Filosofia - Descartes e o racionalismo

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Semana 17 Lara Rocha (Leidiane Oliveira)

Descartes e o racionalismo 01. Resumo 02. Exercício de Aula 03. Exercício de Casa 04. Questão Contexto

09 jun

RESUMO me pareciam profundamente reais. Ora, se já estive dormindo e cria estar dormindo, o que me garante que não estou dormindo agora? O que sobrevive: os elementos básicos da percepção sensível (cor, tamanho, textura, tempo, etc.) e as verdades matemáticas ✓ 3ª dúvida (argumento do gênio maligno): Ora, e se houver uma ser todo-poderoso que me engana a cada vez em que eu julgo possuir um conhecimento verdadeiro? É possível concebê-lo, portanto é razoável duvidar. O que sobrevive: aparentemente nada

Ambiente filosófico (século XVII)

→ 1ª verdade encontrada (argumento do “cogito” - “Penso, logo existo = “Cogito, ergo sum”):

Diante da série de conflitos econômicos, sociais,

sa – que estou duvidando. Ora, se estou duvidando,

científicos e religiosos que permeavam a Europa,

então penso. Se penso, logo existo Certeza adqui-

vários filósofos passaram a defender o ceticismo,

rida: própria existência

isto é, a doutrina filosófica segundo a qual não é possível obter nenhum conhecimento seguro a res-

✓ A partir desta primeira certeza indubitável, base

peito do que quer que seja. No fim das contas, tudo

de todo saber, Descartes passa a deduzir uma série

é relativo e só nos resta a dúvida.

de outras certezas. Nessa reconstrução do edifício do conhecimento, só que agora sob bases seguras,

Projeto cartesiano

as mais importantes verdades que Descartes acreditou provar foram:

Refutar o ceticismo, estabelecendo as bases funda-

✓ Se é através da minha capacidade de pensar que

mentais de um conhecimento absolutamente segu-

posso garantir a minha própria existência, mesmo

ro e, garantindo, assim nossa possibilidade de com-

que eu ainda não saiba de qualquer outra coisa (nem

preender a realidade com segurança.

se tenho corpo), portanto, é esta capacidade de me pensar que define: minha essência é a racionalida-

→ Método cartesiano (método da dúvida)

de, é a capacidade de pensar.

Devo tomar seriamente para mim o propósito de, ao menos uma vez na vida, pôr todas, absolutamente

✓ Dentre todas as idéias que possuo, ainda sem sa-

todas as minhas convicções em dúvida (dúvida hi-

ber se existe algo além de mim, há uma idéia dife-

perbólica). Aquelas crenças que sobreviverem à dú-

rente de todas as outras: é a idéia de Deus. Esta idéia

vida mais radical mostrarão ser firmes e inabaláveis,

se diferencia por não dizer respeito a um ser finito,

sendo, portanto, seguras.

como as outras, mas sim a um ser infinito. Ora, de onde pode me ter vindo esta idéia? Ela não pode ter

→ Etapas do Método

vindo de mim, pois eu sou um ser finito, enquanto

✓ 1ª dúvida (argumento dos sentidos): Já fui mais

esta idéia é infinita. Como o menor não pode dar ori-

de uma vez enganado por minha sensibilidade. Ora,

gem ao maior, então o finito não pode gerar o infi-

se os sentidos já me enganaram uma vez, que garan-

nito. Assim, essa idéia não pode ter sido gerada por

tia tenho eu de que não me enganarão novamente?

mim. Há, portanto, um Ser infinito que pôs esta idéia

O que sobrevive: as impressões sensíveis mais for-

em mim. A este ser chama-se Deus. Sendo infinito,

tes (de minha própria existência, por exemplo)

Deus possui necessariamente todas as perfeições, tanto de poder, quanto morais.

✓ 2ª dúvida (argumento do sonho): Já tive a experiência, inúmeras vezes, de sonhos intensos, que

✓ Prosseguindo, se há um Deus perfeitamente

Soc. 132

O método da dúvida me garante ao menos uma coi-

poderoso e bom, então o mundo à nossa volta tam-

✓ Por fim, se foi a descoberta do cogito, isto é, se

bém existe de fato, pois um Deus assim não permiti-

foi a descoberta de minha capacidade racional que

ria que eu me enganasse tão radicalmente a respeito

legitimou todo o meu saber obtido de modo seguro,

da realidade. É compatível com a bondade infinita

e, ao contrário, tudo o que eu percebia pelos senti-

de um ser todo-poderoso permitir que eu me en-

dos era desconfiável, então não há dúvida de que a

gane às vezes, mas não que eu me engane sempre.

razão é o fundamento último do conhecimento hu-

Graças a Deus, portanto, pode-se dizer com certeza

mano e que só ela nos dá segurança na busca da ver-

absoluta que o mundo exterior à minha mente é real.

dade. Os sentidos, ao contrário, só têm valor sob o comando da razão.

EXERCÍCIOS DE AULA 1.

É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo por contribuir para o(a) a) dissolução do saber científico. b) recuperação dos antigos juízos. c) exaltação do pensamento clássico. d) surgimento do conhecimento inabalável. e) fortalecimento dos preconceitos religiosos.

2.

Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente. CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).

Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.

Soc. 133

SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade.

d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.

não se deve entender apenas a prudência nos negócios, mas um conhecimento perfeito de todas as coisas que o homem pode saber, tanto para a conduta da sua vida como para a conservação da saúde e invenção de todas as artes. E para que este conhecimento assim possa ser, é necessário deduzi-lo das primeiras causas, de tal modo que, para se conseguir obtê-lo – e a isto se chama filosofar –, há que começar pela investigação dessas primeiras causas, ou seja, dos princípios. Estes devem obedecer a duas condições: uma, é que sejam tão claros e evidentes que o espírito humano não possa duvidar da sua verdade, desde que se aplique a considerá-los com atenção; a outra, é que o conhecimento das outras coisas dependa deles, de maneira que possam ser conhecidos sem elas, mas não o inverso. Depois disto, é indispensável que, a partir desses princípios, se possa deduzir o conhecimento das coisas que dependem deles, de tal modo que, no encadeamento das deduções realizadas, não haja nada que não seja perfeitamente conhecido.” Descartes. “À medida que Descartes vai desenvolvendo sua ideia de um sistema reconstruído de conhecimento, vemos surgir dois componentes específicos da visão cartesiana. O primeiro é um individualismo radical: a ciência tradicional, ‘composta e acumulada a partir das opiniões de inúmeras e variadas pessoas, jamais logra acercar-se tanto da verdade quanto os raciocínios simples de um indivíduo de bom senso’. O segundo componente é uma ênfase na unidade e no sistema: ‘Todas as coisas que se incluem no alcance do conhecimento humano são interligadas’”. Cottingham.

Considerando os textos acima, que tratam da teoria cartesiana do conhecimento, é INCORRETO afirmar que a) a teoria cartesiana do conhecimento implica um sistema em que todos os conteúdos encontram-se intimamente relacionados. b) a teoria do conhecimento cartesiana pretende, a partir da elaboração de um método preciso, reconstruir o conhecimento em bases sólidas. c) a teoria do conhecimento cartesiana, que tem como objetivo a elaboração de uma ciência universal, serve-se, em certa medida, do modelo indutivista para alcançar seu objetivo. d) o conhecimento que se tem de cada coisa deriva de um processo no qual cada etapa pode ser conhecida sem o concurso de etapas posteriores, mas não o inverso. e) quando determinada noção se apresenta com clareza e com distinção, o sujeito pensante entende que se encontra frente a um conhecimento verdadeiro pela própria natureza da concepção cartesiana do conhecimento.

Soc. 134

3.

“... esta palavra, Filosofia, significa o estudo da sabedoria, e por sabedoria

EXERCÍCIOS DE CASA 1.

“Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão mal assegurados devia ser apenas muito duvidoso e incerto; de modo que era preciso tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões que recebera até então em minha crença e começar tudo novamente desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa de firme e de constante nas ciências.” DESCARTES, R. Meditações sobre a filosofia primeira. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 153 A partir do texto citado, assinale o que for correto. 01) A verdadeira ciência ou conhecimento verdadeiro deve refutar toda e qualquer crença ou religião. 02) O início do processo filosófico de descoberta da verdade começa com a instauração da dúvida. dados pelo modo como se adquiria o conhecimento até então. 08) A dúvida sobre o conhecimento que se tem decorre das opiniões e dos saberes mal apreendidos na escola. 16) Os alicerces firmes do conhecimento devem estar além das opiniões das autoridades acadêmicas.

2.

TEXTO I Há já de algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável. DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado). TEXTO II É de caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade. b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos. d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.

Soc. 135

04) O espírito de investigação filosófica busca alicerces firmes, que não foram

3.

TEXTO I Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. TEXTO II Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado). Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo. b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflec) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento. d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos. e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

QUESTÃO CONTEXTO http://www.paulopes.com. br/2017/04/como-naoexistem-deuses-temos-dedar-conta-de-nos-mesmos. html#.WOUwWojyvIU

Ser ateu é um modo de estar no mundo. Antes de ser implicação com a existência de divindades, o ateísmo é um desdobramento da reflexão filosófica sobre os limites entre o sentido da existência e o absurdo da existência. Construa um parágrafo utilizando o argumento cartesiano para existência de Deus.

GABARITO 01.

Exercício de aula

02.

Exercício de casa

1.

d

1.

02+04+16 = 22

2.

c

2.

b

3.

c

3.

e

Soc. 136

xão filosófica e crítica.
Filosofia - Descartes e o racionalismo

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