TAREFA 2 EDUCAFRO 2020.2 - Ábila Soares

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS CURSO PEDAGOGIA EDUCAÇÃO E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA PROF. DR. PAULO FERNANDO MARTINS DISCENTE: ÁBILA LIMEIRA SOARES

TAREFA 2 Assista os documentários abaixo e escreva UMA CONCLUSÃO para cada um dos documentários buscando relacioná-los aos documentários. A) África no currículo escolar ​https://youtu.be/A_nxP0bY6Wc

Este documentário discute a importância do currículo escolar incluir a África com responsabilidade, silenciando as ​Fake News​ que foram enraizadas no imaginário brasileiro, imaginário esse que contribui para a perpetuação do racismo através da inferiorização dos negros. O Eurocentrismo nos livros didáticos é destacado, sendo a cultura europeia a máxima em desenvolvimento, consequentemente usada como medida para estabelecer o quão desenvolvido é um povo. Toda essa valorização se estende em todos os campos sociais, são repetidas oral e principalmente corporalmente, através das atitudes cotidianas. Podemos perceber isso no padrão de beleza e nos vários métodos para europeizar as pessoas, além da supervalorização da arte, tecnologia, história e cultura europeia. Uma das preocupações em torno desse cenário é a autoestima dos negros, já que embora seja trabalhada ações contra racismo na escola, fica subtendido pela literatura que são inferiores, pois a África se sobressai apenas pelas doenças, estabilidade política e principalmente fome e pobreza. O continente Africano foi fundamental para a história do homem, mas isso muitas vezes não é discutido na escola e a sociedade se forma conhecendo muito pouco da história africana.

A motivação para essa omissão está no modo como foi escrito, em 1872 apenas 1% da população negra era alfabetizada, as oportunidades para escolarização eram extremamente restritivas, o sistema educacional não se adequava às suas realidades, logo não foram eles que registraram a história negra. O documentário ainda mostra projetos escolares que visam reparar esse problema social, através do ensino da cultura e história africanas no ensino fundamental, em contrapartida, com o depoimento acerca da sua importância para a autoestima e valorização do negro. Dessa forma, se faz necessário recontar a história dos africanos, de modo a enfatizar a origem dos seus ritos e religiões que influenciaram a criação e perpetuação de religiões de matriz africana no Brasil, como o Candomblé, como tentativa de estimular o respeito e extinguir a intolerância religiosa. Além de destacar como os africanos foram importantes para a história do Brasil, enriquecendo nossa cultura com suas artes, culinária, conhecimento das ervas e crenças religiosas. Também participaram de lutas territoriais e foram responsáveis pela maior parte da mão de obra do país, mesmo que sob efeito da escravidão. A contribuição dos africanos se estende pelo campo científico, já que são os primeiros detentores do conhecimento sobre o ferro, a arte de ser ferreiro que para eles é um personagem, um campo artístico, uma casta particular de sua sociedade. A metalurgia, o manuseio não só do ferro, mas também do ouro, o conhecimento sobre agricultura, agropecuária e conhecimento do clima, estes conhecimentos que temos no Brasil não nasceu somente conosco, mas foi influenciado e enriquecido pelos africanos. B) Origens ​https://youtu.be/mpjxTzsQfQk

Aqui são apresentadas as tradições religiosas de origem africana, que são praticadas e consolidadas no Brasil, também é discutido a perseguição e preconceito acerca destas práticas. São apresentadas também as relações e influências europeias e indígenas nos cultos afro-brasileiros. O fenômeno social Diáspora Africana. É o entrelaço da cultura africana com diferentes povos em diferentes territórios globais, ação resultante do tráfico de africanos nos navios negreiros para o ‘novo mundo’, 40% do contingente de negros desembarcaram nas

Américas entre o final do século XV e o século XIX. Esse acontecimento foi a origem da conexão entre brasileiros e africanos, onde as expressões culinárias, religiosas, artísticas e até mesmo corporais foram preservadas ao longo das gerações que cresceram sob influência dessa relação. Em relação às tradições religiosas: o candomblé de nação ketu, oyó e ijexá nos terreiros baianos, o batuque gaúcho, o xangô pernambucano e a mina maranhense foram as resultantes. O preconceito contra essas vertentes religiosas se expressam não só através da demonização dos elementos religiosos pertencentes a cada segmento, como também com o teor mágico e exótico que se dá ao Candomblé, por exemplo, pois isso o minimiza, desconsidera sua complexidade e seriedade. O documentário também aborda a importância que a possibilidade de praticar seus ritos teve para os africanos, já que servia para relembrar, mesmo que com melancolia, a sua terra, o seu povo. O Brasil recebeu africanos de diversas regiões e cada um trouxe consigo uma bagagem cultural, embora todas se relacionam entre si, como acontece com os brasileiros e seus diferentes estados. As religiões de matrizes africanas são derivadas dessas ramificações, as crenças africanas tem se passado de geração para geração através da história oral, são relatadas e ensinadas a partir de contos que explicam o funcionamento e criação do mundo e seus elementos. Derivado destes contos podemos reconhecer conhecimentos importantíssimos para a evolução humana e cultura brasileira, como a arte de manuseio do ferro e afins, conhecimento sobre a farmácia natural com a manipulação das ervas e temperos, além da habilidade para construção, conhecimento arquitetônico, que se origina não com a matemática européia, mas com uma matemática local dos africanos. Estes fatos acerca da tecnologia e fé africana vão de encontro às crenças diminutivas que perpetuam com o preconceito, ignorância e intolerância religiosa. Por isso, a promoção do conhecimento acerca do continente e seu povo (africanos) é tão valiosa como estratégia para combate ao racismo no Brasil.

Para isso se faz necessário aprimorar o modo como esse povo e sua terra é abordado no currículo escolar e nas conversas, seja na história oral ou até mesmo por outros meios, como na literatura, inclusive nos livros didáticos. É importante que cada brasileiro tenha consciência da sua responsabilidade sobre esse processo, pois essa é uma luta coletiva que precisa da sensibilização do nosso corpo social e também de uma boa estratégia social. ​C) História e Geografia ​https://youtu.be/0FY7Ld9c_mM O Brasil foi o país que durante mais tempo recebeu mão de obra escravizada, trazida da África. A maior parte destes africanos, até o século XVII, eram oriundos da região Congo-Angola, pertencentes ao Mundo Bando. Os congoleses também foram alvo da cristianização através do contato com os portugueses, conduzidos pelo navegante e explorador Diogo Cão no início da década de 1470. Outro povo que foi destacado foi os povos bantos, que possuíam diversas habilidades, tais como: manipulação da cerâmica, prática da agricultura, criação de gado e animais domésticos, fabricação de cestos, tecelagem em ráfia e à extração de sal do mar e a dominação da tecnologia do ferro e da metalurgia. Como não eram os únicos africanos no país, conviveram e se relacionaram com africanos de outras regiões, com outras culturas. Tiveram oportunidades para isso devido à necessidade de migrar para diversas regiões do Brasil. Esse acontecimento também se deu na África, mas em um contexto diferente, a África foi dividida segundo os interesses econômicos de seus exploradores, criando assim uma geografia política, como consequência povos naturalmente inimigos tiveram que conviver na mesma terra. A africanidade Banda teve grande importância no Brasil pelos seus conhecimentos e habilidades, além da própria cultura. Eles trabalhavam na mineração do ouro, no cultivo da cana-de-açúcar e do café, do algodão e do fumo, também foram peões, boiadeiros, tropeiros, capatazes, negociantes, vendedores ambulantes, artesãos e soldados nas lutas territoriais. Entender quem foram os africanos que chegaram ao Brasil, qual sua cultura e

relacionar isso aos estados brasileiros em que viveram, possibilita entender qual foram as influências de cada povo para cada região do país. Sabemos que a maior parte deles foi o povo Bando, sendo este o foco principal do documentário. Quando esses povos foram trazidos para o Brasil, suas identidades eram apagadas com a generalização de seus nomes, agora eram identificados pelo nome do porto do qual vinham. Outra coisa que também foi feita na tentativa de apagar a identidade deles foi o batismo, que assim como feito com os índios tinha a intenção de dar alma aos negros. A crença e presença cristã católica dentro do Congo foi responsável por vetar conteúdos filosóficos, rituais e o modo de viver segundo a tradicionalidade local dos bandos. Sendo assim, na própria África houve início a miscigenação. O colonialismo era responsável por essa opressão cultural e isso enfraquecia a identidade coletiva e consequentemente individual desse povo, isso dava aos colonizadores mais poderes sobre a população negra. Resultante disso, houve a continuidade africana com influência cristã aqui no Brasil, por isso, muitas tradições brasileiras, na verdade, foram importadas e adaptadas com essa convivência. Entender como nossas tradições se formaram, dentre outras coisas, dessa convivência com a cultura africana contribui para a valorização da África e seu povo. Além dos problemas sociais, territoriais e econômicos, temos muito a descobrir sobre a sua história que vai muito além da pobreza, fome e instabilidade política, que na maioria das vezes são os pontos destacados quando se fala em África. Além da contribuição cultural, também houve a contribuição tecnológica e religiosa, a contradição dos preconceitos que orbitam ainda na nossa sociedade será feita a partir do conhecimento produzido de forma responsável. É extremamente importante que nos livros didáticos e nas discussões em sala de aula se tenha ética ao apontar a relevância que os povos africanos tiveram na construção da história nacional. O conhecimento acerca de um determinado assunto é a medida mais eficaz para sensibilização do corpo social em torno de uma causa de interesse coletivo. É correto afirmar

que foram utilizados discursos diminutivos acerca dos africanos para justificar o racismo, crenças banhadas no eurocentrismo, preconceito e interesses políticos e econômicos. Reverter essa disseminação de informações falsas seria reverter a hipervalorização do branco seguida do enfraquecimento da raça negra através da demonização de suas religiões, desvalorização de seus conhecimentos, silenciação das suas vozes e dentre outras medidas utilizadas para escravizá-los não só com a mão de obra, mas também com a sua própria desvalorização individual. D) Ciência e Tecnologia ​https://youtu.be/ksB4TrkoZjg Nas antigas sociedades africanas, o ferreiro não era visto apenas como um homem que dominava uma técnica. Artífice do ferro, era um personagem de alta estirpe. Um técnico, artista e mago. Mesmo hoje, em muitas regiões da África banta, os ferreiros ainda constituem uma categoria à parte, uma verdadeira casta. Manipuladores do fogo e do ferro, esta atividade tem cunho sagrado. Os bantos foram predominantes entre os povos africanos trazidos para o Brasil, representavam dois terços. Os negros provenientes do Congo (mundo bando) e de Angola eram comprados no Rio de Janeiro. Nas regiões das minas e dos diamantes e fazendas, eram os responsáveis pelo abastecimento de ferramentas como machados, enxadas e foices, e instrumentos usados para a manutenção dos engenhos de açúcar. Por serem considerados menos nobre e indignos, os trabalhos manuais eram feitos pelos escravos e pobres, com o fim da escravidão, os africanos e seus descendentes brasileiros continuaram nesses ofícios, sendo maioria entre os aprendizes e mestres dos ofícios artesanais. Ainda hoje, muitos afrodescendentes continuam a trabalhar como ferreiros. Alguns se dedicam a fabricar não apenas portas e grades, mas também esculpem figuras e símbolos associados à sua religiosidade, convertem a habilidade em arte. De ferreiros, passam a ser artistas plásticos. Os afrodescendentes também herdaram a habilidade e conhecimento das ervas e

medicina natural, durante as navegações trabalhavam como curandeiros nos navios, utilizavam a sangria, conhecimento para prática terapêutica muito importante para a medicina da época. Além dos conhecimentos, também importamos as plantas e ervas descendentes das suas regiões. No Candomblé são citados doutores que estudam mais profundamente esse conhecimento das ervas, conhecendo não somente suas habilidades na medicina natural, mas dando um caráter científico, descobrindo suas propriedades. No século XIX não só aqueles que praticavam a arte da sangria, mas também curandeiros tinham suas práticas reconhecidas através de licenças que garantiam a possibilidade de trabalharem nessas áreas. Como o solo do Brasil é semelhante ao conhecido pelos africanos, todas as suas tecnologias de plantio e aprendizagem das colheitas de acordo com o ciclo anual, as estações, foram bem aproveitadas. Embora também tivessem conhecimento acerca da agropecuária, a maioria se concentrava na agricultura. Durante os tempos de seca é que se caçava, animais selvagens ou peixes. Também se fazia tecelagem, tecidos de algodão que eram importados para a Europa desde o século XII, o pano de palha feito da fibra da palmeira ráfia. Outro conhecimento é o matemático, segundo registros históricos figuras geométricas estão presentes na cultura africana há muito tempo. O osso Ishango é o mais antigo artefato matemático que se conhece. As construções de mesquitas também impressionam pela sua grandiosidade e por não envolverem a matemática conhecida, mas sim uma matemática local que possibilita as construções. Isso demonstra conhecimento matemático e arquitetônico. Apesar dos conhecimentos inegáveis oriundos de terras africanas, a oportunidade do desenvolvimento tecnológico lhes foi negada, já que distribuíram tais conhecimentos em terras que não eram as suas. Trabalharam em prol do desenvolvimento orquestrado pelo eurocentrismo e o racismo. Por isso, o apelo é que se busque conhecer mais dessas tecnologias, que haja medidas

sociais reparadoras para o histórico de exploração da mão de obra escrava dos africanos e seus descendentes. Essas contribuições precisam ser estudadas e compreendidas no currículo escolar. É importante a apresentação do negro e da África seja feita transparentemente e ética, de modo a destacar não somente a pobreza tecnológica, a fome e o racismo, mas toda a trajetória que culminou a essa realidade. Demonstrando que o subdesenvolvimento se dá não pela capacidade pessoal e coletiva dos africanos, mas do histórico de exploração que houve com o povo e a terra. Contribuindo assim para a valorização do negro, através do enaltecimento de seus conhecimentos e tecnologias e também como quebra do preconceito que se apresenta enraizado na sociedade até mesmo em falas com intenção de enaltecer o povo africano. Por exemplo, com o combate as cotas que utiliza a justificativa de que a cor não interfere na capacidade e é uma verdade, mas deve se fazer uma análise histórica profunda para compreender que os negros ainda são afetados pela escravidão, pela privação de crescerem como nação, pela privação do conhecimento, todo esse histórico influencia o desenvolvimento dessa parcela da população brasileira e global. Resultante destas consequências tem-se a necessidade de políticas reparadoras, mas para que se mantenha estas medidas e para que não se crie rivalidade social, deve mostrar à sociedade a justificativa, devem se educar e se sensibilizam. O processo de abolição do racismo e da implementação da equidade é muito complexo por isso deve se desenvolver de forma mútua em várias instâncias sociais, na educação, na política, no pensamento coletivo, no pensamento individual de cada africano e descendente, entre religiões cristãs que demonizam as práticas religiosas descentes da África, em diante. Em resumo, a revisão e discussão de como a história da África é apresentada aos alunos, a militância do povo para o governo para pressionar as continuidade e implementação de políticas reparadores, a preocupação do governo em contextualizar tais medidas, a valorização do conhecimento científico, conhecimento popular, o respeito e compreensão de suas práticas religiosas, bem como o conhecimento acerca da influência de suas raízes

africanas na criação da cultura brasileira, são medidas essenciais para o combate ao racismo e para a equidade.
TAREFA 2 EDUCAFRO 2020.2 - Ábila Soares

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