandopela Grand Central Station, em Nova York, ESTE LIVROFOI COMPOSTOCOM TIPOGRAFIAGARAMOND E IMPRE!

:M PAPELCHAMOISDUNAS FINE 80G. NA FORMATOARTES GRÁn

avista uma moça que lia exaEamenteo cobiçado livro.

Aborda-a, conta que andavaatrásdo livro e pergunta onde poderia encontra-lo. Ela diz que o livro é mata vilhoso . "Ê para você",

disse. "Mas é seu", disse ele.

Era", respondeu ela, "mas temunei de lê lo. Vim aqui

hclje para dá lo a você:
BAUDELAIRE et elii. Manual do Dandy. Trad. de Tomaz Tadeu. BH. Autêntica. 2009.

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