Aula 12_CH_Atualidades_Conflitos Separatistas na Rússia

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Conflitos Separatistas na Rússia A antiga União soviética era composta por um grande mosaico de etnias com diferentes culturas, línguas e religiões, na qual as que predominavam eram a cristã e a islâmica. Com a dissolução do bloco e a independência dos países que haviam sido anexados, a Federação Rússia não deixou de exercer uma enorme influência política e econômica na região. A dissolução do bloco comunista deu início a uma série de conflitos na região do Cáucaso entre a Rússia e países como a Ucrânia. A influência de Moscou é tão grande na região que parte da população da Crimeia (Ucrânia) é pró-Rússia. Situação contrária da Ucrânia é a da Chechênia, que se localiza no território Russo. A região há muito tempo busca sua autonomia política, portanto, ela representa uma das regiões onde há a presença de movimentos separatistas. Para entender melhor a questão chechena e ucraniana apresentaremos textos que abordam as origens dos conflitos e as principais questões que estão em jogo no cenário geopolítico do Cáucaso. Os movimentos separatistas no Cáucaso, no território russo, têm como protagonistas os chechenos, que lutam pela sua própria constituição territorial. A Rússia é um dos exemplos mais evidentes do descompasso existente entre a construção das fronteiras políticas representadas pela soberania dos Estados e as diferentes nações que integram essas localidades. Dessa forma, esse país – assim como os demais Estados da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) – abriga em suas regiões verdadeiros mosaicos étnicos que, em muitos casos, procuram constituir a sua própria autonomia e independência. Em alguns casos, grupos tidos como terroristas realizaram inúmeros atentados e ameaças públicas ao governo russo que, em muitos casos, reprimiu duramente os seus opositores. Nas vésperas das Olimpíadas de Inverno de 2014 em Socchi, por exemplo, um grupo extremista anunciou um vídeo prometendo realizar ações terroristas durante aquilo que foi classificado como “jogos satânicos”. Muitas das questões envolvendo os grupos separatistas na Rússia e nas demais ex-repúblicas soviéticas devem-se, primeiramente, a esse pluralismo nacional existente nessa região e, em segundo lugar, à antiga postura do governo de Josef Stalin ao implantar a chamada “política do liquidificador”. Nessa conjuntura, a administração soviética forçou a dispersão das diferentes composições por todo o território pertencente à URSS, envolvendo usbeques, russos, tajiques, cazaques, quirguízes e muitos outros grupos.

Mapa da expansão soviética no planeta após a Segunda Guerra Mundial

A zona russa que apresenta focos de tensões é a região do Cáucaso, uma localidade que divide a Europa Oriental e a Ásia Ocidental, onde está situada uma cadeia de montanhas de igual nome, cercada pelo Mar Negro e pelo Mar Cáspio. As principais repúblicas que prezam pela independência nessa região são a Chechênia e o Daguestão.

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Localização da cadeia montanhosa do Cáucaso, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio.

Localização da Chechênia e Daguestão no território russo.

Conflito Rússia e Chechênia A disputa entre russos e chechenos, vez ou outra ganha destaque nos noticiários internacionais com o registro de conflitos de menor e maior impacto. De fato, esta intranquila região das montanhas do Cáucaso tem sua história marcada por interesses de dimensões política, econômica e geográfica. Incrustado entre o mar Negro e Cáspio, essa localidade compõe a fronteira que divide os vários governos islâmicos do Oriente Médio e as zonas de influência russa no Leste Europeu. Históricamente, a região ocupada pela Chechênia marcou uma antiga esfera de conflito entre os espaços dominados por cristãos e muçulmanos sob o ponto de vista político e religioso. Apesar de viverem em uma região dominada pelos russos, de orientação cristã, os chechenos se converteram ao islamismo por volta do século XVIII. Em resposta a tal situação, a monarquia czarista russa decidiu anexar a Chechênia aos seus vastos domínios imperiais. A partir desse advento, o Império Russo teve enormes dificuldades para estabelecer seu domínio sob uma população com aspectos identitários e tradições bastante homogêneas. Nas primeiras décadas do século XX, passado meio século da dominação russa, os chechenos aproveitaram das convulsões que colocavam a revolução bolchevique a caminho na Rússia. Dessa for-

ma, decidiram formar um governo independente com criação da República Montanhesa do Cáucaso Norte. Apesar da profunda mudança política ocorrida na Rússia, os exércitos revolucionários trataram de dar fim ao intento separatista entre os anos de 1919 e 1921. Com a represália russa, os chechenos mais uma vez retrocederam seus desejos autonomistas tendo somente outra oportunidade com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nesse momento, inspirados pela ação dos finlandeses, formaram um exército de resistência e declararam sua independência. Temendo que os russos mais uma vez conseguissem derrotá-los, os chechenos decidiram buscar apoio militar da Alemanha Nazista. A aliança oferecia grandes vantagens ao Hitler, que poderia daquela região promover o controle sobre os ricos campos de petróleo encontrados na região de Baku. Inconformado com essa aliança, o ditador Josef Stálin decidiu deportar mais de 400 mil chechenos para as áridas regiões da Ásia Central. Este episódio marcou uma das últimas situações de conflito entre russos e chechenos na região. Contudo, nos fins da década de XX, o processo de desintegração do bloco socialista reavivou o desejo de soberania entre os povos do Cáucaso. Dessa forma, a Chechênia declarou uma nova independência, em novembro de 1991. Somente três anos depois, com a Rússia sob o comandado do presidente Boris Ieltsin, novas tropas foram enviadas contra os separatistas. Em 1996, passados dois anos de conflito entre russos e chechenos, a Rússia sofreu uma humilhante derrota que poderia dar fim ao histórico impasse entre esses dois povos. Contudo, no ano de 1999, o exército russo invadiu a Chechênia depois de alguns militantes islâmicos radicais terem participado da tentativa de implantação de um governo islâmico na província do Daguestão. Nesse meio tempo, organizações de natureza terrorista se estabeleceram como uma nova força de oposição contra a dominação russa. Recentemente, alguns indícios apontam a possibilidade de terroristas chechenos receberem apoio da rede terrorista islâmica Al-Qaeda. Em 2004, o sequestro e assassinato de crianças em uma escola do interior da Rússia, promovido por terroristas chechenos e árabes, reativaram com grande força o clima de tensão. De lá para cá, a possibilidade de fim para esse conflito se torna uma incógnita que, cada vez mais, acumula lamentáveis sinais de ódio, sangue e terror.

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O conflito Rússia e Ucrânia

Localização da Crimeia e a distribuição da população na Ucrânia que tem como língua nativa o Russo.

A atual crise na Ucrânia teve início oficial em fevereiro de 2014, quando manifestantes invadiram a Praça Maidan na capital Kiev. Eles protestavam contra a decisão do então presidente Viktor Yanukovych de não assinar um acordo com a União Europeia (UE) no final de 2013. Como resultado, Yanuvych deixou a presidência e fugiu de Kiev um ano antes do término de seu mandato. Com o vácuo de poder criado pela situação, a Rússia passou a interferir mais ativamente no país. O posicionamento russo (incluindo a anexação da região da Crimeia) desencadeou um dos mais sérios conflitos da atualidade no leste europeu. Iniciada há mais de um ano – e aparentemente longe de um fim –, a guerra levanta questões sobre as reais causas das tensões, as implicações na dinâmica de poder da região e possíveis caminhos a serem trilhados pela Ucrânia em um futuro próximo. Em novembro de 2013, a Ucrânia encontrava-se à beira de uma forte crise econômica e o presidente Yanukovych enfrentava um dilema: firmar um acordo com a UE ou aceitar um empréstimo de cerca de US$15 bilhões da Rússia. A aproximação com a Rússia sinalizaria uma movimentação para formar a chamada União Eurásia, integrada por Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia. O acordo com a UE, por sua vez, extrapolava o âmbito comercial, partindo do pressuposto de que a Ucrânia aderiria também a princípios e valores políticos do bloco europeu, segundo o professor Lubomyr Hajda, do Instituto Ucraniano da Universidade de Harvard. O então presidente, cujas alianças políticas eram pró-Rússia, não aderiu ao acordo com a UE, acirrando divisões pré-existentes dentro do país. Para entender melhor o porquê da recusa de Yanukovych, é preciso olhar para a história do país, desde sua separação da União Soviética (URSS) em 1991. Pode-se afirmar que a opinião pública na Ucrânia é extremamente dividida em relação a alianças políticas e econômicas. Fatores que influenciam essas divisões são

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as diferentes etnias, idiomas, religiões, identidades históricas e aspectos culturais. O oeste do país juntou-se ao que hoje é a Ucrânia em 1940, após dois séculos sob domínio do Império Austro-Húngaro e, por um período, da Polônia. Nesta região, o idioma predominante é o ucraniano, a religião é católica grega e, devido a forte influência do ocidente, a população é majoritariamente pró-integração com a União Europeia. Por outro lado, as regiões leste e sul integraram o país imediatamente após a Guerra Civil Russa, em 1920. Nestas regiões o principal idioma é o russo e as inclinações políticas da população estão aliadas às da Rússia. A Ucrânia passou a existir de fato como Estado após 1991, quando a população votou em um plebiscito que tornou o país independente do bloco soviético. Houve também, naquela, ocasião, eleições que escolheram como presidente Leonid Kravchuk, ex-parlamentar comunista. Após a independência, houve uma série de crises políticas e econômicas, cujos principais motivos foram as divisões internas, como afirma Eugene B. Rumer, Diretor do Programa Russia and Eurasia do Carnegie Endowment for International Peace. Rumer argumenta que a antiga elite oligárquica dominante na política desde a época da URSS não foi removida com a independência, tendo sido apenas substituída majoritariamente por uma nova geração que, apesar de ter assumido a bandeira de nacionalista, ainda defendia os interesses soviéticos. Segundo o autor, os líderes do Rukh – um dos mais importantes movimentos nacionalistas do país – não buscaram criar um partido de oposição ao do então presidente Kravchuk. Como resultado, as antigas elites permaneceram no poder e reformas necessárias não ocorreram, levando à forte estagnação da economia do país. A instabilidade econômica e a consequente crise agravaram ainda mais as disputas entre as regiões. Observando a história e a formação do país, é possível afirmar que a disputa entre as regiões faz parte de um questionamento muito maior sobre o que é de fato a Ucrânia. Rumer argumenta que, sem uma história mais densa de soberania, identidade nacional e noção de Estado, ambas as regiões leste e oeste possuem legitimidade para tentar definir a agenda doméstica e externa do país.

A caminho da Revolução Laranja Em sua primeira década como um país independente, a Ucrânia viveu forte instabilidade econômica oriunda de divergências internas, culminando na chamada Revolução Laranja em 2004. Em 1994, o então presidente Kravchuk perdeu as eleições presidenciais para Leonid Kuchma, candidato apoiado massivamente pelo leste pró-Rússia. O quadro político ucraniano – que tinha atingido certa estabilidade com a formação de uma aliança democrática de centro da qual faziam parte representantes de diferentes regiões do país – sofreu grande mudança no segundo mandato de Kuchma (entre 1999 e 2004). É importante ressaltar que tais representantes, independentes de ideologias políticas, vinham majoritariamente de elites oligárquicas dominantes em suas respectivas regiões. Durante o segundo mandato de Kuchma, no entanto, tudo mudou. A aliança nacional democrata de centro se dissolveu, houve um fortalecimento de uma oposição não comunista no país, além de um grave escândalo de corrupção chamado “Kuchmagate”. O escândalo trouxe a público gravações e documentos que provavam uma série de irregularidades na administração de Kuchman, como vendas não autorizadas de armas no exterior, fraude em eleições passadas, perseguição e violência contra jornalistas e políticos de oposição, abuso de autoridade, desvio de verbas públicas, entre outros. Kuchma acusou a oposição e outros países de forjar provas, contudo, estas foram consideradas verídicas pela maioria da população. A Revolução Laranja iniciou oficialmente com manifestações após as eleições presidenciais de 2004, entre Viktor Yushchenko (oposição) e Viktor Yuanukovych (candidato apoiado pelo então presidente Kuchma), terem sido consideradas como fraudulentas e ilegítimas. Apesar das pesquisas indicarem claramente uma vitória de Yushchenko, o resultado oficial declarou Yanukovych como vencedor e os protestos eclodiram em diversas regiões do país. Após novas eleições em dezembro do mesmo ano, Yushchenko, foi finalmente declarado presidente. A Revolução Laranja, no entanto, foi muito mais do que uma rejeição às fraudes eleitorais de 2004. Foi um clamor por mudanças no governo liderado há décadas pelos mesmos representantes de elites oligárquicas e a demonstração de insatisfação, especialmente, com os escândalos de corrupção que envolveram diversos membros do governo ucraniano no Kuchmagate.

Analisando a história da Ucrânia desde 1991, observa-se que as diferenças ideológicas, culturais, religiosas e de identidade foram transferidas para a esfera pública pelas elites de ambos os lados, causando instabilidade política e econômica no país. As poucas tentativas de unificação, observadas principalmente na aliança democrática de centro formada em 1998, não tiveram continuidade e foram dissolvidas devido aos interesses internos de cada partido envolvido. A ausência de um projeto bem sucedido de unificação nacional – por falta de vontade política ou até mesmo da própria população – é um dos principais motivos para a eclosão não só da Revolução Laranja, mas também do atual conflito na região.

Por que a crise na Ucrânia é importante? Ao mesmo tempo que ameaçam a Ucrânia com sanções, Estados Unidos e União Europeia pedem paz e diálogo. Enquanto isso, o presidente russo Vladimir Putin liga para o presidente ucraniano Viktor Yanukovych enquanto lhe envia dinheiro e baixa o preço do gás vendido ao país. Por fim, o vice-presidente americano, Joe Biden, também chama Yanukovych para pedir que ele não reprima os manifestantes. O que a Ucrânia tem para que todos esses atores da cena política global estejam tão dispostos a agir?

Protestos são reprimidos com violência na Ucrânia

Para muitos, o país é o vértice geográfico onde se disputa uma nova versão da Guerra Fria. O conflito na Ucrânia já deixou mais de 70 mortos e centenas de feridos nos últimos dias. Os choques entre manifestantes e a polícia se tornaram constantes, especialmente na capital, Kiev. E uma recente tentativa de trégua fracassou. Tudo começou em novembro, quando Yanukovych decidiu recusar um acordo que aprofundaria os laços do país com a União Europeia e era negociado havia três anos. Em troca, o presidente preferiu se aproximar da Rússia. Ou tudo teria começado antes?

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Pescoço paralisado

"Eram corruptos, incompetentes. Então as pessoas votaram em Viktor Yanukovych", disse Edward Lu-

Durante quase todo o século 20, a Ucrânia fez parte da União Soviética, até sua independência em 1991. Desde então, o país passou a olhar em uma outra direção, do Oriente para o Ocidente, da Rússia para a União Europeia, tendo os exemplos de Polônia, Eslováquia e Hungria todos membros da União Europeia em seu horizonte. Mas a Ucrânia não completa esse movimento porque duas forças contrárias o paralisam. De um lado, está a parte ocidental do país, onde vivem as gerações mais jovens e de onde partiu o movimento de aproximação da UE. Do outro, está a parte oriental e sul, mais próxima da Rússia, onde se fala russo e não ucraniano e prevalece um sentimento de nostalgia dos anos de integração soviética. Por fim, de cada um desses lados, existem os interesses e pressões de grandes potências mundiais.

Manifestantes ucranianos se casam em prédio municipal ocupado por ativistas

cas, editor internacional da revista "The Economist" e autor do livro "A Nova Guerra Fria: a Rússia de Putin e sua ameaça ao Ocidente", ao programa PM da Rádio 4 da BBC. "Infelizmente, isso abriu a porta para a Rússia, e a Rússia forçou a Ucrânia a recusar o acordo comercial com a União Europeia e levou a Ucrânia para o seu lado", acrescentou Lucas. Em uma reunião em 17 de dezembro de 2013 entre Putin e Yanukovych, a Rússia se comprometeu a comprar o equivalente a R$ 36 bilhões em títulos do Estado ucraniano e a reduzir o preço do gás vendido ao país.

Um manifestante a favor da integração da Ucrânia com a União Europeia usa mascaras de gás enquanto caminha em meio a pneus queimados e lixo em dia seguinte a confronto entre a polícia e ativistas em Kiev, no dia 23 de janeiro.

Parceiros comerciais

O gás A Rússia é o principal parceiro comercial da Ucrânia. Em A Ucrânia depende da Rússia para abastecer-se de gás. Além disso, por seu território passam dutos que transportam o gás russo para a União Europeia. Muitos analistas acreditam que a crise do gás ocorrida entre 2006 e 2009 foi uma consequência das tensões políticas que já existiam na época na Ucrânia, em razão da divergência quanto a aproximar-se da União Europeia ou da Rússia. Essas tensões estavam no coração da Revolução Laranja de 2004, na qual o atual presidente Viktor Yanukovych perdeu poder enquanto líderes mais favoráveis ao Ocidente, como os políticos Viktor Yaschenko e Yulia Tymoshenko, subiram ao poder. Mas esses políticos não conseguiram satisfazer as expectativas populares, o que levou Yanukovych a ganhar as eleições de 2010.

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2012, segundo informações oficiais, as exportações do país para a Rússia foram de R$ 165 bilhões, enquanto as importações vindas da Rússia somaram R$ 203 bilhões. Ao mesmo tempo, a UE representa um terço do comércio exterior da Ucrânia. Em 2012, o país exportou R$ 48 bilhões para o bloco, do qual comprou produtos e serviços num valor total de R$ 78 bilhões, segundo números da Comissão Europeia. A maioria das exportações ucranianas para o bloco são beneficiadas por um sistema de isenções tarifárias.

Esferas de influência Mas, para Mark Mardell, editor da BBC para a América do Norte, o assunto vai além do comércio exterior. "A batalha pela Ucrânia é sobre a influência e o alcance do Ocidente no mundo", diz. "Desde a queda da União Soviética, a Rússia se enfraqueceu perante o Ocidente", afirma Mandell. "Não apenas ex-aliados como Polônia ou República Tcheca hoje são parte da UE, mas também ex-membros da URSS, como Lituânia e Letônia, se uniram ao bloco. E agora um aliado histórico russo, a Sérvia, decidiu fazer o mesmo." A Rússia não pretende dar o braço a torcer em relação à Ucrânia. O chanceler russo Sergei Lavrov disse nos últimos dias: "Muitos países ocidentais tentam interferir de todas as formas, encorajam a oposição a agir ilegalmente, até mesmo flertam com os militantes, dão ultimatos, ameaçam com sanções". Já em 2010, a Ucrânia firmou com a Rússia um acordo que determinou um desconto de 30% no gás russo vendido ao país. Em troca, a Ucrânia estendeu por 25 anos o arrendamento da cidade de Sebastopol, no mar Negro, onde a Rússia tem uma importante base naval. Os manifestantes contrários a Yanukovych acreditam além de tudo que o presidente está encaminhando o país rumo à sua inclusão na União Euroasiática, uma união alfandegária impulsionada por Putin, da qual fazem parte a Bielorrússia e o Cazaquistão. Tanto Putin quanto Yanukovych negam essa acusação.

Fraqueza Ocidental Lucas, da "The Economist", acredita que Putin e sua equipe no Kremlin "nunca aceitaram os termos do acordo de 1991, após o colapso da União Soviética". "Eles querem recuperar uma parte da Europa que eles acreditam pertencer a eles, ser parte de sua esfera de influência". Se isso acontecesse, isso "pode abalar o fornecimento de gás e petróleo da Europa", diz. "O oeste do país não aceitará o mando de Moscou ou de Kiev, se for em nome de Moscou; eles travaram uma disputa de guerrilha por dez anos entre 1945 e 1955, que foi esmagada brutalmente por Stalin". Tanto Lucas quanto Mardell, da BBC, enxergam uma falta de firmeza nas posturas da União Europeia e dos EUA. Para Mardell, a "Europa exibe fraquezas", e "Barack Obama dá a entender que não se interessa pelo que acontece no exterior".

Silêncio "O som mais inquietante nas ruas de Kiev não é o dos tiros ou das explosões, mas o do silêncio", disse Steve Rosenberg, enviado da BBC à Ucrânia, na última quarta-feira no rádio. No centro da cidade, não havia automóveis, apenas pessoas caminhando pelas calçadas. Era como se as coisas estivessem em suspenso, o ar parado, à espera de uma definição, se o país irá pender para o leste ou para o oeste.

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