Repertório Sociocultural - Farias Brito

28 Pages • 5,151 Words • PDF • 509.3 KB
Uploaded at 2021-09-24 07:25

This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.


MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

MELHORANDO SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

Este é um manual supercompleto para ajudar você, e muito, na produção de 3 temas atualíssimos e pertinentes: o bullying, a depressão e o ensino a distância. Vamos conferir o conteúdo?

1

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

2

A Organização Educacional Farias Brito é parceira da Imaginie. Ambas, visando enriquecer seus estudos e melhorar a sua abordagem sociocultural na redação do Enem e de outros vestibulares, apresentam um apanhadão de fontes, como leis, dados estatísticos, além de séries e filmes, para você escrever a redação vencedora.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

3

SUMÁRIO 1º tema: o bullying...........................................................................................4 Conceito............................................................................................................ 4 Repertório sociocultural ................................................................................... 4 Ficção ............................................................................................................... 6

2º tema: a depressão.......................................................................................9 Repertório sociocultural.................................................................................... 9

3º tema: o ensino a distância.........................................................................15 Repertório sociocultural ................................................................................. 22 Livros e autores .............................................................................................. 24 Palavras finais ................................................................................................ 27

IMAGINIE + FARIAS BRITO

4

COMO PREPARAR OS ALUNOS PARA O ENEM

1º TEMA: O BULLYING CONCEITO Bullying é uma palavra de origem inglesa adotada em muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de agir com violência física ou psicológica, de modo intencional e repetido, praticada por um indivíduo (bully – “valentão”, “brigão”) ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.

REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL Veja algumas fontes distintas para enriquecer o seu repertório sociocultural:

LEIS Confira algumas leis para citar em sua redação:

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

5

1. Lei de Combate à Violência Sistemática – Lei 13.185/15. 2. Lei 13.663/18 – Modifica o art. 12 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determinando que todos os estabelecimentos de ensino terão como incumbência promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, “especialmente a intimidação sistemática (bullying)” e ainda estabelecer ações destinadas a “promover a cultura de paz nas escolas”.

DADOS ESTATÍSTICOS: Estes dados podem servir de estratégia argumentativa para a defesa de seu ponto de vista: 1. Dados do Diagnóstico Participativo das Violências nas Escolas, obtidos em 2016 pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais em parceria com o Ministério da Educação, apontam que 69,7% dos jovens afirmam ter visto algum tipo de agressão dentro da escola. 2. 80% dos que cometem o bullying sofreram algum tipo de violência em casa ou na escola e agora reproduzem essa violência. (Informações fazem parte do II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), pesquisa feita pela Unifesp, divulgada em 2014)

FATOS: Estes fatos podem ajudar você a escrever uma boa redação: 1. Chacina de Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011, na qual Wellington Menezes matou 11 pessoas, feriu 13 e se suicidou, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em decorrência de traumas psicológicos acarretados pelo bullying que sofreu na escola. 2. Em 2017, um aluno de 14 anos matou 2 alunos e feriu outros 4, em Goiânia, em decorrência do sentimento de revanchismo por sofrer bullying. 3. Em 2018, no Paraná, estudante de 15 anos atirou em colegas da escola, em decorrência do bullying que estava sofrendo.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

6

4. Em 2019, dupla armada ataca escola em Suzano – SP e mata 8 pessoas, além de deixar 11 feridos. Em carta, os jovens associam o atentado ao bullying que sofreram na escola. 5. O psiquiatra americano Timothy Brewerton, que tratou de alguns dos estudantes sobreviventes do massacre de Columbine, apresentou estudo realizado pelo serviço secreto do país cujo resultado apontou que, nos 66 ataques em escolas que ocorreram no mundo de 1966 a 2011, 87% dos atiradores sofriam bullying e agiram movidos pelo desejo de vingança.

FICÇÃO

Divulgação/Netflix

13 Reasons Why é uma série de televisão americana baseada no livro Thirteen Reasons Why, de Jay Asher, o qual foi adaptado por Brian Yorkey para a Netflix. A série gira em torno de uma estudante que comete suicídio após uma série de falhas culminantes, provocadas por indivíduos selecionados dentro de sua escola. A série mostra como o bullying sofrido pela personagem foi um dos fatos motivadores do seu suicídio.

Divulgação/Paramount

Veja algumas obras ficcionais para usar em sua redação e enriquecer a defesa de seu ponto de vista:

Esta comédia narra as desventuras do adolescente Chris, nos anos 80, no bairro do Brooklyn. Chris está rodeado por familiares excêntricos, incluindo seu pai Julius, sua mãe Rochelle, sua irmã mimada Tonya e seu irmão Drew, que é bastante popular. Em vários momentos da série, Chris sofre bullying de seus colegas de escola, por ser o único negro.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

Divulgação/Lionsgate

Divulgação/Mauricio de Sousa Produções

Divulgação/20th Century Fox Television

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

7

O desenho gira em torno de uma família de Springfield. O pai, Homer, que não pode ser considerado um típico chefe de família, a dedicada matriarca Marge, com seu cabelo azul, e os filhos Bart, um encrenqueiro, a inteligente Lisa e a bebê Maggie. Em vários momentos, nas cenas que ocorrem na escola, personagens fazem bullying com aqueles que apresentam alguma diferença.

Turma da Mônica é uma série de histórias em quadrinhos brasileira criada pelo cartunista e empresário Mauricio de Sousa. Foi originada em 1959 de tirinhas de jornal, na qual os personagens principais eram Bidu e Franjinha. A partir dos anos 1960, a série começou a ganhar a identidade atual com a criação de Mônica e Cebolinha, entre 1960 e 1963, que passaram a ser os protagonistas. Em vários quadrinhos, os personagens fazem bullying uns com os outros, por causa de características físicas específicas, como ter sobrepeso.

Auggie Pullman é um garoto que nasceu com uma deformidade facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele irá frequentar uma escola regular, como qualquer outra criança, pela primeira vez. No quinto ano, ele precisa se esforçar para conseguir se encaixar em sua nova realidade. Em virtude de suas diferenças, o protagonista sofre vários casos de bullying.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

8

Divulgação/Muse Entertaiment

Taylor Hillridge (Emily Osment) é uma adolescente comum, que ganha um computador de presente de aniversário e logo cria um perfil em uma rede social. Vítima de cyberbullying, ela passa a ser rejeitada pelos conhecidos no “mundo real” e tenta superar o drama trocando experiências com pessoas que sofreram o mesmo tipo de humilhação. Divulgação/Muse Entertaiment

CITAÇÕES: Confira algumas citações famosas para usar em sua redação:

A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.

A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.

Nelson Mandela

Jean-Paul Sartre

Meu dever ético, enquanto um dos sujeitos de uma prática impassivelmente neutra – a educativa – é exprimir o meu respeito às diferenças de ideias e de posições.

Paulo Freire, Pedagogia da Esperança. IMAGINIE + FARIAS BRITO

9

COMO PREPARAR OS ALUNOS PARA O ENEM

2º TEMA: A DEPRESSÃO REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL: Veja algumas fontes distintas para enriquecer seu repertório sociocultural:

DADOS ESTATÍSTICOS: 1. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, entre 2000 e 2016, o número de suicídios aumentou 73% e é a quarta maior causa de mortes de jovens entre 15 e 29 anos. A taxa é maior entre homens (79%) do que entre mulheres (21%). Entre etnias, os índios são os que mais cometem suicídio (15,2%), em comparação com brancos (5,9%) e negros (4,7%). 2. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado em 2015, o suicídio acomete mais de 800 mil pessoas por ano, tendo a Europa e a Ásia com os maiores índices. 3. Segundo a OMS, 322 milhões de pessoas sofrem Depressão no mundo.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

10

No Brasil, 5,8% da população apresenta esse transtorno, sendo o segundo país das Américas com maior número de casos e o primeiro da América Latina. 4. A depressão está diretamente relacionada ao suicídio, e esta doença psicológica tem crescido de forma expressiva entre os jovens. Ainda segundo a OMS, até 2020 a depressão passará a ser a segunda maior causa de incapacidade e perda de qualidade de vida na população mundial. 5. A OMS também estima que, no Brasil, ocorram 12 mil suicídios por ano. No mundo, são quase 800 mil ocorrências, ou seja, a cada 40 segundos acontece uma morte por suicídio, conforme o primeiro relatório mundial sobre o tema, divulgado no ano de 2014. 6. Segundo a OMS, em 2015, 788 mil pessoas morreram por suicídio, o que representa quase 1,5% de todas as mortes no mundo, ficando entre as 20 maiores causas de morte do ano. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a segunda maior causa de morte em 2015.

LEIS: CÓDIGO PENAL – Decreto – Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940 Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena – reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

11

FILOSOFIA/ SOCIOLOGIA

Divulgação/Martins Fontes

O suicídio – Emile Durkheim Suicídio Egoísta: As relações entre os indivíduos e a sociedade se afrouxam fazendo com que o indivíduo não veja mais sentido na vida, não tenha mais razão para viver; Suicídio Altruísta: é aquele no qual o indivíduo sente-se no dever de fazê-lo para se desembaraçar de uma vida insuportável. Temos como exemplo os kamikazes japoneses, os muçulmanos que colidiram com o World Trade Center em Nova Iorque, em 2001, etc.;

Suicídio Anômico: é aquele que ocorre em uma situação de anomia social, ou seja, quando há ausência de regras na sociedade, gerando o caos, fazendo com que a normalidade social não seja mantida.

Divulgação/Editora Vozes

Sociedade do Cansaço — Byung-Chul Han O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han mostra como hoje o indivíduo se autoexplora na tentativa de otimizar o seu desempenho profissional. E essa cobrança causa frustração por ele não conseguir aquilo que realmente deseja. Na opinião do filósofo, passou-se do “dever fazer” para o “poder fazer”. “Vive-se com a angústia de não estar fazendo tudo o que poderia ser feito”, e se você não é um vencedor, a culpa é sua. “Hoje a pessoa explora a si mesma achando que está se realizando; é a lógica traiçoeira do neoliberalismo que culmina

na síndrome de Burnout”.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

12

Divulgação/Martin Claret

Na literatura, Os sofrimentos do jovem Werther, publicado em 1774 pelo alemão Goethe, retrata a história de um jovem apaixonado, que, após ser frustrado em suas expectativas amorosas, tira a própria vida. Na época, houve uma onda de suicídios de jovens que se identificavam com a situação do protagonista, o chamado “Efeito Werther”, que fez com que a obra fosse proibida em diversos países europeus.

Divulgação/Cia. Das Letras

OBRAS LITERÁRIAS

Lançado em 2000, O demônio do meio-dia continua sendo uma referência sobre a depressão, para leigos e especialistas. O premiado autor Andrew Solomon convida o leitor a uma jornada sem precedentes pelos meandros de um dos temas mais espinhosos e complexos de nossos dias. Entremeando o relato de sua própria batalha contra a doença com o depoimento de vítimas da depressão e a opinião de especialistas, Solomon desconstrói mitos, explora questões éticas e morais, descreve as medicações disponíveis, a eficácia de tratamentos alternativos e o impacto que a depressão tem nas várias populações demográficas (sejam crianças, homossexuais ou os habitantes da Groenlândia).

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

13

Divulgação/Alaúdes

“A depressão é muitas vezes o destino da personalidade moderna – ambiciosa – faminta por atenção e ressentida, sempre convencida de merecer mais, sempre perseguida pela possibilidade de estar perdendo algo melhor, sempre sofrendo pela falta de reconhecimento e sempre insatisfeita. É preciso reencontrar a coragem e a humildade de Sísifo, que não exige recompensa, mas sabe transformar qualquer atividade em sua própria recompensa. Sísifo é feliz com o absurdo e a insignificância de seu ato de empurrar constantemente uma rocha montanha acima.”

Divulgação/Netflix

FILMES/SÉRIES

É uma série americana disponível gratuitamente aos assinantes do serviço streaming Netflix. A série gira em torno de uma estudante que se mata depois de ter sofrido várias agressões no ambiente escolar. Antes de tirar a própria vida, ela grava fitas cassete explicando para treze pessoas como elas desempenharam um papel na sua morte: os treze motivos.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

14

MÚSICAS 1. Raul Seixas, na letra de “Suicídio”, bem evidencia o tédio, claramente expresso na vida do personagem inspirador da canção. 2. “Essa Noite, Não”, de Lobão, confirma o apelo supremo do voluntário do CVV, quando, ao despedir-se do outro, ao sabê-lo prestes a suicidar-se, lhe pede: “na próxima semana gostaria de voltar a falar com você…”. 3. Milton Nascimento, na sua composição “Travessia”, acaba por entender que deseja e necessita viver e não mais declarar, mas, sim, proclamar. 4. A música “Flores”, dos Titãs, descreveria a visão de um suicida em seu velório. Parece um pouco mórbido, mas vários trechos levam a crer nessa teoria, pois exibem, no decorrer da canção, a imagem de uma pessoa se vendo no caixão; uma análise da situação; as pessoas chorando pela perda dessa pessoa; e uma reflexão conclusiva sobre a vida e a morte. Teóricos que podem ser relacionados com a temática: • Arthur Dapieve – Suicídio e imprensa. • Émile Durkheim – Suicídio e fato social. • Albert Camus – Suicídio, modernidade e existência. • José Carlos Rodrigues – Suicídio como liberdade e dignidade. • Tom Beauchamp – Suicídio e bioética. • Sigmund Freud – Modernidade e depressão. • Daniel Bando – O excesso de normas e o suicídio.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

15

COMO PREPARAR OS ALUNOS PARA O ENEM

3º TEMA: O ENSINO A DISTÂNCIA Conheça um pouquinho melhor o tema: • A quarentena imposta para evitar a propagação do Covid-19 mudou todos os segmentos de negócios, que agora precisam se reinventar e se reposicionar tornando essencial o uso dos recursos digitais. No comércio, redes varejistas passaram a trabalhar com portais e apps para assegurar descontos e fretes gratuitos nas entregas. Os restaurantes reforçaram o sistema de delivery, ampliando o número de canais de pedidos, via web, WhatsApp e até com mais números de linhas telefônicas. • Não muito diferente, o setor educacional também teve de se posicionar. Mas, ao fazer isso, descortinou uma série de atrasos naquilo que, para um olhar distraído, parecia ser um grande sinal de modernidade. O tradicionalismo retrógrado aplicado no segmento da educação, que afasta o EaD, agora se vê obrigado a recorrer a esta modalidade para reduzir a perda de conteúdo dos alunos em tempos de confinamento. O movimento, porém, esbarra em alguns problemas de ordem estrutural.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

16

• A educação infantil e fundamental são as mais críticas, na visão das instituições, pois evitaram, por anos, a implantação de atividades lúdicas com recursos tecnológicos. Na verdade, era mais econômico contratar estagiários de pedagogia para cuidar das crianças sem a preocupação real de préalfabetizá-las, inclusive tecnologicamente. • Deixar de identificar a total adesão da modalidade EaD para os cursos de educação básica nas etapas infantil, fundamental e subsequentes é desconhecer os aspectos de aprendizado e cognição das gerações alfa, X e Y que nascem hábeis na utilização de recursos tecnológicos. • A modalidade EaD não despreza os importantes papéis de mediação, orientação e definição de trajetória do professor, mas tira dele o papel de ser o único provedor de conhecimento e de informação. A modalidade EaD exige maior autonomia, motivação, comprometimento e busca do aluno. Assim, além de aprender, ele passa a assumir posições e desenvolver atitudes fundamentais na formação de um cidadão e profissional autônomo, demandado no mercado e na sociedade moderna. Veja algumas fontes distintas para enriquecer o aspecto sociocultural de sua redação com o tema: “ensino a distância”: Conheça melhor a contextualização histórica a respeito desse tema: • Em 2019 foi divulgado que, pela primeira vez, o número de vagas oferecidas no ensino a distância (EaD) ultrapassou a oferta em cursos presenciais no Ensino Superior. Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2018, foram disponibilizadas 7.170.567 vagas para EaD, cerca de 800 mil a mais do que as oferecidas presencialmente. • Seu início foi marcado no século XVIII, quando um jornal dos Estados Unidos enviava as matérias anexadas a ele. Porém, existem controvérsias sobre o seu surgimento, pois alguns pesquisadores relatam que seu início foi em 1881, pela Universidade de Chicago, através do curso de língua hebraica, e outros consideram seu surgimento em 1890, na Alemanha, onde eram oferecidos por meio de correspondências. O ensino por cartas chegou ao Brasil nos anos 1960 e também contava com aulas transmitidas pelo rádio.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

17

• Em 2005, a modalidade foi regulamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional pelo Ministério da Educação. Desde então, com o acesso maior à internet, o ensino a distância tem crescido cada vez mais e gerado polêmica.

Disponível em: .

Disponível em: .

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

18

• Algumas das discussões mais importantes sobre o tema começaram em 2017, quando o governo abriu a possibilidade de convênios com escolas à distância no ensino médio, ampliou os casos emergenciais nos quais é autorizado o EaD e eliminou a exigência de visita técnica para a abertura de novos polos EaD. • O assunto voltou em 2018 quando, durante sua campanha, o atual presidente Bolsonaro defendeu o ensino a distância no ensino básico como forma “combater o marxismo nas escolas”. • O fato é que o mundo todo passa por uma fase de novas tecnologias que facilitam a vida coletiva cada vez mais. O que há um tempo era necessário sair de casa para realizar, hoje é possível fazer em um pequeno aparelho, em qualquer lugar. Com toda essa revolução nas tecnologias, as pessoas estão cada vez mais acomodadas e pedem tecnologia para estudar. • Estudos da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) indicam que até 2023 a modalidade de EaD terá mais alunos matriculados que a presencial no país.

REPERTÓRIO JURÍDICO: […] A Educação a Distância foi conceituada no Brasil por meio do Decreto nº 5.622: • Art. 1º: Para os fins deste Decreto, caracteriza a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

19

Amparada nessa conceituação, a Educação à Distância delineou um papel colaborativo contemporâneo fundamental para a Educação, proporcionando diversos avanços por possibilitar a superação dos limites de espaço e tempo inerentes às formas tradicionais da educação presencial, graças, sobretudo, à utilização de tecnologias de informação e comunicação (TICs) atualmente disponíveis, com destaque para a internet. Foi responsável também por instigar e massificar uma característica edificante na EaD, autoaprendizagem, conforme podemos depreender do que está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, pelo Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 (publicado no DOU de 11 de fevereiro de 1998).

POLÊMICAS: CONVENIÊNCIA X ENSINO Pró: O ensino a distância é mais conveniente, pois o aluno pode estudar de qualquer lugar, de casa ou no ônibus, do computador ou do celular. O aluno também tem flexibilidade nos horários de estudos e pode conciliar trabalho e estudo. Contra: Sem o contato direto com os professores e apoio pedagógico, os estudantes EaD podem não conseguir acompanhar o curso e ficar com muitas dúvidas, mesmo após atendimento virtual. No EaD se perde o vínculo direto entre o professor e aluno que garante um bom aprendizado. Também é necessária muita disciplina do aluno, principalmente no ambiente de casa, onde se tem muita distração.

POLÊMICAS: INCLUSIVO X EXCLUDENTE Pró: O EaD é mais democrático, pois rompe barreiras geográficas, sociais e culturais, permitindo que mais pessoas tenham acesso à educação. Isso porque as mensalidades são mais baratas, já que o curso exige menos infraestrutura por parte das instituições de ensino. Além disso, o aluno não gasta com o deslocamento, somente em alguns dias de aula presencial. Contra: O ensino a distância não é democrático, pois pressupõe o acesso à internet, computadores e celulares por parte de seus estudantes. Regiões mais afastadas dos grandes centros ainda sofrem com a falta de infraestrutura básica, como saneamento e luz elétrica. Apesar de estar se popularizando, o acesso à

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

20

internet ainda não é realidade para 30% da população brasileira, de acordo com o pesquisa TIC Domicílios de 2018.

POLÊMICAS: PEDAGOGIA E DIDÁTICA Pró: O EaD força o desenvolvimento de novos métodos na educação, por meio do estudo da pedagogia do ensino a distância na busca por respostas aos questionamentos sobre a capacidade dessa modalidade de ensino. Com o ensino praticamente todo feito através do computador, o professor (e também o estudante) obrigatoriamente torna-se mais capacitado no uso de novas tecnologias, como a internet e a produção virtual. Contra: Na maior parte das instituições que oferecem a EaD, os professores recebem salários mais baixos (só assim é possível reduzir o valor das mensalidades) e, geralmente, são substituídos por tutores sem formação avançada. Com o contato somente virtual, estudantes e professores deixam de ter reações espontâneas e as dúvidas e propostas passam a ser mecanizadas e burocratizadas. A carga horária de aulas práticas é reduzida e os estudantes têm pouco ou nenhum contato com laboratórios, salas de vídeo e outras metodologias de ensino prático.

POLÊMICAS: QUALIDADE DO ENSINO Pró: A qualidade do ensino a distância é a mesma que do ensino presencial, o tempo de curso também. Todas as instituições passam pelo reconhecimento do Ministério da Educação (MEC). Por lei, os cursos da modalidade EaD precisam ter até 30% das atividades de forma presencial, além da carga horária referente a estágios. Contra: A qualidade do ensino EaD é menor que do ensino presencial. No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2017, realizado com os estudantes concluintes do ensino superior, cursos presenciais obtiveram conceito máximo; no ensino a distância, apenas 2,4%.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

21

POLÊMICAS: PRECONCEITO DO MERCADO DE TRABALHO Pró: O diploma de um curso EaD é o mesmo que o do curso presencial, não constando a modalidade escolhida. Cada vez mais o mercado contrata profissionais que vieram do ensino a distância e tende a contratar mais, já que a modalidade cresce muito. O preconceito inicial é o mesmo pelo qual passou o ensino tecnológico e deve se dissipar com o tempo. Mesmo que os conselhos profissionais queiram proibir o registro desses profissionais, os cursos são regulamentados pelo Ministério da Educação. Contra: Os profissionais formados no ensino a distância ainda não são bem aceitos no mercado de trabalho. Um exemplo são os conselhos profissionais de Medicina, Arquitetura e Urbanismo, Odontologia e Veterinária, que publicaram, no início do ano, resoluções que proíbem a inscrição e o registro de alunos de cursos da modalidade EaD.

POLÊMICAS: ACESSO À EDUCAÇÃO X SOCIALIZAÇÃO Pró: O ensino a distância é uma alternativa para alunos de áreas muito distantes, que tenham dificuldade de se deslocar até a escola de ensino básico. É o caso de estudantes de áreas rurais, indígenas e vulneráveis à exclusão escolar. O EaD também pode ser liberado em casos emergenciais, por motivos de saúde ou privação de liberdade ou para complementar o ensino dos estudantes. Contra: A convivência com outros alunos e professores é fundamental no processo de socialização. Em países desenvolvidos, os alunos de ensino básico ficam na escola cerca de 7h por dia. A proposta de EaD no ensino básico afeta também a rotina das famílias, pois, com crianças e jovens estudando em casa, é necessária a supervisão dos responsáveis, que geralmente precisam trabalhar fora. Ao pensar em regiões mais pobres, a escola básica ainda garante a alimentação dos estudantes, por meio da merenda escolar.

OUTRAS INFORMAÇÕES • Em 2006, apenas 4,2% dos universitários estudavam nessa modalidade. Dez anos depois, a parcela saltou para 18,6% das matrículas.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

22

• Segundo o Inep, a idade mais frequente do aluno que entra no curso à distância é de 28 anos – no presencial, é de 21 anos. • As estatísticas do Censo, registram o Brasil com 2.407 instituições de educação superior: 87,7% são privadas e 12,3%, públicas (federais, estaduais e municipais). A distribuição dos estudantes nos cursos brasileiros fica da seguinte forma: 75,3% dos universitários estão setor privado e 24,7%, no público. • De acordo com as estatísticas do Inep, de cada quatro estudantes de graduação, três frequentam uma instituição privada. • Vale destacar que os únicos estados em que há mais alunos nas instituições públicas do que nas privadas são Paraíba e Roraima. • Diferente das situações de Paraíba e Roraima, em São Paulo, para cada aluno de rede pública, existem cinco na particular.

REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

Divulgação/Netflix

FILMES E TV

Na série “Anne with an E”, da plataforma Netflix, é abordada a história de uma garota adotada que não se encaixa no padrão escolar da comunidade em que vive.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

Divulgação/Netflix

Divulgação/Fundação Roberto Marinho

Divulgação/Warner Bros

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

23

O filme “Um senhor estagiário” retrata como a contratação de um senhor de mais idade em uma firma impacta positivamente o ambiente de trabalho. Não distante da ficção, uma ferramenta crescente de renovação no ambiente profissional é o ensino a distância (EaD), permitindo que pessoas oriundas de escolas públicas se insiram no mercado de trabalho e indivíduos mais velhos experienciem uma mudança de profissão.

O Telecurso 2000 da Rede Globo foi outra iniciativa pioneira no ensino a distância. As aulas eram transmitidas pela TV toda manhã e instruíam os telespectadores com exemplos baseados em situações cotidianas.

No filme ‘’O menino que descobriu o vento’’, da plataforma Netflix, o jovem William constrói uma turbina eólica para bombear água para seu vilarejo, no Malawi, um dos países mais pobres da África, mostrando a importância da educação escolar. Em nosso século, com a tecnologia em ascensão, o ensino a distância é imprescindível, principalmente em um país de dimensão continental como o nosso.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

Divulgação/Despertar Filmes

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

24

O documentário “Quando sinto que já sei” (2014) registra práticas educacionais inovadoras que estão ocorrendo pelo Brasil. A obra reúne depoimentos de pais, alunos, educadores e profissionais de diversas áreas sobre a necessidade de mudanças no tradicional modelo de escola. Projeto independente, o filme partiu de questionamentos em relação à escola convencional, da percepção de que valores importantes da formação humana estavam sendo deixados fora da sala de aula.

Divulgação/Cia. das Letras

O livro “Eu sou Malala” retrata a história de uma ativista paquistanesa que luta e defende o direito à educação de mulheres de diversos países. É preciso lutar pela educação como Malala, para que todos tenham as mesmas oportunidades educacionais.

Divulgação/Forense Universitária

LIVROS E AUTORES

Na obra “A condição humana”, a filósofa Hannah Arendt é categórica ao identificar duas predisposições do ser humano: contemplar e agir. Partindo dessa assertiva, infere-se que, para além da mera contemplação, a educação a distância exige iniciativas pontuais, engajadas e mais pertinentes.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

25

OUTROS • A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 6°, a educação está entre os direitos os quais devem ser garantidos à sociedade. • Segundo Aristóteles, todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer. Em consonância com o pensamento do filósofo grego, é possível compará-lo com a questão do ensino a distância (EaD) no Brasil, que ainda encontra inúmeras dificuldades para deslanchar. • Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, ficou conhecido por defender a teoria da mobilidade, e o constante fluxo do universo. Partindo desse ponto de vista, é fácil de perceber que tudo na sociedade é passivo à mudança, sobretudo com o avanço da tecnologia, que possibilita quebrar as barreiras da distância. • O filósofo e educador Paulo Freyre, em uma de suas citações, afirmou que a educação não transforma o mundo, mas transforma pessoas, sendo assim, essas pessoas precisam ser educadas para transformar o mundo. Desse modo, o ensino a distância pode ser transformador para a educação, pois é uma maneira das pessoas terem acesso a melhores oportunidades para melhorar suas vidas.

LIVROS E LINKS • CARVALHO, Ruy de Quadros. Novas tecnologias, trabalho e educação. In: FERRETTI, Celso João et al. (Org.). Capacitação tecnológica, revalorização do trabalho e educação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994. • CHUEIRE, C. A formação superior de professores através de mídias interativas. 2005. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas - SP. • FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Coleção Leitura. 29ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 2004. • MARTINS, Onilza Borges. A educação superior à distância e a democratização do saber. Petrópolis: Vozes, 1991.

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

26

• PERRENOUD, Philippe. Novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. • MERCADO, Luís (org.). Tendências na utilização das tecnologias da informação da educação. Maceió. Edufal. 2009. Disponível em: .

Gentilmente cedido pelo chargista Carlos Latuff via Instagram (@carloslatuff).

Gentilmente cedido pelo chargista Luciano Kayser via e-mail.

CHARGES

IMAGINIE + FARIAS BRITO

MELHORANDO O SEU REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL

27

E aí, curtiu conhecer algumas fontes para aumentar e enriquecer o aspecto sociocultural de sua redação? Esperamos que sim e que este material tenha sido, de fato, proveitoso para você! E para conferir mais dicas sobre como escrever uma excelente redação e alcançar a nota 1000, basta acessar o Blog da Imaginie. Bons estudos!

Professor Sousa Nunes, Graduado em Letras Português, Inglês, Grego e Latim pela UECE. Chefe do Departamento de Linguagens do Farias Brito. Autor de livros didáticos do Sistema Farias Brito de Ensino e Editora Moderna. Leciona Gramática, Literatura e Redação no Pré-Vestibular do Colégio Farias Brito em turmas preparatórias para o ENEM, UNICAMP, ITA e IME.

Professor Daniel Victor, Graduado em Letras Português na UECE e mestrado em Linguística Aplicada na UECE. Atualmente, leciona Redação no pré-vestibular do Colégio Farias Brito, em turmas voltadas para Enem, Fuvest, Unicamp, IME e ITA.

Prof. João Saraiva, Licenciado em Teologia e Filosofia pelo Instituto de Ciências Religiosas do Estado do Ceará (ICRE) e Bacharelado (fase conclusiva) em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Ceará. Leciona Filosofia e Sociologia e professor com atuação há 28 anos na rede de ensino de Fortaleza. Coordenador da Área de Filosofia e Sociologia da Organização Educacional Farias Brito e autor de material didático do Sistema Farias Brito de Ensino (SFB).

IMAGINIE + FARIAS BRITO

IMAGINIE + FARIAS BRITO
Repertório Sociocultural - Farias Brito

Related documents

28 Pages • 5,151 Words • PDF • 509.3 KB

44 Pages • 14,645 Words • PDF • 127.6 KB

2 Pages • 412 Words • PDF • 273.7 KB

2 Pages • 69 Words • PDF • 97.4 KB

5 Pages • 949 Words • PDF • 388.6 KB