Manual de Métodos de Aprendizado

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UM GUIA COMPARTILHADO

Manual de Métodos de Aprendizado

2020

Colaboradores

MARIA EDUARDA MESQUITA UPE

MARIA EDUARDA ANDRADE UFS

ANA KAROLLYNE MELO UERN

MARIANA OLIVEIRA UESB

DIONE FERREIRA FIGUEIREDO UFPA

JOÃO PEDRO NUNES UESPI

Apresentação Olá, caro leitor!  Bem-vindo ao mais novo Manual de Aprendizagem da IFMSA Brazil! Elaboramos esse material com o intuito de ajudar todo estudante que está enfrentando problemas na hora de estudar, seja para fazer anotações, revisar ou elaborar ideias sobre um conteúdo. Nós sabemos o quanto certos assuntos podem ser dificultosos e/ou mal explicados, ainda mais quando temos um cronograma cheio de compromissos, resultando em inúmeras noites mal dormidas e que afetam bastante nossa saúde mental, por meio de sentimentos de incapacidade, autossabotagem e culpa diante de uma nota baixa, de erros cometidos e de um assunto mal compreendido. Por essa razão, queremos trazer tais mecanismos a fim de auxiliá-los nessa longa jornada de aprendizagem, a qual vai muito além da faculdade. Aqui você encontrará ferramentas com grande potencial para trazer melhores resultados e otimizar o tempo ao aprender algo novo, visto que, segundo a literatura moderna, com a evolução do ensino, o aprimoramento das teorias sobre aprendizagem tem focado na eficiência e eficácia do estudo. Vale lembrar que experimentar novos métodos é ótimo e devemos escolher aquele que mais se adapta a nossa realidade e ao conteúdo a ser estudado, pois embora haja maneiras de facilitar a  aprendizagem, ainda é um processo bem individual. Por fim, esperamos que a leitura seja proveitosa e qualquer coisa, estaremos abertos a dúvidas, críticas, elogios e sugestões.

Índice Pirâmide de Aprendizagem Estilos de aprendizagem (VARK) Técnicas e Métodos de estudo Manutenção do aprendizado Leituras recomendadas

Pirâmide de Aprendizagem

A Pirâmide de Aprendizado (figura abaixo) é a representação gráfica de uma teoria atribuída ao psiquiatra norte americano William Glasser (1925-2013) que estabelece uma correspondência entre porcentagens de retenção de conhecimento a determinadas estratégias de estudo. Segundo essa teoria, apenas uma parte do conhecimento é assimilado de acordo com a maneira com que você estuda, estando o posicionamento ativo do estudante nesse processo diretamente relacionado à melhora de seu aprendizado.

Existem variações entre as fontes, com números um pouco diferentes entre um modelo e outro. Mas, em geral, a interpretação se mantém: quanto mais nos relacionamos com o conhecimento de forma ativa, um maior número de informações será assimilado, enquanto uma modalidade mais passiva (como escuta ou leitura) traz menos resultados do que adotar uma metodologia mais interativa. Apesar de sua popularidade, pesquisadores levantam dúvidas acerca da confiabilidade da pesquisa na qual a teoria se baseia, cujos resultados não têm se mostrado replicáveis, condição indispensável para validar uma evidência científica. Desse modo, não é possível afirmar que aprenderemos somente a minoria do que  lemos/escutamos/vemos ou que a aprenderemos quase que a totalidade do que ensinamos, muito menos com porcentagens tão específicas como as da Pirâmide. Todavia, vários elementos do modelo podem ser aplicados nos campos do ensino e aprendizagem. Dentre esses elementos, vale citar a valorização do debate, da prática e da postura ativa por parte do estudante, bem como o incentivo ao uso de estímulos variados para facilitar a concentração e a assimilação da informação, mesclando diferentes canais, como leitura, escuta e visão (imagens, gráficos, fluxogramas, dentre outros) e o reconhecimento do ato de ensinar como uma poderosa forma de aprender.

Estilos de aprendizagem (VARK) “Different angles reveal different worlds. Perspective is a choice.” Apesar da citação de Bronnie Ware remeter à arquitetura e como o olhar crítico se relaciona com o modo de como vê-se o mundo, é possível relacioná-la também às perspectivas diferentes trazem à tona realidades também distintas. Assim, quando se permanece tentando estudar a partir de perspectivas pessoais batidas e ineficientes o caminho da frustração parece uma realidade comum e talvez única. Desse modo, este capítulo abordará os estilos de aprendizagem e como eles podem ser usados para otimizar os estudos.

O modelo VARK é baseado em um questionário cujo resultado identifica a maneira mais eficiente de assimilação de novas informações por determinado respondente. Esse questionário foi desenvolvido a fim de possibilitar interação sobre a aprendizagem entre professor e aluno, entretanto seu resultado também pode ser usado como catalisador de desenvolvimento pessoal, sendo este o foco do presente material.  É importante esclarecer que a eficiência deste método ainda é colocada em cheque e varia de indivíduo para indivíduo, sendo muito mais um compilado de preferências de aprendizagem do que um guia do estudo perfeito. Salienta-se que nenhum método é eficiente sozinho e quando combinadas duas teorias podem ter um resultado ainda mais efetivo.

O acrônimo V.A.R.K congrega, então, 4 categorias de indivíduos: VISUAL... ...esses indivíduos aprendem melhor visualmente e preferem as informações providas por demonstrações visuais e descrições. Eles gostam de utilizar listas para manter o raciocínio e organizar seus pensamentos. Costumam lembrar dos rostos das pessoas conhecidas, mas frequentemente esquecem seus nomes. São distraídas pelos movimentos ou ações, porém se houver algum distúrbio causado por sons, geralmente ignoram. diagramas - gráficos - aula expositiva - vídeos - resolução de exercícios pesquisa na internet - aulas práticas - projeções

AUDITIVO... ...gostam de instruções faladas. Preferem discussões, diálogos e solucionar problemas por meio de falas. Além disso, são facilmente distraídos por sons e optam por aprender com boa utilização da comunicação oral. debates - palestras - conversas - seminários - músicas - dramatização

LEITURA/ESCRITA... ...preferem tomar notas. Durante atividades como palestras e leitura de materiais difíceis, as anotações lhes são essenciais. livros - folhetos - artigos - comentários - resumos - múltipla escolha

CINESTÉSICOS... ...esses indivíduos aprendem fazendo as tarefas por si sós. Usualmente têm muita energia e gostam de utilizar o toque, o movimento e a interação com seu ambiente. estudos de caso - modelos - demonstrações - atividade física - aulas práticas - palestras

Contudo,

recentemente,

apresentam

uma

comportamentos

nova mais

categoria

foi

adicionada:

complexos

do

que

os

indivíduos

estilos

que

individuais,

mesclando mais de um estilo simultaneamente. Esses indivíduos denominados pelo modelo VARK modificado como multimodais e podem

são ser

divididos em dois tipos:

VARK Tipo 1:

esses indivíduos têm flexibilidade na forma de ensino/aprendizado e 

mudam de estilo de acordo com o contexto. Podem assumir de dois a quatro estilos de aprendizado simultâneos dependendo da situação.

VARK Tipo 2: esses indivíduos não se satisfazem enquanto não passarem por todos seus estilos de preferência. Por se deterem em cada estilo, necessitam de mais tempo

no

processo

de

ensino/aprendizado.

Em

contrapartida,

adquirem

um

conhecimento mais profundo e amplo sobre os temas em questão. Frequentemente podem ser tachados como atrasados ou procrastinadores. Mas na verdade, essa demanda de tempo estendida pode significar apenas a necessidade de adquirirem mais informação antes de agirem.

Caso você tenha interesse em descobrir qual estilo de aprendizagem mais se relaciona com suas características individuais, acesse o seguinte link: https://vark-learn.com/the-vark-questionnaire/

Técnicas e métodos de estudo Antes de iniciar a leitura deste capítulo, é fundamental entender a diferença entre método e técnica. De fato, os dois termos são semelhantes, mas em síntese eles significam “Organização e ação”. Técnica deriva do grego tékhne, arte, e significa o modo de proceder em seus menores detalhes, a operacionalização do método segundo normas padronizadas. É, ainda, resultado da experiência e exige habilidade em sua execução.  Método pode ser decomposto no prefixo metá + hodós, que quer dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o "caminho pelo qual se chega a um determinado resultado". Na terminologia científica, método pode ser definido como "um conjunto de dados e regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado”. Portanto, método é uma forma de organizar os procedimentos baseado numa meta, enquanto a técnica são  os procedimentos que irão realizados na trajetória até esta meta. Você verá que um mesmo método pode comportar mais de uma técnica e que é possível conciliá-las para enriquecer o processo de aprendizagem.

técnicas Interrogação elaborativa: propõe criar explicações que justifiquem porquê determinadas afirmações apresentadas são verdadeiras e requer concentração para a compreensão de consequências, investigando suas causas. Autoexplicação: baseia-se em, após a leitura, explicar o conteúdo a si mesmo. Facilita a compreensão de assuntos complexos, devendo ser praticada durante, e não após o estudo.

Resumos: Técnica bastante utilizada, consiste na síntese transcrita em texto corrido com as principais ideias do conteúdo estudado. Ainda que útil para a aprendizagem de conteúdos extensos, para que se obtenha maior eficácia é sugerido evitar cópias – transcreva utilizando suas próprias palavras. Tópicos: Separa as informações de cada assunto por níveis, começando por um tema principal geral e seguindo pra subtópicos mais específicos. Essa técnica trabalha a organização e hierarquização de ideias, porém é limitada pela dificuldade de distinção entre a aparência de notas diversas. Tabelas: Consistem na organização de dados com divisões em categorias. Essa técnica facilita as revisões para quando se tem uma avaliação. Contudo, é necessária uma noção prévia do conteúdo para organizar corretamente em categorias as anotações. Mapa mental: Essa técnica utiliza as habilidades de compreensão e de estabelecer relação entre os conteúdos. A ferramenta tem como maior diferencial o fato de organizar as informações de maneira harmônica com os processos cognitivos, e para isso, conta com vários recursos: cores, símbolos e, principalmente, sua estrutura baseada em ramificações. Todavia, é importante ter bem estabelecidos os pontos principais e secundários, uma vez que a técnica também trabalha com a hierarquização de ideias. Teste prático: Consiste na realização de questões e simulados após o estudo de um conteúdo. Segundo a Psychological Science in the Public Interest, é uma das técnicas de maior eficácia e utilidade.

dica #1

mindmeist er e goconqr são aplicativo s que voc ê pode usar para cria r seus map as.

Flashcards: São representações visuais em forma de cartão, utilizados para a fixação de conteúdo por associação. Você deve anotar perguntas em uma face da ficha. Se preferir, escreva também definições e/ou conceitos. A resposta deve ser escrita no verso. Lembre-se de formular a pergunta ou o conceito de maneira simples. Os flashcards promovem o fenômeno da reminiscência, e por isso são uma das principais ferramentas associadas à repetição espaçada.

dica #2 A

nki é um ap p amplamente usado para o estudo p or flashcards . Quizlet também, m as possui menos func ionalidades.

métodos 1. Método Cornell Desenvolvido por Walter Pauk, professor da Universidade Cornell e popularizado no livro “Como estudar na faculdade”, o método Cornell de anotações é um formato sistemático utilizado para otimizar e organizar os conteúdos. Você pode encontrar templates para este método em aplicativos como OneNote, Notion, Evernote. O método: Em uma folha de caderno divida o papel em duas colunas, a de palavras-chave, geralmente à esquerda, e a de anotações e perguntas do outro lado. Deixe cerca de cinco linhas ou aproximadamente 5 centímetros livre na parte inferior para ser utilizada com informações resumidas do assunto. Veja o exemplo na figura. Cada um dos blocos pode ser escrito com canetas em cores diferentes para tornar o estudo mais interessante.· Técnicas: tópicos, tabela, resumo.· Utilidade: Em aulas expositivas ou palestras. O método facilita a revisão de conteúdo para as provas posteriores.

palavraschave datas perguntas

Aqui é o lugar das anotações principais. Utilize símbolos, abreviações, tópicos, listas; Faça o possível para ser objetivo.

Resumo breve das anotações. Recomendamos que seja feito após a aula.

2. Método da página dividida Semelhante ao método Cornell, este se baseia na categorização do assunto a ser estudado.          O método:  Deve-se dividir a folha verticalmente, em duas colunas – Ideias principais e Ideias secundárias (detalhes, definições, exemplos). Dessa maneira você apresenta os principais temas abordados à esquerda e expande o assunto com notas mais específicas na coluna da direita.·         Técnicas: tópicos, tabela. Utilidade: Disciplinas com vários termos ou processos. O método além de facilitar a aprendizagem, já estimula a organização de ideias.

ideias

ideias

principais

secundárias

3. Método Feynman Desenvolvido pelo físico norte-americano - e ganhador do Prêmio Nobel de física em 1965 - Richard Feynman, o método se baseia na compreensão profunda de assuntos complicados de maneira rápida e eficaz. De acordo com o autor, o domínio da temática se dá quando você conseguir explicá-la de forma simples e objetiva. O método: A construção da aprendizagem se faz em 5 passos 1.       Escolha o assunto que deseja aprender e pesquise tudo o que puder sobre ele. Separe todo o material e comece a ler sobre o tema. 2.       Pegue uma folha e faça um resumo do que leu. Destaque os pontos importantes e tente discorrê-los de maneira mais simples, como se tivesse explicando-os a outra pessoa. 3.       Aproveite para falar sobre o conteúdo em voz alta enquanto escreve. Tente reparar se a escrita está simples e contempla todo o assunto. 4.       Analise agora o que escreveu. Veja tudo o que conseguiu aprender e memorizar e o que ainda precisa ser aperfeiçoado. Estude esse conteúdo até que você o domine mentalmente. 5.       Sempre que puder revise a temática, tentando deixar tudo o mais simplificado possível.· Técnicas: resumo, autoexplicação, revisão espaçada.· Utilidade: Estudar para tutorias e seminários. Além da fixação do conteúdo, o método facilita a compreensão e domínio de fala.

dica #3 entenda c criador doomo o todo utilizo méestratégia u a longo da ao carreira!

4. Método Leitner Produzido pelo jornalista científico alemão Sebastian Leitner em sua obra “So lernt man lernen. Der Weg zum Erfolg” (Então você começa a aprender. A estrada para o sucesso), o sistema de agendamento de Flashcards funciona baseado na curva do esquecimento, que você pode relembrar como funciona, na pág 17 desse manual. O método:      Basicamente, o sistema Leitner dispõe de um conjunto de 5 caixas e flashcards tipo pergunta-resposta. O método de trabalho se inicia selecionando o bloco de flashcards do assunto de interesse e dispondo todos os cartões dentro da caixa 1 para sua revisão. Você deverá ler a pergunta e verificar se sabe a resposta. Caso afirmativo, o cartão é movido para o bloco de cartões já estudados da caixa 2, que será revisada com um período de tempo maior. O mesmo é feito com os cards da segunda caixa. Então quando chega o momento da revisão destas caixas superiores (2, 3, 4 e 5) de maiores períodos para revisão, em caso de assimilação correta dos seus flashcards correspondentes novamente as promoverá para uma caixa superior. Em caso de erro, o flashcard retorna sempre à caixa 1 de revisão diária. Entenda melhor com o exemplo abaixo.· Técnicas: flashcard, interrogação elaborativa, revisão espaçada. Utilidade: Revisar termos, conceitos e definições. O método pode ser utilizado também para matérias que se apropriam de recursos visuais para melhor entendimento, como Anatomia, Histologia e Habilidades médicas.

5. Método SQ3R Desenvolvido pelo psicólogo Francis Pleasant Robinson em 1946 em seu livro Effective Study (Estudo Eficaz), o método é baseado numa sequência lógica de passos organizada para atiçar a curiosidade em relação ao assunto, aumentando em sequência o interesse e a capacidade de fixação. O método: Survey.Question.Read.Recite.Review. (Pesquisar. Perguntar. Ler. Recitar. Revisar.) S = Pesquise o conteúdo a ser estudado e antes de ler. Examine o texto: atente-se para títulos e subtítulos, diagramas e imagens, legendas, o parágrafo de abertura/introdução e a conclusão/resumo final do texto. Q = Transforme o título, subtítulos e cabeçalho em perguntas. Pergunte a si mesmo “O que o professor falou a respeito desse tema quando foi passado?”, “O que eu já sei sobre esse assunto?”. R1 = Quando começar a ler, procure respostas para as questões que levantou anteriormente. Responda também às perguntas que já existem no começo ou final dos capítulos. Atente-se às sentenças destacadas pelo autor. Leia apenas uma seção de cada vez e recite após a leitura. R2 = Recite depois que você tenha lido uma seção. Verbalize perguntas sobre o que você tiver lido e sintetize as respostas a respeito. Destaque pontos que considerou importante durante a leitura. Faça ainda um resumo do texto, sintetizando com suas palavras o que aprendeu. R3 =  Revisar é um processo contínuo. Organize uma semana de revisão baseada nas mais diversas técnicas de aprendizagem, relembre as principais na pág ?. Técnicas: Resumo, interrogação elaborativa, autoexplicação, revisão espaçada.·       Utilidade: O método pode ser utilizado para o estudo de tutorias e seminários. Sua estrutura permite uma leitura mais organizada de conteúdos extensos e textos científicos.

Manutenção do aprendizado É muito que comum que, após um período de exposição teórica no qual entendemos toda a informação transmitida, sintamos que aprendemos tudo. Todavia, quando somos expostos a situações nas quais precisamos utilizar ou repassar o que foi assimilado e não conseguimos, fica evidente que o que se criou foi uma “ilusão de aprendizado”. Esse fenômeno ocorre porque o processo de aprendizagem vai além de captar e compreender, que são fases predominantemente passivas, abrangendo ainda etapas proporcionalmente mais ativas relacionadas ao armazenamento e recuperação do que foi aprendido. Sabendo disso, este capítulo abordará princípios, técnicas e conhecimentos que podem ser aplicados para otimizar seu processo de manutenção do aprendizado.

Curva de esquecimento Nesse contexto, vale citar o estudo de 1885 do psicólogo Herman Ebbinghaus que buscou reconhecer os padrões da memória e do esquecimento e que deu origem à célebre “Curva do Esquecimento de Ebbinghaus”. No estudo foi realizado um experimento que consistiu em expor um grupo de pessoas a um conjunto de sílabas sem sentido e depois verificar de quantas elas se lembravam imediatamente e após certos períodos de tempo. O resultado foi um gráfico (linha azul-escuro do gráfico da próxima página) demonstrando que apenas 24 horas após a exposição às sílabas, os participantes se lembravam de menos de 50% das que lembravam quando perguntados imediatamente após a exposição, e quando se passava uma semana, esse valor poderia ficar entre 10 e 20%.

Herman Ebbinghaus (1850-1909)

Em outro momento do estudo, foi feito outro experimento no qual os participantes, após avaliados acerca de quantas sílabas ainda lembravam após a exposição, eram expostos novamente às sílabas, como se estivessem fazendo uma “revisão”. O resultado foi um gráfico (linhas vermelha, amarela, verde e azul-claro da imagem acima) demonstrando que após cada nova revisão, os participantes se esqueciam de menos sílabas, mesmo que o intervalo entre as revisões aumentasse progressivamente, o que indica uma queda na velocidade de perda de informações com o tempo após repetidas exposições ao assunto. Essa evidência reforça o valor das revisões espaçadas no processo de manutenção do aprendizado em longo prazo, que pode utilizar intervalos de flexibilidade variável dependendo do executor.

Revisões espaçadas As revisões são uma poderosa estratégia para a manutenção do aprendizado e podem obedecer a uma frequência pré-determinada como o célebre esquema de 1 hora, 24 horas, 7 dias e 30 dias após o contato com a nova matéria, podendo-se adicionar ou pular revisões de acordo com a disponibilidade do executor. Ademais, nesse esquema, após os 30 dias, podem ser realizadas revisões mensais, bimestrais, ou na frequência que o executor preferir, além de uma na véspera da prova. Uma abordagem alternativa seria adaptar a frequência de acordo com critérios como o nível de dificuldade do assunto (que pode ser medido em porcentagem de questões erradas) ou sua relevância (segundo estatísticas de provas e prática). Assim, assuntos mais difíceis e relevantes seriam revisados mais vezes, economizando tempo. Por falar em economia de tempo, vale salientar que o esperado é que, com o passar das revisões, o tempo gasto com com cada uma torne-se progressivamente inferior se comparado com o da anterior. Por fim, um aspecto que influencia diretamente a qualidade das revisões, e que não costuma chamar tanta atenção quanto a frequência, é o método utilizado. Enquanto o valor das técnicas majoritariamente passivas (leitura, marcação, anotação, resumo) nos contatos iniciais com um novo conhecimento é inegável, durante as revisões é preferível que se lance mão de técnicas ativas, que se baseiam na tentativa de recuperar, aplicar e transmitir informações que constam no material produzido durante os estudos sem consulta, o que pode ser feito de diversas formas: Cobrindo partes do seu material com a mão e tentando lembrar o que está escrito onde você não pode ver Usando  flashcards físicos ou digitais (por meio do aplicativo "Anki" já citado anteriormente), principalmente se forem de autoria própria Resolvendo questões para promover conexões entre informações já conhecidas e descobrir novos dados que podem ser adicionados ao seu material Por fim, vale citar que a resolução de questões pode guiar a elaboração de um cronograma de revisões baseado em assuntos nos quais se tem uma maior porcentagem de erros e ainda ajudar a criar familiaridade com a banca elaboradora da prova para a qual você está se preparando. A IMPORTÂNCIA DO SONO...

Por fim, vale salientar a importância do sono saudável para o processo de conversão da memória de curto prazo, armazenada no hipocampo, em memória de longo prazo, localizada no neocórtex, como explicado pelo modelo de memória dual proposto por Atkinson-Shiffrin. Desse modo, para garantir o armazenamento de novos aprendizados, uma boa noite de sono é essencial.

Recomendações "Você sabe estudar?" de Claudio de Moura Castro Livro que fala sobre diferentes técnicas de estudo e como aplicá-las

"Tríade do tempo" de Christian Barbosa Livro que discute gestão de tempo com várias dicas práticas, desde como organizar sua agenda até os arquivos do seu computador  "Tomar notas: estratégias de aprendizagem com anotações" de Andréa Moraes e Larissa Cavalcanti Livro que associa as diferentes formas de anotação à cognição e aprendizagem. Responde a perguntas como “o que anotar?” e “ por que anotar?” "Como atingir as suas metas mais ambiciosas" por Stephen Duneier TED talk que explica como dividir grandes tarefas em pequenos passos para facilitar sua realização

fim.
Manual de Métodos de Aprendizado

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