el dialogo santa catalina de siena - tratado de la obediencia

565 Pages • 500,096 Words • PDF • 18.3 MB
Uploaded at 2021-09-24 18:01

This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.


Obras

de

SANTA CATALINA DE SIENA El Diálogo

• Oraciones

y

Soliloquios

EDICIÓN PREPARADA POR

JOSE SALVADOR Y CONDE

www.traditio-op.org

OBRAS DE SANTA CATALINA DE SIENA El Diálogo • Oraciones y

Soliloquios

I N T R O D U C C I O N E S Y T R A D U C C I Ó N POR

JOSE SALVADOR Y CONDE

TERCERA

BIBLIOTECA

DE

EDICIÓN

AUTORES

MADRID • MCMXCVI

CRISTIANOS

© Biblioteca de Autores Cristianos D o n Ramón de la Cruz, 57. Madrid 1996 Depósito Legal: BU-393. - 1996 ISBN: 84-7914-024-0 Impreso en España. Printed in Spain

INDICE

GENERAL Págs.

Bibliografía Introducción

xxvn 3

general

EL Introducción

«DIALOGO*

a «El Diálogo»

41

PROEMIO

1.

2.

El a l m a c o n o c e a D i o s p o r la o r a c i ó n . — E l a l m a d e q u e a q u í se habla, h a l l á n d o s e e n c o n t e m p l a ción, hizo a Dios c u a t r o peticiones E l d e s e o d e a q u e l l a a l m a c r e c i ó al m o s t r a r l e D i o s las n e c e s i d a d e s d e l m u n d o

LA DOCTRINA

DE LA

55 56

PERFECCIÓN

Excelencia del deseo 3.

4.

5. 6. 7.

8. 9.

L a s o b r a s f i n i t a s , d e p o r sí, n o s o n s u f i c i e n t e s p a r a c a s t i g a r o p r e m i a r sin el a f e c t o c o n t i n u o d e la c a r i d a d El d e s e o , j u n t o c o n la c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n , s a t i s f a c e p o r la c u l p a y p o r la p e n a p r o p i a s , y t a m b i é n p o r la d e los d e m á s . — A l g u n a s veces s a t i s f a c e p o r la c u l p a , p e r o n o p o r la p e n a El d e s e o d e s u f r i r p o r El e s m u y g r a t o a D i o s T o d a virtud y pecado tienen realización m e d i a n d o el p r ó j i m o L a s v i r t u d e s se e j e r c i t a n p o r m e d i o d e l p r ó j i m o . — P o r q u é son t a n d i f e r e n t e s e n las d i v e r sas c r i a t u r a s L a s v i r t u d e s se p o n e n a p r u e b a y se f o r t a l e c e n p o r sus contrarios (Aquí comienza el tratado de la discreción.) No debe p o n e r s e e l a f e c t o p r i n c i p a l m e n t e e n la p e n i t e n -

58

59 63 64

66 69

Indice general

X

Pagi.

10.

11.

cia, s i n o e n las v i r t u d e s . — L a d i s c r e c i ó n r e c i b e v i d a d e la h u m i l d a d y d a a c a d a u n o lo q u e le e s debido S e m e j a n z a d e c ó m o la c a r i d a d , h u m i l d a d y d i s c r e c i ó n e s t á n í n t i m a m e n t e u n i d a s . — A e s t a sem e j a n z a d e b e a c o m o d a r s e el a l m a . — ( E l árbol de la virtud) La p e n i t e n c i a y d e m á s i n s t r u m e n t o s c o r p o r a l e s d e b e n t o m a r s e c o m o m e d i o p a r a l l e g a r a la virt u d y n o c o m o finalidad p r i n c i p a l . — L a l u z d e la discreción es m a n i f e s t a d a p o r d i v e r s o s m o d o s y obras

71

73

74

Recapitulación y promesa de misericordia 12.

R e p e t i c i ó n d e a l g u n a s c o s a s ya d i c h a s . — D i o s p r o m e t e c o n s u e l o a s u s s e r v i d o r e s y la r e f o r m a d e la s a n t a I g l e s i a p o r m e d i o d e a b u n d a n t e s s u frimientos

«EL

13.

14.

15.

16.

17.

18. 19.

78

DIÁLOGO»

A e s t a a l m a se le a u m e n t ó y d i s m i n u y ó a la v e z la a m a r g u r a . — H a c e o r a c i ó n a D i o s p o r s u s a n t a I g l e s i a y p o r su p u e b l o D i o s se q u e j a d e l p u e b l o c r i s t i a n o , y p r i n c i p a l m e n t e d e sus m i n i s t r o s . — A l g o s o b r e el sacram e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o y el b e n e f i c i o d e la encarnación U n a vez r e a l i z a d a la p a s i ó n d e C r i s t o , el p e c a d o es m á s c a s t i g a d o q u e a n t e s . — D i o s p r o m e t e m i s e r i c o r d i a al m u n d o y a la I g l e s i a si m e d i a n la o r a c i ó n y el s u f r i m i e n t o d e s u s s e r v i d o r e s . . Al c o n o c e r m e j o r e s t a a l m a la b o n d a d d i v i n a , n o se c o n t e n t a b a c o n o r a r s ó l o p o r e l p u e b l o c r i s t i a n o y p o r la s a n t a Iglesia, s i n o q u e lo h a c í a p o r el m u n d o e n t e r o D i o s se l a m e n t a d e s u s c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , y del m o d o especial del a m o r propio q u e reina e n e l l a s . — A n i m a a d i c h a a l m a a la o r a c i ó n y a las lágrimas N a d i e p u e d e e s c a p a r a las m a n o s d e D i o s . — S e está e n ellas p a r a m i s e r i c o r d i a o p a r a justicia E s t a a l m a , c r e c i e n d o e n el f u e g o a m o r o s o , d e s e a b a s u d a r s a n g r e . — A la vez q u e se r e p r e n d e

81

83

87

89

89 90

Indice

general

XI

Págs.

20.

21.

22.

23.

24.

a sí m i s m a , h a c e u n a o r a c i ó n p o r s u P a d r e e s p i ritual Sin t r i b u l a c i o n e s s u f r i d a s c o n p a c i e n c i a n o se p u e d e a g r a d a r a D i o s . — D i o s la a n i m a a e l l a y a su P a d r e espiritual a sufrir c o n v e r d a d e r a p a ciencia E s t a n d o c o r t a d o el c a m i n o p a r a ir al c i e l o p o r la desobediencia d e A d á n , Dios hizo d e su Hijo u n puente para poder pasar D i o s i n d u c e al a l m a a c o n t e m p l a r la g r a n d e z a d e e s t e p u e n t e , q u e s e t i e n d e d e la t i e r r a al cielo T o d o s somos trabajadores enviados p o r Dios a t r a b a j a r e n la v i ñ a d e la s a n t a I g l e s i a . — C a d a u n o t i e n e la v i ñ a d e sí m i s m o . — N o s o t r o s , s a r m i e n t o s , d e b e m o s e s t a r u n i d o s a la v i d v e r d a d e r a : el Hijo d e D i o s Dios p o d a los s a r m i e n t o s u n i d o s a esa vid, o sea, s u s s e r v i d o r e s . — L a v i ñ a d e c a d a u n o e s t á d e tal m o d o u n i d a a la d e l p r ó j i m o , q u e n a d i e p u e d e c u l t i v a r l a o e c h a r l a a p e r d e r sin c u l t i v a r y e c h a r a p e r d e r la d e l p r ó j i m o

91

92

93

94

95

97

Elogio del amor divino 25.

Esta alma, d e s p u é s d e algunas alabanzas a Dios, p i d e q u e le m u e s t r e q u i é n e s p a s a n p o r e l m e n cionado puente y quiénes no

LA

DOCTRINA

DEL

99

PUENTE

El p u e n t e , c a m i n o d e la v e r d a d 26.

27.

Este p u e n t e t i e n e t r e s e s c a l o n e s . — I n d i c a n los tres estados del a l m a . — E s alto, p e r o n o separ a d o d e la t i e r r a . — C ó m o s e e n t i e n d e la f r a s e d e C r i s t o ; « C u a n d o s e a c o l o c a d o e n lo a l t o , t o d o lo a t r a e r é a mí» El p u e n t e e s t á e d i f i c a d o c o n p i e d r a s , q u e s i g n i fican las v i r t u d e s . — E n el p u e n t e h a y u n a t i e n d a , d o n d e se p r o p o r c i o n a c o m i d a a los c a m i n a n -

100

Indice

XII

general Págs.

t e s . — Q u i e n s i g u e p o r e l p u e n t e l l e g a a la v i d a . — E l q u e v a p o r d e b a j o d e é l , p o r el r í o , va a la p e r d i c i ó n y a la m u e r t e

102

D o s c a m i n o s : la verdad y la mentira 28.

C a d a u n o d e l o s c a m i n o s , e l d e l p u e n t e y el d e l río, t i e n e s u s d i f i c u l t a d e s . — G o z o d e l a l m a q u e c a m i n a p o r el p u e n t e

104

El c a m i n o d e la doctrina d e Cristo 29.

E s t e p u e n t e , a u n q u e s u b i ó al c i e l o el d í a d e la A s c e n s i ó n , n o p o r e s o s e a p a r t ó d e la t i e r r a

105

E l o g i o d e la misericordia 30.

E s t a a l m a , m a r a v i l l á n d o s e d e la m i s e r i c o r d i a d e Dios, e n u m e r a los a b u n d a n t e s d o n e s y g r a c i a s c o n c e d i d o s p o r e l l a al g é n e r o h u m a n o

108

Los que van por el río 31.

32. 33. 34. 35. 36.

37. 38.

39.

I n d i g n i d a d d e los q u e v a n p o r el r í o , b a j o el p u e n t e . — A l a l m a q u e v a p o r d e b a j o la l l a m a Dios á r b o l d e m u e r t e . — S u s raíces están princip a l m e n t e e n c u a t r o vicios Los frutos d e este árbol son tan variados c o m o los p e c a d o s . — E l p e c a d o d e la c a r n e El f r u t o d e a l g u n o s e s la a v a r i c i a . — M a l e s q u e d e ella p r o c e d e n L a i n j u s t i c i a e s el f r u t o d e a l g u n o s q u e t i e n e n mando P o r e s t o s y o t r o s v i c i o s se l l e g a al j u i c i o f a l s o . — I n d i g n i d a d e n q u e se c a e p o r e l l o S o b r e las p a l a b r a s d e C r i s t o : « E n v i a r é al P a r á c l i t o , q u e a c u s a r á al m u n d o d e i n j u s t i c i a y j u i c i o falso».—Una d e estas acusaciones es constante L a s e g u n d a a c u s a c i ó n e s a c a u s a d e la i n j u s t i c i a y d e l falso j u i c i o e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r C u a t r o t o r m e n t o s p r i n c i p a l e s d e los c o n d e n a d o s . — A é s t o s s i g u e n o t r o s , y, d e m o d o e s p e c i a l , la f e a l d a d d e l d e m o n i o L a t e r c e r a a c u s a c i ó n se h a r á e n el d í a d e l j u i c i o

110 112 112 114 114

116 117

119 120

Indice

general

xm Págs.

40. 41. 42.

Los c o n d e n a d o s n o p u e d e n desear bien alguno L a gloria d e los b i e n a v e n t u r a d o s D e s p u é s d e l j u i c i o g e n e r a l , la p e n a d e l o s c o n d e n a d o s será m a y o r

121 122 125

Elección del camino 43.

44.

45.

46.

47.

48.

49.

U t i l i d a d d e las t e n t a c i o n e s . — E l a l m a e n la h o r a d e la m u e r t e , a n t e s d e s e r s e p a r a d a d e l c u e r p o , v e s u d e s t i n o , e s d e c i r , la p e n a o g l o r i a q u e v a a revivir El d e m o n i o e n g a ñ a s i e m p r e a las a l m a s b a j o el p r e t e x t o d e l b i e n . — L o s q u e v a n p o r e l río y n o p o r el p u e n t e v a n e n g a ñ a d o s . — Q u e r i e n d o h u i r d e los s u f r i m i e n t o s , c a e n e n e l l o s . — V i s i ó n d e u n árbol q u e u n a vez tuvo esta a l m a El m u n d o p r o d u c e e s p i n a s y a b r o j o s a c a u s a d e l p e c a d o . — A q u i é n e s n o hacen d a ñ o esas espin a s . — N a d i e p a s a e s t a vida sin trabajos M a l e s q u e p r o c e d e n d e la c e g u e r a d e l e n t e n d i miento.—Las obras buenas, no hechas e n est a d o d e g r a c i a , c a r e c e n d e v a l o r p a r a la v i d a eterna N o se p u e d e n o b s e r v a r los m a n d a m i e n t o s sin s e g u i r los c o n s e j o s . — E n c u a l q u i e r e s t a d o e n q u e s e h a l l e e l a l m a , si t i e n e b u e n a v o l u n t a d , e s a g r a d a b l e a Dios L o s h u m a n o s n o p u e d e n s a c i a r s e c o n lo q u e p o s e e n . — P e n a s q u e l e s p r o p o r c i o n a la v o l u n t a d a u n en esta vida El t e m o r servil n o e s s u f i c i e n t e p a r a c o n s e g u i r la v i d a e t e r n a . — E j e r c i t a n d o e s t e t e m o r s e l l e g a a la v i r t u d

128

130

132

135

137

139

141

D o l o r d e Catalina p o r la c e g u e r a h u m a n a 50.

E s t a a l m a t u v o g r a n a m a r g u r a p o r la c e g u e r a d e l o s q u e se a h o g a b a n e n el r í o

144

L o s t r e s e s c a l o n e s figuran las tres p o t e n c i a s del a l m a : la c a r i d a d c o m ú n 51.

L o s t r e s e s c a l o n e s f i g u r a d o s e n el p u e n t e , e s d e cir, e n el H i j o d e D i o s , s i m b o l i z a n las t r e s p o tencias del alma

144

Indice

XIV

general Págs.

52.

53. 54.

Si l a s t r e s p o t e n c i a s d e l a l m a n o e s t á n u n i d a s , n o se p u e d e t e n e r p e r s e v e r a n c i a . — S i n e l l a , n a die p u e d e alcanzar su fin E x p o s i c i ó n d e las p a l a b r a s d e C r i s t o : « Q u i e n tenga sed, venga a mí y beba» M o d o q u e , e n g e n e r a l , d e b e n t e n e r los h o m b r e s p a r a s a l i r d e l m a l d e l m u n d o y p a s a r p o r el r e ferido puente

147 147

148

R e c a p i t u l a c i ó n sobre la caridad c o m ú n 55.

Resumen

d e las c o s a s ya d i c h a s

151

Los e s c a l o n e s c o m o estados del alma: Subida a la caridad perfecta 56.

57. 58.

59.

60. 61. 62. 63. 64.

65. 66.

Q u e r i e n d o D i o s m o s t r a r a e s t a a l m a d e v o t a los tres escalones del santo p u e n t e , son significados e n p a r t i c u l a r p o r los tres e s t a d o s del a l m a . — D i c e q u e s e e l e v e s o b r e sí m i s m a p a r a c o n t e m p l a r esta v e r d a d Esta a l m a , m i r a n d o e n e l espejo d i v i n o , veía a las c r i a t u r a s a n d a r d e m o d o s d i s t i n t o s E l t e m o r s e r v i l , s i n a m o r a la v i r t u d , n o e s s u f i c i e n t e p a r a p r o p o r c i o n a r la v i d a e t e r n a . — L a ley d e l t e m o r y la d e l a m o r e s t á n u n i d a s e n t r e sí E j e r c i t á n d o s e e n el t e m o r servil, q u e e s e s t a d o d e i m p e r f e c c i ó n (lo c u a l se e n t i e n d e c o m o p r i m e r e s c a l ó n ) , se llega al s e g u n d o , q u e es e s t a d o de perfección I m p e r f e c c i ó n d e los q u e a m a n y s i r v e n a D i o s por propio provecho, p o r deleite y consuelo • M o d o e n q u e se m a n i f i e s t a D i o s al a l m a q u e le ama P o r q u é n o dijo C r i s t o : «Yo m a n i f e s t a r é a mi Padre», sino: «Me manifestaré a mí mismo» M o d o d e s u b i r el a l m a el s e g u n d o e s c a l ó n d e l s a n t o p u e n t e u n a vez a l c a n z a d o el p r i m e r o . A m a n d o a Dios p e r f e c t a m e n t e , imperfectam e n t e s e a m a al p r ó j i m o . — S i g n o s d e e s t e a m o r imperfecto M o d o q u e t i e n e el a l m a d e l l e g a r al a m o r p u r o y l i b r e . (Aquí comienza el tratado de la oración.) A l g o s o b r e el s a c r a m e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o . — D o c t r i n a s o b r e e l p a s o d e la o r a c i ó n

153 154

154

155 156 159 160 161

164 165

índice

general

XV

Págs,

67. 68. 69. 70. 71.

72. 73. 74. 75.

76.

77. 78.

79. 80. 81. 82.

v o c a l a la m e n t a l . — V i s i ó n q u e e n u n a o c a s i ó n tuvo este alma E n g a ñ o d e los h o m b r e s m u n d a n o s . — A m a n y sirven a Dios por propio consuelo y deleite . E n g a ñ o d e los s e r v i d o r e s d e D i o s q u e lo a m a n con amor imperfecto Los q u e n o a b a n d o n a n su paz y c o n s u e l o , n o s o c o r r e n al p r ó j i m o e n s u s n e c e s i d a d e s E n g a ñ o d e los q u e h a n p u e s t o su afecto e n los consuelos y visiones espirituales L o s q u e se d e l e i t a n e n los c o n s u e l o s y v i s i o n e s e s p i r i t u a l e s p u e d e n s e r e n g a ñ a d o s a c e p t a n d o al demonio transfigurado en luz.—Señales para c o n o c e r c u á n d o u n a visión viene d e Dios o del demonio E l a l m a q u e v e r d a d e r a m e n t e s e c o n o c e a sí m i s m a evita los e n g a ñ o s a n t e s d i c h o s M o d o s d e a p a r t a r s e d e l a m o r i m p e r f e c t o y alc a n z a r el a m o r p e r f e c t o d e a m i g o y d e hijo S e ñ a l e s p o r l a s q u e s e c o n o c e si s e h a l l e g a d o al a m o r perfecto L o s i m p e r f e c t o s q u i e r e n s e g u i r s o l a m e n t e al P a d r e , p e r o l o s p e r f e c t o s s i g u e n al H i j o . — V i s i ó n q u e t u v o e s t a a l m a . — S e h a b l a d e los b a u tismos diversos y d e o t r a s cosas bellas y útiles El a l m a , h a b i e n d o s u b i d o al t e r c e r e s c a l ó n d e l p u e n t e , l l e g a n d o a la b o c a , c u m p l e c o n e l o f i c i o d e é s t a . — L a señal d e h a b e r llegado a ella es ten e r m u e r t a la v o l u n t a d p r o p i a Las o b r a s del a l m a d e s p u é s d e h a b e r a l c a n z a d o el t e r c e r e s c a l ó n S o b r e el c u a r t o e s t a d o , q u e n o e s t á s e p a r a d o del tercero.—Las obras del alma q u e ha llegado a é l . — D i o s , p o r la p r e s e n c i a c o n s t a n t e , n u n c a s e aparta del alma D i o s n o se a p a r t a d e e s t o s p e r f e c t í s i m o s ni p o r p e r f e c c i ó n n i p o r g r a c i a , p e r o sí p o r u n i ó n . L o s m u n d a n o s d a n g l o r i a v a l a b a n z a a D i o s , lo quieran o no H a s t a los d e m o n i o s d a n g l o r i a v a l a b a n z a a Dios ' D e s p u é s d e h a b e r p a s a d o d e e s t a v i d a , el a l m a v e p e r f e c t a m e n t e la g l o r i a y a l a b a n z a d e l n o m b r e d e D i o s e n t o d a c r i a t u r a . — S e le t e r m i n a e l s u f r i m i e n t o , p e r o n o el d e s e o

166 172 173 175 176

177 179 180 181

182

185 187

190 193 196 197

197

Indice

XVI

general Págs.

83.

84.

85.

D e s p u é s q u e S a n P a b l o f u e l l e v a d o a v e r la g l o ria d e l o s b i e n a v e n t u r a d o s , d e s e a b a s e r l i b e r a d o d e su c u e r p o . — E s t o o c u r r e t a m b i é n c o n los q u e h a n l l e g a d o a los m e n c i o n a d o s t e r c e r o y c u a r t o grados R a z o n e s p o r las q u e e l a l m a d e s e a b a s e r l i b e r a d a d e l c u e r p o . — A l n o p o d e r s e r así, n o p o r e s o d i s i e n t e d e la v o l u n t a d d e D i o s . — M á s b i e n se g l o r í a e n e s t e y e n c u a l q u i e r o t r o s u f r i m i e n t o en h o n o r a Dios L o s q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o u n i t i v o t i e n e n i l u m i n a d a la i n t e l i g e n c i a p o r u n a l u z s o b r e n a t u r a l i n f u n d i d a p o r la g r a c i a . — E s m e j o r q u e e l a l m a se a c o n s e j e d e u n h u m i l d e d e s a n t a c o n ciencia q u e n o d e u n sabio soberbio

199

201

202

R e c a p i t u l a c i ó n d e la doctrina d e l p u e n t e 86.

R e p e t i c i ó n útil d e m u c h a s cosas ya dic h a s . — D i o s i n v i t a a e s t a a l m a d e v o t a a q u e le p i d a p o r t o d a s c r i a t u r a s y p o r la s a n t a I g l e s i a

205

Petición de mayor conocimiento 87.

E s t a a l m a d e v o t a p i d e c o n o c e r las clases d e lágrimas y sus frutos

LA

88. 89. 90.

91.

92.

93.

DOCTRINA

DE LAS

207

LÁGRIMAS

C i n c o clases d e l á g r i m a s D i f e r e n c i a d e las l á g r i m a s , r e f i r i é n d o l a s a d o s estados del alma B r e v e r e c a p i t u l a c i ó n d e lo a n t e r i o r . — E l d e m o n i o h u y e d e l o s q u e h a n l l e g a d o a l e s t a d o d e las quintas lágrimas.—Las tentaciones son u n verd a d e r o c a m i n o p a r a l l e g a r a tal e s t a d o Los q u e se d e s e a n las l á g r i m a s d e los ojos y n o p u e d e n t e n e r l a s , t i e n e n las d e l f u e g o . — R a z ó n p o r la q u e D i o s p r i v a d e l a s l á g r i m a s c o r p o r a l e s C u a t r o e s t a d o s d e l a s l á g r i m a s , d e los c i n c o d i chos, p r o d u c e n variedad' infinita d e lágrim a s . — D i o s q u i e r e ser s e r v i d o d e m a n e r a infinita y n o finita El f r u t o d e l a s l á g r i m a s d e l o s m u n d a n o s ..

209 210

215

217

219 220

Indice

general

XVII

Págs. 94. 95. 96.

L o s m u n d a n o s q u e l l o r a n s o n s a c u d i d o s p o r los cuatro vientos F r u t o s d e las s e g u n d a s y t e r c e r a s l á g r i m a s F r u t o d e las c u a r t a s l á g r i m a s , q u e s o n d e u n i ó n

223 225 228

Alabanza a Dios por el d o n del amor y petición de m á s l u z sobre tres p u n t o s 97.

l i s t a a l m a d e v o t a , a g r a d e c i e n d o a D i o s la e x p l i c a c i ó n d e los e s t a d o s d e las l á g r i m a s , h a c e tres peticiones

LA

Tres luces 98.

99.

100.

101.

DOCTRINA

DE LA

232

VERDAD

necesarias

L a l u z d e la r a z ó n e s n e c e s a r i a a c u a l q u i e r a l m a q u e d e veras quiera servir a Dios.—Primero, s o b r e la l u z g e n e r a l L o s q u e h a n p u e s t o m á s su d e s e o e n m o r t i f i c a r e l c u e r p o q u e e n m a t a r la v o l u n t a d p r o p i a . - — E s t a e s u n a l u z m á s p e r f e c t a q u e la g e n e r a l . — M a t a r la v o l u n t a d p r o p i a e s l a s e g u n d a l u z La tercera y más perfecta luz del coraz ó n . — O b r a s q u e h a c e el a l m a q u e h a l l e g a d o a e l l a . — H e r m o s a visión q u e u n a vez t u v o esta a l m a d e v o t a . — M o d o d e c o n s e g u i r la p e r f e c t a p u r e z a . — N o se d e b e n e m i t i r j u i c i o s L o s q u e h a n l l e g a d o a la t e r c e r a y p e r f e c t í s i m a l u z r e c i b e n l a s p r i m i c i a s d e la v i d a e t e r n a . .

234

236

238 242

T r e s c o s a s para n o c a e r e n e n g a ñ o 102.

M o d o d e c o r r e g i r al p r ó j i m o sin c a e r e n juicios

103.

A u n q u e Dios manifestase a q u i e n ora p o r o t r o q u e éste tiene su espíritu en tinieblas, n o p o r e l l o d e b e j u z g a r q u e se h a l l a e n p e c a d o . . . . El a f e c t o y el a m o r a la v i r t u d d e b e n s e r t o m a d o s c o m o f i n a l i d a d p r i n c i p a l ; n o la p e n i t e n c i a

104.

falsos 244

245 247

R e c a p i t u l a c i ó n s o b r e las tres c o s a s 105.

R e s u m e n d e las t r e s c o s a s p r e c e d e n t e s . — A n e x o s o b r e la c o r r e c c i ó n d e l p r ó j i m o

248

Indice

XVIII

general Págs.

C ó m o d i s t i n g u i r las v i s i o n e s 106.

S e ñ a l e s p a r a c o n o c e r c u á n d o las v i s i t a s y v i s i o nes espirituales son d e Dios o del d e m o n i o .

250

Invitación a p e d i r 107.

Dios c u m p l e los d e s e o s d e sus s e r v i d o r e s . — L e a g r a d a m u c h o q u e p i d a n y l l a m e n a la p u e r t a d e su V e r d a d c o n p e r s e v e r a n c i a

252

Alabanza a D i o s por la verdad manifestada.—De la fidelidad a la verdad y d e l c o n o c i m i e n t o d e l o s d e f e c t o s d e l o s ministros 108.

Esta a l m a d e v o t a se h u m i l l a y d a g r a c i a s a D i o s . — O r a p o r t o d o el m u n d o , y e s p e c i a l m e n t e p o r e l c u e r p o m í s t i c o d e la I g l e s i a . — T a m b i é n p o r sus hijos espirituales y p o r sus d o s P a d r e s e s p i r i t u a l e s . — P i d e o í r h a b l a r a D i o s d e los d e f e c t o s d e los m i n i s t r o s d e la s a n t a I g l e s i a ..

253

Promesa d e respuesta y amonestación 109.

D i o s a n i m a a e s t a a l m a a la o r a c i ó n . — R e s p u e s t a a a l g u n a d e sus peticiones

E L C U E R P O M Í S T I C O D E LA

255

IGLESIA

E x c e l e n c i a d e l ministerio sacerdotal 110.

111.

112. 113.

114.

D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s y d e l s a c r a m e n t o d e l cuerpo de Cristo.—Los que comulgan digna e indignamente L o s s e n t i d o s c o r p o r a l e s se e n g a ñ a n e n e l s a c r a m e n t o , n o los d e l a l m a . — C o n q u é s e n t i d o s h a y q u e m i r a r , g u s t a r y t o c a r . — H e r m o s a visión d e esta a l m a sobre este t e m a E x c e l e n c i a e n q u e se e n c u e n t r a e l a l m a q u e r e cibe e n gracia este s a c r a m e n t o S e h a h a b l a d o d e la e x c e l e n c i a d e l s a c r a m e n t o p a r a q u e se c o n o z c a m e j o r la d i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — D i o s exige m a y o r p u r e z a e n ellos q u e e n los d e m á s L o s s a c r a m e n t o s n o se d e b e n v e n d e r n i c o m -

257

261 263

264

Indice

general

xix Págs,

115.

116.

117. 118.

p r a r . — L o s q u e los r e c i b e n d e b e n a y u d a r a los m i n i s t r o s e n lo t e m p o r a l . — R e p a r t o d e l o s b i e n e s m a t e r i a l e s d e los s a c e r d o t e s D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — L a eficacia d e los s a c r a m e n t o s n o d i s m i n u y e p o r c u l p a d e los q u e los a d m i n i s t r a n o d e los q u e los r e c i b e n . — D i o s n o q u i e r e q u e los s e g l a r e s se m e t a n a c o r r e g i r les D i o s e s t i m a h e c h a c o n t r a E l la p e r s e c u c i ó n c o n t r a la I g l e s i a o c o n t r a s u s m i n i s t r o s . — E s u n p e cado de más gravedad que cualquier otro . . S e h a b l a d e los p e r s e g u i d o r e s d e la s a n t a I g l e s i a y d e sus ministros R e s u m e n d e l o d i c h o s o b r e la I g l e s i a y s u s m i nistros

266

267

268 272 274

LOS BUENOS MINISTROS 119.

120.

E x c e l e n c i a d e las v i r t u d e s y o b r a s d e los b u e n o s y v i r t u o s o s m i n i s t r o s . — T i e n e n las p r o p i e d a d e s del sol.—Corrección d e sus subditos R e s u m e n del capítulo anterior.—Reverencia q u e se d e b e p r e s t a r a los s a c e r d o t e s , b u e n o s o malos

274

283

Los malos ministros 121. 122.

123. 124.

125.

126. 127.

D e f e c t o s y m a l a v i d a d e los s a c e r d o t e s v m i n i s tros ' E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la i n j u s t i c i a , e s p e c i a l m e n t e p o r la f a l t a d e c o r r e c c i ó n d e s u s s u b ditos M u c h o s otros defectos de esos ministros.—Las t a b e r n a s , el j u e g o y las c o n c u b i n a s E n los m i n i s t r o s r e i n a el p e c a d o « c o n t r a n a t u r a » . — V i s i ó n q u e t u v o el a l m a s o b r e e s t a m a teria L o s d e f e c t o s d e los s u b d i t o s n o s o n c o r r e g i d o s . — D e f e c t o s d e los r e l i g i o s o s . — A e s o s m a l e s s u c e d e n m u c h o s o t r o s p o r falta d e c o r r e c c i ó n E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a el p e c a d o d e la l u juria E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la a v a r i c i a . — P r e s t a n c o n u s u r a . — V e n d e n y c o m p r a n los b e n e f i -

285

288 289

291

295 299

Indice

XX

general Págs.

128.

c i o s y p r e l a c i a s . — M a l e s q u e s e s i g u e n a la s a n t a Iglesia E n d i c h o s m i n i s t r o s r e i n a la s o b e r b i a . — E s t a c i e g a a la i n t e l i g e n c i a . — L o s q u e s i m u l a n c o n s a grar y con consagran

302

307

Invitación al llanto, q u e atrae la m i s e r i c o r d i a 129. 130. 131. 132.

O t r o s m u c h o s d e f e c t o s q u e se c o m e t e n a c a u s a d e la s o b e r b i a y d e l a m o r p r o p i o O t r o s d e f e c t o s q u e c o m e t e n los m a l o s m i n i s t r o s D i f e r e n c i a e n t r e la m u e r t e d e l o s j u s t o s y d e l o s p e c a d o r e s . — S u s p e n a s e n la h o r a d e la m u e r t e L a m u e r t e d e los p e c a d o r e s . — S u s p e n a s e n h o r a d e la m u e r t e

311 317 319

la 323

R e c a p i t u l a c i ó n y n u e v a invitación al llanto 1 33.

R e s u m e n d e lo a n t e r i o r . — D i o s p r o h i b e e n a b s o l u t o q u e los s e g l a r e s p o n g a n las m a n o s e n los s a c e r d o t e s . — I n v i t a c i ó n a llorar p o r esos infelices sacerdotes

329

Alabanza a D i o s : Luz y Fuego.—Caridad s u p r e m a . C u m p l i d o r d e los d e s e o s . — P e t i c i ó n p o r e l m u n d o y p o r la Iglesia 134.

s t a

E alma devota, alabando y bendiciendo D i o s , o r a p o r la s a n t a I g l e s i a

LA

PROVIDENCIA

a 330

DIVINA

P r o v i d e n c i a general 135.

136.

(Aquí comienza el tratado de la providencia de Dios.)—La p r o v i d e n c i a e n g e n e r a l y la c r e a c i ó n del h o m b r e a su i m a g e n y s e m e j a n z a . — D i o s p r o v e e c o n la e n c a r n a c i ó n d e s u H i j o . — P u e r t a d e l p a r a í s o c e r r a d a p o r el p e c a d o de Adán.—Providencia d á n d o s e en comida contin u a m e n t e e n el s a c r a m e n t o d e l a l t a r D i o s p r o v e y ó d a n d o la e s p e r a n z a a l a s c r i a t u ras.—^Quien tiene e s p e r a n z a m a y o r , gusta m á s p e r f e c t a m e n t e d e su p r o v i d e n c i a

335

338

Indice

general

xxi Págs.

1!57.

D i o s p r o v e y ó e n e l A n t i g u o T e s t a m e n t o p o r la ley v los p r o f e t a s . — D e s p u é s , e n v i a n d o a s u V e r b o ; d e s p u é s c o n los a p ó s t o l e s , m á r t i r e s y o t r o s s a n t o s . — N a d a o c u r r e a las c r i a t u r a s q u e n o sea p o r p r o v i d e n c i a d e Dios

Providencia 138.

139. 140.

111.

142.

143. 144. 145. 146.

147. 148. 149. 150.

341

particular

Lo q u e Dios p e r m i t e es sólo p a r a n u e s t r o bien v s a l v a c i ó n . — C i e g o s y e q u i v o c a d o s los q u e p i e n s a n lo c o n t r a r i o D i o s p r o v e y ó m u y p a r t i c u l a r m e n t e a la s a l v a ción del alma en un caso q u e o c u r r i ó D i o s se l a m e n t a d e los d i v e r s o s m o d o s d e infid e l i d a d d e las c r i a t u r a s . — U n a a l e g o r í a d e l A n tiguo Testamento explica una e n s e ñ a n z a m u y útil P r o v i d e n c i a d i v i n a a t r a v é s d e las t r i b u l a c i o n e s . — D e s g r a c i a d e l o s q u e c o n f í a n e n sí y n o e n la P r o v i d e n c i a . — E x c e l e n c i a d e l o s q u e c o n f í a n en ella D i o s p r o v e y ó a las a l m a s c o n los s a c r a m e n t o s . — A sus s e r v i d o r e s h a m b r i e n t o s s o c o r r e c o n el c u e r p o d e C r i s t o . — M á s d e u n a vez s o c o r r i ó a un a l m a h a m b r i e n t a de este s a c r a m e n t o P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e e s t á n e n p e cado mortal P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e a ú n se e n c u e n t r a n e n el a m o r i m p e r f e c t o P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n l o s q u e se h a l l a n e n la caridad perfecta R e s u m e n d e lo d i c h o . — I n t e r p r e t a c i ó n d e l a s p a l a b r a s d e C r i s t o a S a n P e d r o : « E c h a la r e d a la d e r e c h a d e la n a v e » E l q u e e c h a la r e d c o n m á s p e r f e c c i ó n , c o g e m á s peces.—Excelencia d e estos perfectos P r o v i d e n c i a q u e u s a D i o s e n g e n e r a l c o n las • c r i a t u r a s e n e s t a v i d a y e n la o t r a Providencia d e Dios c o n sus servidores pobres, s o c o r r i é n d o l e s e n las c o s a s t e m p o r a l e s Males que proceden de poseer y desear desord e n a d a m e n t e las r i q u e z a s t e m p o r a l e s

342 345

346

349

353 357 360 364

369 371 373 376 379

Indice

XXII

general Págs.

E l o g i o de la pobreza 151.

E x c e l e n c i a d e los p o b r e s i n t e n c i o n a d a m e n t e p o b r e s e n el e s p í r i t u . — C r i s t o n o s e n s e ñ ó la p o b r e z a n o sólo d e p a l a b r a , s i n o c o n el e j e m p l o . — P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e a b r a z a n la p o b r e z a v o l u n t a r i a

381

R e c a p i t u l a c i ó n sobre la P r o v i d e n c i a 152.

R e s u m e n s o b r e la P r o v i d e n c i a

388

Alabanza de la caridad d i v i n a . — P e t i c i ó n d e saber sobre la o b e d i e n c i a 153.

E s t a a l m a , m i e n t r a s a l a b a y d a g r a c i a s a D i o s , le p i d e q u e le h a b l e d e la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a

LA

154.

389

OBEDIENCIA

(Aquí se comienza el tratado de la obediencia.)—Dónde se e n c u e n t r a la o b e d i e n c i a . — Q u é n o s la q u i t a . — S e ñ a l d e si la t i e n e e l h o m b r e o n o . — S u c o m p a ñ e r a . — Q u i é n la f o m e n t a

391

La o b e d i e n c i a e n general 155.

156.

L a o b e d i e n c i a es llave q u e a b r e el c i e l o . — D e b e t e n e r s e e n la c i n t u r a , a t a d a a u n c o r d e l i t o . — S u excelencia M i s e r i a d e los d e s o b e d i e n t e s y e x c e l e n c i a d e los obedientes

394 397

La o b e d i e n c i a e n particular 157.

158. 159. 160.

L o s q u e t i e n e n t a n t o a m o r a la o b e d i e n c i a q u e n o se c o n t e n t a n c o n la g e n e r a l d e l o s m a n d a m i e n t o s , s i n o q u e a b r a z a n la p a r t i c u l a r P a s o d e la o b e d i e n c i a g e n e r a l a l a p a r t i c u l a r . — E x c e l e n c i a d e las ó r d e n e s r e l i g i o s a s E x c e l e n c i a d e l o s o b e d i e n t e s e i n f i d e l i d a d d e los d e s o b e d i e n t e s q u e viven e n religión P e r v e r s i d a d , m i s e r i a s y t r a b a j o s d e los d e s o b e d i e n t e s . — M a l a s c o n s e c u e n c i a s d e la d e s o b e diencia

399 400 406

412

Indice

general

XXIII

Págs.

161.

162.

E x c e l e n c i a d e los p o b r e s d e e s p í r i t u . — J e s u c r i s t o n o s e n s e ñ ó la p o b r e z a c o n la p a l a b r a y c o n e l e j e m p l o . — P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e a b r a z a n la p o b r e z a I m p e r f e c c i ó n d e l o s q u e v i v e n t i b i o s e n la r e l i g i ó n a u n q u e e v i t e n el p e c a d o m o r t a l . R e m e d i o p a r a s a l i r d e la t i b i e z a

414

418

E l o g i o d e la o b e d i e n c i a y d e l o b e d i e n t e 163. 164.

165.

E x c e l e n c i a d e la o b e d i e n c i a y b i e n e s q u e p r o p o r c i o n a a q u i e n e s la a b r a z a n d e v e r d a d D i s t i n c i ó n e n t r e d o s o b e d i e n c i a s : la d e l r e l i g i o s o y la q u e s e p r e s t a a a l g u n a p e r s o n a f u e r a d e la religión D i o s n o p r e m i a s e g ú n el t r a b a j o ni el e s p a c i o , s i n o e n c o n f o r m i d a d c o n la g r a n d e z a d e s u c a r i d a d . — P r o n t i t u d d e los v e r d a d e r o s o b e d i e n t e s . — M i l a g r o d e Dios e n r a z ó n d e esta virt u d . — L a d i s c r e c i ó n e n la o b e d i e n c i a . — O b r a s y p r e m i o al v e r d a d e r o o b e d i e n t e

420

422

424

CONCLUSIÓN

R e c a p i t u l a c i ó n d e t o d o el l i b r o 166.

R e s u m e n d e casi t o d o el p r e s e n t e l i b r o

429

A g r a d e c i m i e n t o . — A l a b a n z a a la T r i n i d a d . — A l a b a n z a a la f e . — O r a c i ó n ú l t i m a : la v e r d a d e n la fe 167.

Esta alma devotísima, a g r a d e c i e n d o y a l a b a n d o a D i o s , r u e g a p o r t o d o e l m u n d o y p o r la s a n t a I g l e s i a . — R e c o m e n d a n d o la f e , d a f i n a e s t a obra

431

ORACIONES

Y

SOLILOQUIOS Págs.

Introducción 1. El e n v í o d e l V e r b o 2. P o r l o s m i n i s t r o s d e la I g l e s i a ( 1 - 2 ) . R e s u m e n d e las d o s p r i m e r a s o r a c i o n e s 3. Cristo, n u e s t r a salvación 4 . El a m o r q u e v e n c e t o d o o b s t á c u l o 5. Las p l a n t a s j ó v e n e s 6. E n la C á t e d r a d e S a n P e d r o 7. F o r t a l e z a d e la v o l u n t a d 8. L a l u z q u e s a l v a 9. Fragilidad y fortaleza 10. El i n j e r t o 11. E n el d í a d e la A n u n c i a c i ó n 12. V a l o r d e la p a s i ó n 13. C r i s t o , n u e s t r a r e s u r r e c c i ó n 14. E n la C i r c u n c i s i ó n d e l S e ñ o r 1 5 . El d o n d e la v e r d a d 16. L a v i d a q u e v e n c e a la m u e r t e 17. L a i m a g e n d i v i n a 18. Luz y tinieblas 19. L o s c a m i n o s d e la m i s e r i c o r d i a d i v i n a 20. P o r la s a n t i f i c a c i ó n d e la I g l e s i a 21. Los d o s vestidos 22. El f u e g o d i v i n o e n el a l m a h u m a n a 23. E n la C o n v e r s i ó n d e S a n P a b l o 24. I n v o c a c i ó n a la T r i n i d a d 25. Al E s p í r i t u S a n t o 26. El a l f a r e r o y la a r c i l l a 27. Al h a c e r el v o t o d e v i r g i n i d a d 28. Para vencer u n a tentación 29. Después de una tentación 30. Sufrir y morir por Jesús 31. Deseos de muerte 32. La p u r e z a 33. P o r los p e c a d o r e s y p o r sus d i s c í p u l o s 34. «Me haces enloquecer» 3 5 . C ó m o r e s p o n d e r a la g r a c i a 36. A la b e l l e z a e t e r n a

...

437 445 448 449 452 455 458 460 461 465 470 472 475 479 484 486 489 490 491 492 494 497 500 504 507 509 510 511 512 512 512 513 513 513 514 516 517 518

Indice

general

XXV Págs.

37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48.

« N o sólo d e pan...» P o r su p a d r e m o r i b u n d o Por «suor Palmerina», enemiga suya C o n ocasión de una grave calumnia « N o he v e n i d o a discutir...» Por dos condenados a muerte P o r su m a d r e , e n peligro d e p e r d i c i ó n P a r a h a c e r c e s a r el m i l a g r o d e l v i n o Q u i e r o vilipendios y oprobios «¡Oh A m o r ! ¡Te he vencido...!» « M e tratas c o m o vacilante e incrédula» Ultima oración de Catalina

520 521 521 522 523 524 525 525 526 526 527 528

ÍNDICE

LITERARIO

531

ÍNDICE

DE MATERIAS

533

BIBLIOGRAFIA Manuscritos «El Diálogo» C ó d i c e s C a s a n a t e n s e ( R o m a ) , Estense, S e n e n s e , Felele, Corsiniano, Riscioniniano, Magliabechiano, Graidente, Vaticano, Ricardiano, Vienense. Cartas C ó d i c e s d e las B i b l i o t e c a s C o m u n a l e ( S i e n a ) , C a s a n a t e n s e ( R o m a ) , Vaticana, Vittorio E m m a n u e l e , Palatina (Floren­ cia), Ricardiana, British M u s e u m ( L o n d r e s ) , Palatina (Viena).

Incunables Libro della divina Providentia, e d . Baldasare Azzoguidi (Bolonia 1472 y 1475). El libro della doctrina revellata a quella gloriosa el sanctissima vergine Sánela Caterina de Siena, e d . Kartl B o n e b a c h ( Ñ a p ó l e s 1 4 7 8 ) . «Dialogo» della seraphica..., e d . M a t e o C a p c a s a ( V e n e c i a 1 4 9 4 ) . «Dialogus» seraphice dive Catharine..., ed. Bernardinus de Misentis ( B r e s c i a 1 4 9 6 ) . Epistole utili e divote de la beata e seraphica Sánela Catheina..., ed. G i o v a n n i J a c o m o Fontanisi ( B o l o n i a 1492). Epistole devotissime de la Santa Catherina da Siena, e d . A l d o M a n u ­ zio (1500).

En español Obras, epístolas y oraciones sa la bienaventurada virgen Santa Calalina de Sena, de la Orden de Predicadores, trad. d e l P. P e ñ a , О . Р. (Alcalá 1512). Diálogos que tratan de la divina Providencia, e d . Р. L. L o a r t e , O . P. (Madrid 1668). «Diálogos» de Santa Catalina de Sena, t r a d . D o m i n i c o s d e l c o n ­ vento d e Atocha (Madrid 1797). «El Diálogo, de Santa Catalina de Sena», e d . Р. J. M a s i p ( r e p r o d u c ­ c i ó n d e la t r a d u c c i ó n d e A t o c h a ) (Avila 1 9 2 5 ) . «El Diálogo», e d . R i a l p ( r e p r o d u c c i ó n d e la trad. A t o c h a ) (Madrid 1955).

XXVIII

Bibliografia

Obras de Santa Catalina de Siena: «El Diàlogo», trad. e i n t . d e A n g e l M o r t a ( c o n t i e n e e n a p é n d i c e las Oraciones y elevaciones), e d . BAC (Madrid 1 9 5 5 ) . Obras de Santa Catalina de Siena (El Diálogo-Oraciones y Soliloquios). Trad. e I n t r o d u c c i o n e s , n o t a s e í n d i c e t e m á t i c o p o r P. J . S a l v a d o r y C o n d e , O . P. E d . B A C ( M a d r i d 1 9 8 0 , p á g s . 539). Epistolario de Santa Catalina de Siena, Espíritu y Doctrina. T r a d . I n t r o d u c c i ó n , n o t a s e I n d i c e s a n a l í t i c o s p o r e l P. J. Salvador y C o n d e , O . P. ( E d . S a n E s t e b a n , S a l a m a n c a 1 9 8 2 , p á g s . 1332, e n d o s v o l s . ) . Enseñanzas de Vida Espiritual. Carlas de Santa Catalina. (Selec­ c i ó n d e las 75 m á s n o t a b l e s y a l g u n o s t r o z o s d e otras varia­ das). P r e c e d e u n a biografía c r o n o l ó g i c a d e la Santa D o c t o r a y c o n c l u y e c o n u n í n d i c e T e m á t i c o . P o r e l P. J. S a l v a d o r y C o n d e , O. P. (Ed. OPE. Caleruega 1983, págs. 3 2 8 ) . T e m a s catal ini a n o s ALVAREZ, Paulino, O. P , Santa Catalina de Sena (Vergara 1926). A S T U R A T O , A . , Caterina da Siena. Osservazioni psicopatologiche (Ñapóles 1881). BATTISTI A., La parlata seríense e S. Caterina: A r c h i v i u m R o m a n i c u m l l (1935). BERNARDOT, V., O. P., Au service de l'Eglise. S. Catherine de Sienne: La Vie Spirituelle XVIII (1928) p. 129-60. BEZINE, S., O. P., Mystique de Sainte Catherine de Sienne. Extraits de ses lettres. Ed. Sapience (Paris 1947). La divine miséricorde. Présentation du «Dialogue» (Paris 1954). Bula de Gregorio XI a Catalina: B u l l a r i u m O . FF. P r a e d i c a t o r u m ( R o m a 1730). BERTONI, G i u l i o , Il linguaggio mistico de Santa Catarina da Siena: Studi Cateriniani IV (1927) p.51-69. BITELLI, La Santa degli italiani (Turin 1938). B O N E L L I , L u i g i , / / linguaggio cateriniano: S t u d i C a t e r i n i a n i IX (1932p.l-16). B U O N C O M P A G N I , Il Papato a l'Italina in S. Caterina da Siena ( R o m a 1925). CAFFARINI, (Fr. T h o m a s A n t o n i i d e S e n i s ) , Libellus de Suplemento Legende prolixe virginis beatae Catherine de Senis, e d . G. Ca­ vallini (Roma 1974). Vita di S. C. da Siena, scritta da un divoto della medesima, con il «suplemento» alla vulgata leggenda di detta Santa, scritto in lingua latina dal B. Tommaso Naca Caffarini, e r i d o t t o nell'ita­ l i a n o d e l P. M. A n s a n o T a n t u c c i , s e n e s e , d e l l ' O r d i n e d e i Pred. Ed. Bindi (Siena 1765).

Bibliografìa

XXIX

C A P E C E L A T R O , A l f o n s o , Storia di S. Caterina da Siena e del Papato del suo tempo. E d . B a r b e r a B i a n c h i ( F i r e n z e 1 8 5 8 ) . C A P U A , B e a t o R a i m u n d o d e , O . P . , Legenda maior (Colonia 1553). Vita di S. Caterina da Siena, t r a d . G . T i n a g l i ( S i e n a 1 9 3 4 ) . CARTIER, O . , O . P., Lettres de Sainte Catherine de Sienne, 2 . e d . ( 4 vols.) ( P a r í s 1 8 8 6 ) . C A R T O T T I O D D A S S O , A d r i a n a , Caterina da Siena, Dottore della Chiesa. E d . S a n S i s t o V e c h i o ( R o m a 1 9 7 0 ) . CASTAGNESI, E . , Studio sulla psiche di S. Caterina da Siena ( T o r i n o 1903). C E N C E T T O , G., La «Leggenda maggiore» di S. Caterina da Siena e il suo volarizzamento. (Piacenza 1939). CHIRAT, A . H . , Sainte Catherine de Sienne ( L y o n 1 8 8 8 ) . C H U Z E V I L L E , J u a n . Les mistiques allemands du Xllfau XIX siècles. (París 1935). Lés mystiques italiens ( P a r i s 1 9 4 2 ) . C U L M O N T , C a r l o s , Le Verger, le Temple et la Cellule ( P a r i s 1 9 1 2 ) . D E N I S - B O U L E T , N o ë l e M . , La carrière politique de Sainte Catherine de Sienne. Etude historique, E d . D e s c l é e ( P a r i s 1 9 3 9 ) . D R A N E , A. T . , The History of S. Catherine of Siena ( L o n d r e s 1 8 8 7 ) . D U P R É - T H E S E I D E R , E u g è n e , La cronologia delle lettere politiche di Caterina e la critica moderna: S t u d i C a t e r i n i a n i I ( 1 9 2 3 ) p . 1 1 3 136. Un codice inèdito del «Epistolario di S. Catalina da Siena»: B u l l e t i n o dell'Instituto storico italiano X L V I I ( 1 9 3 1 ) . DUPRÉ-THESEIDER, E u g è n e , Sono autentiche le lettere di S. Caterina da Siena?: A n n a l i d e l l a I n s t r u z i o n e M e d i a V I I ( 1 9 3 1 ) p . 2 1 2 - 4 8 . Epistolario cateriniano vol. 1 ( 8 8 c a r t a s ) ( R o m a 1 9 4 0 ) . Sulla composizione del «Dialogo» della divina Providenza: Giornale Storico della Letteratura italiana CXVII (1941) p.161-202. D ' U R S O , G i a c i n t o , O . P , In valore autografico nell linguaggio cateriniano: S. C a t e r i n a d a S i e n a ( a b r i l - s e p t i e m b r e 1 9 5 1 ) p . 5 6 - 7 7 . La via della verità, e d . D o m e n i c a n e I t a l i a n e ( N a p o l i 1 9 7 0 ) . Il genio di Santa Caterina. Studi sulla sua dottrina e personalità ( R o m a 1971). FAWTIER, R o b e r t o , Sainte Catherine de Sienne. Essai de critique des sources I: Sources hagiographiques. E d . B o c c a r d ( P a r i s 1 9 2 1 ) Il Les oeuvres de Sainte Catherine de Sienne. E d . B o c c a r d ( P a r i s 1 9 3 0 ) . Leggenda minore ( e d . l a t i n a d e R. R a w t i e r ) : M é l a n g e s d ' A r c h é o logie et d'Histoire (Paris 1913). La double expérience de Catherine Benincasa ( P a r i s 1 9 4 8 ) . F E S T A , N . , LO stile nelle epistole caterianiane: Studi Cateriniani: (1939) p.6-37. F O L G H E R A , J . D . , O . P., Chefs d'oeuvre ascétiques et mystiques. Sainte Catherine de Sienne. Pensées extraites de ses Lettres, de son «Dialogue» de sa «Vie» ( S a i n t - M a x i m i n [Var] 1 9 2 3 ) . a

e

Bibliografìa

XXX

FRANCESCHINI, E., Leggenda minore di S. Caterina (Milano 1942). GARDEIL, O. P., Les dons du Saint-Esprit dans le saints dominicains. (Paris 1903). G A R R I G O U - L A G R A N G E , R e g i n a l d , O . P., La prima conversione secondo S. Caterina da Siena: Vita Cristiana (1933) p.257-71. La unione mistica in S. Caterina da Siena (Firenze 1938). GEBHART, E m i l e , Moines et papes. Essais de psychologie historique. (Paris 1909). G E T T O , G i o v a n n i , Saggio letterario su S. Caterina da Siena, 4 vols. (Roma 1946) GIGLI, Girolamo, Vocabolario cateriniano (Roma 1717). Opera della serafica vergine Santa Caterina da Siena, 4 vols. (Roma 1723). GllXET, M a r t i n E . , O . P., La missione di S. Caterina de Siena. (Firenze 1946). GIORDANI, Iginio, Caterina da Siena (Torino 1954). GISBERT, O. P., Vida portentosa de santa Catalina de Sena. B R I O N , A l v a r o , O . P., Santa Caterina da Siena: dottrina e fonti. (Brescia 1953). HURTAUD, J . , O . P., «Le Dialogue» de S. C, trad. e t préface du.... Ed. Lethielleux (Paris 1913). JORDAN, E., O. P., La date de naissance de S. Catherine de Sienne et la critique historique: L ' A n n é e D o m i n i c a i n e ( e n e r o - f e b r e r o 1923). JETTE, Henri, Catherine d e Sienne. Ed. France-Empire (Paris 1961). JOERGENSEN, J. Sainte Catherine de Sienne (Paris 1919). LAURENT, O . P., S. Caterina da Siena e il B. Raimondo da Capua, ambasciatore della S. Sede presso Carlo V: Studi Cateriniani XII (1936) p.1-51. S. Catherinae Senensis: Legenda minor. Ed. S e r g u i s - M o n c h o . Fontes Vitae S. Catharinae Senensis historia: I. IV.

Documenti ( 1 9 3 6 ) , por Laurent-Valli. Il miracolo di Caterina da Jacopo da Siena di Anonimo Fiorentino ( 1 9 4 2 ) , por Laurent-Valli. IX. Il Processo castellano ( 1 9 4 2 ) . X. S. Catharine Senensis: Legenda minor ( 1 9 4 2 ) . XV. Leggenda abreviata di S. Caterina da Siena di Fra. Antonio della Rocca, p o r B a t a g l i a - L a u r e n t (1939). XX. / necrologi di S. Domenico in Corregió ( 1 9 3 7 ) . XXI. Tractatus de Ordine Fratrum Praedicatorum de Penitentia S. Domenici, di Siena ( 1 9 3 8 ) . LAZZARESDHI, E., Santa Caterina in Val d'Orda (Firenze 1915). LECLERQ, J a c q u e s , Santa Catalina de Siena. Trad. d e Ed. Patmos (Madrid 1955).

Bibliografía

XXXI

LEMONYER, A., O . P . , Notre vie spirituelle à l'école de Sainte Catherine de Sienne (Paris 1 9 3 4 ) . L E V A S T I , A . , Spiritualità cateriana: Vita Cristiana XII ( 1 9 4 0 ) p.p. 154-83. La vie de Sainte Catherine de Sienne. T r a d . d e l a e d . d e T u r i n d e 1 9 4 7 (París 1 9 5 3 ) . M A N D O N N E T , O . P., Sainte Catherine de Sienne et la critique historique: L A n n é e D o m i n i c a i n e ( e n e r o - f e b r e r o 1 9 2 3 ) . M A R T I N , F e l i p e , O . P., Santa Teresa de Jesús y la Orden de Predicadores (Avila 1 9 0 9 ) . M A R T Í N E Z D E P R A D O , J . , O . P., Opusculum de stygmatibus S. Catharinae Senensis (Alcalá 1 6 5 2 ) . M A U X , J u a n , Sainte Catherine de Sienne, Reformadrice et Diplomate (Gante 1921). M E E R E M A N , G. G., Gli amici spirituali di S. Caterina a Roma nell 1378 alla luce del primo manifesto urbanista: B u l l e t i n o s e n e s e di storia patria L X I X ( 1 9 6 2 ) p . 8 3 - 1 2 3 . M I S C I A T E L L I , P i e r o , Caterina Benincasa: l'attività mistica: Mistici senensi (Siena 1913) p.162-81. La regola del Terzo Ordine de S. Domenico e il ruolo delle Mantellate nel Trecento: Studi C a t e r i n i a n i III p.35-65. M O N L E Ó N , A l f o n s o , O . P. Un alma de Acción Católica: Santa Catalina de Sena ( M o n t e v i d e o 1 9 3 9 ) . M O R T I E R , A . , O . P., Histoire des Maîtres Généraux de l'Ordre des Frères Prêcheurs (Paris 1 9 0 7 ) . M O T Z O , B . R., Per una edizione critica della opera di S. Caterina da Siena: A n n a l i d e l l a F a c o l t à d i F i l o s o f i a e L e t t e r e d e l l a U n i v e r ­ sità di Cagliari ( 1 9 3 0 - 1 9 3 1 ) . O R S I N I , 5. Caterina e la poesia ( B e r g a m o 1 9 3 9 ) . PAPINI, G i o v a n n i , Storia della letteratura italiana ( F i r e n z e 1 9 3 7 ) . P E R R I N , J. M . , O . P., Catherine de Sienne, Comtemplative dans l'action (Marsella 1 9 6 1 ) . Sous l'égide de S. Catherine de Sienne (Marsella 1 9 6 1 ) . P E T I T O T , H . , O . P., La formation spirituelle: La vie spirituelle (abril 1 9 2 3 ) p.7-65. P U C E T T I , A . , O . P., La dottrina della fede in S. Caterina: V i t a Cristia­ n a XII ( 1 9 4 0 ) p . 1 3 0 - 5 3 . R I C H E , M a r i e - L o u i s e , Audacieuse Catherine de Sienne. Ed. La C o l o m b e (Paris 1 9 6 0 ) . SALVADOR y C O N D E , O . P.: Doctrina Espiritual de Catalina de Siena, Doctora de la Iglesia ( E s t u d i o t e o l o g i c o c o n u n í n d i c e t e m á t i c o ) . Salamanca 1984, p.310. T A U R I S A N O , I n o c e n c i o , O . P., S. Caterina da Siena ( R o m a 1 9 4 8 ) . TERESA DE J E S U S , Santa, Obras completas. Ed. B A C . ( M a d r i d 1 9 5 1 ) . T O M M A S E O , M i s c i a t e l l i , Le «Lettere» di S. Caterina da Siena, 6 v o l s . (Florencia 1970).

XXX11

Bibliografìa

TOMMASEO, N i c c o l ò , Lo spirito, il cuore, la parola di S. Caterina da Siena, Misciatelli (Siena 1922). UNDSET, Sigrid, Catherine de Sienne, E d . Stock (Paris 1952). VALLI, F., L'infanzia e la puerizia di S. Caterina da Siena. Esame critico delle fonti ( S i e n a 1931 ). // sangue di Cristo nell'opera di Caterina da Siena: S t u d i C a t e r i n i a n i I X (1932) p . 17-38. L'adolescenza di S. Caterina da Siena. Esame critico delle fonti (Siena 1 9 2 1 ) . VALOIS, N , La France et le grand schisme. WALZ, A n g e l u s , O . P , / / segreto del cuore di Cristo nella spiritualità cateriniana: S t u d i D o m i n i c a i n ( R o m a 1 9 3 9 ) . WEBER, F., S. I., Santa Caterina da Siena vista dalle sue lettere: L a Civiltà Cattolica (1947) p.236-47. WILBOLS, J o s e p h , S. Catherine de Sienne: L'actualité de son message (Tournai-Paris 1948).

OBRAS DE SANTA CATALINA DE SIENA

E s t a m p a d e l siglo x v n , t o m a d a d e l l i b r o a l e m á n Hae sunt Feriae Domini sanctae, c o m p u e s t o sólo d e g r a b a d o s d e S a n t o s d e la O r d e n d e P r e d i c a d o r e s .

INTRODUCCIÓN

GENERAL

E s q u e m a d e la v i d a d e Santa Catalina d e Siena 1347: N a c i m i e n t o e n Siena el 2 5 d e m a r z o , hija d e J a c o b o B e n i n c a s a y L a p a , su m u j e r . H e r m a n o s n a c i d o s a n t e s q u e ella, 2 3 . La g e m e l a d e C a t a l i n a vive s o l a m e n t e u n o s d í a s . P o s t e r i o r m e n t e le n a c e u n h e r m a n o , E s t e b a n , q u e h a c e el n ú m e r o 2 5 d e la familia. 1 3 5 0 : Se instala e n R o m a S a n t a B r í g i d a d e S u e cia, famosa p o r sus c é l e b r e s r e v e l a c i o n e s . 1 3 5 3 : C o n cinco o seis a ñ o s t i e n e la p r i m e r a visión, y a c o n s e c u e n c i a d e ella h a c e el voto de virginidad. 1 3 5 4 - 1 3 6 2 : D e d i c a sus a ñ o s d e n i ñ a a la vida espiritual, e n t r e dificultades p r o v e n i e n t e s d e la familia; p r i n c i p a l m e n t e , d e su m a d r e , q u e la q u i e r e p a r a c a s a d a . 1 3 6 3 : I n g r e s o e n la O r d e n d o m i n i c a n a c o m o terciaria o « m a n t e l l a t a » . I n f l u e n c i a d e las terciarias e n su vida, y d e ella e n el g r u p o d e terciarias. 1367-1370: T r a s l a d o del papa U r b a n o V d e Aviñón a Italia. 1 3 6 8 : M u e r t e d e su p a d r e . C o m i e n z a a f o r m a r se e n t o r n o a ella u n g r u p o d e e s p i r i t u a les. I r r a d i a c i ó n d e su vida espiritual, c o n secuencia d e su vida e j e m p l a r y d e algun a s c o n v e r s i o n e s q u e se e f e c t ú a n p o r su intervención. 1 3 7 1 - 1 3 7 2 : I n f l u e n c i a e n la s o c i e d a d y vida política. Primeras cartas a personajes de relevancia e n su t i e m p o . I n c i t a a u n a c r u z a d a . 1373: Muerte de Santa Brígida en Roma. 1374: G r e g o r i o X I e x p i d e e n su favor u n a b u l a c o n c e d i é n d o l e i n d u l g e n c i a s . Es p o r t a d o r

4

Introducción

1375: 1376:

1377:

1378:

1379:

1380:

general

de la bula el amigo y confesor de Santa Brígida. Comparece ante el capítulo general de la O r d e n dominicana en Florencia. Se aprueba a su grupo de espirituales y se nombra como responsable de él a Fr. Raim u n d o de Capua (beatificado), que pasa a ser su principal Padre espiritual y discípulo. Después será nombrado general de la O r d e n de la fracción urbanista, su primer biógrafo y gran promotor de su canonización. Peste en Siena, en la que pierde varios sobrinos. Dedicación a los enfermos. Viajes a Pisa y Lucca en favor de la paz y predicación de la cruzada. Entredicho papal contra Florencia. Contactos con el gobierno de Florencia para el restablecimiento de la concordia entre el papa y aquella república. Cartas a Gregorio XI. Viaje a Aviñón e intervención en el traslado del papa a Roma. Misión de paz y apostolado en Val d'Orcia. Intervención con el papa para que otorgue perdón a Siena. ¿Comienza a componer su «libro», o El Diálogo? Por disposición de Gregorio XI pasa a Florencia para promover la paz. Muere el papa y es elegido Urbano VI. Florencia hace el 18 de julio la paz con Roma. Elección del antipapa Clemente VII el 20 de septiembre. T e r m i n a de escribir su «libro». A petición de Urbano VI, se traslada a Roma, y comienza allí la campaña en favor de la legitimidad del papa Urbano. Muere en Roma el 29 de abril, domingo anterior a la fiesta de la Ascensión.

Introducción

general

5

F o r m a c i ó n doctrinal Es n a t u r a l q u e este t e m a h a y a p r e o c u p a d o y p r e o c u p e a los q u e e s t u d i a n la p e r s o n a l i d a d d e u n a s a n t a d e c l a r a d a D o c t o r a d e la Iglesia e n a t e n c i ó n al valor d e su d o c t r i n a espiritual. De ahí la n e c e s i d a d d e e s t u d i a r d e t e n i d a m e n t e el t e m a . T o d o s s o m o s , e n b u e n a p a r t e , hijos y h e r e d e r o s d e l siglo e n q u e vivimos. E n n o s o t r o s se m a n i f i e s t a n las i d e a s d e n u e s t r o s c o e t á n e o s y d e los q u e n o s h a n p r e c e d i d o e n el t i e m p o . N a d i e es t a n s u p e r d o t a d o q u e n o d e b a la m a y o r p a r t e d e ellas al a m b i e n t e espiritual, social y científico e n q u e h a c r e c i d o , sea p o r a s e n t i m i e n t o a ellas o p o r u n a r e a c c i ó n y r e p u l s a . E n estos principios g e n e r a l e s d e b e m o s e n m a r c a r , e n p r i m e r l u g a r , la f o r m a c i ó n d o c t r i n a l d e la D o c t o r a d e la Iglesia S a n t a C a t a l i n a d e Siena. R e c o r d e m o s , a d e m á s , q u e esto vale e s p e c i a l m e n t e p a r a ella, q u e n o t u v o a p e n a s o t r a f o r m a c i ó n c u l t u r a l q u e la d e su a m b i e n t e familiar y social. P a r a ella n o e x i s t i e r o n las u n i v e r s i d a d e s , ni s i q u i e r a las escuelas d e p r i m e r a s letras. A p r e n d i ó a leer c u a n d o ya e r a terciaria. Su finalidad al h a c e r l o fue la d e p o d e r asociarse a la recitación d e las h o r a s y funciones litúrgicas. N o e r a e n su siglo u n a n e c e s i d a d i m p e r i o s a el s a b e r leer, y m e n o s a ú n el escribir. Esto o c u r r í a , e n m u c h a m a y o r p r o p o r c i ó n , c o n las m u j e r e s . C a t a l i n a a p r e n d i ó a leer, p e r o n o m u y e x p e d i t a m e n t e . N o sabía s e p a r a r bien las sílabas, lo q u e e n aquellos t i e m p o s , sin i m p r e n t a y con la c o s t u m b r e d e a h o r r a r papel a costa d e n u m e r o s a s a b r e v i a t u r a s , a veces d e m a s i a d o a r b i t r a r i a s y c a p r i c h o sas, revestía u n a dificultad especial. E n c u a n t o a escribir, h a y d u d a s b i e n f u n d a d a s d e q u e s u p i e r a h a c e r l o . A l g u n o s d e sus discípulos a s e g u r a n q u e a p r e n d i ó m i l a g r o s a m e n t e , y citan u n a b r e v e o r a c i ó n c o m p u e s t a y escrita p o r ella y a l g u n a s c a r t a s . P e r o la crítica n i e g a esta r e a l i d a d . D e h e c h o , ella se valía d e a m a n u e n s e s o secretarios, t a r e a e n la q u e e m p l e a b a a algun o s d e sus discípulos o s e g u i d o r e s m á s c o n s t a n t e s . Caffarini fue q u i e n p u s o m a y o r e m p e ñ o e n d e m o s t r a r q u e C a t a l i n a llegó a s a b e r escribir; p e r o , g e n e r a l m e n t e , es d e s a u t o r i z a d o su t e s t i m o n i o .

6

Introducción

general

La formación d e u n a persona comienza con el nacimiento. Va percibiendo con los sentidos lo que le rodea. Naturalmente, es la familia la que deja sus primeras y principales huellas en ella. La familia d e Catalina era muy numerosa a u n para su siglo; para el nuestro resulta inimaginable. Si ella hacía el n ú m e r o 24, quiere esto decir que, cuando nació, algunos de sus hermanos sobrepasaban los veinte años, independizados por el matrimonio y por necesidades de la vida. Los tenía de todas las edades. Esteban, el último de la familia Benincasa, era el más p e q u e ñ o , y no p u d o , p o r su e d a d , c o m p r e n d e r bien lo que le había pasado a su h e r m a n a a los cinco o seis años de e d a d cuando la vio absorta en la primera visión. En una familia numerosa, siempre hay m u c h o q u e hacer y cada uno ayuda en conformidad con su edad y facultades. Catalina se vio obligada a trabajar en la casa desde muy niña. Después h u b o d e hacerlo más d u r a mente por imposición d e su m a d r e , Lapa, que la amaba con cariño singular y llevaba muy a mal que su hija se entregara a las prácticas religiosas, en el afán por alcanzar u n a mayor perfección espiritual. La familia Benincasa era muy cristiana. En ella era natural hablar de temas religiosos, d e vidas de santos. C o m o lectura familiar se señalan las vidas d e los santos anacoretas y la Legenda áurea, del dominico Jacobo da Varazze, el Vorágine castellanizado. La casa se hallaba cercana a la iglesia de Santo Domingo, y a ella acudía Catalina diariamente desde su infancia. Los dominicos eran visita frecuente de la familia. La asistencia a los oficios litúrgicos y frecuentes predicaciones proporcionaron a la niña y a la joven u n a amplia cultura religiosa. En la iglesia dominicana, día tras día y año tras año, en ciclos y en circunstancias diversas, oía la historia d e la redención, anécdotas d e los santos propuestas para ejemplo d e los fieles, principios morales y orientación cristiana. Muchos textos que ella repetiría y dictaría después, sin precisar su ubicación en la Sagrada Escritura, los había oído repetidas veces en la iglesia, en las conversaciones con los religiosos y otras personas, a sus confesores, y, ya terciaria, en las reuniones que

Introducción

general

7

m e n s u a l m e n t e t e n í a n las terciarias, a las q u e asistía c o n t a n t o placer. El influjo d e t o d o s estos e l e m e n t o s y d e l a m b i e n t e la l l e v a r o n , s i e n d o n i ñ a , a la i d e a d e h a c e r s e ella m i s m a a n a c o r e t a . P o r e s o salió u n a m a ñ a n a b u s c a n d o n o sabía q u é , y n o r e g r e s ó h a s t a la n o c h e , c u a n d o n o sabía q u é h a c e r p a r a llevar a efecto su p r o p ó s i t o . N o v e a m o s e n e s t o m á s s i n g u l a r i d a d q u e la q u e e n c o n t r a m o s c u a n d o e n n u e s t r o s días u n n i ñ o sale d e casa solo o c o n u n a m i g o e n b u s c a d e a v e n t u r a s i n c i t a d o p o r lo q u e h a visto e n la televisión. La vida d e los s a n t o s t e n í a , e n a q u e l l a s o c i e d a d p r o f u n d a m e n t e cristiana, la m i s m a a t r a c c i ó n q u e h o y las películas d e l O e s t e . Sus p a d r e s n a d a s u p i e r o n , y c r e y e r o n q u e h a b í a p a s a d o el d í a e n casa d e su h e r m a n a B u e n a v e n t u r a , ya c a s a d a , a la q u e visitaba c o n frecuencia. Siena, Italia y E u r o p a e n t e r a e r a n u n a p u r a c o n t r a dicción. P o r u n a p a r t e , la fe cristiana e r a u n e l e m e n t o indiscutible e n la vida del p u e b l o , y, p o r o t r a , d e s d e los países d e l N o r t e a los m á s m e r i d i o n a l e s , l u c h a b a n e n u n e n r e d o difícil d e explicar, u n a serie d e facciones y p a r t i d o s q u e se discutían el p o d e r y d o m i n i o t e m p o r a l . L a m a n i f e s t a c i ó n e x t e r n a se a d v e r t í a e n r e v o l u c i o n e s , crímenes, matanzas, sublevaciones, g u e r r a s y venganzas. E n t r e los m i e m b r o s d e u n a familia se e n c o n t r a b a n p a r tidarios d e los b a n d o s m á s irreconciliables, c o m o o c u r r í a e n la m i s m a familia B e n i n c a s a . C a t a l i n a , p o r r e a c c i ó n a ese e s t a d o p e r m a n e n t e d e sobresaltos, se c o n s t i t u y ó e n p r e g o n e r a d e la paz. P o r ella trabajó d e n o d a d a m e n t e t o d a la vida. C o m o mensajera e n t r e d i v e r s o s b a n d o s , r e c o r r i ó diversas c i u d a d e s : Pisa, Lucca, Florencia, A v i ñ ó n y R o m a , c o m o m á s p r i n c i p a les. E n misión d e p a z se i n t e r n ó e n Val d ' O r c i a . U n a c a n t i d a d r e s p e t a b l e d e c a r t a s t i e n e n esa m i r a d e instaur a c i ó n d e la paz. R e c h a z a la g u e r r a c o m o m e d i o p a r a o b t e n e r l a , a u n q u e signifique u n b i e n i n m e d i a t a m e n t e d i r e c t o p a r a el p a p a , a q u i e n d e f i e n d e s i e m p r e . A las c o m p a ñ í a s d e g u e r r e r o s m e r c e n a r i o s , q u e h a c í a n d e la l

1

a

R A I M U N D O DE C A P U A , B e a t o , Vida de Santa Catalina de Siena p . l . c.2 (se h a c e n las citas d e esta obra por partes y capítulos para hacer más fácil su verificación e n c u a l q u i e r e d i c i ó n e s p a ñ o l a o extranjera).

8

Introducción general

guerra su medio de subsistencia corporal, a disposición d e quien más pagara, les pide q u e abandonen su actuación en las ciudades europeas y les propone «il santo passagio», la cruzada en Tierra Santa en defensa de la cristiandad. La paz en ella era u n a d e las razones q u e alegaba en sus predicaciones y cartas cuando recomendaba la cruzada, sueño que nunca vería realizado. La vieja lucha de güelfos y gibelinos (partidarios del poder temporal del papa y contradictores de él) seguía en su siglo, manifestándose de los más variados modos. No era otra la razón de las sublevaciones de las repúblicas italianas contra el p o d e r papal. Sin titubeos, ella estuvo siempre de parte de los papas, pero a ellos les pedía clemencia y comprensión con los sublevados y contrarios. Esta rivalidad había llevado a los papas a abandonar Italia y establecerse en Aviñón, terreno oficialmente neutral, pues primeramente perteneció al reino de Ña­ póles. Después los papas lo compraron y establecieron en él su señorío. Pero, el ser Aviñón u n enclave en tierra francesa, les tenía esclavizados y sometidos a los caprichos y política de los reyes de Francia. De él quiso salir Urbano V, regresando a Italia, pero e l regreso fue un fracaso, y los papas hubieron de establecerse de nuevo en Aviñón; en parte, por los disturbios en Italia y, en parte, por la influencia de los cardenales, en su inmensa mayoría franceses. La jerarquía eclesiástica, de la más alta a la más inferior, se hallaba también dividida. No hablamos de los partidos políticos, que también los había, sino d e las aspiraciones espirituales de unas y otras tendencias. Una deseaba y se esforzaba en conseguir la prosecución en la vida relajada a q u e el clero había llegado por diversos caminos a lo largo de decenios, mientras que otra propugnaba la reformación de la jerarquía, en la q u e se incluía tanto al clero secular como al regular. Léase en El Diálogo la parte dedicada al cuerpo místico de la Iglesia, y se comprenderá la relajación a que se había llegado. Se suele culpar de ella casi exclusivamente a la gran peste, «la peste negra» de 1348, c u a n d o Catalina tenía un año de edad. Sin negar el influjo que tuvo en la relajación del clero y en los religiosos, hemos d e tomar las cosas de m u c h o más atrás. Cualquier manual d e historia

Introducción

general

9

eclesiástica n o s p o n d r á e n la pista d e ella ya d u r a n t e la s e g u n d a m i t a d del siglo X I I I c u a n d o m e n o s . J u n t o a los r e l a j a d o s vivían a l m a s c o n s c i e n t e s d e sus d e b e r e s religiosos, f u e r a del c l e r o y d e n t r o d e él. P e r o t a m b i é n e n esto se llegó a la e x a g e r a c i ó n , f o r m á n d o s e g r u p o s d e p a r t i d a r i o s d e la r e f o r m a a u l t r a n z a , q u e term i n a r o n e n g r u p o s h e r é t i c o s , c o m o el d e los «fratricelli». A ellos n o s v e m o s o b l i g a d o s a d e d i c a r u n a s líneas p o r ser c o n t e m p o r á n e o s d e C a t a l i n a . Los «fratricelli» o « h e r m a n o s d e la vida p o b r e » f u e r o n p r o d u c t o e s e n c i a l m e n t e italiano n a c i d o d e la O r d e n f r a n c i s c a n a e n la M a r c a d e A n c o n a . D e s p u é s d e varias peripecias, persecuciones y destierro, fueron reconocid o s c o m o familia franciscana a u t ó c t o n a e n 1294 p o r C e lestino V, q u e q u i s o volverlos al b u e n c a m i n o . E r a n ult r a c o n s e r v a d o r e s , e n r e a c c i ó n c o n t r a la relajación franciscana. N o a d m i d a n las i n t e r p r e t a c i o n e s d e los capítulos g e n e r a l e s d e la O r d e n ni las d e l m i s m o p a p a , t e r m i n a n d o e n visionarios y s e u d o p r o f e t a s q u e a n u n c i a b a n la d e s t r u c c i ó n d e la Iglesia, la g r a n B a b i l o n i a , y la del m u n d o e n t e r o , a la q u e s e g u i r í a el t r i u n f o del m o n a q u i s i n o e n el g o b i e r n o d e la Iglesia y d e l m u n d o p o r m e d i o d e la p o b r e z a evangélica. L a c o n f u s i ó n o r i g i n a d a c o n el cisma d e O c c i d e n t e les favoreció m u c h o , p a r e c i é n d o l e s q u e llegaba la h o r a d e l c u m p l i m i e n t o d e sus profecías. C o n d e n a b a n c u a l q u i e r injerencia d e la Iglesia e n a s u n t o s t e m p o r a l e s . G o z a r o n d e la simpatía d e G u i l l e r m o d e O c c a m y d e M i g u e l d e C e s e n a , g e n e r a l d e los franciscanos, q u e e n t a b l ó la l u c h a c o n el p a p a J u a n X X I I , al q u e d e s t i t u y ó Luis I V d e B a v i e r a . U n a fracción q u e a p o y a b a a Luis d e B a v i e r a y a los «fratricelli» l o g r ó se eligiera al franciscano P e d r o d e C o r b a r a c o m o p a p a c o n el n o m b r e d e Nicolás V, q u e se s o m e t i ó d o s a ñ o s d e s p u é s . T o d o esto o c u r r í a e n el p o n t i f i c a d o d e l p a p a J u a n X X I I (1316-1334). Paralelos a estos m o v i m i e n t o s espiritualistas s u r g i e r o n los d e los «flagelantes», q u e b r o t a b a n p o r d o q u i e r , f e n ó m e n o a n ó n i m o , social y colectivo, y los d e J u a n Wyclif, p r o f e s o r e n O x f o r d ( 1 3 2 4 - 1 3 8 4 ) , y u n p o c o d e s p u é s , su seguidor J u a n Huss, en Bohemia (1369-1415). O t r o s g r u p o s l u c h a r o n c o n a r m a s m u y distintas q u e

10

Introducción general

las de la desobediencia en pro de la reforma de la Iglesia. Uno de ellos fue el formado en torno a Catalina de Siena. En todo caso, la O r d e n dominicana, pues pertenecía a ella como terciaria, quiso asegurarse de que iba y seguiría por el buen camino. Esa fue la razón de ser citada a d a r cuenta de sí y de su grupo ante el capítulo general de la O r d e n que se reunió en Florencia en 1374. Allí se dirigió Catalina con un grupo de discípulos, y dio pruebas de su buena orientación, por lo que se le dio paso, nombrándose como responsable del grupo a Fr. Raimundo de Capua, que era lector de teología y de virtud bien probada, a la vez experimentado director espiritual por haberlo sido antes del monasterio dominicano de Montepulciano, fundado no hacía mucho tiempo por Santa Inés de Montepulciano. A Fr. Raimundo de Capua, que sucedía a Fr. Tomás della Fonte, debió mucho la formación doctrinal de Catalina, si bien él, a su vez, recibió mucho del espíritu de Catalina, de la que no fue sólo Padre espiritual, sino discípulo e hijo muy querido. Fray Raimundo se hizo cargo de la dirección de Catalina y de su grupo, así como de una serie de manuscritos redactados por Fr. T o m á s della Fonte. En ellos había anotado su primer confesor los dones y gracias que iba recibiendo Catalina. Fray Raimundo nos dice que recibió toda esta serie de informes con una cierta reticencia. Los investigadores, intentando llegar a las fuentes escritas de d o n d e p u d o recibir Catalina su formación espiritual, se han fijado en que cita ella misma la Vida de los Padres (El Diálogo c.141 y 145). Esta obra había sido traducida por el dominico Fr. Domingo Cavalca. Era autor también de una obrita titulada Specchio di Croce, que leyó u oyó leer, sin d u d a , muchas veces, pues en las Cartas y en El Diálogo hay vestigios de ello. Lo mismo podemos asegurar de Legenda áurea, de Jacobo da Varazze, de la que cita algunos pasajes, si bien pudo oír su narración muchas veces en las predicaciones. Rebuscando más —acaso excesivamente—, podríamos señalar la influencia de las Coüationes, de Casiano; de la Escala espiritual, 2

2

Ibid.. I c.8.

Introducción

general

I 1

d e San J u a n Clímaco, y d e San G r e g o r i o . E n t o d o caso, d e b e m o s ser parcos en atribuciones d e u n a influencia d i r e c t a y c r e e r m á s e n la c e r t e z a d e u n a i n f l u e n c i a i n d i r e c t a a t r a v é s d e las f u n c i o n e s l i t ú r g i c a s , d e las p r e d i c a c i o n e s , d e las o r i e n t a c i o n e s d e los c o n f e s o r e s y d e o t r o s religiosos, así c o m o d e l t r a t o c o n o t r a s p e r s o n a s d e v o t a s . P u e d e p a r e c e r d e m a s i a d o p e q u e ñ o e s t e influjo c u l t u ral religioso p a r a u n a C a t a l i n a q u e es a d m i r a d a p o r sus o b r a s m á s q u e p o r su i n t e n s a a c t i v i d a d . P e r o d e b e m o s r e c o n o c e r q u e n o t o d o s los q u e o y e n u n a explicación o lección la r e t i e n e n d e l m i s m o m o d o ; u n a s veces, p o r el p o c o i n t e r é s q u e se p r e s t a , y o t r a s , p o r falta d e capacid a d n a t u r a l . E n el i n t e r é s va i n c l u i d a la r e f l e x i ó n o m e d i t a c i ó n s o b r e lo q u e se lee u o y e . P o r los discípulos d e C a t a l i n a s a b e m o s q u e leía p o c o y q u e lo hacía d e s p a c i o , r u m i a n d o las frases, r e p e n s a n d o las p a l a b r a s , y q u e , c u a n d o e n c o n t r a b a a l g o q u e l l a m a b a su a t e n c i ó n , se d e t e n í a e n ello l a r g o t i e m p o . Su m i s m a o r a c i ó n n o t e n í a n a d a d e la m e c á n i c a d e p r o n u n c i a r p a l a b r a s , s i n o q u e era meditada. ¡Cuántas personas iletradas saben más d e las v e r d a d e s cristianas q u e o t r a s c o n d i p l o m a s a c a d é m i cos q u e leen p o r a l t o , s u p e r f i c i a l m e n t e ! A q u í l l e g a m o s a la p l e n a c o m p r e n s i ó n d e lo q u e dijo Catalina en u n a ocasión a Fr. R a i m u n d o d e Capua: «Ten e d la s e g u r i d a d , P a d r e , q u e n a d a d e lo q u e sé c o n c e r n i e n t e a los c a m i n o s d e la salvación m e h a s i d o e n s e ñ a d o p o r u n m e r o h o m b r e . F u e m i S e ñ o r y M a e s t r o , el esp o s o d e m i a l m a , n u e s t r o S e ñ o r J e s u c r i s t o , q u i e n m e lo r e v e l ó m e d i a n t e s u s i n s p i r a c i o n e s y a p a r i c i o n e s . El m e h a h a b l a d o lo m i s m o q u e y o o s h a b l o a h o r a » -\ E n esta d e c l a r a c i ó n e n c o n t r a m o s d o s e l e m e n t o s , d o s f u e n t e s d o n d e ella b e b i ó la ciencia d e la salvación: inspiraciones y apariciones. I n s p i r a c i o n e s d e Dios las r e c i b e c u a l q u i e r p e r s o n a q u e i n t e n t e d e veras s e g u i r l e ; s o b r e t o d o e n la r e f l e x i ó n y m e d i t a c i ó n d e las v e r d a d e s c r i s t i a n a s . S e r á n t a n t o m á s a b u n d a n t e s , p r o f u n d a s y eficaces c u a n t o m á s i n t e n s a y d u r a d e r a sea esa r e f l e x i ó n . Y c o n t o d a r a z ó n se las p u e d e calificar d e i n s p i r a c i o n e s d e Dios. L a s e g u n d a f u e n t e d e q u e n o s h a b l a s o n las a p a r i c i o 3

Ibid., I c . l .

12

Introducción

general

nes, la enseñanza más directa de Dios. Ellas pueden ser sensibles o m e r a m e n t e intelectuales. Dios puede hablar y enseñar en ellas. La frontera entre las inspiraciones, producto d e la reflexión y meditación, y las apariciones o visiones es frecuentemente difícil de delimitar, sobre todo c u a n d o se trata de visiones intelectuales, como el paso de un color a otro en la gama de colores. Pero Catalina asegura más, según el testimonio d e Fr. R a i m u n d o : «El [Jesucristo] me ha hablado lo mismo que yo os hablo ahora»; es decir, de modo que lo pueden percibir los sentidos. La conclusión d e este apartado es que la formación doctrinal h u m a n a , procedente de u n ambiente religioso de amplio espectro y d e las lecturas que p u d o hacer u oír, se perfeccionó con gracias, en forma d e apariciones y visiones, provenientes d e Dios; es decir, que a la formación m e r a m e n t e h u m a n a debemos añadir la formación sobrenatural.

Arrobamientos y éxtasis Hablando de la producción literaria d e Catalina d e Siena, es necesario tocar este p u n t o , puesto que, según su biógrafo y confesor Beato R a i m u n d o de Capua, buena parte fue dictada fuera d e los sentidos, es decir, estando ella en arrobamientos o en éxtasis, bajo u n a influencia divina. La cita que hemos visto en el apartado anterior a propósito de su doctrina recibida en apariciones y visiones viene a significar lo mismo. La palabra éxtasis tiene dos acepciones que conviene señalar. La más estricta y ceñida nos indica un estado del alma caracterizado interiormente por u n a unión con Dios tan íntima y fuerte mediante la contemplación y el amor, que causa la suspensión más o menos acusada de la actividad fisiológica y percepción por parte de los sentidos. En una definición o explicación más amplia, es un estado del alma d o m i n a d a por el intenso y grato sentimiento d e admiración; en este sentido, decimos que u n a persona se halla extasiada contemplando un paisaje o la profundidad d e u n a verdad.

Introducción

general

13

E n c o n f o r m i d a d c o n estas d o s a c e p c i o n e s , p o d e m o s d i s t i n g u i r d o s clases d e éxtasis: el n a t u r a l , al q u e a q u í l l a m a r e m o s a r r o b a m i e n t o , y el s o b r e n a t u r a l , p a r a el q u e r e s e r v a r e m o s la p a l a b r a éxtasis. La elevación d e l e s p í r i t u h a c e a u n a p e r s o n a p r e s c i n d i r d e t o d o lo e x t e r n o , y p u e d e t e n e r tal f u e r z a , q u e los s e n t i d o s e n r e a l i d a d n o p e r c i b a n e n v i r t u d d e ella. D e estas e l e v a c i o n e s h a b l a n los discípulos d e C a t a l i n a . T e n í a estos a r r o b a m i e n t o s c o n m u c h í s i m a f r e c u e n c i a , p r o d u c i d o s p o r la c o n t e m p l a c i ó n d e u n a flor, d e u n a t a r d e c e r , d e u n a c o n v e r s a c i ó n y d e la m a y o r p a r t e d e sus o r a c i o n e s , e n las q u e se a b s t r a í a t o t a l m e n t e d e t o d o lo q u e la r o d e a b a . E n e s t e s e n t i d o lato d e éxtasis o a r r o b a m i e n t o p o d e m o s e n t e n d e r m u c h a s d e las m a n i f e s t a c i o n e s e n las q u e a p a r e c í a C a t a l i n a a b s t r a í d a d e los s e n t i d o s . Es u n p r i n c i p i o d e t e o l o g í a n o a c u d i r a lo s o b r e n a t u r a l c u a n d o p u e d e e n c o n t r a r s e u n a explicación natural. Á n g e l M o r t a , e n su i n t r o d u c c i ó n a la t r a d u c c i ó n d e El Diálogo, s e ñ a l a a l g o m u y c i e r t o : « N o es fácil d e t e r m i n a r , p o r la aplicación d e estos c r i t e r i o s , c u á n t o s y c u á l e s s o n los pasajes d i c t a d o s c o n p r o b a b i l i d a d e n e s t a d o e x t á tico». Se r e f i e r e a la i n t e r v e n c i ó n d i r e c t a d e Dios e n la e n s e ñ a n z a d e las v e r d a d e s d i v i n a s a C a t a l i n a . Y u n p o c o d e s p u é s a ñ a d e : «El t e s t i m o n i o d e sus b i ó g r a f o s o b l i g a a c r e e r q u e su d i c t a d o se verificaba *en a b s t r a c c i ó n d e los sentidos'; e n cierta abstracción añadiríamos, p a r a interp r e t a r l a c o n u n a c i e r t a a m p l i t u d d e s e n t i d o , sin coincid i r c o n el éxtasis p r o p i a m e n t e d i c h o » . El caso d e C a t a l i n a n o es ú n i c o . L a s b i o g r a f í a s d e m u chos, s a n t o s n o s a s e g u r a n q u e Dios les h a b l a b a y d e s c u b r í a c i e r t o s h e c h o s y d o c t r i n a s e n los éxtasis y visiones. U n e j e m p l o lo e n c o n t r a m o s e n S a n t a B r í g i d a d e Suecia, n o t a b l e p o r sus visiones y r e v e l a c i o n e s s o b r e t e m a s religiosos. N a d i e i g n o r a q u e m u c h o s d e s u s éxtasis y visiones h a n s i d o m u y d i s c u t i d o s y h a s t a n e g a d o s p o r investigad o r e s y e s t u d i o s o s d e g r a n solvencia. H a y e n la v i d a d e C a t a l i n a n u m e r o s o s t e s t i m o n i o s sob r e los éxtasis e n q u e f r e c u e n t e m e n t e caía, c o n m a n i f e s t a c i ó n e x t e r n a d e la p é r d i d a d e t o d a s e n s i b i l i d a d . D e 4

4

M O R T A , Á n g e l , Obras de Santa Catalina B A C ( M a d r i d 1955); Introducción 89-91.

de Siena: el «Diálogo»,

ed.

14

Introducción

general

ellos nos habla la biografía escrita p o r su confesor y biógrafo, Fr. R a i m u n d o d e Capua, c u a n d o nos dice que « d u r a n t e estos éxtasis, f r e c u e n t e m e n t e se elevaba del suelo, c o m o si el c u e r p o fuese p e r s i g u i e n d o al alma, y d e m o s t r a n d o el p o d e r del espíritu sobre la materia al ser a r r a s t r a d a ella p o r aquél» . De la frecuencia con q u e caía en ellos nos d a testimonio la siguiente frase: «Millares d e veces h e m o s sido testigos de ello; hemos visto y tocado sus brazos y m a n o s tan fuertemente contraídos q u e e r a más fácil romperlos q u e hacerles cambiar d e posición. T e n í a los ojos c o m p l e t a m e n t e cerrados, sus oídos no percibían los sonidos, por g r a n d e s que fuesen, y todos sus d e m á s sentidos corporales cesaban en su función natural» . Muchos d e sus éxtasis d u r a r o n dos y más horas, lleg a n d o en alguna ocasión a tenerla p o r m u e r t a . En el mismo capítulo dice Fr. R a i m u n d o : «Si fuese a d a r cuenta d e todos los éxtasis d e Catalina, el tiempo m e faltaría antes q u e los materiales». La abstracción d e los sentidos y la falta d e sensibilidad no era igual en todos los casos. De u n caso d e absoluta insensibilidad t e n e m o s noticia, y o c u r r i ó en Aviñón después d e la c o m u n i ó n . F u e llamada p a r a q u e lo presenciara u n a h e r m a n a del papa G r e g o r i o X I , y fue acompañada, e n t r e otras personas, p o r u n a s e ñ o r a casada con u n sobrino del papa. «La h e r m a n a se condujo devotam e n t e ; p e r o la o t r a miserable, al Fin d e la misa, simuland o q u e besaba los pies d e la Santa, los p u n z ó varias veces c r u e l m e n t e con u n a aguja. N a d a sintió entonces la sierva d e Dios, ni hizo movimiento a l g u n o ; mas después q u e todos se fueron y ella volvió a sus sentidos sintió tan g r a n d e s dolores en el pie, q u e n o podía a n d a r , y sus c o m p a ñ e r a s vieron las p u n z a d a s y la sangre q u e tenía, con q u e reconocieron la malicia d e aquella mujer» . En la misma Carta-declaración d e Maconi asegura éste q u e él fue testigo d e sus éxtasis c u a n d o se elevaba sobre el suelo. «En q u é m a n e r a p u e d e ser esto, se escribe en el libro q u e la virgen c o m p u s o , p a r t e del cual escribí yo, 5

6

7

5

R A I M U N D O DE C A P U A , Vida

II

c.2.

• Ibid., II c.5. MACONI, Esteban d e C o r r a d o , e n Santa Catalina de Siena, e d . P. Paulino Alvarez, O . P . ( V e r g a r a 1926); C a r t a - d e c l a r a c i ó n 4 6 5 - 6 6 . 7

Introducción

general

15

d i c t á n d o l o ella p o r su boca virginal». El pasaje a q u e se refiere Maconi p u e d e verlo el lector e n el capítulo 79 d e El Diálogo, d o n d e se dice q u e los sentidos e n esos éxtasis se hallan i m p e d i d o s ; p e r o , p o r d i s p e n s a c i ó n divina, la l e n g u a q u e d a e x p e d i t a . P o r eso e n Catalina se p o d í a d a r el f e n ó m e n o d e hallarse e n éxtasis y d i c t a r d u r a n t e ellos. Al fin d e la. o r a c i ó n q u e s e ñ a l a m o s c o n el n ú m e r o 1-2 se lee c ó m o se realizó el éxtasis e n q u e esta o r a c i ó n fue d i c t a d a . S e g ú n la a n o t a c i ó n , p e r m a n e c i ó Catalina e n la m i s m a p o s t u r a , c o n las m a n o s e x t e n d i d a s , p e r o c o n los b r a z o s e n f o r m a d e c r u z , d u r a n t e u n a h o r a poco m á s o m e n o s . «Después, r o c i a d a su c a r a con a g u a b e n d i t a , inv o c a d o J e s ú s varias veces y f u e r t e m e n t e s a c u d i d a , poco a poco c o m e n z ó a palpitar su espiritu, d i c i e n d o e n voz baja varias veces: ' A l a b a d o sea Dios a h o r a y s i e m p r e ' . Y d e s p u é s , r e c o n f o r t a d o su espíritu, c o m e n z ó a h a b l a r c o n m á s c l a r i d a d , y se l e v a n t ó a l a b a n d o y b e n d i c i e n d o a Dios, sin saber q u é h o r a e r a » . T e r m i n a la a n o t a c i ó n con los n o m b r e s d e n u e v e testigos v a r o n e s , i n d i c a n d o q u e había p r e s e n t e s m á s , e n t r e los cuales se hallaban «tres c o m p a ñ e r a s d e la m i s m a s e ñ o r a [Catalina!». T a n t o Fr. R a i m u n d o c o m o m u c h o s o t r o s discípulos d e C a t a l i n a a s e g u r a n q u e d u r a n t e estos éxtasis recibía las e n s e ñ a n z a s divinas y ella dictaba. E n c o n c r e t o , se habla del d i c t a d o e n éxtasis, d e El Diálogo, y d e las Oraciones y Soliloquios, i n d i c a n d o q u e a veces o c u r r í a t a m b i é n c o n las cartas. D ó n d e t e r m i n a b a lo n a t u r a l y c o m e n z a b a lo s o b r e n a tural e n estos éxtasis y d i c t a d o s , es p r á c t i c a m e n t e i m p o sible precisarlo a m á s d e seiscientos a ñ o s d e distancia.

La crítica y las obras d e Santa Catalina Las o b r a s d e Catalina c o m e n z a r o n a c i r c u l a r m a n u s critas — n o existía a ú n la i m p r e n t a — c o n r a p i d e z p o r todas p a r t e s . D u r a n t e su vida sabemos q u e u n libro suyo, n o especificado, estuvo e n m a n o s d e u n a c o n d e s a y d e G i u s e p p e di Pipino, sastre y h o s p e d e r o d e la Santa en Florencia e n 1378. La c o n d e s a tuvo el m a n u s c r i t o p a r a su l e c t u r a y edificación espiritual; Pipino, acaso p o r q u e

16

Introducción general

se le olvidara a la Santa en su marcha a Siena —cosa improbable, pues se trataba de su «libro», con que tan encariñada estaba— o, más probablemente, para que él lo siguiera leyendo. Las copias de sus obras se multiplicaron bien pronto. Para que se difundieran con mayor facilidad fueron traducidas —en concreto, El Diálogo y las Oraciones— a la lengua internacional de entonces, al latín. Conocemos el nombre de uno de los traductores: Cristóbal Chiani. Bien pronto fue traducida también la biografía o Legenda, escrita por Fr. Raimundo de Capua. Al procurar la difusión de sus obras y de la historia de su vida, se daba a conocer la doctrina y la personalidad de Catalina. La declaración de Fr. Tomás de Siena o Tomás Nacci, conocido por el nombre de Caffarini, nos dice a este respecto: «Esteban Maconi mandó al rey de Inglaterra su Vida, que se la había pedido; y al rey de Hungría, a quien además envió el libro de los Diálogos. Otras varias copias fueron enviadas al rey de Ñapóles; a Praga, en Bohemia; a Tréveris, en Alemania; a Prusia, en los confínes de Polonia, y a la cartuja de Roma. En todas las piezas relativas a la Santa se dan los nombres, que muestran muy bien cuan digna la creen [los que las escriben) de ser canonizada» . Traduciendo el párrafo anterior al lenguaje de hoy, podemos asegurar que existían uno o varios centros de propaganda que promovían la devoción a Catalina, algo así como las oficinas que por todas partes se extienden para mover la devoción a una persona a la que se juzga santa, fundando uno o varios centros «pro canonización de...». Que nadie se extrañe, porque tiene aún que enterarse de más. «Su vida y sus obras circulan por todos los países, menos por España [tampoco cita a Francia], a causa del cisma. Sus imágenes se han multiplicado aún más, y la representan como a los beatos que aún no están canonizados. Hállanse en Polonia, en Hungría, en Dalmacia, en Toscana, en Lombardía, en Venecia sobre todo, en Roma y en el reino de Ñapóles. Está pintada en tela, en H

" CAFFARINI (Fr. T o m á s de San Antonio Nacci o Fr. T o m á s de Siena), en Santo Catalina de Siena (Vergara 1926); Declaraciones 440-42. v

Introducción

general

17

libros, en p a r e d e s ; grabada e n m a d e r a , y a n d a e n m a n o s d e fieles, q u e h a n m a n d a d o m u c h a s d e V e n e c i a a Alex a n d r í a . U n a p e r s o n a q u e t i e n e g r a n d e v o c i ó n a la sierva d e Dios h a h e c h o pintar en láminas de papel sus h e c h o s principales [cuadros], d e suerte q u e en el día de su fiesta pueden proveerse los devotos de sus imágenes. Son colocadas en las iglesias y a d o r n a d a s d e r a m o s y g u i r n a l d a s d e flores, c o m o también en las casas, p a r a c o n s u e l o y d e v o c i ó n d e sus m o r a d o r e s . Se h a n h e c h o y se h a c e n c a d a día millares de estampas, las cuales son r e p a r t i d a s e n V e n e c i a y p o r los m e n c i o n a d o s países. De aquí tuvo origen la costumbre de divulgar en papel las imágenes de otros santos, c o n q u e se a u m e n t a la d e v o c i ó n d e los fieles a ellos». P o r lo citado se ve q u e los«encatalinados» s e g u í a n fieles a su M a d r e espiritual y p r e t e n d í a n «encatalinar» al m u n d o cristiano. P o r si f u e r a n p o c o s los d a t o s a p o r t a d o s , sigue la Declaración: «Dieciséis a ñ o s h a c e q u e la b i e n a v e n t u r a d a Catalina es celebrada e n el c o n v e n t o d e San J u a n y San Pablo [de V e n e c i a ] . En su día [se c e l e b r a b a el d o m i n g o d e s p u é s d e la fecha d e su m u e r t e ) , desde la mañana hay alegría g r a n d e y m u c h a m ú s i c a ; a d ó r n a s e el altar c o n las m á s ricas alhajas y t o d a la iglesia es e n g a l a n a d a c o n g u i r n a l d a s y m a c e t a s d e flores. Asiste la Escuela d e la M i s e r i c o r d i a y se canta misa solemme; por la tarde t a m b i é n hay vísperas s o l e m n e s , s e r m ó n , y después una gran comida pública, e n q u e r e i n a la m á s d u l c e alegría... Los hermanos y hermanas de la Tercera Orden sirven a la m e s a c o n su p r i o r [de la O r d e n T e r c e r a ) , S u p e r a n c i o d e Venecia. Allí se lee algo d e la historia d e Catalina, se c a n t a n sus alabanzas y se c o n v e r s a d e sus p r o d i g i o s y virtudes... U n a j o v e n casada... al m o r i r d e j ó en testamento una suma de dinero para la comida del día de Catalina... A ñ a d i ó s e a esto la costumbre de hacer regalos a la iglesia o al c o n v e n t o en dicho día, s e g ú n las f a c u l t a d e s y gustos d e c a d a u n o , c o m o son flores, g u i r n a l d a s , imágenes de Catalina, medallas de plata y de cobre, p a n , v i n o , frutas, etc. Otras ofrecen sus servicios personales p a r a a d o r n a r la iglesia o servir a d i c h o convite, e n t r e los cuales se d i s t i n g u e A n t o n i o Sup e r a n c i o y su m u j e r , M a r i n a C o n t a r i n i s , terciaria d o m i nica, y o t r o s m u c h o s m á s d e la m i s m a T e r c e r a O r d e n » . C o n r a z ó n se a l a r m ó el o b i s p o d e V e n e c i a , Francisco B e m b o , c o n el título d e o b i s p o d e Castello, e hizo q u e

18

Introducción

general

ante él comparecieran Fr. Bartolomé d e Ferrara, inquisidor d e la fe, y Fr. T o m á s de Siena, Caffarini, prior del convento d e dominicos d e Venecia. Ellos justificaron su conducta, a s e g u r a n d o que ni la misa ni el oficio se dedicaban a Catalina, a u n q u e a esas funciones litúrgicas se les diera mayor solemnidad, y que en el s e r m ó n no se la proponía como santa, sino como a persona digna d e ser imitada, proclamando sus virtudes. Creían q u e e r a digna d e ser canonizada y estaban dispuestos a probarlo con testimonios d e personas q u e a ú n vivían y d e otras que habían fallecido ya. T o d o esto ocurría en 1411, y como resultado d e las acusaciones llegadas ante el obispo d e Castello comenzaron a recoger documentos y declaraciones, iniciándose d e este m o d o el Proceso castellano, o d e la diócesis d e Castello, q u e fue cerrado el 5 d e e n e r o de 1413. El fogoso Caffarini había conocido a Catalina, siendo ya religioso, muy joven. En u n a ocasión le regaló u n a cruz hecha con flores recogidas por ella. En su Declaración —también propagandista— especifica d ó n d e se enc u e n t r a n los manuscritos y reliquias de la sierva d e Dios, quiénes fueron sus amanuenses, su confesores fij o s y algunos d e los eventuales, las gracias recibidas d e los papas Gregorio XI y U r b a n o VI, la devoción q u e se le tiene en diversas ciudades italianas, los intentos d e canonización en los pontificados d e Bonifacio IX, Inocencio VII y Gregorio X I I , así como las fiestas que en honor a Catalina se celebraban en Venecia, Genova, Pisa, Orvieto, Siena «y otros lugares d e Italia». T o d o ello constituye un buen alegato y defensa de la veneración a Catalina. N o era. sólo Caffarini quien por todas partes predicaba sus virtudes y prodigios, sino que lo hacían muchos otros discípulos d e la sierva de Dios, como se deduce del análisis del Proceso castellano. Mención especial merece Fr. R a i m u n d o d e Capua, cuya Vida recomiendan y difunden «los encatalinados», y a la que criticaron, p o r q u e se quedaba corto en alabanzas. La biografía escrita por Fr. Raimundo tenía como finalidad primordial defender el nombre de Catalina contra los ataques que se hacían, o imaginaba que se hacían, a su memoria, y demostrar que era digna de ser canonizada.

Introducción

general

19

Esta p r i m e r a biografía d e la Santa t e r m i n a así: « T o d o lo escrito d e m u e s t r a q u e Catalina, virgen y mártir, [en el d e seo] es d i g n a d e ser inscrita p o r la Iglesia militante e n el catálogo d e los santos. Q u e la felicidad d e la vida e t e r n a m e sea c o n c e d i d a a mí y a sus d e m á s hijos espirituales» . E n la biografía d e R a i m u n d o se r e p i t e c o n f r e c u e n c i a y p o n e p o r testigo d e su v e r a c i d a d a Dios y a m u c h o s discípulos d e C a t a l i n a , u n o s m u e r t o s y o t r o s v i v i e n d o a ú n c u a n d o él escribía. Es m á s , alega su p r o p i a posición r e s p e c t o a la S a n t a c u a n d o t o m ó él las r i e n d a s d e su d i r e c c i ó n e s p i r i t u a l : « E n el p r i n c i p i o d e m i r e l a c i ó n c o n ella h a b í a o í d o t a n t a s cosas maravillosas r e f e r e n t e s a su vida, q u e vacilé b a s t a n t e a n t e s d e c r e e r l a s . Dios p e r m i t i ó q u e así fuese p a r a m a y o r b i e n . I n t e n t é d e t o d a s las m a n e r a s posibles d e s c u b r i r los m e d i o s d e a s e g u r a r m e d e si los f e n ó m e n o s e x t r a o r d i n a r i o s q u e se o p e r a b a n e n ella p r o v e n í a n d e Dios o d e c u a l q u i e r o t r a c a u s a ; es d e c i r , si e r a n v e r d a d e r o s o falsos. H e e n c o n t r a d o , e s p e c i a l m e n t e e n t r e las m u j e r e s , m u c h a s p e r s o n a s d e fantasía d e s b o r d a d a , c a b e z a s q u e se t r a s t o r n a n c o n facilidad...» . L a p a u t a q u e siguió F r . R a i m u n d o fue la d e crítico e x p e r i m e n t a d o e n el t r a t o c o n p e r s o n a s e s p i r i t u a l e s y c o n falsos e s p i r i t u a l e s . 9

9

La fecha d e su b i o g r a f í a la s e ñ a l a él m i s m o c u a n d o dice: « H a c e diecisiete a ñ o s , es d e c i r , p o r los a ñ o s d e 1 3 7 3 ó 1374, la o b e d i e n c i a religiosa m e l l a m ó a Siena, d o n d e d e s e m p e ñ é el p u e s t o d e lector e n el c o n v e n t o d e m i O r d e n » ; l u e g o F r . R a i m u n d o escribía ese c a p í t u l o e n 1390 ó 1 3 9 1 . E n el c a p í t u l o 10 d e la s e g u n d a p a r t e r e f i e r e la fiesta d e la traslación d e la c a b e z a d e la sierva d e Dios al c o n v e n t o d e S a n t o D o m i n g o d e S i e n a y u n m i l a g r o d e q u e f u e r o n testigos t o d o s los religiosos d o m i n i c o s q u e e n t o n c e s se e n c o n t r a b a n e n él. «Yo h a b í a ido a p a s a r a l g u n o s d í a s a este c o n v e n t o h a c e c i n c o a ñ o s p a r a q u e m e llevaran a t o m a r b a ñ o s d e a g u a s minerales, q u e los m é d i c o s h a b í a n a c o n s e j a d o , y, a instancia d e los hijos espirituales d e C a t a l i n a , h a b í a c o m e n z a d o la r e d a c ción d e esta historia d e su vida» . P o r e s t e t e x t o d e d u c i m o s q u e la b i o g r a f í a d e C a t a l i n a n o fue escrita d e u n tirón, sino q u e Fr. R a i m u n d o la fue h a c i e n d o poco a I 0

M

9

1 0

R A I M U N D O DE C A P U A , Vida

Ibid., Vida

II c.7.

11

III

c.6.

Ibid., Vida

II c . l l .

20

Introducción

general

poco, d u r a n d o bastante más d e cinco años. Esto se advierte t a m b i é n p o r el análisis d e su escrito. Se ve también q u e él fue u n o d e los principales propagandistas d e la devoción a Catalina, c o m o se d e m u e s t r a p o r lo q u e n a r r a a continuación. Hay u n a cuestión q u e no h e visto t r a t a d a e n n i n g u n o de los trabajos publicados sobre la Santa. Me refiero a la importancia e influencia q u e los escritos d e Catalina tuv i e r o n e n la r e d a c c i ó n d e la b i o g r a f í a escrita p o r Fr. R a i m u n d o . El nos habla d e testigos vivos y difuntos, p e r o n o d e la producción literaria, c o m o testigo d e la vida d e su protagonista. Sabemos q u e Fr. R a i m u n d o conocía muy bien tanto las o b r a s d e Catalina c o m o los volúmenes d e anotaciones tomados por Fr. T o m á s della Fonte. A u n q u e estos datos nos faltaran, habríamos d e p r e s u p o n e r l o s , ya q u e en la biografía e n c o n t r a m o s frecuentes detalles, frases, imágenes y razonamientos q u e pod e m o s leer e n El Diálogo y e n su epistolario. Si nosotros p o d e m o s señalar, a seiscientos años d e distancia, las n u merosas alusiones autobiográficas, ¡cuan más n o le serían conocidas a él! Sin d u d a q u e esos escritos le decían m u c h o más q u e lo q u e nosotros p o d e m o s d e d u c i r d e u n análisis p o r minucioso q u e sea, puesto q u e los escritos d e Catalina son el reflejo d e su vida e n lo más íntimo, así c o m o del ambiente e n q u e se desenvolvió. Por eso, n e g a r la a u t o r i d a d d o c u m e n t a l d e Fr. Raim u n d o es peligroso d e s d e el p u n t o d e vista histórico. Es más, nos vemos obligados a c r e e r q u e esa biografía se hizo t e n i e n d o e n cuenta y t o m a n d o datos d e sus escritos. Hay, sin e m b a r g o , q u e t e n e r e n c u e n t a q u e nos hallamos ante u n a biografía escrita con fines propagandísticos, y p o r eso e n ella se s u b r a y a n p u n t o s a los q u e u n historiador m o d e r n o n o daría importancia alguna. R a i m u n d o d e C a p u a es, a n t e todo, u n hagiógrafo, escritor d e vidas d e santos. A n t e r i o r m e n t e había escrito la vida d e Santa Inés d e Montepulciano. Lo q u e a u n hagiógrafo d e la baja E d a d Media interesaba e r a la santid a d , manifestada e n ayunos, penitencias, virtudes, milagros y profecías. Lo q u e él omite, acaso por eso mismo, suscita e n nosotros u n a m a y o r curiosidad. Quisiéramos u n a b u e n a noticia, bien detallada, d e la cronología d e la vida d e Catalina, d e la q u e se nota la falta e n toda la

Introducción

general

21

o b r a . Hay a l g u n a s e x a g e r a c i o n e s fáciles d e c o m p r o b a r . P o d e m o s d u d a r si a l g u n a s intervenciones d e Catalina e n la vida pública t u v i e r o n t a n t a relevancia c o m o él les d a . Por estas y otras r a z o n e s , u n «encatalinado» m o d e r n o se h a visto obligado a escribir: « N i n g u n a vida d e santo c h o c a m á s con las ideas a d m i t i d a s e n n u e s t r o s días q u e la d e Catalina d e Siena» . Las obras aparecidas sobre Santa Catalina d e Siena hasta los p r i m e r o s años del p r e s e n t e siglo adolecían, salvo raras excepciones, d e falta d e crítica histórica. Se seg u í a n r e p i t i e n d o las m i s m a s afirmaciones s o b r e las excelencias d e la Santa, su g r a n valor e n la política p o r sus actuaciones e n algunas repúblicas italianas y e n la c o r t e papal d e A v i ñ ó n , y a p e n a s se a t e n d í a a la f u e n t e y valoración d e las fuentes y testimonios t r a d i c i o n a l m e n t e aducidos. E n 1921 apareció e n París u n e s t u d i o q u e i n t e n t ó ser crítico y objetivo. Su a u t o r e r a el francés R o b e r t Fawtier . E n él se n e g a b a n m u c h a s cosas t r a d i c i o n a l m e n te a d m i t i d a s . T a m b i é n la a u t e n t i c i d a d d e las cartas. E n la s e g u n d a p a r t e d e su trabajo p u b l i c a d o e n 1930, clar a m e n t e a d m i t i ó q u e las cartas n o p o d í a m e n o s d e r e conocerlas c o m o d e Catalina. Fawtier acusa a Fr. T o m á s d e Siena, Caffarini, d e hab e r h e c h o el Suplemento a la biografía d e Fr. R a i m u n d o d e C a p u a a base d e los m a n u s c r i t o s del c o n f e s o r d e la Santa, Fr. T o m á s della F o n t e , y n o h a b e r l o s p r e s e n t a d o al proceso iniciado e n la diócesis d e Castello. E n la seg u n d a p a r t e a s e g u r a : «De las Cartas, d e El Diálogo y d e las Oraciones se d e s p r e n d e u n a i m a g e n d i f e r e n t e d e la q u e n o s p r e s e n t a n sus hagiógrafos, y esa diferencia habría sido, sin d u d a , a ú n m á s c o n s i d e r a b l e si esas « b r a s h u b i e r a n p o d i d o escapar a la acción d e los artífices d e la canonización d e la terciaria d e Siena» . A m b a s o b r a s c a y e r o n mal a los «encatalinados» m o d e r n o s , y bien p r o n t o p u s i e r o n a su a u t o r la etiqueta d e 12

| 3

14

1 2

LECLERQ, Jacques, Santa Catalina de Siena, trad. y e d . Patmos (Madrid 1955) p . 2 3 3 . FAWTIER, Robert, Sainte Catharine de Sienne. Essai de critique de sources. I: Sources hagiographiques, e d . Boccard (París 1921); II: Les Oeuvres de Sainte Catharine de Sienne, Ed. Boccard (París 1930). Ibid., Les Oeuvres... p . 3 6 1 . 1 3

1 4

Introducción

22

general

«hipercrítico», palabra con la q u e se pretende desautorizar en historia a quienes abren u n a brecha en conclusiones estereotipadas, hasta el m o m e n t o generalmente admitidas. Según mi m a n e r a de ver, esos olímpicamente despreciados «hipercríticos» hacen un bien inmenso si en ellos hay honestidad histórica. Fawtier la demostró varias veces, reconociendo en 1930 los e r r o r e s en que había inc u r r i d o en la publicación de 1921 y después en 1948 al revalorizar la autoridad histórica d e Fr. R a i m u n d o d e Capua, q u e había q u e d a d o malparada en las obras anteriores. Dice así: «La Legenda maior debe considerarse como texto importante para la historia de Santa Catalina; n o es u n d o c u m e n t o al q u e se p u e d a d a r d e lado» . Las reacciones a la obra d e Fawtier no tardaron en aparecer, a partir ya de su primera obra. Se han multiplicado los estudios serios sobre Catalina d e Siena, y su figura ha salido más real, beneficiada a los ojos d e los buenos historiadores. Se publican constantemente trabajos más científicos sobre su figura, menos panegiristas. Con ello no ha m e r m a d o su importancia, a p a r t a n d o d e ella mitificaciones que la hacían inaccesible e incomprensible, c u a n d o ella fue siempre u n corazón abierto, cualidad q u e encatalinaba a quienes se le acercaban. Aún q u e d a n temas imperfectamente tratados, como son u n a cronología más perfecta para su vida íntima y para su acción exterior, el influjo real con los papas Gregorio XI y U r b a n o VI, sus enfermedades, etc. Esperamos q u e con el tiempo se vayan abriendo nuevos horizontes. Los temas mejor tratados son los q u e se refieren a su grupo o familia espiritual, estudiados a través d e sus escritos y comparativamente con otras producciones literarias y espirituales d e la época. ls

Doctrina espiritual La proclamación d e Santa Catalina d e Siena como Doctora d e la Iglesia el 4 d e octubre d e 1970 por el 1 5

Ibid., La double expérience de Catharine p.34-35.

Benincasa

(París 1948)

Introducción

general

23

papa Pablo VI ha v e n i d o a d a r m a y o r i m p o r t a n c i a a su d o c t r i n a . T e n g a m o s e n c u e n t a , sin e m b a r g o , q u e la p r o clamación d e u n a s a n t a c o m o Doctora d e la Iglesia no implica la obligación d e s e g u i r su d o c t r i n a , sino sólo la proposición d e esa d o c t r i n a a la c o n s i d e r a c i ó n del p u e blo cristiano, y al Doctor, c o m o d i g n o d e ser t e n i d o c o m o m a e s t r o ; e n el caso d e Catalina d e Siena, c o m o m a e s t r a d e la vida espiritual. Es m á s , y l l e g a n d o al límite, p u e d e ser q u e en u n Doctor d e la Iglesia se e n c u e n t r e n d o c t r i n a s n o c o n f o r m e s con a l g u n a s d e las aceptadas hoy c o m ú n m e n t e p o r la Iglesia. A Pablo VI le p r e c e d i e r o n e n c o n d e c o r a c i o n e s a la Santa d e Siena varios r o m a n o s pontífices, c o m o , p o r ejemplo, Pío IX, d e c l a r á n d o l a C o p a t r o n a d e R o m a el 13 d e abril d e 1866, y Pío X I I , n o m b r á n d o l a P a t r o n a prim a r i a d e Italia el 15 d e m a y o d e 1940 y P a t r o n a d e las e n f e r m e r a s italianas el 15 d e s e p t i e m b r e d e 1943. En los g r a b a d o s y p i n t u r a s m u y poco p o s t e r i o r e s a su m u e r t e se la r e p r e s e n t a con u n libro en la m a n o , signo del magisterio, y d e s p u é s , con la figura del P a d r e Etern o i n s p i r á n d o l e su d o c t r i n a . U n p a p a ya r e n a c e n t i s t a , Pío I I , Eneas Silvio Piccolomini, la elevó a los altares p o r bula, q u e c o m i e n z a con las p a l a b r a s Misericordias Domini, f i r m a d a el 28 d e j u n i o d e 1 4 6 1 . En ella se e x p r e s a del siguiente m o d o : «Nadie se le acercó n u n c a sin volver m á s i n s t r u i d o o mejor. Su d o c t r i n a fue infusa, n o a d q u i r i d a . Ella apareció c o m o u n m a e s t r o , sin h a b e r sido discípulo. Los d o c t o r e s en ciencias s a g r a d a s , los obispos d e las g r a n d e s iglesias, le p r o p o n í a n las c u e s t i o n e s m á s difíciles s o b r e la divinid a d ; sobre ellas recibían las respuestas m á s sabias, m a r chándose como corderos después de haber venido como orgullosos leones y lobos a m e n a z a d o r e s » . El e n t u s i a s m o del g r a n papa r e n a c e n t i s t a aludía a los e x á m e n e s d e su espíritu e n el capítulo g e n e r a l d e la O r d e n d o m i n i c a n a (1374): d o c t o r e s y c a r d e n a l e s d e la corte papal d e Aviñón, el franciscano P. M a e s t r o Lazarini, etc., a q u e hacen r e f e r e n c i a Fr. R a i m u n d o d e C a p u a y las declaraciones d e varios testigos. T o d o s , s e g ú n ellos, h a b í a n q u e d a d o maravillados d e la ciencia espiritual d e aquella j o v e n terciaria d o m i n i c a y d e sus a c e r t a d a s respuestas, libres s i e m p r e d e o r g u l l o o p r e s u n c i ó n .

Introducción

24

general

En este a p a r t a d o n o se intenta hacer siquiera u n bosquejo d e la d o c t r i n a d e esta nueva Doctora d e la Iglesia. N o es t e m a d e u n a introducción. Q u e r e m o s , sin e m b a r go, señalar algunas d e sus características, sin p r e t e n d e r a g o t a r el t e m a . Lo q u e destaca p r i m e r a m e n t e , u n a vez leídas sus obras, principalmente El Diálogo, es la solidez d e su doctrina, su claridad y la conexión d e ideas. Si alguna vez desaparece esa conexión, si se repiten temas y conceptos, se d e b e a q u e el libro es u n a recopilación d e escritos de Catalina. Es f e n ó m e n o del que se libran pocas refundiciones. Característica suya es también su espontaneidad y a p a r e n t e facilidad en los temas q u e aborda. Esta provien e d e q u e sus escritos, su producción literaria, son u n a r e p r o d u c c i ó n d e las v e r d a d e s q u e ella tan a r d o r o s a m e n te vivía; habla d e cuestiones y verdades m u c h a s veces m e d i t a d a s . Fray Bartolomé Dominici, en su declaración p a r a el Proceso castellano, asegura q u e «no se preocupaba tanto d e leer o d e o r a r [vocalmente] como d e r u m i a r cada u n a d e las palabras. C u a n d o hallaba u n a q u e d e m o d o especial le a g r a d a b a , se paraba en ella hasta q u e el e n t e n d i m i e n t o se n u t r í a d e ella con gozo» . Es decir, q u e su d o c t r i n a no era m e r a m e n t e especulativa, sino fruto d e su reflexión y meditación. Por mujer, p o r italiana y p o r tener —como ella d e cía— u n c o r a z ó n d e fuego, Catalina era intuitiva, abarc a n d o con la m i r a d a d e su espíritu horizontes q u e la mayoría n o p o d í a n alcanzar. Su t e m p e r a m e n t o d e fuego la llevaba a exigirse m u c h o , t o d o , en su vida cristiana. T a m b i é n lo exigía a sus discípulos; pero con tan persuasiva d u l z u r a , q u e se veían obligados a hacer lo q u e ella deseaba. Su característico «yo quiero» se lo decía a sí misma, a los q u e enviaba sus cartas, al papa y al m i s m o Dios. El «yo q u i e r o » , q u e tanto nos choca, n o es reflejo d e u n a voluntad suya, voluntad propia, sino consecuencia d e la voluntad d e Dios, q u e ella quería cumplir y q u e r í a q u e se cumpliese en cada m o m e n t o . L u e g o el raz o n a m i e n t o e r a claro: debéis hacer tal o cual cosa porq u e «yo lo q u i e r o » , y yo lo q u i e r o p o r q u e es la voluntad l6

16

Processo castellano, e n Fontes Sanctae Catharinae Senensis I X : Processo... p . 3 0 3 , e d . P. L a u r e n t (Milano 1942).

historici;

Introducción

general

25

d e Dios. Al m i s m o Dios le a r g ü í a en su peticiones: « T ú eres el q u e p o n e este d e s e o en mi c o r a z ó n ; luego d e b e s satisfacer ese deseo mío, q u e n o es o t r a cosa q u e el c u m p l i m i e n t o d e lo q u e tú m e pides q u e yo q u i e r a » . Su libro, El Diálogo, n o p r e t e n d e ser u n a a u t o b i o g r a fía espiritual, p e r o e n r e a l i d a d lo es. Es su vida espiritual, su experiencia mística vivida, la historia d e sus deseos y relaciones con Dios y con su prójimo, con el m u n d o . Es el c o m p e n d i o d e lo q u e h a m e d i t a d o , a n h e l a d o y escrito m u c h a s veces t a m b i é n e n sus cartas. E n t r e la d o c t r i n a d e £ / Diálogo y la d e las Cartas y Oraciones hay c o r r e s p o n d e n c i a perfecta. P o d e m o s leer prim e r a m e n t e u n a b u e n a porción d e sus cartas d e diversas épocas, leer d e s p u é s las o r a c i o n e s , y a c o n t i n u a c i ó n su libro, o invertir el o r d e n , y siempre h a l l a r e m o s u n i d a d d e p e n s a m i e n t o , d e frases, d e expresiones, d e i m á g e n e s y m e t á f o r a s . Esto q u i e r e decir q u e Catalina «tenía esas ideas» muy en lo íntimo d e su espíritu, que vivían en ella y q u e ella las servía. Se ha q u e r i d o e n c o n t r a r e n las o b r a s d e Santa Catalina, y m á s en c o n c r e t o en El Diálogo, u n a idea-eje sobre la q u e giren todas las d e m á s . Los q u e lo i n t e n t a n n o acaban d e c o m p r e n d e r q u e no nos hallamos a n t e tratados sistemáticos d e teología, sino q u e p o d r í a m o s calificar a su o b r a d e enciclopedia d e la divina d o c t r i n a , y q u e p o r ello n o p o d e m o s p e n s a r en un e s q u e m a g e o m é trico, c e r r a d o . B u s c a n d o la idea-eje, u n o s piensan q u e es la divina misericordia; o t r o s , el a m o r ; otros, la v e r d a d ; otros, Cristo R e d e n t o r , la oración, el a m o r a la Iglesia e n el más amplio sentido d e la palabra, el c u e r p o místico. A c e p t e m o s la realidad c o m o es y veamos q u e la d o c t r i n a d e Catalina es c o m o u n a fuente d e varios caños, procedentes todos del mismo manantial, q u e es Dios en su relación con el h o m b r e , y del h o m b r e e n sus relaciones con Dios. El estudioso t o m a r á el a g u a d e u n c a ñ o o d e o t r o , se inclinará m á s p o r u n t e m a q u e p o r o t r o ; p e r o esta d e cisión p r o c e d e d e sí m i s m o , n o d e la escritora. La d o c t r i n a d e Catalina se halla e n m a r c a d a e n la m e j o r teología d e su t i e m p o , c u a n d o tantos e r r o r e s pululab a n , sin las sutilezas d e c á t e d r a ni los e s q u e m a s d e los t r a t a d o s d e especialistas. N o p r e t e n d e d e m o s t r a r n a d a

26

Introducción

general

con argumentos. Apenas hay un silogismo más o menos expreso. Lo único que hace es exponer para que el entendimiento comprenda, el corazón ame y la voluntad manifieste ese amor en su conducta y relaciones con Dios. Este es el único razonamiento q u e repite una y otra vez. Catalina muestra tener una visión global de la doctrina espiritual desde el misterio d e la Trinidad hasta las últimas derivaciones en los dones de Dios y en las virtudes cristianas. Podemos hablar d e la concepción vertical descendente y ascendente, ambas paralelas. En vertical descendente vendrían las gracias y dones de Dios al h o m b r e y en la vertical ascendente irían los frutos de esas gracias y dones, que son fruto de la respuesta del hombre. Para exponer sus ideas, la Santa se vale de las imágenes y metáforas que considera más apropiadas e inteligibles de su tiempo, no siempre coincidentes con nuestro m o d o actual de expresión. Por eso, algunas veces nos resultan difíciles y hasta poco apropiadas. La dificultad inicial suele quedar resuelta por sí misma cuando nos hemos adentrado en sus escritos; por ejemplo, en El Diálogo, por ser su obra más extensa, y por ello la que mejor se presta al desarrollo d e las ideas. Encontramos, principalmente en El Diálogo, algunas imprecisiones teológicas hoy inadmisibles. No se trata de imprecisiones propiamente suyas, sino de la teología de su tiempo. Merece la pena señalar algunas con que tropezará el lector. Para Catalina, el cuerpo místico de la Iglesia se identifica con la jerarquía eclesiástica, desde el vicario de J e sucristo hasta el clérigo de categoría más inferior. El cuerpo místico de la santa Iglesia lo constituyen los administradores de los sacramentos. Los demás fieles forman el cuerpo general de la religión cristiana o universal (c.7 y 14, entre otros). En cuanto al pecado, hace la distinción entre pecado grave, que viene a identificarse con el venial deliberado, y el pecado mortal, cuya definición coincide con la de pecado mortal adoptada por el concilio d e T r e n t o . A los pecados mortales les llama también pecados capitales. Hablando de los grados d e la perfección, no hace la clásica distinción de incipientes, progredientes y perfec-

introducción

general

27

tos, sino q u e los llama imperfectos, m á s perfectos y perfectísimos. Es obvio q u e esta d e n o m i n a c i ó n importa poco p a r a la d e b i d a c o m p r e n s i ó n d e su d o c t r i n a . T a m p o c o tiene i m p o r t a n c i a la distinción q u e hace entre criaturas y cosas c r e a d a s p o r Dios. P a r a ella, la criat u r a es el h o m b r e , el ser racional, y las cosas c r e a d a s se identifican c o n t o d o lo q u e no es racional, lo q u e n o es el h o m b r e . De m a y o r importancia hoy es su d o c t r i n a sobre el pec a d o original e n su relación con María, la M a d r e d e J e sús. Ella sostiene, en la o r a c i ó n n ú m e r o 16, la tesis, com ú n a m u c h o s teólogos d e su tiempo y a n t e r i o r e s , c o m o S a n t o T o m á s d e A q u i n o , d e q u e la Virgen contrajo pec a d o original c o m o t o d a c r i a t u r a y q u e en c u a n t o el alma le fue i n f u n d i d a (hacia los tres meses d e la concepción) fue liberada d e él. Sólo u n o s q u i n i e n t o s años desp u é s se e n c o n t r ó la f ó r m u l a «ex praevisis meritis», q u e ponía d e a c u e r d o a maculistas e inmaculistas. El b a r n a bita P. Hipólito Marracci publicó en 1663 u n o p ú s c u l o en q u e p r e t e n d e d e m o s t r a r q u e el largo p á r r a f o final d e la citada oración fue u n a adición posterior p a r a contradecir las Revelaciones d e Santa Brígida d e Suecia, q u e e r a inmaculista. P e r o esta oración se e n c u e n t r a , tal c o m o la d a m o s p o r p r i m e r a vez en castellano, en los m á s antiguos manuscritos y sólo se c o m e n z ó a s u p r i m i r a p a r t i r d e la edición d e Gigli. 1 7

Nadie tiene que admirarse d e q u e en las obras d e Santa Catalina se e n c u e n t r e n tales imprecisiones q u e hoy nos chocan. P o d e m o s hallarlas semejantes y d e m a y o r importancia en Santos P a d r e s y Doctores d e la Iglesia. A n t e s d e concluir este a p a r t a d o , d e b e m o s tocar u n p u n t o i n t e r e s a n t e : la originalidad d e Santa Catalina c o m o a u t o r a d e literatura espiritual, las ideas propias, exclusivas, q u e a p o r t ó a la teología d e la vida espiritual. U n poco lo ha p o d i d o d e d u c i r el lector d e las páginas a n t e r i o r e s , sobre t o d o d e las d e d i c a d a s a su formación doctrinal. Catalina recibe d e su a m b i e n t e espiritual, lee poco, r e 1 7

MARRACCI, Ippolito, Vindicatio S. Catharinae Senensis a Commentitia Revelatione eidem S. Catharinae adscripta contra immaculatam Conceptionem Beatissimae Virginis Mariae (Puteoli 1663).

Introducción

28

general

flexiona y medita m u c h o . Después comunica por escrito y de palabra a sus discípulos lo q u e sabe y percibe. Es original en el m o d o d e la exposición; ése es su mérito principal. Su doctrina es de la Sagrada Escritura, especialmente del Evangelio, y l a c o m ú n a los mejores teólogos. Destaca las ideas q u e le parecen más importantes, y lo hace con singular acierto. C o m o escritora, adopta tres géneros literarios bien diferenciados: el epistolar, el diálogo y el soliloquio. Los tres tienen u n d e n o m i n a d o r com ú n , q u e p o d e m o s formular d e la siguiente m a n e r a : Dios es el a u t o r d e su doctrina; ella la expone, no la inventa, sino q u e es m e r a transmisora. En su obra principal, El Diálogo, en q u e se presenta al Padre Eterno, éste cita a los evangelios, a San Pablo, la Vida de los Padres y hasta las mismas experiencias místicas d e Catalina. La v e r d a d divina es p r o b a d a por el Padre con el testimonio d e autoridades h u m a n a s . A la inversa, podríamos decir q u e Catalina d e m u e s t r a la doctrina q u e expone p o r los testimonios de la Sagrada Escritura y d e los autores q u e cita. Su doctrina es, p o r tanto, doctrina divina y humana. Concluimos con unas líneas del P. Bézine: «Donde interviene lo sobrenatural es al d a r valor a la ciencia adquirida. N u n c a la Santa habría podido sacar tan gran provecho p o r sí misma, y, sobre todo, para los demás, sin u n a gracia muy particular» . 18

La escritora Catalina tenía u n excelente d o n d e palabra y de conversación. Era particularmente atrayente por su ingen u i d a d y p o r el a r d o r de su corazón, q u e ponía colorido e n sus expresiones. B u e n a p r u e b a de ello es el grupo de incondicionales, d e encatalinados, q u e relativamente p r o n t o se formó a su alrededor. Recordemos sus pocos años c u a n d o comienza a hacer sentir su presencia e n t r e sus h e r m a n a s terciarias. No todas, sin e m b a r g o , se dejaron encatalinar, y surgió u n a oposición tenaz y prolongada en algunas de ellas, así 1 8

BÉZINE, P., La divine miséricorde (París 1954) p.6.

Introducción

general

29

c o m o e n los religiosos del c o n v e n t o d e S a n t o D o m i n g o y d e otras ó r d e n e s religiosas. Pero su h u m i l d e personalid a d se fue a b r i e n d o c a m i n o , l o g r a n d o cautivar p a r a su m o v i m i e n t o espiritual p r i m e r a m e n t e a p e r s o n a s fácilm e n t e impresionables, y d e s p u é s , a m u c h o s d e los q u e la criticaban, y a q u i e n e s resultaba sospechosa ella o su movimiento. Los e x á m e n e s d e espíritu q u e sufrió e n el capítulo gen e r a l d e los dominicos e n Florencia, a n t e los curiales d e G r e g o r i o XI y p o r p a r t e del franciscano Maestro Lazarini, así c o m o la conversión d e m u c h o s p e c a d o r e s , son u n a m u e s t r a de su espíritu persuasivo, y e x t e n d i e r o n su fama. T a n t o s e r a n los q u e se a r r e p e n t í a n c o m o consecuencia d e sus conversaciones, q u e el p a p a le c o n c e d i ó q u e la a c o m p a ñ a r a n tres confesores q u e p u d i e r a n absolver d e los p e c a d o s r e s e r v a d o s . Fray R a i m u n d o d e C a p u a escribe en su biografía: «Necesitaría m u c h o s v o l ú m e n e s p a r a r e f e r i r t o d o lo q u e el S e ñ o r realizó p o r intercesión d e su fiel esposa p a r a la conversión d e los p e c a d o r e s , a d e l a n t a m i e n t o espiritual, consuelo d e los afligidos, etc.» > . Su palabra a r d i e n t e los dejaba maravillados, «encatalinados», c o m o se c o m e n z ó a decir e n t o n o despectivo, y d e s p u é s con u n cierto orgullo. C o m e n z a r o n a llamarla «la M a d r e » , «la M a m m a » , p o r serlo d e u n n u t r i d o g r u p o espiritual d e incondicionales. B u e n a p a r t e d e su nueva familia espiritual la seguía c o n s t a n t e m e n t e , y así, los e n c o n t r a m o s en Florencia, Aviñón y R o m a , e n t r e otros lugares. H a b l a n d o d e su estancia en R o m a d e s d e 1379 hasta la m u e r t e , dice Fr. R a i m u n d o : «Al principio d e su llegada sólo tenía con ella unas veimicuatro c o m p a ñ e r a s , p e r o el n ú m e r o fue a u m e n t a n d o c o n s i d e r a b l e m e n t e . E n casa d o n d e se h o s p e d ó con t o d o su séquito, estableció u n o r d e n a d m i r a b l e : u n a d e sus asociadas e r a designada semanalmente»... Este texto p u e d e i n d u c i r n o s a c r e e r q u e a su g r u p o p e r t e n e c í a n ú n i c a m e n t e m u j e r e s . La d o c u m e n t a c i ó n y los mismos escritos d e la Santa nos dicen c l a r a m e n t e q u e e n el g r u p o figuraban varones; n o sólo c o m o secre9

2 0

1 9

2 0

R A I M U N D O DE C A P U A , Vida

Ibid., c.10.

II

c.6.

Introducción

30

general

tarios o a m a n u e n s e s , sino como asistentes a las reuniones del grupo. En sus Oraciones y Soliloquios los tiene presentes para pedir por ellos, lo mismo en muchas páginas d e su libro. Ella se consideraba su «madre espiritual» y ellos e r a n los hijos singularmente amados por voluntad del Señor. U n o d e esos discípulos, Esteban d e C o r r a d o Maconi, cartujo después d e la muerte d e Catalina por m a n d a t o suyo, confirma en su declaración la fluidez e incansable palabra d e aquella directora de g r u p o . T a m b i é n nos lo asegura Fr. R a i m u n d o por estas palabras: «Algunas veces m e hablaba de los profundos misterios d e Dios, y como ella no se cansaba nunca, yo, q u e no poseía la sublime elevación d e su espíritu, me dormía. Ella, absorta en Dios, n o se daba cuenta y seguía h a b l a n d o . C u a n d o se percataba d e que yo me había d o r m i d o , m e despertaba elevando la voz, r e c o r d á n d o m e q u e estaba p e r d i e n d o preciosas verdades y consideraciones al dejarla q u e hablase a las paredes» . De esta facilidad de palabra sobre las cosas d e Dios al dictado n o hay gran distancia. Desconocemos cuáles h a n sido sus primeras cartas. Sin d u d a , algunas se h a n extraviado, a pesar d e que las q u e se conservan forman u n rico epistolario, que hoy consta d e 385. Fray R a i m u n d o , habiendo e m p r e n d i d o la tarea d e recoger datos p a r a exaltar la figura d e su dirigida, en el p r i m e r o d e los dos prólogos d e su biografía nos dice: «Yo la vi muchas veces dictar, a dos escribientes a la vez, diversas cartas a personas distintas y d e distintas materias... De lo cual, como yo quedase g r a n d e m e n t e maravillado, m e dijeron muchos... q u e algunas veces dictaba a tres y cuatro escribientes... y con la misma rapidez y fijeza d e memoria»... Para ella, t e n e r amanuenses era u n a necesidad y n o u n a c o m o d i d a d , pues no sabía escribir. Se valía d e los discípulos más aptos y de mayor confianza. T r e s fueron los principales y más constantes: Barduccio Canigiani, Esteban Maconi y Neri Pagliaresi. H u b o , sin d u d a , otras personas q u e eventualmente le hicieron d e secretarios. Entre otros destacan Fr. Bartolomé Dominici y Cristó2 I

21

Ibid., c.5.

Introducción

general

31

bal G h i a n i , q u e t r a d u j o al latín su libro El Diálogo, r e u nió m u c h a s d e sus cartas y c o m p u s o u n p o e m a e n su h o nor . La p r o d u c c i ó n literaria q u e n o s h a llegado d e Catalina d a t a casi exclusivamente d e los a ñ o s 1370 a 1380, a ñ o d e su m u e r t e , s i e n d o los a ñ o s 1376 a 1379 los d e m a y o r actividad literaria. Estas fechas son c o n f i r m a d a s p o r la fecha y c o n t e x t o d e sus cartas, la d a t a c i ó n d e las Oraciones y Soliloquios y la composición d e su libro. T a m bién e n esto es preciso Fr. R a i m u n d o : «Dos a ñ o s antes de su m u e r t e , Dios d e r r a m ó t a n t a luz s o b r e su alma, q u e se vio obligada a i r r a d i a r l a e x t e r i o r m e n t e , y, e n consecuencia, ordenó a sus secretarios q u e pusiesen p o r escrito c u a n t o ella dijese d u r a n t e sus éxtasis» . Si e r a incansable h a b l a n d o d e Dios, n o lo fue m e n o s e n sus dictados. En su epistolario e n c o n t r a m o s pocas cartas q u e o c u p e n m e n o s d e u n a página i m p r e s a c o n las características d e este v o l u m e n . Su c o n t e n i d o es, n a t u r a l m e n t e , m u y variado, e n c o n f o r m i d a d c o n las personas y circunstancias q u e le movían a escribirlas. H a y e n ellas u n a temática c o n s t a n t e , q u e constituye el núcleo d e casi todas ellas: h a b l a r d e las cosas d e Dios. Las Cartas tienen m a y o r e s p o n t a n e i d a d q u e El Diálogo, c o m o es n a t u r a l . E n ellas se e n c u e n t r a n alusiones, m á s o m e n o s explícitas, a sus experiencias místicas. Las Oraciones y Soliloquios t i e n e n t a m b i é n g r a n n a t u r a l i d a d : son u n a conversación o interpelación a Dios h e c h a en presencia d e sus discípulos con la finalidad d e instruirlos. El Diálogo participa d e estas dos características. En los tres g r u p o s d e su p r o d u c c i ó n literaria hay a b u n d a n tes alusiones a las i n t i m i d a d e s d e su alma; m e n o s , e n las Oraciones. En la carta 2 7 2 , d i r i g i d a a Fr. R a i m u n d o , e n c o n t r a m o s esta frase: « P e r d o n a d m e q u e escriba d e m a s i a d o , p e r o es q u e las m a n o s y la l e n g u a a n d a n d e a c u e r d o » La d e m a s i a d a extensión d e algunas cartas ha h e c h o suscitar e n algunos historiadores la sospecha d e si las dirigidas a p e r s o n a s tan poco i n t e r e s a d a s e n la vida d e 2 2

2 3

2 2

nes

C A F F A R I M , en Santa Catalina de Siena (Vergara 1 9 2 6 ) ; Declaraciop.434.

2 3

R A I M U N D O DE C A P U A , Vida

c.9.

32

Introducción

general

piedad c o m o la r e i n a d e Ñapóles interesarían a sus d e s tinatarios, sobre t o d o al o b s e r v a r q u e e n ellas a p e n a s se hacía referencia a noticias y asuntos h u m a n o s y q u e eran u n a serie d e consejos y avisos doctrinales apropiados casi sólo para personas m u y d e Dios. Supongamos q u e , efectivamente, esas p e r s o n a s las d e j a r a n a u n lado, cansados p o r n o e n t e n d e r ni interesarse e n tales t e m a s . Para n u e s t r o caso, poco nos i m p o r t a el h e c h o . Esas cartas ahí están, con t o d o su valor doctrinal. Se nos o c u r r e u n a ligera observación a propósito d e las Cartas. Las q u e c o n s e r v a m o s , ¿son las auténticas enviadas o s o n copias o b o r r a d o r e s d e las mismas? P o r q u e p o d e m o s d a r p o r cierto q u e El Diálogo se c o m p u s o con sus escritos y teniéndolos en c u e n t a , y existe la posibilid a d de q u e o c u r r i e r a lo m i s m o con la biografía del Beato R a i m u n d o d e C a p u a . N o parece creíble q u e sus discípulos p u d i e r a n rescatarlas tan p r o n t o de sus destinatarios, ya en vida d e la misma Catalina. S u p u e s t o lo a n t e r i o r sobre la p r o d u c c i ó n literaria d e la Santa, veamos a h o r a c ó m o la valoran los historiadores d e la l i t e r a t u r a italiana. N o i n t e n t e m o s a v e r i g u a r lo q u e p e n s a b a n d e ella sus coetáneos a propósito d e su valor literario. A u n q u e ya se h u b i e r a iniciado el renacim i e n t o y a d m i r a c i ó n p o r el b u e n decir y escribir, los lectores d e o b r a s semejantes a t e n d í a n m e n o s al ropaje y a d o r n o literario q u e a las ideas q u e se e x p o n í a n e n los escritos. H a s t a el siglo X V I I I , salvo a l g u n a r a r a excepc i ó n , las alabanzas a Catalina r e c a e n sobre el valor d e su d o c t r i n a espiritual. El sienes J e r ó n i m o Gigli d e d i c ó b u e n a p a r t e d e su vida al e s t u d i o d e las o b r a s d e su paisana. La conclusión a q u e llegó y quiso llevar a sus lectores fue q u e el lenguaje u s a d o p o r Catalina, el dialecto toscano, es m á s p u r o , d e mejor factura, más italiano q u e el florentino u s a d o p o r D a n t e , Petrarca y Boccaccio. U n a d e las finalidades d e Gigli al publicar las o b r a s d e Catalina fue, c i e r t a m e n t e , ésa. Bajo su dirección a p a r e cieron c u a t r o v o l ú m e n e s e n folio: el p r i m e r o , d e d i c a d o a la Legenda, d e Fr. R a i m u n d o d e C a p u a ; los s e g u n d o y tercero, al epistolario, y el c u a r t o , a El Diálogo y a las Oraciones. A ú n a ñ a d i ó o t r o v o l u m e n , titulado Vocabulario cateriniano, e n el q u e justifica las palabras e m p l e a d a s p o r

Introducción

general

33

la virgen d e Siena; según él, más correctas q u e las usadas e n el dialecto florentino. Así c o m i e n z a a c o n s i d e r a r s e a Catalina c o m o u n a gloria d e la l i t e r a t u r a italiana. Los e d i t o r e s p o s t e r i o r e s y los q u e e s t u d i a r o n su p e r s o n a l i d a d y d o c t r i n a n o p u d i e r o n ya p r e s c i n d i r del e s t u d i o d e n u e s t r a e s c r i t o r a d e s d e el p u n t o d e vista d e su valor literario. P o r el m i s m o t i e m p o nació u n a r a m a d e la historia, q u e a h o r a llamam o s historia d e la l i t e r a t u r a . T a m p o c o e n ella se h a p o d i d o d e j a r d e t o m a r l a e n c u e n t a , a u n q u e n o t o d o s los a u t o r e s coinciden e n la valoración literaria. D e ahí la publicación del índice literario al final d e este volumen. Francisco d e Sanctis, e n su Storia della letteratura italiana , o b r a clásica, a ú n e n vigencia e n g r a n p a r t e d e sus afirmaciones, d e d i c ó u n a s c u a n t a s p á g i n a s a Catalina d e Siena c o m o escritora. D e ella e s p i g a m o s a l g u n a s frases q u e p u e d e n i n t e r e s a r al lector. E n ella l e e m o s hab l a n d o d e los escritores del siglo X I V : « P e r o h e aquí, e n t r e t a n t a s vidas d e s a n t o s , el s a n t o e n p e r s o n a y p i n t o r d e sí m i s m o : Catalina d e Siena... T i e n e la visión d e lo abstracto, y lo hace corporal, hace d e lo corpóreo la luz. D e s p u é s , u n lenguaje figurado y m e t a f ó r i c o ; m u c h a s veces, tedioso; o t r a s , llevado a lo a b s u r d o . Participa del estilo bíblico y del mal g u s t o d e los t i e m p o s ; p e r o , c o n t o d o , es la f o r m a n a t u r a l d e su m e n t e . . . La c l a r i d a d d e intuición, a c o m p a ñ a d a c o n exquisita sensibilidad, y la perfecta s i n c e r i d a d d e la fe, !a h a c e n e n c o n t r a r delicad a s y p e r e g r i n a s f o r m a s d i g n a s d e u n artista. P e r o las f r e c u e n t e s r e p e t i c i o n e s , la exposición didáctica, esa u r gencia d e consejos, d e e x h o r t a c i o n e s , d e p r e c e p t o s sin t r e g u a ni reposo, h a c e n al libro tedioso y m o n ó t o n o » . El c o n o c i d o crítico p r e s c i n d e , c o m o t a n t o s o t r o s , del valor intrínseco y expositivo d e u n a d o c t r i n a q u e m u y p r o b a b l e m e n t e t r a n s c e n d i e r a a sus c o n o c i m i e n t o s , fijándose ú n i c a m e n t e en la f o r m a , lo q u e es v a l o r a r a m e d i a s . De t o d o s m o d o s , p o r las frases transcritas v e m o s q u e el balance es, e n g e n e r a l , positivo, si bien destaca el tedio q u e le p r o d u c í a n tantos consejos y avisos espirituales. 24

I. Blasi h a escrito: « G r a n d e s escritoras e n Italia n o 2 4

S A N C T I S , F r a n c i s c o , Storia ( F l o r e n c i a 1965), c.5 p . 1 0 7 .

della letteratura

italiana,

ed. Sansoni

Introducción general

34

2S

hay más que una: Catalina de Siena» , y tanto G. Papini (1937) como G. Petrochi (1965) le han prodigado alabanzas en sus respectivas historias de la literatura . El Diálogo es la obra que más se presta a juzgar del valor literario de los escritos de la Santa, por ser una exposición más sistemática y completa de sus ideas y sentimientos. En él se advierte la concatenación de elementos, que se van completando unos a otros hasta poner ante nuestra vista una visión global de las relaciones de Dios con el hombre y la correspondencia que éste debe tener con Dios. No se encuentra la lógica de las grandes escuelas filosóficas y teológicas, pero sí la lógica interna de sentires místicos muy personales. No siempre se encuentra formado el historiador d e la literatura para comprender estas materias, y por eso no se fija más que en la corteza, en el ropaje que cubre esas ideas. Sin embargo, acaso abuse Catalina de las bellas expresiones. Es notable la sobresaturación de imágenes y metáforas. Estas son, en ella, un elemento literario de difícil compresión por tratarse de modos y modas en los escritores d e hace seis siglos. La mayoría de las veces, esas imágenes o metáforas son explicadas por sí mismas al ser empleadas nuevamente unas páginas después. Las frecuentes repeticiones se deben, en parte, al sistema de dictado y a que la escritora intenta recalcar ideas ya propuestas. Este sistema de subrayar ciertos puntos era común en la mayor parte de los escritores de los siglos pasados. Queremos destacar una repetición frecuente: la dificultad de expresar con palabras las ideas y sentimientos del corazón, así como las experiencias místicas. Fray Raimundo se hace eco de ella cuando pone en labios de Catalina: «Pero aquí me falta la memoria, y la pobreza del lenguaje me impide una descripción adecuada de esas cosas. Sin embargo, le daré lo que pueda» . Ella utilizaba todos los medios a su alcance. Recuerda los desafíos y torneos, tan en boga en su tiempo, para hablarnos de la lucha sostenida por Cristo con el demo26

27

2 5

BLASI, I., Le crittici itaüane dalle origini al 1800 (Florencia) p.32. PAPINI, Giovanni, Storia della letteratura italiana (Florencia 1937); PETROCHI, Historia della letteratura. 2 6

2 7

RAIMUNDO DF. CAPUA, Vida

II

c.5.

Introducción

general

35

n i o : « H a v e n i d o c o m o c a p i t á n n u e s t r o , y c o n la m a n o sin a r m a s , sujeto y c l a v a d o e n la c r u z , h a d e r r o t a d o a n u e s t r o s e n e m i g o s ; y la s a n g r e h a q u e d a d o e n el c a m p o p a r a d a r n o s á n i m o a n o s o t r o s , c a b a l l e r o s , a c o m b a t i r vir i l m e n t e , sin t e m o r a l g u n o » . L o visto y m e d i t a d o f o r m a e n ella u n t o d o p a r a n u e s t r a vida espiritual. C o m o b u e n a m e r i d i o n a l , h a b l a a r á fagas d e i n t u i c i ó n e i m a g i n a c i ó n . Su estilo l i t e r a r i o p u e d e calificarse d e f o s f o r e s c e n t e , l u m i n o s o . C o m p a r a la c o m p e n e t r a c i ó n e n t r e D i o s y el a l m a c o n la d e l p e z e n el a g u a d e l m a r ; el a l m a se p a r e c e a u n r e c i p i e n t e , q u e , c u a n d o se llena, n o d e s e a m á s , n o p u e d e r e c i b i r m á s , cosa q u e o c u r r e e n los b i e n a v e n t u r a d o s e n el cielo ; las ó r d e n e s religiosas s o n c o m o navecillas d o n d e e n c u e n t r a n cobijo las a l m a s c o n t r a el oleaje d e l m u n d o ; la c o n c i e n c i a es el p e r r o q u e a d v i e r t e al a l m a d e la p r e s e n cia d e l e n e m i g o ; los religiosos s o n m o v i d o s p o r las velas al v i e n t o d e las e m b a r c a c i o n e s , sin n e c e s i t a r a p e n a s t r a bajar r e m a n d o c o n sus b r a z o s e n el m o m e n t o d e la t e n tación; C r i s t o es el y u n q u e s o b r e el q u e g o l p e a la j u s t i c i a d i v i n a a c a u s a d e n u e s t r o s p e c a d o s ; El o b r a y c o r r e c o m o u n e n a m o r a d o h a c i a la a m a d a , q u e es el a l m a ; es c o m o u n b o r r a c h o , e b r i o d e a m o r , m o v i d o sólo p o r la f u e r z a d e l a m o r ; se m a n i f i e s t a c o m o e n l o q u e c i d o d e a m o r ; el h o m b r e d e b e t e n e r h a m b r e d e a l m a s , c o m e r a l m a s . P o d r í a m o s e x t e n d e r n o s m u c h o m á s e n el r e cuento d e imágenes y alegorías, q u e envidiarían muchos r e c o n o c i d o s literatos. D e b e m o s a ñ a d i r a e s t o las p e c u l i a r i d a d e s d e la l e n g u a italiana-toscana, q u e s o n m e n o s p e r c e p t i b l e s e n u n a t r a d u c c i ó n . Son f r e c u e n t e s e n C a t a l i n a los c a r i ñ o s o s d i m i n u t i v o s , e l « b a b b o m i ó » , q u e p o d e m o s t r a d u c i r p o r «pad r e c i t o m í o » ; la aplicación d e l calificativo «dulce» a t o d o lo q u e a m a o le m e r e c e r e s p e t o , p o r lo q u e aplica la p a l a b r a «dulce» al t a n p o c o d u l c e U r b a n o V I ; el d e «viejecito», aplicado a S a n P e d r o , etc. T i e n e t a m b i é n e x p r e s i o n e s m o d e l o d e p r e c i s i ó n lite2 8

2 9

3 0

3 1

2 8

C a r t a a F r . R a i m u n d o , e d . T o m m a s e o - M i s c i a t e l l i , y Diálogo y 100. C a r t a 3 7 3 , a F r . R a i m u n d o , y Diálogo. C a r t a s 4 9 , 5 2 y 5 5 y Diálogo c . 1 2 . C a r t a 3 5 y Diálogo. 2 9

3 0

3 1

c.20

Introducción

36

general

raria y doctrinal: al papa le llama «cristo en la tierra»; a los ministros d e la Iglesia, «ángeles en la tierra:»; a los c o n d e n a d o s , «mártires del d e m o n i o » . Son frecuentes en ella las contraposiciones en frases y capítulos p a r a q u e la idea q u e d e mejor subrayada. Así, p o r ejemplo: las primicias o a r r a s del cielo las contrapon e a las arras o primicias del infierno; contra la negligencia p r o p o n e el trabajo, p o r q u e el tiempo no espera; el agua viva es lo contrario del a g u a m u e r t a del pecado; el temor servil lo c o n t r a p o n e al t e m o r santo de o f e n d e r al Padre; hay u n a p u e r t a q u e lleva a Cristo y u n a p u e r t a q u e es la del d e m o n i o ; u n árbol q u e da frutos d e vida y o t r o q u e da frutos de m u e r t e ; los bienaventurados son gustadores del cielo, y los c o n d e n a d o s , gustadores del infierno, etc. La naturaleza la transportaba a la contemplación d e las cosas del cielo. Las flores le e n c a n t a b a n , pues, como escribe Fr. R a i m u n d o , «era m u y aficionada a esta poesía d e la naturaleza» . En la declaración d e Fr. Bartolomé Dominici se nos completa esta noticia: «En los m o m e n tos desocupados lavaba cuanta r o p a encontraba en casa, o bien recogía azucenas, rosas, violetas y otras flores, y con ellas hacía cruces y preciosos ramilletes. Acompañábanla jóvenes piadosas q u e llevaban el mismo hábito [terciarias] y tenían los mismos deseos, y j u n t a s cantaban devotos cánticos» . Esteban Maconi escribió en su Carta-declaración q u e el contacto con la naturaleza la llevaba a alabar a Dios: «Me a c u e r d o d e q u e c u a n d o veía flores en u n p r a d o , en las q u e recibía m u c h o placer, luego nos convidaba con santa alegría, diciendo: " ¿ N o veis c ó m o todas las cosas alaban y p r e g o n a n a Dios? Estas flores rojas nos muestran las llagas d e Jesucristo"; y c u a n d o veía u n a multit u d de hormigas...» Las mismas obras d e los h o m b r e s la llevaban a la meditación y a sacar provecho para su alma. Su imaginación trabajaba, y p r o c u r a b a sacar d e la contemplación 32

33

3 4

3 2

3 3

R A I M U N D O DE C A P U A , Vida

II

c.10.

DOMINICI, Fr. Bartolomé, en Santa Catalina de Siena (Vergara 1926) p.491. MACONI, Esteban, en Santa Catalina de Siena (Vergara 1926) p.468. 3 4

Introducción

general

37

d e ellas a l g ú n fruto p a r a su espíritu. H a c e símiles c o n faenas d e la a g r i c u l t u r a , y, s o b r e todo, d e la albañilería y del p u e n t e . C r e o q u e la doctrina del «puente», aplicad a a Cristo, m e d i a d o r e n t r e Dios y los h o m b r e s , h a sido r e d o n d e a d a con la contemplación del «ponte Vecchio», d e Florencia, o d e a l g ú n otro d e las m i s m a s características existentes e n Siena o e n a l g u n a otra c i u d a d italiana d e su tiempo. El «ponte Vecchio» d e Florencia conserva a ú n su f o r m a medieval: u n i ó n d e l c a m p o ( h o y barrios) c o n la c i u d a d a m u r a l l a d a , e n l o s a d o , t i e n d a s e n las aceras. C o m u n i c a b a c o n la c i u d a d p o r m e d i o d e u n a p u e r t a d e m u r a l l a , q u e tenía, c o m o e r a c o s t u m b r e y d e necesidad, u n a p u e r t e c i t a o postigo. M u y p r o b a b l e m e n t e , existía a la e n t r a d a del p u e n t e u n c r u c e r o o crucifijo g r a n d e d e p i e d r a s o b r e u n a p e a n a c o n tres escalones, c o m o p u e d e n verse a ú n m u c h o s p o r t o d a s p a r t e s . D e la c o n t e m plación d e este p u e n t e u o t r o s e m e j a n t e sacó ella t o d a u n a aplicación a Cristo m e d i a d o r , paso o b l i g a d o d e íos v i a n d a n t e s q u e d e s e a b a n llegar a la c i u d a d , símbolo e n este caso d e la felicidad y la gloria del cielo. N o es preciso, c o m o hace el P. Bézine, a c u d i r al f a m o s o p u e n t e d e A v i ñ ó n , p u e s los tenía e n Italia. R e s u m i e n d o : e n c o n t r a m o s e n los escritos d e Catalina t o d o s los e l e m e n t o s q u e se p u e d e n exigir a u n a b u e n a escritora, a u t o r a d e u n a o b r a literaria d e p r i m e r o r d e n , t a n t o m á s d i g n a d e ser ensalzada c u a n t o q u e e n la antig ü e d a d e r a n m u y escasas las m u j e r e s q u e t u v i e r a n y m a n i f e s t a r a n sus c u a l i d a d e s literarias.

Nuestra e d i c i ó n C o n t i e n e c o m o base la t r a d u c c i ó n d e l libro d e Catalin a , su libro, c o m o ella se complacía e n llamarlo: El Diálogo. Le siguen sus Oraciones y Soliloquios. La traducción d e a m b a s o b r a s se h a h e c h o s o b r e las respectivas ediciones ( 1 9 6 8 y 1978), a c a r g o d e Giuliana Cavallini. Son las mejores publicadas hasta el m o m e n t o . H e m o s q u e r i d o ser ñeles al t e x t o e n t o d o lo posible, p e r o es u n a necesidad p o n e r l o s e n b u e n castellano, apto p a r a u n a lectura fácil, sacrificando sólo a l g u n a vez el estilo a la claridad d e las ideas. H a sido preciso p a r a ello

38

Introducción general

suprimir frases q u e nada añaden al sentido, que vienen a ser algunas veces no otra cosa q u e muletillas o referencias innecesarias, como, por ejemplo, la frase «como q u e d a dicho», que se repite decenas y decenas de veces. Hemos procurado ser parcos en las notas, no omitiéndolas nunca c u a n d o las hemos creído necesarias para que el texto aparezca más claro. Hemos omitido también las citas de las cartas que se pudieran aducir para comparar las ideas d e El Diálogo y de las Oraciones y demostrar q u e lo q u e Catalina asegura en cualquiera de estas dos obras se halla también en las cartas de la Santa. El índice de materias al final del volumen será de mucha utilidad para los estudiosos q u e deseen conocer el pensamiento de Catalina sobre u n p u n t o determinado. C u a n d o se publique el Epistolario y el índice analítico q u e le seguirá, permitirá ver la doctrina espiritual de la santa Doctora de m o d o global. N o conocemos ninguna edición que haya hecho este esfuerzo tan necesario. Las cartas sobre las que se trabaja ordinariamente en el estudio de la doctrina espiritual de Catalina son muy limitadas, sin poder asegurarse nunca que se haya llegado a abarcarlas en su totalidad. Hemos considerado, para mejor comprensión de la casuística sobre los escritos de la Santa de Siena, redactar tres introducciones. Primeramente, u n a introducción general a todas las obras y u n a especial para cada obra. Esto permite evitar repeticiones y d a r u n a idea más clara de cada obra, sin olvidar el aspecto general. Por eso aparecen en este volumen las introducciones a El Diálogo y a las Oraciones inmediatamente antes d e cada una d e estas obras. En cuanto a la bibliografía, citamos la q u e parece más importante, omitiendo en ella numerosos artículos aparecidos en diversas revistas y publicaciones, prefiriendo las obras de mayor extensión, a no ser q u e algún artículo, aunque relativamente breve, sea de una importancia especial y no se encuentre recogido en publicaciones posteriores del mismo autor. ¡Quiera Dios que hayamos acertado en todo! Madrid, 29 de abril de 1980.

EL

DIALOGO

Santa Catalina d e Siena e n t r e g a sus escritos a sus discípulas. ( T o m a d o d e / / Dialogo, e d i t a d o p o r M . d e C o d e c a e n V e n e c i a e n 1494.)

INTRODUCCIÓN

A «EL

DIALOGO

El título Catalina puso t o d a su dedicación y c a r i ñ o e n lo q u e ella llamaba «mi libro». N u n c a le llamó d é o t r o m o d o . P a r a sus discípulos e r a el libro d e su « m a d r e espiritual», q u e , m o v i d a p o r el Espíritu S a n t o , había e x p u e s t o el cam i n o p a r a u n a m á s alta perfección. E n el s e g u n d o p r ó l o g o q u e F r . R a i m u n d o d e C a p u a escribió p a r a la biografía q u e c o m p u s o d e su d i r i g i d a , d e s p u é s d e p r o p o n e r el p l a n g e n e r a l d e su o b r a y testificar, e n n o m b r e d e «la inefable V e r d a d » , q u e c u a n t o e n esta biografía se halla e r a c o n f o r m e a la v e r d a d , sin ficción ni m e n t i r a , escribe: « A ñ a d i r é l u e g o el libro a d m i r a ble d e su d o c t r i n a , q u e c o n t i e n e sus diálogos y v e i n t i u n a oraciones» '. De a q u í p a r t e n los títulos c o n q u e d e s p u é s se le c o n o c e r í a : El libro de los Diálogos o El Diálogo, así c o m o t a m b i é n «El libro d e la divina d o c t r i n a » . El biógrafo d e la Santa n o p r e t e n d i ó d a r l e título, sino explicar el m o d o literario e n q u e se n o s p r e s e n t a (el diálogo) y su c o n t e n i d o . Son, p o r t a n t o , estos u'tulos s o l a m e n t e u n calificativo d e su f o r m a y c o n t e n i d o . E n el t r a n s c u r s o d e l t i e m p o se le f u e r o n d a n d o o t r o s títulos, c o m o Tratado de la Providencia, Libro de la Misericordia, e t c . Más q u e n i n g ú n o t r o , se h a g e n e r a l i z a d o y a d m i t i d o c o m ú n m e n t e el título d e El Diálogo de Santa Catalina de Siena, q u e es el q u e m a n t e n g o a q u í , a u n q u e crea más apropiado «Los Diálogos» p o r ser m u c h o s y diversos e n el t i e m p o . Fecha d e c o m p o s i c i ó n E n el epistolario d e Catalina e n c o n t r a m o s i m á g e n e s , m e t á f o r a s y frases e n t e r a s q u e se hallan r e p e t i d a s e n El Diálogo. 1

R A I M U N D O DE C A F U A , B e a t o , Vida de Santa Catalina de Siena p r ó l . 2 í s e h a c e n las citas d e esta o b r a Dor Dartes v capítulos para d u e resul—

»



1

"

!

/

1

*

1

t e m á s fácil la v e r i f i c a c i ó n e n c u a l q u i e r e d i c i ó n e s p a ñ o l a o e x t r a n j e r a ) .

El Diálogo

42

2

La carta n ú m e r o 272 sorprende p o r encontrarse en ella u n boceto de la doctrina de Cristo-Puente. Fue escrito después del 10 de octubre de 1377. Hay una relación íntima e n t r e ella y el libro; luego es como u n esq u e m a que después se desarrollará. Anterior no p u e d e ser, puesto que todos los documentos nos llevan a aseg u r a r que fue escrito e n t r e 1377 y 1378, en que se concluyó. Por lo tanto, el libro se comenzó a escribir después d e haberse escrito esa carta. La terminación del libro aparece concretada en el colofón del códice de Siena con estas palabras: «Aquí termina el libro hecho y c o m p i l a d o p o r la v e n e r a n d í s i m a v i r g e n , fidelísima sierva y esposa de Jesucristo crucificado, Catalina de Siena, del hábito de Santo Domingo, e n el a ñ o del Señ o r 1378, en el mes de octubre». Precisada la fecha d e la conclusión d e la obra, se han dedicado los investigadores a fijar la d e su comienzo. N u e v a m e n t e hay que acudir a la biografía d e Fr. Raim u n d o . En ella leemos: «A pesar de todas estas amenazas y persecuciones, ella nunca quiso abandonar el territorio de esta república [de Florencia] hasta que Urbano VI, sucesor d e Gregorio XI, hubo hecho la paz con los florentinos. Después d e la publicación d e esta paz, Catalina volvió a Siena y se ocupó más diligentemente de la composición d e u n libro que dictó en lengua vulgar bajo la inspiración del Espíritu Santo. Ella tenía amanuenses para escribir las cartas que enviaba a diversos países. Les rogó q u e estuvieran atentos, observándola d u r a n t e los éxtasis q u e tenía con frecuencia, y de los que hemos hablado, y que después escribiesen con cuidado en este m o m e n t o lo q u e ella les había de dictar. Ellos desempeñ a r o n escrupulosamente esta tarea, y compusieron así un libro lleno d e muy grandes y muy útiles pensamientos q u e el Señor revelaba a Catalina, y que la voz de la Santa dictaba en lengua vulgar. Lo que aquí hay d e singular y maravilloso es que ella hizo este dictado c u a n d o su espíritu a r r o b a d o no dejaba a los sentidos actividad alguna q u e les fuera propia» . 3

2

CARTAS. Se citan por la edición de Niccolo Tommaseo-Piero Misciatelli (Florencia 1970). 3

R A I M U N D O DE C A P L A , Vida

III

c.l.

Introducción

43

D e este l a r g o p á r r a f o se d e d u c e q u e b u e n a p a r t e del libro fue escrito d e s p u é s del a c u e r d o d e p a z e n t r e el papa y Florencia. Sabemos q u e ésta tuvo d o s partes: p o r p a r t e d e Florencia, d e sus e m b a j a d o r e s , se c o n c l u y ó el 18 d e j u l i o , y p o r p a r t e d e l p a p a fue ratificado el 1.° d e o c t u b r e d e 1378. ¿ D e s p u é s d e cuál d e estas d o s fechas r e g r e s ó Catalina a Siena? U n a c a r t a escrita a su h o s p e d e r o F r a n c i s c o d e Pipino, s a s t r e e n Florencia, n o s a s e g u r a q u e ella se había m a r c h a d o ya, p u e s e n ella le p i d e el l i b r o y los o r i g i n a l e s d e los privilegios q u e el p a p a h a b í a c o n c e d i d o a la S a n t a . L u e g o e n esa fecha, q u e es d e la p r i m e r a m i t a d d e agosto, n o se hallaba ella e n Florencia, y a d e m á s d e b i ó d e salir d e la c i u d a d u n p o c o p r e c i p i t a d a m e n t e , p u e s d e j ó n o sólo el libro, sino los privilegios. El t e x t o d e esta c a r t a , d e s c u b i e r t o e n 1914 p o r R o b e r t F a w t i e r y e s t u d i a d o d e s p u é s p o r D u p r é - T h e s e i d e r , dice así: «Dad a F r a n cisco el libro..., p o r q u e q u i e r o escribir a l g u n a cosa». L u e g o se d e d u c e t a m b i é n q u e el l i b r o existía ya, a u n q u e n o t e r m i n a d o . P o r lo cual n o r e s u l t a a v e n t u r a d o afirm a r q u e R a i m u n d o al escribir dijo v e r d a d a s e g u r a n d o q u e e n Siena «se o c u p ó m á s d i l i g e n t e m e n t e d e la c o m posición d e u n libro». El « m á s d i l i g e n t e m e n t e » es u n comparativo q u e tiene que hacer relación a u n época a n t e r i o r ; l u e g o se o c u p ó m á s d i l i g e n t e m e n t e q u e a n t e s ; l u e g o a n t e s se h a b í a o c u p a d o ya d e escribir su libro. 4

R e t r o c e d i e n d o e n el t i e m p o , d e s p u é s d e c o n o c e r q u e el libro estaba ya escrito, e n p a r t e , a p r i m e r o s d e agosto d e 1378, descubrimos, asimismo, su existencia antes del 2 3 d e j u n i o d e l m i s m o a ñ o , p u e s t o q u e se hallaba e n m a n o s d e u n a condesa, sin d u d a p a r a q u e se aprovechara d e él e s p i r i t u a l m e n t e , y d e b i ó d e t e n e r l o e n su p o d e r m á s t i e m p o d e l c a l c u l a d o p o r C a t a l i n a , q u e se impacienta p o r ello. Esta es la r a z ó n del s i g u i e n t e e n c a r g o d e la S a n t a a E s t e b a n M a c o n i , a q u i e n e n la c a r t a 3 6 5 d i c e : « M a n d a d a p e d i r a la c o n d e s a m i l i b r o ; lo h e e s p e r a d o a l g u n o s días y n o viene. Y p o r e s o , si vas allá, dile q u e lo

4

FAWTIER, R o b e r t , Meìanges d'Archeologie et d'Histoire, a n o 1 9 1 4 ; D U P R É - T H E S E I D E R , E u g è n e , Bulletino dell'Istituto Storico Italiano, ano 1941,

n.47.

El Diálogo

44

m a n d e pronto; y m a n d a a quien vaya para que se lo diga y que lo deje» . Con esta documentación se demuestra que el libro existía, a u n q u e incompleto, en la primavera. Por otra parte, u n códice existente en la Biblioteca Vaticana nos dice que el libro se compuso en tiempos de Gregorio XI; luego antes de abril d e 1378, pues murió el 21 de marzo, noticia q u e le llegó a Catalina c u a n d o se hallaba ya en Florencia enviada por el papa difunto. Urbano VI fue elegido el 12 d e abril. Sabemos que Catalina m a r c h ó d e Siena a Florencia, enviada por Gregorio XI, e n t r e e n e r o y marzo del mismo año. T a m b i é n que, c u a n d o escribió la carta 272, se hallaba en Val d'Orcia en misión d e pacificación y apostolado, en otoño d e 1377. Según Dupré-Theseider, podría darse como fecha del comienzo del libro, más o menos, el mes de diciembre de ese año; que lo siguió escribiendo en los meses posteriores, para encontrarse en buena parte hecho en la primavera de 1378, fecha en que es ya llamado libro en manos d e la condesa. Sin embargo, no lo daba Catalina por concluido en el mes de agosto, puesto que lo reclama d e Francisco d e Pipino para escribir más en él. Un indicio d e q u e se desarrolló así su composición es que en su texto no se hace la más mínima alusión al cisma producido por la elección del anti-papa Clemente VII, hecho que le hubiera venido muy bien p a r a insertarlo como u n a prueba más de la relajación del clero y necesidad d e reforma c u a n d o trata el tema d e la necesidad d e la reforma en la j e r a r q u í a eclesiástica. La elección de Clemente VII tuvo lugar en 20 d e septiembre. La noticia se extendió rápidamente por toda la cristiandad, y, antes que en otro lugar, por Italia. Es inconcebible que ella no la conociera el día 9 d e octubre, fecha en que algunos dicen que comenzaron los éxtasis d e Catalina en los que habría comenzado a dictar el libro. Se ha pensado, para concordar d o c u m e n t o s , pero sólo como u n a posibilidad, en dos redacciones distintas del libro. Nosotros conoceríamos la segunda. Esta suposición es válida para mí. La no inclusión de alusiones al cisma se debería al propósito de no tocar huevos temas y 5

5

Carta 3 6 5 .

Introducción

45

a u n a m á s fácil r e m o d e l a c i ó n del m a t e r i a l q u e se tenía a mano. La actividad d e Catalina e n Val d ' O r c i a , su t r a s l a d o a Florencia, sus días azarosos en esta c i u d a d , n o son óbice p a r a q u e ella d i c t a r a su libro. S a b e m o s q u e se hallaba d o t a d a d e u n g r a n p o d e r d e abstracción, afirmación q u e se c o r r o b o r a r e p a s a n d o la c a n t i d a d d e c a r t a s dictad a s e n la m i s m a época. Fray T o m á s d e Siena, Caffarini, dice e n su declaración: «En cuanto a la composición d e su libro, e n t r e otras cosas, había esto d e a d m i r a b l e e n esta v i r g e n : a u n q u e h u b i e s e n pasado algunos días sin d i c t a r p o r a l g u n a circ u n s t a n c i a especial, al r e e m p r e n d e r el d i c t a d o t a n p r o n to c o m o le e r a posible, recogía el hilo del p u n t o e n q u e lo había d e j a d o , c o m o si n o h u b i e r a h a b i d o i n t e r r u p ción. A d e m á s , c o m o a p a r e c e p a t e n t e e n el libro, a u n d e s p u é s d e h a b e r d i c t a d o varias hojas, r e s u m e las ideas principales c o m o si las cosas dichas o p o r d e c i r h u b i e r a n e s t a d o i g u a l m e n t e p r e s e n t e s e n su m e n t e , c o m o realm e n t e lo estaban» . 6

R e d a c c i ó n del libro De la d o c u m e n t a c i ó n a n t e r i o r , c o n n o ser m u y a b u n d a n t e , se d e d u c e q u e es insostenible la a n t i g u a teoría d e q u e El Diálogo fue d i c t a d o y r e d a c t a d o e n cinco días. El t e x t o d e Fr. R a i m u n d o e n q u e se a p o y a r o n p a r a afirm a r l o n o s dice q u e , d e s p u é s d e la paz d e Florencia c o n el p a p a , C a t a l i n a r e g r e s ó a Siena, y allí «se o c u p ó m á s dil i g e n t e m e n t e d e la c o m p o s i c i ó n d e l libro». C o m o la paz p o r p a r t e d e Florencia se hizo el 18 d e j u l i o d e 1378 y C a t a l i n a se había a u s e n t a d o ya e n a g o s t o , se sigue q u e t o d o el t i e m p o q u e t r a n s c u r r e d e s d e esas fechas h a s t a el 13 d e o c t u b r e se d e d i c ó la S a n t a m á s d i l i g e n t e m e n t e a su o b r a . Caffarini n o s h a b l a d e i n t e r r u p c i o n e s e n el d i c t a d o q u e d u r a b a n días, lo q u e r e a f i r m a la i r r e a l i d a d d e hab e r sido d i c t a d o e n cinco días. Los e l e m e n t o s constitutivos d e l c o n t e n i d o d e l libro n o son otros q u e la doctrina espiritual dispersa en sus Cartas 6

Processo castellano, e n Fontes vi toe S. Catharinae Senensis historia; Processo..., e d . P. Laurent e n 1 9 4 2 , p . 5 1 .

IX:

El Diálogo

46

y Oraciones y Soliloquios. La doctrina d e Cristo-Puente aparece bien especificada en la carta 272, con u n preced e n t e lejano y vago en Fr. Domingo Cavalca, que p u d o tomarla d e algún escritor anterior, pues él era, más bien, compilador. Catalina elaboró sobre esa idea una h e r m o s a doctrina, que constituye una d e sus más hermosas características. En cuanto a la inspiración del texto, hemos dicho lo suficiente e n la Introducción general bajo el epígrafe « Formación doctrinal». Me sería fácil anotar aquí muchas frases, párrafos y capítulos q u e rechazan o hacen innecesaria la inspiración. Pero sería alargar demasiado esta introducción. Confío q u e p r o n t o saldrá a luz un trabajo mío en q u e se a b o r d e esta cuestión. Se trata fundamentalmente de aquellos elementos introducidos en el m o m e n t o d e hacerse la recopilación, como son los resúmenes, cierre d e temas y planteamiento d e nuevas cuestiones. Catalina dirigió la refundición; p e r o debieron llevarla a cabo los a m a n u e n s e s o secretarios d u r a n t e los famosos cinco días (9 al 13 de octubre de 1378) en que dicen se compuso El Diálogo, q u e yo traduciría por «se dio forma al libro». Estos fueron principalmente tres: Barduccio Canigiani, Esteban d e C o r r a d o Maconi y Neri Pagliaresi, los tres seglares y discípulos d e la Santa. Maconi escribe d e sus relaciones con Catalina: «... después de Dios y de la Virgen María, nuestra Señora, estoy más obligado a la santa virgen [Catalina] q u e a otra criatura alguna del m u n d o ; y si alguna cosa d e virtud hay en mí, todo lo atribuyo a ella después d e Dios. De todo lo cual se sigue h a b e r tenido yo por algunos años particular conversación con ella más familiarmente que otros muchos, escribiendo sus cartas y parte de su libro, y sabiendo sus secretos, p o r q u e siempre m e a m ó con caridad de madre» . N o hay q u e excluir la intervención de los escribientes en la redacción, pues ella no sabía escribir. Ellos repasaron los escritos y revisaron las cartas que tenían a mano, originales o e n b o r r a d o r . Anteriores a la composición d e El Diálogo e n c o n t r a m o s , por ejemplo, la carta 141, en q u e 7

7

MACONI, Esteban d e C o r r a d o , Carta-declaración, en Santa Catalina de Siena, e d . P. Paulino Alvarez, O.P. (Vergara 1926) p.464.

Introducción

47

se t r a t a d e la d o c t r i n a d e la discreción, t e m a q u e se a b o r d a t a m b i é n e n las n ú m e r o s 67 y 2 1 3 ; la carta 21 c o n t i e n e la d o c t r i n a q u e c o r r e s p o n d e a los capítulos 31 al 3 3 ; las 93 y 94 son fáciles d e r e c o n o c e r t a m b i é n e n el libro. S i g u i e n d o la b ú s q u e d a d e posibles influencias d e los a m a n u e n s e s y secretarios e n la redacción d e El Diálogo, n o p o d e m o s m e n o s d e citar la carta escrita a Fr. Raim u n d o el 15 d e f e b r e r o d e 1380, e n q u e le hace u n a serie d e e n c a r g o s y r e c o m e n d a c i o n e s . U n a d e ellas es la sig u i e n t e : « T a m b i é n os r u e g o q u e el libro y t o d o escrito mío, vos, y Fr. B a r t o l o m é [Dominici], y Fr. T o m á s [della F o n t e ] , y el M a e s t r o [Tantucci] lo toméis e n vuestras m a n o s y haced d e él lo q u e veáis q u e sirva m á s p a r a el h o n o r d e Dios, j u n t a m e n t e con micer T o m á s [ B u o n conti 1; e n el cual [libro ] yo h e e n c o n t r a d o a l g ú n placer». Catalina p r e s e n t í a q u e n o viviría m u c h o t i e m p o . Esta r e c o m e n d a c i ó n d e su libro e r a d e j a r prácticam e n t e las m a n o s libres a Fr. R a i m u n d o p a r a r e t o c a r l o si había d e servir « p a r a el h o n o r d e Dios», p a l a b r a s q u e parecen indicar u n a profesión d e fe, es decir, q u e podía c o r r e g i r e n él aquello q u e p u d i e r a estar a m b i g u a o e r r ó n e a m e n t e escrito. L o q u e ella p r e t e n d í a , e n su h u m i l d a d , e r a q u e su libro sirviera p a r a el h o n o r d e Dios y p r o v e c h o d e las almas. N o consta e n d o c u m e n t o a l g u n o q u e e n él se hiciera c a m b i o o corrección a l g u n a , y n o c o m p r e n d e m o s las razones e n q u e se f u n d a ( n i n g u n a alega) el a u t o r d e la t r a d u c c i ó n francesa, Louis-Paul G u i g u e s , p a r a a s e g u r a r e n el Prefacio: «Los capítulos 115 a 118 m e p a r e c e n part i c u l a r m e n t e r e t o c a d o s con mala f o r t u n a y u n a ausencia total d e gusto» . Son capítulos d e d i c a d o s a p o n e r d e relieve la vida d e los malos ministros d e la Iglesia. Si ésa es la r a z ó n , n o tiene f u n d a m e n t o , p u e s Catalina conocía m u y bien el e s t a d o d e la sociedad eclesiástica y seglar d e su t i e m p o , y e n sus Cartas y Oraciones se e n c u e n t r a n vestigios claros d e q u e los fustigaba hasta d o n d e p o d í a . E n el códice C a s a n a t e n s e a d v i e r t e G. Cavallini la sup r e s i ó n d e las palabras «a mí» c u a n d o h a b l a el P a d r e 8

9

« Carta 3 7 3 . Le livre des Dialogues, suivi de Lettres, Éd. Seuil, Préface par LouisPaul Guigues (París 1953) p . 1 9 nt.6. 9

48

El Diálogo

e t e r n o refiriéndose al misterio eucarístico, lo que sería una impropiedad puestas en boca de Dios-Padre. Es una de las razones por las q u e Cavallini piensa que este códice es el d e mayor antigüedad, ya q u e el original desapareció.

Su división y contenido En los escritores anteriores a la invención de la imprenta, y aun por espacio d e m u c h o s años más, era corriente la presentación d e los códices y libros sin división alguna. Seguía el texto sin interrupción folios y folios, algunas veces desde la cabecera al colofón de la obra. A h o r a esto nos parece inexplicable. La mejor presentación y la comodidad para el lector obligaron a la división en capítulos y párrafos. La puntuación solía ser insuficiente, prestándose la lectura a diversas y aun contrarias interpretaciones. A ñ á d a s e la proliferación abusiva de las abreviaturas, algunas veces muy caprichosas y personales, y t e n d r e m o s el c u a d r o completo de la presentación externa de u n códice o d e u n incunable. El libro d e Catalina de Siena y sus copias siguió con estas características descritas. Pero muy poco después de la m u e r t e de la escritora se hizo la primera división, que fue en capítulos. Estos n o siempre coinciden en las diversas copias que se c o m e n z a r o n a difundir. No tardó, sin embargo, en adoptarse la hecha en 167 capítulos. Esta división ha sido muy criticada por artificiosa y porque algunos capítulos llevan u n a titulación de poca relación con su contenido. A la división en capítulos sucedió la división en «tratados» ya en las primeras ediciones impresas. Influyeron en ella las referencias que aparecen en El Diálogo a los tratados d e la resurrección (c.62), d e la oración (c.72), de las lágrimas (c.154), etc. Hacen notar los críticos que también esta división carece de fundamento real en la obra y q u e la palabra «tratado» que en ella se emplea debe ser traducida por «lo tratado». Creo, sin embargo, que recupera su v e r d a d e r o sentido al reconocer que el libro es una recopilación d e tratados. Ninguna división en tratados ha tenido fortuna, pero

Introducción

49

sí la h e c h a e n capítulos. Las p r i m e r a s e d i c i o n e s i m p r e s a s c o n s t a b a n d e u n a i n t r o d u c c i ó n y seis t r a t a d o s . M u c h o s f r a n c e s e s d i v i d i e r o n la o b r a e n c u a t r o t r a t a d o s . Los d o m i n i c o s d e A t o c h a a b a n d o n a r o n la p a l a b r a « t r a t a d o » y la s u s t i t u y e r o n p o r «diálogo», p o n i e n d o el n ú m e r o d e o n c e . O t r o s franceses m á s m o d e r n o s se fijaron e n las c u a t r o p r e g u n t a s q u e a p a r e c e n e n el p á r r a f o final d e l capítulo p r i m e r o , q u e v i e n e a ser u n a especie d e b o c e t o d e lo q u e s e r í a n las r e s p u e s t a s q u e d a r í a el S e ñ o r a ellas. Catalina d e b i ó h a c e r su e s q u e m a , acaso r u d i m e n t a r i o , d e c a d a escrito suyo. Al r e u n i r l o s y o r d e n a r l o s se siguió u n p l a n . T r a s d e él a n d a n los i n v e s t i g a d o r e s . C r e e m o s , sin e m b a r g o , q u e n i n g u n o lo h a e n c o n t r a d o satisfactor i a m e n t e , p o r q u e éste fue u n libro q u e se fue escrib i e n d o p o c o a p o c o , al q u e se le fue a ñ a d i e n d o n u e v o m a t e r i a l . El m a n u s c r i t o estaba e n m a n o s d e u n a c o n d e s a , n o tal c o m o a p a r e c e a n u e s t r a vista, e n la p r i m a v e r a d e 1378, y C a t a l i n a lo r e c l a m ó , sin d u d a p a r a c o m p l e t a r l o . D e s p u é s se lo volvió a r e c l a m a r a F r a n c i s c o d e Pipino, p u e s lo h a b í a d e j a d o e n F l o r e n c i a , y d i o la r a z ó n d e s e g u i r e s c r i b i e n d o e n él. D e s d e el m e s d e a g o s t o hasta la c o n c l u s i ó n definitiva e n el m e s d e o c t u b r e se aplicó la e s c r i t o r a a r e d a c t a r l e y d a r l e f o r m a definitiva «más d i l i g e n t e m e n t e » , c o m o a s e g u r a Fr. R a i m u n d o . El e s q u e m a inicial se d e b i ó ir a m p l i a n d o y c o m p l i c a n d o d e agosto a o c t u b r e y acaso m o d i f i c a n d o , ya e n Siena, c o n m a y o r t r a n q u i l i d a d . H a y u n a frase e n la biografía escrita p o r Fr. R a i m u n d o q u e p a r e c e a s e g u r a r n o s q u e Catalina n o escribió al a z a r , s e g ú n le venía e n g a n a o e r a i n s p i r a d a p o r el espíritu, sino q u e llevaba intencionalid a d , su p l a n . Es ésta: « T a m b i é n e n el libro q u e escribió no olvidó c o n s a g r a r a este t e m a u n l a r g o t r a t a d o y varios capítulos bien c o n o c i d o s d e los q u e leen esta o b r a » . Se r e f i e r e al t e m a d e la p r o v i d e n c i a . , 0

C r e o q u e hay de interferencia xión y paso de p r u e b a más de dactados, unas 1 0

q u e a c e p t a r q u e e n El Diálogo hay zonas e n t r e sus d i v e r s a s p a r t e s y q u e la c o n e u n a s a o t r a s es a veces artificiosa, u n a hallarse r e u n i d o s t e m a s d i v e r s o s ya r e veces u t i l i z a n d o las r e c a p i t u l a c i o n e s , y

R A I M U N D O DE C A F U A , Vida

I

c.10.

El Diálogo

50

otras por las p r e g u n t a s q u e se hacen en las acciones d e gracias p o r las enseñanzas recibidas. La división que aceptamos en la presentación d e esta edición española es la q u e nos d a Giuliana Cavallini en su edición d e R o m a de 1968. La q u e ella p r o p o n e es totalmente nueva, f u n d a m e n t a d a en la estructura d e la obra. Nos parece la mejor, y hasta posiblemente la presidió la reorganización de materiales para la redacción definitiva del libro, si bien no siempre es coincidente con los tres elementos q u e han llevado a Cavallini a esta conclusión. Ella explica así su teoría: «Debo confesar q u e el " d e s c u b r i m i e n t o " del e s q u e m a d e El Diálogo lo he hecho, por decirlo así, casualmente. Repasaba el índice d e los capítulos, c u a n d o m e llamó la atención la sucesión de tres elementos: petición, respuesta, agradecimiento. Fue como u n rayo d e luz repentino: vi q u e aquélla e r a la clave del auténtico esquem a de £7 Diálogo. Y así era lógico: ¿cómo debería articularse u n a obra en forma dialogada a no ser a l t e r n a n d o los interlocutores, p r o p o n i e n d o el a r g u m e n t o , exponiéndolo y agradeciendo la respuesta y, a la vez, e m p e zar u n a nueva cuestión? Esto parecía tan evidente, que se hacía casi imposible pensar q u e a nadie se le hubiera o c u r r i d o antes» " . Cavallini se dio cuenta de q u e cada cuestión d e importancia se concluye con u n a recapitulación o resum e n . Advirtió también q u e el códice Casanatense contiene, dibujadas en n e g r o , unas grandes iniciales, q u e se hallan al principio d e cada parte: indicativo de su división. El esquema d e Cavallini la ha llevado a la división de la obra en diez g r a n d e s apartados, q u e van del p r o e m i o a la conclusión. N o la r e p r o d u c i m o s aquí por hallarse bien claros, con sus títulos generales y subdivisiones en el índice que precede a esta edición. Encuentra ella que esta división se adapta perfectamente a la carta 272, esbozo de El Diálogo, y q u e se halla conforme con los estudios del gran especialista Dupré-Theseider. Según mi parecer, éste es en general el esquema que presidió la recopilación de los escritos d e la Santa. 11

CAVALLINI, Giuliana, // Dialogo ( R o m a 1968); ¡ntroduzione

p.xiv.

Introducción

51

L a división a d o p t a d a nos a h o r r a d e h a b l a r d e l c o n t e n i d o d e l libro. H a b l a r d e él sería p o c o m á s q u e r e p e t i r el Índice. H e m o s i n d i c a d o e n la Introducción generai q u e los inv e s t i g a d o r e s d e s e a r í a n hallar la idea s o b r e la q u e g i r a n t o d a s las d e m á s c o m o c o n s e c u e n c i a s lógicas, c o m o plan e t a s a l r e d e d o r d e l sol. P e r o ésta n o la e n c o n t r a r á n , p u e s son m u c h a s las luces q u e a l u m b r a n a Catalina inter i o r m e n t e , y p o r eso pasa d e u n a a o t r a c o n g r a n facilid a d , s a b i e n d o q u e e n c u a l q u i e r caso n u n c a se p u e d e salir d e l círculo d e la e t e r n a V e r d a d , p o r s e g u i r u n a aleg o r í a u s a d a p o r la S a n t a . Dios lo es t o d o e n ella, c o m o la g r a n c i r c u n f e r e n c i a q u e la r o d e a , y lo m i s m o le d a volv e r a u n a p a r t e o a o t r a : s i e m p r e se e n c o n t r a r á c o n El, la s u p r e m a V e r d a d . L o d e m á s son r e s a b i o s academicistas, e n m o d o a l g u n o aplicables a q u i e n n o s u p o d e acad e m i a s , d e u n i v e r s i d a d e s , ni o t r a lógica q u e la d e l cor a z ó n m o v i d o p o r el a m o r .

La p r e s e n t e t r a d u c c i ó n P a r a la t r a d u c c i ó n d e El Diálogo h e m o s e l e g i d o la e d i ción p r e p a r a d a p o r G i u l i a n a Cavallini, q u e r e p r o d u c e f i e l m e n t e el t e x t o d e l c ó d i c e 2 9 2 d e la Biblioteca Casan a t e n s e , d e R o m a . Es u n copia d e l o r i g i n a l p e r d i d o . Está escrito e n p a p e l d e l siglo x i v , a p á g i n a e n t e r a , d e 14 x 21 c e n t í m e t r o s , e n letra m i n ú s c u l a gótica italiana d e fácil l e c t u r a , c o n iniciales a p l u m a , e n tinta n e g r a . Es i n t e r e s a n t e la fijación d e la fecha d e esta copia, q u e está a c o m p a ñ a d a d e u n a colección d e c a r t a s escritas p o r C a t a l i n a . P o r las c a r t a s d e esta colección se p u e d e d e d u cir la fecha e n q u e fue escrito el c ó d i c e . E n t r e ellas hay d o s : u n a a P i e r o C a n i g l i a n i , e n F l o r e n c i a , c o n la apostilla, « m í o p a d r e s e g ú n la c a r n e » ; la s e g u n d a va d i r i g i d a a m i c e r Ristoro C a n i g i a n i , « h e r m a n o m í o s e g ú n la carn e » . D e esta r e f e r e n c i a se infiere q u e la t r a n s c r i p c i ó n d e estas c a r t a s está h e c h a p o r u n o d e los s e c r e t a r i o s d e la S a n t a , B a r d u c c i o C a n i g i a n i , a q u i e n h e m o s h e c h o refer e n c i a c o m o u n o d e los tres a m a n u e n s e s d e El Diálogo. B a r d u c c i o sobrevivió a C a t a l i n a u n o s d o s a ñ o s . La fecha d e l c ó d i c e , p o r t a n t o , d a t a d e esa fecha. L u e g o el códice

52

El

Diálogo

fue escrito e n t r e el o t o ñ o d e 1378 (conclusión d e £ ¿ Diálogo) y el 8 de diciembre d e 1382, fecha d e la m u e r t e d e Barduccio. Es probable, por tanto, q u e el códice fuera escrito e n t r e 1379 y 1382, lo q u e hace posible que la escritora tuviera en sus m a n o s esta copia, sin que se p u e d a decir n a d a más sobre el particular. El códice fue escrito p o r varias m a n o s , pero todas c o n t e m p o r á n e a s d e Barduccio. En la misma colección de cartas se e n c u e n t r a n otras tres más a Ristoro, q u e no llevan la referencia d e ser h e r m a n o suyo, sino la d e «doctor en decretales»; son las 8, 18 y 20 , lo q u e indica q u e fueron transcritas p o r o t r o a m a n u e n s e . Estas conclusiones históricas h a n inducido a Cavallini a c r e e r q u e ésta es la copia más antigua. Ella ha hecho la transcripción italiana con toda minuciosidad y la publica con u n a serie d e notas comparativas con los otros tres códices más autorizados q u e se conservan d e El Diálogo: Senense, Estense y Fedele. Las notas le p o n e n u n sello de garantía, de m o d o q u e p o d e m o s pensar que nos hallamos frente a un texto muy p r ó x i m o al original perdido. 12

* * *

N o soy yo q u i e n d e b e valorar mi trabajo. Lo q u e sí p u e d o a s e g u r a r es q u e lo he realizado con cariño y no poco esfuerzo, i n t e n t a n d o u n a versión clara y fiel. H e p r o c u r a d o ser parco en notas; p e r o n o tanto q u e dejen de señalarse las alusiones autobiográficas, citas d e la Sagrada Escritura y otros detalles q u e p u e d e n ser d e utilidad al lector o al investigador. T e n g o g r a n respeto a los q u e h a n trabajado antes q u e yo sobre esta o b r a . Por ello he conservado no sólo la división en capítulos, sino los títulos, q u e d e o t r o m o d o habría q u e colocar en apéndice. Por o t r a parte, j u z g o que esos mismos títulos, por lo general, r e s p o n d e n al contenido, a u n q u e haya algunos q u e carezcan d e esta cualidad. C o n ello h e p r e t e n d i d o q u e el lector se vea más p r ó x i m o al texto d e El Diálogo como se presentó 1 2

Ibid., p . x x x v i - x x x v n .

Introducción

53

b i e n p o c o s a ñ o s d e s p u é s d e la m u e r t e d e su a u t o r a . N o h e q u e r i d o h a c e r c o n El Diálogo lo q u e t a n t o se h a h e c h o c o n los c u e r p o s d e los santos, d e s p e d a z a r l o s p o r d e v o c i ó n p a r a d i s t r i b u i r s u s r e l i q u i a s . El l e c t o r se e n c o n t r a r á m e n o s d e s o r i e n t a d o q u e si se le p u s i e r a n divisiones y subdivisiones q u e n o esclarecen d e m a s i a d o . Para ello v a l e m e j o r el í n d i c e a n a l í t i c o , q u e h e p r o c u r a d o h a c e r lo m á s c o m p l e t o p o s i b l e . C r e o q u e la d i v i s i ó n a c e p t a d a d e C a v a l l i n i n o e s t o r b a n u e s t r o p r o p ó s i t o , s i n o q u e lo p e r f e c c i o n a . L a d i s p o s i c i ó n t i p o g r á f i c a s e ñ a l a , c o m o lo h a c e C a vallini, el c a m b i o d e i n t e r l o c u t o r e n el d i á l o g o p o r m e d i o d e u n a l í n e a g r u e s a al p r i n c i p i o y fin d e c a d a p a r l a mento.

M a d r i d , 29 d e abril d e

S e g ú n t e s t i m o n i o d e sus discípulos, Catalina de Siena dict a b a sin dificultad a t r e s a m a n u e n s e s a la vez; e n o c a s i o n e s , sobre temas diferentes.

1980.

P R O E M I O 1 [El a l m a c o n o c e a D i o s p o r l a o r a c i ó n . — E s t a a l m a d e q u e aquí se habla, h a l l á n d o s e e n c o n t e m p l a c i ó n , hizo a Dios c u a t r o peticiones. ]

C u a n d o u n a l m a se e l e v a a Dios c o n a n s i a s d e a r d e n tísimo d e s e o d e h o n o r a El y d e la salvación d e las alm a s , se ejercita p o r a l g ú n t i e m p o e n la v i r t u d . Se a p o s e n t a e n la c e l d a d e l c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a y se h a b i t ú a a ella p a r a m e j o r e n t e n d e r la b o n d a d d e Dios; p o r q u e al c o n o c i m i e n t o s i g u e el a m o r , y, a m a n d o , p r o c u r a ir e n p o s d e la v e r d a d y r e v e s t i r s e d e ella. Y p o r q u e d e n i n g ú n o t r o m o d o g u s t a y es i l u m i n a d a t a n t o d e e s a v e r d a d c o m o p o r la o r a c i ó n h u m i l d e y c o n t i n u a d a , f u n d á n d o s e e n el c o n o c i m i e n t o d e sí y d e Dios, al e j e r c i t a r s e e n ella d e l m o d o d i c h o , e s e a l m a se u n e a Dios s i g u i e n d o las h u e l l a s d e C r i s t o c r u c i f i c a d o . D e e s t a m a n e r a , p o r el d e s e o p e r f e c t o y la u n i ó n d e a m o r , h a c e d e El u n « o t r o yo». E s t o p a r e c e q u e significaba C r i s t o c u a n d o dijo: «A q u i e n m e a m e y a t i e n d a m i s p a l a b r a s , a ése m e m a n i f e s t a r é yo m i s m o , y s e r á u n a cosa c o n m i g o , y yo c o n él» '. E n o t r o s l u g a r e s e n c o n t r a m o s p a l a b r a s s e m e j a n t e s . P o r ellas p o d e m o s v e r q u e es c i e r t o q u e , p o r el afecto d e l a m o r , el a l m a se c o n v i e r t e e n o t r o El. P a r a v e r l o c o n m á s c l a r i d a d , r e c u e r d o h a b e r o í d o d e u n a s i e r v a d e Dios , h a l l á n d o s e e n altísima o r a c i ó n , c o n g r a n e l e v a c i ó n d e su e s p í r i t u , q u e Dios n o o c u l t a b a a los ojos d e su i n t e l i g e n c i a el a m o r q u e t i e n e a s u s s e r v i d o r e s , s i n o , m á s b i e n , se lo m a n i f e s t a b a . L e d e c í a e n t r e o t r a s cosas: A b r e los ojos d e la i n t e l i g e n c i a y m i r a a d e n t r o d e m í , y v e r á s la d i g n i d a d y belleza d e m i c r i a t u r a , la r a c i o n a l . E n t r e la b e l l e z a q u e h e d a d o al a l m a al c r e a r l a a i m a g e n y s e m e j a n z a m í a , o b s e r v a q u e se halla v e s t i d a c o n la v e s t i d u r a n u p c i a l d e la c a r i d a d , a d o r n a d a d e m u c h a s y v e r d a d e r a s v i r t u d e s : está u n i d a c o n m i g o p o r el 2

1

2

Jn

14,23.

M o d o d i s c r e t o d e referirse a sí m i s m a .

El Diálogo

56

amor. Y, sin embargo, te digo que, si me preguntases quiénes son, contestaría —decía el dulce y amoroso Verbo— que son «otro yo», ya que han perdido y ahogado su propia voluntad y la han vestido, unido y acomodado a la mía. Es cierto, por tanto, que el alma se une a Dios por afecto de amor. Como ella quería conocer y seguir la verdad más resueltamente, dio ella misma impulso a su primer deseo, considerando que no puede ser útil al prójimo en la doctrina, el ejemplo y oración si primero no es útil a sí misma, es decir, sin primero tener y adquirir la virtud d e n t r o de sí; e hizo al sumo y eterno Padre cuatro peticiones. La primera era por sí misma. La segunda, por la reforma de la santa Iglesia. La tercera, por todo el m u n d o en general, y particularmente por la pacificación de los cristianos rebeldes, con gran falta de reverencia y persecución de la santa Iglesia . En la cuarta pedía a la divina Providencia que socorriese de modo general a todos, y en particular en cierto caso que había sucedido. 3

2 [El d e s e o d e a q u e l l a a l m a creció al m o s t r a r l e Dios las n e c e sidades del m u n d o . ]

Grande y continuo era el deseo, pero creció más cuando la Verdad primera le mostró las necesidades del m u n d o y la confusión y ofensas a Dios en que el m u n d o incurría. También lo había comprendido por una carta del Padre de su alma en la que le manifestaba pena y dolor insufribles por las ofensas a Dios, d u e ñ o de las almas, y la persecución a la santa Iglesia. T o d o esto le encendía el fuego del santo deseo, con dolor por 1

2

3

Se refiere a las turbulencias y matanzas d e los seguidores y contradictores d e U r b a n o VI. En el cisma h u b o m u c h a parte d e política mundana. 1

«Verdad primera» es sinónimo de Dios en el lenguaje d e Catalina. «Padre del alma» significa aquí confesor habitual. Posteriormente se le llamaría «director espiritual». 2

Proemio

57

las ofensas y con e s p e r a n z a d a alegría, p o r la q u e confiaba q u e Dios había d e s o c o r r e r tantos m a l e s . Y c o m o p a r e c e q u e e n la c o m u n i ó n se u n e m á s d u l c e m e n t e a Dios y c o n o c e m e j o r su v e r d a d —ya q u e e n t o n ces el alma está e n Dios y Dios e n el a l m a al m o d o q u e el pez está e n el m a r y el m a r está e n el pez — , le vino p o r ello el d e s e o d e q u e llegase la m a ñ a n a p a r a ir a la santa misa. A q u é l e r a el día d e María . L l e g a d a la m a ñ a n a y la h o r a d e la misa, le invadió u n a g r a n ansia y u n g r a n r e c o n o c i m i e n t o d e lo q u e e r a , avergonzándose d e su imperfección. Le parecía ser ella la causa d e t o d o el mal q u e se hacía p o r t o d o el m u n d o , c o n c i b i e n d o o d i o y disgusto d e sí misma, j u n t o c o n d e seos d e q u e se hiciera justicia. Por aquel r e c o n o c i m i e n to, o d i o y justicia d e s e a d o s purificaba las m a n c h a s y culpas q u e le parecían existir. C i e r t a m e n t e q u e ese r e c o n o c i m i e n t o le invadía el a l m a c u a n d o decía. ¡Oh P a d r e e t e r n o ! , yo m e vuelvo a ti p a r a q u e castigues las ofensas e n este t i e m p o p e r e c e d e r o . Y, p u e s to q u e soy la causa d e las p e n a s q u e m i p r ó j i m o d e b e sufrir e n r a z ó n d e mis p e c a d o s , te suplico b e n i g n a m e n t e q u e las castigues e n mí. 3

4

3

Símil b i e n l o g r a d o p a r a i n d i c a r la p r e s e n c i a d e Dios e n el a l m a y la m o r a d a d e l a l m a e n Dios p o r la c a r i d a d . «Día d e M a r í a » , es d e c i r , s á b a d o d e d i c a d o a la V i r g e n . 4

N a c i m i e n t o d e Catalina y d e su h e r m a n a gemela.

LA D O C T R I N A DE LA P E R F E C C I Ó N

EXCELENCIA prójimo. —El pecado. discreción. ]

DEL

—Las virtudes.

DESEO

—El árbol de la virtud.

—La

3 [Las obras finitas, de por sí, no son suficientes para castigar o premiar sin el afecto continuo de la caridad.] E n t o n c e s la V e r d a d e t e r n a a r r e b a t ó y atrajo hacia sí con m á s fuerza los a n h e l o s del alma, o b r a n d o c o m o e n el A n t i g u o T e s t a m e n t o ', p o r q u e e n t o n c e s c u a n d o se ofrecían sacrificios a Dios, bajaba fuego y atraía hacia sí la o f r e n d a q u e le e r a a g r a d a b l e . La d u l c e V e r d a d hizo lo m i s m o con aquel alma, d e m o d o q u e envió el fuego c l e m e n t e del Espíritu Santo y recogió el sacrificio d e los deseos q u e ella tenía y le dijo: ¿ N o sabes, hija mía, q u e todas las p e n a s q u e p u e d e sufrir el a l m a e n esta vida n o son suficientes p a r a p o d e r ser castigo d e u n a p e q u e ñ a culpa? P o r q u e la ofensa q u e se hace a mí, Bien infinito, requiere u n a satisfacción infinita. Por eso quiero que sepas q u e n o todos los sufrim i e n t o s s o b r e v i e n e n e n esta vida p o r vía d e castigo, sino p a r a facilitar la e n m i e n d a y avisar al hijo q u e peca. La v e r d a d es ésta: q u e se satisface con el d e s e o del alma, esto es, c o n la v e r d a d e r a contrición y a b o r r e c i m i e n t o del p e c a d o . La contrición v e r d a d e r a satisface p o r la culp a y p o r la p e n a ; n o p o r el d o l o r finito q u e se sufre, sino p o r el d e s e o infinito. Dios, q u e es infinito, q u i e r e a m o r y d o l o r infinitos. Por dos motivos q u i e r e el d o l o r infinito: u n o , p o r la propia ofensa c o m e t i d a c o n t r a su c r e a d o r ; el o t r o , p o r la ofensa q u e se h a c e al p r ó j i m o . E n c u a n t o a los q u e tienen d e s e o infinito, es decir, q u e se hallan u n i d o s a mí p o r afecto d e a m o r —por eso se d u e l e n c u a n d o pecan o ven pecar—, la p e n a q u e sufren, espiritual o c o r p o r a l , 1

1 Crón

18,28.

La doctrina

de la

perfección

59

v e n g a d e d o n d e v e n g a , t i e n e m é r i t o infinito y satisface p o r la c u l p a , q u e m e r e c í a p e n a infinita, a u n p r e s u p o n i e n d o q u e sus o b r a s s e a n finitas, h e c h a s e n t i e m p o finito. P e r o p o r s e r p r a c t i c a d a la v i r t u d y s u f r i d a la p e n a c o n g u s t o y c o n a b o r r e c i m i e n t o infinito d e l p e c a d o , p o r e s o t i e n e t a n t o valor. E s t o lo d e m o s t r ó P a b l o c u a n d o dijo: «Si t u v i e s e l e n g u a d e á n g e l e s , c o n o c i e s e las cosas f u t u r a s , d i e s e lo m í o a los p o b r e s y m i c u e r p o a la h o g u e r a , si n o t u v i e r e c a r i d a d , d e n a d a m e valdría» . E n s e ñ a el g l o r i o s o A p ó s t o l q u e las o b r a s finitas, sin el c o n d i m e n t o d e l afecto d e la c a r i d a d n o son suficientes ni p a r a e x p i a r ni p a r a r e compensar. 2

4 [El d e s e o , j u n t o c o n l a c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n , s a t i s f a c e p o r l a c u l p a y p o r la p e n a p r o p i a s , y t a m b i é n p o r la d e l o s d e ­ m á s . — A l g u n a s v e c e s s a t i s f a c e p o r la c u l p a , p e r o n o p o r l a pena. 1

T e h e m o s t r a d o , c a r í s i m a hija, c ó m o la c u l p a n o se e x p í a e n este t i e m p o finito p o r n i n g u n a p e n a q u e se s u f r a , p o r ser p e n a . Se e x p í a c o n la p e n a q u e se s u f r e j u n t o c o n el d e s e o , a m o r y c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n , n o e n r a z ó n d e la p e n a , s i n o d e l d e s e o d e l a l m a ; lo m i s m o q u e el d e s e o y t o d a v i r t u d t i e n e n v a l o r y vida e n sí p o r m e d i o de C r i s t o , m i Hijo u n i g é n i t o , e n c u a n t o q u e el a l m a se h a g a n a d o su a m o r y p o r m e d i o d e la v i r t u d sig u e s u s h u e l l a s . D e e s t e m o d o t i e n e n valor, y n o d e o t r o . P o r la m i s m a r a z ó n , las p e n a s satisfacen p o r la c u l p a a c a u s a d e l a m o r d u l c e y u n i t i v o , a d q u i r i d o e n el d u l ce c o n o c i m i e n t o d e m i b o n d a d y e n la a m a r g u r a y c o n t r i c i ó n d e m i c o r a z ó n , c o n o c i é n d o s e u n o a sí m i s m o y c o n o c i e n d o sus p r o p i a s c u l p a s . E s t e c o n o c i m i e n t o e n g e n d r a o d i o y a b o r r e c i m i e n t o d e l p e c a d o y d e los p r o pios s e n t i d o s , p o r lo q u e se j u z g a d i g n o d e las p e n a s e i n d i g n o d e la r e c o m p e n s a . P o r c o n s i g u i e n t e — d e c í a la d u l c e V e r d a d — , m i r a c ó m o p o r la c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n , c o n a m o r a la v e r d a d e r a p a c i e n c i a y c o n la v e r d a d e r a h u m i l d a d , j u z g á n d o s e p o r ella d i g n o s d e la p e n a e i n d i g n o s d e la r e c o m p e n s a , s u f r e n c o n p a c i e n c i a . Así c o m p r e n d e s el m o d o d e satisfacer. 2

1 Cor 13,1-3.

60

El Diálogo

Me pides sufrimientos para satisfacer las ofensas q u e m e hacen las criaturas y que te c o n c e d a el deseo de con o c e r q u e soy la s u p r e m a V e r d a d , y el d e s e o d e a m a r m e . El camino p a r a desear la consecución del verd a d e r o conocimiento y de a m a r m e a mí, Vida eterna, es éste: q u e n o te apartes nunca del conocimiento de ti m i s m a ; / q u e bajes al valle de la h u m i l d a d y]me reconozcas a m í e n ti. De este conocimiento deducirás lo q u e te es preciso y necesario. N i n g u n a virtud p u e d e tener vida e n sí si no p r o c e d e de la caridad. La h u m i l d a d es su a m a y nodriza. Por el conocimiento d e ti misma te humillarás al ver q u e «de por ti» no eres, y conocerás q u e tu ser viene de mí, q u e os he a m a d o antes de que existieseis. Por el inexplicable a m o r q u e os tuve, q u e r i e n d o crearos d e nuevo por la gracia, os he lavado y vuelto a c r e a r en la sangre de mi Hijo unigénito, d e r r a m a d a con tanto fuego de a m o r . Esta s a n g r e hace conocer la v e r d a d a quien se le haya quitado la n u b e del a m o r propio p o r el conocimiento de sí mismo, p u e s d e otro m o d o n o la p o d r í a alcanzar. Entonces el alma se e n c e n d e r á en u n a m o r inefable a causa d e este conocimiento sobre mí. Por él se halla en continuo sufrimiento; no aflictivo, q u e a t o r m e n t e o le p r o duzca aridez, sino el que hace p r o g r e s a r . Pero c o m o ha conocido mi V e r d a d , su propia culpa y la ingratitud y c e g u e r a del prójimo, padece t o r t u r a s intolerables, y, consiguientemente, sufre, p o r q u e ama, pues, si no amase, no sentiría dolor. En c u a n t o tú y los otros servidores míos hayáis conocido mi verdad por este medio, p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e , tendréis que sufrir hasta la m u e r t e muchas tribulaciones, injurias, improperios de palabra y d e obra. Por tanto, sufrirás y padecerás penalidades. Sufrid, pues, tú y los demás servidores míos, con verd a d e r a paciencia, dolor de la culpa y a m o r a la virtud, por la gloria y alabanza de mi n o m b r e . O b r a n d o así q u e d a r á n satisfechas tus culpas y las de los d e m á s servidores míos, de m o d o q u e las penas q u e habéis d e soportar serán suficientes, por medio d e la virtud de la caridad, p a r a satisfacer y merecer el p r e m i o para vosotros y para otros. Para vosotros: una vez b o r r a d a s las m a n c h a s originadas p o r vuestras ignorancias, recibiréis, p o r los

La doctrina

de la

perfección

61

s u f r i m i e n t o s , el p r e m i o d e la v i d a y ya n o m e a c o r d a r é m á s d e q u e m e h a b é i s o f e n d i d o ; para otros: p o r los mism o s s u f r i m i e n t o s d a r é lo q u e se h a satisfecho p o r v u e s t r a c a r i d a d y v u e s t r o a f e c t o , y lo d a r é e n c o n f o r m i d a d c o n la d i s p o s i c i ó n c o n q u e lo r e c i b a n . E n c o n c r e t o : a q u i e n e s se d i s p o n g a n h u m i l d e m e n t e y c o n r e v e r e n c i a a r e c i b i r la d o c t r i n a d e m i s s e r v i d o r e s , les p e r d o n a r é la c u l p a y la p e n a . ¿ C ó m o ? P o r la a c e p t a c i ó n l l e g a r á n al v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o y c o n t r i c i ó n d e sus p e c a d o s , d e m o d o q u e a t r a v é s d e l i n s t r u m e n t o d e la o r a c i ó n y d e s e o d e m i s s e r v i d o r e s r e c i b i r á n los f r u t o s d e g r a c i a al a c e p t a r l o s c o n h u m i l d a d ; m á s o m e n o s s e g ú n q u i e r a n utilizar la g r a c i a p a r a la v i r t u d . C u i d a n o sea t a n t a su o b s t i n a c i ó n q u e q u i e r a n s e r r e p r o b a d o s p o r mí a c a u s a d e la d e s e s p e r a c i ó n , m e n o s p r e c i a n d o la s a n g r e , p o r la q u e c o n t a n t a d u l z u r a h a n sido n u e v a m e n t e c o m prados. ¿ Q u é r e c o m p e n s a r e c i b i r á n ? L a r e c o m p e n s a es q u e yo e s p e r o p o r ellos, o b l i g a d o p o r la o r a c i ó n d e mis s e r v i d o r e s , y les d o y luz; h a g o q u e d e s p i e r t e el p e r r o d e su c o n ciencia, les h a g o p e r c i b i r el p e r f u m e d e la v i r t u d y e n c o n t r a r p l a c e r e n el t r a t o c o n m i s s e r v i d o r e s . T a m b i é n a l g u n a s veces p e r m i t o q u e se les p r e s e n t e el m u n d o tal c u a l es, s i n t i e n d o d i v e r s a s y v a r i a d a s aficiones p a r a q u e c o n o z c a n la p o c a firmeza d e l m u n d o y se l e v a n t e n a b u s c a r su p a t r i a , la v i d a e t e r n a . P o r e s t o s y m u c h o s o t r o s m o d o s q u e a la m i r a d a h u m a n a r e s u l t a difícil c o m p r e n d e r y ni l e n g u a p u e d e n a r r a r ni c o r a z ó n p e n sar c o n o c e n c u á n t o s s o n los c a m i n o s y m o d o s q u e , p o r p u r o a m o r , utilizo p a r a llevarles a la g r a c i a a fin d e q u e m i v e r d a d t e n g a e n ellos p l e n i t u d . M e e n c u e n t r o o b l i g a d o a h a c e r l o p o r la i n e s t i m a b l e c a r i d a d c o n q u e los c r e é y p o r la o r a c i ó n d e m i s s e r v i d o r e s , p u e s n o m e n o s p r e c i o las l á g r i m a s , s u d o r e s y o r a c i ó n h u m i l d e , sino q u e las a c e p t o , p o r q u e soy yo m i s m o q u i e n les h a g o a m a r y d o l e r s e d e l d a ñ o d e las a l m a s . A estos tales n o se les c o n c e d e satisfacción d e la p e n a e n g e n e r a l ; p e r o sí d e la c u l p a , p o r n o h a l l a r s e , p o r su p a r te, p r e p a r a d o s p a r a a c o m o d a r s e c o n a m o r p e r f e c t o al a m o r m í o y d e mis s e r v i d o r e s y p o r n o llevar su d o l o r 1

1 Cor 2,9.

El Diálogo

62

con a m a r g u r a y contrición perfecta p o r el pecado cometido, sino d e u n a m a n e r a imperfecta. Por eso no obtienen ni reciben la satisfacción d e la p e n a c o m o los otros, a u n q u e sí d e la culpa, puesto q u e se requiere p r e paración d e u n a y o t r a p a r t e , es decir, d e quien d a y d e quien recibe. C o m o son imperfectos, reciben d e m o d o imperfecto la perfección del deseo d e los q u e presentan sus sufrimientos p o r ellos ante mi presencia. ¿Por qué dije que recibían satisfacción y hasta que se les había concedido? Así es en efecto, p u e s del m o d o q u e te he dicho y p o r los medios ya e n u m e r a d o s d e la luz d e la conciencia y p o r otras cosas, q u e d a satisfecha la culpa; es decir, c u a n d o comienzan a conocerse, vomitan la pod r e d u m b r e d e sus pecados, y así reciben el d o n d e la gracia. Estos son los q u e se hallan e n la caridad común. Si h a n aceptado p a r a su e n m i e n d a lo q u e se le ha d a d o y no han hecho resistencia a la clemencia del Espíritu Santo, adquieren p o r ello la vida d e la gracia y salen d e la culpa. Pero si, c o m o ignorantes, son desagradecidos y olvidadizos para c o n m i g o y con los sufrimientos de mis servidores, se les convierte bien p r o n t o en r u i n a y motivo de juicio aquello mismo q u e imploraba misericordia para el ingrato; solamente a causa d e su miseria y d u r e za. Esos tales, con la m a n o d e su libertad, p o n e n en su corazón la p i e d r a d i a m a n t e , q u e , si n o se r o m p e con la sangre, no se p u e d e r o m p e r d e otro m o d o . T e digo más: q u e , a pesar d e su d u r e z a , mientras tengan tiempo y p u e d a n usar d e su libre albedrío, si t o m a n con esa misma m a n o la sangre d e mi Hijo y la p o n e n sobre la d u r e z a d e su corazón, lo q u e b r a n t a r á n y recibirán el premio d e la sangre p a g a d a p o r ellos. Pero, si se abandonan, u n a vez pasado el tiempo, n o hay ya r e m e dio alguno, pues n o h a n devuelto el patrimonio otorgado por mí al darles la memoria, p a r a q u e recordasen mis beneficios; el entendimiento, p a r a q u e viesen y conociesen la verdad, y la voluntad, p a r a q u e m e a m a s e n a mí, Verdad eterna, conocida p o r el e n t e n d i m i e n t o . 2

2

En la E d a d Media, c o m ú n m e n t e se a t r i b u í a u n especial p o d e r espiritual a la s a n g r e (cf. VICENTE DE BEALVAIS, Speculvm naturale L 8).

La doctrina de la perfección

63

Este es el p a t r i m o n i o q u e os d i , q u e d e b e volver a m i P a d r e . H a b i é n d o l o v e n d i d o y d a d o d e b a r a t o al d e m o nio, a éste n o le i m p o r t a q u e a la m u e r t e lleven lo q u e e n esta vida a d q u i r i e r o n c u a n d o l l e n a b a n la m e m o r i a d e delicias y r e c u e r d o s d e d e s h o n e s t i d a d , soberbia, avaricia, a m o r a sí m i s m o s , o d i o y m e n o s p r e c i o d e l p r ó j i m o y la p e r s e c u c i ó n a mis s e r v i d o r e s . O f u s c a d o el e n t e n d i m i e n t o p o r la v o l u n t a d d e s o r d e n a d a , r e c i b e n e n estas miserias, c o n el t u f o d e l i n f i e r n o , su p e n a e t e r n a , infinita, p o r n o h a b e r satisfecho la culpa c o n la c o n t r i c i ó n y a b o r r e c i m i e n t o del p e c a d o . Y así tienes c ó m o se satisface la culpa p o r m e d i o d e la c o n t r i c i ó n del c o r a z ó n , n o p o r las p e n a s t e m p o r a l e s ; y n o sólo la c u l p a , sino la p e n a q u e le sigue se satisface e n los q u e llegan a esta p e r f e c c i ó n . E n g e n e r a l , c o m o se h a d i c h o , se satisface la culpa; esto es, los q u e n o t i e n e n pec a d o m o r t a l reciben la. gracia; p e r o , si n o t i e n e n c o n t r i ción y a m o r suficientes p a r a satisfacer p o r la p e n a , van a los s u f r i m i e n t o s del p u r g a t o r i o u n a vez p a s a d a la s e g u n d a y ú l t i m a m i t a d d e su vida. Así ves q u e p o r el d e s e o d e l a l m a u n i d a a mí, q u e soy bien infinito, se satisface e n p r o p o r c i ó n a la perfección del a m o r del q u e p r e s e n t a la o r a c i ó n y el d e s e o , y t a m b i é n e n c o n f o r m i d a d c o n la d e a q u e l p o r q u i e n se ofrece. La m e d i d a e n q u e u n o m e d a y el o t r o acepta, ésa será la m e d i d a d e m i b o n d a d . De m o d o q u e a c r e c i e n t a el fuego d e tu d e s e o y n o dejes p a s a r u n m o m e n t o sin q u e p o r ellos c l a m e n c o n voz h u m i l d e y c o n t i n u a d a tus o r a c i o n e s a n t e mí. Así, os d i g o , a ti y al P a d r e d e tu a l m a q u e te he d a d o e n la tierra, q u e sufráis varonilm e n t e y q u e m u r á i s a v u e s t r o s p r o p i o s sentidos. 3

5

[El d e s e o d e s u f r i r p o r E l e s m u y

grato a

Dios.)

Me es m u y g r a t a la v o l u n t a d d e q u e r e r sufrir hasta la m u e r t e c u a l q u i e r p e n a o fatiga p o r la salud d e las almas. C u a n t o m á s sufre el h o m b r e , m á s m u e s t r a q u e m e a m a ; al a m a r m e , c o n o c e m á s d e mi v e r d a d , y c u a n t o m á s con o c e , m á s siente p e n a y d o l o r i n s o p o r t a b l e s a c a u s a d e las o f e n s a s q u e m e h a c e n . 3

Le 6 , 3 8 .

El Diálogo

64

Me pediste sufrir y q u e castigase en ti los defectos d e los demás, y n o entendías q u e lo q u e pedías era amor, luz y conocimiento d e la verdad. P o r q u e ya te dije q u e cuanto m a y o r es el amor, tanto más crece el dolor y el sufrimiento: a quien le crece el a m o r , le a u m e n t a el dolor. A lo q u e pediste, r e s p o n d o q u e pidáis, y os será d a d o '. Yo no n e g a r é a quien m e pida d e veras. Piensa q u e el a m o r d e la divina caridad está tan u n i d o a la paciencia perfecta, q u e u n a y otra n o se p u e d e n separar. Por eso, c u a n d o el alma se decide a a m a r m e , debe decidirse también a sufrir por mí penas d e toda clase y del m o d o q u e yo quiera proporcionárselas. La paciencia no se manifiesta sino en los sufrimientos y se halla u n i d a a la caridad, c o m o q u e d a dicho. Así, pues, sufrid esforzad a m e n t e ; d e otro m o d o , ni demostraréis ni seréis esposos fieles e hijos d e mi V e r d a d , ni q u e tuvisteis gusto en mi h o n o r y en la salvación d e las almas. 6 [Toda prójimo.]

virtud

y pecado

tienen

realización

mediando

el

T e hago saber q u e toda virtud y todo defecto se ejercen p o r m e d i o del prójimo. Q u i e n m e menosprecia hace d a ñ o al prójimo y a sí mismo, q u e es el prójimo principal. Le causa d a ñ o en general y en particular. En general, p o r q u e estáis obligados a a m a r al prójimo como a vosotros mismos. Si le amáis, debéis socorrerlo espiritualmente con la oración, ayudarle espiritual y t e m p o r a l m e n t e , según sea preciso en razón d e sus necesidades; al m e n o s , con la voluntad, a no p o d e r hacerlo de otro m o d o . Si no se m e ama, n o se le a m a a él; si no se le ama, n o se le socorre. Más bien se d a ñ a u n o a sí mismo, p o r q u e se priva de la gracia, y se causa perjuicio al prójimo, pues se le quita la ayuda q u e está u n o obligado a prestarle: no se la d a la oración y deseo q u e se debe p r e s e n t a r en mi presencia en su favor. T o d o lo q u e se le dé ha de provenir del a m o r q u e se le d e b e por a m o r a mí. De la misma m a n e r a , todo mal se lleva a cabo por medio del prójimo, es decir, q u e n o a m á n d o m e , tampoco 1

Me 11,24.

La doctrina de la perfección

65

se le a m a , t o d o mal p r o c e d e d e q u e el a l m a se halla priv a d a d e la c a r i d a d p a r a c o n m i g o y p a r a c o n su p r ó j i m o . Si n o se o b r a el bien, se sigue q u e se o b r a mal, y e n este caso, ¿ c o n t r a q u i é n se o b r a ? E n p r i m e r l u g a r , c o n t r a sí m i s m o y c o n t r a el p r ó j i m o . N o c o n t r a mí, a q u i e n n a d i e p u e d e h a c e r d a ñ o , a n o s e r e n c u a n t o q u e j u z g o q u e se m e h a c e a mí lo q u e se h a c e al p r ó j i m o . Peca u n o c o n t r a sí, y ese p e c a d o le priva d e la gracia; p e o r n o se p u e d e o b r a r . Al p r ó j i m o se le p e r j u d i c a al n o d a r l e lo q u e se d e b e p o r la c a r i d a d y el a m o r c o n q u e hay q u e s o c o r r é r sele p o r m e d i o d e la o r a c i ó n y s a n t o d e s e o ofrecidos p o r él a n t e m i presencia. Esta es u n a a y u d a g e n e r a l q u e se d e b e p r e s t a r a t o d a c r i a t u r a racional. L a utilidad particular es la q u e se refiere a los q u e se hallan m á s cerca d e n u e s t r o s ojos. Debéis a y u d a r o s u n o s a o t r o s c o n la p a l a b r a , d o c t r i n a y e j e m p l o d e b u e n a s o b r a s y e n las d e m á s cosas e n q u e se a d v i e r t e t i e n e n n e cesidad, a c o n s e j a n d o a los d e m á s c o m o a vosotros mism o s , c o n sinceridad y sin i n t e r é s d e a m o r p r o p i o . Q u i e n así n o lo hace es q u e se halla p r i v a d o del a m o r al prójim o , p u e s al n o a c t u a r hace u n d a ñ o c o n c r e t o , y n o sólo c a u s a perjuicio al n o realizar el bien q u e se p u e d e c o n perfección, sino q u e o b r a m a l y ocasiona u n d a ñ o contin u o . ¿ C ó m o ? Del m o d o siguiente. El p e c a d o p u e d e ser d e o b r a y d e p e n s a m i e n t o . El d e p e n s a m i e n t o se h a c o m e t i d o e n c u a n t o q u e se h a sentid o p l a c e r e n el p e c a d o y m e n o s p r e c i o d e la v i r t u d ; es d e c i r , es u n efecto del a m o r p r o p i o . Este le h a p r i v a d o del afecto d e la c a r i d a d q u e m e d e b e t e n e r a mí y a su p r ó j i m o . D e aquí q u e c o n s e n t i r el p e c a d o es h a c e r u n p e c a d o e n pos d e o t r o c o n t r a su p r ó j i m o d e diversos m o d o s , s e g ú n la mal inclinada v o l u n t a d sensitiva. Vem o s q u e a l g u n a s veces e n g e n d r a c r u e l d a d e s e n g e n e r a l o e n particular. E n g e n e r a l , p u e s se ve a sí y a las criaturas e n peligro d e c o n d e n a c i ó n y d e m u e r t e p o r hallarse p r i v a d o s d e la gracia. Es u n p e c a d o tan c r u e l , q u e n o se s o c o r r e a sí m i s m o ni s o c o r r e a los d e m á s con el a m o r a la v i r t u d y a b o m i n a c i ó n del vicio, a n t e s b i e n , c o m o c r u e l , se e x t i e n d e m á s c o n o b r a s d e c r u e l d a d , o sea, n o sólo n o d a ejemplo d e v i r t u d , sino q u e , c o m o m a l v a d o , lUllld

ti

U11L1U UV- UV.I11U1UV7, a p a i i a n u w ,

bii

V.MMI*I.V

J/WV-UV.,

a las c r i a t u r a s d e la v i r t u d y llevándolas al vicio.

66

El Diálogo

Esta es crueldad para con el alma, pues se ha llevado a cabo con intención de quitarle la vida y darle la muerte. Ejerce la crueldad corporal por su codicia, pues no sólo no socorre al prójimo, sino que quita lo ajeno robando a los pobres; unas veces, por abuso de dominio, y otras, con engaño y fraude, comerciando con las cosas del prójimo y muchas veces con las personas. ¡Oh miserable crueldad, que serás privada de mi misericordia si no cambias en piedad y benevolencia con el prójimo! Algunas veces da origen a palabras injuriosas, a las que no rara vez sucede el homicidio. Otras hace nacer deshonestidades en la persona del prójimo, con lo que se convierte en un animal abominable, maloliente; contamina no sólo a u n o o a dos, sino que quien se le acerca por el amor y trato queda inficionado. ¿Contra quién va la soberbia? Únicamente contra el prójimo, originada por la reputación que tiene de sí mismo. De d o n d e se sigue el desprecio al prójimo, creyéndose más que él, y de este modo le injuria. Si tiene autoridad, hace que siga la injusticia y la crueldad, y se convierte en revendedor de la carne de los hombres. ¡Oh hija queridísima!, duélete de las ofensas que me hacen y llora sobre estos muertos para que por la oración sea destruida su muerte. Advierte que ves cómo por todas partes y por toda clase de gentes se traman pecados contra el prójimo o los cometen por su mediación. De otro modo no habría pecado alguno, ni oculto ni descubierto. Es oculto cuando no se da al prójimo lo que le es debido, y descubierto cuando origina otros vicios, como te he dicho. Es verdad patente que toda ofensa hecha a mí se hace a través del prójimo. 7 [Las v i r t u d e s se e j e r c i t a n p o r m e d i o d e l p r ó j i m o . — P o r q u é s o n t a n d i f e r e n t e s e n las d i v e r s a s c r i a t u r a s . ]

T e he mostrado cómo todos los pecados se cometen por medio del prójimo, según el principio enunciado, que es el hallarse privados d e la caridad, la cual da vida a toda virtud. Por ello el amor propio, que destruye la

La doctrina de la perfección

67

c a r i d a d y el a m o r al p r ó j i m o , es el f u n d a m e n t o d e t o d o m a l . T o d o e s c á n d a l o , o d i o , c r u e l d a d y c u a l q u i e r dificult a d t i e n e n raíz e n el a m o r p r o p i o . T o d o lo h a e n v e n e n a d o e n el m u n d o y h a p u e s t o e n f e r m o el c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia y el c u e r p o u n i v e r s a l d e la religión c r i s t i a n a , p u e s ya te dije, y es la r e a l i d a d , q u e e n el p r ó j i m o , o sea, e n su c a r i d a d , se b a s a n t o d a s las v i r t u d e s . T e dije t a m b i é n q u e la c a r i d a d d a vida a t o d a virt u d , y así e s , p u e s n o se p u e d e t e n e r n i n g u n a sin la c a r i d a d ; es d e c i r , q u e la c a r i d a d se a d q u i e r e sólo p o r el a m o r a m í . D e s p u é s q u e el a l m a se h a c o n o c i d o a sí mism a , h a e n c o n t r a d o la h u m i l d a d y el m e n o s p r e c i o a la p a s i ó n sensitiva, p o r c o n o c e r la p e r v e r s a inclinación q u e se h a l l a p e g a d a a s u s m i e m b r o s . Ella l u c h a s i e m p r e c o n t r a el espíritu . P o r esta r a z ó n , el a l m a se h a r e b e l a d o c o n o d i o y d e s p r e c i o a la p a r t e sensitiva, s o m e t i é n d o l a a la r a z ó n c o n g r a n c u i d a d o , y h a e n c o n t r a d o d e n t r o d e sí la g r a n d e z a d e m i b o n d a d e n los m u c h o s beneficios q u e d e m í h a r e c i b i d o . T o d o s los vuelve a c o n t e m p l a r el a l m a d e n t r o d e sí m i s m a . El c o n o c i m i e n t o d e sí h a l o g r a d o q u e m e lo a t r i b u y a p o r h u m i l d a d , p u e s c o m p r e n d e q u e p o r b e n e v o l e n c i a la h e s a c a d o d e las tinieblas y l l a m a d o al v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o . U n a vez q u e h a c o n o c i d o mi b o n d a d , la a m a c o n o sin i n t e r m e d i a r i o . Digo sin i n t e r m e d i a r i o , o sea, d i r e c t a m e n t e , sin p e n s a r e n la p r o p i a u t i l i d a d . L a a m a p o r i n t e r m e d i a r i o p o r q u e , u n a vez c o n c e b i d a la v i r t u d e n r e l a c i ó n a m í , e n t i e n d e q u e n o m e sería g r a t a ni a c e p t a si n o concibiese a b o r r e c i m i e n t o al p e c a d o y a m o r a la v i r t u d . D e s p u é s , c o n c e b i d o el i n t e r m e d i a r i o e n la v i r t u d p o r afecto d e a m o r , i n m e d i a t a m e n t e h a c e q u e nazca e n su p r ó j i m o , ya q u e d e o t r o m o d o n o sería verd a d q u e la h u b i e s e t e n i d o e n sí m i s m a . P e r o c o m o m e a m a d e veras, d e aquí q u e sea d e utilidad p a r a el prójim o . N o p u e d e s e r d e o t r a m a n e r a , p o r q u e yo y el prójim o s o m o s u n a sola cosa, y e n la m e d i d a e n q u e m e a m a , l

2

1

C a t a l i n a d i s t i n g u e e n El Diálogo e n t r e « c u e r p o m í s t i c o d e la s a n t a Iglesia» y « c u e r p o g e n e r a l d e la r e l i g i ó n c r i s t i a n a » . El p r i m e r o se r e f i e r e a lo q u e h o y l l a m a m o s « j e r a r q u í a eclesiástica»; el s e g u n d o a b a r c a a t o d o s los fieles c r i s t i a n o s . T é n g a s e b i e n e n c u e n t a e s t a n o m e n c l a t u r a p a r a evitar inexactitudes. Gal 5 , 1 7 . 2

El Diálogo

68

así ama al prójimo, ya que el amor a él procede del amor a mí. Este es el intermediario que os he puesto para que ejercitéis y deis prueba d e la virtud en vosotros; puesto que ya que no podéis hacerme el bien a mí, debéis hacérselo al prójimo. Q u e vosotros me tenéis en el alma por la gracia, se manifiesta en que le dais el fruto d e vuestras santas y frecuentes oraciones, buscando mi honor y la salvación de las almas. Enamorada el alma de mi verdad, no se contenta con ser de provecho a todo el m u n d o en general y en particular, en el poco y en el mucho, contando con la disposición de quien recibe esa ayuda y con lo ardiente que sea el deseo de quien la da, como queda demostrado arriba al declararte que la mera pena, sin el deseo, no es suficiente para expiar la culpa. Después d e haber obrado el bien por el amor unitivo que me tiene —razón por la que ama al prójimo— y de haber extendido el afecto a la salvación del m u n d o entero por la ayuda en las necesidades, después de haberse hecho bien a sí por el nacimiento de la virtud en él —de ella procede la vida de la gracia—, después de haber mostrado que, en general, tiene amor a toda criatura racional a causa del afecto de la caridad, se dedica a fijar su atención en las necesidades del prójimo en particular. Por eso socorre a quienes se hallan más cercanos, de acuerdo con las gracias que le he concedido administrar : unos, con la palabra cargada de doctrina, aconsej a n d o con sinceridad, sin miramiento alguno; otros, con el ejemplo d e vida. Esto deben hacerlo todos, edificando al prójimo con buena, santa y honesta vida. Éstas y muchas otras virtudes que no podría e n u m e rar son las que nacen en el amor al prójimo. Las he repartido tan diversamente, que las he dado no todas a la misma persona: a uno doy una y a otro otra particular, si bien nadie puede tener una sola, sino todas en general, porque entre todas forman un todo. Las doy, pues, de muchos modos para que se constituyan en principio de las demás; es decir, a uno le daré con principalidad la caridad; a otro, la justicia; a u n o , la humildad; a otro, 3

3

1 Cor 12,4-6.

La doctrina de ta perfección

69

la fe viva; a u n o s , la p r u d e n c i a o la paciencia, y a o t r o s , la fortaleza. Estas y m u c h a s o t r a s las d o y d e m o d o d i f e r e n t e a c r i a t u r a s distintas, si b i e n u n a d e ellas sea d a d a c o m o fin p r i n c i p a l , y p o r ello el a l m a se e n t r e g a m á s a su p r á c tica q u e a las o t r a s . El a f e c t o a esta v i r t u d a t r a e h a c i a sí a las d e m á s , q u e , c o m o se h a d i c h o , se h a l l a n í n t i m a m e n t e u n i d a s e n u n t o d o p o r el afecto d e la c a r i d a d . . Y así, m u c h o s d o n e s y gracias d e v i r t u d y o t r a s cosas espirituales y corporales —digo corporales r e f i r i é n d o m e a las cosas n e c e s a r i a s a la vida d e l h o m b r e — , t o d o lo h e d a d o t a n d i v e r s i f i c a d a m e n t e , q u e n o lo h e c o n c e d i d o t o d o a u n o , p a r a q u e p o r f u e r z a os veáis o b l i g a d o s a ejercitar la c a r i d a d u n o s c o n o t r o s . B i e n p u d e d o t a r al h o m b r e d e t o d o lo q u e n e c e s i t a b a p a r a el a l m a y p a r a el c u e r p o , p e r o q u i s e q u e u n o s t u v i e r a n n e c e s i d a d d e los o t r o s y f u e r a n m i s a d m i n i s t r a d o r e s e n el r e p a r t o d e las gracias y d o n e s q u e h a n r e c i b i d o d e m í . D e m o d o q u e , q u i e r a o n o , n o p u e d e m e n o s el h o m b r e d e ejercitar la c a r i d a d . Y c i e r t a m e n t e q u e , si n o se la ejercita, y se h a c e y se o t o r g a p o r a m o r a m í , e s a o b r a n o t i e n e v a l o r e n c u a n t o a la g r a c i a . Así ves q u e p a r a q u e ejercite la v i r t u d d e la c a r i d a d h e instituido mis ministros y establecido u n a diversa g r a d a c i ó n . Eso m u e s t r a q u e m i casa t i e n e m u c h a s m a n siones y q u e n o q u i e r o o t r a cosa q u e a m o r . P o r q u e , p o r el a m o r a m í , se p o n e e n m a r c h a el a m o r al prójim o ; p r a c t i c á n d o l o , se h a o b s e r v a d o la ley; es d e c i r , si lo h a c e así, p u e d e h a c e r el b i e n e n favor d e q u i e n se le h a lla u n i d o p o r este a m o r , e n c o n f o r m i d a d c o n las circunstancias. 4

8 [Las virtudes se ponen a prueba y se fortalecen por sus contrarios.] T e h e e n s e ñ a d o c ó m o el h o m b r e es útil al p r ó j i m o y c ó m o sus o b r a s s o n m a n i f e s t a c i ó n d e l a m o r q u e m e tiene. A h o r a t e d i g o q u e la v i r t u d d e la paciencia se p r u e b a e n el h o m b r e e n el t i e m p o d e la injuria q u e se r e c i b e d e l 4

Jn

14,2.

El Diálogo

70

prójimo, c o m o la h u m i l d a d p o r m e d i o del soberbio; la fe, p o r el q u e no la tiene; la v e r d a d e r a esperanza, p o r el q u e n o espera; la justicia, p o r el injusto; la piedad, por el cruel, y la m a n s e d u m b r e y b e n i g n i d a d , p o r medio del iracundo. T o d a s las virtudes se p r u e b a n y cobran vida en relación con el prójimo, lo mismo q u e los malvados d a n el ser a todos los vicios en relación con el prójimo. Si lo analizas bien, la h u m i l d a d es p r o b a d a p o r la soberbia, esto es, q u e el h u m i l d e mata la soberbia, razón p o r la cual el soberbio no le p u e d e hacer d a ñ o espiritual; tampoco la infidelidad del inicuo, q u e ni m e a m a ni espera en mí, al q u e es fiel le disminuye la fe; ni la esperanza, q u e h a nacido en él p o r a m o r a mí, sino q u e , más bien, las fortalece y deja todas c o m p r o b a d a s p o r la dilección del a m o r al prójimo. Y, a u n q u e se le vea sin fe y sin esperanza ni en mí ni en sí mismo —pues el q u e no ama n o p u e d e t e n e r esperanza en mí, sino q u e la pone en los propios sentidos, a los que ama—, siempre q u e d a la esperanza d e q u e busque en mí la salvación. Así ves q u e en su infidelidad y falta d e esperanza se p r u e b a la virtud d e la fe. En esto y no en otras cosas da pruebas d e la fe, las da p o r sus obras y las q u e hace p o r el prójimo. La justicia n o se e m p e q u e ñ e c e con la injusticia, sino, más bien, intenta d a r pruebas d e ella, es decir, desenmascara al injusto p o r la virtud d e la paciencia; lo mism o q u e la benignidad y m a n s e d u m b r e se manifiestan en el tiempo d e la ira p o r medio d e la dulce paciencia; y e n la envidia, el desprecio y el o d i o m u e s t r a n la dilección d e la caridad en c u a n t o al h a m b r e y deseo d e la salvación d e las almas. A d e m á s te digo q u e no sólo se p r u e b a la virtud en los q u e devuelven bien p o r mal, sino q u e frecuentemente p o n d r á carbones encendidos en el fuego d e la caridad. Ese fuego r e d u c e a la n a d a el odio y rencor del corazón y del espíritu del i r a c u n d o , y, en consecuencia, el odio se convierte, a veces, en benevolencia. Esto o c u r r e en razón d e la virtud d e la caridad y perfecta paciencia q u e hay en el q u e sufre la ira del malvado, p o r sufrir y sop o r t a r sus defectos '. 1

R o m 12,17-20.

La doctrina de la

perfección

71

Si c o n t e m p l a s las v i r t u d e s d e la f o r t a l e z a y p e r s e v e r a n c i a , v e r á s q u e éstas q u e d a n p a t e n t e s e n el m u c h o s u frir las injurias y d e t r a c c i o n e s d e los h o m b r e s , q u e a m e n u d o c o n injurias y lisonjas le q u i e r e n a p a r t a r d e l cam i n o y d e la d o c t r i n a d e la v e r d a d . El es f u e r t e y p e r s e v e r a n t e e n t o d o si la v i r t u d d e la f o r t a l e z a h a n a c i d o e n él. E n ese caso, la m a n i f i e s t a al e x t e r i o r , e n el p r ó j i m o .

9

[Aquí comienza el tratado de la discreción. No debe ponerse el afecto principalmente en la penitencia, sino en las virtudes. La discreción recibe vida de la humildad y da a cada uno lo que le es debido

Estas s o n las s a n t a s y d u l c e s o b r a s q u e p i d o a mis serv i d o r e s , e s t o es, q u e d e n . p r u e b a s d e estas v i r t u d e s i n t e r i o r e s d e l a l m a ; n o sólo d e las q u e se e j e r c i t a n c o n el c u e r p o c o m o i n s t r u m e n t o , o sea, c o n actos e x t e r n o s o d i v e r s a s y v a r i a d a s p e n i t e n c i a s , s i n o c o n actos v i r t u o s o s i n t e r n o s , p u e s t o q u e , si sólo f u e s e n e x t e r i o r e s , m e a g r a d a r í a n p o c o . E n m á s , m u c h a s veces, si el a l m a n o hiciese la p e n i t e n c i a c o n d i s c r e c i ó n , e s t o es, si p u s i e s e su afecto p r i n c i p a l m e n t e e n la p e n i t e n c i a c o m e n z a d a , i m p e d i r í a su p e r f e c c i ó n . D e b e p o n e r l o e n el a f e c t o d e l a m o r , e n las d e m á s v i r t u d e s i n t e r i o r e s d e l a l m a , c o n h a m b r e y d e s e o d e m i h o n o r y d e la salvación d e las a l m a s , c o n s a n t o o d i o hacia sí y c o n v e r d a d e r a h u m i l d a d y p e r f e c t a p a c i e n c i a . Las v i r t u d e s d e m u e s t r a n q u e la v o l u n t a d p r o pia e s t á m u e r t a , y c o n t i n u a m e n t e d a n m u e r t e a la p a r t e sensitiva c o m o c o n s e c u e n c i a d e l a m o r a ellas. C o n esta d i s c r e c i ó n d e b e h a c e r su p e n i t e n c i a , es d e c i r , p o n i e n d o el afecto p r i n c i p a l m á s e n la v i r t u d q u e e n la p e n i t e n c i a . Esta d e b e s e r v i r d e i n s t r u m e n t o p a r a a c r e c e n t a r la v i r t u d s e g ú n se p r e c i s e y se v e a q u e se p u e d e llevar a c a b o , e n c o n f o r m i d a d c o n sus p o s i b i l i d a d e s . D e o t r o m o d o , o sea, e s t a b l e c i e n d o el f u n d a m e n t o e n la p e n i t e n c i a , se i m p e d i r í a su p e r f e c c i ó n , p o r q u e n o sería h e c h a c o n d i s c r e c i ó n , a la luz d e l c o n o c i m i e n t o d e sí 1

C o m o se ve, la división q u e p o s t e r i o r m e n t e se h a h e c h o d e la obra e n tratados tiene su raíz e n los manuscritos m á s a n t i g u o s , a u n q u e se la p u e d a discutir y haya s i d o la m e n o s r e s p e t a d a . «Discreción» aquí se identifica c o n d i s c e r n i m i e n t o , valoración o clasificación d e valores e n la vida espiritual.

72

El Diálogo

misma y de mi bondad, y no se acomodaría a mi verd a d , sino que se haría sin descreción, sin a m a r lo que yo a m o , sin odiar lo que yo odio. Pues discreción no es otra cosa que el verdadero conocimiento que el alma debe tener de sí y de mí; en este conocimiento tiene sus raíces. Es un hijo injertado y u n i d o por la caridad. Cierto que tiene muchos hijos, como el árbol tiene muchas ramas; pero lo que d a vida al árbol y a las ramas es la raíz, si se halla plantada en la tierra de la humildad, que es el alma y nodriza de la caridad, en d o n d e se halla injertado este hijo y árbol de la discreción. Pues d e otro m o d o , si no estuviese plantado en la humildad, no sería virtud d e discreción ni produciría frutos de vida, ya que la humildad procede del conocimiento que tiene el alma de sí, y ya te dije que la discreción es un verdad e r o conocimiento de sí y de mi bondad, por lo cual en seguida se atribuye a cada cual lo que le es debido. Principalmente me lo atribuye a mí, d a n d o gloria y alabanza a mi n o m b r e , y m e devuelve las gracias y dones que ve y reconoce haber recibido de mí. A sí misma da lo que ve que tiene merecido, reconociendo que por sí misma no existe y q u e el ser que tiene lo ha recibido gratuitamente de mí y no de sí misma. Le parece ser ingrata a tantos beneficios, y negligente, por no haber usado el tiempo y las gracias recibidas. Le parece q u e por ello es digna de las penas. Entonces se entrega al aborrecimiento y desprecio d e su culpas. Esto lo realiza la virtud de la discreción, fund a d a en el conocimiento de sí a través de la verdadera humildad. Si ésta no se hallase en el alma, se hallaría ésta sin discreción, fundada en la soberbia, mientras que la discreción verdadera se basa en la humildad. Sin discreción, por tanto, m e robaría el h o n o r y se lo atribuiría a sí mism a para su propia reputación; y lo suyo me lo atribuiría a mí, quejándose y m u r m u r a n d o de los misterios que se obran en ella y en las otras criaturas mías. Se escandalizaría de mí y del prójimo en todo; lo contrario de lo que hacen los que poseen la virtud de la discreción, q u e , después de haber rendido el referido h o n o r a mí y a sí mismos, pagan al prójimo la importantísima d e u d a del afecto d e la caridad y de la humilde y perseverante ora-

La doctrina

de la

perfección

73

c i ó n , lo q u e d e b e n h a c e r u n o s p a r a c o n o t r o s . A l prójim o le d a n la d e b i d a d o c t r i n a y la e j e m p l a r i d a d d e su s a n t a y h o n e s t a vida, a c o n s e j á n d o l e y a y u d á n d o l e a la salvación d e su a l m a , c o n f o r m e a su n e c e s i d a d . E n c u a l q u i e r s i t u a c i ó n e n q u e el h o m b r e se h a l l e , sea s e ñ o r , p r e l a d o o s u b d i t o , si p o s e e e s t a v i r t u d , t o d o lo h a c e y d a a su p r ó j i m o c o n d i s c r e c i ó n y afecto d e carid a d , p o r q u e se h a l l a n u n i d o s e i n j e r t a d o s j u n t o s y p l a n t a d o s e n la t i e r r a d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , q u e t i e n e su o r i g e n e n el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o s . 1 0 [Semejanza de cómo la caridad, humildad y discreción están íntimamente unidas.—A esta semejanza debe acomodarse el alma.—El árbol de la virtud. ] ¿Sabes c u á l es la p o s i c i ó n q u e o c u p a n estas v i r t u d e s ? I m a g i n a u n c í r c u l o r o d e a n d o la t i e r r a y q u e d e la m i t a d d e él sale u n á r b o l c o n u n r e t o ñ o l a t e r a l u n i d o a él. El á r b o l se n u t r e d e la t i e r r a c o n t e n i d a e n la a n c h u r a d e l c í r c u l o . Si el á r b o l se h a l l a s e f u e r a d e la t i e r r a d e ese c í r c u l o , se m o r i r í a y n o d a r í a f r u t o h a s t a q u e n o fuese p l a n t a d o e n él. D e m o d o s e m e j a n t e , p i e n s a q u e el á r b o l d e la v i r t u d h a n a c i d o e n el c í r c u l o d e l a m o r , y p o r ello n o p u e d e vivir sino d e l a m o r . Es, p u e s , c i e r t o q u e , si el a l m a n o t i e n e a m o r d i v i n o d e v e r d a d e r a y perfecta caridad, n o p r o d u c e frutos de vida, sino d e m u e r t e . E s d e n e c e s i d a d q u e la raíz d e este á r b o l , es d e c i r , el a f e c t o d e l a l m a , e s t é y b r o t e d e l círculo d e l v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o d e sí. E s t e c o n o c i m i e n t o , d e p o r sí, está u n i d o a m í , q u e n o t e n g o p r i n c i p i o ni fin, c o m o el c í r c u l o , p u e s c u a n d o t ú vas d a n d o v u e l t a s d e n t r o d e él, n o e n c u e n t r a s n i fin n i p r i n c i p i o y te hallas s i e m p r e e n su i n t e r i o r . El c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o y d e m í e n él se e n c u e n t r a y r e p o s a s o b r e la t i e r r a d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , la c u a l es t a n g r a n d e c u a n t o lo es la a m p l i t u d d e l c í r c u l o , e s t o es, d e l c o n o c i m i e n t o q u e h a t e n i d o d e sí p o r la u n i ó n c o n m i g o . D e o t r a m a n e r a n o s e r í a c í r c u l o sin p r i n c i p i o , s i n o q u e lo t e n d r í a al h a b e r c o m e n z a d o a c o n o c e r s e a sí m i s m o , y t e r m i n a r í a e n la c o n f u s i ó n si este c o n o c i m i e n t o n o se h a l l a s e u n i d o a m í . P o r t a n t o , el á r b o l d e la c a r i d a d se a l i m e n t a d e la h u m i l d a d , h a c i e n d o b r o t a r d e su i n t e r i o r el r e t o ñ o , c o m o

El Diálogo

74

te he dicho. La médula d e ese árbol, o sea, el afecto de la caridad q u e se halla en el alma, es la paciencia. Esta es una señal que manifiesta que se halla en el alma y que ésta se halla unida a mí. Este árbol tan dulcemente plantado echa flores perfumadas de virtud con muchos y variados colores. Da frutos d e gracia al alma y de utilidad p a r a el prójimo, según la disposición con que quiera recibir los frutos de mis servidores. A mí me da el perfume de la gloria y alabanza de mi n o m b r e , y así cumple la finalidad para que lo creé y consigue su objetivo, llegar a mí, q u e soy vida perdurable, y no puedo ser apartado de él si él no quiere. T o d o s los frutos producidos por el árbol se hallan sazonados con la discreción, p o r q u e todos se hallan unidos e n t r e sí, como te he dicho. 11 [La penitencia y demás instrumentos corporales deben tomarse como medio para llegar a la virtud y no como finalidad principal.—La luz de la discreción es manifestada por diversos modos y obras.] Estos son los frutos y obras q u e exijo del alma: la comprobación d e las virtudes en el m o m e n t o en q u e se precise. Si te acuerdas bien, hace bastante tiempo, cuando deseabas hacer grandes penitencias p o r mí, diciendo: «¿Qué podría yo hacer para sufrir penas por ti?», respondí a tu espíritu: «Yo soy quien m e deleito en pocas palabras y muchas obras», para mostrarte que no quiero que sólo me llamen con el sonido d e las palabras: «Señor, Señor, quisiera hacer p o r ti» '; ni que deseen y quieran mortificar su cuerpo con muchas penitencias, sin matar la propia voluntad. Q u i e r o muchas obras, sufriendo animosamente y con paciencia, y quiero las otras virtudes q u e te he e n u m e r a d o , las interiores del alma, todas las cuales obran y p r o d u c e n frutos d e gracia. Cualquier otra obra basada en principio distinto d e éste, la j u z g o ser únicamente clamor de palabras, porque se trata sólo d e obras finitas, y yo, que soy infinito, pido obras infinitas, es decir, d e afecto infinito de amor. 1

Mt 7,21.

La doctrina de la perfección

75

Q u i e r o q u e las o b r a s d e p e n i t e n c i a y d e m á s ejercicios, p o r s e r c o r p o r a l e s , s e a n utilizados c o m o i n s t r u m e n t o y n o c o m o p r i n c i p a l o b j e t i v o . P u e s , si f u e s e n t o m a d o s c o m o objetivo p r i n c i p a l , se m e o f r e c e r í a u n a cosa finita y o b r a r í a n sólo las p a l a b r a s , q u e t i e n e n i n f l u e n c i a s o b r e los q u e se h a l l a n f u e r a d e la b o c a y n o m á s , si es q u e esas p a l a b r a s n ó s a l e n d e l afecto d e l a l m a . Este afecto c o n c i b e y h a c e n a c e r la v i r t u d d e v e r d a d , o sea, q u e las o b r a s finitas, q u e h e d e n o m i n a d o « p a l a b r a s » , h a n d e est a r u n i d a s al efecto d e la c a r i d a d . E n t o n c e s m e s e r á g r a ta y p l a c e n t e r a el a l m a , p o r q u e n o se h a l l a r á sola, sino a c o m p a ñ a d a d e la v e r d a d e r a d i s c r e c i ó n , u s a n d o las o b r a s c o r p o r a l e s c o m o i n s t r u m e n t o y n o c o m o objetivo fundamental. N o es p r e c i s o q u e el p r i n c i p i o y f u n d a m e n t o se b a s e n sólo e n la p e n i t e n c i a o e n c u a l q u i e r acto c o r p o r a l e x t e r i o r , p u e s s o n o b r a s finitas. L o s o n t a n t o p o r s e r realizad a s e n el t i e m p o c o m o p o r q u e a l g u n a s veces es d e n e c e s i d a d q u e la c r i a t u r a las a b a n d o n e o q u e ellas m i s m a s exijan s e r a b a n d o n a d a s , c o m o c u a n d o se d e j a n p o r la i m p o s i b i l i d a d d e p r o s e g u i r lo c o m e n z a d o p o r c i r c u n s tancias diversas q u e le s o b r e v i e n e n o p o r o b e d i e n c i a q u e p r o v i e n e d e l p r e l a d o ; p o r q u e h a c i é n d o l a s , n o sólo n o m e r e c e r í a , sino q u e p e c a r í a . V e s , p o r t a n t o , q u e s o n finitas. H a y q u e t o m a r esas o b r a s c o r p o r a l e s c o m o inst r u m e n t o y n o c o m o a l g o f u n d a m e n t a l . Si se las t o m a r a d e este m o d o , p o r n e c e s i d a d l l e g a r á u n t i e m p o e n q u e h a y a q u e d e j a r l a s , y e n e s e caso el a l m a q u e d a r á vacía. Esto lo m o s t r ó el g l o r i o s o S a n P a b l o c u a n d o dijo e n su c a r t a q u e mortificaseis el c u e r p o y dieseis m u e r t e a la p r o p i a v o l u n t a d , es d e c i r , sepáis t e n e r a r a y a al c u e r p o , m a c e r a n d o la c a r n e c u a n d o ésta q u i s i e r e a s a l t a r al espír i t u ; p e r o q u i e r e q u e la v o l u n t a d sea m a t a d a e n t o d o , a h o g a d a y s o m e t i d a a m i v o l u n t a d . A esta v o l u n t a d se la h a c e m o r i r p o r la d e u d a q u e t e dije q u e la v i r t u d d e la d i s c r e c i ó n salda c o n e l a l m a , o sea, p o r el a b o r r e c i m i e n t o y d e s p r e c i o d e l p e c a d o y d e la p a r t e sensitiva p r o p i a . El a b o r r e c i m i e n t o lo a d q u i r i ó p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o . Este es el c u c h i l l o q u e m a t a y a p a r t a t o d o a m o r • p r o p i o f u n d a d o e n la v o l u n t a d p r o p i a . 2

2 Gal 8,12.

76

El Diálogo

Los q u e así actúan n o m e d a n ú n i c a m e n t e palabras, sino obras, y d e esto m e alegro. Por eso te dije q u e yo q u e r í a pocas palabras y m u c h a s o b r a s . Diciendo «muchas» n o te señalo n ú m e r o , p o r q u e el afecto del alma f u n d a d o e n la c a r i d a d , q u e d a vida a toda virtud, d e b e p r o g r e s a r hasta el infinito. Sin e m b a r g o , n o desprecio las palabras; p e r o dije q u e deseaba pocas p a r a m o s t r a r t e q u e t o d a o b r a efectuada e n el tiempo es finita, y p o r eso dije «pocas». M e complacen, sin e m b a r g o , c u a n d o son i n s t r u m e n t o d e la virtud y n o consideradas virtud principal. Por esto, al e x t r e m a d o p e n i t e n t e , q u e se dedica a m a tar su c u e r p o , n i n g u n o lo d e b e c r e e r d e m a y o r perfección q u e el q u e hace m e n o s penitencias, p o r q u e , c o m o te h e dicho, n o consiste en ellas ni la virtud ni su m é r i t o . C o n s i g u i e n t e m e n t e , n o o b r a r í a mal q u i e n p o r legítimas razones n o p u e d a hacer obras y penitencias corporales y sólo se e n t r e g a a la virtud d e la c a r i d a d sazonada con la luz d e la v e r d a d e r a discreción, ya q u e d e otro m o d o n o t e n d r í a n valor. Este a m o r m e lo d a la discreción sin límite ni m e d i d a . C o m o soy s u m a y e t e r n a V e r d a d , n o p o n g o ley ni límites al a m o r con q u e m e tiene q u e a m a r , p e r o sí e n c u a n t o al m o d o y a la caridad o r i e n t a d a al prójimo. La luz d e la discreción, q u e , c o m o te h e dicho, proced e d e la c a r i d a d , d a al prójimo el a m o r o r d e n a d o , esto es, la caridad o r d e n a d a , q u e n o c o m e t e u n pecado p o r hacer bien al prójimo. P o r q u e si, p a r a salvar al m u n d o e n t e r o del infierno o p a r a ejercitar u n a g r a n virtud, cometiese u n o , n o sería caridad o r d e n a d a p o r la discreción, sino c a r i d a d indiscreta, pues n o es lícito realizar u n a g r a n virtud o a y u d a r al prójimo valiéndose del pecado. La santa discreción está d e tal m o d o o r d e n a d a , q u e el alma o r i e n t a todas sus potencias a servirme con t o d o c u i d a d o , y a m a al prójimo con afecto d e a m o r , y mil veces e x p o n d r í a la vida del c u e r p o p o r la salvación d e las almas, sufriendo penas y t o r m e n t o s p a r a q u e tengan la vida d e la gracia, y e x p o n e su existencia temporal p o r socorrer el c u e r p o del prójimo. Esto es lo q u e hace la luz d e la discreción derivada d e la caridad. Y así, ves q u e toda alma q u e desea la gracia m e d a y d e b e d a r m e a m o r ilimitado, sin m e d i d a . Al

La doctrina de la perfección

11

prójimo debe amarle con medida y caridad ordenada p o r el a m o r ilimitado q u e m e d e b e t e n e r , n o h a c i é n d o s e d a ñ o a sí m i s m o p o r h a c e r el b i e n a o t r o . Esto n o s lo aconseja San Pablo al d e c i r q u e la c a r i d a d d e b e c o m e n zar e n u n o m i s m o ; d e o t r o m o d o , t a m p o c o sería útil a los d e m á s con u t i l i d a d p e r f e c t a . N o sería c o n v e n i e n t e q u e p o r salvar a las c r i a t u r a s , q u e son finitas y c r e a d a s p o r m í , fuese o f e n d i d o yo, q u e soy B i e n infinito. Este p e c a d o sería m á s g r a v e y m a y o r . El ú n i c o p r o v e c h o sería c o m e t e r l o , y p o r n a d a se d e b e c o m e t e r u n p e c a d o ; la v e r d a d e r a c a r i d a d lo sabe, p o r q u e ella lleva c o n s i g o la luz d e la s a n t a discreción. Esta es la luz q u e disipa t o d a o s c u r i d a d , q u i t a t o d a ign o r a n c i a ; es el c o n d i m e n t o d e t o d a v i r t u d , y t o d o inst r u m e n t o es s a z o n a d o p o r ella. Ella p o s e e u n a p r u d e n cia q u e n o p u e d e ser e n g a ñ a d a , u n a fortaleza q u e n o p u e d e ser vencida, u n p e r s e v e r a n c i a h a s t a el fin q u e llega d e l cielo a la t i e r r a , es d e c i r , d e l c o n o c i m i e n t o d e sí, d e la c a r i d a d p a r a c o n m i g o , h a s t a la c a r i d a d c o n el p r ó j i m o a través d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Esquiva y se lib r a d e t o d o s los lazos del d e m o n i o y d e las c r i a t u r a s c o n su p r u d e n c i a , sin a r m a s e n la m a n o , o sea, q u e p o r el suf r i m i e n t o h a v e n c i d o al d e m o n i o y la c a r n e . C o n esta d u l c e y gloriosa luz c o n o c e su fragilidad, y c o n o c i é n d o l a la a b o r r e c e . H a c o n c u l c a d o el m u n d o y lo h a p u e s t o bajo los pies d e su afecto, d e s p r e c i á n d o l o y t e n i é n d o l o p o r vil; se h a h e c h o s e ñ o r d e él y d e él se b u r l a . P o r e s o , los h o m b r e s del m u n d o s o n incapaces d e privar al a l m a d e la v i r t u d , y t o d a s las p e r s e c u c i o n e s sirven p a r a a c r e c e n t a r l a y m a n i f e s t a r l a , p u e s se halla e n g e n d r a d a p o r el afecto d e a m o r ; y se m u e s t r a y nace d e él el a m o r al p r ó j i m o . T e h e e n s e ñ a d o q u e , si la discreción n o se m a n i f e s t a s e y b r i l l a r a a n t e los h o m b r e s e n el tiempo d e la p r u e b a , n o sería cierto q u e la virtud es u n a r e a l i d a d . P o r eso te dije q u e n o p u e d e existir v i r t u d p e r fecta, q u e d é frutos, sino m e d i a n t e el p r ó j i m o . Es c o m o la m u j e r q u e h a c o n c e b i d o u n hijo, si n o lo d a a luz y lo p o n e a n t e los ojos d e los d e m á s , al e s p o s o le p a r e c e q u e n o t i e n e hijo. Así yo, q u e soy el esposo d e l a l m a . Si ésta n o d a a luz al hijo d e la v i r t u d p o r m e d i o d e la c a r i d a d con el p r ó j i m o , m o s t r á n d o l a c o m o es m e n e s t e r , e n g e neral y en particular, aseguro q u e en verdad n o ha

78

El Diálogo

e n g e n d r a d o la virtud en sí. Lo mismo digo de las faltas, pues todas se c o m e t e n m e d i a n d o el prójimo. RECAPITULACIÓN Y PROMESA MISERICORDIA

DE

12 [Repetición d e a l g u n a s cosas ya dichas.—Dios p r o m e t e c o n s u e l o a s u s s e r v i d o r e s y la r e f o r m a d e la s a n t a I g l e s i a p o r medio de a b u n d a n t e s sufrimientos.)

Has visto q u e yo, la V e r d a d , te he e n s e ñ a d o la doctrin a para a d q u i r i r y conservar la g r a n perfección, y hasta te he explicado en q u é m o d o se satisface p o r la culpa y la pena, en ti y en el prójimo, al hablarte de los sufrimientos q u e la criatura soporta mientras se halla en cuerpo mortal; q u e no son suficientes por sí solos p a r a satisfacer p o r la culpa y por la p e n a si es q u e el alma no se halla u n i d a c o n el afecto d e la caridad y con aborrecimiento del p e c a d o . Sin e m b a r g o , el sufrimiento la satisface c u a n d o está unida con la caridad; no en virtud d e sufrimiento temporal alguno, sino en virtud d e la caridad y dolor del pecado cometido. Esta caridad es adquirida con la luz d e la inteligencia, con corazón p u r o y generoso, en atención a mí, q u e soy la caridad misma. T o d o esto te lo he dicho p o r q u e m e pedías sufrimientos. T a m b i é n a fin de q u e tú y mis servidores sepáis en q u é m e d i d a y c ó m o me debéis hacer el sacrificio d e vosotros mismos a mí. Hablo del sacrificio temporal y espiritual a la vez, c o m o el vaso con el agua q u e se ofrece al señor; p o r q u e el agua no se podría ofrecer sola, y n o le agradaría el vaso si no iba con el agua. Por eso os digo q u e debéis ofrecerme el vaso d e los muchos padecimientos temporales tal como yo los envíe, sin elegir vosotros ni el l u g a r ni el tiempo; ni sufrir a vuestro m o d o , sino al mío. El vaso d e b e estar lleno, es decir, soportándolos todos con afecto de a m o r y v e r d a d e r a paciencia, sufriendo y a g u a n t a n d o los defectos d e vuestro prójimo, pero con odio y aborrecimiento del pecado. Entonces, las penalidades q u e tenéis puestas en el vaso se e n c o n t r a r á n llenas del agua d e mi gracia, la cual

La doctrina de la perfección

79

d a vida al alma. Recibiré el p r e s e n t e d e mis dulces esposas, o sea, d e t o d a alma q u e m e sirva; recibiré, d i g o , sus a n g u s t i a d o s deseos d e lágrimas y suspiros, sus h u m i l d e s y c o n t i n u a d a s o r a c i o n e s , cosas q u e , p o r el a m o r q u e tengo a esas esposas, son i n s t r u m e n t o p a r a aplacar m i ira c o n t r a mis e n e m i g o s , los malvados h o m b r e s del m u n d o , q u e tanto me ofenden. Sufrid, p u e s , e s f o r z a d a m e n t e hasta la m u e r t e , y esto será la señal d e q u e m e amáis d e veras. N o debéis volver la m i r a d a atrás ni p o r t e m o r a c r i a t u r a ni p o r las tribulaciones, a n t e s bien alegraos en ellas. El m u n d o se alegra i n j u r i á n d o m e , y vosotros os entristecéis al ver las injurias q u e m e h a c e n ; o f e n d i é n d o m e , os o f e n d e n , y c u a n d o os o f e n d e n a vosotros, m e o f e n d e n a mí, p o r q u e m e h e h e c h o u n o con vosotros. Bien ves q u e , h a b i é n d o o s d a d o mi i m a g e n y semejanza y h a b i e n d o vosotros p e r d i d o la gracia p o r el p e c a d o , p a r a devolveros la vida d e la gracia uní a vosotros mi n a t u r a l e z a , c u b r i é n d o l a c o n el velo d e vuestra h u m a n i d a d . S i e n d o vosotros m i i m a g e n , t o m é la vuestra al tom a r f o r m a h u m a n a . D e m o d o q u e soy u n o c o n vosotros si el a l m a no se a p a r t a d e mí p o r la culpa del p e c a d o m o r t a l , p u e s q u i e n m e a m a está en mí, y yo en él '. El m u n d o os p e r s i g u e p o r q u e n o tiene semejanza c o n m i g o , y p o r eso persiguió a mi Hijo u n i g é n i t o hasta la afrentosa m u e r t e d e la c r u z ; y lo mismo hace con vosotros. O s p e r s i g u e y p e r s e g u i r á hasta la m u e r t e , p o r q u e no m e a m a . Si el m u n d o m e a m a r a , os a m a r í a a vosotros . P e r o alegraos, p o r q u e vuestra alegría será completa en el cielo. Más te d i g o : q u e c u a n t o más a b u n d e n a h o r a las tribulaciones e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia, t a n t o m á s a b u n d a r á e n ella la d u l z u r a y el consuelo. La dulzur a consistirá en esto: e n la r e f o r m a d e los santos y b u e n o s pastores, q u e son flores d e gloria, es decir, q u e d a n gloria y alaban mi n o m b r e o f r e c i é n d o m e los p e r f u m e s d e la v i r t u d f u n d a d a en la v e r d a d . Esta es la r e f o r m a d e las p e r f u m a d a s flores d e mis ministros y pastores. N o es q u e haya necesidad d e r e f o r m a r los frutos d e esta Espo2

1

Jn

16,20.

2

Jn

17,14.

80

El Diálogo

sa, ya que nunca disminuyen ni se echan a perder por los defectos de los ministros. Por eso, d e n t r o de la amargura, alegraos tú, el Padre de tu alma y los demás servidores míos, pues yo, Verdad eterna, he prometido daros alivio; después de la amargura y de muchos sufrimientos, os daré consuelo en la reforma de la Iglesia. 3

J

«Padre del alma»: valga, de una vez para siempre, la equivalencia con confesor habitual o director espiritual.

C a t a l i n a r e c i b e el h á b i t o Terciaria Dominica.

de

«EL DIALOGO» [/. Misericordia para el pueblo de Dios y para el cuerpo místico de la Iglesia. —La sangre redentora de Cristo y la responsabilidad del hombre. —2. Misericordia para el mundo. —-El amor propio, veneno del mundo. —Dominio de Dios sobre buenos y malos. -—Agradecimiento. —3. Seguir la verdad. —El camino de la verdad - el puente - la viña y los trabajadores.} 13 [ A e s t a a l m a s e l e a u m e n t ó y d i s m i n u y ó a l a v e z la a m a r g u r a . — H a c e o r a c i ó n a Dios p o r su s a n t a Iglesia y p o r su p u e blo.]

C o m o consecuencia d e esto, el a l m a se a n g u s t i a b a y sofocaba e n a r d e n t í s i m o d e s e o , n a c i d o d e l a m o r d e la i n m e n s a b o n d a d al c o n o c e r y ver la g r a n d e z a d e la carid a d divina, q u e con tanta d u l z u r a se había d i g n a d o acc e d e r a su petición d á n d o l e e s p e r a n z a . A la a m a r g u r a nacida d e las ofensas a Dios, d e los males d e la santa Iglesia y d e su propia miseria —fruto del c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a — , la veía ella d i s m i n u i r y crecer—. P o r q u e , al e n s e ñ a r l e el s u m o y e t e r n o P a d r e el c a m i n o d e la perfección, n u e v a m e n t e le manifestaba las ofensas q u e le hacían, así c o m o el d a ñ o a las almas, c o m o m á s abajo se dirá p o r extenso. Por el c o n o c i m i e n t o q u e el a l m a a d q u i e r a d e sí, conoce m e j o r a Dios. R e c o n o c i e n d o la b o n d a d d e Dios d e n tro d e ella misma y en el espejo d e Dios, e n la c r i a t u r a , conoce t a m b i é n la d i g n i d a d y la i n d i g n i d a d p r o p i a s , es decir, la d i g n i d a d d e la c r i a t u r a al ver q u e es i m a g e n d e Dios, y q u e esto lo es p o r gracia, n o p o r q u e se le debiera, y la i n d i g n i d a d a q u e h a llegado p o r la culpa la conoce m i r a n d o al espejo d e Dios. C o m o en el espejo se ven m e j o r las m a n c h a s q u e e n la c a r a del h o m b r e q u e se refleja e n él, así el a l m a q u e con v e r d a d e r o conocimiento d e sí eleva p o r el d e s e o los ojos del e n t e n d i m i e n t o p a r a m i r a r e n el espejo d u l c e d e Dios. P o r la limpieza q u e ve e n él conoce mejor las m a n chas d e su cara. C o m o la luz y el c o n o c i m i e n t o son m a y o r e s e n ella, la

El Diálogo

82

a m a r g u r a le crece dulcemente y a la vez se disminuye. Disminuye p o r la esperanza que le d a la Verdad primera, y a u m e n t a como el fuego c u a n d o se le echa leña; de m o d o semejante crece el fuego en el alma, hasta el p u n to d e que no es posible al cuerpo h u m a n o p o d e r impedir que el alma se separe de él. De d o n d e , si no estuviese r o d e a d a d e quien es la suma fortaleza, no le sería posible ponerse más en pie. Purificada el alma por el fuego d e la caridad divina que e n c o n t r ó en el conocimiento d e sí y d e Dios y aumentándosele el h a m b r e con la esperanza d e la salvación del m u n d o e n t e r o y de la reforma d e la santa Iglesia, se elevó con firmeza al e t e r n o Padre mostrándole la lepra d e la santa Iglesia, diciendo casi con las palabras de Moisés ': Señor mío, vuelve los ojos d e la misericordia hacia tu pueblo y hacia el cuerpo místico d e la santa Iglesia, pues serás más glorificado si p e r d o n a s a tantas criaturas y les das la luz del conocimiento; y no lo hagas sólo conmigo, miserable, q u e tanto te he ofendido y soy causa e i n s t r u m e n t o de todo mal. Ellas te tributarán alabanzas al ver q u e por tu infinita b o n d a d se levantan d e las tinieblas del pecado mortal y d e la eterna condenación. Por eso, te r u e g o , caridad eterna, que tomes venganza en mí y hagas misericordia al pueblo ; no m e apartaré d e tu presencia hasta q u e vea yo que haces misericordia. ¿Qué m e aprovecharía que viese que yo tenía vida eterna y tu pueblo la m u e r t e , y q u e , principalmente p o r mis defectos y los d e otras criaturas, vinieran las tinieblas a tu Esposa, la Iglesia, que es luz? Q u i e r o , pues, y te pido como gracia q u e tengas misericordia d e tu pueblo por la increada caridad que te movió a crear al h o m b r e a tu imagen y semejanza, diciendo: «Hagamos al h o m b r e a nuestra imagen y semejanza» . Y p o r q u e tú lo quisiste, T r i n i d a d e t e r n a y altísima, hiciste que el hombre participara plenamente d e ti. Razón por la que le diste el e n t e n d i m i e n t o , para que, viendo tu voluntad, 2

3

1 2 3

Ex 3 2 , 1 1 . Ex 22,31-32. Gen 1,26.

Misericordia para et pueblo de Dios

83

conociese y participase d e la sabiduría d e tu Hijo; y le diste la voluntad, p a r a q u e p u d i e s e e n t e n d e r lo q u e el e n t e n d i m i e n t o ve y c o n o c e d e tu v e r d a d , p a r t i c i p a n d o d e la clemencia del Espíritu S a n t o . ¿Cuál fue la r a z ó n d e q u e colocases al h o m b r e e n tanta d i g n i d a d ? El a m o r inestimable con q u e c o n t e m p l a s t e d e n t r o d e ti a tu c r i a t u r a . Y te e n a m o r a s t e d e ella. L u e go la creaste y le diste el ser p o r a m o r , a fin d e q u e palad e a s e tu s u m o y e t e r n o bien. Veo q u e p o r el p e c a d o c o m e t i d o p e r d i ó la d i g n i d a d en q u e la pusiste. A causa d e la rebelión q u e llevó a cabo, se p u s o en g u e r r a con tu clemencia, es decir, nos c o n v e r t i m o s en e n e m i g o s tuyos. T ú , m o v i d o p o r el m i s m o a r d o r con q u e nos creaste, quisiste establecer el r e m e d i o p a r a reconciliar al g é n e r o h u m a n o llegado a esta e n o r m e g u e r r a , p a r a q u e a ella siguiese la g r a n paz; p o r ello nos diste el V e r b o de tu Hijo unigénito, q u e fue i n t e r m e d i a r i o e n t r e nosotros y tú. El fue n u e s t r a justicia, q u e castigó e n sí m i s m o n u e s tras injusticias, y c u m p l i ó c o n tu obediencia, P a d r e eterno, la q u e le impusiste al vestirle d e n u e s t r a h u m a n i d a d , cuando tomó nuestra imagen y naturaleza humana. ¡Oh insondable c a r i d a d ! ¿ Q u é c o r a z ó n p u e d e ser tan f u e r t e q u e no se q u i e b r e al ver lo Alto c a í d o tan abajo c o m o lo está n u e s t r a h u m a n i d a d ? N o s o t r o s s o m o s tu i m a g e n , y tú la i m a g e n n u e s t r a p o r la u n i ó n q u e has hec h o con el h o m b r e , o c u l t a n d o la e t e r n a divinidad c o n la n u b e miserable y la c o r r o m p i d a masa d e A d á n . ¿Cuál fue la causa? T ú , Dios, te has h e c h o h o m b r e , y el h o m b r e ha sido h e c h o Dios. P o r este a m o r inefable, te a p r e m i o y te r u e g o q u e tengas misericordia d e tus criaturas.

14 iDios se q u e j a del p u e b l o cristiano, y p r i n c i p a l m e n t e d e s u s m i n i s t r o s . — A l g o s o b r e el s a c r a m e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o y el b e n e f i c i o d e la e n c a r n a c i ó n . |

Volviendo Dios e n t o n c e s los ojos d e su misericordia hacia ellos y d e j á n d o s e p r e s i o n a r p o r las lágrimas y ciñ é n d o s e el cíngulo del santo d e s e o , dijo l a m e n t á n d o s e :

84

El Diálogo

Hija dulcísima, las lágrimas me fuerzan, porque están unidas a mi caridad y son d e r r a m a d a s por a m o r a mí. Vuestros dolorosos deseos me atan. Pero mira y considera lo sucia que mi Esposa tiene su cara, cómo es leprosa a causa de las inmundicias y del amor propio, inflada por la soberbia y codicia que se alimentan a sus pechos, es decir, la religión cristiana, cuerpo universal, y hasta el cuerpo místico d e la santa Iglesia '. Digo esto de mis ministros, que son quienes se alimentan y están a sus pechos. Y no sólo se alimentan, sino que tienen que alimentar y m a n t e n e r a esos pechos el cuerpo universal de la religión cristiana y a cualquier otro que quisiera salir de las tinieblas de la infidelidad y unirse a mi Iglesia como miembro suyo. Mira con cuánta ignorancia, cuántas tinieblas y cuánta ingratitud es repartida por manos inmundas la leche y la sangre de esta Esposa y con cuánta presunción e irreverencia son recibidas por los fíeles. Por eso, lo que da vida, frecuentemente les da la m u e r t e por defecto suyo. . La preciosa sangre de mi Hijo es lo que hizo desaparecer la muerte y las tinieblas, lo que dio la luz y la verdad, y dejó confundida a la mentira. Esta sangre dio y realizó todo lo referente a la perfección del h o m b r e que se dispone a recibirla. Igual que da vida y dota al alma d e toda gracia, así da la muerte al que vive en la maldad, poco o m u c h o conforme a la disposición y afecto de quien las recibe. De modo que por parte de quien las acepta, si las recibe indignamente en las tinieblas del pecado mortal, a éste se le da la muerte y no la vida. No ocurre esto por defecto del ministro, aunque se hallase en pecado igual o mayor, ya que su pecado no echa a p e r d e r ni ensucia la sangre, ni disminuye su gracia y virtud. Por ello no hace mal a quien le da la sangre, sino a sí mismo por el pecado, al que seguirá la pena si no se corrige con verdadera contrición y aborrecimiento de la culpa. Digo, pues, que esta sangre perjudica al que la recibe indignamente; no por defecto d e la sangre ni del ministro, sino por la mala preparación y por defecto suyo, ya que tiene su espíritu y su cuerpo sucios d e tanta miseria 1

Para Catalina, cuerpo místico significa jerarquía eclesiástica.

Misericordia para el pueblo de Dios

85

e i n m u n d i c i a , y p o r la g r a n d í s i m a c r u e l d a d q u e h a tenid o p a r a consigo y con su p r ó j i m o . La t u v o consigo priv á n d o s e d e la gracia, p o n i e n d o bajo los pies d e sus inclin a c i o n e s el fruto d e la s a n g r e q u e a d q u i r i ó e n el bautism o , c u a n d o le fue b o r r a d a la m a n c h a original e n virtud d e la s a n g r e , m a n c h a q u e se a d q u i e r e al ser c o n c e b i d o p o r su p a d r e y p o r su m a d r e . P o r esta r a z ó n os di al V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o , p u e s la m a s a del g é n e r o h u m a n o estaba c o r r o m p i d a p o r el p e c a d o del p r i m e r h o m b r e , A d á n . Y así, t o d o s vosot r o s , h e c h o s d e la m i s m a masa, estabais c o r r o m p i d o s y n o aptos p a r a o b t e n e r la vida e t e r n a . Yo, lo Alto, m e u n í a la bajeza d e vuestra h u m a n i d a d p a r a p o n e r r e m e d i o a la c o r r u p c i ó n y m u e r t e d e l g é n e r o h u m a n o al devolverle la gracia q u e p e r d i ó p o r el p e c a d o '. Al n o p o d e r sufrir yo la p e n a —mi divina justicia exigía q u e a la culpa siguiese la p e n a — , a u n q u e el h o m b r e h u b i e s e satisfecho p o r algo, n o satisfaría p o r o t r o , sino p o r sí m i s m o , y n o p o r las c r i a t u r a s . A d e m á s , esta culpa n o p o d í a satisfacerse ni e n favor suyo ni d e o t r o s , p o r q u e se h a b í a c o m e t i d o c o n t r a mí, q u e soy infinita B o n d a d . Q u e r i e n d o yo, sin e m b a r g o , restituir p o r el h o m b r e , q u e se hallaba e n d e u d a y n o p o d í a p a g a r p o r la razón d i c h a y p o r hallarse m u y d e b i l i t a d o , envié al V e r b o d e mi Hijo revestido con la m i s m a n a t u r a l e z a q u e vosot r o s , m a s a c o r r o m p i d a d e A d á n , p a r a q u e sufriese el castigo e n aquella m i s m a n a t u r a l e z a q u e h a b í a p e c a d o : s u f r i e n d o e n su c u e r p o hasta la a f r e n t o s a m u e r t e d e la c r u z , aplacaría mi ira. D e este m o d o c u m p l í c o n mi justicia y sacié m i divina m i s e r i c o r d i a , q u e q u i s o satisfacer p o r el h o m b r e y p r e p a r a r l o p a r a el bien p a r a el q u e lo había c r e a d o . Así, la n a t u r a l e z a h u m a n a , u n i d a a la divina, fue suficiente p a r a satisfacer p o r t o d o el g é n e r o h u m a n o ; n o p o r la p e n a q u e sufre e n la n a t u r a l e z a finita, es decir, e n la m a s a d e A d á n , sino p o r r a z ó n d e la d i v i n i d a d e t e r n a , d e la n a t u r a l e z a divina infinita. U n i d a s u n a y o t r a n a t u r a leza, recibí y acepté el sacrificio d e la s a n g r e d e mi Hijo u n i g é n i t o , e n t r e m e z c l a d a y h e c h a u n a m a s a c o n la n a t u raleza divina a través d e l fuego d e m i c a r i d a d , q u e fue 1

Gal 4,4-5 y 1 J n 4 , 9 .

86

El Diálogo

el lazo d e unión q u e le tiene sujeto y clavado en cruz. Sólo en virtud d e la naturaleza divina fue de este m o d o capaz d e satisfacer p o r la culpa d e la naturaleza h u m a n a . Así q u e d ó limpia la m a n c h a del pecado d e A d á n , p e r m a n e c i e n d o ú n i c a m e n t e la cicatriz, esto es, la inclinación al pecado, a todo afecto corporal; al m o d o q u e q u e d a la cicatriz después d e haber c u r a d o el hombre d e u n a llaga. Después del pecado d e A d á n , q u e produjo la mortal mancha, llegado el gran médico, mi Hijo unigénito, c u r ó al e n f e r m o bebiendo El la a m a r g a medicina que no podía beber el h o m b r e por hallarse muy debilitado. O b r ó como la nodriza, q u e toma la medicina, en vez del niño, p o r q u e es mayor y fuerte, y el niño no tiene fortaleza poder soportar tanta a m a r g u r a . El hizo de nodriza, sufriendo con la grandeza y fortaleza d e la divinidad, unida a vuestra naturaleza, la a m a r g a medicina de la dolorosa m u e r t e d e cruz para sanaros y daros vida a vosotros, niños debilitados. Q u e d ó ú n i c a m e n t e la cicatriz del pecado original, her e d a d o del p a d r e y d e la m a d r e c u a n d o sois concebidos. Esta cicatriz se quita del alma, a u n q u e no del todo. Eso se hace por el santo bautismo, q u e tiene eficacia y da la vida d e la gracia en virtud d e esta gloriosa y preciosa sangre. En c u a n t o el alma ha recibido el santo bautismo, se le quita el pecado original y se le infunde la gracia. T a m bién la inclinación al pecado, q u e es la cicatriz que queda del pecado original y q u e debilita, p u e d e el alma atenuarla si quiere, como q u e d a dicho. Así q u e d a dispuesto el vaso del alma para recibir y aum e n t a r la gracia d e n t r o d e sí m u c h o o poco, según quiera prepararse a sí misma para a m a r m e y servirme con afecto y deseo. Puede prepararse para el mal y para el bien a u n q u e haya recibido la gracia del santo bautismo; por lo q u e , llegado el uso d e la razón, por la libertad p u e d e o b r a r el bien o el mal, según plazca a su voluntad. Es tan g r a n d e la libertad d e q u e goza el hombre y se ha hecho tan fuerte por la eficacia d e esta gloriosa sangre, que ni el d e m o n i o ni criatura alguna pueden forzarle al más p e q u e ñ o pecado más allá d e lo que él quie-

Misericordia

para

el pueblo

de

Dios

87

ra. F u e liberado d e la esclavitud y convertido en h o m b r e libre p a r a q u e d o m i n a s e sus propios sentidos y alcanzase el fin p a r a el q u e había sido c r e a d o . ¡Oh h o m b r e miserable, q u e e n c u e n t r a placer en el lodo, c o m o le o c u r r e al animal, y q u e no reconoce tantos beneficios c o m o ha recibido d e mí! Más no podía recibir la miserable criatura, llena d e tanta ignorancia. 15 [ U n a v e z r e a l i z a d a la p a s i ó n d e C r i s t o , e l p e c a d o e s m á s c a s t i g a d o q u e a n t e s . — D i o s p r o m e t e m i s e r i c o r d i a al m u n d o y a la I g l e s i a si m e d i a n la o r a c i ó n y e l s u f r i m i e n t o d e s u s s e r v i dores. I

Q u i e r o q u e sepas, hija mía, q u e , h a b i e n d o c r e a d o d e n u e v o al h o m b r e p o r la s a n g r e d e mi Hijo unigénito y h a b i e n d o d e v u e l t o a la gracia al g é n e r o h u m a n o , si el h o m b r e n o lo a g r a d e c e , va d e mal en p e o r , d e pecado en p e c a d o , p u e s considera despreciable la gracia q u e le h e h e c h o y le h a g o . Y no sólo n o lo considera gracia, sino q u e a l g u n a s veces le parece q u e recibe d e mí injurias, ni m á s ni m e n o s q u e si yo quisiese o t r a cosa q u e su santificación. A s e g u r o q u e p a r a estos tales será más d u r o el j u i c i o y serán dignos d e m a y o r castigo. U n a vez recibida la r e d e n c i ó n p o r m e d i o d e la s a n g r e de mi Hijo, s e r á n m á s castigados q u e antes d e q u e fuese bor r a d a la m a n c h a del p e c a d o d e A d á n >. Es r a z o n a b l e q u e q u i e n reciba más, devuelva, y se sienta m á s obligado el q u e m á s recibe. El h o m b r e m e estaba m u y obligado, p o r el ser q u e yo le había d a d o al c r e a r l o a mi imagen y semejanza. Estaba obligado a darm e gloria, y él m e la quitó y volvió a dársela a sí mismo. Por ello q u e b r a n t ó la obediencia q u e le había puesto y se c o n v i r t i ó e n e n e m i g o mío. Yo, con h u m i l d a d , destruí su soberbia, h u m i l l á n d o m e y t o m a n d o vuestra h u m a n i d a d , s a c á n d o o s d e la esclavitud del d e m o n i o , y os hice libres. N o sólo os di la libertad, sino q u e —si lo piensas b i e n — el h o m b r e ha sido h e c h o Dios, y Dios se ha hec h o h o m b r e p o r la u n i ó n d e la naturaleza divina con la humana. Esta es la d e u d a q u e el h o m b r e ha c o n t r a í d o , es decir, p o r el t e s o r o d e la s a n g r e , e n él ha vuelto a ser c r e a d o 1

Jn

15,22.

88

El

Diálogo

para la gracia. Ves, pues, cómo están más obligados a d a r m e gloria después d e la redención que antes de ella. Están obligados a d a r m e gloria y alabanza siguiendo las huellas de la Palabra hecha carne, y de este m o d o , con virtudes verdaderas y reales, debe pagar la d e u d a de amor a mí y al prójimo. El no hacerlo, puesto q u e debe a m a r m e mucho, es causa de mayor ofensa, y, por ello, yo, conforme a la justicia divina, le castigo con sufrimientos mayores, dándole la condenación eterna. Por eso, en justicia divina, u n falso cristiano tendrá mayores penas q u e un pagano y le consumirá más el fuego que no se apaga, o sea, le afligirá, y con ello se sentirá consumir por el gusano de la conciencia, que, a pesar de todo, no lo termina d e consumir , p o r q u e los condenados no pierden el ser por mucho t o r m e n t o q u e reciban. Por eso, te aseguro q u e pedirán la m u e r t e , y no la t e n d r á n , al no poder perd e r el ser. Por el pecado perdieron el ser de la gracia, pero no su existencia. Así, pues, el pecado es m u c h o más castigado después de la redención q u e antes, por h a b e r recibido más. Pero parece que no se d a n cuenta d e ello ni advierten su desgracia. Se han hecho enemigos míos, habiéndolos yo reconciliado p o r medio de la sangre de mi Hijo. Hay un remedio con el que aplacaré mi ira, y es que mis servidores sean solícitos en hacerme presión con las lágrimas y a t a r m e con las ligaduras d e su deseo. T ú ves que me tienes sujeto con estos lazos; los q u e yo mismo te di, p o r q u e quería hacer misericordia al m u n d o . Por eso doy a mis servidores h a m b r e y deseo de h o n r a r m e y de la salvación de las almas, a fin de que, forzado por sus lágrimas, mitigue yo el furor de mi divina justicia. T o m a , pues, tus lágrimas, tu sudor; sacadlos de la fuente de mi divina caridad tú y los otros servidores míos; lavad con ellos la cara de mi Esposa. Yo te p r o m e to que por este medio le será devuelta su belleza. No recobrará su h e r m o s u r a con cuchillos, ni con guerras, ni con crueldades , sino con la paz, la humilde y continua2

3

2

Me 9,43. C o n cuchillos, g u e r r a s y c r u e l d a d e s se intentaba p o n e r final al cisma, olvidando f r e c u e n t e m e n t e los r e m e d i o s espirituales q u e proclam a Catalina. 3

Misericordia para el pueblo de Dios

89

d a o r a c i ó n ; con los s u d o r e s y las lágrimas d e r r a m a d a s y c o n el a n g u s t i a d o d e s e o d e mis s e r v i d o r e s . C u m p l i r é tu d e s e o d e sufrir m u c h o , d e r r a m a n d o la luz d e v u e s t r a paciencia p o r e n t r e las tinieblas d e los h o m b r e s m a l v a d o s del m u n d o . N o temáis q u e el m u n d o os persiga, q u e yo estaré c o n vosotros y e n n a d a os faltará mi providencia. 16 [Al c o n o c e r m e j o r e s t a a l m a l a b o n d a d d i v i n a , n o s e c o n t e n t a b a c o n o r a r s ó l o p o r e l p u e b l o c r i s t i a n o y p o r la s a n t a Iglesia, s i n o q u e lo h a c í a p o r el m u n d o e n t e r o . ]

E n t o n c e s aquel a l m a , c o n m a y o r c o n o c i m i e n t o y g r a n d í s i m a alegría y c o n s u e l o , se levantó y se p u s o a n t e la divina Majestad, t a n t o p o r m e d i o d e la confianza e n la divina misericordia c o m o p o r el inefable a m o r q u e sentía al ver el a m o r y d e s e o q u e Dios t e n í a d e practicar su m i s e r i c o r d i a con los h o m b r e s , a u n q u e fuesen e n e m i gos suyos. H a b í a i n d i c a d o el m o d o y c a m i n o a sus servid o r e s p a r a q u e p u d i e r a n forzar a su b o n d a d a aplacar su ira. Se alegraba y p e r d í a t o d o t e m o r a las persecuciones del m u n d o v i e n d o a Dios en su favor. Crecía el fuego del s a n t o d e s e o . N o satisfecha a ú n , a p e s a r d e t o d o , p e d í a p o r el m u n d o e n t e r o c o n santa confianza. A u n q u e la s e g u n d a petición c o n t e n í a el bien y la utilid a d d e los cristianos y d e los infieles, es d e c i r , la reform a d e la santa Iglesia, sin e m b a r g o , c o m o El m i s m o se lo h a b í a p e d i d o , c o m o h a m b r i e n t a , hacía extensiva al m u n d o e n t e r o su o r a c i ó n , c l a m a n d o : Dios e t e r n o , ¡misericordia p a r a tus ovejuelas, c o m o p a s t o r b u e n o q u e e r e s ! N o d u d e s e n o t o r g a r misericordia al m u n d o , p u e s t o q u e ya p a r e c e q u e casi n o a g u a n t a m á s , p o r q u e p a r e c e p r i v a d o t o t a l m e n t e d e la u n i ó n e n la c a r i d a d p a r a contigo, V e r d a d e t e r n a . Miser i c o r d i a p a r a c o n ellos, p u e s n o se a m a n u n o s a otros c o n a m o r f u n d a d o e n ti. 17 [Dios se l a m e n t a d e s u s c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , y d e m o d o especial del a m o r p r o p i o q u e r e i n a e n e l l a s . — A n i m a a d i c h a a l m a a la o r a c i ó n y a las l á g r i m a s . I

Dios, e b r i o d e a m o r p o r n u e s t r a salvación, e n c o n t r a b a m o d o d e e n c e n d e r m a y o r a m o r y d o l o r e n aquella a l m a

El Diálogo

90

de esta m a n e r a : mostrándole con cuánto a m o r había creado al h o m b r e . Le dijo: ¿No ves q u e todos m e maltratan, habiéndoles yo c r e a d o con a r d o r o s o a m o r y dotado d e la gracia y d e otros d o n e s casi infinitos, y habiéndoselos concedido por gracia y no por obligación? Considera ahora, hija mía, cómo esos mismos m e golpean con tantos y tan diversos pecados, y especialmente con el miserable y abominable a m o r a sí mismos, de d o n d e nace todo mal. Con el a m o r propio han envenenado al m u n d o e n t e ro. P o r q u e así como el a m o r a mí contiene en sí toda virtud nacida p a r a a y u d a r al prójimo, así el a m o r propio sensitivo contiene en sí todo mal, por p r o c e d e r de la soberanía, c o m o el mío procede de la caridad. Este mal lo cometen por medio de la criatura, separados y alejados del prójimo, porque ni m e h a n a m a d o a mí ni al prójimo, q u e u n o y otro amor se hallan estrec h a m e n t e unidos e n t r e sí. Por eso te dije q u e todo bien y todo mal son hechos por medio del prójimo, como te expliqué arriba. Mucho m e p u e d o quejar del hombre, q u e , no habiend o recibido d e mí sino bien, me devuelve odio, o b r a n d o toda clase d e mal. T e dije que con las lágrimas d e mis servidores suavizaréis mi ira, y te lo vuelvo a decir: vosotros, mis servidores, preparaos y poneos ante mí con muchas oraciones, anhelantes deseos y con dolor por las ofensas q u e se m e hacen, y por la condenación d e ellos. Así mitigaréis mi ira en el juicio divino. 18 [ N a d i e p u e d e e s c a p a r a las m a n o s d e D i o s . — S e e s t á e n ellas p a r a m i s e r i c o r d i a o p a r a justicia. ]

Sabe q u e n i n g u n o p u e d e escapar a mis manos, porq u e yo soy el q u e soy ', y vosotros no tenéis existencia por vosotros mismos, sino que habéis sido creados p o r mí, q u e soy el C r e a d o r de todo lo q u e tiene ser, excepto del pecado, pues éste no tiene propiamente existencia al no h a b e r sido creado por mí. El pecado n o existe d e n 2

1

Ex 3,14. Sobre el p e c a d o c o m o negación, como la n a d a , insiste la Santa en todos sus escritos d e las m á s diversas m a n e r a s . 2

Misericordia para el pueblo de Dios

91

tro d e m í , y p o r eso n o es d i g n o d e ser a m a d o . La criat u r a m e o f e n d e , p o r q u e a m a lo q u e n o se d e b e a m a r , esto es, al p e c a d o ; m e odia, e s t a n d o o b l i g a d a a a m a r m e a mí, q u e soy s u m a m e n t e b u e n o y le h e d a d o el ser con tan a r d i e n t e a m o r . N o p u e d e , sin e m b a r g o , a p a r t a r s e d e mí. Se halla en p o d e r m í o , p a r a justicia p o r sus culpas o p a r a mi misericordia. A b r e , p u e s , los ojos del e n t e n d i m i e n t o y m i r a a mi m a n o , y verás q u e es cierto lo q u e te h e d i c h o . L e v a n t a n d o ella la vista p o r o b e d e c e r al g r a n P a d r e , vio en su m a n o c e r r a d a a t o d o el u n i v e r s o . Dios dijo: A h o r a ves y sabes q u e n i n g u n o d e ellos m e p u e d e ser q u i t a d o , p o r q u e t o d o s se hallan a q u í , sea p a r a justicia o p a r a su m i s e r i c o r d i a . Y, p u e s t o q u e son míos y c r e a d o s p o r mí, los a m o d e m o d o indecible. Por ello, a pesar d e su m a l d a d , les h a r é m i s e r i c o r d i a p o r m e d i o d e mis s e r v i d o r e s y c u m p l i r é la petición q u e c o n t a n t o a m o r y d o l o r m e has p r e s e n t a d o . 19 [ E s t a a l m a , c r e c i e n d o e n el f u e g o a m o r o s o , d e s e a b a s u d a r s a n g r e . — A la v e z q u e s e r e p r e n d e a sí m i s m a , h a c e u n a o r a c i ó n p o r su P a d r e e s p i r i t u a l . ]

E n t o n c e s , aquel alma, c o m o e b r i a y casi fuera d e sí, c r e c i é n d o l e el a r d o r , se sintió feliz p o r la u n i ó n q u e tenía c o n Dios, s a b o r e a n d o su g r a n d e z a y b o n d a d , t o d a s u m e r g i d a en su m i s e r i c o r d i a y llena d e d o l o r al ver o f e n d e r a t a n t a b o n d a d . Dio gracias a la divina Majestad, c o m o d á n d o s e c u e n t a d e q u e El le había manifestad o los defectos d e las c r i a t u r a s p a r a verse o b l i g a d a a levantarse con más esmero y mayor deseo. A d v i r t i e n d o q u e se le r e n o v a b a el s e n t i m i e n t o en la e t e r n a d i v i n i d a d , creció t a n t o el s a n t o y a m o r o s o fuego, q u e s u d a b a a causa d e la fuerza q u e el alma hacía sobre el c u e r p o . S u d a b a p o r la fuerza y a r d o r del a m o r , p u e s e r a m á s c o m p l e t a la u n i ó n e f e c t u a d a e n t r e ella y Dios q u e la e x i s t e n t e e n t r e el alma y el c u e r p o . P e r o ella tenía en n a d a aquel s u d o r p o r el g r a n d e s e o q u e tenía d e ver salir d e su c u e r p o s u d o r d e s a n g r e . Se decía a sí m i s m a : ¡ O h alma mía! Ó y e m e : has p e r d i d o el t i e m p o d e tu vida, y p o r eso h a n s o b r e v e n i d o t a n t o s males y d a ñ o s al m u n d o y a la santa Iglesia; m u c h o s e n g e n e r a l y en

92

El Diálogo

particular. Por eso q u i e r o q u e a h o r a los remedies con sudor de sangre. C i e r t a m e n t e q u e esta alma había r e t e n i d o en la mem o r i a la doctrina q u e le había c o m u n i c a d o la V e r d a d d e conocerse a sí misma y a la b o n d a d d e Dios en El m i s m o , y el r e m e d i o p a r a el m u n d o e n t e r o p a r a aplacar la ira y el juicio divino, es decir, las humildes, continuadas y santas oraciones. E n consecuencia, aguijoneada p o r el santo deseo, se elevaba m u c h o , especialmente a b r i e n d o los ojos d e la inteligencia y m e d i t a n d o sobre la divina caridad. Veía y saboreaba la d o c t r i n a d e q u e estamos obligados a a m a r y buscar la gloria y alabanza del n o m b r e d e Dios en la salvación d e las almas. A esto creía llamados a los servid o r e s d e Dios. Singularmente la V e r d a d e t e r n a había llamado y elegido al P a d r e d e su alma, a quien ella presentaba ante la b o n d a d divina, p i d i e n d o infundiese en él luz d e gracia p a r a q u e r e a l m e n t e siguiera a esta Verdad.

20 [Sin t r i b u l a c i o n e s s u f r i d a s c o n p a c i e n c i a n o se p u e d e a g r a d a r a D i o s . — D i o s la a n i m a a e l l a y a s u P a d r e e s p i r i t u a l a sufrir con v e r d a d e r a paciencia. ]

R e s p o n d i e n d o a la tercera petición, es decir, al h a m b r e d e la salvación, dijo: Hija, esto q u i e r o : q u e busques a g r a d a r m e a mí, la V e r d a d , por m e d i o del h a m b r e d e la salvación d e las alm a s . Pero ni él ni otro alguno la p o d r á poseer sin m u chas persecuciones, e n la m e d i d a en q u e yo se las concediere. P o r q u e deseáis ver mi h o n o r en la santa Iglesia, p o r eso debéis concebir a m o r al d e s e o d e sufrir con verdad e r a paciencia. De este m o d o e n t e n d e r é q u e él, tú y los o t r o s servidores míos buscáis mi h o n o r d e v e r d a d . Entonces será él u n hijo mío muy q u e r i d o , y él y los otros r e p o s a r á n sobre el pecho d e mi Hijo unigénito, del q u e h e h e c h o p u e n t e para q u e todos podáis alcanzar vuestro fin y recibir el fruto d e cada u n o d e los trabajos sufridos p o r mi a m o r . Por tanto, sufrid v a r o n i l m e n t e .

Misericordia para el pueblo de Dios 21

9:5

i E s t a n d o c o r t a d o el c a m i n o p a r a ir al c i e l o p o r la d e s -

obediencia d e A d á n , Dios hizo d e su Hijo u n p u e n t e p a r a p o der pasar. |

Y p u e s t o q u e te dije q u e mi u n i g é n i t o Hijo había sido h e c h o p u e n t e , c o m o efectivamente lo es, q u i e r o q u e sepáis, hijos míos, q u e el c a m i n o q u e d ó c o r t a d o p o r el pec a d o y desobediencia d e A d á n ; d e m o d o q u e n i n g u n o podía alcanzar la vida v e r d a d e r a . N i n g u n o m e d a b a gloria del m o d o q u e debía, p u e s n o participaba del bien p a r a el q u e lo había c r e a d o , y así n o se c u m p l í a mi verdad. La v e r d a d es q u e había c r e a d o a los h o m b r e s a mi imagen y semejanza p a r a q u e gozasen vida e t e r n a y tuviesen p a r t e c o n m i g o y p a r a q u e gustasen d e mi e t e r n a d u l z u r a y b o n d a d . Por r a z ó n del p e c a d o , el h o m b r e n o alcanzaba este fin y n o se c u m p l í a mi v e r d a d . Esto sucedía p o r q u e el p e c a d o había c e r r a d o el cielo y la p u e r t a d e mi misericordia. El p e c a d o hizo q u e b r o t a s e n espinas y tribulaciones, j u n t o con m u c h a s molestias. La c r i a t u r a se e n c o n t r ó con la rebelión e n sí misma, p u e s en c u a n t o el h o m b r e se rebeló c o n t r a mí, se halló e n rebelión c o n t r a sí m i s m o . La c a r n e se soliviantó i n m e d i a t a m e n t e c o n t r a el espíritu, p e r d i e n d o el e s t a d o d e inocencia. El h o m b r e se convirtió en animal i n m u n d o , y todas las c r i a t u r a s le f u e r o n rebeldes, c u a n d o , más bien, le h a b r í a n e s t a d o sometidas si él se h u b i e r a m a n t e n i d o e n el e s t a d o en q u e lo p u s e . Al n o p e r m a n e c e r en él y t r a n s g r e d i r mi obediencia, m e r e c i ó m u e r t e e t e r n a en el a l m a y en el cuerpo. E n c u a n t o h u b o p e c a d o , s u r g i ó u n río t e m p e s t u o s o , q u e c o n t i n u a m e n t e lo z a r a n d e a b a con sus olas, sufriend o fatigas y molestias, q u e p r o v i e n e n d e sí m i s m o , del d e m o n i o o del m u n d o . T o d o s os h u n d í a i s , p o r q u e ning u n o , a p e s a r d e sus b u e n a s o b r a s , p o d í a alcanzar la vida — eterna. Por eso, yo, d e s e a n d o p o n e r r e m e d i o a tantos males, os h e d a d o el p u e n t e d e mi Hijo, p a r a q u e al atravesar el río n o os a h o g u é i s . El río es el m a r t e m p e s t u o s o d e la vida p r e s e n t e . Mira hasta q u é p u n t o m e está obligada la c r i a t u r a y

94

El Diálogo

qué ignorante es, pues a u n q u e se vuelva a hundir, no se aprovecha del remedio que le he d a d o . 22 [Dios i n d u c e al a l m a a c o n t e m p l a r la g r a n d e z a d e e s t e p u e n t e , q u e s e t i e n d e d e la t i e r r a al cielo.T

Abre los ojos d e tu entendimiento y verás los ciegos e ignorantes; verás a los imperfectos y los perfectos que de veras me siguen, para q u e te duelas d e la condenación de los ignorantes y te alegres de la perfección d e mis amados hijos. Verás también cómo a n d a n los que caminan en la luz y los q u e van por las tinieblas. Pero antes quiero q u e contemples el puente d e mi Hijo unigénito y te fijes en su dimensión: se tiende del cielo a la tierra, es decir, mira cómo la grandeza d e la divinidad se halla unida con la tierra d e vuestra h u m a nidad. Por eso digo q u e va del cielo a la tierra: por la unión que yo he hecho con el h o m b r e . Para q u e alcanzaseis la vida y superaseis las amarguras del m u n d o , fue necesario rehacer el camino que estaba cortado. Un p u e n t e tan largo, capaz d e salvar el río y daros la vida eterna, no se podía conseguir solamente con la tierra d e la naturaleza del h o m b r e , que no era suficiente para satisfacer por la culpa y raer la mancha del pecado d e Adán, q u e corrompió a todo el género humano y trajo la pestilencia, como arriba te dije. Fue preciso unirla con la grandeza d e mi naturaleza, eterna Divinidad, para que pudiese satisfacer p o r todo el género hum a n o , y así la naturaleza h u m a n a sufriese la pena, y la naturaleza divina, unida con la h u m a n a , aceptase el sacrificio d e mi Hijo, ofrecido por vosotros para libraros d e la m u e r t e y daros la vida. Así, lo Alto bajó a la tierra d e vuestra h u m a n i d a d , y, unidas u n a y otra, se hizo p u e n t e con ambas y q u e d ó restablecido el camino. ¿Para q u é se hizo este camino? Para que v e r d a d e r a m e n t e vinieseis a gozar con los ángeles. Pero para obtener la vida e t e r n a no os basta que mi Hijo sea puente, sino que lo utilicéis.

Misericordia para el pueblo de Dios

95

23 [Todos somos trabajadores enviados p o r Dios a trabajar e n l a v i ñ a d e l a s a n t a I g l e s i a . — C a d a u n o t i e n e l a v i ñ a d e sí m i s m o . — N o s o t r o s , s a r m i e n t o s , d e b e m o s e s t a r u n i d o s a la v i d v e r d a d e r a , el H i j o d e D i o s . 1

C o n esta palabras m a n i f e s t ó la V e r d a d e t e r n a q u e El n o s h a c r e a d o sin n o s o t r o s , p e r o n o nos salvará sin n o sotros '. Q u i e r e q u e n o s o t r o s p o n g a m o s e n ello la libre v o l u n t a d , e m p l e a n d o el t i e m p o e n las v e r d a d e r a s virtud e s . Por eso a ñ a d i ó : A todos es n e c e s a r i o serviros d e este p u e n t e b u s c a n d o la gloria y alabanza d e m i n o m b r e e n la salvación d e las almas, s u f r i e n d o m u c h a s p e n a l i d a d e s , siguiend o las huellas d e este d u l c e y a m o r o s o V e r b o . De o t r o m o d o n o p o d r é i s v e n i r a mí. Vosotros sois t r a b a j a d o r e s míos, a q u i e n e s h e p u e s t o a trabajar e n la viña d e la santa Iglesia . T r a b a j a d e n el c a m p o universal d e la religión cristiana, e n c a r g a d o s p o r la gracia c u a n d o os di la luz del santo b a u t i s m o , q u e recibisteis e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia p o r m a n o d e los ministros q u e d e s i g n é p a r a trabajar c o n vosotros. Pertenecéis al c u e r p o universal, y ellos al c u e r p o místico, colocados p a r a a l i m e n t a r vuestras almas, d á n d o o s la s a n g r e q u e recibís e n los s a c r a m e n t o s a d m i n i s t r a d o s p o r ellos, s a c a n d o d e vosotros las espinas del p e c a d o m o r t a l y p l a n t á n d o o s la gracia. Ellos son los t r a b a j a d o res e n la viña d e v u e s t r a s almas, u n i d o s a la viña d e la santa Iglesia. T o d a c r i a t u r a racional tiene su p r o p i a viña, la d e su alma, d e la q u e c a d a u n o es v i ñ a d o r c o n su v o l u n t a d y libre a l b e d r í o e n el t i e m p o , esto es, m i e n t r a s se vive. Mas d e s p u é s d e p a s a d o este t i e m p o n o se p u e d e h a c e r trabajo a l g u n o , ni b u e n o ni m a l o ; p e r o , m i e n t r a s se vive, se p u e d e trabajar la viña a la q u e le h e e n v i a d o . El t r a b a j a d o r del alma h a recibido t a n t a fortaleza, q u e ni el d e m o n i o ni c r i a t u r a a l g u n a p u e d e a r r e b a t á r s e l a , si él n o q u i e r e ; p o r q u e , al recibir el santo b a u t i s m o , se fortaleció y dio el cuchillo del a m o r a la virtud y aborrecimiento 2

1

S A N A G U S T Í N , Serm.

2

Mt 2 0 , 1 - 1 6 .

169 n . 3 .

96

El Diálogo

del pecado. El amor a la virtud y aborrecimiento del pecado los encuentra en la sangre, pues por amor a vosotros y odio al pecado murió mi Hijo unigénito, dándoos la sangre; por ella recibís la vida en el santo bautismo. Tenéis, pues, el cuchillo, que debéis usar con libertad para arrancar las espinas de los pecados mortales y plantar las virtudes mientras tenéis tiempo. De otro m o d o no recibiréis el fruto de la sangre por medio de los trabajadores que he enviado a la santa Iglesia, de los que te dije que quitan el pecado mortal de la vida del alma y os dan la gracia al administraros la sangre de los sacramentos. Tenéis, por tanto, que levantaros, en primer lugar, con la contrición del corazón, aborreciendo el pecado y a m a n d o la virtud; entonces recibiréis el fruto de esa sangre. De otro m o d o no podréis recibirla, por falta de preparación en lo que de vosotros dependa, al m o d o que la reciben los sarmientos unidos a la vid de mi Hijo unigénito, que dijo: «Yo soy la verdadera vid, y vosotros sois los sarmientos, y mi Padre el viñador» \ Así, es en verdad que yo soy el labrador, puesto q u e todo lo que tiene ser ha procedido y procede de mí. Mi poder es incomprensible, y con él y la virtud gobierno el m u n d o entero: ninguna cosa ha sido creada sin mí. Soy el labrador que plantó la verdadera vid de mi Hijo en la tierra de vuestra h u m a n i d a d a fin de que vosotros, los sarmientos, unidos a la vid, dieseis fruto. Por ello, el q u e no dé fruto de santas y buenas obras será separado de esta vid y se secará. Separado de esa vid, pierde la vida de la gracia y es enviado al fuego eterno, como el sarmiento que no da fruto es separado de la vid y enviado al fuego, por no valer para otra cosa . Lo mismo a los separados por sus pecados, si mueren en la culpa de pecado mortal, la divina justicia los envía al fuego que d u r a e t e r n a m e n t e , por no ser buenos para otra cosa. Los q u e no han cultivado su viña han echado a perder la suya y la de los demás. No sólo no han plantado la buena planta de la virtud, sino q u e han arrancado la 4

> Jn 15,1. J n 15,6. 4

Misericordia

para el pueblo de Dios

97

semilla d e la gracia, r e c i b i d a p o r la luz d e l s a n t o b a u t i s m o al p a r t i c i p a r d e la s a n g r e d e m i Hijo, q u e fue el vino q u e p r o d u j o esta vid v e r d a d e r a . H a n a r r a n c a d o esta semilla y la h a n d a d o a c o m e r a los a n i m a l e s , es d e c i r , a los m u c h o s y d i v e r s o s p e c a d o s , y la h a n p u e s t o bajo los pies d e l afecto d e s o r d e n a d o . C o n este afecto m e h a n o f e n d i d o y h e c h o d a ñ o al p r ó j i m o . Mis s e r v i d o r e s , sin e m b a r g o , n o o b r a n d e este m o d o . L o m i s m o d e b é i s h a c e r v o s o t r o s , esto es, p e r m a n e c e r u n i d o s e i n j e r t a d o s a e s t a vid. E n t o n c e s d a r é i s m u c h o f r u t o , p u e s p a r t i c i p a r é i s d e l a m o r d e esta vid: e s t a n d o u n i d o s al V e r b o d e m i H i j o , lo estáis a m í , p o r q u e yo soy u n o c o n El, y El c o n m i g o . P e r m a n e c i e n d o e n El, seguiréis su d o c t r i n a , y s i g u i é n d o l a participáis d e la sust a n c i a d e l V e r b o , es d e c i r , d e la d i v i n i d a d e t e r n a u n i d a a la h u m a n i d a d , s a c a n d o d e ello a m o r d i v i n o q u e e m b r i a g a el a l m a . P o r eso t e m a n d é p a r t i c i p a r d e la savia d e la vid. 5

2 4 [Dios poda los sarmientos unidos a esa vid, o sea, a sus servidores.—La viña de cada u n o está de tal modo unida a la del prójimo, que nadie puede cultivarla o echarla a perder sin cultivar y echar a perder la del prójimo.] ¿Sabes lo q u e h a g o d e s p u é s q u e mis s e r v i d o r e s se h a llan u n i d o s e n el s e g u i m i e n t o d e l d u l c e y a m o r o s o V e r bo? Los p o d o p a r a q u e d e n m u c h o f r u t o y sea m á s exquisito y las p l a n t a s n o se v u e l v a n salvajes. L o m i s m o o c u r r e c o n el s a r m i e n t o u n i d o a la vid, al q u e el labrad o r p o d a p a r a q u e d é mejor y mayor cantidad d e vino; y al q u e n o d a f r u t o lo c o r t a y lo e c h a al f u e g o . Así lo h a g o t a m b i é n yo, b u e n L a b r a d o r . A los s e r v i d o r e s míos los p o d o c o n m u c h a s t r i b u l a c i o n e s p a r a q u e d e n m á s y m e j o r f r u t o y q u e d e e n ellos p u r i f i c a d a la v i r t u d . Los q u e n o d a n f r u t o s o n c o r t a d o s y e n v i a d o s al f u e g o . S o n b u e n o s t r a b a j a d o r e s los q u e t r a b a j a n bien su a l m a , a p a r t a n d o d e ella t o d o a m o r p r o p i o , e c h a n d o sob r e m í la t i e r r a d e su a f e c t o . A l i m e n t a n y h a c e n c r e c e r la semilla d e la g r a c i a q u e r e c i b i e r o n e n el s a n t o bautism o . Al t r a b a j a r la suya, t r a b a j a n t a m b i é n la d e l p r ó j i m o : 5

Jn

10,30.

El Diálogo

98

no p u e d e n cultivar la u n a sin la otra. Ya sabes q u e te dije q u e todo mal y todo bien se hacen mediando el prójimo. Vosotros sois mis trabajadores, salidos de mí, sumo y e t e r n o Trabajador, que os ha unido e injertado en la vid por la unión q u e he establecido con vosotros. Recuerda q u e todas las criaturas racionales tienen su propia viña, por estar unidas al prójimo sin intermediario alguno. T a n íntimamente unidos están, que ninguno p u e d e hacer bien a sí sin hacerlo a su prójimo, y lo mism o ocurre con el mal que se hace u n o a sí mismo. De todos vosotros, es decir, de toda la congregación cristiana, se ha hecho u n a viña universal. Estáis unidos en la viña del cuerpo místico d e la santa Iglesia, de la q u e recibís la vida. En esta viña se halla plantada la vid de mi Hijo unigénito, en quien debéis estar injertados '. Si no lo estáis en El, pronto os volveréis rebeldes contra la santa Iglesia, y seréis como miembros separados del cuerpo, q u e p r o n t o se p u d r e n . Mientras tenéis tiempo, podéis levantaros de la pestilencia del pecado por el aborrecimiento a él, recurriend o a sus ministros, que son los trabajadores q u e tienen la llave del vino, es decir, de la sangre q u e ha salido de esta vid. Ella es u n vino tan logrado y de tal perfección su eficacia, q u e no puede ser estropeado por ningún defecto del ministro. El lazo d e la caridad adquirida en el conocimiento de sí y de mí es lo q u e os u n e a través de la verdadera humildad. Ves q u e a todos os he hecho trabajadores. Os invito de nuevo ahora, c u a n d o el m u n d o declina, a ser trabajadores, pues son tantas las espinas que han ahogado la semilla c u a n d o no quieren los hombres hacer obras de gracia . Q u i e r o , pues, q u e seáis trabajadores de veras; q u e ayudéis con gran solicitud a labrar el alma en el cuerpo místico de la Iglesia. Os elijo para ello, porque quiero hacer misericordia al m u n d o , por el que tanto suplicas. 2

1

Rom 11,17-24.

2

Mt 13,7; Le 8,7; Me 4,7.

Misericordia

ELOGIO

para el pueblo de Dios

DEL

AMOR

99

DIVINO

25 [Esta alma, después de algunas alabanzas a Dios, pide que le muestre quiénes pasan por el mencionado puente y quiénes no.] E n t o n c e s el a l m a r e s p o n d i ó c o n a m o r a n g u s t i a d o : ¡ O h i n e s t i m a b l e , d u l c í s i m a c a r i d a d ! ¿ Q u i é n n o se e n a r d e c e c o n t a n t o a m o r ? ¿ Q u é c o r a z ó n p u e d e resistir sin desfallecer? T ú , a b i s m o d e c a r i d a d , p a r e c e q u e e n l o q u e c e s p o r t u s c r i a t u r a s , c o m o si n o p u d i e s e s vivir sin ellas, a u n q u e seas u n Dios q u e n o p r e c i s a d e n o s o t r o s . P o r n u e s t r a s b u e n a s o b r a s n o c r e c e tu g r a n d e z a , p o r q u e n o p u e d e sufrir m u t a c i ó n ; d e n u e s t r o m a l n o se te sigue d a ñ o , p o r q u e e r e s el s u m o y e t e r n o B i e n . ¿ Q u i é n te m u e v e a t a n t a m i s e r i c o r d i a ? El a m o r n o f o r z a d o n i n e c e s a r i o q u e nos t i e n e s , ya q u e s o m o s c u l p a b l e s y malvados deudores. Si yo lo e n t i e n d o b i e n , s u m a y e t e r n a V e r d a d , y o soy u n l a d r ó n y t ú e r e s el c o l g a d o p o r m í , p u e s v e o al V e r b o , a t u Hijo, c o s i d o y c l a v a d o a la c r u z , d e la q u e h a s h e c h o p u e n t e , s e g ú n h a s m a n i f e s t a d o a tu m i s e r a b l e esclava. R e c u e r d o q u e d e s e a b a s m o s t r a r m e q u i é n e s s o n los q u e c a m i n a n y los q u e n o c a m i n a n p o r e s e p u e n t e . P o r ello, si p l a c e a tu b o n d a d m a n i f e s t á r m e l o , lo v e r é y escuc h a r é d e ti d e b u e n g r a d o .

Catalina pide y consigue la curación de su madre.

LA DOCTRINA DEL PUENTE EL PUENTE, [Los escalones

CAMINO

- la altura

- piedras

DE LA VERDAD ' - llave

- tienda

- la puerta. \

26 [ E s t e p u e n t e t i e n e t r e s e s c a l o n e s . — I n d i c a n los t r e s e s t a d o s d e l a l m a . — E s a l t o , p e r o n o s e p a r a d o d e la t i e r r a . — C ó m o s e e n t i e n d e la f r a s e d e C r i s t o : « C u a n d o s e a c o l o c a d o e n a l t o , t o d o lo a t r a e r é a m í » . l

El Dios e t e r n o , para más e n a m o r a r a aquella alma de la salvación d e las almas, le respondió: Antes de q u e te manifieste lo q u e te deseo enseñar y d e q u e m e preguntes, quiero decirte cómo está hecho este p u e n t e . T e manifesté q u e va del cielo a la tierra, es decir, por la unión q u e Dios ha realizado con el hombre, a quien formé del barro d e la tierra. Este p u e n t e , mi Hijo unigénito, tiene tres escalones, de los cuales dos fueron hechos sobre el m a d e r o de la cruz. En el tercero sentí la gran a m a r g u r a al d a r m e a beber hiél y vinagre. En estos tres peldaños reconocerás los tres estados del alma d e q u e te hablaré después. El primer escalón son los pies, q u e significan el afecto. Como los pies soportan el cuerpo, así el afecto soporta al alma. Los pies sujetos constituyen el peldaño para llegar al costado, d o n d e se manifiesta el secreto del corazón. Porque, subido u n o a los pies del afecto, comienza el alma a saborear el afecto del corazón, poniendo los ojos de la inteligencia en el corazón d e mi Hijo, d o n d e halla consumado e indecible amor. Digo c o n s u m a d o p o r q u e no nos ama por utilidad suya, 1

Esta doctrina del «puente» es característica de Catalina, que la tra­ ta no sólo en esta parte, sino en sus elevaciones, oraciones y cartas. La imagen material la vivió ella, sin duda, al contemplar algunos antiguos puentes italianos de su época; por ejemplo, el «ponte Vecchio» de Flo­ rencia. El puente da acceso a la ciudad. U n extremo se une con una puerta de la muralla, con puente levadizo, hoy desaparecido, y tiendas en las aceras del puente.

La doctrina del puente

101

ya q u e d e vosotros n i n g u n a le p u e d e venir, p u e s t o q u e son u n a cosa c o n m i g o . El alma se llena d e a m o r viénd o s e tan a m a d a . A q u í se e n c u e n t r a ya e n el s e g u n d o escalón. Subido el s e g u n d o p e l d a ñ o , se pasa al t e r c e r o , es decir, a la boca, d o n d e halla la paz e n m e d i o d e aquella g r a n g u e r r a q u e antes había sostenido p o r sus pecados. P o r el p r i m e r escalón, l e v a n t a n d o los pies del afecto t e r r e n o , se despoja del vicio; p o r el s e g u n d o se viste del a m o r a la virtud y e n el t e r c e r o goza la paz. C o m o el p u e n t e tiene tres escalones, s u b i e n d o el prim e r o y "el s e g u n d o , podéis alcanzar el t e r c e r o . C o m o se halla tan elevado el p u e n t e , el a g u a n o le molesta, porq u e e n Cristo n o se d a el v e n e n o del p e c a d o . Este p u e n t e está e l e v a d o , y, sin e m b a r g o , n o carece d e contacto con la tierra. ¿Sabes c u á n d o se elevó tanto? C u a n d o fue l e v a n t a d o e n el m a d e r o d e la c r u z santísim a , sin a p a r t a r s e p o r ello la n a t u r a l e z a divina d e la bajeza d e la tierra d e v u e s t r a h u m a n i d a d . P o r eso te dije q u e , siendo elevado, n o había p e r d i d o contacto c o n la tierra, p o r hallarse u n i d o y h e c h o u n a masa con ella. N a d i e h u b i e r a p o d i d o c a m i n a r p o r el p u e n t e m i e n t r a s n o fuera edificado, y p o r ello dijo Cristo: « C u a n d o sea e l e v a d o , t o d o lo a t r a e r é a mí» . V i e n d o mi B o n d a d q u e los h o m b r e s n o p o d í a n ser atraídos d e o t r o m o d o , le m a n d é q u e se elevase sobre el m a d e r o d e la cruz, h a c i e n d o d e El y u n q u e e n q u e t o m a se f o r m a el hijo del g é n e r o h u m a n o p a r a q u i t a r l e la m u e r t e y restituir el h o m b r e a la vida. Así, t o d a s las cosas las atrajo a sí, p a r a m a n i f e s t a r el indecible a m o r q u e os tenía, p u e s el c o r a z ó n h u m a n o es s i e m p r e a t r a í d o p o r el a m o r , si es q u e , c o m o i g n o r a n t e , n o hace resistencia a dejarse atraer. Dijo, p u e s , q u e , c u a n d o fuera p u e s t o e n alto, t o d o lo a t r a e r í a a sí, y es v e r d a d . Esto se e n t i e n d e d e dos m a n e ras. U n a es q u e , h a b i e n d o a t r a í d o el c o r a z ó n del h o m b r e p o r el afecto del a m o r , c o m o te h e d i c h o , es a t r a í d o con todas las potencias d e su alma, esto es, con la m e m o r i a , el e n t e n d i m i e n t o y la v o l u n t a d . De a c u e r d o estas tres 2

3

2

3

Jn

3,5.

Jn

12,32.

El

102

Diálogo

potencias y unidas en mi nombre, son atraídas con placer y unidas a mí por el afecto del amor las tres operaciones del hombre: temporales y espirituales, pues el hombre se ha elevado al amor crucificado. Por eso dijo con justeza mi Verdad: «Cuando sea puesto en lo alto, atraeré a mí todas las cosas»; es decir, que, arrastrando el corazón y las potencias del alma, lo serán también sus obras. La segunda manera es porque todo ha sido creado para servicio del hombre. Las cosas creadas están hechas para que sirvan y ayuden a las necesidades de las criaturas racionales y no para que las sirvan a ellas, y para que las criaturas racionales, a su vez, me sirvan con todo su corazón y todo su afecto. Y así, ves que, siendo atraído el h o m b r e a mí, lo son las cosas creadas para él. Fue, pues, necesario que fuese levantado este puente y que tenga escalones para que se p u e d a subir con facilidad a él. 27 (El p u e n t e e s t á e d i f i c a d o c o n p i e d r a s , q u e s i g n i f i c a n las v i r t u d e s . — E n el p u e n t e h a y u n a t i e n d a , d o n d e se p r o p o r c i o n a c o m i d a a los c a m i n a n t e s . — Q u i e n s i g u e p o r el p u e n t e l l e g a a la v i d a . — E l q u e va p o r d e b a j o d e él, p o r el r í o , va a la p e r d i c i ó n y a la m u e r t e . 1

Este puente está construido con piedras, para que, cuando llegue la lluvia, el viandante no encuentre impedimento. ¿Sabes qué piedras son ésas? Son las virtudes reales y verdaderas. Estas piedras no se habían cortado antes de la pasión de este Hijo mío, y por eso había impedimento para que se pudiera llegar al final aunque se anduviese por el camino de la virtud. Aún no se había abierto el cielo con la llave de la sangre y la lluvia de la justicia no dejaba pasar. Pero las piedras fueron cortadas y colocadas sobre el cuerpo del Verbo de mi dulce Hijo ', a quien te he presentado como puente. Para ensamblarlas utiliza la cal de su sangre; esto es, la sangre está metida en la cal de la divinidad, mezclada con la fuerza y fuego de la caridad. Con mi poder se hallan trabadas estas piedras de las 1

Sal 128,3 y 1 C o r 3 , 1 1 .

La doctrina

del

puente

103

v i r t u d e s s o b r e el m i s m o C r i s t o , y d e El r e c i b e n vida tod a s las d e m á s . P o r eso n i n g u n o p o s e e v i r t u d e s q u e d e n vida d e gracia si éstas n o p r o c e d e n d e El y d e su d o c t r i n a , es d e c i r , sin s e g u i r sus h u e l l a s . Las h a p u e s t o e n o r d e n , c o m o a las p i e d r a s e n u n m u r o . L a s h a c o l o c a d o c o m o p i e d r a s vivas, p a r a q u e t o d o s los fieles p u e d a n a n d a r c o n facilidad y sin t e m o r servil a l g u n o a la lluvia d e la justicia divina, p o r hallarse el p u e n t e r e c u b i e r t o p o r la m i s e r i c o r d i a . Esta vino d e l cielo p o r la e n c a r n a c i ó n d e m i Hijo. ¿ C o n q u é fue a b i e r t o el cielo? C o n su s a n g r e . Así ves q u e el p u e n t e se halla c o n s t r u i d o y c u b i e r t o p o r la miser i c o r d i a . E n él se e n c u e n t r a la t i e n d a d e l j a r d í n d e la s a n t a Iglesia. Ella t i e n e y a d m i n i s t r a el p a n d e v i d a y la b e b i d a d e la s a n g r e , p a r a q u e mis c r i a t u r a s , c a n s a d a s , v i a n d a n t e s y p e r e g r i n o s , n o desfallezcan e n el c a m i n o . P o r ello h a o r d e n a d o q u e p o r m i c a r i d a d os sea a d m i n i s t r a d a la s a n g r e y el c u e r p o d e m i u n i g é n i t o Hijo, a la vez Dios en t o d o y h o m b r e e n t o d o . P a s a d o el p u e n t e , se llega a la p u e r t a , q u e e s , a la vez, p u e r t a y p u e n t e . P o r eso dijo: «Yo soy el c a m i n o , la v e r d a d y la vida; q u i e n pasa p o r mí n o va a las tinieblas, sino a la luz». Y e n o t r o l u g a r dijo mi V e r d a d q u e n a d i e p u e d e v e n i r a mí si n o es p o r El ; y así es. Si r e c u e r d a s b i e n , te lo dije y d e m o s t r é al q u e r e r t e e n s e ñ a r el c a m i n o . P o r lo q u e , si dice q u e es el c a m i n o , dice t a m b i é n q u e es la V e r d a d , y te h e d e m o s t r a d o q u e es el c a m i n o e n f o r m a p r u d e n t e . Dice q u e es la V e r d a d , y lo es, p o r q u e se halla u n i d o a mí. Q u i e n le sigue recibe la vida d e la gracia y n o p u e d e p e r e c e r d e h a m b r e , p o r q u e la V e r d a d se h a h e c h o c o m i d a p a r a él. T a m p o c o p u e d e c a e r e n las tinieblas, p o r q u e El es la L u z , sin m e n t i r a a l g u n a ; a n t e s bien, la V e r d a d p u s o c o n f u s i ó n y d e s t r u y ó la m e n t i r a , q u e el d e m o n i o e n s e ñ ó a Eva. Esta m e n t i r a c o r t ó el c a m i n o del cielo, y la V e r d a d lo h a rest a u r a d o y r e h e c h o c o n la s a n g r e . Los q u e s i g u e n este c a m i n o son hijos d e la v e r d a d , p o r q u e la s i g u e n y p a s a n p o r la p u e r t a y c a m i n o d e m i Hijo, V e r d a d e t e r n a , M a r e n t r a n q u i l i d a d . Q u i e n n o m a n t i e n e este c a m i n o t i e n e d e b a j o d e él al 2

2

J n 14,6.

104

El Diálogo

río, q u e n o es camino sólido, hecho d e piedra, sino d e agua, y c o m o el agua no sostiene a nadie, nadie p u e d e a n d a r por ella sin ahogarse. Lo mismo o c u r r e con las obras, afectos y situaciones h u m a n a s , p o r q u e no las f u n d ó sobre la piedra, sino con el a m o r d e s o r d e n a d o a las criaturas y cosas creadas, amándolas y a p e g á n d o s e a ellas sin p e n s a r en mí. Por eso siguen el camino de ellas, q u e son como el agua, q u e c o n t i n u a m e n t e c o r r e y desaparece. Si bien el h o m b r e sabe q u e las cosas creadas desaparecen, las ama, a u n q u e c o r r a n sin p a r a r hacia el fin, q u e es la m u e r t e . Quisiera él q u e se detuvieran y q u e las cosas q u e a m a no corrier a n ni le faltaran, bien p o r la m u e r t e —le dejan s o l o — o p o r disposición mía, q u e les priva d e ellas; pero n o p u e de conseguirlo. Esos van p o r el camino e n pos d e lo engañoso y son hijos del d e m o n i o , p a d r e d e la mentira. Al pasar por la p u e r t a , como no p u e d e n t o m a r la p u e r t a de lo e n g a ñ o so, reciben la e t e r n a condenación eterna. Ya ves q u e te he m o s t r a d o la verdad y la mentira, es decir, u n camino q u e es la v e r d a d , y el del d e m o n i o , q u e es la mentira.

DOS CAMINOS:

LA VERDAD

Y LA

MENTIRA

28 [ C a d a u n o d e los c a m i n o s , el d e l p u e n t e y el d e l r í o , t i e n e s u s d i f i c u l t a d e s . — G o z o d e l a l m a q u e c a m i n a p o r el p u e n te.]

Estos son dos caminos, y en cada u n o d e ellos se enc u e n t r a n dificultades. Mira c u á n t a es la ignorancia y ceguera del h o m b r e , q u e , teniendo u n camino firme, quiere ir por el agua. El camino v e r d a d e r o es tan agradable a los que van p o r él, q u e cualquier a m a r g u r a les parece dulce, y cualquier peso, ligero. En la oscuridad del cuerpo e n c u e n t r a n luz, y, siendo mortales, e n c u e n t r a n la vida inmortal, sabor e a n d o , p o r el afecto del a m o r , con la luz d e la fe, la V e r d a d eterna, q u e p r o m e t e refrigerio a quien se fatiga p o r mí, q u e soy agradecido, compasivo y justo; que doy

La doctrina del puente

105

a c a d a u n o lo q u e e n justicia m e r e c e : q u e t o d o lo b u e n o es p r e m i a d o y c a s t i g a d o t o d o p e c a d o . T u l e n g u a n o será capaz d e p o d e r explicar, ni tu o í d o d e percibir, ni tu e n t e n d i m i e n t o d e c o m p r e n d e r el gozo d e j q u e va p o r e s t e c a m i n o , ya q u e , a d e m á s , gusta y participa e n esta vida d e l bien q u e le está p r e p a r a d o p a r a la vida e t e r n a . P o r c o n s i g u i e n t e , está loco q u i e n se c a n s a d e t a n t o bien y p r e f i e r e p r o b a r e n esta vida lo q u e son a r r a s p a r a el i n f i e r n o , a d o n d e llega c o n fatigas, sin c o n s u e l o algun o y sin n a d a b u e n o , p u e s t o q u e se h a p r i v a d o d e mí, q u e soy el s u m o y e t e r n o Bien. T i e n e s r a z ó n , y q u i e r o q u e tú y los o t r o s servidores míos p e r m a n e z c á i s e n c o n t i n u a a m a r g u r a p o r las ofensas q u e m e h a c e n , c o n c o m p a s i ó n p o r la i g n o r a n c i a c o n q u e m e o f e n d e n p a r a su d a ñ o y perjuicio. H a s visto y o í d o c ó m o está el p u e n t e . L o h e explicado p a r a esclarecer lo q u e te dije: q u e el p u e n t e es m i Hijo u n i g é n i t o . A d v i e r t e q u e r e a l m e n t e está c o n s t r u i d o c o m o te h e d i c h o , es decir, e n la u n i ó n d e lo Alto y lo bajo. 1

EL CAMINO

DE LA DOCTRINA

DE

CRISTO

2 9 [Este puente, aunque subió al cielo el día de la Ascensión, no por eso se apartó de la tierra.] C u a n d o mi Hijo u n i g é n i t o volvió a mí c u a r e n t a días d e s p u é s d e la r e s u r r e c c i ó n , este p u e n t e se l e v a n t ó d e la t i e r r a , esto es, del t r a t o c o n los h o m b r e s , y subió al cielo p o r la v i r t u d d e mi n a t u r a l e z a divina y se halla s e n t a d o a la d e r e c h a d e mí, el e t e r n o P a d r e . Así lo dijo el á n g e l a los discípulos, q u e e s t a b a n c o m o m u e r t o s el día d e la ascensión, p o r q u e su c o r a z ó n se h a b í a e l e v a d o a lo alto y s u b i d o al cielo c o n la S a b i d u r í a d e m i Hijo. Dijo: «No p e r m a n e z c á i s m á s a q u í , p u e s El está s e n t a d o a la d e r e c h a del P a d r e » '. L e v a n t a d o a lo alto y vuelto al P a d r e , yo envié al 1

1

l Cor 2,9. Act 1,11.

106

El

Diálogo

Maestro, es decir, al Espíritu Santo, q u e llegó con mi poder, y con la sabiduría d e mi Hijo, y con su propia clemencia, la del Espíritu Santo. El forma u n todo conmigo, el Padre, y con el Hijo. De esta m a n e r a consolidó el camino de la doctrina q u e dejó mi Verdad en el m u n d o , y con ello, cesando la presencia del Hijo, no desapareció la verdad ni la virtud, verdaderas piedras fundadas sobre esta doctrina, q u e es el camino q u e nos ha preparad o este dulce y glorioso p u e n t e . Antes d e nada, El se puso a o b r a r , y con sus acciones hizo el camino, dándoos la doctrina más con el ejemplo q u e con las palabras, pues actuó más q u e habló. Esa doctrina la confirmó el Espíritu Santo, robusteciendo el espíritu de los discípulos para q u e confesaran la verdad y anunciaran este camino, r e p r o c h a n d o , por medio de ellos, las injusticias y falsos juicios , injusticias y juicios, de q u e hablaré después más por extenso. T e he dicho esto para que nadie p u e d a caer en las tinieblas que oscurecen la m e n t e c u a n d o lo oigan, es decir, c u a n d o alguien intentase decir q u e este cuerpo de Cristo no hizo de puente por la naturaleza divina u n i d a a la h u m a n a —que e n t i e n d o que esto es la v e r d a d — y q u e este puente se nos fue c u a n d o subió al cielo. El era u n camino que enseñaba la verdad a quien viera sus ejemplos y costumbres. ¿Y qué ha q u e d a d o ahora? T e lo diré, mejor, se lo diré a quien sufriere esta ignorancia. El camino de la doctrina que te he e n s e ñ a d o se halla confirmado p o r los apóstoles, manifestado con la sangre de los mártires, iluminado por la luz d e los doctores, reconocido por los confesores y d e él tratan los escritos de los evangelistas. T o d o s están de a c u e r d o en afirmar la verdad del cuerpo místico de la santa Iglesia. Ellos son como la luz colocada sobre el c a n d e l e r o para mostrar el camino d e la verdad, el cual lleva a la vida p o r medio de u n a iluminación perfecta. ¿Y cómo te la explican? Por la experiencia, puesto q u e han p r o b a d o esa iluminación en sí mismos. De m o d o q u e cada persona es iluminada p a r a q u e conozca la verdad, si lo quiere; esto es, a n o ser q u e quiera alejar la luz de la razón con el a m o r propio d e s o r d e n a d o . De 2

2

J n 16,8.

La doctrina del puente

107

m o d o q u e , c i e r t a m e n t e , su d o c t r i n a es v e r d a d e r a y h a p e r m a n e c i d o c o m o navecilla p a r a sacar las a l m a s d e l m a r t e m p e s t u o s o y llevarlas a la salvación. P r i m e r a m e n t e os e d i f i q u é el p u e n t e d e mi Hijo, y e n la a c t u a l i d a d lo h a g o t r a t a n d o c o n los h o m b r e s . Desapar e c i d o el p u e n t e t e m p o r a l , p e r m a n e c i ó el p u e n t e y cam i n o d e la d o c t r i n a , p o r e s t a r la d o c t r i n a u n i d a c o n mi p o d e r a la s a b i d u r í a del Hijo y c o n la c l e m e n c i a d e l Espíritu S a n t o . El p o d e r d a la v i r t u d d e la fortaleza a q u i e n sigue este c a m i n o , la s a b i d u r í a d a luz p a r a c o n o c e r el c a m i n o d e la v e r d a d y el Espíritu S a n t o d a u n a m o r q u e c i e r r a y a p a r t a al a l m a d e t o d o a m o r sensitivo, q u e d a n d o sólo el a m o r a la v i r t u d . Así, d e t o d o s m o d o s , p o r p r e s e n c i a actual o p o r d o c t r i n a , Cristo es c a m i n o , v e r d a d y vida: el p u e n t e q u e n o s lleva a las a l t u r a s d e l cielo. Esto q u i s o significar c u a n d o dijo: «Yo v i n e d e l P a d r e y vuelvo al P a d r e » ; y: «Volveré a vosotros» . Es d e c i r , mi P a d r e m e e n v i ó a vosotros y m e h a h e c h o v u e s t r o p u e n t e p a r a q u e salgáis d e l río y p o d á i s a l c a n z a r la vida e t e r n a . A c o n t i n u a c i ó n dijo: «Y volveré a v o s o t r o s ; n o os d e j a r é h u é r f a n o s , sino q u e os e n v i a r é el Paráclito» . C o m o si mi V e r d a d dijera: « I r é al P a d r e y volveré; y c o m o envío el Espíritu S a n t o , l l a m a d o Paráclito, El os lo m a n i f e s t a r á c o n m á s c l a r i d a d y os h a r á firmes e n mí, c a m i n o d e la v e r d a d , o sea, e n la d o c t r i n a q u e os h e dado». Dijo q u e volvería y volvió, p o r q u e el Espíritu S a n t o n o v i n o solo, sino c o n su p o d e r , el d e l P a d r e ; c o n la s a b i d u ría d e l Hijo y c o n la c l e m e n c i a d e l Espíritu S a n t o . Mira, p u e s , q u e volvió n o e n p r e s e n c i a m a t e r i a l , sino c o n la v i r t u d , f o r t a l e c i e n d o el c a m i n o d e la d o c t r i n a . Este a n c h o c a m i n o n o p u e d e ser e m p e q u e ñ e c i d o ni i m p e d i d o a q u i e n d e s e e s e g u i r l o , p o r q u e es firme y estable y p r o c e d e d e m í , q u e soy i n m u t a b l e . Debéis, p o r t a n t o , s e g u i r el c a m i n o c o n i n t r e p i d e z , sin o s c u r i d a d a l g u n a ; c o n la luz d e la fe, q u e se os h a d a d o c o m o la v e s t i d u r a d e m á s i m p o r t a n c i a e n el s a n t o b a u tismo. 3

4

3

Jn

16,28 y 1 4 , 8 .

4

Jn

14,18 y 26.

108

El Diálogo

T e he declarado y manifestado plenamente este puente y esta doctrina, que forma un todo con él; y he mostrado al ignorante que él es la verdad, y quiénes son, y d ó n d e se encuentran los q u e la enseñan. Dije q u e eran los apóstoles y evangelistas, los mártires, los confesores, los santos doctores, como faros colocados en la santa Iglesia. T e he manifestado y dicho cómo, viniendo a mí, volvió a vosotros, no con su presencia material, sino por la virtud, es decir, al venir el Espíritu Santo sobre los apóstoles. N o volverá en presencia material hasta el día del juicio final, c u a n d o llegue con mi majestad y potencia divinas a j u z g a r al m u n d o , y a hacer el bien a los buenos y a premiarles por sus trabajos —al alma y al cuerpo j u n t a m e n t e — , y a d a r el mal de pena eterna a los que han obrado en el m u n d o con iniquidad. Ahora quiero cumplirte lo que yo, la Verdad, te promeü', es decir, mostrarte a los q u e caminan imperfectamente, a los q u e lo hacen perfectamente y a otros q u e lo hacen con u n a perfección especialísima. T e enseñaré la m a n e r a como caminan. Finalmente, a los malos, los q u e se ahogan en el río de su maldad y llegan a horrorosos tormentos. A vosotros, hijos queridísimos míos, os amonesto a q u e os mantengáis sobre este puente y no debajo de él. El de abajo no es camino d e verdad, sino de engaño, a d o n d e van los pecadores malvados. Por eso os ruego que oréis. Para ellos os pido de nuevo lágrimas y sudores, a fin de q u e reciban misericordia de mí. ELOGIO DE LA

MISERICORDIA

30 [ E s t a a l m a , m a r a v i l l á n d o s e d e la m i s e r i c o r d i a d e D i o s , e n u m e r a los a b u n d a n t e s d o n e s y g r a c i a s c o n c e d i d o s p o r e l l a al g é n e r o h u m a n o . 1

Entonces aquel alma, como si estuviera ebria, no podía tenerse en pie; pero, estando en la presencia d e Dios, dijo: ¡Oh misericordia eterna, que ocultas los defectos de tus criaturas! No me maravillo q u e digas a los q u e se

La doctrina del puente

109

a p a r t a n d e l p e c a d o y vuelven a ti: « N o m e a c o r d a r é d e q u e a l g u n a vez m e h a s o f e n d i d o » '. ¡ O h m i s e r i c o r d i a inefable! N o m e maravillo q u e digas esto a los q u e salen d e l p e c a d o , c u a n d o dices d e los q u e te p e r s i g u e n : « Q u i e r o q u e oréis p o r ellos, p a r a q u e yo les o t o r g u e misericordia». ¡Oh m i s e r i c o r d i a , q u e p r o c e d e d e tu d i v i n i d a d , P a d r e e t e r n o , y q u e g o b i e r n a c o n tu p o d e r el m u n d o e n t e r o ! E n tu m i s e r i c o r d i a fuimos c r e a d o s , e n tu m i s e r i c o r d i a fuimos c r e a d o s d e n u e v o p o r la s a n g r e d e tu Hijo; tu m i s e r i c o r d i a n o s c o n s e r v a ; tu m i s e r i c o r d i a hizo q u e tu Hijo u s a r a sus b r a z o s e n el m a d e r o d e la c r u z p a r a la luc h a d e la m u e r t e c o n la vida y d e la vida c o n la m u e r te . E n t o n c e s la vida se liberó d e la m u e r t e d e n u e s t r a culpa y d e la m u e r t e , secuela d e la culpa. Q u i t ó la vida c o r p o r a l al C o r d e r o i n m a c u l a d o . ¿ Q u i é n q u e d ó vencido? La m u e r t e . ¿Cuál fue la c a u s a d e ello? T u miseric o r d i a d a vida, d a luz p a r a c o n o c e r t u c l e m e n c i a p a r a con t o d a c r i a t u r a : c o n los j u s t o s y c o n los p e c a d o r e s . E n las a l t u r a s del cielo brilla tu m i s e r i c o r d i a , esto es, e n tus santos. Si fijo m i m i r a d a e n la t i e r r a , la veo r e b o s a r d e tu misericordia. E n las tinieblas del i n f i e r n o brilla tu misericordia al n o i m p o n e r a los c o n d e n a d o s tantas p e n a s c o m o se m e r e c e n . 2

C o n tu m i s e r i c o r d i a mitigas la justicia; p o r ella n o s has p u r i f i c a d o e n la s a n g r e ; p o r m i s e r i c o r d i a quisiste t r a t o c o n las c r i a t u r a s . ¡Oh loco d e a m o r ! ¿ N o te c o n t e n t a s t e c o n t o m a r la c a r n e h u m a n a , q u e hasta quisiste m o r i r ? ¿ N o fue suficiente la m u e r t e , q u e h a s t a bajaste al i n f i e r n o , l i b e r a n d o a los santos p a d r e s p a r a c u m p l i r la v e r d a d y m i s e r i c o r d i a c o n ellos? C o m o tu b o n d a d p r o m e t i ó el b i e n a t o d o s los q u e te sirven, p o r eso bajaste al l i m b o p a r a liberar d e las p e n a s a q u i e n e s te h a b í a n servido y p a r a d a r l e s el fruto d e sus trabajos. V e o q u e la m i s e r i c o r d i a te obliga a d a r a ú n m á s al h o m b r e , o sea, q u e d á n d o t e c o m o c o m i d a , p a r a q u e n o sotros, débiles, t u v i é r a m o s a l i m e n t o , y p a r a q u e los ign o r a n t e s , d e s m e m o r i a d o s , n o p e r d i e r a n el r e c u e r d o d e tus beneficios. P o r esto se lo d a s al h o m b r e t o d o s los 1

Ez 1 8 , 2 1 - 2 2 .

2

Catalina habla e n u n a carta d e un g r a n t o r n e o o lucha.

El Diálogo

110

días, h a c i é n d o t e p r e s e n t e en el s a c r a m e n t o del altar, d e n t r o del c u e r p o místico d e la santa Iglesia. ¿Quién ha sido la causa d e esto? T u misericordia. ¡Oh misericordia! El corazón se sofoca p e n s a n d o e n ti, pues d o n d e q u i e r a q u e intente fijar mi p e n s a m i e n to n ó e n c u e n t r o m á s q u e misericordia. ¡Oh P a d r e eterno!, p e r d o n a mi ignorancia, p e r o el a m o r a tu-misericordia m e excusa a n t e tu benevolencia.

LOS QUE VAN POR EL

RIO

[Arboles de muerte con frutos de muerte: lujuria - avaricia - injusticia - juicios falsos - ceguera del que no se cuida de la propia dignidad - tormentos de los condenados - quienes han ido por el río y quienes por el puente - la resurrección. ] 31 [ I n d i g n i d a d d e l o s q u e v a n p o r e l río, b a j o e l p u e n t e . — A l a l m a q u e v a p o r d e b a j o la l l a m a D i o s á r b o l d e m u e r t e . S u s raíces e s t á n p r i n c i p a l m e n t e e n c u a t r o vicios.]

Después d e h a b e r e x p a n s i o n a d o aquel alma u n poco su corazón con las palabras sobre la misericordia ', esperaba h u m i l d e m e n t e q u e le fuera c u m p l i d a la p r o m e s a . Dios t o m ó n u e v a m e n t e la palabra y dijo: Hija queridísima, has a p e l a d o a mi misericordia ante mi presencia, p o r q u e te la di a p r o b a r y e n t e n d e r p o r mis palabras al decirte: «Estos son aquellos p o r los q u e os p i d o q u e oréis»; p e r o ten p o r cierto q u e , sin comparación, es m a y o r mi misericordia p a r a con vosotros d e lo q u e p u e d e s c o m p r e n d e r . C o m o tu c o m p r e n s i ó n es imperfecta y finita, y mi misericordia es perfecta e infinita, la c o m p a r a c i ó n q u e se p u e d e establecer n o es sino e n t r e lo finito y lo infinito. H e q u e r i d o q u e saboreases esta misericordia y la dign i d a d del h o m b r e p a r a q u e conozcas mejor la c r u e l d a d y la i n d i g n i d a d d e los p e c a d o r e s , q u e van p o r el c a m i n o d e abajo. A b r e los ojos d e tu inteligencia y m i r a a los q u e v o l u n t a r i a m e n t e se a h o g a n y con c u á n t a indignidad h a n caído p o r sus pecados. 1

Is 60,5 y Sal 118,32.

La doctrina

del

puente

11 1

P r i m e r a m e n t e c a y e r o n e n f e r m o s . Sucedió q u e , c u a n d o concibieron el p e c a d o mortal en sus m e n t e s , lo llevar o n d e s p u é s a la práctica y p e r d i e r o n la vida d e la gracia. C o m o el m u e r t o , q u e no p u e d e e m p r e n d e r movim i e n t o a l g u n o ni p o r sí m i s m o se m u e v e , sino p o r o t r o , así éstos, a h o g a d o s e n el río del a m o r d e s o r d e n a d o del m u n d o , se e n c o n t r a r o n m u e r t o s a la gracia. Por estar m u e r t o s , la m e m o r i a n o ha c o n s e r v a d o el r e c u e r d o d e mi misericordia, los ojos del e n t e n d i m i e n t o n o vieron ni c o n o c i e r o n la v e r d a d , es decir, su e n t e n d i m i e n t o n o tuvo a n t e sí más q u e a sí mismos y el a m o r a sus propios sentidos. Por esto, su v o l u n t a d se e n c o n t r ó m u e r t a a mi v o l u n t a d y n o a m ó m á s q u e cosas m u e r t a s . Al hallarse m u e r t a s las tres potencias, todas sus o b r a s , t e m p o r a l e s y espirituales, están m u e r t a s en c u a n t o a la gracia, y ya n o se p u e d e n d e f e n d e r d e sus e n e m i g o s ni socorrerse a sí mismos sino e n c u a n t o son a y u d a d o s p o r mí. Es cierto q u e cada vez q u e u n o se halla m u e r t o y m e p i d e a y u d a , p u e d e o b t e n e r l a ; p e r o n u n c a p o r sí m i s m o m i e n t r a s está e n el c u e r p o , en el cual n o ha q u e d a d o m á s q u e la libertad. Se h a h e c h o insoportable a sí m i s m o , y, q u e r i e n d o d o m i n a r al m u n d o , es d o m i n a d o p o r lo q u e es negativo, es decir, p o r el p e c a d o . El p e c a d o es la n a d a , y ellos se hacen sus esclavos. Yo les hice árboles d e a m o r p o r la vida d e la gracia q u e recibieron e n el santo b a u t i s m o , y ellos se h a n conv e r t i d o e n árboles d e m u e r t e , p o r q u e se hallan m u e r t o s . ¿Sabes d ó n d e tiene sus raíces este árbol? E n el e n g r e i m i e n t o d e la soberbia, a la q u e a l i m e n t a el m i s m o a m o r p r o p i o sensitivo. Su m é d u l a es la impaciencia, y su hija, la indiscreción. Estos son los c u a t r o vicios principales q u e del t o d o m a t a n al alma d e aquellos q u e dije q u e e r a n árbol d e m u e r t e , p o r q u e h a n q u i t a d o d e él la vida d e la gracia. D e n t r o d e este árbol se alimenta el g u s a n o d e la conciencia, el cual, m i e n t r a s el h o m b r e vive e n p e c a d o m o r tal, está c e g a d o p o r el a m o r p r o p i o , y, p o r t a n t o , n o se le siente m u c h o . Los frutos d e este árbol son mortales, p o r q u e su j u g o h a salido d e la raíz d e la soberbia. La miserable alma se e n c u e n t r a llena d e i n g r a t i t u d , d e

112

El Diálogo

d o n d e p r o c e d e todo mal. Si fuese agradecida a los beneficios recibidos, m e conocería, y, al c o n o c e r m e , se conocería a sí misma y p e r m a n e c e r í a e n mi a m o r . Pero ella, c o m o ciega, se va a p e g a n d o más al río y n o ve q u e el agua n o espera por ella. 32 [ L o s f r u t o s d e e s t e á r b o l s o n t a n v a r i a d o s c o m o los p e c a d o s . — E l p e c a d o d e la c a r n e . 1

Los frutos d e este árbol son tan variados c o m o lo son los pecados. Algunas personas no ven q u e son frutos propios p a r a animales: son los q u e viven en la i n m u n d i cia, h a c i e n d o con su c a r n e y con su espíritu lo q u e el p u e r c o , q u e se revuelca en el lodo d e la carnalidad. Es tal su miseria, q u e ni los soporto yo, s u m a Pureza, ni los demonios, d e quienes se han hecho tan amigos y esclavos, que n o p u e d e n ver cometer tanta inmundicia. ¡Oh alma embrutecida! ¿ D ó n d e has dejado tu dignidad? ¡Eras h e r m a n a d e los ángeles, y te has convertido en u n a bestia! N o hay pecado tan abominable y q u e prive al h o m b r e tanto de la luz del e n t e n d i m i e n t o c o m o éste. Esto lo c o m p r e n d i e r o n los filósofos n o p o r la luz d e la gracia, q u e no tenían, sino q u e la naturaleza les iluminó, es decir, les decía q u e este pecado vuelve ciego al entendimiento. Por eso g u a r d a b a n continencia, p a r a dedicarse mejor al estudio, y hasta echaban d e sí las riquezas, p a r a q u e la preocupación p o r ellas no les llenase el corazón. N o o b r a así el falso cristiano, i g n o r a n t e , q u e ha p e r d i d o la gracia p o r su culpa. 33 [El f r u t o d e a l g u n o s e s la a v a r i c i a . — M a l e s q u e d e e l l a proceden.]

Hay otros cuyo fruto es t e r r e n o . Son los codiciosos y avaros, q u e hacen c o m o el topo, q u e se alimenta d e tier r a hasta la m u e r t e , y, llegada ésta, ya no tienen r e m e dio. Por la avaricia desprecian mi generosidad, vendiend o su tiempo al prójimo. Así son los u s u r e r o s , q u e se convierten e n crueles y ladrones del prójimo, y q u e , c u a n d o d e b e n t e n e r misericordia, no se a c u e r d a n d e mi

La doctrina del puente

113

m i s e r i c o r d i a . Si la t u v i e s e n c o n s i g o m i s m o s , n o s e r í a n c r u e l e s ni consigo ni c o n el p r ó j i m o , a n t e s b i e n u s a r í a n d e p i e d a d y m i s e r i c o r d i a e n su p r o v e c h o , p r a c t i c a n d o la v i r t u d e n su vida, y e n el p r ó j i m o , a t e n d i é n d o l e caritativamente. ¡ C u á n t o s males v i e n e n p o r este m a l d i t o p e c a d o ! ¡Cuántos homicidios, hurtos, rapiñas, j u n t o con ganancias ilícitas y c r u e l d a d d e c o r a z ó n e injusticia c o n el p r ó j i m o ! La avaricia m a t a al a l m a y la h a c e c o n v e r t i r s e e n esclava d e las r i q u e z a s , p o r lo q u e n o se p r e o c u p a d e g u a r d a r los m a n d a m i e n t o s d e Dios. N o a m a n a n a d i e , sino a su p r o p i a u t i l i d a d . Este vicio p r o c e d e d e la s o b e r b i a y la a l i m e n t a . Lo u n o p r o c e d e d e lo o t r o , p o r q u e lleva s i e m p r e consigo la p r o p i a r e p u t a c i ó n , d e m o d o q u e b i e n p r o n t o se p a s a al o t r o vicio, y así va d e m a l e n p e o r , a c a u s a d e la miserable s o b e r b i a , q u e está l l e n a d e a p a r i e n c i a s . Es u n f u e g o q u e siempre produce h u m o de vanagloria y vanidad de c o r a z ó n , p r e s u m i e n d o d e lo q u e n o es s u y o . Es raíz d e la q u e salen m u c h a s r a m a s . La principal es la p r o p i a r e p u t a c i ó n , d e d o n d e se sigue el q u e r e r ser m á s q u e el p r ó j i m o . H a c e e n g a ñ o s o el c o r a z ó n ; n o s i n c e r o ni liber a l , sino c o n d o b l e z , p u e s manifiesta u n a cosa c o n la leng u a y o t r a t i e n e e n el c o r a z ó n . O c u l t a la v e r d a d y dice m e n t i r a s p o r utilidad p r o p i a . E n g e n d r a la envidia, q u e es u n g u s a n o q u e r o e sin c e s a r y n o le d e j a g o z a r su b i e n ni el d e los d e m á s . ¿ C ó m o estos m a l v a d o s , q u e se h a l l a n e n t a n t a miseria, van a d a r sus b i e n e s a los p o b r e s , si ellos m i s m o s se los q u i t a n a o t r o s ? ¿ C ó m o sacar á n su a l m a a s q u e r o s a d e la i n m u n d i c i a e n q u e ellos la h a n m e t i d o ? A l g u n a s veces son t a n a n i m a l e s , q u e n o m i r a n p o r sus hijos y p a r i e n t e s , sino q u e son c a u s a d e q u e se e n c u e n t r e n e n m u c h a infelicidad. A p e s a r d e t o d o , m i m i s e r i c o r d i a los sufre, y n o m a n d o a la t i e r r a q u e los t r a g u e p a r a q u e se c o n v i e r t a n d e sus p e c a d o s . ¿ C ó m o d a r á n la vida p o r la salvación d e las a l m a s , si n o d a n sus bienes? ¿ C ó m o d a r á n a m o r , si se c o m e n d e envidia? ¡ O h miserables vicios, q u e c o n v i e r t e n e n t i e r r a el cielo del alma! La llamo «cielo»; es cielo d o n d e yo h a b i t o p o r la gracia, o c u l t á n d o m e d e n t r o d e ella y h a c i é n d o l a mi m a n s i ó n p o r afecto d e a m o r . P e r o se h a m a r c h a d o d e

114

El Diálogo

mí como una adúltera, amándose a sí misma, a las criaturas y a las cosas creadas más que a mí. Hasta se ha hecho «dios», y me persigue con muchos y diversos pecados. T o d o esto porque no piensa en el beneficio de la sangre d e r r a m a d a con tanto fuego de amor. 34

[La i n j u s t i c i a es el f r u t o d e a l g u n o s q u e t i e n e n m a n d o . )

Hay otros q u e llevan su cabeza muy erguida porque tienen m a n d o . En ella llevan la bandera de la injusticia; injusticia que cometen al obrar contra Dios y contra el prójimo, a la vez que contra sí mismos. Contra sí, porque no pagan la d e u d a de la virtud, y contra mí, porque no me pagan la de d a r m e honor, d a n d o gloria y h o n o r a mi nombre, como están obligados. Al contrario, como ladrones, roban lo que es mío y se lo dan a la esclava d e sus propios sentidos. De m o d o que éstos cometen injusticia contra mí y contra ellos mismos, como ciegos e ignorantes, n o conociéndome a mí ni a sí mismos. Esto lo hacen por amor propio, como los judíos y ministros d e la ley, que se cegaron por la envidia y el amor propio, y por ello no reconocieron la verdad de mi Hijo unigénito, ni cumplieron el deber de reconocer la Vida eterna q u e se hallaba entre ellos, como lo expresó mi Verdad al decir: «El reino de Dios está entre vosotros» '. Pero ellos no lo conocieron. ¿Por qué? Porque, por el modo dicho, habían perdido la luz de la razón y no me pagan la d e u d a de honor y gloria, ni a mí ni a mi Hijo, que es u n a cosa conmigo. Por eso, como ciegos, cometieron la injusticia, persiguiéndolo con muchos oprobios, hasta la muerte en la cruz. Estos cometen injusticia contra mí, contra sí y contra el prójimo. Revenden injustamente la carne de sus sub­ ditos y a cualquier otra persona que les venga a mano. 35 [ P o r e s t o s y o t r o s vicios se l l e g a al j u i c i o f a l s o . — I n d i g n i d a d e n q u e se c a e p o r e l l o . ]

Por este y otros defectos caen en falsa interpretación, como luego te explicaré extensamente. Se escandalizan 1

Le 17,21.

La doctrina del puente

115

s i e m p r e d e mis o b r a s , q u e s o n t o d a s j u s t a s y e n r e a l i d a d están hechas todas p o r a m o r y misericordia. C o n esta falsa i n t e r p r e t a c i ó n , c o n el v e n e n o d e la e n vidia y la s o b e r b i a , f u e r o n i n j u s t a m e n t e c a l u m n i a d a s las acciones d e mi Hijo c o n m e n t i r a s al d e c i r : «Las h a c e e n v i r t u d d e Belzebù» K Así, a q u e l l o s m a l v a d o s , b a s a d o s e n el a m o r p r o p i o , e n la i n m u n d i c i a , e n la s o b e r b i a , la avaricia y la e n v i d i a , f u n d a d o s e n p e r v e r s a d i s c r e c i ó n , p o r la i m p a c i e n c i a y o t r o s m u c h o s p e c a d o s q u e c o m e t e n , se e s c a n d a l i z a n s i e m p r e d e mí y d e mis s e r v i d o r e s , j u z g a n d o q u e éstos p r a c t i c a n la v i r t u d p o r hipocresía. P o r q u e su c o r a z ó n está p o d r i d o y t i e n e n e s t r a g a d o el p a l a d a r , ya q u e las cosas b u e n a s les p a r e c e n m a l a s , m i e n t r a s q u e les p a r e c e bien u n vivir d e s o r d e n a d o . ¡ O h h u m a n a c e g u e r a ! T ú n o c o n s i d e r a s tu p r o p i a d i g n i d a d . D e g r a n d e , t e has h e c h o p e q u e ñ o ; d e s e ñ o r , c o n v e r t i d o e n esclavo d e l p e o r s e ñ o r q u e se p u e d e ten e r , p u e s te has c o n v e r t i d o e n siervo y esclavo d e l pecad o , y te c o n v i e r t e s e n a q u e l l o a q u e sirves, el p e c a d o . Este es la n a d a , y p o r ello te c o n v i e r t e s e n n a d a . Así, q u i t a d a la vida, se o s d a la m u e r t e . L a v i d a y s e ñ o r í o o s fue d a d a p o r el V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o , glorioso p u e n t e ; s i e n d o siervos d e l d e m o n i o , os a r r a n c ó d e su s e r v i d u m b r e . Hice al Hijo esclavo p a r a l i b r a r o s d e la e s c l a v i t u d y le p u s e bajo o b e d i e n c i a p a r a t e r m i n a r c o n la d e s o b e d i e n c i a d e A d á n , h u m i l l á n d o s e h a s t a la a f r e n t o s a m u e r t e e n la c r u z p a r a c o n f u n d i r la s o b e r b i a . D e s t r u y ó l o s vicios c o n su m u e r t e p a r a q u e n a die p u d i e s e d e c i r : « T a l p e c a d o q u e d ó sin s e r c a s t i g a d o , m a c h a c a d o p o r el s u f r i m i e n t o » , c o m o te dije al explicar q u e d e l c u e r p o d e C r i s t o h a b í a h e c h o y u n q u e . Se h a n p u e s t o t o d o s los m e d i o s p a r a salvar a los h o m b r e s d e la m u e r t e e t e r n a , y e l l o s d e s p r e c i a n la s a n g r e y la h a n pis o t e a d o c o n los p i e s d e sus d e s o r d e n a d o s afectos. E s t a es la injusticia y falsa i n t e r p r e t a c i ó n d e la q u e es a c u s a d o el m u n d o , y lo s e r á t a m b i é n e n el ú l t i m o d í a d e l j u i c i o . Esto q u i s o significar mi V e r d a d c u a n d o dijo: « E n v i a r é al Paráclito, q u e a c u s a r á al m u n d o p o r la injusticia y el falso juicio» . F u e a c u s a d o c u a n d o e n v i é el Esp í r i t u S a n t o s o b r e los apóstoles. 2

1

2

Mt 12,24.

Jn

16,8.

116

El Diálogo

36 [ S o b r e la p a l a b r a d e C r i s t o : « E n v i a r é al P a r á c l i t o , q u e a c u s a r á al m u n d o d e i n j u s t i c i a y j u i c i o f a l s o » . — U n a d e e s t a s acusaciones es c o n s t a n t e . ]

Existen tres reproches o admoniciones. U n a tuvo efecto c u a n d o vino el Espíritu Santo sobre los discípulos. Ellos, fortalecidos con mi p o d e r , fueron iluminados con la sabiduría d e mi a m a d o Hijo. T o d o lo recibieron con plenitud del Espíritu Santo. Entonces, El, q u e es u n o conmigo y con mi Hijo, r e p r o c h ó al m u n d o p o r boca d e los discípulos con la doctrina d e mi V e r d a d . Ellos, y todos los q u e han seguido en la verdad y la han a n u n c i a d o , r e p r e n d i e r o n al m u n d o . Esta es la continua admonición q u e hago al m u n d o p o r boca d e la Sagrada Escritura y de mis servidores, poniéndose el Espíritu Santo e n sus lenguas para q u e anuncien la v e r d a d ; c o m o el d e m o n i o se p o n e en la boca d e sus servidores, es decir, d e los q u e pasan el río en su m a l d a d . Esta es la dulce reprensión incesante, hecha con g r a n dísimo afecto d e a m o r por la salvación d e las almas. Luego no p u e d e n decir: «No tuve quién m e lo advirtiese», p o r q u e se les ha p r e s e n t a d o ya la verdad al mostrarles el vicio, y la virtud, al hacerles ver el fruto de la virtud y el d a ñ o del pecado, a fin d e procurarles a m o r y santo temor, con aborrecimiento del pecado y a m o r a la virtud. Ya no se les enseña esta doctrina y verdad p o r medio de u n ángel, p a r a q u e no p u e d a n decir: «El ángel es espíritu b i e n a v e n t u r a d o , y n o siente las tentaciones de la c a r n e ni el peso del c u e r p o c o m o nosotros». Se ha eliminado esta excusa y no la p u e d e n alegar, p o r q u e esta doctrina les ha sido c o m u n i c a d a p o r mi V e r d a d , el Verbo hecho c a r n e en vuestra c a r n e mortal. ¿Quiénes son los q u e han seguido al Verbo? Criaturas mortales y pasibles c o m o vosotros, en lucha de la c a r n e c o n t r a el espíritu, como la tuvo mi glorioso p r e g o n e r o Pablo y otros m u c h o s santos, q u e fueron afligidos d e u n a u otra m a n e r a . Las pasiones las permití y las permito en las almas p a r a el a u m e n t o d e la gracia y d e la virtud. T a m b i é n ellos nacieron en pecado c o m o vosotros, y se alimentaron d e los mismos manjares, y tan Dios soy yo a h o r a c o m o entonces, y mi p o d e r n o ha disminuido

La doctrina del puente

117

ni p u e d e d i s m i n u i r s e . P o r eso p u e d o , q u i e r o y sé socor r e r a los q u e d e s e a n ser a y u d a d o s p o r mí. Desean ser socorridos p o r mí los q u e , s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e mi V e r d a d , salen del río y c a m i n a n p o r el p u e n t e . P o r t a n t o , n o t i e n e n excusa, p u e s son avisados y se les m u e s t r a la v e r d a d c o n t i n u a m e n t e . Por lo q u e , si mientras t i e n e n tiempo n o se e n m i e n d a n , s e r á n c o n d e n a d o s e n la s e g u n d a a d m o n i c i ó n , q u e t e n d r á l u g a r e n el m o m e n t o d e la m u e r t e , c u a n d o mi justicia g r i t a r á : «Surgite, m o r t u i , venite ad iudicium!», o sea, tú q u e te hallas m u e r t o a la gracia y llegas m u e r t o a la m u e r t e c o r p o r a l , p o n t e e n pie y ven a n t e el j u e z s u p r e m o c o n tu falsa j u s ticia, con tu falsa i n t e r p r e t a c i ó n y con la luz d e la fe apag a d a , la q u e sacaste e n c e n d i d a del santo b a u t i s m o y apagaste con el viento d e la soberbia - y d e la v a n i d a d del c o r a z ó n , al q u e pusiste velas d e vientos c o n t r a r i o s a tu salvación; el viento d e la p r o p i a estimación se a l i m e n t ó con el velamen del a m o r p r o p i o . C o n él corriste p o r el río d e las delicias, h o n o r e s del m u n d o ; con la v o l u n t a d propia, s i g u i e n d o la c a r n e p e r e c e d e r a y las incitaciones y tentaciones del d e m o n i o . El a m o r p r o p i o , con las velas d e tu p r o p i a v o l u n t a d , te h a llevado p o r el c a m i n o d e abajo, q u e es río t o r r e n t o s o , y e n su c o m p a ñ í a has sido c o n d u c i d o a la condenación eterna. 3 7 [La segunda acusación es causa de la injusticia y del falso juicio en general y en particular. I La s e g u n d a acusación, carísima hija, es decisiva, hecha e n el último m o m e n t o , c u a n d o n o p u e d e h a b e r r e m e d i o , p o r q u e h a llegado el fin d e la m u e r t e . El g u s a n o d e la conciencia d e q u e te h a b l é había sido h e c h o ciego p o r el a m o r p r o p i o , y c o m i e n z a e n t o n c e s a ver, y p o r ello r o e , c u l p á n d o s e a sí m i s m o al c o n s i d e r a r q u e p o r culpa suya h a llegado a t a n t a desgracia y q u e n o p u e d e escapar d e mis m a n o s . Esta a l m a hallaría a ú n misericordia si tuviese la luz q u e reconociese y l a m e n t a s e su culpa n o p o r la p e n a del infierno q u e se le sigue, sino p o r q u e m e h a o f e n d i d o a mí, s u p r e m a y e t e r n a B o n d a d . P e r o , si pasa el m o m e n t o d e la m u e r t e sin esa luz, sólo

118

El Diálogo

con el g u s a n o d e la conciencia y sin la confianza en la sangre, o con sola compasión d e sí misma, doliéndose d e su mal más q u e d e la ofensa a mí, irá a la condenación e t e r n a , y e n t o n c e s es c r u e l m e n t e acusada p o r mi justicia a causa d e su injusticia y d e sus falsas interpretaciones. Se le r e p r o c h a r á n o sólo la injusticia y m o d o d e j u z g a r q u e o r d i n a r i a m e n t e h a u s a d o con el m u n d o e n todas sus acciones, sino a ú n m á s p o r las injusticias y m o dos d e j u z g a r en casos particulares, especialmente e n la misma m u e r t e , es decir, p o r h a b e r creído q u e es m a y o r su miseria q u e mi misericordia '. Este es el pecado q u e n o se p e r d o n a ni aquí ni allá, p u e s por m e n o s p r e c i o n o ha d e s e a d o mi misericordia , ya q u e p a r a mí éste es más grave q u e todos los d e m á s pecados q u e haya c o m e t i d o . Por lo q u e la desesperación d e J u d a s m e d e s a g r a d ó más y fue más grave p a r a mi Hijo q u e la traición q u e le hizo. Y así, son r e c r i m i n a d o s d e falso j u z g a r , p o r h a b e r c o n s i d e r a d o mayor su p e c a d o q u e mi misericordia. Por ello son castigados con los d e monios y con ellos e t e r n a m e n t e a t o r m e n t a d o s . T a m b i é n son acusados d e injusticia por dolerse m á s d e su mal q u e d e mi ofensa. C o m e t e n e n este caso injusticia, p o r q u e no m e d a n lo q u e es mío y ellos se atribuyen lo q u e es suyo. A mí d e b e n d a r m e a m o r y a m a r g u r a con contrición d e corazón y ofrecérmela p o r la ofensa cometida. Ellos hacen lo c o n t r a r i o , pues se d a n a sí mismos el a m o r compasivo p o r el castigo q u e esperan a causa d e sus pecados. Ves q u e en esto c o m e t e n injusticia, y p o r eso son castigados a la vez p o r u n a y o t r a causa. Al menospreciar mi misericordia, yo, con t o d a justicia, les m a n d o con la esclava cruel —la sensualidad— y con el cruel tirano —el d e m o n i o — , d e q u i e n se hicieron siervos p o r m e d i o d e sus propios sentidos. Son, pites, j u n t a m e n t e castigados, ya q u e m e h a n o f e n d i d o j u n t o s . Digo q u e serán a t o r m e n t a d o s p o r mis agentes los d e m o n i o s . Mi justicia les h a n e n c a r g a d o d e d a r t o r m e n t o a quienes h a n obrad o mal. 2

1

2

Gen 4,13. Mt 12,31-32.

La doctrina del puente

119

3 8 [Cuatro tormentos principales de los condenados.— A éstos siguen otros, y, de modo especial, la fealdad del demonio.] Hija, la l e n g u a n o es capaz d e h a b l a r sobre estas infelices almas y sus p e n a s . L o m i s m o q u e hay tres p e c a d o s principales, esto es, el a m o r p r o p i o d e d o n d e p r o c e d e el s e g u n d o , q u e es la vanagloria, y d e ésta el t e r c e r o , q u e es la soberbia con falsa injusticia, c r u e l d a d y otras m a l d a d e s y p e c a d o s inm u n d o s q u e le siguen. P o r eso te digo q u e en el infierno los c o n d e n a d o s s u f r e n c u a t r o t o r m e n t o s principales, a los q u e siguen t o d o s los d e m á s . El p r i m e r o es verse privados d e mí, lo cual les es tan d o l o r o s o , q u e , si les fuera posible, antes q u e estar libres d e las p e n a s y d e n o v e r m e , elegirían el fuego y atroces t o r m e n t o s con tal d e v e r m e . Este d o l o r reaviva u n o s e g u n d o , q u e es el d o l o r p r o d u c i d o p o r el g u s a n o d e la conciencia, q u e c o n s t a n t e m e n t e r o e , p u e s p o r su p r o p i a culpa se ven privados d e mí y del trato con los ángeles y se hicieron d i g n o s del t r a t o con los d e m o n i o s y d e su visión. La visión del d e m o n i o , q u e es el tercer t o r m e n t o , les r e d o b l a t o d o s sus sufrimientos. P o r q u e c o m o mis santos se a l e g r a n c o n s t a n t e m e n t e v i é n d o m e , y su alegría se reaviva p o r el fruto d e los trabajos, q u e h a n s o p o r t a d o p o r m í con tanta a b u n d a n c i a d e a m o r y d e s p r e c i o d e sí mismos, así, p o r el c o n t r a r i o , e n estos d e s g r a c i a d o s se r e n u e v a n los t o r m e n t o s c o n la visión d e los d e m o n i o s , p u e s viéndolos se c o n o c e n m á s a sí mismos, esto es, con o c e n q u e p o r culpa suya son d i g n o s d e ellos. Y d e este m o d o el g u s a n o r o e m á s , y n u n c a cesa d e a r d e r el fuego d e su conciencia. T i e n e n m á s p e n a a ú n , p o r q u e ven su p r o p i a figura tan h o r r i b l e , q u e n o la p u e d e i m a g i n a r c o r a z ó n h u m a n o . Si te a c u e r d a s bien ', sabes q u e , c u a n d o te m o s t r é al d e m o n i o en su figura p o r u n b r e v e espacio d e t i e m p o — q u e a p e n a s fue u n m o m e n t o ' — , al volver e n ti preferías c a m i n a r p o r u n c a m i n o d e fuego q u e h u b i e r a d e 1

Alusión autobiográfica.

120

El Diálogo

d u r a r hasta el día del juicio antes q u e verlo de nuevo. A pesar de lo q u e viste, aún no sabes lo horroroso q u e es, porque, por justicia divina, al alma q u e se halla privada de mí le aparece más horrible en conformidad con la gravedad de sus culpas. El cuarto t o r m e n t o es el fuego, que a r d e y nunca se acaba. El alma, por su propio ser, no se p u e d e consumir, por no ser algo material, sino incorpórea. Pero yo, por justicia divina, he permitido q u e la q u e m e sufriendo, que la aflija y no la consuma. La q u e m a y hace sufrir con penas grandísimas, de modos diversos según la diversidad de los pecados, a unos más y a otros menos en conformidad con la gravedad de la culpa. De estas cuatro clases de tormentos proceden los demás, con frío, calor, rechinar de dientes. Así reciben la m u e r t e eterna, tan miserablemente, después de las admoniciones que les he hecho en razón de su m o d o de j u z g a r y de las injusticias de su vida, por no e n m e n d a r s e en la primera admonición ni tampoco en la segunda, o sea, la de la m u e r t e , y por no haberse arrepentido de la ofensa hecha a mí, sino sólo de las penas.

39

i L a t e r c e r a a c u s a c i ó n s e h a r á e n el d í a d e l j u i c i o . ]

Me queda p o r hablarte de la tercera acusación, es decir, la del último día del juicio. T e he hablado de las dos: Ahora, para q u e veas cómo se e n g a ñ a el h o m b r e , te hablaré d e la tercera, de la del juicio universal. Entonces será reavivada y a u m e n t a d a la pena en aquella desgraciada alma por causa de la unión del alma con el cuerpo. T a n intolerable acusación le causará confusión y vergüenza. Sabe que, en el último día del juicio, el Verbo, mi Hijo, c u a n d o llegue, no vendrá como un pobrecillo, como c u a n d o nació, saliendo del vientre de la Virgen, naciendo en un establo entre los animales y m u r i e n d o después e n t r e dos ladrones. Entonces oculté en El mi poder, dejándole sufrir penas y tormentos, como h o m b r e . No es q u e mi naturaleza divina estuviese separada de la h u m a n a , sino que le

La doctrina del puente

121

dejé p a d e c e r c o m o h o m b r e p a r a satisfacer p o r t o d o s vuestros pecados. N o v e n d r á así a h o r a , e n este ú l t i m o m o m e n t o , sino con a u t o r i d a d , p a r a r e p r e n d e r El m i s m o e n p e r s o n a ; y no habrá criatura alguna q u e n o tiemble. D a r á a cada u n o su m e r e c i d o '. E n los infelices c o n d e n a d o s , su p r e s e n c i a p r o d u c i r á t a n t o t o r m e n t o y t e r r o r , q u e n i n g u n a l e n g u a será capaz d e c o n t a r l o . E n los j u s t o s p r o d u c i r á t e m o r r e v e r e n c i a l , j u n t o c o n g r a n alegría. N o es q u e se le c a m b i e la c a r a , p u e s es i n m u t a b l e , p o r ser u n o c o n m i g o . E s t a m b i é n inm u t a b l e d e s d e q u e t i e n e la gloria d e la r e s u r r e c c i ó n , seg ú n la n a t u r a l e z a d i v i n a e i g u a l m e n t e s e g ú n la n a t u r a l e za h u m a n a . A los ojos d e l c o n d e n a d o , sin e m b a r g o , le a p a r e c e r á c o n aquella m i r a d a terrible y t e n e b r o s a , la q u e tiene el m i s m o c o n d e n a d o e n sí m i s m o . Así llegará. C o m o el ojo e n f e r m o , q u e d e p o r sí ve b i e n , n o percibe m á s q u e tinieblas, y el ojo s a n o ve la l u z —esto n ó p o r q u e la luz sea distinta p a r a el ciego q u e p a r a el s a n o , sino p o r defecto del ojo q u e está e n f e r m o , así los c o n d e n a d o s le ven e n tinieblas, e n c o n f u s i ó n y e n o d i o ; n o p o r d e f e c t o d e mi divina Majestad, con la q u e v e n d r é a j u z g a r al m u n d o , sino p o r d e f e c t o d e e l l o s . 2

40

[Los c o n d e n a d o s

no pueden

desear bien

alguno.]

Es t a n t o el o d i o q u e t i e n e n , q u e n o p u e d e n d e s e a r b i e n a l g u n o , y c o n t i n u a m e n t e b l a s f e m a n d e m í . ¿Sabes p o r q u é n o p u e d e n d e s e a r el bien? A c a b a d a la vida d e l h o m b r e q u e d a p r e s a su l i b e r t a d , p o r lo q u e n o p u e d e n m e r e c e r u n a vez q u e se les h a p a s a d o el t i e m p o . Si m u e r e n e n o d i o , c o n culpa d e p e c a d o m o r t a l , e n r a z ó n d e la justicia divina, p e r m a n e c e el a l m a a t a d a p a r a s i e m p r e con el lazo d e l o d i o , o b s t i n a d a p a r a siemp r e e n el m a l e n q u e se halla, r e c o m i é n d o s e a sí m i s m a . Se le a c r e c i e n t a n las p e n a s c o n t i n u a m e n t e p o r a l g ú n p e c a d o p a r t i c u l a r q u e h a sido la c a u s a d e su c o n d e n a c i ó n . Así os lo e n s e ñ ó aquel rico c o n d e n a d o c u a n d o pedía la 1

Mt 24,30.

2

Oficio d e la fiesta d e S a n

Agustín.

122

El Diálogo

gracia de q u e Lázaro fuese a sus hermanos, q u e habían q u e d a d o en el m u n d o , para que les anunciara lo q u e él sufría. Esto no lo hacía por caridad, pues estaba privado de ella y no podía desear el bien; ni p o r h o n r a r m e ni por su salvación, puesto que, como te he dicho, no pueden hacer bien al prójimo y me maldicen y él había terminado su vida o d i á n d o m e a mí y a la virtud. Entonces, ¿por q u é lo hacía? Porque había sido el mayor de los h e r m a n o s y les había alimentado en las miserias en q u e él mismo había vivido, d e m o d o que sería él la causa d e la condenación de ellos. Veía q u e por ello se le aumentaría la pena c u a n d o ellos se le unieran en los tormentos, y en ella se roerían con odio, pues en ella terminarían sus vidas. 41

[La g l o r i a d e los b i e n a v e n t u r a d o s . )

De m o d o semejante, el alma justa, que termina la vida en afecto d e caridad y unida al amor, tampoco p u e d e crecer en virtud terminada su vida. Puede, sin embargo, amar siempre con la misma dilección con que camina hacia mí, y será premiada en proporción a ella. Siempre me desea y siempre me posee, por lo que su deseo no es inútil, sino que, teniendo hambre, es saciada. Esta hartura le produce más h a m b r e , y está lejos del tedio que produce la saciedad, y también del sufrimiento que causa el hambre. Gozan, en amor, eternamente d e mi presencia. Del bien q u e yo poseo les hago partícipes, a cada u n o según proporción; es decir, que con la medida del amor con q u e ellos han llegado a mí, con la misma reparto yo. Por haber permanecido e n mi caridad y en la del prójimo, unidos j u n t a m e n t e por la caridad general y la particular, se gozan y alegran, participando u n o del otro por el afecto de la caridad, además d e la felicidad universal q u e todos disfrutan en común. Gozan y se alegran con los ángeles, entre los que se e n c u e n t r a n los santos, según las diversas y variadas virtudes q u e practicaron de m o d o especial en el m u n d o .1 Estando unidos todos por el lazo de la caridad, tienen u n a participación especial con aquellos q u e se amaron en el m u n d o con singular

La doctrina del puente

123

a m o r , y p o r c u y o a m o r c r e c í a n e n gracia c o n a u m e n t o d e la v i r t u d . Lo u n o e r a c a u s a d e lo o t r o , a d e m á s d e m a n i f e s t a r la gloria y a l a b a n z a d e m i n o m b r e e n ellos y el p r ó j i m o . D e m o d o q u e l u e g o , e n la vida q u e s i e m p r e d u r a , n o p i e r d e n el a m o r , sino q u e , p o r el c o n t r a r i o , p a r t i c i p a n d e él m á s í n t i m a m e n t e y c o n m a y o r a b u n d a n c i a u n o s d e o t r o s , a ñ a d i é n d o l e s a esto el b i e n d e la felicidad g e n e r a l . N o quisiera, sin e m b a r g o , q u e c r e y e r a s q u e la felicid a d p a r t i c u l a r q u e te h e d i c h o q u e p o s e e n la t i e n e n ú n i c a m e n t e p o r ellos. N o es así, sino q u e es p a r t i c i p a d a p o r t o d o s los b i e n a v e n t u r a d o s c i u d a d a n o s d e l cielo, p o r mis a m a d o s hijos y p o r los á n g e l e s . Así, c u a n d o el a l m a alc a n z a la v i d a e t e r n a , t o d o s p a r t i c i p a n d e ella, y ella d e l bien d e los d e m á s . N o es q u e la c a p a c i d a d receptiva d e esa alma y d e las d e m á s p u e d a acrecentar ni q u e tenga precisión d e llenarse, sino q u e se halla llena, y p o r eso n o p u e d e a u m e n t a r . G o z a d e satisfacción, j ú b i l o y alegría, q u e reavivan al s a b e r ellos q u e se h a n e n c o n t r a d o c o n a q u e l l a a l m a . V e n q u e p o r m i m i s e r i c o r d i a h a sido e l e v a d a a la p l e n i t u d d e la gracia, y se a l e g r a n c o n m i g o p o r el b i e n q u e ella h a r e c i b i d o d e m i b o n d a d . Esa a l m a goza e n m í , e n las a l m a s y e n los espíritus b i e n a v e n t u r a d o s al ver y e x p e r i m e n t a r e n ellos la d u l z u r a d e mi c a r i d a d , y sus d e s e o s c l a m a n a m í p o r la salvación d e l m u n d o e n t e r o . Su vida, q u e t e r m i n ó e n la c a r i d a d c o n el p r ó j i m o , n o la h a p e r d i d o , sino q u e c o n la c a r i d a d p a s ó p o r la p u e r t a d e mi Hijo u n i g é n i t o >, c o m o d e s p u é s te d i r é . Ves, p o r t a n t o , q u e p o r t o d a la e t e r n i d a d p e r m a n e c e n c o n el m i s m o lazo d e a m o r c o n q u e t e r m i n ó su existencia e n la tierra. Se h a l l a n t a n identificados c o n m i v o l u n t a d , q u e n o p u e d e n q u e r e r sino lo q u e yo q u i e r o , p o r q u e su libertad está tan a t a d a p o r el lazo d e la c a r i d a d , q u e , l l e g á n d o l e el fin, si m u e r e e n e s t a d o d e gracia, n o p u e d e p e c a r m á s . T a n u n i d a s están su v o l u n t a d y la m í a , q u e , si ve al p a d r e , a la m a d r e o a su hijo e n el i n f i e r n o , o su hijo a la m a d r e , n o les d a c u i d a d o , y hasta están c o n t e n t o s d e verles castigados p o r ser e n e m i g o s míos. Sin d i s c r e p a r d e m í , sus d e s e o s se h a l l a n c u m p l i d o s . ' Jn

10,7-9.

El Diálogo

124

El deseo d e los bienaventurados es ver mi h o n o r en vosotros, caminantes, peregrinos, q u e sin cesar os acercáis a la m u e r t e . Al desear el h o n o r , desean vuestra salvación, y p o r eso r u e g a n p o r vosotros. Por mi parte, este deseo se halla cumplido si vosotros no resistís, como ignorantes, a mi misericordia. Las almas tienden a volver a poseer su cuerpo , p e r o no sufren al no tenerlo en aquel m o m e n t o . Gozan sabor e a n d o la certeza d e q u e su deseo les será plenamente satisfecho. N o sufren, p o r q u e el n o tenerlo no les priva d e la felicidad, y por eso no tienen p e n a . N o pienses q u e la bienaventuranza del cuerpo, después d e la resurrección, ha d e p r o p o r c i o n a r mayor felicidad al alma. Si así fuese, se seguiría q u e la bienaventuranza sería imperfecta hasta q u e el alma se hallase unida a él. Esto no p u e d e darse, p u e s a los bienaventurados n o les falta perfección alguna. N o es el cuerpo el q u e d a la felicidad al alma, sino q u e ésta se la d a r á al cuerpo. Ella le d a r á d e su abundancia c u a n d o en el último día del juicio vuelva a vestir la vestidura d e la misma c a r n e que abandonó. C o m o el alma h a sido creada inmortal, firme y asentada en mí, así el cuerpo, p o r la n u e v a u n i ó n , se hará inmortal, y, p e r d i d a la gravedad, se hará sutil y ligero. T e n en c u e n t a q u e el c u e r p o glorificado p u e d e atravesar u n a p a r e d y q u e ni el fuego ni el agua le p u e d e n molestar, no p o r sí mismo, sino p o r su unión con el alma. Esta facultad proviene d e mí, d a d a gratuitamente por el inenarrable a m o r con q u e lo he creado a imagen y semejanza mías. Ni tu e n t e n d i m i e n t o p u e d e c o m p r e n d e r , ni tu oído oír, ni tu lengua n a r r a r , ni tu corazón pensar esa felicidad. ¡Cuánto gozo experimentan viéndome a mí, q u e soy la felicidad c o m p l e t a ! ¡Qué d i c h a s e n t i r á n c u a n d o tengan el c u e r p o glorioso! N o sufren p o r q u e no p u e d e n poseer este bien hasta el juicio universal, pues no les falta la bienaventuranza, ya q u e el alma se halla llena en sí misma. De esta plenitud, c o m o te he dicho, participará el cuerpo. 2

2

Mt 25,14-30.

La doctrina

del

puente

125

T e h e h a b l a d o d e l b i e n q u e t e n d r á el c u e r p o glorific a d o e n la h u m a n i d a d g l o r i f i c a d a d e m i Hijo u n i g é n i t o . El o s d a la s e g u r i d a d d e v u e s t r a r e s u r r e c c i ó n . E n ella r e b o s a n d e a l e g r í a s u s llagas frescas, c o n s e r v a d a s a ú n las cicatrices e n su c u e r p o , q u e p o r v o s o t r o s i m p l o r a n sin c e s a r m i s e r i c o r d i a a m í , s u p r e m o y e t e r n o P a d r e . T o d o se h a l l a r á d e a c u e r d o c o n El e n g o z o y a l e g r í a : el ojo c o n el ojo, la m a n o c o n la m a n o ; t o d o s os a s e m e j a réis e n t o d o al c u e r p o d e l d u l c e V e r b o , m i H i j o . P e r m a n e c i e n d o e n m í , p e r m a n e c e r é i s e n El, p o r q u e es u n o c o n m i g o . Los ojos d e v u e s t r o c u e r p o , c o m o te h e d i c h o , se a l e g r a r á n e n la h u m a n i d a d glorificada d e l V e r b o , m i Hijo u n i g é n i t o . ¿ P o r q u é esto? P o r q u e su vida t e r m i n a e n h o n o r d e m i c a r i d a d ; p o r eso d u r a e t e r n a m e n t e . N o es q u e p u e d a n r e a l i z a r b u e n a s o b r a s , p e r o se g o z a n e n lo q u e h a n s u f r i d o ; es d e c i r , n o p u e d e n r e a l i z a r u n a c t o m e r i t o r i o , ya q u e sólo e n e s t a v i d a se m e r e c e y se p e c a , s e g ú n place a la p r o p i a v o l u n t a d p o r el l i b r e a l b e d r í o . Estos n o e s p e r a n el j u i c i o d i v i n o c o n t e m o r , s i n o c o n a l e g r í a ; la c a r a d e Dios n o les p a r e c e r á l l e n a d e ira, p o r q u e h a n m u e r t o e n m i c a r i d a d y dilección y c o n b e n e v o lencia p a r a c o n el p r ó j i m o . V e s , p o r t a n t o , q u e la m u t a c i ó n e n el s e m b l a n t e n o se e f e c t u a r á e n El c u a n d o v e n g a a j u z g a r c o n m i M a j e s t a d , s i n o e n los q u e h a n d e s e r j u z g a d o s . A los c o n d e n a d o s les a p a r e c e r á c o n o d i o y j u s t i c i a ; a los s a l v a d o s , c o n a m o r y misericordia. 42 [Después del juicio general, la pena de los condenados será mayor.) T e h e h a b l a d o d e la g l o r i a d e los j u s t o s p a r a q u e c o nozcas m e j o r la m i s e r i a d e los c o n d e n a d o s . E s t e es o t r o d e los suplicios: v e r la felicidad d e los j u s t o s . E s t a visión les sirve p a r a a c r e c e n t a r sus p e n a s , c o m o a los j u s t o s la c o n d e n a c i ó n d e los p e c a d o r e s les sirve p a r a a l e g r a r s e a c a u s a d e m i b o n d a d , p o r q u e m e j o r se c o n o c e la luz c o n t r a s t á n d o l a c o n la o s c u r i d a d , y é s t a c o m p a r á n d o l a c o n la luz. D e m o d o q u e la visión d e los b i e n a v e n t u r a d o s les c a u s a r á t o r m e n t o . E s p e r a n c o n d o l o r el ú l t i m o d í a d e l j u i c i o , p r e v i e n d o q u e a él se s e g u i r á a u m e n t o d e p e n a s .

126

El Diálogo

Así sucederá, pues, c u a n d o se les diga aquella frase terrible: «Surgite, m o r t u i , venite ad iudicium!», y vuelva el alma al c u e r p o . Este será glorificado en los justos, y en los c o n d e n a d o s , e t e r n a m e n t e a t o r m e n t a d o . Recibir á n éstos g r a n v e r g ü e n z a y afrenta en presencia d e mi V e r d a d y d e todos los b i e n a v e n t u r a d o s . El gusano d e la conciencia r o e r á entonces la m é d u l a del árbol, o sea, del alma, y también su corteza, es decir, el cuerpo. Les será r e p r o c h a d a la sangre q u e les sirvió d e pago, así como los actos d e misericordia q u e tuve con ellos p o r mediación de mi Hijo: los espirituales y los temporales, y lo q u e ellos d e b i e r o n hacer p o r el prójimo, tal como se contiene en el santo Evangelio. Serán r e p r e n d i d o s p o r la crueldad q u e h a n tenido con el prójimo por soberbia y a m o r propio, c u a n d o vean la misericordia q u e de mí h a n recibido. La inmundicia y la avaricia h a r á n más viva la reprensión. En el m o m e n t o d e la m u e r t e es sólo el alma quien recibe la reprensión; mas en el juicio final la recibirá j u n t a m e n t e con el c u e r p o , pues él h a sido c o m p a ñ e r o e inst r u m e n t o p a r a o b r a r el bien y el mal, según haya complacido a la propia voluntad. T o d a o b r a b u e n a o mala se hace m e d i a n t e el c u e r p o ; p o r eso, con toda justicia, hija mía, se da a mis elegidos la gloria y felicidad infinitas, y, j u n t a m e n t e , al c u e r p o glorificado, r e m u n e r á n d o l e p o r los trabajos q u e soportó c o n j u n t a m e n t e con el alma. I g u a l m e n t e , a los malvados se les d a r á la p e n a e t e r n a en el c u e r p o , q u e les sirvió como i n s t r u m e n t o del mal. Se les r e n o v a r á n y acrecentarán las penas al t e n e r n u e v a m e n t e el c u e r p o en presencia d e mi Hijo. Los sentidos, con su inmundicia, recibirán reprensión al ver su naturaleza, es decir, la h u m a n i d a d d e Cristo u n i d a a la pureza de mi divinidad. Ven ensalzada la masa d e A d á n , vuestra naturaleza, sobre todos los coros de los ángeles, mientras q u e ellos, p o r sus defectos, se encuentran h u n d i d o s en lo p r o f u n d o del infierno. Ven resplandecer también la generosidad y misericordia en mis b i e n a v e n t u r a d o s , q u e reciben el fruto de la sangre del C o r d e r o . Ven las penas q u e han sufrido y cómo todas sirven para o r n a m e n t o de sus cuerpos, a m o d o de b o r d a d o s sobre u n p a ñ o ; esto n o p o r atención

La doctrina del puente

127

al c u e r p o , sino sólo p o r la p l e n i t u d del a l m a . La plenit u d refleja e n el e x t e r i o r , e n el c u e r p o , el fruto d e sus trabajos, c o m o c o m p a ñ e r o suyo e n la práctica d e la virt u d . C o m o el espejo refleja la c a r a del h o m b r e , así e n el c u e r p o el fruto d e las fatigas. V i e n d o los q u e m o r a n e n las tinieblas t a n t a prestancia d e q u e ellos se hallan p r i v a d o s , se les a u m e n t a n las penas y confusión, p u e s e n sus c u e r p o s a p a r e c e n las señales d e las penas y t o r m e n t o s c o m o m u e s t r a s d e la mald a d q u e c o m e t i e r o n . De d o n d e , al oír aquella voz terrible: « ¡ M a r c h a d , malditos, al fuego eterno!» ', su a l m a y su c u e r p o irán a vivir c o n los d e m o n i o s , sin g é n e r o alg u n o d e c o n s u e l o f u n d a d o e n la e s p e r a n z a . Se verán e n v u e l t o s e n t o d a pestilencia d e la tierra, c a d a u n o p o r sí y a su m o d o , s e g ú n las diversas m a n e r a s con q u e h a n realizado sus malas o b r a s : el a v a r o , con la i n m u n d i c i a d e la avaricia, se verá e n v u e l t o , a r d i e n d o e n el fuego, con los bienes del m u n d o q u e a m ó d e s o r d e n a d a m e n t e ; el c r u e l , e n v u e l t o e n la c r u e l d a d ; el i n m u n d o , con la inm u n d i c i a y miserable concupiscencia; el injusto, c o n sus injusticias; el envidioso, c o n la envidia; el q u e t u v o o d i o y r e n c o r al prójimo, con el o d i o ; el q u e fue d e s o r d e n a d o e n el a m o r p r o p i o , p o r ser c o m p a ñ e r o d e la soberbia y principio d e t o d o mal. T o d o s s e r á n castigados d e u n a m a n e r a d i f e r e n t e e n el c u e r p o y e n el a l m a conjuntamente. Así, p u e s , llegan a su fin los q u e van p o r el c a m i n o d e abajo, p o r el río, sin r e t r o c e d e r p a r a r e c o n o c e r sus culpas ni p a r a suplicar misericordia. Se a c e r c a n a la p u e r t a d e la m e n t i r a , p o r q u e siguieron la d o c t r i n a del d e m o nio, q u e es el p a d r e d e la m e n t i r a ; ésta es su p u e r t a , y p o r ella llegan a la c o n d e n a c i ó n . Mis elegidos e hijos míos, q u e se m a n t i e n e n e n el cam i n o d e arriba, o sea, e n el p u e n t e , siguen y van p o r el c a m i n o d e la v e r d a d . P o r eso dijo m i V e r d a d : « N i n g u n o p u e d e ir al P a d r e si n o es p o r m e d i o d e mí» . El es la p u e r t a y el c a m i n o p o r d o n d e llegan a mí, m a r d e t r a n quilidad. Lo c o n t r a r i o o c u r r e a los q u e h a n ido p o r el c a m i n o 2

1

2

Mt 25,41. Jn

14,6.

El Diálogo

128

de la mentira, que les proporciona agua putrefacta. A éstos llama el demonio —ciegos y locos, que no advierten, porque han perdido la luz d e la fe— con palabras muy semejantes: «Quien tenga sed de agua putrefacta, que venga a mí, que yo se la daré».

ELECCIÓN

DEL

CAMINO

[Valor de la prueba - el engaño del placer - el árbol entre espinas necesidad de los trabajos - fe y falta de fe - las obras - estados de la vida - el temor como primer impulso para una vida buena. ] 43 [ U t i l i d a d d e las t e n t a c i o n e s . — E l a l m a e n la h o r a d e la m u e r t e , a n t e s d e s e r s e p a r a d a d e l c u e r p o , v e su d e s t i n o , es d e c i r , la p e n a o g l o r i a q u e va a r e c i b i r . ]

El demonio ha sido designado verdugo de mi justicia para atormentar a las almas que miserablemente me han ofendido. En esta vida lo he puesto para tentar, causando molestias a mis criaturas; no para que sean vencidas, sino para que triunfen y reciban d e mí la gloria de la victoria por la manifestación de sus virtudes. Nadie debe temer combate alguno, ni las tentaciones que les vengan del demonio, pues yo os he dado fortaleza con la sangre de mi Hijo. Ni el demonio ni criatura alguna puede cambiar vuestra voluntad, por ser vuestra y dada por mí con el libre albedrío. Por lo tanto, la podéis seguir y a b a n d o n a r según os plazca. Es el a r m a que ponéis en manos del demonio; concretamente, u n cuchillo con que os hiere y mata. Pero, si el h o m b r e no pone el cuchillo de su voluntad en manos del demonio, o sea, no consiente sus tentaciones y sugerencias, j a m á s será herido por la culpa del pecado en tentación alguna, antes bien lo fortalecerán cuando abra los ojos de la inteligencia para contemplar la caridad, la cual permite que seáis tentados sólo para llegar a la virtud y manifestarla '. La virtud no se consigue sino por el conocimiento de sí mismo y de mí. Este conocimiento se adquiere con 1

Tob 12,13.

La doctrina del puente

129

m á s p e r f e c c i ó n e n el t i e m p o d e la t e n t a c i ó n , p o r q u e e n tonces v e m o s q u e el h o m b r e , d e p o r sí, n a d a es, ya q u e n o p u e d e evitar los trabajos y s u g e r e n c i a s d e q u e d e s e a ría e s c a p a r . M e c o n o c e p o r la v o l u n t a d , q u e se halla fortalecida c o n m i b o n d a d , q u e n o c o n s i e n t e tales p e n s a m i e n t o s , y p o r q u e h a visto q u e m i c a r i d a d le a y u d a , p o r q u e el d e m o n i o es d é b i l , y p o r sí m i s m o n o p u e d e sino lo q u e yo le p e r m i t o . Yo se las p e r m i t o p o r a m o r o p o r o d i o , p a r a q u e venzáis y n o seáis v e n c i d o s y p a r a q u e lleguéis al c o n o c i m i e n t o p e r f e c t o d e m í y d e vosot r o s , a fin d e q u e la v i r t u d q u e d e p a t e n t e , ya q u e u n c o n t r a r i o p u e d e c o n o c e r s e m e j o r p o r su c o n t r a r i o . Ves, p u e s , q u e los d e m o n i o s son m i n i s t r o s m í o s p a r a a t o r m e n t a r e n el i n f i e r n o y p a r a p r o b a r y ejercitar la v i r t u d del a l m a e n esta vida. N o es q u e la i n t e n c i ó n d e ellos sea p o n e r d e m a n i f i e s to la v i r t u d , p u e s n o p o s e e n la c a r i d a d , sino p a r a a r r e b a t a r o s la v i r t u d , lo q u e n o p u e d e n h a c e r si n o q u e r é i s . A h o r a c o m p r e n d e s c u á n t a es la i m b e c i l i d a d d e l h o m b r e q u e se m u e s t r a débil e n a q u e l l o e n q u e yo le h e h e c h o f u e r t e . El m i s m o se p o n e e n m a n o s d e los d e m o nios. P o r eso q u i e r o se s e p a s q u e e n el m o m e n t o d e la m u e r t e , h a b i e n d o p u e s t o los p e c a d o r e s su vida bajo el señorío del d e m o n i o — n o forzados, p o r q u e n o p u e d e n ser o b l i g a d o s , sino v o l u n t a r i a m e n t e — * si llegan a la m u e r t e bajo este p e r v e r s o d o m i n i o , n o e s p e r a n o t r o j u i cio, sino q u e ellos m i s m o s son los j u e c e s p o r su c o n c i e n cia, y, c o m o d e s e s p e r a d o s , se v a n a la c o n d e n a c i ó n e t e r n a , c o n o d i o se a p e g a n m á s al i n f i e r n o , y a n t e s d e l j u i c i o se c o n d e n a n ellos m i s m o s y v a n c o n sus s e ñ o r e s los d e monios. Los j u s t o s , q u e h a n vivido y m u e r e n e n c a r i d a d , c u a n d o les llega la m u e r t e , si h a n vivido e n p e r f e c c i ó n d e v i r t u d , i l u m i n a d o s e n t o n c e s p o r la luz d e la fe, c o n esper a n z a c o m p l e t a e n la s a n g r e d e l C o r d e r o , v e n el b i e n q u e yo les h e p r e p a r a d o y lo e s t r e c h a n c o n los b r a z o s del a m o r . Se u n e n a m í , s u m o y e t e r n o B i e n , m á s a r d o r o s a m e n t e a ú n e n el m o m e n t o d e la m u e r t e . Y así s a b o r e a n la vida e t e r n a a n t e s d e h a b e r a b a n d o n a d o el c u e r p o m o r t a l , o sea, a n t e s d e q u e se h a y a n s e p a r a d o d e l cuerpo. Los q u e h a n p a s a d o su v i d a e n c a r i d a d c o m ú n y e n

130

El

Diálogo

ella llegaron al fin, los que no tuvieron tan gran perfección, abrazan mi misericordia con la misma luz de la fe y esperanza con q u e tuvieron la perfección; pero es imperfecta. A u n q u e sean imperfectos, se u n e n a la misericordia, teniendo por mayor mi misericordia que sus culpas. Los pecadores hacen lo contrario. Viendo que su lugar es el infierno, se apegan a él, como te he dicho. De m o d o que ni unos ni otros esperan a ser juzgados, sino q u e cada u n o , al partirse d e esta vida, acepta el lugar que le es propio. Lo experimentan y poseen antes de salir del cuerpo en el m o m e n t o de la m u e r t e : los condenados, con odio y desesperación, y los perfectos, con amor, luz de la fe y esperanza en la sangre; los imperfectos, con la misericordia y con la misma fe, van al lugar del purgatorio. 44 [El d e m o n i o e n g a ñ a s i e m p r e a las a l m a s b a j o el p r e t e x t o d e l b i e n . — L o s q u e v a n p o r el r í o , y n o p o r el p u e n t e , v a n e n g a ñ a d o s . — Q u e r i e n d o h u i r d e los s u f r i m i e n t o s , c a e n e n e l l o s . Visión d e u n á r b o l q u e u n a vez t u v o esta a l m a . ]

T e he dicho q u e el demonio brinda a los hombres el agua pútrida, a la q u e él posee por sí mismo, cegándoles con las delicias y honores del m u n d o . Con el anzuelo del placer los pesca bajo la apariencia de felicidad, pues d e otro m o d o n o los podría atrapar, pues no se dejarían si no hallaran algún bien o gozo particular, ya q u e el alma, p o r su p r o p i a naturaleza, apetece siempre el bien. Ella, cegada por el a m o r propio, no concede ni distingue el v e r d a d e r o bien que es d e provecho para el cuerpo y el alma. Por ello, el d e m o n i o , como malvado, viéndola cegada por el a m o r propio sensitivo, le propone diversos y variados pecados. Lo hace con el pretexto d e algún provecho y bien. A cada u n o lo hace según su estad o y según los vicios a q u e cree q u e está más inclinado: u n o p r o p o n e al seglar y otro al religioso, u n o a los prelados y otro a los señores; a cada u n o según los diversos estados en que se e n c u e n t r a n . T e he dicho esto p o r q u e te voy a hablar ahora d e los q u e se ahogan e n el río, d e los que no tienen considera-

La doctrina del puente

131

ción a l g u n a con los d e m á s , sino c o n s i g o m i s m o s , es d e cir, se a m a n a sí m i s m o s c o n o f e n s a a m í . De su fin ya te he h a b l a d o . Q u i e r o m o s t r a r t e c ó m o se e n g a ñ a n , ya q u e , q u e r i e n d o h u i r d e los s u f r i m i e n t o s , c a e n e n ellos. Les p a r e c e q u e seguir, llevar el c a m i n o del p u e n t e d e l V e r b o d e m i Hijo, es u n g r a n trabajo. P o r ello se e c h a n a t r á s , t e m i e n d o el s u f r i m i e n t o . Les o c u r r e esto p o r q u e e s t á n ciegos, y n o ven ni c o n o c e n la v e r d a d al m o d o q u e sabes q u e te m o s t r é al p r i n c i p i o d e tu vida , c u a n d o m e r o g a b a s q u e tuviese m i s e r i c o r d i a c o n el m u n d o sacánd o l o d e las tinieblas d e l p e c a d o m o r t a l . R e c u e r d a q u e e n t o n c e s m e p r e s e n t é a ti e n f i g u r a d e á r b o l *, d e l q u e n o se veía ni el principio ni el fin, p e r o sí la raíz, h u n d i d a e n la t i e r r a d e v u e s t r a h u m a n i d a d . Al pie d e l á r b o l , si te a c u e r d a s b i e n , h a b í a a l g u n o s e s p i n o s . De ese á r b o l se alejaban t o d o s los q u e a m a b a n los sentid o s . C o r r í a n a u n c a m p o d e trigo sin g r a n o , e n el q u e se f i g u r a n t o d o s los p l a c e r e s y goces del m u n d o . A q u e l trigal p a r e c í a t e n e r g r a n o , p e r o n o e r a así. P o r eso, c o m o viste, m u c h a s almas p e r e c í a n d e h a m b r e . M u c h o s , al c o n o c e r el e n g a ñ o del m u n d o , volvían al á r b o l y p i s a b a n los e s p i n o s , es d e c i r , la v o l u n t a d p r o p i a . Esta v o l u n t a d p r o p i a es u n e s p i n o q u e se e n c u e n t r a e n el c a m i n o d e la v e r d a d . La conciencia, d e u n l a d o , y los s e n t i d o s , d e o t r o , se h a l l a n s i e m p r e e n l u c h a . P e r o e n c u a n t o la voluntad delibera con energía, diciendo con odio y desp r e c i o d e l p e c a d o : « Q u i e r o s e g u i r a C r i s t o crucificado», s ú b i t a m e n t e se r o m p e el e s p i n o , y se halla u n a d u l z u r a i n e s t i m a b l e , c o m o e n t o n c e s te m o s t r é ; q u i é n m á s , q u i é n m e n o s , s e g ú n su a r r a n q u e y solicitud. Sabes q u e e n t o n c e s te dije: «Yo soy v u e s t r o Dios inm u t a b l e , q u e n o c a m b i o ; n o esquivo a n i n g u n a c r i a t u r a q u e q u i e r a venir a mí. »Les h e manifestado la v e r d a d h a c i é n d o m e visible a ellos, s i e n d o yo invisible; le h e e n s e ñ a d o q u é es a m a r algo q u e n o sea yo. P e r o ellos, c e g a d o s p o r la n u b e del a m o r d e s o r d e n a d o , ni m e c o n o c e n a m í ni a sí m i s m o s . M i r a lo e q u i v o c a d o s q u e e s t á n , q u e p r e f i e r e n el h a m b r e a n t e s q u e pisar u n a s e s p i n a s . »No p u e d e n escapar d e t e n e r trabajos, p u e s nadie pasa 1

1

Alusión

autobiográfica.

132

El Diálogo

esta vida sin cruz, a excepción d e los que van por el camino d e arriba. No es que ellos vayan sin trabajos, sino que se les convierten en consuelo. Y como por el pecado produjo el m u n d o espinas y abrojos y surgió este río, m a r tempestuoso, por eso os di el p u e n t e , para q u e no os ahogaseis». T e he manifestado c ó m o se equivocan con u n t e m o r d e s o r d e n a d o y c ó m o soy vuestro Dios, q u e ni cambio ni hago distinción d e personas, si n o es teniendo en cuenta su santo deseo. Esto es lo q u e te he explicado con la alegoría del árbol. 4 5 [El mundo produce espinas y abrojos a causa del pecado.—A quiénes no hacen daño esas espinas.—Nadie pasa esta vida sin trabajos.] A h o r a quiero enseñarte a quién hacen d a ñ o estas espinas q u e la tierra produjo por el pecado y a quién no. Hasta a h o r a te h e hablado d e la condenación, a la vez q u e d e mi b o n d a d , y te he dicho c ó m o se hallan engañados los h o m b r e s por sus propios sentidos. A h o r a quiero explicarte cómo únicamente son éstos los que serán heridos por las espinas. Nadie pasa esta vida sin trabajos corporales o espirituales. Mis servidores soportan los corporales, pero su espíritu está libre, o sea, no se cansan con los trabajos, p o r q u e han puesto en consonancia su voluntad con la mía. Es la voluntad la que hace sufrir al h o m b r e . Sufrimientos d e espíritu y de cuerpo los tienen esos d e q u e te hablé, los cuales en esta vida gozan las primicias del infierno, mientras q u e mis servidores saborean las arras de la vida eterna. ¿Sabes cuál es la felicidad específica d e los bienaventurados? El tener su voluntad totalmente llena d e aquello que desean. Me desean a mí, y con ello me tienen sin obstáculo alguno, pues han alejado d e sí la pesantez del cuerpo, q u e era u n a ley q u e luchaba contra el espíritu. El cuerpo era u n intermediario q u e n o les permitía conocer perfectamente la verdad ni v e r m e cara a cara. Después d e q u e el alma se ha liberado d e la pesantez del cuerpo, tiene libre su voluntad, y, deseándolo, ella m e ve. En esta visión consiste vuestra felicidad. Al ver,

La doctrina del puente

133

c o n o c e , y, c o n o c i e n d o y a m a n d o , d i s f r u t a d e m í , s u m o y e t e r n o B i e n ; d i s f r u t a n d o sacia y llena su v o l u n t a d , es d e c i r , el d e s e o q u e t i e n e d e v e r m e y c o n o c e r m e ; d e s e a n d o y t e n i e n d o , d e s e a . C o m o t e dije, la p e n a se halla lejos d e l d e s e o y el hastío, p r o d u c t o d e la h a r t u r a . Ves, p o r t a n t o , q u e mis s e r v i d o r e s e n c u e n t r a n la felic i d a d e s p e c i a l m e n t e e n v e r m e y c o n o c e r m e . Esta visión y c o n o c i m i e n t o satisface su v o l u n t a d d e t e n e r lo q u e d e s e a n , y así q u e d a n saciados. P o r eso t e dije q u e , e n c o n c r e t o , g u s t a r la v i d a e t e r n a es p o s e e r lo q u e la v o l u n t a d d e s e a . T e n e n c u e n t a q u e el a l m a se sacia v i é n d o m e y c o n o c i é n d o m e . E n e s t a v i d a e x p e r i m e n t a las a r r a s d e la v i d a e t e r n a c u a n d o g u s t a lo q u e t e h e d i c h o q u e la sacia. l

¿ C ó m o p o s e e esas primicias d e la v i d a e t e r n a ? T e lo voy a d e c i r : v i e n d o m i b o n d a d e n sí m i s m a y c o n o c i e n d o m i v e r d a d . Este c o n o c i m i e n t o lo t i e n e el e n t e n d i m i e n t o ai e s t a r i l u m i n a d o p o r la fe, q u e es el ojo d e l a l m a . Este ojo p o s e e la p u p i l a d e la s a n t í s i m a fe, y le p e r m i t e d i s t i n g u i r , c o n o c e r y s e g u i r el c a m i n o y la d o c t r i n a d e mi V e r d a d , d e l V e r b o h e c h o c a r n e . Sin esta p u pila d e la fe n o v e r á sino c o m o el h o m b r e q u e t i e n e la f i g u r a d e u n ojo, p e r o q u e lo t i e n e t a p a d o c o n u n p a ñ o , q u e i m p i d e q u e el ojo vea. L o m i s m o o c u r r e c o n el ojo d e l e n t e n d i m i e n t o . Su p u p i l a es la fe, y n o ve c u a n d o d e l a n t e d e sí t i e n e c o l o c a d o el p a ñ o d e la i n f i d e l i d a d , q u e p r o c e d e d e l a m o r a sí m i s m o ; t i e n e f o r m a d e ojo, p e r o n o . d a luz, p o r q u e el p a ñ o se la h a q u i t a d o . C o m p r e n d e s , p u e s , q u e , v i e n d o , c o n o c e n , y, a m a n d o , a h o g a n y p i e r d e n la v o l u n t a d p r o p i a . U n a vez p e r d i d a su v o l u n t a d , se visten d e la m í a , q u e n o q u i e r e o t r a cosa q u e v u e s t r a santificación. I n m e d i a t a m e n t e se d e d i c a n a a p a r t a r su m i r a d a d e l c a m i n o d e abajo, c o m i e n z a n a s u b i r p o r el p u e n t e y p a s a n s o b r e las e s p i n a s . C o m o t i e n e n los pies descalzos d e su afecto resp e c t o d e m i v o l u n t a d , las e s p i n a s n o les h a c e n d a ñ o . P o r ello te dije q u e s u f r í a n c o r p o r a l y n o e s p i r i t u a l m e n t e , p u e s está m u e r t a su v o l u n t a d sensitiva, la q u e p r o d u c e p e n a y aflige el espíritu d e las c r i a t u r a s . Q u i t a d a e s t a vol u n t a d , está q u i t a d a la p e n a . T o d o lo s o p o r t a n c o n r e v e 1

A p 7,16-17.

134

El Diálogo

rencia, teniendo como u n a gracia el ser atribulados por mi causa, y no desean sino lo q u e yo deseo. Si les doy aflicciones por medio d e los demonios, permitiéndoles muchas tentaciones, es para probarlos en la virtud. Ellos resisten con la voluntad, que es fortalecida por mí; se humillan y juzgan indignos d e la paz y quietud del espíritu, y así q u e d a n con alegría y conocimiento de sí mismos, sin p e n a q u e los aflija. Si les vienen las tribulaciones d e los hombres o d e enfermedad, pobreza, reveses d e fortuna, privación de hijos o d e otras criaturas muy amadas —que son espinas que produce la tierra por el pecado—, las soportan con la luz de la razón y d e la santa fe, con la mirada puesta en mí, que soy suprema B o n d a d y no quiero sino el bien. Para bien suyo se las concedo; p o r a m o r y no por odio. En cuanto han conocido el a m o r en mí y se miran a sí mismos, c o m p r e n d e n sus defectos y ven con la luz d e la fe que el bien debe ser r e m u n e r a d o y el pecado castigad o . Entienden q u e el pecado más p e q u e ñ o merecería pena infinita, p o r q u e se ha cometido contra el infinito bien, y se acogen a la gracia de que yo los castigue en esta vida, en este tiempo finito. Así, y j u n t a m e n t e con la contrición d e corazón, b o r r a n el pecado y merecen con perfecta paciencia, y sus trabajos son premiados con u n bien infinito. Conocen seguidamente que todo trabajo, por la brevedad de esta vida, es p e q u e ñ o : el tiempo no es mayor que la punta d e u n a aguja, y, terminado y pasado el sufrimiento, se ve lo pequeño q u e es. Sufren, pues, con paciencia y pasan p o r las espinas presentes sin afectarles al espíritu, p o r q u e se hallan lejos en cuanto a amor sensitivo y están en mí por afecto de amor. Por esto es cierto q u e gustan la vida eterna, recibiendo las primicias d e ella en esta vida. Si están en el agua, no se mojan, y, si pisan las espinas, no se punzan, porq u e me han conocido a mí, Bien supremo. Han buscado el bien allí d o n d e se encuentra, es decir, en el Verbo de mi Hijo unigénito.

La doctrina del puente

135

46 [ M a l e s q u e p r o c e d e n d e la c e g u e r a d e l e n t e n d i m i e n t o . Las obras b u e n a s , n o h e c h a s e n e s t a d o d e gracia, c a r e c e n d e v a l o r p a r a la v i d a e t e r n a . ]

T e h e d i c h o esto p a r a q u e e n t i e n d a s m e j o r c ó m o g u s t a n las primicias d e l i n f i e r n o aquellos d e c u y o e n g a ñ o te hablé. A h o r a te voy a explicar d e d ó n d e p r o c e d e el e m b a u c a m i e n t o y p o r q u é h a n c e g a d o los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o c o n la falta, q u e t i e n e su o r i g e n e n el a m o r p r o pio. L o m i s m o q u e t o d a v e r d a d se a d q u i e r e p o r la luz d e la fe, así se i n c u r r e e n la m e n t i r a y e n g a ñ o p o r c a r e n c i a d e fe. H a b l o d e c a r e n c i a d e ella e n los q u e la h a n recibid o e n el s a n t o b a u t i s m o , e n el c u a l se d i o la p u p i l a d e la fe a la inteligencia. L l e g a d o el u s o d e la r a z ó n , si se ejercitan e n la v i r t u d , c o n s e r v a n la luz d e la fe, y n a c e n e n ellos las v i r t u d e s vivas h a c i e n d o b i e n al p r ó j i m o ; c o m o la m u j e r q u e d a a luz al hijo vivo y vivo se lo e n t r e g a a su e s p o s o , así éstos m e o f r e c e n v i r t u d e s vivas a m í , Esposo del alma. L o c o n t r a r i o h a c e n esos m i s e r a b l e s q u e , l l e g a d o el t i e m p o d e la d i s c r e c i ó n , c u a n d o d e b e n ejercitar la luz d e la fe y d a r a luz las v i r t u d e s c o n la vida d e la gracia, las d a n a luz m u e r t a s . Están m u e r t a s , c o m o h e c h a s e n pecad o m o r t a l , al e n c o n t r a r s e p r i v a d o s d e la fe. C i e r t a m e n t e m a n t i e n e n la f o r m a d e l s a n t o b a u t i s m o , p e r o n o la luz, al h a l l a r s e p r i v a d o s d e ella a c a u s a d e la n u b e d e l pecad o c o m e t i d o p o r a m o r p r o p i o , q u e t a p a la p u p i l a c o n q u e veían. D e los q u e t i e n e n fe sin o b r a s se d i c e q u e t i e n e n m u e r t a su fe. I g u a l q u e el m u e r t o n o ve, así t a m p o c o el ojo, p o r e s t a r t a p a d a la pupila. N o v e n n i r e c o n o c e n q u e p o r sí m i s m o s n o e x i s t e n ; t a m p o c o las faltas q u e h a n com e t i d o , ni m i b o n d a d , d e la q u e recibió el s e r y c u a l q u i e r gracia r e c i b i d a c o n la existencia. Al n o c o n o c e r m e a mí ni a sí m i s m o s , n o o d i a n a sus s e n t i d o s , sino q u e los a m a n , b u s c a n d o satisfacer su a p e tito. D a n a luz hijos q u e p r o c e d e n d e sus m u c h o s pecad o s m o r t a l e s . N o m e a m a n , y p o r ello n o a m a n lo q u e yo a m o , es decir, a su p r ó j i m o . N o se d e l e i t a n h a c i e n d o lo q u e m e a g r a d a , e s t o es, las r e a l e s y v e r d a d e r a s virtu-

136

El Diálogo

des q u e me agrada ver en vosotros; no para mi provecho, pues no me p u e d e n beneficiar, por ser yo el q u e soy ', y nada se hace sin mí, a no ser el pecado, que es la negación. Este priva al alma de todo bien al arrebatarle la gracia. Si m e a g r a d a n , es por su provecho, para q u e tenga motivos para recompensaros conmigo mismo, q u e soy Vida perdurable. Ya ves q u e la fe de éstos está muerta, p o r ser fe sin obras. Sus acciones no les valen para la vida eterna, por n o tener la vida d e la gracia. Las obras buenas, sin embargo, no deben por ello abandonarse, estén con gracia o sin ella, porque toda obra buena es p r e m i a d a y toda la q u e es mala es castigada. Lo bueno que realiza en gracia, sin pecado mortal, tiene valor para la vida eterna; pero lo q u e se hace en pecado mortal, n a d a vale para ella, si bien es recompensado de diversas maneras. Por eso algunas veces doy tiempo a los pecadores y pongo en el corazón de mis servidores oraciones constantes, por las q u e aquéllos salen del pecado y de sus miserias. Otras veces, al no aceptar ni el tiempo ni las oraciones para prepararlos a la gracia, los he p r e m i a d o en lo temporal, haciendo con ellos lo que con los animales, a los q u e se ceba para llevarlos al matadero. Ellos han recalcitrado siempre ante mi bondad, a u n q u e ejecutan algunas obras buenas, si bien no estando en gracia, sino en pecado. En ellas no han querido aceptar ni el tiempo, ni las oraciones, ni otras maneras diversas con q u e les he llam a d o . Por eso, al ser reprobados por mí a causa de sus pecados, les pago en bienes temporales, y así se ceban, ya q u e mi b o n d a d quiere premiar cualquier pequeño servicio q u e me hayan prestado; pero, si no se corrigen, irán al fuego eterno. Ves, pues, cómo se hallan equivocados. ¿Quién les ha embaucado? Ellos mismos, porque se han privado de la luz d e la fe viva. Van como ciegos, agarrándose a aquello que palpan. C o m o no ven sino con los ojos ciegos, poniendo su afecto en las cosas transitorias, por eso se e n g a ñ a n y o b r a n como tontos, que ven sólo el oro y no el veneno. Por esta razón entienden q u e las cosas de este m u n d o , sus deleites y placeres, se consiguen sin mí 1

G e n 2,26.

La doctrina del puente

137

y c o n el a m o r p r o p i o y d e s o r d e n a d o . T i e n e n la m i s m a figura d e l e s c o r p i ó n q u e t e m o s t r é al p r i n c i p i o , d e s p u é s d e la a l e g o r í a d e l á r b o l , c u a n d o t e dije q u e p o r d e l a n t e m o s t r a b a n el o r o y q u e el v e n e n o lo t e n í a n e n la cola, y q u e n o se d a b a el o r o sin el v e n e n o , ni el v e n e n o sin el o r o ; p e r o q u e lo q u e p r i m e r o a p a r e c í a e r a el o r o . Y n i n g u n o se d e f e n d í a d e l v e n e n o , a n o s e r los q u e se h a llaban i l u m i n a d o s p o r la luz d e la fe. 2

47 [No se pueden observar los mandamientos sin seguir los consejos.—En cualquier estado en que se halle el alma, si tiene buena voluntad, es agradable a Dios.] T e h a b l é d e los q u e c o n el cuchillo d e d o s filos, esto es, el o d i o al vicio y el a m o r a la v i r t u d , c o r t a b a n el ven e n o d e los p r o p i o s s e n t i d o s p o r m i a m o r y m a n t e n í a n y a d q u i r í a n el o r o d e las cosas m u n d a n a s q u e d e s e a b a n p o s e e r u s a n d o la luz d e la r a z ó n . P e r o los q u e q u e r í a n llegar a la g r a n p e r f e c c i ó n las d e s p r e c i a b a n t e m p o r a l y e s p i r i t u a l m e n t e . T e dije c ó m o éstos o b s e r v a b a n los c o n sejos t e m p o r a l e s y espirituales q u e les h a d a d o y d e j a d o m i V e r d a d . Los q u e p o s e e n son los q u e g u a r d a n mis m a n d a m i e n t o s y consejos e n su e s p í r i t u , p e r o n o e n aquel m o m e n t o . C o m o los consejos están u n i d o s a los m a n d a m i e n t o s , n a d i e p u e d e o b s e r v a r éstos sin s e g u i r los consejos; ni d e o b r a ni d e p e n s a m i e n t o . Al p o s e e r las r i q u e z a s d e l m u n d o , d e b e n hacerlo con h u m i l d a d y n o con soberbia, c o m o d a d a s p o r m i b o n d a d p a r a v u e s t r o u s o , c o m o algo p r e s t a d o y n o p r o p i o . L u e g o t a n t o tenéis c u a n t o yo os d o y , y t a n t o poseéis c u a n t o yo p e r m i t o , y p e r m i t o t a n t o c u a n t o v e o q u e os a y u d a a v u e s t r a salvación. Este es el m o d o d e usarlas. Si el h o m b r e las u s a así, o b s e r v a el m a n d a m i e n t o d e a m a r m e s o b r e t o d a s las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a sí m i s m o ; vive c o n el c o r a z ó n d e s n u d o ; q u e las e c h e d e sí p o r afecto a m í , q u e n o p o s e a sino s e g ú n m i v o l u n t a d . A u n q u e p o s e a r i q u e z a s , p r a c t i q u e el c o n s e j o p o r m e d i o d e l d e s e o , y así q u i t a el v e n e n o d e l a m o r d e s o r d e n a d o . 2

U n a clase d e e s c o r p i o n e s q u e t i e n e s u cola d e c o l o r d e o r o . A l u d e aquí a algo escrito e n este libro, o e n o t r o lugar, p e r o q u e n o aparece.

El Diálogo

138

Los q u e o b r a n de este m o d o p e r m a n e c e n en la carb d a d común.' Los q u e g u a r d a n los m a n d a m i e n t o s y consejos en obra y en espíritu, se hallan en caridad perfecta. Con sencillez v e r d a d e r a g u a r d a n el consejo q u e mi Verdad, el Verbo hecho carne, dio al joven q u e le preg u n t ó : «¿Qué p o d r é hacer, Maestro, p a r a tener la vida eterna?» El le contestó: «Guarda los m a n d a m i e n t o s d e la ley»; y él, r e s p o n d i e n d o , dijo: «Los observo»; y El contestó n u e v a m e n t e : «Bien, si quieres ser perfecto, vete, vende lo q u e tienes y dáselo a los pobres» '. Entonces, el j o v e n se entristeció p o r las riquezas, q u e poseía con demasiado amor. Los perfectos, por el contrario, observan el consejo, a b a n d o n a n d o el m u n d o con todas sus delicias, m a c e r a n d o su cuerpo con la penitencia y vigilias y con h u m i l d e oración. Los q u e viven en la caridad c o m ú n , al n o elevarse sobre lo temporal, n o por ello pierden la vida eterna, porq u e n o están obligados a la renuncia. P u e d e n poseer las riquezas, si así lo quieren, del m o d o q u e te he dicho. N o pecan por poseerlas, p o r q u e todas las cosas son buenas, perfectas y creadas por mí, que soy B o n d a d suprema. H a n sido creadas para q u e sirvan a mis criaturas racionales y n o para q u e éstas se hagan siervas y esclavas d e las delicias del m u n d o . Si n o aspiran a tan g r a n d e perfección, p u e d e n poseerlas; pero no como señores, sino como criados administradores. Deben d a r m e el deseo d e a m a r m e y a m a r y poseer las cosas n o como suyas, sino como prestadas. Yo n o hago distinción d e personas y d e posesiones en el m u n d o , p e r o sí tengo e n cuenta los santos deseos. En cada estado en q u e la persona se halle, tenga b u e n a y santa voluntad, y m e será grata. ¿Quién h a poseído las riquezas d e este modo? Los q u e han roto violentamente con el veneno de u n a desorden a d a afición y las han puesto en o r d e n con a m o r y tem o r a mí. Ellos p u e d e n elegir y poseer el estado q u e quieran y cada u n o es apto para alcanzar la vida eterna. Dejemos sentado, sin e m b a r g o , q u e m e es más grata la perfección mayor, q u e consiste en elevarse mental y espiritualmente sobre las cosas del m u n d o . Quien no se 1

Mt 19,16-22.

La doctrina del puente

139

s i e n t a c a p a c i t a d o p a r a a l c a n z a r tal p e r f e c c i ó n , p u e s su f r a g i l i d a d n o lo p e r m i t e , p u e d e p e r m a n e c e r e n e s t e e s t a d o c o m ú n d e c a r i d a d , c a d a c u a l s e g ú n su e s t a d o . E s t o lo h a d i s p u e s t o m i b o n d a d p a r a q u e n i n g u n o t e n g a exc u s a e n el p e c a d o , e n c u a l q u i e r e s t a d o q u e sea. V e r d a d e r a m e n t e n o t i e n e n d i s c u l p a , p o r q u e h e toler a d o e x c u s a s y d e b i l i d a d e s , h a s t a el p u n t o d e q u e , si q u i e r e n p e r m a n e c e r e n el m u n d o , lo p u e d e n , y t a m b i é n p o s e e r r i q u e z a s , y m a n t e n e r su p o s i c i ó n c o m o g o b e r n a n t e s , c o n t r a e r m a t r i m o n i o , t e n e r hijos y a f a n a r s e p o r ellos. P u e d e n p e r m a n e c e r e n c u a l q u i e r e s t a d o q u e d e s e e n , si d e v e r a s a p a r t a n el v e n e n o d e los p r o p i o s sentid o s , q u e c a u s a n la m u e r t e e t e r n a . Los sentidos son v e r d a d e r a m e n t e u n v e n e n o . C o m o é s t e d a ñ a al c u e r p o , y al fin c a u s a la m u e r t e si el h o m b r e n o se i n g e n i a p a r a v o m i t a r l o y t o m a r u n a m e d i c i n a ; lo m i s m o q u e o c u r r e c o n el a l a c r á n d e los d e l e i t e s d e l m u n d o . H a b l o d e l v e n e n o d e la v o l u n t a d p e r v e r t i d a d e l h o m b r e , n o d e las cosas t e m p o r a l e s , p u e s ya te h e d i c h o q u e s o n b u e n a s y c r e a d a s p o r m í , q u e soy s u m a B o n d a d , y p o r ello p u e d e n u s a r d e ellas c o m o les plazca, d e n t r o del santo a m o r y del v e r d a d e r o t e m o r . Repito q u e la v o l u n t a d p e r v e r t i d a e n v e n e n a al a l m a y le c a u s a la m u e r t e si n o v o m i t a p o r m e d i o d e la s a n t a c o n f e s i ó n , a l e j a n d o d e ella el c o r a z ó n y el a f e c t o . L a c o n f e s i ó n es medicina q u e cura d e este veneno, a u n q u e parezca a m a r g a a los s e n t i d o s . ¡Mira, p u e s , q u é e n g a ñ a d o s e s t á n ! P o r q u e p u e d e n p o s e e r lo t e r r e n o y a la vez t e n e r m e a m í ; p u e d e n h u i r d e la t r i s t e z a y t e n e r a l e g r í a y c o n s u e l o , y, sin e m b a r g o , p r e f i e r e n el m a l bajo la a p a r i e n c i a d e b i e n y se e n t r e g a n a c o g e r el o r o c o n a m o r d e s o r d e n a d o . P e r o c o m o e s t á n c i e g o s , c o n m u c h a falta d e fe, n o r e c o n o c e n el v e n e n o ; se v e n e m p o n z o ñ a d o s y n o t o m a n el r e m e d i o . E s t o s llevan la c r u z d e l d e m o n i o , g u s t a n d o e n esta vida las a r r a s d e l i n f i e r n o . 48 [Los mundanos no pueden saciarse con lo que poseen. Penas q u e les proporciona la voluntad aun en esta vida.] T e dije a r r i b a q u e sólo la v o l u n t a d c a u s a s u f r i m i e n t o s e n el h o m b r e , y p u e s m i s s e r v i d o r e s e s t á n p r i v a d o s d e

140

El Diálogo

ella y revestidos d e la mía, no sienten trabajos q u e les aflijan, sino q u e están saciados al s e n t i r m e en sus almas p o r la gracia. Si n o poseyeran, no p o d r í a n sentirse saciados a u n q u e f u e r a n d u e ñ o s d e todas las riquezas del m u n d o , ya q u e éstas h a n sido creadas p a r a el h o m b r e y no éste p a r a ellas. Por eso no p u e d e n ser saciados p o r ellas. Sólo yo los p u e d o llenar. P e r o los miserables, caíd o s e n tanta c e g u e r a , a n d a n s i e m p r e h a m b r i e n t o s , n u n ca se h a r t a n , y d e s e a n lo q u e n o p u e d e n conseguir, p o r q u e n o m e a m a n a mí, q u e soy q u i e n les p u e d e llenar. ¿Quieres q u e te diga c ó m o sufren? Sabes q u e el a m o r c o m p o r t a s i e m p r e sufrimiento c u a n d o se p i e r d e aquello con q u e la c r i a t u r a se halla identificada. Por a m o r , éstos se hallan identificados con la t i e r r a d e diversos m o d o s ; p o r eso se h a n c o n v e r t i d o en tierra. A l g u n o s se identifican con las riquezas; otros, c o n su posición social; otros, con los hijos; u n o s m e p i e r d e n p o r servir a las c r i a t u r a s , otros hacen d e su c u e r p o u n animal b r u t o , lleno d e inmundicias. Así, d e distintas m a n e ras, apetecen la tierra y se a l i m e n t a n d e ella. Q u i s i e r a n q u e esos bienes fueran d u r a d e r o s , y n o lo son: p a s a n c o m o el viento y d e s a p a r e c e n con la m u e r t e , o se v e n privados, p o r disposición mía, d e aquello q u e a m a n . E n tonces sufren u n a p e n a h o r r o r o s a y c o n d o l o r p i e r d e n c u a n t o h a n poseído con d e s o r d e n a d o a m o r . Si lo h u b i e r a n t e n i d o c o m o algo p r e s t a d o , lo dejarían sin pena. La sufren p o r q u e n o tienen lo q u e d e s e a n , p u e s , c o m o te dije, el m u n d o n o les p u e d e llenar; d e ahí su sufrimiento. ¡Cuan g r a n d e s son las aflicciones a causa del r e m o r d i m i e n t o d e la conciencia! ¡Qué g r a n d e s las penas d e los q u e apetecen la venganza! Se r e c o m e n sin cesar y se m a tan al m a t a r a su e n e m i g o ; el p r i m e r m u e r t o es el q u e m a t a c o n el cuchillo del odio. ¡Qué sufrimiento tan g r a n d e tiene el avaro, q u e a u n e n lo necesario lleva la avaricia a sus últimas c o n s e c u e n cias! ¡Qué t o r m e n t o el del envidioso, q u e se r o e el corazón! El gozo del prójimo n o le deja gozar a él. De t o d o lo q u e a m a con los sentidos le vienen sufrimientos, a c o m p a ñ a d o s d e n u m e r o s o s t e m o r e s . H a t o m a d o la cruz del d e m o n i o , g u s t a n d o e n esta vida las primicias del infierno. Vive alejado d e diversos m o d o s ; d e a q u í le viene la m u e r t e e t e r n a .

La doctrina del puente

141

Estos son los a t o r m e n t a d o s p o r a b u n d a n t e s tribulacion e s , t o r t u r á n d o s e a sí m i s m o s c o n su d e s o r d e n a d a vol u n t a d p r o p i a . Llevan la c r u z e n el c o r a z ó n y e n su c u e r p o , es d e c i r , q u e el a l m a y el c u e r p o s u f r e n sin m é r i t o a l g u n o , p o r n o llevar las t r i b u l a c i o n e s c o n paciencia, sino c o n impaciencia; p o r h a b e r p o s e í d o y a d q u i r i d o el o r o y las delicias del m u n d o c o n a m o r d e s o r d e n a d o . P r i v a d o s d e la vida d e la gracia y del afecto d e la carid a d , se h a n h e c h o á r b o l e s d e m u e r t e ; p o r e s o t o d a s sus o b r a s s o n m u e r t a s . E n t r e s u f r i m i e n t o s se van a h o g a n d o p o r el r í o y se llegan a las a g u a s p ú t r i d a s , p a s a n d o con o d i o p o r la p u e r t a d e l d e m o n i o p a r a recibir la c o n d e n a ción. H a s visto c ó m o se e n g a ñ a n y c o n c u á n t o s s u f r i m i e n tos v a n al i n f i e r n o , h a c i é n d o s e m á r t i r e s d e l d e m o n i o . L o q u e les p r o d u c e la c e g u e r a es la n u b e d e l a m o r p r o p i o , c o l o c a d a s o b r e la p u p i l a d e la luz d e la fe. H a s visto t a m b i é n c ó m o y d e d ó n d e v i e n e n las t r i b u l a c i o n e s del m u n d o . Estas h a c e n d a ñ o c o r p o r a l a mis s e r v i d o r e s , q u e son p e r s e g u i d o s p o r el m u n d o , p e r o n o les h a c e n d a ñ o espiritual, p o r hallarse identificados c o n mi v o l u n t a d . P o r e s o están c o n t e n t o s e n sufrir p o r m í . Los s e r v i d o r e s del m u n d o son t o r t u r a d o s i n t e r i o r y e x t e r i o r m e n t e . De m o d o especial e n su i n t e r i o r , p o r el t e m o r q u e t i e n e n d e p e r d e r lo q u e p o s e e n , y p o r el a m o r , al d e s e a r lo q u e n o p u e d e n o b t e n e r . Los o t r o s suf r i m i e n t o s q u e s i g u e n a estos d o s , q u e son los principales, n o sería tu l e n g u a capaz d e c o n t a r l o s . C o n s i d e r a , p u e s , q u e e n esta m i s m a vida t i e n e n los j u s t o s m e j o r p a r t i d o q u e los p e c a d o r e s . H a s visto, p o r t a n t o , su c a m i n o y su fin. 49 [El temor servil no es suficiente para conseguir la vida eterna.—Ejercitando este temor, se llega a la virtud.] A h o r a te d i g o q u e a l g u n o s se s i e n t e n e s t i m u l a d o s p o r las t r i b u l a c i o n e s del m u n d o . Las doy p a r a q u e el a l m a c o n o z c a q u e su fin n o está e n esta vida y q u e estas cosas son i m p e r f e c t a s y t r a n s i t o r i a s y p a r a q u e m e d e s e e n a m í , q u e soy el fin q u e d e b e n a l c a n z a r . A l g u n o s c o m i e n zan a a p a r t a r esa n u b e q u e t i e n e n a n t e los ojos c o n los

142

El Diálogo

sufrimientos propios actuales y p o r q u e prevén los q u e seguirán c o m o consecuencia del pecado. Por t e m o r servil empiezan a salir del río y a vomitar el v e n e n o inyectado p o r el escorpión en forma de o r o , q u e les había m o r d i d o d e s m e s u r a d a m e n t e , p o r lo que se hallaban e m p o n z o ñ a d o s . Al darse c u e n t a d e ello, comienzan a elevarse y dirigirse a la orilla p a r a a g a r r a r s e al puente. C o m o c a m i n a n sólo movidos p o r el t e m o r servil, esto no les es suficiente p a r a limpiar la casa de estorbos, p a r a b a r r e r el pecado mortal. Hay q u e llenar esa casa d e virtudes, q u e se hallan fundadas en el a m o r y no sólo e n el temor. Ellas d a n la vida e t e r n a c u a n d o se p o n e n ambos pies e n el p r i m e r escalón del p u e n t e , o sea, en el afecto del deseo. Esos pies m a n t i e n e n al alma e n el afecto de mi V e r d a d , de la q u e he hecho p u e n t e . Este es el p r i m e r escalón que hay q u e subir c o m o te dije al explicarte c ó m o Cristo había h e c h o escalera d e su propio c u e r p o . Bien es verdad q u e este m o d o de levantarse los servidores del m u n d o es casi c o m ú n , haciéndolo p r i m e r a m e n t e p o r t e m o r a las penas. Algunas veces, las tribulaciones del m u n d o los llevan al cansancio de sí mismos; p o r eso, el m u n d o les comienza a d e s a g r a d a r , y si ejercitan ese t e m o r , con la luz d e la fe pasarán al a m o r d e las virtudes. Hay algunos, sin e m b a r g o , q u e c a m i n a n con tanta tibieza, q u e con frecuencia quieren d a r la vuelta, después d e h a b e r llegado a la orilla, c u a n d o les soplan vientos contrarios, q u e los sacuden con las olas del m a r tempestuoso d e esta vida tenebrosa. Y, si les sopla el viento de la prosperidad sin h a b e r subido al p r i m e r escalón p o r negligencia, es decir, sin llegar al efecto y a m o r d e la virtud, vuelven la m i r a d a atrás, a las delicias, con deleite d e s o r d e n a d o . Si llega el viento d e la adversidad, m i r a n también atrás con impaciencia. N o h a n o d i a d o su pecado p o r la ofensa hecha a mí, sino p o r el t e m o r a las penas q u e se h a n d e seguir, motivo p o r el q u e se habían levantado d e él, votamitándolo. T o d a o b r a virtuosa requiere perseverancia, y, si n o existe, no lleva a cabo lo d e s e a d o , es d e cir, alcanzar el fin p a r a el q u e se c o m e n z ó . Sin perseve-

La doctrina del puente

143

rancia, n u n c a lo alcanzará. Por ello es precisa la p e r s e v e rancia. T e h e d i c h o q u e se vuelven atrás e n c o n f o r m i d a d con los diversos impulsos q u e e x p e r i m e n t a n e n sí m i s m o s a causa d e la lucha d e los sentidos c o n t r a el espíritu; p o r las c r i a t u r a s a las q u e vuelven; p o r sí m i s m o s , c o m o c o n secuencia d e u n a m o r d e s o r d e n a d o , sin t e n e r m e en c u e n t a a mí; p o r la impaciencia e n las injurias q u e r e c i b e n o p o r los m u c h o s y variados c o m b a t e s con los d e monios, y algunas veces p o r el desprecio, apartándolos d e la confesión, diciendo: «Esto b u e n o q u e has c o m e n z a d o n o te vale a causa d e tus p e c a d o s y faltas». Esto lo hace el d e m o n i o , i n t e n t a n d o q u e vuelvan atrás y h a c i é n d o l e s d e j a r poco a poco lo e m p r e n d i d o . O t r a s veces lo h a c e con deleites, e n la confianza d e q u e o b t e n d r á n misericordia, d i c i e n d o : «¿Para q u é q u i e r e s fatigarte? G o z a esta vida, y al final d e ella, a r r e p i n t i é n d o t e , recibirás misericordia». De este m o d o , el d e m o n i o les hace p e r d e r el tem o r con q u e h a b í a n c o m e n z a d o . Por estas y o t r a s m u c h a s causas, vuelven la vista a t r á s y n o son c o n s t a n t e s ni p e r s e v e r a n t e s . O c u r r e así p o r q u e la raíz del a m o r p r o p i o n o está d e s a r r a i g a d a e n ellos, y p o r eso n o son p e r s e v e r a n t e s , sino q u e reciben la miseric o r d i a con p r e s u n c i ó n y sin ilusión; recibiéndola n o c o m o d e b e n , sino i g n o r a n t e m e n t e . Y, c o m o son p r e s u n tuosos, confían e n mi misericordia, la cual es c o n s t a n t e m e n t e o f e n d i d a p o r ellos. A ésos les h e c o n c e d i d o o les c o n c e d o misericordia no para q u e p e q u e n con ella, sino para que con ella se d e f i e n d a n d e la malicia del d e m o n i o y d e la d e s o r d e n a d a confusión d e espíritu. P e r o ellos h a c e n t o d o lo c o n t r a r i o , p u e s p e c a n u t i l i z a n d o la m i s m a misericordia. Esto les o c u r r e p o r q u e n o h a n p r o s e g u i d o la p r i m e r a c o n v e r s i ó n , q u e iniciaron al levantarse p o r el t e m o r a las p e n a s y al ser c o m b a t i d o s p o r las espinas d e n u m e r o s a s tribulaciones y p o r la miseria del p e c a d o m o r t a l . P o r lo q u e la conversión n o llega al a m o r d e las v i r t u d e s , y p o r ello n o h a n p e r s e v e r a d o . El a l m a n o p u e d e p e r m a n e c e r i n m u t a b l e , y p o r eso, si n o avanza, r e t r a s a . Si ellos n o p r o g r e s a n e n la v i r t u d e l e v á n d o s e sobre la imperfección del t e m o r y u n i é n d o s e al a m o r , es d e necesidad q u e r e t r o c e d a n . :

144

El

DOLOR

Diálogo

DE CATALINA POR LA HUMANA

CEGUERA

5 0 [Esta alma tuvo gran amargura por la ceguera de los que se ahogaban en el río.l Se angustió entonces el alma en su deseo al ver a los h o m b r e s ir a la condenación e t e r n a y considerar su imperfección y la d e los d e m á s . Se dolía al oír y ver tan g r a n c e g u e r a e n las criaturas, p o r h a b e r c o m p r e n d i d o c u a n g r a n d e es la b o n d a d d e Dios, pues El n a d a había puesto en el m u n d o q u e fuese i m p e d i m e n t o p a r a la salvación del h o m b r e en cualquier estado q u e fuese, sino q u e todo valía p a r a ejercitar y d a r p r u e b a s d e virtud, y q u e , sin e m b a r g o , p o r a m o r propio y d e s o r d e n a d o afecto, a pesar d e ello, a ú n c a m i n a b a n p o r el río sin e n m e n darse. Muchos d e los q u e se hallaban e n el río e iniciaban la subida, se volvían atrás por las razones q u e había oído d e la dulce b o n d a d d e Dios, q u e se había d i g n a d o manifestarle. Por eso se hallaba en a m a r g u r a . Fijando el ent e n d i m i e n t o e n el e t e r n o P a d r e , dijo: ¡Oh a m o r inestimable!: g r a n d e es el e n g a ñ o d e las criaturas. Quisiera q u e , c u a n d o plazca a tu b o n d a d , m e explicases más d e t a l l a d a m e n t e los tres escalones, rep r e s e n t a d o s e n el c u e r p o d e tu Hijo unigénito, y el m o d o q u e d e b e n e m p l e a r esas almas p a r a salir d e u n a vez del abismo y a n d a r por el c a m i n o d e la verdad y quiénes son los q u e suben los peldaños. LOS TRES POTENCIAS

ESCALONES DEL ALMA:

FIGURAN LAS TRES LA CARIDAD COMÚN

[Exigencias del amor: unidad de las tres potencias - sentidos, razón y libre albedrío \ la perseverancia - Cristo, fuente viva de gracia y perseverancia - en la unión de las tres potencias - la caridad. ] :

5 1 [Los tres escalones figurados en el puente, es decir, en el Hijo de Dios, simbolizan las tres potencias del alma.] Entonces, m i r a n d o la b o n d a d infinita d e su misericordia el deseo y el h a m b r e d e aquella alma, dijo:

La doctrina

del

puente

145

Q u e r i d í s i m a hija, y o n o desprecio los santos d e seos, sino q u e los satisfago, y p o r eso te q u i e r o explicar y m a n i f e s t a r lo q u e me p i d e s . Me p i d e s q u e te e x p l i q u e la alegoría d e los tres escalones y q u e t e e n s e ñ e el m o d o d e p o d e r salir del río y subir al p u e n t e . S u p u e s t o lo d i c h o arriba, al h a b l a r t e del e n g a ñ o y c e g u e r a d e los h o m b r e s y c ó m o e n esta vida g u s t a n las primicias d e l i n f i e r n o y, c o m o m á r t i r e s del d e m o n i o , r e c i b e n la c o n d e n a c i ó n e t e r n a , te hablé del fruto d e s u s o b r a s y te dije las cosas y m o d o s q u e d e b í a n c u m p l i r . A h o r a te las e x p l i c a r é a m p l i a m e n t e , satisfaciendo tus deseos. Sabes q u e t o d o mal está f u n d a m e n t a d o e n el a m o r p r o p i o y q u e este a m o r t i e n e u n a n u b e q u e priva d e la luz a la r a z ó n . Esta tiene e n sí la luz de la fe, y n o se p i e r d e la luz si n o se p i e r d e la fe. Yo c r e é el alma a mi i m a g e n y semejanza, d á n d o l e m e m o r i a , e n t e n d i m i e n t o y v o l u n t a d . El e n t e n d i m i e n t o es la p a r t e m á s noble del a l m a ; es m o v i d o p o r el afecto, y el e n t e n d i m i e n t o , a su vez, alimenta el afecto. La m a n o del a m o r , esto es, el afecto, llena la m e m o r i a del r e c u e r d o d e m í y d e los beneficios recibidos. Este rec u e r d o la h a c e solícita y n o n e g l i g e n t e , la hace agradecid a y n o o l v i d a d i z a . De este m o d o , u n a potencia acerca a la o t r a , y así se alimenta el a l m a e n la vida d e la gracia. El a l m a n o p u e d e vivir sin a m o r . S i e m p r e t i e n d e a a m a r algo, p o r q u e está h e c h a d e l a m o r , p u e s p o r a m o r la c r e é . P o r eso te dije q u e el afecto m u e v e la inteligencia, c o m o e x p r e s a n d o : « Q u i e r o a m a r , p o r q u e la c o m i d a d e q u e m e a l i m e n t o es el a m o r » . La inteligencia e n t o n ces, s i n t i é n d o s e d e s p e r t a r p o r el afecto, se levanta c o m o d i c i e n d o : «Si q u i e r e s a m a r , yo t e d a r é u n bien q u e p u e das a m a r » . Y s e g u i d a m e n t e se eleva p o r la consideración d e la d i g n i d a d del a l m a y de la i n d i g n i d a d a q u e p o r su c u l p a ha llegado. E n la d i g n i d a d d e su existencia aprecia mi inestimable b o n d a d y caridad e t e r n a s p o r las q u e c r e c e , y, al ver su miseria, e n c u e n t r a y experim e n t a mi misericordia, p u e s p o r ella le ha d a d o tiempo p a r a c o n o c e r l a s y la h e s a c a d o d e las tinieblas. El afecto, p u e s , se a l i m e n t a del a m o r , a b r i e n d o la boca del s a n t o d e s e o , con la q u e c o m e el o d i o y d e s p r e cio d e los p r o p i o s sentidos. C o n d i m e n t a d a esta c o m i d a

146

El Diálogo

c o n la p e r f e c t a paciencia y v e r d a d e r a h u m i l d a d , p r o d u ce u n o d i o santo E n g e n d r a d a s las virtudes, ellas se m u l tiplican p e r f e c t a e i m p e r f e c t a m e n t e e n la m e d i d a e n q u e c a d a a l m a ejercita la perfección, c o m o diré más abajo. Si el afecto sensitivo, p o r el c o n t r a r i o , se inclina a q u e r e r más las cosas sensibles, hacia ese afecto se inclina el ojo del e n t e n d i m i e n t o y se p r o p o n e c o m o m e t a sólo las cosas sensibles, c o n a m o r propio, d e s a g r a d o d e la v i r t u d y a m o r al vicio. A esto sigue la soberbia y la impaciencia. La m e m o r i a , e n ese caso, n o se llena sino con aquello a q u e la lleva el afecto. Este a m o r h a c e g a d o el ojo d e tal m o d o , q u e n o dist i n g u e ni ve sino algunos clarores sensibles. Su iluminación es la siguiente: q u e el e n t e n d i m i e n t o ve deleite d o n d e n o existe y el afecto a m a lo q u e tiene aparencia d e bien. Ya te dije q u e los deleites del m u n d o son todos espinas llenas d e v e n e n o . Q u e el e n t e n d i m i e n t o es e n g a ñ a d o al ver; la v o l u n t a d , al a m a r lo q u e n o d e b e , y la m e m o r i a , al r e c o r d a r l o . El e n t e n d i m i e n t o hace c o m o el lad r ó n , q u e r o b a lo q u e n o es suyo, y la m e m o r i a m a n t i e n e el r e c u e r d o c o n t i n u o d e las cosas q u e se hallan fuera d e mí, y d e este m o d o q u e d a el a l m a p r i v a d a d e la gracia. T a l es la u n i ó n d e estas tres potencias del alma, q u e n o p u e d o ser o f e n d i d o p o r u n a sin q u e las otras m e o f e n d a n , p o r q u e u n a lleva a la o t r a al bien o al m a l , seg ú n place al libre albedrío. Este se halla u n i d o al afecto, y p o r eso lo inclina, según le place c o n la luz d e la r a z ó n o sin ella. Vosotros tenéis la r a z ó n u n i d a a mí siempre q u e la libertad n o os separa d e mí y os sostenéis d u r a n t e la lucha q u e la inclinación p e r v e r s a m a n t i e n e s i e m p r e c o n t r a el espíritu '. Hay, p u e s , d o s partes e n vosotros: los sentidos y la razón. Los sentidos son siervos y h a n sido establecidos p a r a q u e sirvan al alma, p a r a q u e c o n el i n s t r u m e n t o del c u e r p o manifestéis y ejercitéis las virtudes . El a l m a es libre, l i b e r a d a del pecado" p o r la s a n g r e d e mi Hijo, y n o p u e d e estar bajo d o m i n i o a l g u n o si ella n o lo q u i e r e 2

' R o m 7,23. 2 Gal 4,22-23.

La doctrina del puente

147

c o n s e n t i r con la voluntad, la cual se halla u n i d a al libre a l b e d r í o , y éste se hace u n o con la voluntad p o n i é n d o s e d e a c u e r d o con ella. El libre a l b e d r í o se halla colocado e n m e d i o , e n t r e los sentidos y la r a z ó n ; p u e d e inclinarse a quien quiera. Es cierto q u e si q u i e r e c o n g r e g a r sus potencias e n mi n o m b r e con la m a n o libre del a l b e d r í o , e n t o n c e s todas las acciones se hallan u n i d a s e n t r e sí e n la c r i a t u r a : las espirituales y las t e m p o r a l e s . Si el libre a l b e d r í o se desliga d e los propios sentidos y se u n e a la r a z ó n , e n t o n c e s yo m e coloco e n m e d i o d e ellos p o r la gracia. Esta es la r e a l i d a d . Ya te dije q u e n a d i e p o d í a venir a mí sino p o r mi Hijo, y q u e p o r ello h a b í a h e c h o d e El u n p u e n t e con tres escalones. Los tres simbolizan los tres estados del alma, c o m o más abajo te explicaré. 52 (Si l a s t r e s p o t e n c i a s d e l a l m a n o e s t á n u n i d a s , n o s e p u e d e t e n e r p e r s e v e r a n c i a . — S i n ella, n a d i e p u e d e a l c a n z a r su fin.)

T e h e explicado la alegoría d e los tres escalones, e n g e n e r a l , p o r m e d i o d e las t r e s potencias del a l m a . Son c o m o tres g r a d a s . N o se p u e d e subir a u n a sin la o t r a p a r a a n d a r p o r la d o c t r i n a y p u e n t e d e m i V e r d a d , ni p u e d e el a l m a t e n e r p e r s e v e r a n c i a si las tres potencias n o se hallan u n i d a s e n t r e sí. De la p e r s e v e r a n c i a te h a b l é a r r i b a , c u a n d o m e p r e g u n t a s t e c ó m o d e b e r í a n a c t u a r los q u e q u i e r a n salir del río y m e pediste te explicase m e j o r los tres escalones. T e contesté q u e , sin la p e r s e v e r a n c i a , n i n g u n o alcanzaba su meta. Dos son las m e t a s , y a m b a s r e q u i e r e n p e r s e v e r a n c i a , es decir, el vicio y la v i r t u d . Si q u i e r e s u n i r t e a la vida, te es necesario p e r s e v e r a r e n la v i r t u d , y el q u e q u i e r a conseguir la m u e r t e e t e r n a h a d e p e r s e v e r a r e n el vicio. De m o d o q u e con la p e r s e v e r a n c i a se llega a mí, q u e soy Vida, o al d e m o n i o , p a r a g u s t a r el a g u a p u t r e f a c t a . 53 [Exposición d e las p a l a b r a s d e C r i s t o : « Q u i e n t e n g a sed, venga a mí y beba».!

T o d o s , e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r , fuisteis invitados p o r mi V e r d a d c u a n d o c l a m a b a e n el t e m p l o con a n g u s -

El Diálogo

148

tiado deseo: «Quien tenga sed, venga a mí y beba, porque soy fuente d e agua viva» '. N o dijo: «Vaya al Padre», sino «Venga a mí». ¿Por qué? Porque en mí, el Padre, no p u e d e darse el sufrimiento, p e r o sí en el Hijo. Y vosotros, mientras sois peregrinos y caminantes en esta vida mortal, no podéis caminar sin sufrimientos, p o r q u e la tierra produjo espinas por el pecado. ¿Y por q u é dijo: «Venga a mí y beba»? Porque, siguiendo su doctrina por el camino d e sus mandatos y consejos espirituales o por el de los m a n d a t o s y consejos temporales, es decir, al caminar por la caridad perfecta o por la c o m ú n , p o r cualquier m o d o q u e os determinéis ir a El, al seguir su doctrina hallaréis qué beber, encont r a n d o y g u s t a n d o el fruto de la sangre por la unión d e la naturaleza divina y d e la h u m a n a . Encontrándoos en El, os encontráis en mí, q u e soy Mar d e paz, por ser u n o con El, y El conmigo. Así, pues, estáis invitados a la fuente del agua viva d e la gracia. Hay que seguir con perseverancia por El, que se os ha hecho p u e n t e , sin que ni espinas, ni vientos, ni prosperid a d , ni adversidad, ni cualquier otra pena que tengáis q u e soportar, os obligue a volver la vista atrás. Debéis perseverar hasta q u e m e encontréis a mí, q u e soy agua viva por la unión d e la naturaleza divina con la h u m a n a . ¿Por qué dije: «Venga a mí y beba»? Porque no podéis pasar sin trabajos y en mí no cabe sufrimiento, pero sí en El, y como lo h e hecho p u e n t e , n i n g u n o p u e d e venir a mí sino por El; y así dijo: «Ninguno p u e d e ir al Padre sino por mí» . De este m o d o , mi V e r d a d expresó la verdad. Has visto el camino que debéis llevar y el m o d o , es decir, con perseverancia. Si no es así, no beberéis, porq u e ésta es la virtud q u e recibe la gloria y la corona en mí, vida p e r d u r a b l e . 2

54 [ M o d o q u e , e n g e n e r a l , d e b e n t e n e r los h o m b r e s p a r a s a l i r d e l m a l d e l m u n d o y p a s a r p o r el r e f e r i d o p u e n t e . )

A h o r a volvemos a los tres escalones por los que hay que pasar al salir del río sin ahogarse, para alcanzar el 1

J n 4,7 y 7,37.

2

J n 14,6.

La doctrina del puente

149

a g u a viva a q u e estáis invitados y p a r a q u e yo esté e n m e d i o d e vosotros; p o r q u e , c a m i n a n d o así, yo estoy e n m e d i o d e vosotros, viviendo p o r gracia e n v u e s t r a s almas. P a r a q u e r e r a n d a r es n e c e s a r i o t e n e r s e d , p o r q u e sólo los q u e la t e n g a n son invitados al decir: « Q u i e n t e n g a sed, v e n g a a mí y b e b a » . Q u i e n n o tiene sed n o p e r s e v e r a e n el c a m i n o , p o r q u e se d e t i e n e p o r la fatiga o p o r el deleite y n o se p r e o c u p a ni d e llevar u n vaso p a r a alcanzar el a g u a ni t e n e r c o m p a ñ í a , y solo n o p u e d e a n d a r . P o r eso vuelve la cabeza a t r á s c u a n d o n o t a q u e llega alg u n a p u n z a d a d e las p e r s e c u c i o n e s , q u e se le h a n c o n v e r t i d o e n e n e m i g o . T e m e p o r q u e se halla solo; si fuese a c o m p a ñ a d o , n o t e m e r í a . Si h u b i e s e s u b i d o los tres peld a ñ o s estaría s e g u r o , p u e s n o se hallaría solo. Es n e c e s a r i o , p u e s , t e n e r sed y, c o m o dije, q u e os r e u náis d o s , tres o m á s . ¿ P o r q u é dijo d o s o tres? P o r q u e n o hay d o s sin tres. Si es u n o solo, está e x c l u i d o q u e yo esté e n m e d i o d e él, p o r q u e n o lleva c o n s i g o c o m p a ñ e r o p a r a q u e yo p u e d a e s t a r e n m e d i o . El solo sería la n a d a , p o r q u e q u i e n se halla e n el a m o r a sí m i s m o está solo, p u e s se halla s e p a r a d o d e mi gracia y d e la c a r i d a d p a r a con el p r ó j i m o ; y, e s t a n d o p r i v a d o d e m í , se c o n v i e r t e e n n a d a p o r culpa suya, ni es t e n i d o e n c u e n t a p o r mi V e r d a d ni m e es g r a t o . Dijo, p o r t a n t o : «Si están d o s , o tres, o m á s c o n g r e g a d o s e n m i n o m b r e , yo e s t a r é e n m e d i o d e ellos» '. T e dije q u e n o había d o s sin tres, y así es. Sabes q u e los m a n d a m i e n t o s d e la ley se r e s u m e n e n d o s , y sin estos d o s n o se observa n i n g u n o ; es decir, a m a r m e s o b r e t o d a s las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a ti m i s m a . H e aquí el p r i n c i p i o , el m e d i o y el fin d e los m a n d a m i e n t o s d e la ley. Estos d o s n o p u e d e n e s t a r c o n g r e g a d o s e n mi n o m b r e sin ser t r e s , esto es, sin la u n i ó n d e las tres potencias del a l m a : m e m o r i a , e n t e n d i m i e n t o y v o l u n t a d . La m e m o r i a r e t i e n e mis beneficios y mi b o n d a d ; el e n t e n d i m i e n t o e s c u d r i ñ a e n el a m o r inefable q u e os h e m o s t r a d o p o r m e d i o d e mi Hijo u n i g é n i t o , a q u i e n p u s e c o m o objeto d e la m i r a d a del e n t e n d i m i e n t o p a r a q u e e n él veáis el fuego d e m i c a r i d a d ; y la v o l u n t a d se u n e a la m e m o r i a 1

Mt 18,20.

150

El Diálogo

y al e n t e n d i m i e n t o a m á n d o m e y d e s e á n d o m e c o m o a su fin q u e soy. C u a n d o estas tres potencias del alma se hallan j u n t a s , yo estoy en m e d i o d e ellas p o r la gracia, y, al hallarse el h o m b r e lleno d e caridad p a r a c o n m i g o y con el prójimo, i n m e d i a t a m e n t e se e n c u e n t r a a c o m p a ñ a d o d e m u c h a s y v e r d a d e r a s virtudes. El apetito del alma se dispone entonces a t e n e r sed; digo sed d e la virtud, d e mi h o n o r y d e la salvación d e las almas. C o n él desaparece cualquier o t r a sed y camina con s e g u r i d a d , sin t e m o r servil alguno, u n a vez subid o el p r i m e r p e l d a ñ o del afecto. P o r q u e , d e s p r e n d i d o del a m o r propio, se levanta p o r encima d e sí mismo y d e las cosas transitorias, a m á n d o l a s y poseyéndolas, si es q u e desea p o r mí y n o sin mí, o sea, con santo y verdad e r o t e m o r y a m o r a la virtud. Se e n c u e n t r a entonces ya subido al s e g u n d o escalón, es decir, al d e la luz del e n t e n d i m i e n t o , q u e contempla mi cordial a m o r e n Cristo crucificado, q u e m e ha servid o d e i n s t r u m e n t o p a r a manifestároslo. En ese m o m e n to e n c u e n t r a el alma la paz y q u i e t u d , p o r q u e la m e m o ria está llena d e mi caridad, n o vacía. Sabes q u e u n recipiente vacío s u e n a al golpearlo y n o c u a n d o está lleno. Lo mismo, c u a n d o la m e m o r i a se halla llena d e la luz del e n t e n d i m i e n t o y del afecto del a m o r , al golpearla las tribulaciones y delicias del m u n d o , n o s u e n a con desord e n a d a alegría, ni con la impaciencia, p o r hallarse llena d e mí, q u e soy el bien completo. C u a n d o h a subido el alma al tercer peldaño, n o se ve sola, pues h a u n i d o e n mi n o m b r e la razón y las tres potencias del alma. Unidos a m b o s , es decir, el a m o r a mí y al prójimo, lo están también la m e m o r i a para r e c o r d a r , el e n t e n d i m i e n t o p a r a c o m p r e n d e r y la voluntad p a r a a m a r . El alma se ve a c o m p a ñ a d a p o r mí, q u e soy su fortaleza y s e g u r i d a d , y e n c u e n t r a la c o m p a ñ í a d e las virtudes. Así c a m i n a segura, p o r q u e yo estoy en m e d i o d e ellas. A n d a entonces el alma con angustiado deseo p o r ten e r q u e seguir el c a m i n o d e la V e r d a d . En ese c a m i n o e n c u e n t r a la fuente d e a g u a viva. A causa d e la sed q u e tiene del a m o r d e mi n o m b r e , d e su salvación y del p r ó j i m o , e m p r e n d e con gusto el camino, pues fuera d e él n o

La doctrina del puente

151

p o d r í a c o n s e g u i r lo d e s e a d o . E n consecuencia, lleva vacío d e t o d o afecto y a m o r d e s o r d e n a d o del m u n d o el vaso del c o r a z ó n . En s e g u i d a se llena lo vacío, p o r q u e n a d a p u e d e estar c o m p l e t a m e n t e vacío, p o r lo q u e a r r a s t r a hacia él las cosas p e r e c e d e r a s c o n a m o r d e s o r - , d e n a d o , lo llena d e aire. El c o r a z ó n , p u e s , es c o m o u n a vasija, q u e n o p u e d e estar vacía. E n c u a n t o d e él se h a n sacado las cosas p e r e c e d e r a s d e a m o r p r o p i o d e s o r d e n a d o , se llena d e aire, o sea, del celestial y dulce a m o r divin o , p o r el q u e alcanza el a g u a d e la gracia. U n a vez log r a d a ésta, pasa p o r la p u e r t a d e Cristo crucificado y sab o r e a el a g u a viva, e n c o n t r á n d o s e en mí, q u e soy océan o d e paz.

RECAPITULACIÓN 55

SOBRE

LA CARIDAD

COMÚN

[ R e s u m e n d e algunas cosas ya dichas. I

T e h e m o s t r a d o el m o d o q u e , en g e n e r a l , h a d e observar t o d a c r i a t u r a racional p a r a p o d e r salir del piélago del m u n d o y no a h o g a r s e ni llegar a la c o n d e n a c i ó n . T a m b i é n te h e e n s e ñ a d o los tres escalones c o m u n e s , q u e son las tres potencias del alma, y c ó m o n o se p u e d e subir u n o si n o se s u b e n los tres. Antes te r e c o r d é la frase p r o n u n c i a d a p o r m i V e r d a d : « C u a n d o d o s , o tres, o más están c o n g r e g a d o s e n mi n o m b r e » . H e aquí la conexión d e los tres escalones, es decir, d e las tres p o tencias del alma. Ellas se relacionan con los d o s m a n d a m i e n t o s principales d e la ley, mi c a r i d a d y la del p r ó j i m o , esto es, a m a r m e sobre todas las cosas, y al p r ó jimo c o m o a ti misma. Subidos los p e l d a ñ o s , o sea, u n i d o s e n mi n o m b r e , p r o n t o se siente el deseo del a g u a viva. L u e g o se p o n e en m o v i m i e n t o , y pasa p o r el p u e n t e s i g u i e n d o la doctrin a d e mi V e r d a d , q u e es el m i s m o p u e n t e . Entonces corréis tras la voz q u e os llama. C l a m a n d o en el t e m p l o , os invitaba a decir: «Quien tenga sed, venga a mí y beba, p u e s soy la fuente d e a g u a viva» '. ' J n 7,37.

152

El

Diálogo

T e he explicado lo q u e quería decir y cómo se d e b e e n t e n d e r para q u e conozcas mejor la abundancia de mi caridad y la confusión d e los q u e parece q u e corren p o r el camino del d e m o n i o , q u e les invitaba al agua putrefacta. Has visto y oído lo q u e m e p r e g u n t a b a s , o sea, el m o d o que se debe t e n e r para no ahogarse, y te he dicho q u e esto es subiendo al p u e n t e . En esta subida se han c o n g r e g a d o y u n i d o por la p e r m a n e n c i a en el a m o r al prójimo, a t r a y é n d o m e el corazón y el afecto como u n a vasija. Yo doy a beber a quien m e lo pide, si va p o r el cam i n o de Cristo crucificado con perseverancia hasta la muerte. Este es el m o d o q u e debéis t e n e r todos en cualquier estado en q u e os halléis. Por ello, en n i n g ú n estado se p u e d e u n o excusar d e q u e no le p u e d e g u a r d a r , ni del d e b e r de obrar. A esto está obligada toda criatura racional. Nadie se p u e d e echar atrás, diciendo: «Yo tengo obligaciones, t e n g o hijos y o t r o s i m p e d i m e n t o s del m u n d o , y por ello m e retraigo en seguir este camino»; ni tampoco p o r las dificultades con q u e tropiece. N o lo p u e d e n alegar, pues ya te dije q u e todo estado era grato y acepto a mí m i e n t r a s se le m a n t e n g a con santa y b u e n a voluntad, p o r q u e todo es perfecto y b u e n o por ser creado p o r mí, q u e soy la suma B o n d a d . N o han sido creadas ni d a d a s las cosas p o r mí para que vayáis a la m u e r t e , sino para q u e por ellas tengáis vida. Esto es fácil, ya q u e nada es tan factible y d e tanto deleite como el a m o r . Lo q u e os pido no es más que a m o r y dilección a mí y al prójimo. Esto se p u e d e hacer en todo m o m e n t o , en todo lugar y en todo estado, amándolo y poseyéndolo todo para alabanza y gloria de mi nombre. Sabes q u e te dije q u e , por equivocación, los h o m b r e s no a n d a n con la luz, sino vistiéndose del a m o r propio, a m a n d o y poseyendo las criaturas y cosas creadas, sin pensar en mí. Pasan la vida t o r t u r a d o s , haciéndose insoportables a sí mismos. Y, si no se levantan del m o d o q u e te he dicho, llegan a la e t e r n a condenación. Así te he explicado el m o d o d e actuar q u e debe t e n e r el h o m b r e en general.

La doctrina del puente

153

LOS ESCALONES COMO ESTADOS DEL ALMA. SUBIDA A LA CARIDAD PERFECTA i P r i m e r e s c a l ó n : imperfección en el temor - imperfección en el amor. —Medios para la subida: la conciencia - el prójimo - la oración. —impedimentos en la subida: el engaño en las consolaciones predilectas - en el puro servicio de Dios - en el servicio del prójimo - en la acción de Dios en el alma - el engaño del demonio. — S e g u n d o e s c a l ó n : la perfección en la caridad - el secreto del corazón - los tres bautismos. — T e r c e r e s c a l ó n : el amor a Dios y a las almas - el oficio de la boca.—Cuarto e s t a d o : alegría de sufrir - unión y descanso en Dios - la iluminación del entendimiento - deseo de la vida eterna gloria de las penas - testimonios de la doctrina - excelencia del cuarto estado.}

56 [ Q u e r i e n d o D i o s m o s t r a r a e s t a a l m a d e v o t a los t r e s e s c a l o n e s d e l s a n t o p u e n t e , s o n s i g n i f i c a d o s e n p a r t i c u l a r p o r los t r e s e s t a d o s d e l a l m a . — D i c e q u e s e e l e v e s o b r e sí m i s m a p a r a c o n t e m p l a r esta v e r d a d . )

U n a vez explicado c ó m o d e b e n c a m i n a r y c a m i n a n los q u e se hallan en la c a r i d a d c o m ú n , esto es, los q u e obs e r v a n los m a n d a m i e n t o s y consejos c o n su intención, q u i e r o h a b l a r t e d e los q u e h a n c o m e n z a d o a s u b i r la escalera y d e s e a n a n d a r p o r el c a m i n o p e r f e c t o , es decir, p o r la o b s e r v a n c i a d e los m a n d a m i e n t o s e n la r e a l i d a d , en los tres estados q u e te m o s t r a r é . A h o r a te explicaré e n p a r t i c u l a r los tres g r a d o s y e s t a d o s d e l a l m a y los tres escalones q u e te e x p u s e d e m o d o g e n e r a l p o r la c o m p a ración con las tres potencias del alma. De ellos, u n o es i m p e r f e c t o ; el o t r o , m á s p e r f e c t o , y el t e r c e r o , perfectísim o . U n o m e es siervo m e r c e n a r i o ; el o t r o , siervo fiel, y el t e r c e r o es d e hijo m í o , es decir, del q u e m e a m a sin interés a l g u n o . Estos son los tres e s t a d o s e n q u e p u e d e n hallarse y se hallan m u c h a s c r i a t u r a s . Se d a n y p u e d e n d a r s e en u n a m i s m a c r i a t u r a c u a n d o c o n p e r f e c t a solicitud c o r r e p o r la vida a p r o v e c h a n d o su t i e m p o , p u e s d e l e s t a d o d e siervo pasa al d e libre, y d e libre, al e s t a d o d e hijo. Elévate s o b r e ti m i s m a y a b r e los ojos d e tu inteligencia. M i r a a esos p e r e g r i n o s v i a n d a n t e s c ó m o c a m i n a n : u n o s , i m p e r f e c t a m e n t e ; o t r o s , c o n p e r f e c c i ó n , p o r el cam i n o d e los m a n d a m i e n t o s , y a l g u n o s pocos, c o n t o d a

El

154

Diálogo

perfección, m a n t e n i e n d o y ejercitando la vida d e los consejos. Verás el origen d e q u e procede la perfección y la imperfección y cuan g r a n d e es el e n g a ñ o q u e el alma recibe en sí misma por no haber a r r a n c a d o el a m o r propio de raíz. En cualquier estado en q u e se halle el h o m bre, tiene necesidad d e m a t a r su a m o r propio. 57 [Esta alma, mirando en el espejo divino, veía a las criaturas andar de modos distintos. | El alma, con las angustias de u n ardiente deseo, mir á n d o s e en el dulce espejo divino, veía a las criaturas seguir distintos modos y con diversos sentimientos en el deseo d e conseguir su fin. Veía a muchos q u e comenzaban a subir estimulados por el t e m o r servil, es decir, por t e m o r al castigo. Algunos, siguiendo la p r i m e r a llamada, alcanzaban el segundo peldaño; p e r o veía q u e pocos conseguían la perfección e x t r e m a d a . 58 [El temor servil, sin amor a la virtud, no es suficiente para proporcionar la vida eterna.—La ley del temor y la del amor están unidas entre sí. I La b o n d a d d e Dios, q u e r i e n d o satisfacer el deseo de aquel alma, le decía: Ves q u e éstos se han levantado con t e m o r servil del vómito del pecado mortal; p e r o , si no se elevan p o r a m o r a la virtud, no es suficiente p a r a darles la vida perd u r a b l e . El a m o r , j u n t o con el santo temor, no es suficiente, p o r q u e la ley está f u n d a d a en el a m o r y santo temor. La ley del t e m o r , q u e era la ley antigua, d a d a por Moisés, estaba f u n d a d a en el t e m o r , pues sufrían el castigo, cometida la ofensa. La ley del a m o r es la única d a d a p o r el Verbo d e mi Hijo unigénito. Está f u n d a d a en el a m o r . No se anuló por ella la ley antigua, antes bien se cumplió, y así dijo mi V e r d a d : «Yo no vine a a n u l a r la ley, sino a cumplirla» i, y unió la del t e m o r con la del a m o r . Por éste le fue 1

Mt 5,17.

La doctrina del puente

155

quitada la imperfección del t e m o r y p e r m a n e c i ó la perfección del santo temor, es decir, sólo t e m o r d e ofender; n o p o r el d a ñ o propio, sino p o r o f e n d e r m e a mí, q u e soy la s u m a B o n d a d . De m o d o q u e la ley imperfecta se convirtió en perfecta p o r la ley del a m o r . Después q u e vino el c a r r o d e fuego d e mi Hijo unigénito, q u e trajo el fuego d e la caridad a vuestra h u m a n i dad con la abundancia d e la misericordia, fue suprimido el m é t o d o d e castigar en esta vida los pecados q u e se cometen, c o m o a n t i g u a m e n t e se hallaba establecido en la ley de Moisés, d o n d e había q u e castigar el pecado en cuanto era cometido. A h o r a no es así; p o r tanto, no es preciso el t e m o r servil. N o es q u e las culpas dejen d e ser castigadas. Si la persona no las castiga con la perfecta contrición, lo serán en la otra vida, u n a vez separada el alma del c u e r p o . Mientras vive, tiene tiempo para la misericordia, p e r o con la m u e r t e llegará el tiempo d e la justicia. Debe, pues, elevarse sobre el t e m o r servil y alcanzar el a m o r y santo t e m o r a mí. Es el único medio p a r a n o volver a caer en el río, d o n d e la e n c o n t r a r á n las tribulaciones y las espinas d e los placeres, q u e todo son espinas q u e p u n z a n el alma q u e a m a y posee d e s o r d e n a d a mente. 59 [ E j e r c i t á n d o s e e n el t e m o r s e r v i l , q u e e s e s t a d o d e i m p e r f e c c i ó n (lo c u a l s e e n t i e n d e c o m o p r i m e r e s c a l ó n ) , s e l l e g a al s e g u n d o , q u e e s e s t a d o d e p e r f e c c i ó n . ]

Ya te dije q u e nadie podía c a m i n a r p o r el p u e n t e y salir del río a no ser subiendo los tres peldaños. En efecto es así, pues u n o s suben imperfectamente; otros, perfectamente, y otros, con g r a n perfección. Los movidos por el t e m o r servil han subido y h a n hecho en las potencias del alma u n a unión imperfecta. Es q u e el alma, h a b i e n d o visto la p e n a q u e seguía a la culpa, sube y congrega j u n t a m e n t e la m e m o r i a p a r a traerle el r e c u e r d o del pecado; el e n t e n d i m i e n t o , p a r a ver el castigo q u e p o r esa culpa espera, y p o r ello la voluntad se mueve a odiarlo. A u n q u e ésta sea la p r i m e r a ascensión y u n i ó n , conviene ejercitarla con la luz del e n t e n d i m i e n t o en la pupila

156

El Diálogo

d e la fe santísima; no m i r a n d o solamente la pena, sino el fruto d e la virtud y el a m o r q u e yo le traigo, a fin d e q u e suban con a m o r , con los pies despojados del t e m o r servil. O b r a n d o así, se convierten en servidores fieles y n o infieles, pues sirven por a m o r y n o p o r temor. Lo consiguen si con aborrecimiento logran a r r a n c a r las raíces d e a m o r propio. Si son p r u d e n t e s , lo alcanzan. Pero son m u c h o s lo q u e e m p r e n d e n la subida tan despacio, y con tanta mezquindad, negligencia e ignorancia m e d a n lo q u e m e es debido, q u e en seguida se desanim a n . El más p e q u e ñ o viento los arrastra y les hace volver la vista atrás, p o r q u e han alcanzado el p r i m e r peldañ o d e Cristo crucificado d e m o d o imperfecto; pero n o llegan al s e g u n d o , q u e es el del corazón. 60 [ I m p e r f e c c i ó n d e los q u e a m a n y s i r v e n a D i o s p o r p r o vecho propio, p o r deleite y consuelo.]

Hay algunos q u e se han h e c h o mis servidores fieles sin temor servil —no sólo sin t e m o r servil—, sino con a m o r . El a m o r d e servir p o r propio interés y gusto, o p o r el placer q u e en mí e n c u e n t r a n , es imperfecto. ¿Conoces la p r u e b a d e q u e es imperfecto? La privación del consuelo que e n c u e n t r a n en mí. Con el mismo a m o r imperfecto a m a n a su prójimo, y p o r ello ese a m o r ni es suficiente ni d u r a d e r o . Se hace remiso y m u c h a s veces term i n a en nada. Se hace remiso conmigo c u a n d o algunas veces yo, para ejercitarlos en la virtud y elevarles d e la imperfección, les retiro los consuelos del espíritu y permito los combates y trabajos. Esto lo hago para q u e con más perfecto conocimiento d e sí mismos lleguen y conozcan su «no ser» y q u e de ellos no procede gracia alguna. En el tiempo d e los combates vienen a mí, buscándome y reconociéndome como a su bienhechor, b u s c á n d o m e sólo a mí con v e r d a d e r a h u m i l d a d . Y p o r eso lo hago y les retiro la consolación, p e r o no la gracia. Ellos se desalientan, r e t r o c e d i e n d o con impaciencia d e espíritu. Algunas veces, al sentirse privados del consuelo de su espíritu, a b a n d o n a n de m u c h a s maneras sus prácticas; con frecuencia, bajo pretexto d e virtud, diciéndose a sí mismos: «Esta o b r a n o te vale».

La doctrina del puente

157

O b r a n c o m o imperfectos, q u e todavía n o h a n q u i t a d o bien la v e n d a del a m o r p r o p i o espiritual del ojo d e su santísima fe; p o r q u e , si d e v e r d a d la h u b i e s e n q u i t a d o , verían q u e todo p r o c e d e d e mí y q u e ni u n a hoja d e árbol cae sin mi providencia, y q u e lo q u e d o y y p e r m i t o , lo doy p a r a su santificación, p a r a q u e alcancen el bien y el fin p a r a q u e los h e c r e a d o . D e b e n ver y r e c o n o c e r q u e n o q u i e r o sino su bien en la s a n g r e d e mi Hijo u n i g é n i t o , p o r la q u e son purificados d e su m a l d a d . En esta s a n g r e p u e d e n r e c o n o c e r mi v e r d a d ; q u e p a r a darles la vida e t e r n a los h e c r e a d o a i m a g e n y semejanza m í a y q u e d e n u e v o los h e c r e a d o p a r a la gracia p o r la s a n g r e del propio Hijo, p a r a ser hij o s adoptivos. Pero, al ser imperfectos, m e sirven p o r su propia utilidad y se entibian e n el a m o r al p r ó j i m o . Los p r i m e r o s d e s m a y a b a n p o r el t e m o r a sufrir trabaj o s ; éstos, q u e son los s e g u n d o s , languidecen p o r privarse del bien q u e hacían al p r ó j i m o . Se r e t a r d a n e n su car i d a d si se c o n s i d e r a n perjudicados en el p r o p i o provec h o o en algún consuelo q u e habían e n c o n t r a d o e n sí mismos. Esto sucede p o r q u e su a m o r n o e r a p l e n o , sino c o m o la imperfección c o n q u e m e a m a n , esto es, p o r a m a r m e p o r propia utilidad, p o r el a m o r con q u e se a m a n a sí mismos. Si n o r e c o n o c e n su imperfección con u n d e s e o d e verd a d e r a perfección, será imposible q u e n o vuelvan la vista atrás. Es d e necesidad q u e q u i e r a n la vida e t e r n a , q u e m e a m e n sin c o n d i c i o n a m i e n t o s . N o basta h u i r del pecado p o r t e m o r al castigo, q u e a b r a c e n la virtud p o r la propia utilidad, pues esto n o es suficiente p a r a o b t e n e r la vida e t e r n a , sino q u e hay q u e elevarse sobre el pecad o , p o r q u e éste m e d e s a g r a d a ; h a n d e a m a r la virtud p o r a m o r a mí. Es cierto q u e casi la p r i m e r a y general respuesta d e todas las p e r s o n a s es ésta, p o r ser p r i m e r a m e n t e el alma imperfecta y d e s p u é s perfecta. De la imperfección hay q u e pasar a la perfección m i e n t r a s se vive, o b r a n d o virt u o s a m e n t e , con corazón sincero y libre p a r a a m a r sin condiciones, o en la m u e r t e llegar a r e c o n o c e r su imperfección, con el propósito d e q u e , si tuviese tiempo, m e servirían sin tenerse en c u e n t a a sí mismos. C o n este a m o r imperfecto a m a b a San P e d r o al dulce

158

El Diálogo

y buen Jesús, mi Hijo unigénito, por la gran dulzura que sentía en el trato con El. Pero, llegado el tiempo de la tribulación, desfalleció. A tanto llegó, que, aun no habiendo sufrido, cayó ante el t e m o r al peligro y le negó, diciendo que nunca le había conocido. El alma q u e ha subido este escalón sólo con el temor servil y a m o r mercenario, se encuentra ante muchos peligros. Deben, pues, elevarse, ser hijos y servirme, sin tenerse en cuenta a sí mismos, si bien yo, q u e soy remun e r a d o r d e todo trabajo, doy a cada u n o según su estado y según sus obras. Si no a b a n d o n a n el ejercicio d e la oración y demás buenas obras, sino q u e con perseverancia van acrecentando la virtud, llegarán al amor d e hijos. Les amaré entonces con a m o r paternal, pues corresponderé al amor con que soy a m a d o '; es decir, que, a m á n d o m e como el siervo, yo, como Señor, te doy lo q u e te corresponde y según lo que hayas merecido; pero no me manifiesto a ti, porque las cosas secretas se manifiestan al amigo que se ha hecho u n a cosa con su amigo . Por tanto, es cierto que el siervo p u e d e crecer por medio de la virtud y del a m o r q u e ofrece al Señor, y así se convertirá en amigo queridísimo. Es lo que ocurre con éstos: mientras permanecen en el amor mercenario, yo no me manifiesto a ellos; pero si, por el desagrado d e sus imperfecciones y por el amor d e las virtudes, con aborrecimiento y a r r a n c a n d o las raíces del amor propio espiritual de sí mismos, cuidan q u e a su corazón no pasen los movimientos del amor servil y del amor mercenario para no apartarse d e la luz d e la fe, entonces me serán tan gratos, que llegarán al a m o r d e amigo. Me manifestaré entonces a ellos, como significó mi Verdad c u a n d o dijo: «Quien me ame será u n a cosa conmigo, y yo con él, y tendremos m o r a d a común» . La condición d e amigo querido es ésta: q u e son dos cuerpos, pero por el afecto del a m o r son u n a sola alma, porque el amor hace d e él la cosa amada. Si ambos se han hecho un alma, n i n g u n a cosa p u e d e serles secreta, y por 2

3

1

2

3

Prov 8,17. Jn 15,15. J n 14,21-23.

La doctrina del puente

159

ello dijo m i V e r d a d : « V e n d r é y m o r a r e m o s j u n t o s » ; y, e f e c t i v a m e n t e , así es. 61

[Modo en que se manifiesta Dios al alma que.le ama.]

¿Sabes c ó m o m e manifiesto al a l m a q u e m e a m a d e veras, s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e este d u l c e y a m o r o s o Verbo? Lo hago de muchas maneras, en conformidad c o n los d e s e o s q u e ella t e n g a . Mis principales m a n i f e s t a c i o n e s son tres. La p r i m e r a es p o r m i afecto y mi c a r i d a d , m e d i a n t e el V e r b o d e m i Hijo u n i g é n i t o . Este afecto y esta c a r i d a d se manifiestan e n la s a n g r e d e r r a m a d a c o n tan a r d i e n t e a m o r . La carid a d se manifiesta d e d o s m a n e r a s . U n a es g e n e r a l , com ú n p a r a t o d o s , es decir, p a r a los q u e se h a l l a n e n la car i d a d c o m ú n ; se les manifiesta al verla y r e c o n o c e r l a e n los m u c h o s y diversos beneficios q u e d e m í r e c i b e n . La o t r a m a n e r a es p a r t i c u l a r , p a r a c o n los q u e se h a n h e c h o a m i g o s . A d e m á s d e la m a n i f e s t a c i ó n c o m ú n , ellos g u s t a n , r e c o n o c e n , e x p e r i m e n t a n y s i e n t e n esta c a r i d a d e n las a l m a s . La s e g u n d a p r u e b a d e la c a r i d a d t i e n e i g u a l m e n t e lug a r e n sí m i s m o s c u a n d o m e manifiesto p o r afecto d e a m o r . Yo n o h a g o distinción d e p e r s o n a s , sino e n c u a n to a sus santos d e s e o s , h a c i é n d o m e p r e s e n t e e n el a l m a c o n la m i s m a perfección c o n q u e ellos m e b u s c a n . A l g u nas veces lo h a g o , y ésta es la m i s m a s e g u n d a manifestación, m o s t r á n d o l e s las cosas v e n i d e r a s . Esto o c u r r e d e m u c h o s y diversos m o d o s , s e g ú n la n e c e s i d a d q u e veo e n ellos y e n las d e m á s c r i a t u r a s . A l g u n a s veces, y ésta es la t e r c e r a , f o r m o e n su espíritu la p r e s e n c i a d e m i V e r d a d , d e m i Hijo u n i g é n i t o , d e muchos modos, según apetece o quiere. O t r a s m e buscan e n la o r a c i ó n q u e r i e n d o c o n o c e r m i p o d e r , y yo les satisfago el d e s e o p o n i é n d o l e p o r objeto a n t e la m i r a d a d e su e n t e n d i m i e n t o . O t r a s m e b u s c a n e n la c l e m e n c i a d e l Espíritu S a n t o , y e n t o n c e s m i b o n d a d les h a c e g u s t a r el f u e g o d e mi divina c a r i d a d , e n g e n d r a n d o v e r d a d e r a s y reales v i r t u d e s , f u n d a d a s e n la p u r a c a r i d a d c o n el prójimo.

160

El Diálogo

62 [Por q u é n o dijo Cristo: «Yo m a n i f e s t a r é a m i P a d r e » , sino: «Me manifestaré a mí mismo».)

Ves, p u e s , q u e es cierto lo q u e dijo mi V e r d a d : «Quien me a m e será u n o conmigo». Siguiendo su doctrina, estaréis unidos a El por el afecto de amor. Al estar unidos a El, lo estáis a Mí, p o r q u e somos u n o ; y así me manifiesto a vosotros, p o r q u e vosotros y yo también somos u n o . Por lo que, al decir mi V e r d a d : «Me manifestaré a vosotros», declaró una realidad, pues me manifestaba a mí c u a n d o se manifestaba a sí mismo. ¿Pero por qué n o dijo: «Yo os mostraré a mi Padre»? Por tres razones especiales. Una, p o r q u e quiso significar q u e no estoy separado d e El, ni El d e mí. Así, a San Felipe, c u a n d o le pidió: «Muéstranos al Padre y nos es suficiente», le respondió: «Quien m e ve a mí, ve al Padre, y quien ve al Padre, me ve a mí» '. Dijo esto p o r q u e era u n o conmigo, y lo q u e tenía lo había recibido d e mí, y no yo d e El. Por lo mism o dijo a los judíos: «Mi doctrina no es mía, sino d e mi P a d r e , q u e m e ha enviado» , p o r q u e mi Hijo procede de mí y no yo d e El. C o m o soy u n a cosa con El, y El conmigo, por eso n o dijo: «Yo mostraré al Padre», sino: «Yo me mostraré», es decir, «porque soy u n a cosa con el Padre» . La segunda fue porque, manifestándose a vosotros, n o ofrecía otra cosa sino lo que había recibido d e mí, el Padre. C o m o si quisiera decir: «El Padre se ha manifestado a mí p o r q u e yo soy u n o con El, y yo me manifestaré a vosotros, y, por medio d e mí, le manifestaré a El». La tercera, p o r q u e yo, invisible, no p u e d o ser visto por vosotros, q u e sois visibles, sino c u a n d o estéis separados d e vuestros cuerpos. Entonces m e veréis cara a cara a mí, Dios, y al Verbo de mi Hijo unigénito, espiritualm e n t e . De aquí q u e , en el m o m e n t o d e la resurrección general, vuestra h u m a n i d a d se conformará y gozará en la h u m a n i d a d del Verbo, como te he explicado arriba al tratar de la resurrección . 2

3

4

2

' Jn 14,8-9. Jn 7,17. > Jn 10,30 y 14,21. Esta y otras expresiones originaron, sin duda, la posterior división en tratados. 4

La doctrina del puente

161

Vosotros n o m e p o d é i s ver tal c o m o soy; p o r eso encubrí la n a t u r a l e z a divina c o n el velo d e v u e s t r a h u m a n i d a d , a fin d e q u e m e pudieseis ver. Yo, invisible, m e hice casi visible, d á n d o o s el V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o c u b i e r t o c o n el velo d e v u e s t r a h u m a n i d a d . El m e m a n i fiesta a vosotros, y p o r ello n o dijo: «Yo os m o s t r a r é al P a d r e » , sino: «Me m a n i f e s t a r é a vosotros»; c o m o si dijera: «Según lo q u e el P a d r e m e h a d i c h o , m e m a n i f e s t a r é a vosotros». Mira, p u e s , c ó m o esta manifestación d e sí m e m a n i festaba a mí. H a s o í d o q u e n o dijo: «Os m a n i f e s t a r é al P a d r e » , p o r q u e a vosotros n o os es posible v e r m e y porq u e El es u n a cosa c o n m i g o .

6 3 (Modo de subir el alma el segundo escalón del santo puente una vez alcanzado el primero.] Acabas d e ver e n q u é excelencia se halla el q u e h a lleg a d o al a m o r d e a m i g o . Este se h a l e v a n t a d o s o b r e los pies d e la v o l u n t a d y a l c a n z a d o el secreto del c o r a z ó n , esto es, s u b i d o al s e g u n d o d e los tres escalones, q u e se hallan p r e f i g u r a d o s e n el c u e r p o d e mi Hijo. T e h e explicado el significado d e las tres potencias, y a h o r a m e voy a servir d e ellas p a r a explicar los tres e s t a d o s del alma. P e r o , a n t e s d e h a b l a r t e del t e r c e r o , te q u i e r o e n s e ñ a r el m o d o d e llegar a s e r a m i g o , lo q u e h a c e n los amigos, e n q u é se advierte la amistad y c ó m o d e ser a m i g o se pasa a ser hijo, c o n s i g u i e n d o el a m o r d e b i d o al hijo. T e explicaré p r i m e r o c ó m o se h a llegado a la amistad. Al principio, el alma es i m p e r f e c t a p o r hallarse c o n el tem o r servil. Por la práctica y la p e r s e v e r a n c i a llega a a m a r el deleite y p r o p i o p r o v e c h o , e n c o n t r a n d o e n mí a m b a s cosas. Este es el c a m i n o q u e a n d a el q u e d e s e a llegar al a m o r perfecto, es decir, al a m o r d e a m i g o y d e hijo. Digo q u e el a m o r d e hijo es perfecto p o r q u e en él r e cibe la c r i a t u r a la h e r e n c i a d e mí, P a d r e e t e r n o . C o m o el a m o r d e hijo n o se d a sin a m o r d e a m i g o , p o r eso te

El Diálogo

162

dije q u e d e amigo había pasado a ser hijo. Pero ¿cómo podéis alcanzarlo? T e lo voy a decir. T o d a perfección y toda virtud p r o c e d e de la caridad. Esta es alimentada p o r la h u m i l d a d , q u e , a su vez, tiene su origen en el conocimiento y desprecio de sí mismo, esto es, d e los propios sentidos. Q u i e n esto alcanza ha debido ser perseverante y estar en la celda de conocimiento d e sí. Por él reconocerá mi misericordia en la sangre d e mi Hijo, o b t e n i e n d o mi caridad en beneficio suyo, ejercitándose en extirpar todo afecto malo, temporal o espiritual, p o r la reclusión en su intimidad. Así lo hicieron P e d r o y los otros discípulos. P e d r o , después d e n e g a r a mi Hijo, lloró '. Su llanto e r a todavía imperfecto, y siguió tal por c u a r e n t a días, es decir, hasta después d e la ascensión. Después q u e mi V e r d a d volvió a mí c o m o h o m b r e , P e d r o y los otros lo reconocieron y se escondieron en la casa, e s p e r a n d o la venida del Espíritu Santo, tal como mi V e r d a d se lo había p r o m e t i d o . Se hallaban encerrados por miedo, pues siempre lo tiene el alma hasta q u e ha alcanzado el a m o r v e r d a d e r o . Perseveraron en vigilia, en h u m i l d e y c o n t i n u a d a oración hasta q u e tuvieron la abundancia del Espíritu Santo. Entonces, p e r d i d o el temor, predicaron a Cristo crucificado . I g u a l m e n t e , el alma q u e ha q u e r i d o y quiere alcanzar la perfección, después d e la culpa q u e sigue al pecado mortal, se eleva, se reconoce a sí misma, y comienza a llorar por temor al castigo. Después se levanta a la consideración de mi misericordia, en la q u e e n c u e n t r a deleite y provecho. Esto es aún imperfecto, y por ello, yo, para hacerla llegar a la perfección, después d e c u a r e n t a días —es decir, después d e estos dos estados—, poco a poco m e retiro del alma, no en c u a n t o a la gracia, sino en cuanto a lo sensible. Esto os manifestó mi V e r d a d c u a n d o dijo a los discípulos: «Marcharé y volveré a vosotros» . Lo dijo en concreto a los discípulos, y de m o d o general y c o m ú n , a todos los presentes y venideros. Dijo: «Marcharé y volveré 2

3

1

2

5

Mt 26,75 y Le 22,62. 1 J n 4,18. J n 14,28.

La doctrina del puente

163

a vosotros», y lo hizo así, p u e s volvió a ellos al venir el Espíritu S a n t o s o b r e los discípulos. P o r q u e éste n o vino solo, sino c o n m i p o d e r y la s a b i d u r í a d e m i Hijo, q u e es u n o c o n m i g o , y c o n la c l e m e n c i a del Espíritu S a n t o , q u e p r o c e d e d e mí, d e l P a d r e , y d e l Hijo. T e d i g o , p u e s , q u e , p a r a l e v a n t a r el a l m a d e la imperfección, la a p a r t o d e lo sensible, p r i v á n d o l a p r i m e r a m e n t e del c o n s u e l o . C u a n d o ella se hallaba e n la c u l p a d e p e c a d o , se a p a r tó d e mí, y yo le q u i t é el sol d e la gracia a c a u s a d e su p e c a d o , p o r h a b e r c e r r a d o ella la p u e r t a d e l d e s e o . La gracia salió d e allí n o p o r defecto d e l sol, sino p o r defecto d e la c r i a t u r a , q u e c e r r ó la p u e r t a d e l d e s e o . Al c o n o c e r s e a sí m i s m a y ver q u e se halla e n oscurid a d , a b r e la v e n t a n a , v o m i t a la p o d r e d u m b r e p o r m e d i o d e la s a n t a confesión. E n t o n c e s vuelvo al a l m a p o r la gracia, y n o m e a p a r t o d e ella c o n la gracia, sino e n lo sensible. H a g o esto p a r a obligarla a h u m i l l a r s e y a q u e i n t e n t e b u s c a r m e d e v e r a s y p a r a p r o b a r l a c o n la luz d e la fe, a fin d e q u e a d q u i e r a la p r u d e n c i a . E n t o n c e s , si a m a sin t e n e r s e e n c u e n t a a sí m i s m a , goza c o n fe viva y tiene a b o r r e c i m i e n t o d e sí en el t i e m p o d e los trabajos, c o n s i d e r á n d o s e i n d i g n a d e la paz y q u i e t u d d e l espíritu. Esta es la s e g u n d a d e las tres cosas q u e te h a b l a b a , o sea, del m o d o d e c o n s e g u i r la perfección y q u é es lo q u e h a c e c u a n d o se llega a ella. O b r a d e esta m a n e r a : n o vuelve la vista a t r á s p o r q u e c r e a q u e m e a p a r t o d e ella, sino q u e c o n h u m i l d a d p e r severa e n sus prácticas y m a n t i e n e c e r r a d a la m o r a d a del c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a . Allí e s p e r a c o n fe viva el a d v e n i m i e n t o d e l Espíritu S a n t o , es decir, a mí, q u e soy fuego d e c a r i d a d . ¿ C ó m o espera? N o ociosa, sino e n vigilia y c o n t i n u a d a y s a n t a o r a c i ó n . Vela n o sólo e n lo c o r p o r a l , sino e n lo espiritual; esto es, q u e n o se c i e r r a n los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o , sino q u e ven c o n la luz d e la fe, e x t i r p a n d o c o n e m p e ñ o los p e n s a m i e n t o s d e l corazón, m i r a n d o al afecto d e m i c a r i d a d , r e c o n o c i e n d o q u e n o q u i e r o o t r a cosa q u e su santificación. Esto os lo h a p r o b a d o la s a n g r e d e m i Hijo . 4

D e s p u é s q u e la m i r a d a del e n t e n d i m i e n t o se fija e n el c o n o c i m i e n t o d e mí y d e sí, o r a c o n t i n u a d a m e n t e , esto 4

Rom

5,8.

164

El Diálogo

es, con oración d e santa y b u e n a voluntad. Es más, medita d u r a n t e la oración temporal, la q u e se hace en tiempos establecidos p o r disposición d e la santa Iglesia. Esto es lo q u e hace el alma q u e ha a b a n d o n a d o la imperfección y conseguido la perfección. Me alejé p a r a q u e ella la alcanzase; no en cuanto a la gracia, sino en c u a n t o a los sentidos. Lo hice, p o r tanto, p a r a q u e viese y conociese sus defectos; p a r a q u e , al sentirse privada d e consuelo, e x p e r i m e n t e dolor aflictivo y se sienta débil y n o firme ni perseverante. Entonces e n c u e n t r a la raíz del a m o r a sí misma, y p o r eso e n c u e n t r a razón para reconocerlo y elevarse sobre sí misma, subiendo al tribunal d e su conciencia. N o d a cabida a sentimientos q u e n o se hallen corregidos p o r el reproche, a r r a n c a n d o la raíz del a m o r propio con el cuchillo del odio a semejante a m o r y p o r a m o r a la virtud. 6 4 [Amando a Dios imperfectamente se ama al prójimo. Signos de este amor imperfecto. 1 Q u i e r o q u e sepas q u e toda perfección y toda imperfección se p o n e n d e manifiesto y se a d q u i e r e n e n mí. Esto se advierte p o r medio del prójimo. Bien lo conoce la gente sencilla, q u e m u c h a s veces a m a a las criaturas con a m o r espiritual. Si h a n recibido el a m o r g e n u i n o sin cortapisas, beben con pureza el a m o r del prójimo. Al m o d o q u e la vasija se llena en la fuente y, si no se saca y se bebe d e ella, n u n c a q u e d a vacía, lo mismo, si se bebe en mí, n o q u e d a el alma vacía, sino siempre llena. De igual m o d o , el a m o r espiritual y temporal al prójimo d e b e ser bebido en mí sin interés personal. Repito q u e m e améis con el a m o r q u e yo os a m o . Esto n o podréis lograrlo completamente, p o r q u e yo os a m o sin ser a m a d o . El a m o r q u e me dais es u n a m o r d e obligación, n o u n favor; p o r q u e es d e b e r hacerlo, mientras q u e yo os a m o p o r m e r a gracia, n o p o r obligación. De m o d o q u e n o m e podéis a m a r c o m o os pido. Por este motivo os h e puesto c o m o medio al prójimo, para q u e hagáis con él lo q u e conmigo n o podéis, esto es, amarlo sin contar con su agradecimiento y sin esperar provecho alguno. Lo q u e a él hagáis lo consideraré como hecho a mí.

La doctrina del puente

165

E s t o significó m i V e r d a d c u a n d o dijo a Pablo, q u e m e p e r s e g u í a : «Saulo, S a u l o , ¿ p o r q u é m e persigues?» c o n s i d e r a n d o q u e Pablo m e p e r s e g u í a c u a n d o p e r s e g u í a a m i s fieles. El a m o r ai p r ó j i m o d e b e , p u e s , ser p u r o . C o n el a m o r c o n q u e m e a m á i s , d e b é i s a m a r l e a él. ¿Sab e s e n q u é se c o n o c e q u e n o es p e r f e c t o el q u e m e a m a c o n a m o r espiritual? E n q u e se aflige c u a n d o c r e e q u e u n a c r i a t u r a q u e a m a n o le c o r r e s p o n d e c o n t a n t o a m o r c o m o a él le p a r e c e q u e la a m a , o q u e la ve a p a r t a r s e d e su t r a t o , o q u e le priva d e c o n s u e l o , o q u e a m a a o t r o m á s q u e a él. E n e s t o y e n o t r a s m u c h a s cosas se p o d r á a d v e r t i r q u e el a m o r a mí y al p r ó j i m o es a ú n i m p e r f e c t o y b e b i d o e n el vaso f u e r a d e la f u e n t e , a u n s u p o n i e n d o q ú l T s e a u n amor q u e procede d e mí. C o m o m e a m a i m p e r f e c t a m e n t e , p o r eso t i e n e a m o r i m p e r f e c t o el q u e a m a con a m o r p r o p i o espiritual. T o d o viene d e q u e la raíz d e l a m o r p r o p i o espiritual n o h a sido a r r a n c a d a . P o r ello, m u c h a s veces p e r m i t o q u e t e n g a tal a m o r , p a r a q u e se c o n o z c a a sí y su i m p e r fección. V u e l v o d e s p u é s a él c o n la luz y c o n o c i m i e n t o d e m i v e r d a d , d e m o d o q u e considere u n a gracia p o d e r matar la p r o p i a v o l u n t a d p o r m i c a u s a . C o n s i g u i e n t e m e n t e , n o cesa d e p o d a r la viña d e su a l m a , d e a r r a n c a r las espinas d e los p e n s a m i e n t o s y d e colocar las p i e d r a s d e las virtud e s e n la s a n g r e d e C r i s t o . Estas las h a n e n c o n t r a d o al c a m i n a r p o r el p u e n t e d e C r i s t o c r u c i f i c a d o , m i Hijo u n i g é n i t o . C o m o te dije, si lo r e c u e r d a s b i e n , s o b r e el p u e n t e , o sea, e n la d o c t r i n a d e m i V e r d a d , e s t a b a n las p i e d r a s d e las v i r t u d e s , f u n d a d a s e n la eficacia d e su s a n g r e , p o r q u e p o r ellas os h e d a d o la vida p o r la fuerza d e esta s a n g r e .

65 [Modo que tiene el alma de llegar al amor puro y libre. (Aquí comienza el tratado de la oración.) \ C u a n d o el a l m a h a p e n e t r a d o e n su i n t e r i o r c a m i n a n d o p o r la d o c t r i n a d e C r i s t o , vivificada c o n v e r d a d e r o 1

Act 9 , 4 . .

166

El Diálogo

a m o r a la virtud, odio al pecado y v e r d a d e r a perseverancia, llega a la casa del conocimiento d e sí, p e r m a n e ciendo e n c e r r a d a en vigilia y continua oración, separada totalmente del trato con el m u n d o . ¿Por q u é se encierra? Por temor, al reconocer su imperfección, y por el deseo q u e tiene d e conseguir el a m o r p u r o y libre, pues bien ve y conoce q u e de otro m o d o no podría llegar a él. Por eso espera con fe viva mi llegada, p a r a el acrecentamiento de la gracia en ella. ¿En q u é se conoce la fe viva? En la perseverancia en la virtud, sin volver la vista atrás por motivo alguno, sin a b a n d o n a r la oración, a no ser p o r la obediencia o por la caridad. De o t r o m o d o no debe dejar la oración. Porq u e muchas veces llega el d e m o n i o con asaltos y trabajos en el tiempo destinado a la oración, precisamente en el tiempo establecido para la oración más que c u a n d o la persona no se e n c u e n t r a en ella. Esto la lleva a caer en el tedio d e la santa oración, diciéndole muchas veces: «Esta oración no te vale, p o r q u e no puedes a t e n d e r a otra cosa q u e a lo q u e pronuncias». Esto se lo pone el d o m o n i o delante para q u e , caída en el tedio y confusión de espíritu, deje el ejercicio d e la oración. Esta es el a r m a defensiva con q u e el alma lucha contra cualquier adversario, si la e m p u ñ a con la m a n o del a m o r y el brazo d e la libre voluntad, defendiéndose con ella mediante la luz de la santísima fe. 66 [ A l g o s o b r e el s a c r a m e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o . — D o c t r i n a s o b r e el p a s o d e la o r a c i ó n v o c a l a la m e n t a l . — V i s i ó n q u e en u n a ocasión tuvo esta alma.l

Sabe, queridísima hija, q u e en la oración humilde, continua y fiel adquiere el alma toda virtud por la verd a d e r a perseverancia. Por eso debe perseverar y nunca dejarla p o r ilusiones del d e m o n i o ; ni por propia fragilidad, es decir, por pensamientos o movimientos q u e vengan de la propia c a r n e ; ni por lo q u e otros digan, pues muchas veces se p o n e el d e m o n i o sobre la lengua, haciéndoles decir cosas para impedir su oración. T o d o lo debe sufrir con la virtud de la perseverancia. ¡Qué dulce es al alma y grato a mí la santa oración en la m o r a d a del reconocimiento d e lo q u e ella es y lo q u e

La doctrina del puente

167

yo soy, a b r i e n d o los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o c o n la luz d e la fe y el afecto e n la a b u n d a n c i a d e m i c a r i d a d ! Esta se os h a h e c h o visible p o r lo visible d e mi Hijo u n i g é n i to, p u e s t o q u e la h a m a n i f e s t a d o c o n su s a n g r e . Ella e m b r i a g a al a l m a , la viste c o n el fuego d e la d i v i n a c a r i d a d y le d a el a l i m e n t o del s a c r a m e n t o q u e os h a p u e s t o en la t i e n d a del c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia, es decir, el c u e r p o y la s a n g r e , p a r a q u e d a r a disposición d e tod o s los h o m b r e s . La d a p o r las m a n o s d e mi vicaxio, q u e t i e n e la llave d e esta s a n g r e . Esta es la t i e n d a q u e dije q u e estaba e n el p u e n t e p a r a r e p a r t i r u n a l i m e n t o q u e c o n f o r t a s e a los c a m i n a n t e s y p e r e g r i n o s q u e p a s a n p o r la d o c t r i n a d e mi V e r d a d , a fin d e q u e no desfallezcan p o r d e b i l i d a d '. Este a l i m e n t o , escaso o suficiente, r o b u s t e c e d e cualq u i e r m a n e r a q u e se t e n g a , sea s a c r a m e n t a l o espiritualm e n t e , s e g ú n el d e s e o del q u e lo c o m e . S a c r a m e n t a l es c u a n d o se c o m u l g a , y espiritual c u a n d o se t o m a c o n el s a n t o d e s e o , ya p o r d e s e o d e c o m u l g a r , ya p o r la m e d i tación en la s a n g r e d e C r i s t o crucificado; es decir, c u a n d o se c o m u l g a s a c r a m e n t a l m e n t e p o r el afecto d e la car i d a d q u e ha e n c o n t r a d o y g u s t a d o e n la s a n g r e , p u e s c o n o c e q u e fue d e r r a m a d a p o r a m o r . P o r esto se e m b r i a g a , e n c i e n d e y sacia p o r el s a n t o d e s e o , e n c o n t r á n d o s e llena d e mi c a r i d a d y d e la del p r ó j i m o . ¿ D ó n d ^ h a a d q u i r i d o el a l m a este a m o r ? E n la m o r a d a del c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a p o r la s a n t a o r a c i ó n , en la se h a d e s p o j a d o d e la imperfección, al m o d o q u e los discípulos y P e d r o p e r d i e r o n la suya p e r m a n e c i e n d o en vela y o r a c i ó n y a d q u i r i e r o n la perfección. ¿ C o n q u é la a d q u i r i e r o n ? C o n la p e r s e v e r a n c i a c o n d i m e n t a d a p o r la santísima fe. P e r o n o pienses q u e se recibe tan g r a n a r d o r y alim e n t o sólo con la o r a c i ó n vocal, c o m o p i e n s a n m u c h a s almas, cuya o r a c i ó n es d e p a l a b r a s m á s q u e d e afecto, d e m o d o q u e no p a r e c e q u e a t i e n d a n a o t r a cosa q u e a r e c i t a r m u c h o s salmos y p a d r e n u e s t r o s . Satisfecho el n ú m e r o q u e se h a n d e t e r m i n a d o r e z a r , p a r e c e q u e n o p i e n s a n en o t r a cosa; c o m o si la finalidad d e la o r a c i ó n 1

R e c u é r d e s e la existencia d e tiendas e n los p u e n t e s m e d i e v a l e s ita­ lianos.

168

El

Diálogo

fuera sólo la recitación vocal. N o debe ser así, pues no haciendo más q u e esto, sacan poco fruto, y esto me agrada poco. Si me p r e g u n t a s : «¿Se debe a b a n d o n a r ésta, puesto q u e parece q u e todos están llamados a la oración m e n tal?» No, sino que debe a n d a r con c u i d a d o , pues bien sé yo q u e el alma es p r i m e r a m e n t e imperfecta y después perfecta; y así es su oración. Debe, pues, no caer en la pereza c u a n d o a ú n es imperfecta; debe usar la oración vocal, pero no debe hacerla sin la mental, es decir, que mientras recita las oraciones debe ingeniarse para levantar y dirigir su m e n t e a mi afecto en general, con la consideración d e sus defectos y d e la sangre de mi Hijo unigénito, para que el conocimiento de sí y la consideración d e sus defectos la hagan reconocer mi b o n d a d tal como es y c o n t i n u a r su ejercicio con v e r d a d e r a h u m i l d a d . N o quiero q u e los pecados sean considerados al detalle, para q u e el espíritu no se contamine con el r e c u e r d o de ellos, concretos y sucios; ni q u e te sientas en la obligación de considerar los pecados en c o m ú n o en particular sin la meditación y m e m o r i a de la sangre y d e la generosidad d e la misericordia, para q u e no incurras en turbación. Pues si el conocimiento d e sí y la consideración del pecado no estuviesen animados con la m e m o r i a de la sangre y la esperanza de la misericordia, caerías en turbación, y por ella irías a la condenación con el d e m o nio, q u e la ha p r o c u r a d o bajo la apariencia de contrición, dolor y repulsa del pecado. Y no sólo p o r esto, sino p o r q u e te vendría la desesperación, y caerías en ella al no apoyarte en el brazo de mi misericordia. Este es u n o de los sutiles engaños a q u e induce el demonio a mis servidores. Por ello conviene, para utilidad vuestra, p a r a vencer las argucias del d e m o n i o y para a g r a d a r m e , q u e siempre, con v e r d a d e r a h u m i l d a d , ajustéis el corazón y el afecto a la m e d i d a d e mi misericordia. Ya sabes q u e la soberbia del d e m o n i o no p u e d e sufrir al espíritu humilde, ni la turbación p u e d e sufrir la generosidad d e mi b o n d a d y misericordia, en lo q u e d e veras tiene esperanza el alma. Por lo q u e , si te acuerdas bien, c u a n d o el d e m o n i o quería atemorizarte p o r medio d e la turbación, c u a n d o te quería demostrar que tu vida se hallaba en un engaño

La doctrina del puente

169

y q u e n o había seguido mi voluntad, tu hiciste entonces lo q u e debías y mi b o n d a d te c o n c e d i ó llevar a c a b o —esta b o n d a d n o se e s c o n d e a q u i e n la q u i e r e recibir—, y p o r eso te dirigiste c o n h u m i l d a d a m i m i s e r i c o r d i a , diciend o : «Yo confieso a n t e m i C r e a d o r q u e m i vida estuvo s i e m p r e e n o s c u r i d a d ; p e r o m e e s c o n d e r é e n las llagas d e Cristo crucificado y m e b a ñ a r é e n su s a n g r e , y así hab r é t e r m i n a d o c o n mi m a l d a d y m e a l e g r a r é d e s e a n d o a mi Creador» . R e c u e r d a c ó m o el d e m o n i o e n t o n c e s h u y ó . Y, yolv i e n d o con o t r o c o m b a t e , te quiso llevar al m o n t e d e la soberbia, d i c i e n d o : «Eres perfecta y a g r a d a b l e a Dios; n o necesitas satisfacer m á s ni q u e llores tus pecados». E n t o n c e s yo te di luz, y viste el c a m i n o q u e te convenía seguir, esto es, h u m i l l a r t e ; y, r e s p o n d i e n d o al d e m o n i o , le dijiste: «¡Miserable d e mí! J u a n Bautista n o c o m e t i ó p e c a d o , y fue santificado e n el s e n o d e su m a d r e , y, con t o d o , hizo g r a n d e s penitencias; y yo h e c o m e t i d o tantos p e c a d o s , y n u n c a h e c o m e n z a d o a r e c o n o c e r l o con llanto y v e r d a d e r a contrición v i e n d o a Dios q u e está o f e n d i d o p o r mí y yo soy q u i e n le ofendo!» E n t o n c e s , el d e m o n i o , n o p u d i e n d o t o l e r a r la h u m i l d a d ni la e s p e r a n z a e n m i b o n d a d , r e s p o n d i ó : «¡Maldita seas!, q u e n o e n c u e n t r o m a n e r a d e v e n c e r t e . Si te h u m i llo p o r la t u r b a c i ó n , tú te elevas a la misericordia, y si te ensalzo, te humillas, l l e g a n d o hasta el i n f i e r n o , y e n él m e p e r s i g u e s . D e m o d o q u e n o volveré m á s a ti, p o r q u e m e castigas c o n la v a r a d e la c a r i d a d » . D e b e , p u e s , el alma c o n d i m e n t a r el c o n o c i m i e n t o d e m i b o n d a d con el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a y c o n el con o c i m i e n t o d e mí. Así será p r o v e c h o s a la o r a c i ó n vocal a q u i e n la h a g a y a mí será a g r a d a b l e ; y d e la o r a c i ó n vocal i m p e r f e c t a p a s a r á a la m e n t a l p e r f e c t a si p e r s e v e r a e n su práctica. P e r o si ú n i c a m e n t e a t i e n d e a c u m p l i r c o n el n ú m e r o d e o r a c i o n e s o si p o r la vocal a b a n d o n a s e la m e n t a l , n u n c a alcanzará la perfección. A l g u n a s veces será el a l m a t a n i g n o r a n t e , q u e , h a b i é n d o s e p r o p u e s t o recitar cierto n ú m e r o d e o r a c i o n e s si yo visito su espíritu d e c u a l q u i e r m o d o q u e sea, ella, p o r recitarlas t o d a s , n o 2

2

Col 3,17.—Alusión

autobiográfica.

170

El Diálogo

hace caso d e mi visita ni la siente en su espíritu, y le parecerá cuestión de conciencia a b a n d o n a r las oraciones comenzadas. Mi visita al alma es d e diversos modos: unas veces con u n a luz especial para el conocimiento d e sí misma; otras, por la generosidad de mi b o n d a d , hasta con contrición de sus pecados; otras, poniéndole d e n t r o de su espíritu la presencia d e mi V e r d a d , d e modos diversos según m e place y el deseo q u e han tenido. No debe el alma hacer caso omiso de mi visita, p o r q u e es e n g a ñ o del d e m o n i o . En cuanto q u e el espíritu se halla p r e p a r a d o para recibirla del m o d o q u e sea, d e b e a b a n d o n a r la oración vocal. Después, pasado el tiempo de la mental, si tiene tiempo, p u e d e r e e m p r e n d e r lo que se había propuesto rezar. Si no tiene tiempo, no debe preocuparse ni admitir el tedio o la turbación en su espíritu. T e n en cuenta q u e no o c u r r a esto con el oficio divino, que los clérigos están obligados a rezar, y pecan si no lo rezan. Estos d e b e n rezarlo hasta q u e m u e r a n . Si este f e n ó m e n o se sintiese en la hora señalada para el oficio, el espíritu, atraído y elevado por el deseo, debe preverlo y recitarlo antes o después, de m o d o q u e no q u e d e el oficio divino, obligatorio, sin ser satisfecho. Cualquier o t r a oración que el alma comience q u e no sea el oficio, d e b e c o m e n z a r vocalmente, para t e r m i n a r en la oración mental. Y, en c u a n t o el espíritu se halle p r e p a r a d o , debe a b a n d o n a r la vocal por la mental, por la razón expuesta. La oración hecha d e este m o d o lleva a la perfección. Por ello, la vocal, d e cualquier m o d o q u e se haga, no debe ser descuidada, sino perfeccionada, según se ha dicho. Así, con la práctica y la perseverancia, gustará d e veras el alma de la oración y del alimento de la sangre d e mi Hijo unigénito. Por eso te dije q u e algunos comulgaban en su vida con el c u e r p o y la sangre de Cristo, a u n q u e no sacramentalmente; es decir, haciéndolo por el afecto de la caridad, la cual se experimenta por m e d i o de la oración, poco o m u c h o según el afecto del q u e ora. Q u i e n a n d a con poca p r u d e n c i a y sin mesura, enc u e n t r a poco; quien con mucha, e n c u e n t r a m u c h o . Porq u e cuanto más se afana el alma en d a r libertad a su afecto y unirlo a mí por la luz del deseo, tanto más co-

La doctrina del puente

171

n o c e . Q u i e n más c o n o c e , m á s a m a , y a m a n d o m á s , saborea más. Ves, p o r t a n t o , q u e la o r a c i ó n p e r f e c t a n o se a d q u i e r e c o n las m u c h a s p a l a b r a s , sino c o n afecto d e d e s e o , elev á n d o s e a mí p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a , c o n d i m e n t a d o lo u n o c o n lo o t r o . Así p o s e e r á , a la vez, la o r a c i ó n vocal y la m e n t a l , p o r q u e a m b a s se h a l l a n u n i d a s , lo m i s m o q u e la vida activa y la c o n t e m p l a t i v a , a u n q u e se i n t e n t e la o r a c i ó n vocal o se q u i e r a la m e n t a l d e m u c h o s y diversos m o d o s . P o r q u e el s a n t o d e s e o , la b u e n a y s a n t a v o l u n t a d , es o r a c i ó n . La v o l u n t a d y el d e s e o se elevan a mí e n el l u g a r y t i e m p o o r d e n a d o s y se u n e n e n la o r a c i ó n c o n t i n u a d e l s a n t o d e s e o . Así, p e r m a n e c i e n d o el a l m a e n ese d e s e o y v o l u n t a d , se m a n t i e n e e n contin u a o r a c i ó n , y h a r á la vocal e n el t i e m p o p r e s c r i t o , y alg u n a s veces f u e r a d e él, s e g ú n lo exija la c a r i d a d , e n b i e n d e l p r ó j i m o , e n c o n f o r m i d a d c o n las n e c e s i d a d e s y s e g ú n el e s t a d o e n q u e la h e c o l o c a d o . C a d a u n o , s e g ú n su e s t a d o , d e b e t r a b a j a r p o r la salvación d e las a l m a s , c o n f o r m e al p r i n c i p i o d e la s a n t a voluntad. Lo q u e se hace, d e palabra o p o r obra, p o r la salud d e l p r ó j i m o es u n a v e r d a d e r a o r a c i ó n , s u p o n i e n d o q u e la h a g a e n el t i e m p o p r e s c r i t o . E x c e p t o a la o r a c i ó n a q u e está o b l i g a d o , lo q u e h a c e p o r c a r i d a d al p r ó j i m o o p o r sí m i s m o , sea lo q u e sea, t o d o es o r a c i ó n . C o m o dijo el glorioso h e r a l d o Pablo, q u i e n n o d e j a d e o r a r , n o d e j a d e h a c e r el b i e n . P o r esta r a z ó n dije q u e la o r a c i ó n vocal se h a c e d e m u c h o s m o d o s u n i d a a la m e n t a l , p u e s to q u e la vocal, h e c h a d e l m o d o d i c h o , se h a c e c o n el afecto d e 'la c a r i d a d y c o n s e c u e n c i a d e la c a r i d a d es la continua oración . T e h e explicado c ó m o se llega a la o r a c i ó n m e n t a l , es decir, p o r la práctica d e la p e r s e v e r a n c i a , y c ó m o se h a d e d e j a r la o r a c i ó n vocal p o r la m e n t a l c u a n d o yo visito al a l m a . T e h e d i c h o t a m b i é n cuál es la o r a c i ó n c o m ú n y la vocal c o m ú n f u e r a d e los t i e m p o s p r e s c r i t o s y c ó m o es la o r a c i ó n d e la b u e n a y s a n t a v o l u n t a d y su p r á c t i c a p o r sí y p o r el p r ó j i m o . D e b e , p u e s , el a l m a e s f o r z a r s e v a r o n i l m e n t e a sí mism a c o n esta o r a c i ó n , q u e es c o m o u n a m a d r e . E s t o es lo 3

4

3

Rom

8,26.

4

Ibid.

172

El Diálogo

q u e hace el alma recluida en la casa del conocimiento d e sí misma, llegada ya al a m o r de amigo y d e hijo. Si esa alma no g u a r d a las n o r m a s descritas, p e r m a n e c e r á siempre en su tibieza e imperfección y a m a r á lo q u e enc u e n t r e d e provecho en mí o en el prójimo. 67 [ E n g a ñ o d e los h o m b r e s m u n d a n o s . — A m a n y sirven a Dios p o r p r o p i o c o n s u e l o y deleite.]

De este a m o r imperfecto te q u i e r o hablar, y no pasar por alto u n e n g a ñ o en q u e p u e d e n incurrir por a m a r m e en razón del consuelo q u e sienten. Por eso quiero q u e sepas q u e el servidor mío q u e m e a m a imperfectamente busca más el consuelo q u e a m a r m e . Esto se p u e d e c o m p r o b a r p o r q u e , faltando el consuelo espiritual, es decir, el de la m e n t e o el temporal, a b a n d o n a lo poco b u e n o que hacía en cuanto sobreviene la tribulación q u e les envío p a r a su bien. Esto sucede con los q u e viven u n tanto virtuosamente mientras tienen prosperidad. Q u i e n les p r e g u n t a s e : «¿Por q u é te turbas?», recibiría esta respuesta: «Porque he tenido u n a tribulación, y me parece q u e son en vano las pocas obras q u e hago, pues no las hago con el gusto d e antes, cuand o m e parecía hacer más y con más paz en el corazón q u e ahora». Estos tales son e n g a ñ a d o s por su propio gusto. N o es verdad q u e la causa d e ello sea la tribulación, c o m o tampoco d e q u e aflojen ni q u e hagan menos; es decir, q u e las obras hechas en tiempo d e la tribulación tienen tanto valor como antes, en tiempo d e consuelo, y hasta podrían valer más si las llevaran con paciencia. Esto les o c u r r e p o r q u e se deleitaban en la prosperidad. En ella m e a m a b a n con u n p e q u e ñ o acto d e virtud. En ella encontraban paz para su espíritu con lo poco q u e hacían, y, al ser privados de aquello en q u e se apoyaban, les parece q u e se les ha ido la paz en sus acciones; pero no es así. Les o c u r r e lo q u e al h o m b r e q u e se halla en un j a r d í n en q u e e n c u e n t r a placer y paz trabajando en él. Le parece descansar mientras trabaja, y es q u e siente paz en el placer q u e le viene del j a r d í n . Se advierte q u e es así en q u e se deleita más en el j a r d í n q u e en el trabajo, pues

La doctrina del puente

173

q u e p r i v a d o del j a r d í n , se siente p r i v a d o del placer. P e r o si su deleite principal estuviese b a s a d o e n el trabaj o , n o lo h a b r í a p e r d i d o , sino q u e lo conservaría, p o r q u e la práctica d e las b u e n a s o b r a s n o se p i e r d e si n o se q u i e r e , a u n q u e le sea q u i t a d o e l a g r a d o , c o m o a este del j a r d í n . Se equivocan, p o r t a n t o , al o b r a r p o r el p r o p i o gusto. A c o s t u m b r a n a decir: «Yo lo hacía mejor y c o n más consuelo antes d e t e n e r la tribulación q u e a h o r a y m e aleg r a b a d e h a c e r el bien; a h o r a , sin e m b a r g o , ni m e aleg r o ni e n c u e n t r o el m e n o r placer». Su m o d o d e ver y d e h a b l a r es falso, p o r q u e , si se h u b i e r a n d e l e i t a d o e n lo b u e n o p o r a m o r a la v i r t u d , no lo h a b r í a n p e r d i d o ni les h u b i e r a faltado, sino q u e se les h a b r í a a u m e n t a d o . P e r o c o m o sus b u e n a s o b r a s se apoyaban en su p r o p i o bien sensible, p o r ello les falta y d e c r e c e . 6 8 [Engaño de los servidores de Dios que le aman con amor imperfecto.] A los servidores míos q u e se e n c u e n t r a n a ú n en a m o r imperfecto y m e buscan y a m a n p o r a p e g o al c o n s u e l o y deleites q u e e n c u e n t r a n e n mí, p o r ser yo r e m u n e r a d o r d e t o d a o b r a b u e n a , poco o m u c h o s e g ú n la m e d i d a del a m o r del q u e los recibe, les doy p o r esa r a z ó n consuelos espirituales, d e u n m o d o o d e o t r o , d u r a n t e el tiempo d e la o r a c i ó n . N o lo h a g o p a r a q u e el a l m a reciba consuelo e n g a ñ o s o , es decir, p a r a q u e se fijen más e n lo q u e les doy q u e en mí m i s m o , sino p a r a q u e m i r e n m á s al afecto d e la c a r i d a d c o n q u e les regalo y a la indignid a d d e q u i e n e s reciben q u e n o al consuelo m i s m o . Si ellos, en cambio, c o m o i g n o r a n t e s , t o m a n sólo el deleite, sin fijarse e n mi afecto hacia ellos, se perjudican con ese consuelo y con otros males d e q u e hablaré. Lo u n o , p o r q u e , e n g a ñ a d o s c o n la p r o p i a consolación, la buscan y se deleitan e n ella. Más d e u n a vez, advirt i e n d o en algún m o d o mi consuelo y mi visita, irán p a r a atrás p o r el c a m i n o p o r el q u e lo h a l l a r o n p a r a buscarlo d e n u e v o . P e r o yo n o lo doy s i e m p r e d e la misma maniera, p u e s p o d r í a p a r e c e r q u e estoy o b l i g a d o a eüo. Lo h a g o d e diversos m o d o s , s e g ú n place a mi voluntad y seg ú n la necesidad. Por ser i g n o r a n t e s , b u s c a r á n , p u e s , el

174

El Diálogo

mismo modo, como si quisiesen poner leyes al Espíritu Santo. No deben obrar así, sino seguir con valor por el puente de la doctrina de Cristo crucificado y aceptar el modo, el momento y el lugar en que place a mi bondad el darlo. Y, si nada les doy, no es por falta de amor o por odio, sino para que me busquen de veras y no me amen sólo por el deleite, para que reciban con humildad más mi caridad que el deleite que encuentran. Si no lo hacen así y van sólo por el deleite, a su modo y no al mío, recibirán pena y confusión intolerables cuando se les prive de ese q u e se les presenta ante los ojos de su inteligencia. Los que eligen los consuelos a su modo, es decir, encontrando en mí deleite espiritual en alguna medida, querrán seguir con él. Algunas veces son tan ignorantes que, cuando yo los visito de otra manera, me harán resistencia y no me aceptarán, prefiriendo lo que se han imaginado. Este fallo procede de la propia inclinación y del deleite que hallaron en mí. Están equivocados, pues sería imposible permanecer continuamente en el mismo estado, porque el alma no puede estar sin movimiento, ya que ha de adelantar en las virtudes o retroceder. Por ello no pueden q u e d a r anclados en un deleite; porque mi bondad no se lo sigue d a n d o . Les doy muchos y variados: unas veces, el de la alegría de espíritu; otras, la contrición y aborrecimiento del pecado; cuándo parecerá que se hallan interiormente turbados en su espíritu; otras estaré dentro de su misma alma y no me sentirán; otras pondré mi Verdad, el Verbo encarnado, d e modos distintos ante los ojos de su entendimiento, y, sin embargo, no ló percibirán, pues no lo sienten con el ardor y placer que deberían; otras veces no tendrán ni experimentarán deleite de significación. Esto lo hago por amor y para conservarlos y hacerlos crecer en la virtud de la humildad y perseverancia y para enseñarles a que no quieran imponerme sus leyes ni decirme cuándo ha de terminar el consuelo, sino que quieran sólo la virtud basada en mí. Reciban con humildad, con afecto de amor, el afecto mío en un tiempo o en otro y crean con viva fe que yo doy según la necesi-

La doctrina del puente

175

d a d d e su salvación o s e g ú n la necesidad p a r a hacerlos llegar a la g r a n perfección. D e b e n , p u e s , p e r m a n e c e r h u m i l d e s , p o n i e n d o el principio y el fin e n el afecto d e mi c a r i d a d , y con ella el d e leite o n o , e n c o n f o r m i d a d con m i v o l u n t a d y n o c o n la suya. Este es el m o d o d e n o dejarse e n g a ñ a r : recibirlo t o d o p o r a m o r a mí, q u e soy v u e s t r o fin, b a s a d o s e n mi dulce v o l u n t a d . 6 9 [Los que no abandonan su paz y consuelo, no socorren al prójimo en sus necesidades. I T e h e h a b l a d o del e n g a ñ o e n q u e i n c u r r e n los q u e q u i e r e n g u s t a r y recibir bienes e n el espíritu s e g ú n su m o d o de pensar. A h o r a te voy a explicar el s e g u n d o e n g a ñ o , el d e los q u e h a n p u e s t o todo su deleite e n el c o n s u e l o del espíritu. V e r á n con frecuencia al p r ó j i m o e n necesidad espiritual o t e m p o r a l y n o le s o c o r r e r á n bajo el p r e t e x t o d e v i r t u d , d i c i e n d o : «Con eso p i e r d o la paz y t r a n q u i l i d a d d e mi espíritu y n o recito mis h o r a s a su d e b i d o tiempo». Al verse privados d e consuelo les parece q u e m e ofend e n y ellos son e n g a ñ a d o s p o r el placer espiritual p r o p i o . Más m e o f e n d e n al n o a c u d i r a la necesidad del prójimo a b a n d o n a n d o sus consuelos '. P o r q u e t o d a práctica vocal y m e n t a l se halla o r d e n a d a p o r mí a q u e el a l m a sea u n a c a r i d a d perfecta a mí y al prójimo, y a p e r m a n e c e r e n ella. D e m o d o q u e m e o f e n d e n m á s o m i t i e n d o la c a r i d a d con el p r ó j i m o p o r la práctica y q u i e t u d e n lo espiritual q u e d e j á n d o l o s p o r el p r ó j i m o . En la c a r i d a d con él m e e n c u e n t r a n a mí, m i e n t r a s q u e al b u s c a r m e en su deleite son privados d e él. P o r n o s o c o r r e r al p r ó j i m o dismin u y e n en la caridad p a r a con él, y, d i s m i n u i d a ésta, se a m i n o r a mi afecto hacia él, y, e n consecuencia, q u e d a d i s m i n u i d o el consuelo. Así, q u e r i e n d o g a n a r , p i e r d e n , y g a n a n c u a n d o se hallan dispuestos a p e r d e r ; esto es, c o n s i n t i e n d o p e r d e r el c o n s u e l o p r o p i o p o r la salvación 1

Mt

25,45.

176

El Diálogo

del prójimo, el alma m e recibe, y c o m o ganancia m e tiene a mí y al prójimo, p o r socorrerlo y servirle caritativamente . Siguiendo esta práctica, gustarán en t o d o m o m e n t o d e mi c a r i d a d ; d e lo c o n t r a r i o p e r m a n e c e r á n en pecado, ya q u e algunas veces será necesario a c u d i r al prójimo p o r obligación, p o r a m o r o p o r e n f e r m e d a d corporal o espiritual en q u e se halle. Si le a y u d a n con desgana, con tedio espiritual o r e m o r d i m i e n t o d e conciencia, se hacen insoportables a sí mismos y a los d e m á s . Si alguien les p r e g u n t a s e : «¿Por q u é sientes pena?», r e s p o n d e r í a n : «Porque m e p a r e c e h a b e r p e r d i d o la paz y q u i e t u d del espíritu y h e d e j a d o las cosas q u e acostumbraba a hacer, y en ello creo o f e n d e r a Dios». Y n o es ésa la razón, sino q u e su opinión se f u n d a e n el deleite p r o p i o , p o r lo q u e no saben distinguir ni reconocer d e v e r d a d en q u é consiste su p e c a d o . Si lo conocieran e n t e n d e r í a n q u e la ofensa n o se halla e n n o t e n e r consuelo espiritual ni en dejar el ejercicio d e la oración en m o m e n t o s de la necesidad de prójimo; más bien consiste e n verse sin caridad con el prójimo, a q u i e n hay q u e a m a r y servir p o r a m o r a mí. Así, ves c ó m o se equivocan sólo p o r causa del a m o r propio espiritual p a r a consigo mismos. 2

7 0 [Engaño de los que han puesto su afecto en los consuelos y visiones espirituales.] Algunas veces, a causa d e u n a m o r d e esta clase, reciben u n d a ñ o m a y o r . Q u e si su afecto sólo se p o n e y busca e n los consuelos y visiones q u e algunas veces o t o r g o a mis servidores, c u a n d o se ven sin ellos caen en a m a r g u r a y tedio espiritual, p o r parecerles q u e se hallan privados d e la gracia c u a n d o algunas veces m e aparto del alma. C o m o te dije, yo voy y vengo a ella, a p a r t á n d o m e n o e n c u a n t o a la gracia, sino e n c u a n t o a la percepción, a fin d e hacerla más perfecta. Y así caen e n la tristeza, y les parece hallarse en el infierno p o r sentir q u e se les ha q u i t a d o el gusto y p o r la p e n a e n los trabajos y molestias d e las a b u n d a n t e s tentaciones. 2

Mt 16,26; Me 8,35; Le 9,24.

La doctrina del puente

177

N o d e b e el alma ser i g n o r a n t e , ni dejarse equivocar p o r el a m o r propio espiritual d e tal m o d o q u e n o reconozca q u e r e a l m e n t e soy yo, el s u m o Bien, q u i e n está con ella y la conservo en la b u e n a disposición d u r a n t e el t i e m p o d e la lucha a fin d e q u e n o c o r r a tras el gusto. D e b e humillarse, j u z g á n d o s e i n d i g n a d e la paz y quiet u d espiritual. P o r esta r a z ó n , p u e s , m e a p a r t o d e ella: p a r a q u e se h u m i l l e y reconozca mi c a r i d a d e n sí misma, e n c o n t r á n d o l a e n la firmeza d e la benevolencia, q u e le c o n s e r v o e n el t i e m p o d e las dificultades. Me a p a r t o d e ella p a r a q u e n o reciba s o l a m e n t e la leche d e la d u l z u r a e x t e n d i d a p o r su cara, sino p a r a q u e se u n a al p e c h o d e m i V e r d a d y reciba la leche j u n t a m e n t e c o n la c a r n e ; es decir, p a r a llevar hacia sí la leche d e mi c a r i d a d p o r m e dio d e la c a r n e d e Cristo crucificado, o sea, d e su doctrin a , d e la q u e h e h e c h o p u e n t e q u e la u n a a mí. C a m i n a n d o c o n p r u d e n c i a y n o con ignorancia, recib i e n d o n o sólo la leche, vuelvo a ella c o n m á s deleite y fortaleza, c o n luz y a r d o r d e c a r i d a d . Pero, si reciben c o n hastío, tristeza y t u r b a c i ó n d e espíritu la privación d e la d u l z u r a espiritual, poco g a n a n y siguen e n su tibieza. 71 [ L o s q u e se d e l e i t a n e n los c o n s u e l o s y v i s i o n e s espirit u a l e s p u e d e n s e r e n g a ñ a d o s a c e p t a n d o al d e m o n i o t r a n s f i g u r a d o e n luz.—Señales p a r a c o n o c e r c u á n d o u n a visión es d e Dios o del d e m o n i o . 1

A d e m á s d e esto, e x p e r i m e n t a n m u c h a s veces o t r o e n g a ñ o del d e m o n i o , es decir, la t r a n s f o r m a c i ó n del mism o e n luz. P o r q u e en c u a n t o advierte el d e m o n i o q u e el espíritu está codicioso d e recibir, cae sobre él y se transf o r m a aquel espíritu en f o r m a d e luz. T i e n t a a las almas c o n aquello en q u e ve a las almas dispuestas a d e s e a r y aceptar, p u e s ve al espíritu e n g o l o s i n a d o , y su d e s e o fijo ú n i c a m e n t e en las consolaciones y visiones espirituales. N o d e b e r í a a p e g a r s e a ellas, sino sólo a las v i r t u d e s , y, p o r h u m i l d a d , c o n s i d e r a r s e i n d i g n a de ellas y buscar sólo consuelos en mi a m o r . C o m o n o es así, se les p r e senta el d e m o n i o e n f o r m a d e luz d e diversas m a n e r a s ; u n a s veces, bajo las apariencias d e ángel, y o t r a s , c o m o si fuera mi V e r d a d o a l g u n o d e mis santos. Esto lo hace

178

El Diálogo

p a r a atraparlas con el anzuelo del gusto espiritual q u e tiene puesto en las visiones y deleites del espíritu. Y, si esas almas n o se elevan con h u m i l d a d v e r d a d e r a p o r el desprecio a cualquier deleite, q u e d a n presas en este anzuelo, en m a n o s del d e m o n i o . Pero, si desprecian el d e leite con h u m i l d a d y m e abrazan con a m o r a mí y no al d o n , pues soy yo el q u e d a , el d e m o n i o n o p u e d e sufrir, p o r su soberbia, ese espíritu h u m i l d e . Si m e p r e g u n t a s : «¿En q u é se p u e d e conocer q u e la visita es, más bien, del d e m o n i o q u e tuya?», yo te contesto q u e la señal es ésta, q u e si es el d e m o n i o el q u e ha venido al espíritu para visitarlo en forma de luz, el alma, de inmediato, recibe alegría con su visita; p e r o c u a n t o más tiempo p e r m a n e c e , más p i e r d e esa alegría, y llega el tedio, la oscuridad, el desasosiego d e espíritu y la ofuscación interior. En cambio, si v e r d a d e r a m e n t e es visitada p o r mí, Vida e t e r n a , recibe el alma, en el p r i m e r m o m e n t o , santo t e m o r , y con él alegría y seguridad, j u n t o con u n a dulce p r u d e n c i a ; d e m o d o q u e , d u d a n d o , no d u d a , sino q u e , reconociéndose indigna d e sí misma, dirá: «No soy d i g n a de recibir tu visita, y, no siendo digna, ¿cómo p u e d e o c u r r i r esto?» Entonces se vuelve a la generosidad d e mi caridad, reconoce y ve q u e soy yo el q u e p u e d e d a r y q u e no m e fijo en la indignidad, pues yo mismo la h a g o d i g n a d e recibir la gracia y d e advertir mi presencia, pues no desoigo el deseo con q u e ella llama. Por eso m e recibe h u m i l d e m e n t e , diciendo: «Ecce ancilla tua»: tu voluntad sea hecha en mí. Entonces sale del c a m i n o d e la oración y d e mi visita con alegría y gozo del espíritu, con h u m i l d a d , j u z g á n d o s e indigna, y con caridad, reconociéndola c o m o venida d e mí. Esta es la señal d e q u e el alma es visitada p o r mí o p o r el d e m o n i o : si la visito yo, en el p r i m e r m o m e n t o , al medio y al fin siente t e m o r , alegría y h a m b r e d e virtud; si es el d e m o n i o , la p r i m e r a apariencia es la alegría, y después q u e d a t u r b a d a y en oscuridad d e espíritu. Así lo he dispuesto p a r a q u e os sirva d e signo y p a r a q u e el alma, si q u i e r e a n d a r h u m i l d e y p r u d e n t e , n o p u e d a ser engañ a d a . Sufre e n g a ñ o la q u e prefiere navegar sólo con el a m o r imperfecto d e las propias consolaciones antes q u e con mi afecto.

La doctrina

del

puente

179

72 l El a l m a q u e v e r d a d e r a m e n t e s e c o n o c e a sí m i s m a e v i t a los e n g a ñ o s a n t e s d i c h o s . I

N o q u i e r o ocultar el e n g a ñ o q u e en el bien o b r a r reciben la g e n e r a l i d a d d e las p e r s o n a s en el a m o r sensible, o sea, los d e poca virtud, mis servidores q u e actúan sólo en el tiempo d e la consolación, los q u e siguen el a m o r p r o p i o d e los consuelos espirituales. Se equivocan, porq u e el a m o r propio n o les deja r e c o n o c e r la realidad d e mi afecto, ni apreciar el p e c a d o en q u e se hallan. T a m poco q u i e r o olvidar la a r t i m a ñ a q u e el d e m o n i o usa, p o r culpa d e sí mismos, c u a n d o n o g u a r d a n el m o d o antes dicho. T e lo h e e n s e ñ a d o p a r a q u e tú y los o t r o s servidores míos vayáis tras la v i r t u d p o r a m o r a mí y n o p o r o t r a r a z ó n . En todos estos e n g a ñ o s p u e d e n caer, y caen con frecuencia, q u i e n e s se hallan e n el a m o r imperfecto, esto es, c u a n d o a m a n e n atención al d o n y n o a mí, q u e soy el q u e lo h a g o . Sin e m b a r g o , el alma q u e ha e n t r a d o d e veras e n la casa d e c o n o c i m i e n t o d e sí, ejercitándose en la perfecta oración y s u p e r a n d o la imperfecta, al m o d o q u e te expliqué e n el t r a t a d o d e la o r a c i ó n , m e r e cibe con a m o r perfecto, b u s c a n d o a p a r t a r d e sí la leche d e mi d u l z u r a y el apetito d e la d o c t r i n a d e Cristo crucificado. Llegada el alma al t e r c e r estado, el del a m o r d e a m i g o y d e hijo, ya n o tiene el a m o r m e r c e n a r i o , sino el d e a m i g o m u y q u e r i d o . A c t u a r á c o m o u n a m i g o con o t r o al recibir u n o b s e q u i o . Su m i r a d a n o se fija sólo e n el p r e s e n t e , sino e n el c o r a z ó n y el afecto d e q u i e n lo d a , y a m a el r e g a l o sólo p o r el afecto del a m i g o . Así, el alma, llegada al t e r c e r e s t a d o del a m o r perfecto, al recibir mis d o n e s y gracias, n o a t i e n d e a ellas ú n i c a m e n t e , sino q u e con el ojo del e n t e n d i m i e n t o m i r a al afecto d e mi carid a d , al q u e las d a . A fin d e q u e el alma n o p u e d a t e n e r disculpa p a r a act u a r d e esta m a n e r a , es decir, p a r a fijarse e n mi afecto, he d e t e r m i n a d o u n i r al d o n y al d o n a n t e p o r la u n i ó n d e la n a t u r a l e z a divina c o n la h u m a n a c u a n d o os di a mi V e r b o , mi Hijo u n i g é n i t o , q u e es u n a cosa c o n m i g o , y yo con El. Por esta u n i ó n n o podéis fijaros e n el d o n sin q u e veáis al d o n a n t e .

180

El Diálogo

Mira, p u e s , con q u é afecto debéis a m a r y d e s e a r al d o n y al d o n a n t e . O b r a n d o así, os hallaréis en el a m o r p u r o y a u t é n t i c o y n o e n el m e r c e n a r i o , al m o d o q u e lo hacen los q u e se hallan en la m o r a d a d e su p r o p i o c o n o cimiento.

73 [ M o d o s d e a p a r t a r s e d e l a m o r i m p e r f e c t o y a l c a n z a r el p e r f e c t o d e a m i g o y d e hijo. |

De m u c h a s m a n e r a s te h e m o s t r a d o hasta a h o r a c ó m o el alma s u p e r a la imperfección y alcanza el a m o r perfecto y lo q u e hace d e s p u é s d e h a b e r alcanzado el d e amistad y el filial. T e dije, y lo repito, q u e lo alcanza p o r la p e r s e v e r a n cia, e n c e r r á n d o s e en la casa del c o n o c i m i e n t o d e sí. El p o r sí m i s m o d e b e estar f u n d a d o en el c o n o c i m i e n t o d e mí p a r a n o caer e n confusión. Por él a d q u i r i r á el o d i o a la t e n d e n c i a d e los sentidos al goce d e las propias consolaciones. Del o d i o , b a s a d o en la h u m i l d a d , sacará la paciencia. E n ella se h a r á más fuerte c o n t r a los e m b a t e s del d e m o n i o , c o n t r a las persecuciones d e los h o m b r e s y c o n t r a mí c u a n d o p o r su bien r e t i r o el deleite d e su espíritu. Esta virtud h a r á llevaderas a las d e m á s . Si sus sentidos, p o r su mala inclinación, quisieren lev a n t a r la cabeza c o n t r a la razón, el j u e z d e la conciencia d e b e levantarse sobre sí mismo y a t e n e r s e a la r a z ó n con e n e r g í a y n o d a r paso a movimientos q u e n o sean correctos, si bien el alma q u e tiene esa e n e r g í a c o r r i g e y r e p r e n d e en t o d o m o m e n t o n o sólo los q u e van c o n t r a la razón, sino m u c h a s veces aquellos d e q u e soy yo la causa. Esto quiso decir mi servidor G r e g o r i o c u a n d o e n s e ñ ó q u e la santa y p u r a conciencia e n c u e n t r a p e c a d o d o n d e n o lo hay, o sea, q u e , p o r la p u r e z a d e la conciencia, ve culpa d o n d e n o existe. Así d e b e o b r a r y o b r a el alma q u e q u i e r e s u p e r a r la imperfección e s p e r a n d o en la casa del c o n o c i m i e n t o d e sí, c o n la luz d e la fe, mi d e t e r m i n a c i ó n al m o d o q u e lo hicieron los discípulos, q u e p e r m a n e c i e r o n en casa y n o se m o v i e r o n , sino q u e p e r s e v e r a r o n , hasta la llegada del

La doctrina del puente

181

Espíritu Santo ', e n vela h u m i l d e y e n c o n t i n u a d a o r a ción. L o m i s m o hace el a l m a q u e se h a l e v a n t a d o d e la imperfección y se e n c i e r r a p a r a alcanzar la perfección. Sig u e e n vela, m i r a n d o con los ojos del e n t e n d i m i e n t o a la d o c t r i n a d e mi V e r d a d con h u m i l d a d , p o r q u e se h a conocido e n la c o n t i n u a o r a c i ó n , es decir, e n el santo y v e r d a d e r o d e s e o , p o r q u e e n sí reconoció el afecto d e mi caridad. 7 4 [Señales por las que conoce el alma si ha llegado al amor perfecto. ] Me q u e d a a h o r a p o r decirte e n q u é se n o t a q u e el alma ha alcanzado el a m o r perfecto. Es la m i s m a señal a p a r e c i d a e n los discípulos d e s p u é s d e h a b e r recibido el Espíritu Santo, p u e s salieron d e casa y, p e r d i d o t o d o tem o r , a n u n c i a b a n mi palabra, p r e d i c a n d o la d o c t r i n a del V e r b o , d e mi Hijo u n i g é n i t o ; n o t e m í a n los castigos; más bien se gloriaban e n ellos '; n o sufrían p r e o c u p a ción p o r hallarse a n t e los tiranos del m u n d o ni p o r e n señarles la v e r d a d p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e . Así o c u r r e con el alma q u e h a t e n i d o la confianza q u e p r o v i e n e del c o n o c i m i e n t o d e sí, p o r q u e yo h e vuelto a ella con el fuego d e mi c a r i d a d . E n ésta, m i e n t r a s permanecéis e n casa, n a c e n las virtudes con la p e r s e v e r a n cia p o r afecto del a m o r . C o n él y la virtud vence la inclinación d e los propios sentidos. C o n igual c a r i d a d participáis d e la sabiduría d e mi Hijo. P o r ella veis y conocéis con los ojos del e n t e n d i m i e n t o t a n t o mi V e r d a d c o m o las argucias del a m o r espiritual sensitivo, es decir, el a m o r imperfecto del consuelo p r o p i o ; conocéis la malicia y falsía q u e el d e m o n i o p o n e e n el alma a p e g a d a al a m o r imperfecto, y p o r ello se h a l e v a n t a d o con o d i o a la imperfección y c o n a m o r a la perfección. Por esta c a r i d a d , q u e es el Espíritu Santo, h a c e partícipe al a l m a d e su v o l u n t a d , d á n d o l e fuerza p a r a sufrir 1

A c t 1,13-14.

1

Act 2,4 y 5 , 4 1 .

182

El Diálogo

los trabajos y salir d e casa en mi n o m b r e para ejercitar la virtud e n favor del prójimo. N o es que salga d e la casa del conocimiento de sí, sino que d e la casa del alma salen e n g e n d r a d a s las virtudes por el afecto del a m o r y las hace brotar d e muchos y variados modos c u a n d o el prójimo lo necesita. C o m o ha p e r d i d o el temor a verse privada de sus consuelos, como arriba te dije, c u a n d o ha llegado al a m o r perfecto y libre, sale olvidándose d e sí misma. Esto los u n e con el cuarto estado, esto es, q u e en el tercero, que es u n estado perfecto, en q u e gusta y da a luz la caridad con el prójimo, recibe el último g r a d o d e perfecta u n i ó n conmigo. Ambos estados se hallan unidos, y n o se d a u n o sin el otro, igual q u e mi caridad y la que se tiene con el prójimo, que no p u e d e hallarse separada de la mía. Estos dos estados no se d a n u n o sin el otro, como te iré explicando y m o s t r a n d o al hablar del tercer grado. 75 [ L o s i m p e r f e c t o s q u i e r e n s e g u i r s o l a m e n t e al P a d r e , p e r o los p e r f e c t o s s i g u e n al H i j o . — V i s i ó n q u e t u v o e s t a a l m a . Se habla d e b a u t i s m o s diversos y d e o t r a s cosas bellas y útiles. [

T e he dicho q u e el alma ha salido d e la casa, lo que es signo d e haberse levantado d e la imperfección y u n i d o a la perfección. Abre los ojos del e n t e n d i m i e n t o y mira cómo corren por el p u e n t e d e la doctrina d e Cristo, q u e para vosotros fue regla y camino. El q u e se halla en a m o r imperfecto, no quiere sufrir trabajos, y como en mí no puede haberlos, m e sigue a mí; pero no a mí, sino al deleite q u e en mí e n c u e n t r a n . No lo hacen así los q u e quieren la perfección, los cuales n o ponen los ojos d e su entendimiento en mí, sino q u e , como ebrios y a r d i e n d o en amor, suben los tres escalones comunes q u e puse como alegoría d e las tres potencias del alma, y q u e prefiguran aquí los tres peldaños del cuerpo d e Cristo crucificado, mi Hijo unigénito. Subidos a los pies por el afecto del alma, alcanzan el costado, en q u e e n c u e n t r a n los secretos del corazón y conocen el bautismo del agua, que tiene valor d e sangre. En ella e n c o n t r ó el alma la gracia del santo

La doctrina del puente

183

b a u t i s m o u n a vez q u e ella tiene p r e p a r a d o su receptáculo p a r a recibir la gracia, e m p a p a d a d e la s a n g r e . ¿ D ó n d e conoció el a l m a la d i g n i d a d d e verse u n i d a y e m p a p a d a en la s a n g r e del C o r d e r o c u a n d o recibe el santo bautismo en virtud d e la s a n g r e ? En el costado conoció el fuego d e la c a r i d a d divina. Así te lo m o s t r ó mi V e r d a d , si te a c u e r d a s bien, c u a n d o le p r e g u n t a s t e : «Dulce e i n m a c u l a d o C o r d e r o , tú estabas m u e r t o c u a n d o te a b r i e r o n el c o s t a d o ; ¿por q u é quisiste q u e fuese h e r i d o y p a r t i d o tu corazón?» Si lo r e c u e r d a s bien, El r e s p o n d i ó q u e había m u c h a s razones p a r a ello. T e d i r é la principal: p o r q u e mi a m o r al g é n e r o h u m a n o e r a infinito, y el acto d e sufrir penas y t o r m e n t o s era finito, y p o r lo finito p o d í a m a n i f e s t a r t o d o el a m o r con q u e a m a b a , q u e e r a infinito. P o r eso quise q u e vieseis el secreto d e mi c o r a z ó n m o s t r á n d o t e l o abierto, p a r a q u e vieses q u e yo a m a b a m á s q u e lo q u e p o d í a n d e m o s t r a r o s mis sufrimientos finitos. D e r r a m a n d o s a n g r e y a g u a , os m o s t r é el santo b a u t i s m o del agua, el cual recibís en virtud d e la s a n g r e . « T a m b i é n os m o s t r é el b a u t i s m o d e la s a n g r e d e d o s m o d o s : u n o es aquel en q u e son bautizados en la s a n g r e d e r r a m a d a p o r mí. C u a n d o n o p u e d e n recibir o t r o bautismo, ése tiene valor en virtud d e m i s a n g r e . O t r o s se bautizan con el fuego, d e s e a n d o el b a u t i s m o con afecto d e a m o r , y n o lo p u e d e n recibir. N o hay b a u t i s m o d e fuego sin s a n g r e , p u e s t o q u e ésta se halla e n t r e m e z c l a d a y e m p a p a d a con el fuego d e la divina c a r i d a d , ya q u e fue d e r r a m a d a p o r a m o r . «Hablando figuradamente, recibe el alma d e o t r o m o d o el b a u t i s m o d e la s a n g r e . De éste p r o v e e la carid a d , p o r q u e conoce la e n f e r m e d a d y la fragilidad del h o m b r e , p u e s p o r ellas p i e r d e la gracia, q u e recibió en el b a u t i s m o en virtud d e la s a n g r e . (No es q u e el h o m b r e se vea forzado, p o r su fragilidad o p o r o t r a causa, a c o m e t e r p e c a d o en c o n t r a d e su v o l u n t a d , sino q u e , c o m o frágil, cae en la culpa d e p e c a d o mortal.) Por eso fue necesario q u e la c a r i d a d divina d e t e r m i n a r a dejarles 1

1

Alusión autobiográfica. Respetamos el entrecomillado hasta el fin del capítulo no por ser palabras exactas del Hijo, sino en atención al original.

184

El Diálogo

un perenne bautismo de sangre, que se recibe con la contrición de corazón y con la santa confesión, declarando, c u a n d o se puede, los pecados a mis ministros, q u e tienen la llave de la sangre. Con ella rocía el sacerdote la cara del alma por la absolución. »Si u n o no se puede confesar, basta la contrición de corazón. Entonces, la mano de mi clemencia os da el fruto de esta preciosa sangre; pero, pudiendo confesaros, quiero que lo hagáis. Quien lo pueda hacer y no quiera, será privado del fruto de la sangre. Cierto que en el último m o m e n t o de la muerte, si quiere el h o m b r e confesarse y no puede, también recibirá la sangre. Pero ninguno sea tan insensato que por esta razón se deje llevar de la confianza para poner en o r d e n sus acciones en el último extremo de la muerte, p o r q u e no es seguro, en razón de su obstinación, que yo, en mi divina justicia, no diga: «Tú no te acordaste de mí en la vida, cuando te fue posible; yo no me acuerdo de ti en la muerte». Por ello, nadie se abandone, y, si alguno lo ha hecho, no debe dejar para el último m o m e n t o el confesarse pretextando la confianza en la sangre. »Ves, por tanto, que este bautismo es perenne, por lo q u e el alma debe bautizarse en él continuamente. Por él conoce q u e mi obra, esto es, el sufrimiento en la cruz, fue finita, pero el fruto que de él habéis recibido por medio d e mí es infinito. Esto ocurre en virtud de la naturaleza divina, infinita, unida a la h u m a n a , finita, que sufre en mí, el Verbo, que me hallo vestido de vuestra h u m a n i d a d . Pero, porque se hallan entremezcladas y fundidas u n a en otra, no porque sea infinito el sufrimiento del cuerpo ni del deseo q u e tenía de terminar vuestra redención, la eterna divinidad atrajo hacia sí la pena que sufrí yo con tan ardoroso amor. «Por eso puede llamarse infinita a esta operación; no porque lo sea el sufrimiento del cuerpo ni la pena de deseo que debía satisfacer por vuestra redención, sino p o r q u e ella terminó en la cruz c u a n d o el alma se apartó del cuerpo. Pero el fruto que produjo el sufrimiento y el deseo de vuestra salvación es infinito, y por ello lo recibís de m o d o infinito. Si no hubiese sido infinito, el género h u m a n o no hubiera sido restaurado, es decir, el presente y el porvenir. Tampoco el pecador podría le-

La doctrina del puente

185

y a n t a r s e d e su culpa si este b a u t i s m o d e la s a n g r e n o se h u b i e r a d a d o d e m o d o infinito, o sea, si n o f u e r a infinito su f r u t o . »Esto es lo q u e os m o s t r é con la a b e r t u r a d e m i costad o , d o n d e halláis los s e c r e t o s d e l c o r a z ó n al m o s t r a r o s q u e os a m o m á s d e lo q u e p u e d o m a n i f e s t a r c o n los suf r i m i e n t o s finitos. T e lo m o s t r é infinito. ¿ C ó m o ? P o r el b a u t i s m o d e la s a n g r e u n i d a al b a u t i s m o c o m ú n d a d o a los c r i s t i a n o s q u e lo q u i e r a n recibir: el a g u a u n i d a c o n la s a n g r e y el f u e g o , e n q u e el a l m a se e m p a p a d e mi s a n g r e . Y p a r a certificároslo, q u i s e q u e d e l c o s t a d o saliese a g u a y s a n g r e . »Con esto te h e r e s p o n d i d o a lo q u e m e p r e g u n t a s t e » . 7 6 [El alma, habiendo subido al tercer escalón del santo puente, llegando a la boca, cumple con el oficio de ésta.—La señal de haber llegado a ella es tener muerta la voluntad propia.] T e h e r e p e t i d o a la l e t r a lo q u e te c o n t e s t ó m i V e r d a d p a r a q u e conozcas la excelencia e n q u e se halla el a l m a q u e h a s u b i d o el s e g u n d o escalón. E n él se c o n o c e y a d q u i e r e t a n a r d i e n t e a m o r , q u e e n s e g u i d a se s u b e al t e r c e r o , o sea, a la boca, c o n lo q u e m a n i f i e s t a h a b e r llegad o al e s t a d o p e r f e c t o . ¿ P o r d ó n d e pasó? P o r el c o r a z ó n , es d e c i r , p o r el r e c u e r d o d e la s a n g r e e n q u e se r e b a u t i z ó , a b a n d o n a n d o el a m o r i m p e r f e c t o e n r a z ó n d e l c o n o c i m i e n t o q u e sacó del a m o r del c o r a z ó n c u a n d o g u s t ó y m a n i f e s t ó el f u e g o d e m i c a r i d a d . Q u e éstos l l e g a r o n a la boca, lo d e m u e s t r a n p o n i é n d o l a e n acción. La b o c a h a b l a y g u s t a c o n la l e n g u a q u e está e n ella, t o m a los a l i m e n t o s y los e m p u j a al e s t ó m a g o . Los d i e n t e s los t r i t u r a n , ya q u e d e o t r o modo no podrían tragarse. Así o c u r r e con el a l m a . P r i m e r a m e n t e m e h a b l a c o n la l e n g u a , q u e está e n la boca d e l s a n t o d e s e o , es d e c i r , c o n la l e n g u a s a n t a y c o n t i n u a o r a c i ó n . H a b l a c o r p o r a l y espiritualmente: espiritualmente, c u a n d o m e ofrece dulces y a m o r o s o s d e s e o s e n bien d e las a l m a s , y c o r p o r a l m e n t e , a n u n c i a n d o la d o c t r i n a d e m i Verdad, a m o n e s t a n d o , a c o n s e j a n d o y c o n f e s á n d o l a sin t e m o r a l g u n o al s u f r i m i e n t o q u e el m u n d o le q u i e r a p r o c u r a r . Lo h a c e

186

El Diálogo

con audacia, a n t e todos, d e m o d o s distintos y a cada u n o según su estado. Digo q u e come t o m a n d o el alimento del alma, p o r a m o r a mí, en la mesa d e la santísima cruz '. De o t r a m a n e r a o en o t r a mesa n o p o d r í a c o m e r tan perfectam e n t e . T r i t u r a el alimento, p u e s , si no, no lo podría deglutir. Lo hace con los dientes, esto es, con el odio y con el a m o r , con dos hileras d e dientes e n la boca del santo deseo, q u e retiene la comida, t r i t u r á n d o l a con el odio d e sí y con el a m o r a la virtud en sí mismo y en su prójim o . Por a m o r a las almas d e s m e n u z a toda injuria, villanía, escarnio y los improperios d e las muchas persecuciones, sufriendo h a m b r e , sed, calor y frío, con penosas ganas d e llorar y con sudores. T o d o lo machaca p o r mi h o n o r , s o p o r t a n d o y sufriendo al prójimo. Después d e haberlo d e s m e n u z a d o , el paladar lo gusta, s a b o r e a n d o el fruto del sufrimiento y el deleite d e las almas por me^ dio d e la caridad p a r a conmigo y p a r a con su prójimo. Así llega este manjar al estómago q u e se halla dispuesto a recibirlo con a m o r cordial, deleite y dilección de la caridad con su prójimo, por el deseo y h a m b r e d e las almas, r u m i a n d o d e m o d o q u e p i e r d e la b l a n d u r a d e la vida corporal p a r a t o m a r el manjar d e la doctrina d e Cristo crucificado e n la mesa d e la cruz. Entonces crece el alma en las v e r d a d e r a s virtudes; y tanto se llena p o r la a b u n d a n c i a d e la comida, q u e el vestido d e los propios sentidos, o sea, el c u e r p o q u e rec u b r e al alma, revienta en c u a n t o a la inclinación d e los sentidos. Q u i e n revienta m u e r e , así la voluntad sensitiva q u e d a m u e r t a . Esto sucede p o r q u e la o r d e n a d a voluntad del alma se halla viva en mí, vestida d e mi e t e r n a voluntad, y p o r eso la sensitiva e n c u e n t r a la m u e r t e . Esto lo e x p e r i m e n t a el alma q u e d e veras ha llegado al tercer escalón. La señal d e haberlo subido es q u e h a m a t a d o la propia voluntad al p r o b a r el afecto d e mi caridad, y por eso e n c o n t r ó paz y q u i e t u d en la boca. Sabe q u e en la boca se d a la paz . Así, en el tercer estado enc u e n t r a la paz en tal g r a d o , q u e n a d a la p u e d e t u r b a r 2

1

J n 4,34. El beso d e paz se d a b a e n la misa a n t e s d e la recepción d e la eucaristía, simbolizando el p e r d ó n y paz f r a t e r n a . 2

La doctrina del puente

187

p o r h a b e r p e r d i d o y a h o g a d o su voluntad, q u e , c u a n d o ha m u e r t o , le p r o d u c e paz y q u i e t u d . Estos d a n a luz la virtud sin q u e sufra su prójimo. N o es q u e los sufrimientos dejen e n sí d e serlo, sino q u e ya n o son sufrimiento p a r a la voluntad - m u e r t a , ya q u e t o d o lo soportan d e b u e n g r a d o p o r mi n o m b r e . C o r r e n sin negligencia p o r la doctrina d e Cristo crucificado y n o aflojan la m a r c h a p o r injuria q u e se les haga, ni p o r persecución alguna, ni p o r placer q u e enc u e n t r e n , es decir, placer q u e el m u n d o les q u i e r a p r o porcionar. T o d o esto lo sufren con v e r d a d e r a fortaleza y perseverancia, revestido su afecto con el d e mi carid a d , g u s t a n d o el alimento d e la salvación d e las almas con v e r d a d e r a y perfecta paciencia. Este es u n signo d e mostrativo d e q u e a m a n con perfección y sin consideración alguna, ya q u e , si p o r propio provecho m e amasen, a n d a r í a n impacientes y con m e n o s p r o n t i t u d . Pero p o r q u e m e a m a n a mí p o r mí, en c u a n t o q u e soy s u m a B o n d a d y d i g n o d e ser a m a d o , y p o r mi causa a m a n al prójimo p a r a d a r gloria y alabanza a mi n o m bre, p o r eso son pacientes y perseverantes.

77 [ L a s o b r a s d e l a l m a d e s p u é s d e h a b e r a l c a n z a d o el cer escalón. |

ter-

Estas son las tres gloriosas virtudes, basadas e n la verd a d e r a caridad, q u e se hallan e n la cima del árbol d e la misma caridad: la paciencia, la fortaleza y la perseverancia, q u e se halla n i m b a d a con la santísima luz d e la fe. C o n ella caminan sin oscuridad por el c a m i n o d e la verd a d . La caridad está colocada e n lo más alto p o r el santo deseo, y p o r eso nadie la p u e d e perjudicar: ni el d e m o nio con sus tentaciones, p o r q u e teme al alma q u e a r d e en el h o r n o d e la caridad; ni las difamaciones e injurias d e los h o m b r e s . A pesar d e lo q u e el m u n d o las persigue, el m u n d o t e m e estas virtudes. Ellas p e r m i t e n a mi b o n d a d hacerlos fuertes y g r a n des ante mí y ante el m u n d o por haberse e m p e q u e ñ e c i d o con la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Bien lo adviertes tú en mis santos, q u e por mí se a n o n a d a r o n . Los hice g r a n d e s ante mí, Vida p e r d u r a b l e , y a n t e el c u e r p o místico d e la santa Iglesia, en q u e se les r e c u e r d a siempre por estar

188

El Diálogo

sus n o m b r e s escritos en mí, q u e soy el libro d e la vida. De m o d o q u e el m u n d o los reverencia p o r h a b e r d e s preciado al m u n d o . Ellos no ocultan la virtud p o r t e m o r , sino por humild a d , y, si es necesario p a r a servir al prójimo, no la d a n d e lado p o r t e m o r a los trabajos ni a p e r d e r el propio consuelo, sino q u e varonilmente la sirven en perjuicio propio, sin p r e o c u p a r s e d e sí mismos. Emplean su vida y tiempo en mi h o n o r p o r todos los m o d o s , y se alegran y e n c u e n t r a n la paz y q u i e t u d d e espíritu. ¿Por qué? P o r q u e no eligen servirme a su m o d o , sino según el mío. Por ello tiene p a r a ellos tanto peso el tiempo d e la tribulación c o m o el del consuelo, tanto la prosp e r i d a d c o m o la adversidad. Les es d e tanta importancia u n a cosa c o m o la otra, p o r q u e en todo ven mi voluntad, y n o piensan m á s q u e en c o n f o r m a r s e con ella d o n d e q u i e r a q u e la e n c u e n t r e n . H a n c o m p r e n d i d o q u e n a d a se hace sin mí, ni sin misterio y providencia divina, a excepción del pecado, q u e es la n a d a , y p o r eso o d i a n el p e c a d o y reverencian todo lo d e m á s . Esta es la razón d e ser tan firmes y perseverantes e n su camino hacia la verdad y d e q u e n o se d e s a n i m e n , sino q u e sirvan fielmente a su prójimo, sin t e n e r en cuenta su ignorancia e ingratitud, ni q u e u n a s veces el p e c a d o r le injurie y r e p r o c h e sus buenas obras. A pesar d e t o d o suplican ante mí en la oración, doliéndose más d e la ofensa q u e me hace y del perjuicio p a r a su alma q u e d e la injuria q u e reciben. Estos dicen con el apóstol San Pablo, mi a b a n d e r a d o : «El m u n d o nos maldice, y nosotros bendecimos; nos persigue, y d a m o s gracias; somos arrojados c o m o inmundicia y b a s u r a del m u n d o , y lo soportamos pacientemente» '. Ves, queridísima hija, las dulces señales, y especialm e n t e la d e la paciencia. Por ella m u e s t r a el alma q u e se ha elevado d e v e r d a d del a m o r imperfecto y ha conseguido el perfecto, siguiendo al dulce e inmaculado C o r d e r o , mi Hijo unigénito. E s t a n d o El colgado en la cruz, sostenido p o r los clavos del a m o r , no se volvió atrás p o r lá frase d e los j u d í o s , q u e gritaban: «¡Baja d e 1

1 Cor 4,13.

La doctrina del puente 2

189

la c r u z y te creeremos!» , c o m o t a m p o c o se volvió atrás, d e m o d o q u e n o perseverase en la obediencia q u e yo le había impuesto, sino q u e lo hizo con tanta paciencia, q u e sus quejas n o significaron recriminación a l g u n a . Los queridísimos y fidelísimos hijos míos siguen la d o c t r i n a y ejemplo d e mi V e r d a d . A u n q u e con halagos q u i e r a el m u n d o volverlos d e su c a m i n o , n o vuelven su vista p a r a m i r a r al a r a d o , sino ú n i c a m e n t e a lo íntimo del objeto d e mi V e r d a d . N o q u i e r e n a b a n d o n a r el campo d e lucha p a r a r e g r e s a r a las faldas propias [signo d e f e m i n i d a d ] q u e d e j a r o n , y con ello a g r a d a r y t e m e r más a las c r i a t u r a s q u e a mí, su C r e a d o r ; antes bien, se m a n tienen en la batalla c o n t r a el deleite llenos y e m b r i a g a dos p o r la s a n g r e d e Cristo crucificado. O s h e colocado d e l a n t e esta s a n g r e , en la t i e n d a d e la c a r i d a d del cuerpo místico d e la santa Iglesia, p a r a d a r á n i m o s a los q u e d e v e r d a d q u i e r e n ser caballeros y g u e r r e r o s c o n t r a sus propios sentidos y la frágil c a r n e , c o n t r a el m u n d o y c o n t r a el d e m o n i o . D e b e n c o m b a t i r c o n t r a esos e n e m i gos con el cuchillo del o d i o y con el a m o r a la virtud. Este a m o r es u n a r m a q u e los p r o t e g e d e los golpes q u e p u e d a n llegar a su c a r n e si n o llevan las a r m a s e n c i m a y el cuchillo en la m a n o . Las e n t r e g a n si las p o n e n e n manos d e los e n e m i g o s , o sea, si d a n las a r m a s con la m a n o del libre albedrío, r i n d i é n d o s e v o l u n t a r i a m e n t e a ellos. N o a c t ú a n así los q u e se hallan e m b r i a g a d o s con la sangre, sino q u e p e r s e v e r a n hasta la m u e r t e , en la q u e q u e d a n vencidos todos sus e n e m i g o s . ¡Oh virtud gloriosa, c u a n grata m e eres y c ó m o brillas en el m u n d o a n t e los ojos e n t e n e b r e c i d o s d e los ignor a n t e s , q u e n o p u e d e n t o m a r p a r t e en la luz d e mis servidores! En su o d i o resplandece la clemencia q u e mis servidores tienen respecto d e su salvación; e n la envidia refulge la a m p l i t u d d e la c a r i d a d ; e n la c r u e l d a d , la pied a d , p u e s el m u n d o es cruel p a r a con ellos, y, p o r el c o n t r a r i o , ellos son piadosos; e n la injuria brilla la paciencia, reina q u e tiene el señorío y g o b i e r n a t o d a virt u d , p o r ser la esencia d e la c a r i d a d . Ella manifiesta las virtudes del alma: d e m u e s t r a si son virtudes f u n d a d a s en mí, B o n d a d e t e r n a , o n o . Vence y n u n c a es vencida; 2 M t 27,40-42 y Me 15,32.

El Diálogo

190

se halla a c o m p a ñ a d a d e la fortaleza y d e la perseverancia; vuelve a casa con la victoria; h a b i e n d o ido al campo d e batalla, vuelve a mí, el Padre e t e r n o , q u e premio sus trabajos, y d e mí reciben la corona de la gloria. 7 8 [Sobre el cuarto estado, que no está separado del tercero.—Las obras del alma que ha llegado a él.—Dios, por la presencia constante, nunca se aparta del alrha.l No quiero dejar a h o r a d e expresarte cuan gratos m e son estos servidores míos, ya c u a n d o se hallan en cuerpo mortal, por h a b e r llegado al tercer estado; en ese mismo a d q u i e r e n el cuarto. Este no se e n c u e n t r a separ a d o del tercero, sino u n i d o con él, d e m o d o que no p u e d e darse el u n o sin el otro, igual q u e mi caridad y la del prójimo, pues es u n fruto del estado tercero, q u e consiste en la u n i ó n conmigo. En él recibe fortaleza sobre fortaleza; n o p o r q u e sufra con paciencia, sino por el ardiente deseo con q u e quiere sufrir por la gloria y alabanza d e mi n o m b r e . Ellos se glorían en los oprobios d e mi Hijo unigénito como el glorioso San Pablo, mi heraldo: «Me glorío en las tribulaciones de Cristo crucificado» '. En otro lugar dice: «Llevo las señales d e Cristo crucificado en mi cuerpo» . C o m o e n a m o r a d o s de mi a m o r y hambrientos del alimento q u e son las almas, corren a la mesa d e la cruz santísima, q u e r i e n d o ser útiles al prójimo y conservar y adquirir las virtudes llevando las señales d e Cristo en sus cuerpos con penas y m u c h o sufrir. Esto indica q u e en su cuerpo brilla el a m o r ardiente, manifestándolo con el desprecio de sí mismos y con el placer en los oprobios, sufriendo las penas y trabajos que les envío por todas partes y d e todas las m a n e r a s . A estos hijos míos queridísimos, las penas les resultan deleites, y la fatiga todo consuelo y placer que a veces el m u n d o les p u e d e proporcionar. P o r q u e no sólo los da el m u n d o por dispensación mía, sino q u e hasta reciben consuelo d e mí, el Padre. En su espíritu menosprecian las ayudas q u e a veces les otorgan los servidores del 2

1

2 Cor 12,19-20.

2

Gal 6,17.

La doctrina del puente

191

m u n d o , lo m i s m o q u e la r e v e r e n c i a q u e les g u a r d a n impelidos p o r m i d i v i n a b o n d a d . N o m e n o s p r e c i a n el c o n s u e l o , el d o n y m i gracia, sino el d e l e i t e q u e halla el a l m a y el d e s e o d e tal consolación. Esto o c u r r e e n r a z ó n d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d a d q u i r i d a e n el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o . Ella, a m a y n o d r i z a d e la c a r i d a d , es a d q u i r i d a p o r el v e r d a d e r o conocim i e n t o d e mí y d e sí. Ves, p u e s , q u e la v i r t u d r e s p l a n d e ce e n sus c u e r p o s y e n su espíritu c o n los signos d e Cristo crucificado. A éstos les es d a d o n o s e n t i r s e s e p a r a d o s d e m í , c o m o te dije d e los o t r o s , d e los q u e m e a p a r t o y vuelvo; h a c i é n d o l o n o e n c u a n t o a la gracia, sino e n c u a n t o a las p e r c e p c i o n e s sensibles. N o h a g o lo m i s m o c o n los p e r fectísimos, los q u e h a n a l c a n z a d o la perfección m á x i m a , m u e r t o s t o t a l m e n t e a su v o l u n t a d , sino q u e c o n t i n u a m e n t e r e p o s o e n sus a l m a s p o r la gracia y m e dejo s e n t i r e n ellos. Es decir, q u e c a d a vez q u e p o r a m o r d e s e a n u n i r s e e n espíritu c o n m i g o , lo p u e d e n h a c e r , p u e s su d e s e o h a c o n s e g u i d o tal u n i ó n p o r afecto d e a m o r , q u e n a d a les p u e d e a p a r t a r , sino q u e t o d o l u g a r es a p t o p a r a h a c e r l o y t o d o t i e m p o es p a r a ellos t i e m p o d e o r a c i ó n . Su t r a t o está p o r e n c i m a d e la t i e r r a y p u e s t o e n el cielo, o sea, q u e su afecto t e r r e n o y a m o r sensible les h a sido e r r a d i c a d o . U n a vez s u b i d o s los tres escalones q u e te m o s t r é c o m o alegoría e n el c u e r p o d e m i Hijo u n i g é n i to, se h a n e l e v a d o a las a l t u r a s celestiales p o r la escala d e la v i r t u d . E n el p r i m e r o d e s c a l z a r o n los pies d e l afecto d e l a m o r al vicio; e n el s e g u n d o p r o b a r o n los secretos y afectos d e l c o r a z ó n , d o n d e c o n c i b i e r o n la v i r t u d ; e n el t e r c e r o e x p e r i m e n t a r o n la v i r t u d e n sí m i s m o s y, e l e v á n d o s e del a m o r i m p e r f e c t o , a d q u i r i e r o n la m á x i m a perfección. Así h a n e n c o n t r a d o el d e s c a n s o e n la d o c t r i n a d e m i V e r d a d , y t a m b i é n la c o m i d a y el c a m a r e r o . El m a n j a r lo s a b o r e a n m e d i a n t e la d o c t r i n a d e C r i s t o c r u c i f i c a d o , m i Hijo u n i g é n i t o . Yo soy p a r a ellos l e c h o y m e s a . El d u l c e y a m o r o s o V e r b o es su m a n j a r , t a n t o p o r q u e los r e c i b e n d e este glorioso V e r b o c o m o p o r q u e El es la c o m i d a q u e se os d a . Su c a r n e y su s a n g r e , Dios y h o m b r e v e r d a d e r o , las recibís e n el s a c r a m e n t o d e l altar, p r e p a r a d o y d a d o p o r

192

El Diálogo

mi b o n d a d , mientras sois peregrinos y caminantes, p a r a q u e no desfallezcáis p o r la debilidad y p a r a q u e no perdáis la m e m o r i a d e beneficio d e la sangre d e r r a m a d a p o r vosotros con tan ardiente a m o r , y p a r a q u e siemp r e os halléis fuertes y contentos d u r a n t e vuestro camin a r . El Espíritu Santo, esto es, el afecto d e mi caridad, es el c a m a r e r o q u e r e p a r t e los d o n e s y las gracias. Este dulce c a m a r e r o trae y lleva: trae y m e ofrece sus dulces y amorosos deseos y lleva al alma el fruto d e la caridad divina y de sus trabajos, gustando y alimentándose d e la d u l z u r a d e mi caridad. Por eso, yo soy la mesa; mi Hijo, la comida, y el Espíritu Santo, q u e procede d e mí y del Hijo, el servidor. Advierte, pues, cómo m e sienten c o n t i n u a m e n t e en su espíritu. C u a n t o más h a n despreciado el deleite y a m a d o el sufrimiento, más carecen d e él, y por ello enc u e n t r a n gozo. ¿Por qué? P o r q u e se hallan encendidos y a r d i e n d o en mi caridad, en la q u e su voluntad es r e d u cida a cenizas. Por eso, el d e m o n i o teme el báculo d e la caridad, y lanza las flechas d e lejos y no se atreve a acercárseles. El m u n d o golpea la corteza d e su c u e r p o c r e y e n d o hacerles d a ñ o , y se lo hace a sí mismo; p o r q u e la flecha q u e no e n c u e n t r a d ó n d e p e n e t r a r , se vuelve c o n t r a el q u e la arroja. Esto sucede al m u n d o con las saetas d e sus injurias, persecuciones y m u r m u r a c i o n e s : c u a n d o las lanza c o n t r a mis perfectísimos servidores, no e n c u e n t r a lugar alguno por d o n d e hacerlas entrar, porq u e está c e r r a d o el h u e r t o d e su alma, y las saetas, enven e n a d a s con la ponzoña del pecado, rebotan contra el q u e las ha arrojado. Mira c ó m o por n i n g u n a parte se les p u e d e herir, porq u e , hiriendo al c u e r p o , no se hiere al alma. Por el contrario, ésta se e n c u e n t r a feliz y a la vez afligida: afligida, p o r el pecado del prójimo, y feliz, p o r la unión y afecto d e la caridad q u e ha recibido. Estos imitan al C o r d e r o inmaculado, mi Hijo unigénito, q u e , estando en la cruz, se hallaba feliz y afligido: afligido, al soportar la cruz, sufriendo en el cuerpo los trabajos y el deseo d e satisfacer p o r el pecado del género h u m a n o , y feliz p o r q u e la naturaleza divina, u n i d a a la h u m a n a , n o podía sufrir, y c o n s t a n t e m e n t e hacía feliz a aquella naturaleza h u m a n a al mostrársele sin velo al-

La doctrina del puente

193

g u n o . Y p o r esto se h a l l a b a feliz y afligido, p u e s la c a r n e sufría, m i e n t r a s q u e la d i v i n i d a d n o p o d í a p a d e c e r . L o m i s m o o c u r r e al a l m a e n c u a n t o a la p a r t e s u p e r i o r d e l entendimiento. D e ía m i s m a m a n e r a , e s t o s hijos q u e r i d o s , los q u e h a n l l e g a d o al t e r c e r o y c u a r t o g r a d o s , se e n c u e n t r a n aflig i d o s p o r llevar la c r u z t e m p o r a l y espiritual, e s t o es, s u f r i e n d o t e m p o r a l m e n t e las p e n a s e n su c u e r p o e n la m e d i d a e n q u e y o lo p e r m i t o ; t a m b i é n la c r u z d e l d e s e o , es d e c i r , el t o r t u r a n t e d o l o r p o r el p e c a d o c o n t r a m í y e n perjuicio d e l p r ó j i m o . R e p i t o q u e s o n felices p o r el d e l e i t e d e la c a r i d a d , q u e les h a c e b i e n a v e n t u r a d o s y n o les p u e d e s e r a r r e b a t a d a , p o r lo q u e r e c i b e n a l e g r í a y felicidad. P o r esta r a z ó n n o se l l a m a a e s t e d o l o r « d o l o r aflictivo», q u e e m p o b r e c e al a l m a , sino « d o l o r a u m e n t a tivo», p o r q u e la h a c e c r e c e r e n el afecto d e la c a r i d a d , p u e s las p e n a s a u m e n t a n , fortifican, a c r e c i e n t a n y p o n e n d e m a n i f i e s t o la v i r t u d . Así q u e la p e n a es a u m e n t a t i v a y n o aflictiva, ya q u e n i n g ú n d o l o r ni p e n a la p u e d e n a p a r t a r d e l f u e g o . C o m o el t i z ó n , c u a n d o se halla h e c h o b r a s a e n el h o r n o , n o h a y q u i e n lo p u e d a c o g e r p a r a a p a g a r l o , p o r q u e t o d o él es f u e g o , así las a l m a s , p u e s t a s e n el h o r n o d e m i carid a d , n o q u e d a n f u e r a d e m í ; n i n g u n a q u e d a c o n su vol u n t a d p r o p i a , sino h e c h a c o m p l e t a m e n t e f u e g o e n m í . N a d i e las p u e d e a g a r r a r y a p a r t a r l a s d e m i gracia, p o r q u e se h a n h e c h o u n a cosa c o n m i g o y yo c o n ellas. N u n ca m e a p a r t o d e su p r e s e n c i a , su espíritu m e s i e n t e d e n t r o d e sí, m i e n t r a s , c o m o te dije, d e los o t r o s m e a p a r t o y v u e l v o , d e s a p a r e c i e n d o a su p e r c e p c i ó n , a u n q u e n o e n c u a n t o a la gracia. E s t o lo h a g o p a r a q u e c o n s i g a n la p e r f e c c i ó n . L l e g a d o s a ella, a b a n d o n o el j u e g o d e l a m o r , ese m a r c h a r y v o l v e r q u e se l l a m a «juego d e a m o r » , p o r q u e p o r a m o r d e s a p a r e z c o y p o r a m o r vuelvo. N o soy yo p r e c i s a m e n t e q u i e n d e s a p a r e c e , p u e s soy i n m u t a b l e , sino la\ p e r c e p c i ó n q u e p o n e m i c a r i d a d e n el a l m a ; ella es la q u e va y v u e l v e . 7 9 [Dios no se aparta de estos perfectísimos ni por perfección ni por gracia, pero sí por unión.) Decía q u e los p r i v a d o s p o r mí d e la p e r c e p c i ó n n u n c a p i e r d e n m i p r e s e n c i a . E n a l g ú n m o d o , sin e m b a r g o , m e

194

El Diálogo

aparto d e ellos, p o r q u e el alma q u e se halla unida al cuerpo no es capaz d e recibir d e m o d o p e r m a n e n t e la unión q u e verifico en ella, y, por no ser apta, me retiro; no por causa de la percepción o d e la gracia, sino por la unión. Se elevan las almas con anhelante deseo, corren con brío por el p u e n t e d e la doctrina d e Cristo crucificad o , alcanzan la p u e r t a por la elevación d e su espíritu hacia mí. Empapadas y embriagadas d e sangre, arden con fuego d e a m o r y saborean en mí la eterna divinidad, que en ellas es m a r d e paz, d o n d e han logrado tan perfecta unión q u e el espíritu no tiene movimiento alguno que se halle fuera d e mí. A pesar d e ser mortales, experimentan los bienes inmortales, y, soportando la pesadez del cuerpo, reciben la agilidad del espíritu. Por eso, muchas veces el cuerpo es elevado d e la tierra, a causa d e la unión efectuada conmigo; algo así como si u n c u e r p o pesado se hiciese volátil. No por ello pierde su gravedad, sino que la unión q u e el alma ha hecho conmigo es más completa que la existente e n t r e el alma y el cuerpo, y por eso la fuerza del espíritu u n i d o a mí levanta d e la tierra el peso del cuerpo, y éste q u e d a inmóvil, completamente d e s p r e n d i d o por el afecto del alma, a la vez q u e , como recordarás haber oído d e algunas personas, le sería imposible vivir si mi b o n d a d no lo r o d e a r a d e fortaleza. Por eso quiero q u e sepas q u e es mayor milagro ver q u e el alma no se separa del c u e r p o d u r a n t e esta unión, q u e ver m u c h o s cuerpos resucitados. Y así, yo, por algún tiempo, la privo d e la unión, haciendo volver al alma al vaso d e su cuerpo; es decir, q u e el cuerpo, totalm e n t e enajenado por el afecto del alma, recobra su sensibilidad. No es q u e el alma se aparte del cuerpo, lo q u e n o hace sino por la m u e r t e , sino q u e sus potencias la a b a n d o n a n , y también el afecto, por el a m o r unido a mí. Por lo q u e la m e m o r i a no se e n c u e n t r a llena sino d e mí; el e n t e n d i m i e n t o es sublimado al contemplar mi Verd a d ; la voluntad, q u e sigue al entendimiento, ama y se u n e a lo que el e n t e n d i m i e n t o ve. J u n t a s y unidas estas potencias, sumergidas y anegadas en mí, pierde el cuerpo su sensibilidad, de m o d o que el ojo, viendo, no ve; la lengua, hablando, no habla; la m a n o , palpando, no toca, y los pies, c a m i n a n d o , no

La doctrina del puente

195

a v a n z a n . A l g u n a s veces, a c a u s a d e la a b u n d a n c i a d e l c o r a z ó n , se p e r m i t i r á q u e la l e n g u a h a b l e , p a r a q u e se d e s a h o g u e el c o r a z ó n y p a r a a l a b a n z a y g l o r i a d e mi n o m b r e . T o d o s los m i e m b r o s se h a l l a n e n t o r p e c i d o s y o c u p a d o s p o r el s e n t i m i e n t o d e l a m o r . P o r estos lazos e s t á n s o m e t i d o s a la r a z ó n y u n i d o s p o r el afecto d e l a l m a , y casi c o n t r a su n a t u r a l e z a , u n a vez q u e m e p i d e n a m í , el P a d r e e t e r n o , ser s e p a r a d o s d e l a l m a , y ésta d e l c u e r p o . C l a m a n a n t e mí c o n el g l o r i o s o San P a b l o : «¡Desventurado d e mí!; ¿quién m e desligará del cuerpo? P o r q u e t e n g o u n a ley p e r v e r s a q u e l u c h a c o n t r a el espíritu» San Pablo n o h a b l a sólo d e la l u c h a d e lo sensible c o n t r a el e s p í r i t u , p u e s p o r mis p a l a b r a s se lo h a b í a a s e g u r a d o c u a n d o le dije: «Pablo, b á s t e t e m i gracia» . ¿ P o r q u é lo decía? P o r q u e se sentía l i g a d o al vaso d e l c u e r p o , q u e le i m p e d í a v e r m e p o r u n espacio d e t i e m p o , es d e c i r , h a s t a la h o r a d e la m u e r t e . L a vista le i m p e d í a v e r m e a m í , T r i n i d a d e t e r n a , c o n la visión d e los i n m o r t a l e s bien a v e n t u r a d o s , q u e c o n t i n u a m e n t e d a n gloria y a l a b a n z a a m i n o m b r e , y se e n c o n t r a b a e n t r e los m o r t a l e s , q u e d e c o n t i n u o m e o f e n d e n ; p r i v a d o d e m i visión, es d e c i r , d e v e r m e e n m i esencia. N o es q u e él y los d e m á s s e r v i d o r e s m í o s n o m e v e a n y g u s t e n , n o e n la esencia, sino d e m o d o s d i v e r s o s , c o n el afecto d e la c a r i d a d , s e g ú n place a mi b o n d a d p r e s e n t a r m e a v o s o t r o s , sino q u e t o d o lo q u e ve el a l m a m i e n t r a s está e n el c u e r p o es o s c u r i d a d e n c o m p a r a c i ó n c o n lo q u e ve c u a n d o está s e p a r a d a d e él. P o r e s t o p a r e c í a a S a n P a b l o q u e su vista, c o m o s e n t i d o , le i m p e d í a el v e r del e s p í r i t u , es d e c i r , q u e la e x p e r i e n c i a h u m a n a d e la p e s a d e z d e l c u e r p o o b s t a c u l i z a b a t a n t o al e n t e n d i m i e n to, q u e n o le d e j a b a v e r m e c a r a a c a r a . L e p a r e c í a q u e la v o l u n t a d h u m a n a se hallaba i m p e d i d a p a r a p o d e r a m a r t a n t o c o m o d e s e a b a , p u e s t o q u e t o d o a m o r e n esta vida es i m p e r f e c t o h a s t a q u e c o n s i g u e la p e r f e c c i ó n . El a m o r d e Pablo y d e los d e m á s s e r v i d o r e s m í o s n o e r a i m p e r f e c t o e n gracia y c a r i d a d , sino p e r f e c t o . E r a i m p e r f e c t o e n c u a n t o q u e n o se saciaba e n su a m o r , p o r 2

1

R o m 7.24 y a l u s i ó n

2 2 Cor

12,9.

autobiográfica.

196

El Diálogo

lo cual sufría. Si hubiese estado s a t u r a d o del deseo d e lo q u e amaba, n o habría tenido pena; p e r o como el amor, mientras se está en el cuerpo, n o es completo en quien ama, d e ahí la pena. U n a vez separada el alma del cuerpo, su deseo se enc u e n t r a satisfecho, y por ello a m a sin sufrir. Se encuentra saciada, y no sufre el hastío d e la saciedad. A u n saciada, tiene h a m b r e , pero no la sufre, p o r q u e su capacid a d receptiva se halla d e verdad d e s b o r d a d a y tan firme y estable, q u e no p u e d e ya desear cosa q u e no tenga: si desea verme, m e ve cara a cara; si quisiere ver la gloria y alabanza d e mi n o m b r e , la ve en mis santos, en los ángeles y en los h o m b r e s . 80 [Los m u n d a n o s d a n gloria y alabanza a Dios, lo quieran o no.]

La visión del alma perfecta es tan completa, que ve la gloria y alabanza d e mi n o m b r e n o sólo en los ciudadanos q u e están en la vida eterna, sino también en las criaturas mortales. Lo quiera el m u n d o o n o , ellos m e d a n gloria. Ciertamente q u e no m e la d a n g r a n d e como deberían, a m á n d o m e sobre todas las cosas; pero, por mi parte, yo recibo d e su gloria y alabanza lo q u e en ellos brilla d e mi misericordia y d e la abundancia d e mi caridad, pues les concedo tiempo y n o m a n d o a la tierra q u e los trague, sino q u e espero y o r d e n o que la tierra les dé sus frutos; el sol, q u e les caliente, la luz y el calor, y q u e el cielo se siga moviendo. En todas las cosas creadas, hechas para vosotros, ejercito mi misericordia y caridad, no privándoles d e ellas p o r sus pecados, sino que tanto doy al pecador como al j u s t o . Muchas veces doy más al pecador, p o r q u e los justos se hallan más dispuestos a sufrir, y les quito los bienes d e la tierra para darles con más abundancia los del cielo. De este m o d o brillan en ellos mi misericordia y mi caridad; unas veces, en las persecuciones q u e los servidores del m u n d o les p r o c u r a r á n , dándoles ocasión para ejercitar en ellos las virtudes d e la paciencia y d e la carid a d . C u a n d o u n servidor mío sufre, ofrece oraciones humildes y continuas, y con ello me da gloria y alaba mi

La doctrina del puente

197

n o m b r e . P o r e s o , lo q u i e r a o n o el m a l v a d o , a u n q u e su móvil sea m á s b i e n i n j u r i a r m e , m e d a gloria, p o r el m o d o d e r e a c c i o n a r mis s e r v i d o r e s . 81

[Hasta los demonios dan gloria y alabanza a Dios.]

Los m a l o s se h a l l a n e n esta vida p a r a a u m e n t a r la virt u d d e m i s s e r v i d o r e s , al m o d o q u e los d e m o n i o s e s t á n e n el i n f i e r n o c o m o v e r d u g o s e i n s t r u m e n t o s m í o s , o sea, e j e r c i e n d o la j u s t i c i a c o n los c o n d e n a d o s y c o m o estímulo p a r a t o d a s las c r i a t u r a s q u e a n d a n y p e r e g r i n a n p o r e s t a vida, q u e e s t á n h e c h a s p a r a u n i r s e a m í , su fin. Ellos h a c e n c r e c e r a m i s s e r v i d o r e s e j e r c i t á n d o l o s e n la v i r t u d c o n m u c h o s trabajos y t e n t a c i o n e s d e diversos m o d o s : h a c i e n d o q u e se i n j u r i e n u n o s a o t r o s , se r o b e n u n o s a o t r o s ; y n o sólo p o r m e d i o d e las cosas e injurias, sino p r i v á n d o l o s d e la c a r i d a d . C r e y e n d o p e r j u d i c a r l e s c o n ello, los h a c e n f u e r t e s y q u e e n ellos se m a n i f i e s t e n las v i r t u d e s d e la paciencia, fortaleza y p e r s e v e r a n c i a . D e e s t e m o d o d a n g l o r i a y a l a b a n z a a m i n o m b r e y se c u m p l e m i v e r d a d e n los q u e c r e é p a r a gloria y a l a b a n za d e m í , P a d r e e t e r n o , y p a r a q u e p a r t i c i p e n d e m i h e r m o s u r a . Al r e b e l a r s e los d e m o n i o s c o n t r a m í p o r la sob e r b i a , c a y e r o n y f u e r o n p r i v a d o s d e m i visión. N o m e d a n g l o r i a e n dilección d e a m o r ; p e r o yo, V e r d a d e t e r na, los h e d e s t i n a d o a ser i n s t r u m e n t o p a r a ejercitar a mis s e r v i d o r e s e n la v i r t u d y c o m o v e r d u g o s d e los q u e p o r sus p e c a d o s van a la e t e r n a c o n d e n a c i ó n , lo m i s m o q u e d e los q u e v a n al p u r g a t o r i o . Ves, p u e s , q u e m i verd a d se realiza e n ellos, es decir, q u e m e d a n gloria n o c o m o c i u d a d a n o s d e la v i d a e t e r n a , p u e s se h a l l a n privad o s d e ella p o r sus p e c a d o s , sino c o m o e j e c u t o r e s d e la justicia, q u e se m a n i f i e s t a c o n los c o n d e n a d o s y c o n los del purgatorio. 8 2 [Después de haber pasado de esta vida, el alma ve perfectamente la gloria y alabanza del nombre de Dios en toda criatura.—Se le termina el sufrimiento, pero no el deseo.] ¿ Q u i é n ve y p e r c i b e q u e e n t o d o lo c r e a d o , e n los d e m o n i o s y e n las c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , se p u e d a c o n t e m -

198

El Diálogo

piar la gloría y alabanza d e mi n o m b r e ? £1 alma despoj a d a del c u e r p o y u n i d a a mí, su fin, lo ve con precisión, y con su m i r a d a conoce la verdad. V i é n d o m e a mí, Pad r e e t e r n o , ama; a m a n d o , q u e d a saciada; ya saciada, conoce la verdad; conociendo la verdad, su voluntad se hace firme en la mía. Así q u e d a a s e g u r a d a y estable d e tal forma, q u e en n i n g u n a m a n e r a p u e d e sufrir, p o r q u e tiene lo q u e deseaba t e n e r antes d e v e r m e y d e ver la gloria y h o n r a d e mi n o m b r e . Esto lo ve con plenitud en mis santos, e n los espíritus bienaventurados, en las d e m á s criaturas y en los d e m o nios, c o m o te h e dicho. Y, a u n q u e ven ellos las ofensas q u e m e hacen, p o r las q u e antes sufrían, ahora n o pued e n tener dolor, sino compasión sin dolor, a m a n d o a los pecadores y suplicándome con afecto d e caridad q u e haga misericordia al m u n d o . H a concluido su sufrimiento, p e r o n o su caridad, c o m o sucedió con el V e r b o d e mi Hijo unigénito en lo alto d e la cruz. En la dolorosa m u e r t e terminó la pena d e su t o r t u r a d o deseo d e la cruz] pues había sufrido por vuestra salvación d e s d e el principio, en que le envié al m u n d o , hasta el último m o m e n t o d e la m u e r t e . Con ella n o terminó el deseo d e vuestra salvación, p e r o sí los sufrimientos; p o r q u e , si hubiese cesado el afecto d e mi caridad q u e os mostré por El, entonces ya no existiríais. Pero mi a m o r os creó y os conserva. Y como yo soy u n o con mi V e r d a d , el Verbo e n c a r n a d o , y El conmigo, di fin al sufrimiento del deseo, p e r o n o al a m o r del deseo. Observa cómo todos los santos y almas q u e se hallan e n la vida e t e r n a tienen el deseo d e la salvación d e las almas, sin sufrimiento. Este concluyó con su m u e r t e , p e r o n o el afecto d e la caridad; más bien, como embriagados en la sangre del C o r d e r o inmaculado, vestidos con la caridad p a r a con el prójimo, atravesaron la puerta estrecha. Están bañados en la sangre d e Cristo crucificado y en mí, Mar d e paz; se vieron elevados d e la imperfección y d e la insatisfacción a la perfección y saciados d e todo bien. 1

La doctrina del puente

199

83 [ D e s p u é s q u e S a n P a b l o f u e l l e v a d o a v e r la g l o r i a d e los b i e n a v e n t u r a d o s , d e s e a b a ser l i b e r a d o d e su c u e r p o . — E s t o o c u r r e t a m b i é n c o n los q u e h a n l l e g a d o a los m e n c i o n a d o s tercero y cuarto grados. I

San Pablo h a b í a visto y e x p e r i m e n t a d o este bien c u a n d o lo elevé al t e r c e r cielo ', es decir, a las a l t u r a s d e la T r i n i d a d . E n t o n c e s g u s t ó y c o n o c i ó m i V e r d a d . Allí r e cibió el Espíritu S a n t o c o n p l e n i t u d y a p r e n d i ó la d o c t r i n a d e m i V e r d a d , el V e r b o e n c a r n a d o , y se revistió su a l m a d e la p e r c e p c i ó n y u n i ó n a m í , P a d r e e t e r n o — c o m o los b i e n a v e n t u r a d o s d e la vida p e r d u r a b l e — , c o n la excepción d e q u e el a l m a n o salió d e l c u e r p o . O c u r r i ó esto p o r q u e fue d e l a g r a d o d e m i b o n d a d hacerlo vaso d e elección e n el a b i s m o d e m í , T r i n i d a d e t e r n a . Lo despojé d e mí, p o r q u e e n m í n o c a b e sufrim i e n t o , y yo q u e r í a q u e sufriese a c a u s a d e m i n o m b r e . C o m o finalidad p u s e a n t e los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o a su Cristo crucificado, r e v i s t i é n d o l e d e su d o c t r i n a , atad o y e n c a d e n a d o c o n la c l e m e n c i a d e l Espíritu S a n t o , f u e g o d e c a r i d a d . C o m o a vaso e l e g i d o , r e f o r m a d o p o r mi b o n d a d p o r n o h a c e r resistencia, fue h e r i d o p o r mí, y m e dijo: «Señor m í o , ¿ q u é q u i e r e s q u e h a g a ? D i m e lo q u e t e n g o q u e h a c e r y lo h a r é » . C u a n d o le p u s e a n t e los ojos a Cristo crucificado, le instruí, o t o r g á n d o l e la doctrina de mi Verdad. Iluminado perfectísimamente p o r la luz d e la v e r d a d e r a c o n t r i c i ó n , f u n d a d a e n m i car i d a d , c o n la q u e lo rescaté d e su p e c a d o , se vistió d e la d o c t r i n a d e Cristo c r u c i f i c a d o . El la e s t r e c h ó c o n t r a sí, d e m o d o q u e , c o m o m a n i f e s t ó , j a m á s le fue a r r e b a t a d a ni p o r t e n t a c i ó n d e los d e m o n i o s ni p o r el aguijón d e la c a r n e , q u e m u c h a s veces lo c o m b a t í a . N i las tribulaciones ni p o r c a u s a a l g u n a q u e le o c u r r i e s e a b a n d o n a b a la v e s t i d u r a d e Cristo crucificado , es decir, la p e r s e v e r a n cia e n su d o c t r i n a , sino, m á s b i e n , la hacía c a r n e suya. Mi b o n d a d lo a b a n d o n ó a sí m i s m o p a r a a c r e c e n t a r l o e n gracia y e n m é r i t o p o r la h u m i l l a c i ó n , p u e s él h a b í a g u s t a d o las a l t u r a s d e la T r i n i d a d . A b r a z ó esta d o c t r i n a d e 2

3

1 2 Cor 2

12,2-4.

Act 2 2 , 1 0 . ' 2 C o r 12,7.

200

El

Diálogo

tal m a n e r a , q u e por ella dio la vida, y con esa vestidura volvió a mí, Dios eterno. Así aprendió San Pablo qué es gustar a Dios libre de la pesadez del cuerpo, haciéndoselo experimentar yo por la percepción de la unión y no por la separación. Después, vuelto en sí, vestido de Cristo crucificado, su amor le parecía imperfecto comparado con la perfección que había visto en mí y en los santos separados del cuerpo. Por eso juzgaba que la pesantez del cuerpo se le oponía, esto es, le impedía la gran perfección y saturación q u e adquiere el alma después de la m u e r t e . Creía que la memoria, tal como es, era imperfecta, por lo cual se le impedía el r e c o r d a r y el ser apto para recibirme y gust a r m e de veras con la perfección con q u e me reciben los santos. Por eso juzgaba que todas las cosas, mientras permanecieran en su cuerpo, eran u n a inclinación perversa que luchaba y se rebelaba contra el espíritu. No tuvo lucha con el pecado, pues ya te dije cómo se lo aseguré: «Pablo, te basta mi gracia» , sino la lucha con lo que le impedía la perfección total de su espíritu, es decir, de verme en mi esencia. Esta visión le era estorbada por la inclinación y pesantez del cuerpo, y por ello clamaba: «¡Hombre desventurado!; ¿quién me desligará de mi cuerpo?; pues tengo una inclinación perversa pegada a mis miembros q u e lucha contra el espíritu» . Y era la realidad, pues la memoria era contradicha por la imperfección corporal; el entendimiento, obstaculizado y atado por la pesadez del cuerpo para q u e no viera cómo soy en mi esencia, y la voluntad, a m a r r a d a , pues por el peso del cuerpo podía con dificultad llegar a a g r a d a r m e a mí, Dios e t e r n o . Pablo decía verdad: tenía atada al cuerpo u n a ley que luchaba contra su espíritu. 4

5

Igualmente, los servidores míos, de los q u e te dije q u e habían alcanzado el tercero y cuarto estados de la perfecta unión conmigo, claman con él, q u e r i e n d o ser desligados y separados del cuerpo. 4

2 Cor

5

Rom

12,19. 7,24.

La doctrina del puente

201

8 4 (Razones por las que el alma deseaba ser liberada del cuerpo.—Al no poder ser así, no por eso disiente de la voluntad de Dios.—Más bien se gloría en este y en cualquier otro sufrimiento en honor a Dios.l Estos tales n o c o n s i d e r a n m a l a a la m u e r t e , p o r q u e t i e n e n d e s e o s d e ella. H a n c o m b a t i d o a su c u e r p o c o n a b o r r e c i m i e n t o p e r f e c t o , p o r lo q u e h a n p e r d i d o la suav i d a d e x i s t e n t e e n t r e él y el a l m a . H a n d a d o u n a t a q u e decisivo al a m o r n a t u r a l , c o n a b o r r e c i m i e n t o d e la vida c o r p o r a l y c o n a m o r a m í . D e s e a n la m u e r t e , y p o r ello d i c e n : « ¿ Q u i é n m e d e s l i g a r á d e mi c u e r p o ? D e s e o ser d e s l i g a d o d e l c u e r p o y e s t a r c o n Cristo» . Y c o n el m i s m o P a b l o a ñ a d e n : « T e n g o la m u e r t e e n el d e s e o y llevo la vida c o n paciencia»; p o r q u e , e l e v a d a el a l m a a la p e r fecta u n i ó n , d e s e a c o n t e m p l a r m e y v e r q u e se m e d a gloria y a l a b a n z a . P o r eso, al volver a la n u b e d e su c u e r p o , al t e n e r c o n c i e n c i a d e él, yo m e s e p a r o d e l a l m a ; p e r o sin r e t i r a r l e m i g r a c i a ni la s e n s a c i ó n d e m i p r e s e n cia, c o m o te dije e n el s e g u n d o y t e r c e r e s t a d o s . La p e r c e p c i ó n e n el c u e r p o a t r a í d o hacia m í se d e b e al afecto d e l a m o r , p u e s t o d a s las sensaciones d e l c u e r p o p r o c e d e n d e la fuerza d e l afecto d e l a l m a , u n i d a a mí m á s p e r f e c t a m e n t e q u e lo e s t á n él y el a l m a . Ya te dije q u e el c u e r p o n o es capaz d e s o p o r t a r d e c o n t i n u o la u n i ó n d e Dios y el a l m a , r a z ó n p o r la q u e la i n t e r r u m p o . P e r o s i e m p r e vuelvo c o n m á s a b u n d a n c i a d e g r a c i a y m á s p e r f e c t a u n i ó n , m á s p r o f u n d i d a d e n la v e r d a d y m á s con o c i m i e n t o e n el a l m a m a n i f e s t á n d o m e a ellos. C u a n d o m e r e t i r o d e la m a n e r a d i c h a , vuelve el c u e r p o a sentirse a sí m i s m o . El a l m a se c a n s a d e vivir al v e r d e s a p a r e c i d a su u n i ó n c o n m i g o , y c o m o cesa el t r a t o c o n los inm o r t a l e s q u e m e d a n g l o r i a , se e n c u e n t r a c o n los m o r t a les, a q u i e n e s ve o f e n d e r m e t a n m i s e r a b l e m e n t e . l

Este es el a t o r m e n t a d o d e s e o q u e s u f r e n : el v e r m e o f e n d i d o p o r m i s c r i a t u r a s . P o r e s t o y p o r el ansia d e v e r m e se h a h e c h o u n a cosa c o n m i g o p o r el afecto d e a m o r , n o p u e d e n q u e r e r ni d e s e a r s i n o lo q u e yo q u i e r o . A n s i a n v e n i r a m í ; p e r o , si q u i e r o q u e p e r m a n e z c a n c o n sus trabajos p a r a m a y o r gloria y a l a b a n z a d e mi 1

Flp 1,13.

202

El

Diálogo

n o m b r e y salvación d e l a l m a , e s t á n c o n t e n t o s d e p e r m a n e c e r e n el m u n d o . E n n a d a d i s c u e r d a n d e m i v o l u n t a d , sino q u e c o r r e n c o n a n h e l a n t e d e s e o , vestidos d e Cristo crucificado, p o r el p u e n t e d e su d o c t r i n a , g l o r i á n d o s e e n los o p r o b i o s y p e n a s . Se a l e g r a n t a n t o c o m o v e n q u e s u f r e n ; es m á s , sufrir m u c h a s t r i b u l a c i o n e s les es u n alivio e n el d e s e o d e la m u e r t e , ya q u e m u c h a s veces, p o r ansia y v o l u n t a d d e sufrir, se m i t i g a la p e n a q u e t i e n e n d e verse libres del cuerpo. N o sólo o b r a n c o n paciencia, c o m o e n el t e r c e r estad o , sino q u e se g l o r í a n d e p a d e c e r p o r m i n o m b r e m u c h a s t r i b u l a c i o n e s . E n p a d e c e r e n c u e n t r a n gozo, y p e n a e n n o t e n e r l a s , p o r t e m o r a q u e n o q u i e r a yo g a l a r d o n a r las b u e n a s d e esta v i d a y q u e n o m e sea a g r a d a b l e el sacrificio d e sus d e s e o s . S u f r i e n d o , se a l e g r a n d e q u e yo p e r m i t a sus t r i b u l a c i o n e s , p o r verse revestidas d e las p e nas y o p r o b i o s d e C r i s t o crucificado. P o r lo q u e , si les fuese posible la v i r t u d sin trabajos, n o la q u e r í a n , p u e s d e s e a n m á s a l e g r a r s e e n la c r u z d e Cristo y a d q u i r i r las v i r t u d e s c o n s u f r i m i e n t o q u e o b t e n e r la vida e t e r n a d e otro modo. ¿Y p o r q u é ? P o r q u e se hallan i n m e r s o s y a n e g a d o s e n la s a n g r e , d o n d e e n c u e n t r a n m i a r d i e n t e c a r i d a d . Esta es f u e g o q u e p r o c e d e d e m í , q u e a r r o b a su c o r a z ó n y su m u e r t e , a c e p t a n d o el sacrificio d e sus d e s e o s . Así se eleva el e n t e n d i m i e n t o , m i r á n d o s e e n m i d i v i n i d a d , e n la q u e se a l i m e n t a y u n e el afecto, d e j a n d o a t r á s el e n t e n d i m i e n t o . Esta visión se e f e c t ú a p o r m e d i o d e la gracia infusa q u e d o y al a l m a q u e d e veras m e a m a y m e sirve. 85 [ L o s q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o u n i t i v o t i e n e n i l u m i n a d a la i n t e l i g e n c i a p o r u n a l u z s o b r e n a t u r a l i n f u n d i d a p o r la g r a c i a . — E s m e j o r q u e el a l m a se a c o n s e j e d e u n h u m i l d e d e s a n ta c o n c i e n c i a q u e d e u n s a b i o s o b e r b i o . I

C o n esta luz e n el e n t e n d i m i e n t o m e vio T o m á s d e A q u i n o ; c o n ella, San A g u s t í n a d q u i r i ó la c l a r i d a d d e su ciencia. A g u s t í n , J e r ó n i m o y o t r o s santos d o c t o r e s , iluminados p o r mi Verdad, entendieron y conocieron mi v e r d a d e n la o s c u r i d a d , es decir, e n la santa E s c r i t u r a . Les p a r e c í a o s c u r a p o r n o ser c o m p r e n s i b l e d e m o d o

La doctrina del puente

203

n a t u r a l ; n o p o r d e f e c t o d e la E s c r i t u r a , sino d e l q u e la i n t e n t a b a c o m p r e n d e r . P o r eso e n v i é yo estas l u m b r e r a s q u e i l u m i n a r a n a las ciegas y t o r p e s inteligencias. Esos d o c t o r e s e l e v a b a n el e n t e n d i m i e n t o p a r a c o n o c e r la verd a d e n las tinieblas, y y o , f u e g o , a c e p t a n d o su sacrificio, les a r r o b a b a , d á n d o l e s luz n o n a t u r a l , sino s o b r e n a t u r a l , y r e c i b í a n e n la o s c u r i d a d la luz, y así c o n o c í a n la v e r dad. P o r e s o , lo q u e p a r e c í a o s c u r o , a p a r e c e a h o r a c o n luz clarísima, ya a los t o r p e s , ya a los inteligentes. C a d a u n o r e c i b e esa luz s e g ú n su c a p a c i d a d y s e g ú n se q u i e r a c a d a u n o p r e p a r a r p a r a c o n o c e r m e , p o r q u e yo n o m e n o s p r e cio su disposición. Ves, p u e s , q u e el e n t e n d i m i e n t o h a r e c i b i d o la luz infusa p o r m e d i o d e la gracia, luz s o b r e n a t u r a l p o r la q u e los d o c t o r e s y d e m á s s a n t o s v i e r o n la luz e n las tinieblas, y d e éstas se hizo luz, p u e s la intelig e n c i a existió a n t e s q u e la E s c r i t u r a , y d e la inteligencia v i e n e la ciencia, el v e r y el d i s c e r n i r . D e este m o d o d i s t i n g u i e r o n y v i e r o n c o n precisión los s a n t o s p a d r e s y los p r o f e t a s q u e p r e d i j e r o n la v e n i d a y m u e r t e d e m i Hijo. L a m i s m a precisión p o s e y e r o n los apóstoles d e s p u é s d e la v e n i d a d e l Espíritu S a n t o , q u e a ñ a d i ó esta luz a su luz n a t u r a l . La t u v i e r o n los e v a n g e listas, los d o c t o r e s , los q u e c o n f e s a r o n la fe, las v í r g e n e s y los m á r t i r e s . T o d o s f u e r o n i l u m i n a d o s p o r esta luz p e r f e c t a . C a d a u n o la t u v o d e m o d o d i s t i n t o , s e g ú n fuer a n e c e s a r i a p a r a su salvación y p a r a las c r i a t u r a s . E n c u a n t o a la explicación d e la s a n t a E s c r i t u r a , la h i c i e r o n los d o c t o r e s p o r la ciencia, e x p l a n a n d o la d o c t r i n a d e m i V e r d a d p o r la p r e d i c a c i ó n d e los apóstoles y las exposiciones e x i s t e n t e s s o b r e los evangelios. Los m á r t i r e s lo h i c i e r o n d a n d o t e s t i m o n i o c o n su s a n g r e d e la luz santís i m a d e la fe y d e l f r u t o y t e s o r o d e la s a n g r e d e l C o r d e r o . Las v í r g e n e s , c o n el afecto d e la c a r i d a d , la p u r e z a y o b e d i e n c i a . Los o b e d i e n t e s d a n t e s t i m o n i o d e la o b e d i e n c i a d e l V e r b o , es decir, d e la p e r f e c c i ó n d e la o b e d i e n c i a q u e brilla e n m i V e r d a d , ya q u e p o r la o b e d i e n cia q u e le i m p u s e c o r r i ó a la a f r e n t o s a m u e r t e d e c r u z . T o d a esta luz q u e a p a r e c e e n el A n t i g u o y N u e v o T e s t a m e n t o — e n el A n t i g u o p o r las profecías d e los s a n t o s p r o f e t a s — fue vista y r e c o n o c i d a p o r el e n t e n d í -

204

El Diálogo

miento p o r m e d i o d e la luz infundida por gracia, añadid a a la luz n a t u r a l , c o m o te he dicho. ¿Cómo es explicada a los fieles cristianos en el N u e v o T e s t a m e n t o , el d e la vida evangélica? Por la misma luz. Y c o m o tenían el mismo origen ambos T e s t a m e n t o s , la nueva ley -no q u e b r a n t ó la antigua, sino q u e se u n i ó a ella; le quitó, sin e m b a r g o , la imperfección, pues la antigua se fundaba ^ólo e n el temor. Al llegar el V e r b o d e mi Hijo unigénito con la ley del a m o r , q u i t a d o el t e m o r d e la p e n a , la perfeccionó d á n dole el a m o r y dejándole el t e m o r santo. Mi V e r d a d , p a r a d e m o s t r a r q u e no era transgresor de la ley, dijo a los discípulos: «Yo no he venido a a n u l a r la ley, sino a darle cumplimiento» '; c o m o si mi V e r d a d les dijese: «La ley, a h o r a imperfecta, la h a r é perfecta con mi sangre, y así d a r é cumplimiento a lo q u e le falta, e c h a n d o fuera el t e m o r d e la pena y f u n d á n d o l a e n el a m o r y santo temor». ¿Quién declaró q u e ella era la verdad? La luz, q u e , d a d a p o r la gracia, se a ñ a d e a la luz n a t u r a l d e los q u e la q u i e r e n recibir; d e m o d o q u e t o d a la luz de la santa Escritura p r o c e d e y ha salido d e esta luz. Por ello, los ign o r a n t e s y soberbios científicos se ciegan a n t e esta luz, p o r q u e la soberbia y la n u b e del a m o r propio ha tapado e impedido t o d a esta luz. Así e n t i e n d e n la Escritura más literalmente q u e con la v e r d a d e r a inteligencia, y, revolviendo libros, se complacen sólo e n la letra y no e n la m é d u l a d e la Escritura, pues p r e s c i n d e n d e la luz con q u e fue d e c l a r a d a y f o r m a d a . Estos se maravillan y m u r m u r a n al ver q u e m u c h o s torpes, desconocedores d e la ciencia escriturística, están, sin e m b a r g o , tan iluminados en el conocimiento d e la verdad c o m o si h u b i e r a n estudiado largo tiempo. N o es d e a d m i r a r , p o r q u e tien e n c o m o razón más i m p o r t a n t e la luz d e q u e proviene la ciencia. Los soberbios han p e r d i d o esta luz; n o ven ni conocen mi b o n d a d , ni la luz d e la gracia infundida e n mis servidores. T e aseguro q u e es más fácil a u n h u m i l d e ignorante, con santa y recta conciencia, c a m i n a r siguiendo el consejo d e la salvación del alma, q u e a u n letrado soberbio, 1

Mt 5,17.

La doctrina del puente

205

e s t u d i a n t e e n m u c h a ciencia; p o r q u e éste n o d a sino lo q u e lleva e n sí —vida d e o s c u r i d a d — , y m u c h a s veces la luz d e la S a g r a d a Escritura le e m p u j a r á a las tinieblas. L o c o n t r a r i o se verá en mis servidores, p u e s la luz q u e poseen la c o m u n i c a n a las criaturas con h a m b r e y d e s e o d e su salvación. T e h e d i c h o esto, dulcísima hija mía, p a r a h a c e r t e con o c e r la perfección d e este e s t a d o unitivo, d o n d e el ent e n d i m i e n t o es a r r e b a t a d o p o r el fuego d e mi c a r i d a d , d e la q u e reciben la luz s o b r e n a t u r a l . C o n ella m e a m a n , p o r q u e el a m o r sigue al c o n o c i m i e n t o , y c u a n t o m á s sé conoce, m á s se a m a , y m á s se c o n o c e ; así, u n o a y u d a a lo o t r o . C o n esta luz llegan a mi e t e r n a visión, e n la q u e m e c o n t e m p l a n y gustan d e veras c u a n d o el a l m a está s e p a r a d a del c u e r p o , c o m o te dije al h a b l a r t e d e la bien a v e n t u r a n z a q u e el a l m a recibe d e mí. Este es aquel estado excelentísimo e n q u e , siendo a ú n m o r t a l , se goza e n t r e los inmortales. Por lo q u e a veces se llega a t a n g r a n u n i ó n , q u e a p e n a s se sabe si está en el c u e r p o o fuera d e él, y e n ese estado gozan las p r i m i cias d e la vida e t e r n a t a n t o p o r la u n i ó n c o n m i g o c o m o p o r q u e la voluntad ha m u e r t o a sí m i s m a . Por esta m u e r t e hizo la u n i ó n c o n m i g o , p u e s d e o t r o m o d o n o la podría lograr. P o r t a n t o , gozan u n a vida e t e r n a privados del infiern o d e la v o l u n t a d propia, q u e o t o r g a las primicias del infierno al h o m b r e q u e vive e n la v o l u n t a d sensitiva.

RECAPITULACIÓN

DE LA DOCTRINA PUENTE

DEL

8 6 [Repetición útil de muchas cosas ya dichas.—Dios invita a esta alma devota a que le pida por todas las criaturas y por la santa Iglesia.! C o n los ojos del e n t e n d i m i e n t o has visto y o í d o d e mí, V e r d a d e t e r n a , c ó m o d e b e s aplicarte a ser d e p r o v e c h o p a r a ti m i s m a y p a r a tu prójimo p o r el c o n o c i m i e n t o d e mi d o c t r i n a y d e mi v e r d a d , c o m o te dije al principio: q u e al c o n o c i m i e n t o d e la v e r d a d se llega p o r el d e sí misma; n o p o r m e r o c o n o c i m i e n t o d e sí, sino s a z o n a d o

206

El Diálogo

y u n i d o p o r el c o n o c i m i e n t o d e mí d e n t r o de ti. E n él has e n c o n t r a d o la h u m i l d a d , el aborrecimiento y desag r a d o d e ti m i s m a y el fuego d e mi caridad. En razón del conocimiento q u e tuviste d e mí d e n t r o d e ti, llegaste al a m o r y dilección del prójimo, siéndole d e utilidad con la d o c t r i n a y con el ejemplo d e u n a vida santa y honesta. T e h e m o s t r a d o t a m b i é n el p u e n t e tal c o m o es y los tres escalones c o m u n e s colocados p o r las tres potencias d e l alma, y c ó m o n a d i e p u e d e t e n e r la vida d e la gracia si n o sube los tres, es decir, q u e los tres, las tres potencias del alma, h a n d e estar j u n t o s . T e los m o s t r é , a d e m á s , e n particular p o r m e d i o d e los tres estados del alma, figurados e n el c u e r p o d e mi Hijo u n i g é n i t o . T e dije q u e d e su c u e r p o había h e c h o escalera, m o s t r á n d o lo e n los pies traspasados, e n la a b e r t u r a del costado y e n la boca, d o n d e el alma saborea la paz y q u i e t u d del m o d o q u e te h e explicado. T e he m o s t r a d o la imperfección del t e m o r servil y la del a m o r c u a n d o se a m a b u s c a n d o sólo la d u l z u r a ; igualmente,, la perfección d e l tercer estado, la d e los q u e h a n alcanzado la paz e n la boca, h a b i e n d o corrido con anheloso d e s e o p o r el p u e n t e d e Cristo crucificado y subido los tres p e l d a ñ o s c o m u n e s , es decir, d e s p u é s d e hab e r puesto las tres potencias del alma j u n t a s , e n las q u e se u n e n sus operaciones e n mi n o m b r e , c o m o arriba te expliqué m á s c l a r a m e n t e . T e m o s t r é también los tres p e l d a ñ o s c o m u n e s , q u e , u n a vez subidos, hacen pasar del estado imperfecto al perfecto. Así has visto c o r r e r d e veras, y te h e h e c h o g u s t a r la perfección del alma c o n el o r n a t o d e las virtudes, y has e n t e n d i d o los e n g a ñ o s q u e sufre antes d e alcanzar su perfección si n o o c u p a su tiempo e n el conocimiento d e sí y d e mí. Asimismo, te h e d e c l a r a d o la miseria d e los q u e van a h u n d i r s e p o r el río p o r n o t o m a r el p u e n t e d e la doctrin a d e mi v e r d a d , el q u e p u s e p a r a q u e n o os ahogarais. P e r o ellos, c o m o locos, h a n q u e r i d o h u n d i r s e e n las miserias y pestilencias del m u n d o . T o d o esto te lo h e d e c l a r a d o p a r a hacer crecer e n ti el a r d o r d e santo d e s e o y la c o m p a s i ó n y d o l o r p o r la cond e n a c i ó n d e las almas, p a r a q u e el d o l o r y el t e m o r te obliguen a a b r a z a r m e e n t r e lágrimas y s u d o r e s . Me r e fiero a las lágrimas d e la h u m i l d e y p e r s e v e r a n t e o r a -

La doctrina del puente

207

ción ofrecidas a mí con a r d e n t í s i m o fuego d e d e s e o . N o sólo lo he h e c h o p o r ti, sino p o r m u c h a s o t r a s p e r s o n a s y servidores míos, q u e al oírlo se verán obligadas p o r mi c a r i d a d a o r a r y p r e s i o n a r sobre mí p a r a q u e c o n c e d a misericordia al m u n d o y al c u e r p o místico d e la santa Iglesia, p o r la q u e t a n t o intercedes. P o r q u e ya te dije, si bien lo r e c u e r d a s , q u e satisfaría vuestros deseos d á n d o o s alivio en los trabajos, es decir, c u m p l i e n d o vuestros dolorosos deseos, c o n c e d i e n d o la r e f o r m a d e la santa Iglesia y b u e n o s y santos pastores; n o con la g u e r r a ni con el cuchillo y c r u e l d a d , sino con paz y q u i e t u d , con las lágrimas y s u d o r e s d e mis servid o r e s . A vosotros os h e p u e s t o c o m o trabajadores d e vuestras almas y d e las d e vuestro prójimo e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia. Cultivad la virtud e n vosotros, e n el p r ó j i m o y e n la santa Iglesia con el ejemplo d e la d o c t r i n a y c o n t i n u a d a oración dirigida a mí p o r ella y p o r t o d a criatura, h a c i e n d o q u e la virtud nazca en el prójimo, p u e s ya te dije q u e t o d a virtud y t o d o defecto se a u m e n t a n p o r m e d i o d e él, y p o r eso q u i e r o q u e le seáis útiles, y así daréis d e los frutos d e vuestra viña. N o dejéis d e o f r e c e r m e el lloroso incienso d e las o r a ciones p o r la salvación d e las almas, p u e s q u i e r o o t o r g a r misericordia al m u n d o y lavar la c a r a d e mi esposa, esto es, la santa Iglesia, con las oraciones, s u d o r e s y lágrim a s . Ya te la m o s t r é en forma d e doncella, con su cara sucia y casi leprosa. Esto sucede p o r los p e c a d o s d e los ministros y d e t o d a la c o m u n i d a d cristiana, los cuales tod o s se a l i m e n t a n a los pechos d e mi esposa. PETICIÓN 87 sus

DE MAYOR

CONOCIMIENTO

[Esta a l m a d e v o t a p i d e c o n o c e r las clases d e l á g r i m a s y frutos.]

Entonces', aquel alma, a n g u s t i a d a p o r u n g r a n d í s i m o deseo, se elevó c o m o e m b r i a g a d a tanto p o r la u n i ó n q u e había h e c h o con Dios c o m o por lo q u e había oído y exp e r i m e n t a d o d e la p r i m e r a y dulce V e r d a d , t r a n s i d a d e d o l o r p o r ignorancia d e las criaturas, q u e no reconocen a su b i e n h e c h o r , y p o r el afecto d e la c a r i d a d d e Dios.

208

El Diálogo

Levantó los ojos del e n t e n d i m i e n t o hacia la dulce Verd a d a q u e se hallaba u n i d a y quiso saber algo acerca d e los sobredichos estados del alma d e q u e Dios le había h a b l a d o . Al ver q u e el alma llega a esos estados con lágrimas, quiso saber d e la V e r d a d la diferencia q u e existe e n t r e ellas, c ó m o se consiguen y cuáles son sus causas. Sentía alegría, c o n f i a n d o en la p r o m e s a q u e la V e r d a d d e Dios le había h e c h o d e e n s e ñ a r l e el m o d o q u e ella y los otros servidores míos debían usar p a r a conseguir q u e El hiciese misericordia. P o r q u e el conocimiento d e la v e r d a d n o se p u e d e o b t e n e r sino d e la misma Verd a d . N a d a se conoce en la v e r d a d q u e n o se vea e n los ojos del e n t e n d i m i e n t o . Sin e m b a r g o , es d e necesidad a q u i e n la q u i e r e alcanzar q u e se eleve con el deseo d e con o c e r p o r la luz d e la fe, a b r i e n d o los ojos del e n t e n d i m i e n t o con la pupila d e la fe, p o n i é n d o l o en el objeto d e la v e r d a d . Esto le había v e n i d o sólo del espíritu d e la doctrina q u e le e n s e ñ ó la V e r d a d , es decir, d e Dios, p u e s p o r o t r o m e d i o n o p o d r í a saber lo q u e deseaba acerca d e los estados y d e los frutos d e las lágrimas. Después d e haberlo conocido, se elevó sobre sí m i s m a con ardentísimo deseo, y con la luz d e la fe viva o r i e n t ó su e n t e n d i m i e n to a la V e r d a d e t e r n a . E n ella conoció y vio la v e r d a d q u e d e El d i m a n a b a p o r la manifestación del m i s m o Dios, es decir, q u e , p o r su b e n i g n i d a d y c o n d e s c e n d e n cia con el a n h e l a n t e deseo d e aquel alma, le satisfacía su petición.

Catalina

atormentada demonios.

por

los

LA D O C T R I N A D E LAS L A G R I M A S [División de las lágrimas. —Su origen. —Lágrimas lor. —Lágrimas de fuego. —El santo deseo: fuente mas. —5 us frutos de vida. \

88

de vida. —Su vavital de las lágri-

[Cinco clases de lágrimas.)

E n t o n c e s dijo la d u l c e y p r i m e r a V e r d a d d e Dios: ¡Oh dilectísima y q u e r i d í s i m a hija! M e pides sab e r las causas d e las lágrimas, y yo n o m e n o s p r e c i o tu d e s e o . A b r e los ojos del e n t e n d i m i e n t o , y te m o s t r a r é , p o r m e d i o d e los estados d e l a l m a q u e te h e r e f e r i d o , las lágrimas imperfectas, f u n d a d a s e n el t e m o r . P r i m e r a m e n t e , las l á g r i m a s d e los h o m b r e s m a l v a d o s del m u n d o son l á g r i m a s d e c o n d e n a c i ó n . Las s e g u n d a s son las del t e m o r , las d e los q u e se lev a n t a n del p e c a d o p o r t e m o r a la p e n a , y p o r t e m o r lloran. Las t e r c e r a s son las d e aquellos q u e , l e v a n t a d o s del p e c a d o , c o m i e n z a n a t e n e r g u s t o e n mí, y lloran con d u l z u r a y c o m i e n z a n a s e r v i r m e ; p e r o c o m o el a m o r es i m p e r f e c t o , p o r eso lo es el llanto, c o m o te d i r é . Él c u a r t o e s t a d o es el d e q u i e n e s h a n a l c a n z a d o la perfección e n la c a r i d a d con el p r ó j i m o , a m á n d o m e sin n i n g ú n interés p r o p i o ; éstos lloran, y su llanto es p e r fecto. El q u i n t o , q u e se halla u n i d o al c u a r t o , es el d e las lág r i m a s d e d u l z u r a , d e r r a m a d a s c o n g r a n s u a v i d a d , tal c o m o abajo te d i r é p o r e x t e n s o . T e h a b l a r é t a m b i é n d e las lágrimas d e f u e g o , sin lág r i m a s d e los ojos, p a r a c o n s o l a r a los q u e m u c h a s veces d e s e a n las lágrimas y n o las p u e d e n t e n e r . Q u i e r o q u e sepas q u e todas estas diversas situaciones p u e d e n d a r s e e n el a l m a , e l e v á n d o s e d e l t e m o r y del a m o r imperfecto p a r a alcanzar la c a r i d a d perfecta y el e s t a d o unitivo. A h o r a te c o m i e n z o a h a b l a r d e estas l á g r i m a s .

210 89 del

El Diálogo [ D i f e r e n c i a d e las l á g r i m a s , r e f i r i é n d o l a s a d o s e s t a d o s alma.l

Q u i e r o q u e sepas q u e toda lágrima procede del corazón, pues no hay m i e m b r o en el cuerpo que tanto quier a d a r gusto al corazón como los ojos. Si tiene dolor, los ojos lo manifiestan. Si el dolor tiene origen en los sentidos, d e r r a m a n lágrimas q u e e n g e n d r a n la m u e r t e , p o r p r o c e d e r d e u n corazón q u e a m a d e s o r d e n a d a m e n t e , sin tener relación conmigo. Por ser d e s o r d e n a d o , con ofensa a mí, recibe el dolor y las lágrimas d e m u e r t e . La gravedad d e la culpa y del llanto es mayor en relación con lo d e s o r d e n a d o del a m o r . Ellos son aquellos primeros q u e tienen lágrimas d e m u e r t e , d e q u e te hablé y te hablaré '. Fíjate ahora en las lágrimas que comienzan a dar vida, es decir, d e los q u e , reconociendo sus culpas, comienzan a llorar p o r t e m o r a la pena. Son las del corazón y d e los sentidos, es decir, q u e no siendo a ú n perfectísimo el aborrecimiento d e la culpa cometida por la ofensa a mí, p r o c e d e n del dolor del corazón p o r la pena q u e sigue al pecado cometido, y p o r eso los ojos lloran, pues quieren d a r satisfacción a ese dolor del corazón. Si el alma se ejercita en la virtud, comienza a p e r d e r el temor, p o r q u e conoce q u e el solo t e m o r no es suficiente p a r a darle vida eterna, tal c o m o sucede en el seg u n d o estado del alma, d e q u e te hablé. Por eso se levanta con a m o r a conocerse a sí misma y a mi b o n d a d manifestada en ella. El corazón siente alegría en esa consideración, mezclándose el d o l o r d e la culpa con la esperanza d e mi divina misericordia. C o m i e n z a n entonces los ojos a llorar, saliendo las lágrimas de la fuente del corazón, p o r q u e a ú n no ha alcanzado la g r a n perfección, ya q u e d e r r a m a m u c h a s veces lágrimas según los sentidos. Si m e preguntas por q u é , te r e s p o n d o : p o r causa d e la raíz del a m o r a sí mism o , no p o r causa de su a m o r sensitivo, del q u e se h a 1

P r i m e r a m e n t e habla d e las lágrimas de vida; d e s p u é s , d e las lágrimas de muerte. Si se p r e s c i n d e del capítulo 88, evitará el lector la confusión y alteración d e n ú m e r o s q u e se a d v i e r t e n e n el texto. Este capítulo 88 n o es del estilo d e Catalina, sino d e u n a p e r s o n a s letrada.

La doctrina de las lágrimas

211

a p a r t a d o , c o m o se ha d i c h o . Se trata d e u n a m o r espiritual. Por él apetece el a l m a los consuelos espirituales e n sí, d e los q u e te hablé p o r e x t e n s o , o d e los espirituales e n relación con a l g u n a c r i a t u r a a m a d a con a m o r espiritual. C u a n d o el a l m a es p r i v a d a d e lo q u e a m a , es decir, d e los consuelos interiores o e x t e r i o r e s — i n t e r i o r e s p a r a el c o n s u e l o q u e tenía p o r m e d i o d e aquella c r i a t u r a — , si le sobreviniesen tentaciones o p e r s e c u c i o n e s d e los h o m bres, el c o r a z ó n se d o l e r á . Bien p r o n t o los ojos, q u e sienten la p e n a del c o r a z ó n y el d o l o r , c o m i e n z a n a llorar con t i e r n o y compasivo llanto p a r a consigo m i s m a , con c o m p a s i ó n d e a m o r p r o p i o espiritual, p o r q u e la voluntad p r o p i a a ú n n o se halla p i s o t e a d a y c o m p l e t a m e n t e a h o g a d a . Por esta r a z ó n d e r r a m a l á g r i m a s sensitivas, esto es, d e pasión espiritual. P e r o , si crece y se ejercita e n ella la luz del conocim i e n t o d e sí, concibe a b o r r e c i m i e n t o d e sí m i s m a , d e d o n d e o b t i e n e el c o n o c i m i e n t o d e mi b o n d a d con ard i e n t e a m o r y c o m i e n z a a u n i r s e y acoplar su v o l u n t a d a la mía. Así empieza a sentir alegría y c o m p a s i ó n : alegría e n sí m i s m a , p o r m e d i o del afecto del a m o r , y c o m p a sión hacia el prójimo, tal c o m o te conté en el tercer estado. Pronto los ojos q u e quieren d a r gusto al corazón, gimen p o r a m o r a mí y al p r ó j i m o . N o lo h a c e n p o r la p e n a o d a ñ o sufridos e n sí m i s m a , sino sólo p o r d a r gloria y alabanza a mi n o m b r e . C o n a n h e l a n t e d e s e o se goza e n t o m a r el a l i m e n t o d e la m e s a d e la santísima cruz, o sea, c o n f o r m á n d o s e al h u m i l d e , p a c i e n t e e i n m a c u l a d o C o r d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o , del q u e hice p u e n t e . D e s p u é s d e q u e el a l m a h a c a m i n a d o t a n d u l c e m e n t e p o r el p u e n t e s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e mi d u l c e V e r d a d y c u a n d o ha p a s a d o p o r este V e r b o s u f r i e n d o c o n verd a d e r a y d u l c e paciencia t o d a clase d e p e n a s y trabajos, p u e s t o q u e lo h e p r o m e t i d o p a r a su salvación, ella las h a recibido con e n t e r e z a , n o e l i g i e n d o a su g u s t o , sino al m í o . Y n o s o l a m e n t e las lleva c o n paciencia, sino q u e las sufre con alegría, y se le convierte e n gloria la persecución p o r causa d e mi n o m b r e , a u n q u e t e n g a q u e p a d e c e r . E n t o n c e s llega el a l m a a tal deleite y t r a n q u i lidad d e espíritu, q u e n o hay l e n g u a capaz d e p o d e r l o contar. C u m p l i d a esta c o n d i c i ó n , es decir, d e la d o c t r i n a d e

El Diálogo

212

mi Hijo u n i g é n i t o , fijo el e n t e n d i m i e n t o en mí, dulce y p r i m e r a V e r d a d , la contempla, y, c o n t e m p l á n d o l a , la a m a . A r r a s t r a d o el afecto al e n t e n d i m i e n t o , gusta d e mi divinidad, en la q u e conoce y ve la naturaleza divina u n i d a a vuestra h u m a n i d a d . Descansa entonces en mí, M a r d e t r a n q u i l i d a d . El corazón se halla u n i d o a mí p o r el afecto del a m o r , igual q u e e n el c u a r t o estado unitivo q u e te dije . Al s e n t i r m e a mí, e t e r n a D e i d a d , c o m i e n z a a d e r r a m a r lágrimas d e d u l z u r a , q u e c i e r t a m e n t e son leche q u e alimenta al alma en la v e r d a d e r a paciencia. Estas son el u n g ü e n t o oloroso q u e d e r r a m a u n perfum e d e g r a n suavidad. ¡Oh queridísima hija! ¡Qué gloriosa se e n c u e n t r a el alma q u e d e v e r d a d ha sabido p a s a r c o n m i g o del m a r tempestuoso al m a r d e tranquilidad llegado a mí, y d e mí, s u m a y e t e r n a b o n d a d , ha llenado el vaso d e su corazón! P o r ello, los ojos q u e están bien o r i e n t a d o s se ingenian p a r a satisfacer lo q u e p r o c e d e del corazón, y así d e r r a m a n lágrimas. Este es el último estado. E n él se e n c u e n t r a feliz y afligida: feliz, p o r la u n i ó n q u e ha realizado c o n m i g o , m e d i a n t e la percepción, al gustar del a m o r divino; afligida, p o r las ofensas q u e ve q u e se h a c e n a mi b o n d a d y g r a n deza, ambas c o n t e m p l a d a s y gozadas en el conocimiento d e sí, p o r cuyo conocimiento d e sí y d e mí alcanza el último estado. El estado unitivo, q u e d a las lágrimas d e d u l z u r a , n o es e s t o r b a d o p o r e} conocimiento d e sí en la caridad con el prójimo. En la c a r i d a d e n c o n t r ó el llanto p o r a m o r a mi divina misericordia y p o r el d o l o r d e las ofensas del prójimo, l l o r a n d o con los q u e lloran y goz a n d o con los q u e gozan . Estos son los q u e viven en caridad, cuya alma goza al ver q u e mis servidores m e d a n gloria y alabanza. De m o d o q u e el llanto s e g u n d o (es decir, el tercero) n o impide al último (es decir, al c u a r t o ) , sino q u e , m á s bien, se favorecen u n o al o t r o . P o r q u e si el último llanto, d o n d e el alma h a e n c o n t r a d o tan g r a n d e u n i ó n , n o hubiese p r o c e d i d o del s e g u n d o , es decir, del tercer estad o d e la c a r i d a d p a r a con el p r ó j i m o , n o sería perfecto. 2

3

2 Cf. c.74. 3 R o m 12,15.

La doctrina de las lágrimas

213

Así q u e es necesario q u e se a y u d e n u n o al o t r o ; d e o t r o m o d o se llegaría a la p r e s u n c i ó n , e n la q u e e n t r a r í a el viento sutil d e la p r o p i a e s t i m a c i ó n , y caería d e las alturas a lo bajo del p r i m e r v ó m i t o . P o r eso es preciso sufrir y m a n t e n e r c o n t i n u a m e n t e la caridad con el prójimo p o r m e d i o del conocimiento d e sí m i s m o . Así a l i m e n t a r á el f u e g o d e mi c a r i d a d e n ella m i s m a , p o r q u e la c a r i d a d c o n el p r ó j i m o p r o c e d e d e la mía, es decir, del c o n o c i m i e n t o q u e el a l m a tiene c o n o c i é n d o s e a sí y a mi b o n d a d a c t u a n d o e n ella, p u e s ve q u e es a m a d a p o r mí d e m o d o inefable. P o r eso, e n la m e d i d a e n q u e ve q u e es a m a d a , a m a ella a t o d a criatur a racional, y e n la m e d i d a e n q u e m e c o n o c e , se dispon e a a m a r al p r ó j i m o . De d o n d e , p o r q u e c o n o c e esto, a m a al p r ó j i m o i n e f a b l e m e n t e : lo a m a m á s c u a n t o m á s ve q u e yo lo a m o . C o m o a p r e n d i ó q u e a mí n o se m e p u e d e h a c e r bien a l g u n o ni d a r m e el a m o r p u r o c o n q u e se siente a m a d a p o r mí, se d e d i c a a d a r m e a m o r del m o d o q u e os h e e n s e ñ a d o , es decir, p o r m e d i o d e v u e s t r o p r ó j i m o , q u e es el i n t e r m e d i a r i o , a q u i e n d e b é i s a y u d a r al m o d o q u e te dije, esto es, p r a c t i c a n d o c u a l q u i e r v i r t u d valiéndoos del p r ó j i m o . T a m b i é n debéis h a c e r l o a t o d a c r i a t u r a e n gen e r a l y e n p a r t i c u l a r , e n c o n f o r m i d a d c o n las diversas gracias d e mí recibidas, p u e s os las h e d a d o p a r a q u e las a d m i n i s t r é i s . Debéis a m a r c o n el a m o r p u r o c o n q u e yo os a m o , y esto p o r q u e os a m é sin ser a m a d o y sin interés a l g u n o . C o m o os h e a m a d o a n t e s d e q u e existieseis, sin ser a m a d o p o r vosotros —el a m o r m e m o v i ó a c r e a r o s a mi i m a g e n y semejanza—, y c o m o u n a m o r d e este gén e r o n o m e lo podéis t e n e r , p o r eso debéis o t o r g á r s e l o a las c r i a t u r a s racionales, a m á n d o l a s sin ser a m a d o s p o r ellas, y h a c e r l o sin el i n t e r é s del p r o p i o p r o v e c h o espiritual o t e m p o r a l , sólo p o r la gloria y a l a b a n z a d e mi n o m b r e , p u e s t o q u e son a m a d a s p o r mí. Así cumpliréis el m a n d a m i e n t o d e la ley d e a m a r m e m á s q u e a todas las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a vosotros m i s m o s . Bien es v e r d a d q u e esas a l t u r a s n o se p u e d e n alcanzar sin este s e g u n d o e s t a d o , q u e v i e n e a ser el t e r c e r o y el s e g u n d o e n la u n i ó n ; ni d e s p u é s d e h a b e r l o a l c a n z a d o se p u e d e c o n s e r v a r si se a b a n d o n a s e el afecto, p o r el

214

El Diálogo 4

q u e se llegó a las segundas lágrimas descritas ; lo mism o q u e n o p u e d e cumplirse la ley respecto a mí, Dios eterno, sin cumplirla con vuestro prójimo, porque éstos son los dos pies del afecto con los q u e se observan los m a n d a m i e n t o s y consejos q u e os dio mi Verdad, Cristo crucificado. Así, estos dos estados, d e los q u e he hecho u n o , aseg u r a n al alma en las virtudes y en el estado unitivo. N o es que cambien a otro estado u n a vez alcanzado éste, sino q u e a este mismo lo acrecienta la riqueza d e la gracia con nuevos dones y elevaciones del espíritu, con u n conocimiento d e la verdad q u e , siendo mortal, parece inmortal, p o r q u e la percepción d e los sentidos se encuentra d o m i n a d a y la voluntad está m u e r t a p o r la unión realizada conmigo. ¡Oh, cuan dulce es esta unión al alma q u e la experimenta! P o r q u e , al experimentarla, ve mis secretos, p o r lo cual m u c h a s veces recibe el espíritu d e profecía para que conozca las cosas venideras. Esto lo hace mi bondad; pero el alma debe tenerlo en poco; n o al afecto d e la caridad d e doy, sino al apetito d e las propias consolaciones, j u z g á n d o s e indigna d e la paz y quietud d e espíritu para fortalecer la virtud interior d e su alma. Y n o p e r m a n e c e ya de fijo en el s e g u n d o estado , sino q u e vuelve al valle del conocimiento d e sí misma. Esta iluminación la doy gratuitamente a fin d e q u e siempre a u m e n t e , p o r q u e el alma no es tan perfecta en esta vida q u e n o p u e d a crecer en perfección, es decir, en perfección d e a m o r . Sólo mi amadísimo Hijo, vuestra Cabeza, n o podía a u m e n t a r en perfección, p o r q u e El estaba conmigo y yo con El: su alma era bienaventurada por la unión con mi naturaleza divina. Pero vosotros sus miembros, peregrinos, sois siempre capaces d e mayor 5

4

Según el P . J . H u r t a u d , estas lágrimas n o se refieren al s e g u n d o estado (las p r o c e d e n t e s del t e m o r servil), sino al c u a r t o y al q u i n t o , q u e son lágrimas d e perfección. Estas lágrimas d e perfección son d e d u l z u r a (provenientes d e la alegría c a u s a d a por la u n i ó n con Dios) y lágrimas p o r los pecados d e los d e m á s . Esta s e g u n d a clase, la q u e se refiere a los p e c a d o s del prójimo, es la q u e la Santa llama aquí «segundas lágrimas» ( J . H L R T A L D , Le Dialogue I p.311 n t . l ) . « S e g u n d o estado»: n u e v a m e n t e se refiere aquí a la s e g u n d a clase d e lágrimas perfectas e n q u e se divide el c u a r t o estado, c o m o observamos e n la n o t a a n t e r i o r . 5

La doctrina de las lágrimas

215

perfección. U n a vez llegados al último e s t a d o , n o p o r ello pasáis a o t r o , p e r o podéis crecer e n él con aquella perfección q u e más os plazca p o r m e d i o d e m i gracia. 90 [ B r e v e r e c a p i t u l a c i ó n d e lo a n t e r i o r . — E l d e m o n i o h u y e d e los q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o d e las q u i n t a s l á g r i m a s . — L a s t e n t a c i o n e s s o n u n v e r d a d e r o c a m i n o p a r a a l c a n z a r tal estado.)

Acabas d e conocer los estados d e las lágrimas y su distinción, tal c o m o mi V e r d a d ha t e n i d o a bien satisfacer tus deseos. Las p r i m e r a s son las d e aquellos q u e se e n c u e n t r a n en p e c a d o m o r t a l . O r d i n a r i a m e n t e p r o c e d e n del c o r a z ó n . C o m o la raíz del afecto d e d o n d e vienen las lágrimas estaba c o r r o m p i d a , p o r eso el llanto sale c o r r o m p i d o y miserable, c o m o todas sus o b r a s . Las s e n g u n d a s son las d e los q u e c o m i e n z a n a conocer sus males p o r m e d i o d e la propia p e n a q u e sigue a la culpa. Es éste u n b u e n principio d a d o p o r mí a los frágiles q u e , c o m o i g n o r a n t e s , ya se h u n d e n e n el río d e s d e ñ a n d o la d o c t r i n a d e mi V e r d a d ; p e r o son m u c h í s i m o s los q u e se conocen a sí m i s m o s sin t e n e r t e m o r servil. Esto es, sin t e m o r al castigo, se a p a r t a n d e los pecados, y bien p r o n t o , algunos con sencillez bien i n t e n c i o n a d a , se e n t r e g a n a servirme a mí, su C r e a d o r . Se d u e l e n d e las ofensas q u e m e h a n h e c h o , con g r a n a b o r r e c i m i e n t o d e sí mismos p o r j u z g a r s e d i g n o s del castigo. C i e r t a m e n t e , los q u e a n d a n con ese g r a n a b o r r e c i m i e n t o son m á s aptos p a r a alcanzar el e s t a d o d e perfección q u e los o t r o s , a u n q u e , si a m b o s se ejercitan e n el llanto, u n o s y o t r o s lo alcanzan. Deben los p r i m e r o s p r o c u r a r n o q u e d a r s e en el t e m o r servil, y los o t r o s , n o p r o s e g u i r en su tibieza, es decir, ejercitar la perfección con sencillez a fin d e n o entibiarse i n t e r i o r m e n t e . Esta es advertencia válida p a r a todos. Las terceras y cuartas lágrimas son las d e aquellos q u e h a n s u p e r a d o el t e m o r , h a n alcanzado el a m o r y la esper a n z a , g u s t a n d o la divina misericordia, r e c i b i e n d o d e mí m u c h o s d o n e s y consuelos, p o r los q u e lloran los ojos, satisfaciendo el sentimiento del corazón. P e r o c o m o a ú n son imperfectos, mezclados con lo sensitivo espiritual,

216

El Diálogo

ejercitándose en la virtud, consiguen llegar al cuarto estado. En él, a u m e n t a n d o sus deseos, se u n e y configura el alma con mi voluntad. N o p u e d e desear si no lo que yo quiero, por estar revestido ese estado d e la caridad con el prójimo. De aquí procede el llanto d e a m o r por sí mismo a causa del dolor d e mi ofensa y del perjuicio para su prójimo. Esta perfección se halla u n i d a con las quintas y últimas lágrimas, en las que se u n e la verdad y en las que ha crecido en fuego del santo deseo. De esta perfección huye el d e m o n i o , q u e no p u e d e herir al alma por injurias que le haga, ni por medio de consuelos espirituales, puesto q u e se ha hecho paciente en las injurias y desd e ñ a y aborrece los consuelos con verdadera humildad. Cierto es que el demonio, por su parte, nunca duerme, sino q u e a vosotros, negligentes, os instiga a q u e en tiempo d e favor os detengáis y d u r m á i s . Pero sus astucias no les p u e d e n hacer d a ñ o , p o r q u e no p u e d e arrebatarles el a r d o r de su caridad, y, en verdad, huye como las moscas d e la olla hirviendo, por el miedo que tiene al fuego. T a m p o c o p u e d e soportar el olor d e la unión q u e el alma ha efectuado conmigo, Mar d e paz, d o n d e el alma no p u e d e ser e n g a ñ a d a mientras esté unida a mí. Si fuese tibia, el demonio n o temería, sino q u e entraría en ella, a u n q u e muchas veces perece allí por encontrar más calor del q u e imaginaba. Así sucede en el alma, ya q u e , antes d e q u e llegue al estado perfecto, el d e m o n i o e n t r a en ella con variadas tentaciones, p o r q u e le parece q u e es tibia; pero como ella ha adquirido gran conocimiento, calor y desagrado d e la culpa, por medio de los lazos del odio al pecado y con a m o r a la virtud, obliga a la voluntad a n o consentir. Alégrese toda alma q u e sienta dificultades grandes, p o r q u e ellas son el camino para llegar a este dulce y glorioso estado. Porque ya te dije q u e por el conocimiento y odio a vosotros mismos y p o r el de mi b o n d a d llegaréis a la perfección. En n i n g ú n tiempo advierte tan perfectamente el alma q u e estoy en ella como en el d e los muchos combates. ¿De q u é modo? T e lo diré. Viéndose en los cambates, conoce perfectamente q u e n o p u e d e librarse d e tenerlos. Ella p u e d e resistirse a consentirlos, lo q u e no p o d r á hacer en caso d e no tener-

La doctrina de las lágrimas

217

los. Por ellos p u e d e conocer q u e p o r sí misma n o es n a d a , ya q u e , si valiese algo por sí misma, se liberaría d e esos combates q u e n o desea. De este m o d o se humilla p o r el v e r d a d e r o conocimiento d e sí y viene c o r r i e n d o a mí, Dios e t e r n o , con la luz de su santísima fe. P o r esa b u e n a disposición se d a c u e n t a d e q u e conserva la b u e na y santa voluntad, q u e n o consiente ir tras las tentaciones d e q u e se siente molestada en el tiempo d e los combates. T e n é i s , p o r t a n t o , motivo, y lo tiene el alma, p a r a hacernos fuertes con la doctrina del dulce y a m o r o s o Verbo d e mi Hijo unigénito en el tiempo d e los sufrimientos y aflicciones, adversidades y tentaciones d e los h o m bres y del d e m o n i o , p u e s ellos a u m e n t a n las ocasiones d e h a c e r n o s alcanzar la perfección. 91 [ L o s q u e d e s e a n las l á g r i m a s d e l o s o j o s , y n o p u e d e n t e n e r l a s , t i e n e n las d e l f u e g o . — R a z ó n p o r la q u e D i o s p r i v a d e las l á g r i m a s c o r p o r a l e s . )

T e he hablado d e las lágrimas perfectas e imperfectas y de c ó m o todas p r o c e d e n del corazón. De esta vasija sale toda lágrima, d e cualquier clase q u e sea, y p o r eso a todas se las p u e d e llamar «lagrimas d e corazón». La única diferencia consiste en el a m o r o r d e n a d o o d e s o r d e n a d o y e n el perfecto e imperfecto. Para satisfacer el deseo q u e m e manifestaste, m e q u e d a p o r decirte q u e algunos quisieran la perfección d e las lágrimas, y parece q u e n o la p u e d e n o b t e n e r . ¿Hay o t r a clase q u e las d e los ojos? Sí. Hay u n a s llamadas lágrimas d e fuego, esto es, d e v e r d a d e r o y santo deseo, el cual se realiza p o r m e d i o del afecto del a m o r . Q u i s i e r a n d e r r e tir su vida en llanto p o r m e d i o del a b o r r e c i m i e n t o a sí y a la salvación d e las almas, y les parece q u e n o p u e d e n . Digo q u e éstos tienen lágrimas d e fuego, e n las q u e el Espíritu Santo llora en mi presencia p o r ellos y p o r su prójimo, es decir, mi divina caridad e n c i e n d e al alma con su llama p a r a q u e ofrezca a n h e l a n t e s deseos en mi presencia, sin lágrimas en los ojos. Las llamo lágrimas d e fuego, y por eso dije q u e el Espíritu Santo llora. N o p u d i e n d o hacerlo con las lágrimas, ofrece los deseos del

El Diálogo

218

llanto q u e su voluntad tiene p o r a m o r a mí. A u n q u e , si a b r e n los ojos del e n t e n d i m i e n t o , verán q u e el Espíritu Santo llora p o r m e d i o d e todo servidor mío q u e d e r r a m a el p e r f u m e del santo deseo y d e h u m i l d e y continuad a oración a n t e mí. A esta clase parece referirse el glorioso San Pablo c u a n d o dijo q u e el Espíritu Santo llora p o r vosotros a n t e mí, el P a d r e , «con llanto i n e n a r r a ble» ', Ves, p u e s , q u e n o es m e n o r el fruto d e las lágrimas d e fuego q u e las d e agua, sino q u e m u c h a s veces es mayor, e n c o n f o r m i d a d con la m e d i d a del a m o r . Por eso, tales almas n o d e b e n llegar a la turbación d e espíritu ni les d e b e p a r e c e r estar privadas d e mí, ya q u e q u i e r e n las lágrimas, y n o las p u e d e n t e n e r d e la clase q u e d e s e a n . D e b e n desearlas con su voluntad c o n c o r d a d a con la mía, dispuesta al sí y al n o , según plazca a mi voluntad. Algunas veces p e r m i t o q u e no t e n g a n las lágrimas corporales p a r a obligarlas a estar d e c o n t i n u o humilladas ante mí, s a b o r e á n d o m e con perseverante oración y d e seo. P o r q u e , si obtuvieran lo q u e piden, no sacarían el provecho q u e c r e e n , sino q u e se hallarían alegres de ten e r lo d e s e a d o y disminuiría el afecto y deseo con q u e m e lo pedían. Así q u e yo, p a r a q u e a u m e n t e n y no p a r a q u e decrezcan, m e niego a darles las lágrimas corporales y les doy las espirituales, es decir, sólo las d e corazón, llenas d e fuego d e mi divina caridad; d e m o d o q u e en cualquier situación y m o m e n t o serán gratas a mí, a fin de q u e el e n t e n d i m i e n t o , p o r el afecto y a m o r al objeto d e mi V e r d a d e t e r n a , no se cierre a la luz de la fe. Por eso soy yo el médico, y vosotros los e n f e r m o s , y doy a todos lo q u e es d e necesidad e imprescindible p a r a vuestra salvación y p a r a a u m e n t a r la perfección en vuestra alma . 2

Esta es la v e r d a d y declaración d e los cinco estados de las lágrimas, hija mía. S u m é r g e t e , p u e s , e n la sangre d e Cristo crucificado, h u m i l d e , t o r t u r a d o e inmaculado C o r d e r o , mi Hijo unigénito, creciendo en virtud perseverante p a r a q u e en ti se fortalezca el fuego d e mi divina caridad. 1

R o m 8,26. Sobre la Providencia divina y la perfección cristiana h a b l a d e t e n i d a m e n t e en los capítulos 142-144. 2

La doctrina de las lágrimas

219

9 2 [Cuatro estados de las lágrimas, de los cinco dichos, producen variedad infinita de lágrimas.—Dios quiere ser servido de manera infinita y no finita.) Estos cinco estados referidos son c o m o cinco canales principales, d e los q u e c u a t r o d a n infinita a b u n d a n c i a y v a r i e d a d d e lágrimas. T o d a s d a n vida si son d e r r a m a d a s en la virtud. ¿Por q u é infinitas? N o digo q u e en esta vida seáis infinitos en lágrimas; las llamo infinitas p o r el infinito d e s e o del alma. T e h e d i c h o q u e todas p r o c e d e n del c o r a z ó n ; éste las p r e s e n t a a los ojos, habiéndolas recogido del a r d i e n t e d e s e o . C o m o la m a d e r a v e r d e q u e está en el fuego llora a g u a a causa del calor, p o r q u e está v e r d e —si estuviera seca, n o lloraría—, así el corazón, r e v e r d e c i d o p o r la renovación q u e p r o c e d e d e la gracia, a r r a n c a d e sí la seq u e d a d del a m o r propio, q u e hace á r i d a al alma. El fuego, o a r d o r o s o deseo, y las lágrimas se hallan u n i d o s . Y c o m o el d e s e o n u n c a t e r m i n a ni se sacia en esta vida, sino q u e c u a n t o más a m a , m e n o s le parece q u e a m a , así o b r a el santo deseo f u n d a d o en la c a r i d a d ; a causa d e él lloran los ojos. S e p a r a d a el alma del c u e r p o y u n i d a a mí, su fin, n o p o r eso deja el d e s e o d e a n s i a r m e , e i g u a l m e n t e a la car i d a d con el prójimo, a u n q u e ésta h a e n t r a d o en el alma c o m o s e ñ o r a , llevando consigo el fruto d e las d e m á s virt u d e s . Cierto q u e el sufrimiento t e r m i n a ; sin e m b a r g o , si el alma m e desea, m e t e n d r á d e v e r d a d , sin t e m o r alg u n o a p e r d e r lo q u e t a n t o tiempo h a d e s e a d o . De este m o d o se f o m e n t a el h a m b r e y q u e d a el hastío alejado d e la saciedad y d e sufrimiento p o r el h a m b r e , p o r q u e allí n o falta perfección a l g u n a . V u e s t r o deseo es infinito, p u e s d e o t r o m o d o n o tendría valor, y n i n g u n a virtud t e n d r í a vida si yo fuese servido ú n i c a m e n t e p o r u n a causa finita, ya q u e yo, Dios infinito, q u i e r o ser servido p o r vosotros con algo infinito y n o t e n e r vosotros n a d a q u e yo n o posea, a excepción del afecto y d e s e o del alma. Por eso decía yo q u e la clase d e lágrimas es infinita, y esto es cierto p o r el deseo infinito u n i d o a las lágrimas. Las q u e salen del alma y del corazón q u e d a n fuera, p e r o el afecto d e la c a r i d a d ha t o m a d o p a r a sí el fruto

220

El Diálogo

d e ellas y las c o n s u m e c o m o el a g u a e n el h o r n o . N o es q u e el a g u a se halle fuera del h o r n o , sino q u e el calor del fuego la c o n s u m e y la t r a e hacia sí. Así s u c e d e al a l m a c u a n d o está u n i d a . G u s t a el fuego d e mi divina car i d a d c u a n d o ha salido d e esta vida con el afecto d e la c a r i d a d a mí y a su prójimo y c o n el a m o r unitivo c o n q u e d e r r a m a las lágrimas. Mis servidores n u n c a dejan d e o f r e c e r c o n t i n u a m e n t e sus santos d e s e o s y sus lágrimas sin s u f r i m i e n t o . O f r e c e n n o l á g r i m a s d e los ojos, sino lág r i m a s del fuego del Espíritu S a n t o . H a s visto, p u e s , c ó m o son infinitas, a u n q u e e n esta vida n o hay l e n g u a q u e p u e d a n a r r a r la variedad d e llantos q u e se d a n e n este e s t a d o . P e r o te h e explicado la diferencia e n t r e los c u a t r o estados d e las lágrimas. 93

[El fruto de las lágrimas de los mundanos.]

Me q u e d a p o r h a b l a r t e del fruto q u e p r o d u c e n las lág r i m a s u n i d a s con el d e s e o y d e su efecto e n el alma. C o m e n z a r é p r i m e r o p o r las q u i n t a s lágrimas, d e las q u e te hice m e n c i ó n , es decir, d e los q u e viven miserab l e m e n t e e n el m u n d o , h a c i e n d o u n dios d e las criaturas, d e las cosas c r e a d a s y d e sus propios sentidos, d e d o n d e viene t o d o el mal al alma y al c u e r p o . T e dije q u e las lágrimas p r o c e d e n d e l c o r a z ó n , y es la v e r d a d , p o r q u e el c o r a z ó n se d u e l e tanto c u a n t o a m a . Los h o m b r e s del m u n d o lloran c u a n d o el c o r a z ó n siente dolor, es decir, c u a n d o están p r i v a d o s d e lo q u e a m a n ; p e r o son m u c h o s y m u y distintos sus llantos. ¿Sabes cuántos? T a n t o s c u a n t o son d i f e r e n t e s las clases d e a m o r . Y c o m o la raíz está c o r r o m p i d a p o r el a m o r p r o pio sensitivo, p o r eso t o d o lo q u e d e ella sale está corrompido. ' El a m o r p r o p i o es u n árbol q u e n o d a m á s q u e frutos d e m u e r t e , flores p o d r i d a s , hojas m a n c h a d a s y r a m a s inclinadas hacia la tierra, sacudidas p o r todos los vientos: así es t a m b i é n el árbol del a l m a . T o d o s sois árboles d e a m o r , y sin él n o podéis vivir, p o r q u e sois h e c h o s p o r mí, m o v i d o p o r el a m o r . El alma q u e vive v i r t u o s a m e n t e p o n e la raíz d e su árbol en el valle d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , y los q u e viven

La doctrina de las lágrimas

221

m i s e r a b l e m e n t e la h a n p l a n t a d o e n el m o n t e d e la soberbia. Y c o m o está mal p l a n t a d o , d e ahí q u e p r o d u z c a n o frutos d e vida, sino d e m u e r t e . Los frutos son sus o b r a s , q u e se hallan e m p o n z o ñ a d a s con m u c h o s y diversos p e c a d o s , y, si d a n a l g ú n fruto d e b u e n a s o b r a s , c o m o la raíz se halla c o r r o m p i d a , se e c h a n a p e r d e r , esto es, q u e el a l m a e n p e c a d o n o efectúa o b r a b u e n a q u e le valga p a r a la vida e t e r n a , p o r n o h a c e r l a s e n gracia. N a d i e , sin e m b a r g o , d e b e d e j a r d e h a c e r o b r a s b u e nas, p o r q u e t o d o bien es r e m u n e r a d o , y t o d a culpa castigada. El bien q u e hace sin la gracia n o es suficiente ni vale p a r a la vida e t e r n a ; p e r o mi b o n d a d y la justicia divina les c o n c e d e r e m u n e r a c i ó n imperfecta. A l g u n a s veces les es p r e m i a d o c o n cosas t e m p o r a l e s , o t r a s veces les doy t i e m p o , c o m o te dije en o t r o l u g a r s o b r e esta m a teria, d á n d o l e s espacio p a r a q u e se p u e d a n e n m e n d a r . Otras veces hasta les d a r é la vida d e la gracia p o r medio d e mis s e r v i d o r e s , q u e m e son gratos, tal c o m o hice c o n el glorioso apóstol San Pablo, q u i e n p o r las o r a c i o n e s d e San E s t e b a n salió d e la i n c r e d u l i d a d y p e r s e c u c i o n e s q u e hacía c o n t r a los cristianos. Así ves c l a r o q u e el h o m b r e , c u a l q u i e r a q u e sea su e s t a d o , n o d e b e d e j a r d e h a c e r el b i e n . T e dije i g u a l m e n t e q u e las flores están p o d r i d a s , y es la v e r d a d . Las flores son los pestilentes p e n s a m i e n t o s del c o r a z ó n , q u e m e son d e s a g r a d a b l e s , c o m o t a m b i é n el o d i o y d e s a g r a d o con el p r ó j i m o . C o m o l a d r ó n , m e h a n r o b a d o mi h o n o r a mí, su C r e a d o r , y hasta se lo h a n a t r i b u i d o a sí m i s m o s . Estas flores d e mal olor, d e los falsos y miserables j u i cios, son d e d o s clases: u n a p a r a c o n m i g o , i n t e r p r e t a n d o mis ocultos juicios y t o d o misterio c o n malevolencia y o d i o , y t o d o lo q u e yo h e h e c h o lo t i e n e n c o m o n o realizado p o r a m o r ; lo q u e h e h e c h o p o r v e r d a d lo i n t e r p r e tan c o m o m e n t i r a , y c o m o m u e r t e lo q u e d o y p a r a q u e sea vida. C o n d e n a n y enjuician t o d a s las cosas s e g ú n su e n f e r m o p a r e c e r , p o r q u e el a m o r p r o p i o d e los sentidos' ha c e g a d o los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o y t a p a d o la p u pila d e la santísima fe, p o r lo q u e n o les d e j a ver ni con o c e r la v e r d a d . La o t r a clase se basa en la i n t e r p r e t a c i ó n d e la con-

222

El Diálogo

ducta del prójimo. De ella nace con frecuencia m u c h o mal, p o r q u e el h o m b r e miserable, q u e no se conoce a sí mismo, quiere conocer el corazón y el afecto de la criatura racional, y por algo que ven u oyen q u e r r á n j u z g a r el afecto del corazón. Mis servidores, sin e m b a r g o , siempre piensan bien, p o r q u e se fundan en mí, s u m o Bien. Los otros j u z g a n mal, como fundados en el miserable mal. De tales juicios nacen con frecuencia odio, homicidios y enemistades con el prójimo, y a b a n d o n o de la virtud. El mismo camino siguen las hojas, es decir, las palabras que salen d e la boca con vituperio para mí y mi Hijo unigénito y p a r a el prójimo. Sólo se ocupan de decir mal d e mis obras, d e condenarlas, d e blasfemar y hablar mal d e toda criatura racional como se les o c u r r e , según su parecer. No se fijan —¡desventurados d e ellos!— en q u e la lengua ha sido c r e a d a para d a r m e honor, reconocer sus pecados y trabajar por a m o r d e la virtud y por la salvación del prójimo. Estas son las hojas m a n c h a d a s por la miserable culpa, pues el corazón de d o n d e h a n salido no era p u r o , sino c o n t a m i n a d o d e doblez y m u c h a miseria. ¡Cuan g r a n d e es el peligro en d a ñ o s temporales, además del d a ñ o espiritual, por la privación de la gracia concedida al alma! Pues habéis visto y oído q u e por las palabras vienen los cambios en situaciones, ruina de ciudades, homicidios y otros muchos males, ya que la palabra e n t r ó en lo íntimo del corazón, a d o n d e no hubiera llegado el cuchillo. Este árbol tiene siete ramas, q u e se inclinan hacia la tierra. De ellas nacen las flores y hojas d e la m a n e r a referida. Son los siete pecados mortales, que se hallan repletos d e otros diversos y muy n u m e r o s o s pecados, unidos a la raíz y al tronco del a m o r propio y de la soberbia, la cual p r i m e r a m e n t e ha p r o d u c i d o las ramas y las flores d e los pensamientos. Después sale la hoja d e las palabras y el fruto d e las malas obras. Están inclinadas hacia la tierra, es decir, q u e las r a m a s d e los pecados mortales no se dirigen más que a la tierra de la fragilidad y d e s o r d e n a d a sustancia del m u n d o . Además, como no p u e d e n alimentarse d e la tierra, n u n c a se sacian, y d e ahí su insatisfacción. Son insaciables e insoportables

La doctrina de las lágrimas

223

a sí m i s m a s . S i e m p r e se h a n d e hallar inquietas, inclinadas a d e s e a r , a q u e r e r las cosas q u e c a u s a n insatisfacción. Esta es la razón p o r la q u e n o se p u e d e n saciar: p o r q u e s i e m p r e apetecen las cosas finitas, y ellas son infinitas e n c u a n t o al ser, p u e s n o concluye p o r la culpa del p e c a d o m o r t a l a u n q u e t e r m i n e la gracia. Y c o m o el h o m b r e está s o b r e todas las cosas y todas las c r i a t u r a s , y n o las cosas c r e a d a s s o b r e él, p o r eso n o p u e d e saciarse ni hallar q u i e t u d sino e n cosas s u p e r i o r e s a él. Mayores q u e él n o hay m á s q u e yo, Dios e t e r n o , y p o r eso sólo yo los p u e d o saciar. C o m o están p r i v a d o s d e mí p o r la culpa c o m e t i d a , p o r eso se e n c u e n t r a n e n t o r m e n t o y suf r i m i e n t o c o n t i n u o s . A las p e n a s sigue el llanto. C u a n d o los vientos le alcanzan, s a c u d e n el árbol del a m o r d e sus sentidos, sobre los q u e lo h a n f u n d a d o t o d o . 9 4 [Los mundanos que lloran son sacudidos por los cuatro vientos.] Estos vientos son c u a t r o : p r o s p e r i d a d , a d v e r s i d a d , tem o r y conciencia. El viento d e la p r o s p e r i d a d a l i m e n t a la soberbia con m u c h a p r e s u n c i ó n , c o n e n g r a n d e c i m i e n t o d e sí m i s m o y envilecimiento d e su p r ó j i m o . Si d e u n s e ñ o r se trata, d o m i n a con e n o r m e injusticia y v a n i d a d d e c o r a z ó n , con i n m u n d i c i a d e c u e r p o y espíritu, c o n interés p o r la r e p u t a c i ó n propia. ¿Se halla c o r r o m p i d o e n sí m i s m o el viento d e la p r o s p e r i d a d ? N o ; ni él ni n i n g u n o . . . La c o r r o m p i d a es la raíz d e l árbol, p o r lo q u e se c o r r o m p e la p r o s p e r i d a d . P o r q u e yo, q u e envío y doy todas las cosas, soy s u m a m e n t e b u e n o , y p o r ello el viento es b u e n o . A la p r o s p e r i d a d sigue el llanto p o r n o p o d e r saciar el c o r a z ó n , q u e quisiera o b t e n e r lo q u e n o p u e d e . Esto le p r o p o r c i o n a dolor, y e n él llora, p u e s , c o m o te dije, los ojos n o quier e n sino seguir al c o r a z ó n . Sigue d e s p u é s el viento d e l t e m o r servil, p o r el q u e se tiene m i e d o a la p r o p i a s o m b r a , p o r t e m e r la p é r d i d a d e lo q u e se a m a . Se t e m e p e r d e r la vida m i s m a , la d e los hijos o las d e m á s c r i a t u r a s ; se t e m e p e r d e r la posición social u o t r a s cosas. Este t e m o r p r o c e d e del a m o r a sí, al

224

El Diálogo

h o n o r o a las riquezas. El le impide tener su gozo en paz, p o r q u e o r d i n a r i a m e n t e n o lo posee d e conformid a d con mi voluntad, y d e ahí el t e m o r servil y el m i e d o , convirtiéndolo en miserable esclavo del pecado, q u e c o m o a tal se le p u e d e calificar a causa d e aquello q u e sirve. El pecado es la n a d a , y él ha t e r m i n a d o en la nada. Mientras los sacude el viento del temor, les llega el d e la tribulación y adversidad, q u e les priva d e lo q u e tenían; m u c h a s veces, d e t o d o , y otras, d e u n a parte. De todo, c u a n d o es privado d e la vida, pues la m u e r t e se lo arrebata todo. De parte, quitándole u n a s veces u n a cosa y otras veces otra: la salud, los hijos, las riquezas, la posición social, los h o n o r e s ; según yo, dulce Médico, veo q u e es necesario p a r a vuestra salvación. Para ella os h e d a d o todas esas cosas. Pero c o m o vuestra frágil naturaleza se halla c o r r o m p i d a y sin conocimiento alguno, perdéis la paciencia, y surge la impaciencia, el escándalo, la m u r m u r a c i ó n , el odio, el cansancio d e mí y del prójimo. Lo q u e le he d a d o para vida, lo ha recibido como si fuer a p a r a m u e r t e . Se halla en p e n a , llanto y a m a r g u r a continuos, c o m o te he dicho. A h o r a llegan las lágrimas aflictivas d e impaciencia, q u e resecan el alma y la m a t a n p o r quitarle la vida d e la gracia. Espiritual y c o r p o r a l m e n t e resecan y c o n s u m e n el cuerpo, lo ciegan, lo privan d e todo deleite, y por eso lloran. De tales lágrimas vienen no sólo estos males, sino el afecto d e s o r d e n a d o y el dolor d e corazón q u e las p r o d u c e n , pues las lágrimas d e los ojos no causan d e por sí la m u e r t e y los sufrimientos, sino la raíz d e d o n d e proc e d e n , o sea, del d e s o r d e n a d o a m o r propio del corazón. P o r q u e , si éste se hallara en o r d e n y tuviera la vida d e la gracia, las lágrimas serían o r d e n a d a s , y me obligarían a mí, Dios e t e r n o , a otorgarles misericordia. ¿Por q u é las llamé lágrimas d e muerte? P o r q u e son un medio para mostraros la m u e r t e o la vida q u e hubiere en el corazón. Si no se corrigen mientras tienen tiempo para usar del libre albedrío, pasan d e este llanto, p r o d u c i d o en tiempo finito, al llanto infinito; y así, lo finito se convierte en infinito, p o r q u e las lágrimas fueron d e r r a m a d a s con aborrecimiento infinito d e la virtud, o sea, con el d e -

La doctrina de las lágrimas

225

seo d e l a l m a , b a s a d o e n el a b o r r e c i m i e n t o , q u e es finito. L a v e r d a d es q u e , si h u b i e s e n q u e r i d o , h a b r í a n salido d e ese t e m o r servil m e d i a n t e la gracia c o n c e d i d a e n el t i e m p o e n q u e e r a n libres, a u n q u e yo dijese q u e e r a infinito; infinito e n c u a n t o al afecto y ser d e l a l m a , p e r o n o e n c u a n t o al a b o r r e c i m i e n t o y al a m o r q u e h u b i e r a e n ella, ya q u e m i e n t r a s estáis e n esta vida p o d é i s abor r e c e r y a m a r , s e g ú n o s plazca. Si c o n c l u y e la vida e n el a m o r d e la v i r t u d , r e c i b e n u n bien infinito, y, si t e r m i n a o d i a n d o la v i r t u d , p e r m a n e c e r á e n el o d i o , r e c i b i e n d o la c o n d e n a c i ó n e t e r n a , c o m o te dije al h a b l a r t e d e los q u e se a h o g a b a n e n el río, p u e s t o q u e ya n o p u e d e n d e s e a r el bien p o r hallarse priv a d o s d e m i m i s e r i c o r d i a y d e la c a r i d a d f r a t e r n a . Esta la d i s f r u t a n mis santos u n o s con o t r o s , así c o m o la carid a d d e vosotros, p e r e g r i n o s y c a m i n a n t e s d e esta vida, colocados p o r mí p a r a a l c a n z a r v u e s t r o fin e n mí, V i d a eterna. N o les valen ni las o r a c i o n e s , ni las l i m o s n a s , ni n i n g u n a o t r a o b r a . Son m i e m b r o s s e p a r a d o s d e l c u e r p o d e m i divina c a r i d a d , p o r q u e m i e n t r a s vivieron n o quisier o n estar u n i d o s e n la o b e d i e n c i a d e mis s a n t o s m a n d a m i e n t o s , e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia y e n la d u l c e o b e d i e n c i a , d e d o n d e sacáis la s a n g r e del i n m a c u lado C o r d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o . P o r eso r e c i b e n el fruto d e la c o n d e n a c i ó n e t e r n a con llanto y r e c h i n a r d e dientes. Estos son los m á r t i r e s del d e m o n i o d e q u e te h a b l é , d e m o d o q u e el d e m o n i o les d a los frutos q u e t i e n e r e s e r v a d o s p a r a sí. V e s , p u e s , q u e estas l á g r i m a s d a n frutos d e s u f r i m i e n t o s e n este t i e m p o p e r e c e d e r o , y e n el ú l t i m o t i e m p o les d a u n t r a t o sin t é r m i n o c o n los d e m o nios. 95

[Frutos de las segundas y terceras lágrimas.]

M e q u e d a p o r h a b l a r t e d e los frutos q u e o b t i e n e n los q u e c o m i e n z a n a l e v a n t a r s e d e la culpa p o r t e m o r a las p e n a s y p a r a a d q u i r i r la gracia. H a y a l g u n o s q u e salen d e la m u e r t e del p e c a d o m o r t a l p o r t e m o r a las p e n a s . Esto es lo q u e o c u r r e d e m o d o o r d i n a r i o .

El Diálogo

226

¿Qué frutos reciben éstos? Comienzan a vaciar la casa de su alma de la inmundicia utilizando el libre albedrío como mensajero del temor al castigo. Después d e haber purificado el alma de la culpa, reciben la paz de la conciencia, comienzan a preparar el afecto y a abrir los ojos del entendimiento para ver su espacio, pues antes de estar libres de inmundicia no veían otra cosa que la pestilencia de muchos y diversos pecados. Comienzan a recibir consuelos, porque el gusano de la conciencia se halla en paz, como esperando la comida de la virtud. Así obra el hombre que, después de haber curado el estómago y sacado de él los malos humores, orienta el apetito a tomar alimento. Del mismo modo, éstos esperan que la mano de libre albedrío les prepare con el amor la comida de la virtud, porque después d e la preparación espera comer. Y ocurre así porque el alma, ejercitando primeramente el temor, vacía ya de su afecto a los pecados, recibe por ello el segundo fruto, esto es, el segundo estado de las lágrimas en el que el alma, por el afecto del amor, comienza a amueblar la casa con virtudes. Aunque sea aún imperfecta, supongamos que se ha levantado por el temor, recibe consuelos y deleites por haber recibido el amor de su alma, el deleite de mi Verdad, que soy el amor mismo. Porque encuentra deleites y consuelos, y comienza a amarme muy tiernamente, experimentando la dulzura de ellos y de mis criaturas a causa de mí. Ejercitando el amor en la casa de su alma, por haberla purificado el temor, empieza a recibir los frutos de mi divina bondad, d o n d e encontró morada para su alma. Cuando el amor ha tomado posesión, comienza a recibir y experimentar los distintos modos de consuelo. Si persevera, recibe el fruto de preparar la mesa; es decir, cuando el alma ha pasado del temor al amor de la virtud es cuando se prepara la mesa. Alcanzadas las terceras lágrimas, pone la mesa de la santísima cruz en el corazón y en su alma. Una vez preparada, encuentra en ella el manjar del dulce y amoroso Verbo, y empieza a comer en h o n o r a mí y la salvación #

1

«Segundo estado»: indica n u e v a m e n t e la segunda clase d e lágrimas en q u e se divide el c u a r t o estado del alma (véanse notas del c.89).

La doctrina

de las

lágrimas

227

d e las a l m a s , con a b o r r e c i m i e n t o y d i s g u s t o d e l p e c a d o . Ese a l i m e n t o m u e s t r a el a m o r a mí, el P a d r e , y a la salvación d e v u e s t r a s a l m a s , p o r las c u a l e s fue a b i e r t o el c u e r p o d e mi Hijo, d á n d o s e o s e n c o m i d a . ¿ Q u é p r o v e c h o recibe el a l m a e n este t e r c e r e s t a d o d e l á g r i m a s ? T e lo d i r é . Recibe la fortaleza, b a s a d a e n el a b o r r e c i m i e n t o d e los p r o p i o s s e n t i d o s , c o n el f r u t o a g r a d a b l e d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , c o n la paciencia, q u e q u i t a t o d o e s c á n d a l o y priva d e t o d o s u f r i m i e n t o , p o r q u e el cuchillo d e l a b o r r e c i m i e n t o d i o m u e r t e a la v o l u n t a d p r o p i a , d o n d e r e s i d e t o d o s u f r i m i e n t o . Sólo la v o l u n t a d sensitiva se e x t r a ñ a d e las injurias y p e r s e c u c i o n e s y d e la privación d e c o n s u e l o s espirituales y c o r p o r a l e s , y así llega a la impaciencia. P e r o , u n a vez m u e r ta la v o l u n t a d , c o m i e n z a c o n lloroso y d u l c e d e s e o a e x p e r i m e n t a r el f r u t o d e las l á g r i m a s d e la d u l c e paciencia. ¡Oh f r u t o suavísimo! ¡ Q u é d u l c e e r e s a q u i e n te g u s ta, q u é g r a t o a mí, ya q u e , p e r m a n e c i e n d o e n la a m a r g u r a , e x p e r i m e n t a s la d u l z u r a ! En el t i e m p o d e las injurias recibes la paz. C u a n d o e s t á n e n el m a r t e m p e s t u o s o , c u a n d o vientos p e l i g r o s o s s a c u d e n c o n g r a n d e s olas la navecilla del a l m a , tú p e r m a n e c e s pacífica y t r a n q u i l a , sin d a ñ o a l g u n o , p r o t e g i d a la navecilla c o n la d u l c e vol u n t a d d e Dios. P o r esta v o l u n t a d h a s r e c i b i d o el vestido d e la v e r d a d e r a y a r d e n t í s i m a c a r i d a d p a r a q u e el a g u a no p u e d a penetrar. ¡ O h q u e r i d í s i m a hija! Esta paciencia es la r e i n a coloc a d a s o b r e la r o c a d e la fortaleza; v e n c e y n u n c a es v e n cida; n o está sola, sino a c o m p a ñ a d a d e la p e r s e v e r a n c i a ; es la m é d u l a d e la c a r i d a d ; es la q u e d e s c u b r e si el vestid o d e esa c a r i d a d es n u p c i a l o n o ; si se halla r o t o p o r la i m p e r f e c c i ó n , ella lo d e s c u b r e , s i n t i e n d o e n s e g u i d a lo c o n t r a r i o , es decir, la impaciencia. T o d a s las v i r t u d e s p u e d e n d i s f r a z a r s e a l g u n a vez d e p e r f e c t a s , s i e n d o i m p e r f e c t a s ; p e r o a ti n o te p u e d e n e n g a ñ a r . Si esta d u l c e paciencia r e s i d e e n el a l m a , eso d e m u e s t r a q u e t o d a s las v i r t u d e s son vivas y p e r f e c t a s , y, d e lo c o n t r a r i o , m a n i f i e s t a q u e son i m p e r f e c t a s y q u e n o ha l l e g a d o a ú n a la m e s a d e la s a n t í s i m a c r u z , d o n d e esa paciencia fue e n g e n d r a d a p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí y el d e m i b o n d a d e n ella y d o n d e h a n a c i d o el s a n t o

228

El Diálogo

aborrecimiento y h a sido u n g i d a por la v e r d a d e r a humildad. A esta paciencia n o se le niega el manjar del h o n o r a mí y d e la salvación d e las almas, sino q u e lo recibe d e continuo. Contémplala, queridísima hija, en los dulces y gloriosos mártires, q u e con sus sufrimientos comían el manjar d e las almas. Su m u e r t e les daba vida: resucitaban los m u e r t o s y arrojaban las tinieblas d e los pecados mortales. El m u n d o , con todas sus grandezas, y los señores, con su poderío, no se podían deshacer d e ellos en razón d e esta reina, la dulce paciencia. Esta virtud se halla colocada como luz en el c a n d e l e r a . Este es el glorioso fruto q u e p r o d u j e r o n las lágrimas d e la caridad con el prójimo, c o m i e n d o el inmaculado C o r d e r o degollado, mi Hijo unigénito, con t o r t u r a d o y anhelante deseo y con dolor p o r las ofensas a mí, su C r e a d o r . N o era p e n a aflictiva, pues el a m o r , por la verd a d e r a paciencia, dio m u e r t e a todo t e m o r y a m o r propio, q u e son los q u e p r o d u c e n el dolor. Es p e n a consoladora, sólo d e b i d a a la ofensa q u e m e hacían y al d a ñ o al prójimo, f u n d a d o en la caridad. Se goza en sí misma, p o r q u e es u n a señal manifiesta d e q u e estoy en el alma p o r la gracia. 96

[ F r u t o d e las c u a r t a s l á g r i m a s , q u e s o n d e

unión.|

T e he hablado del fruto d e las terceras lágrimas. Sigue el c u a r t o y el último estado: el d e las lágrimas unitivas '. N o se halla separado del tercero, sino q u e están unidos e n t r e sí, c o m o mi caridad está u n i d a con la del prójimo, pues u n a ayuda a la otra. Pero llegada el alma a este c u a r t o estado ha crecido tanto, q u e no sólo sufre con paciencia, sino que desea el sufrimiento con alegría, a la vez q u e menosprecia todo lo c r e a d o , venga d e d o n d e venga, y busca conformarse con mi verdad, Cristo crucificado. El alma recibe el fruto d e la quietud d e espíritu, la unión lograda p o r la percepción d e mi dulce naturaleza divina. En ella gusta la leche, c o m o el niño reposa tran1

Según el análisis del P. Hurtaud, estas lágrimas equivalen a las quintas.

La doctrina de las

lágrimas

229

q u i l o e n los p e c h o s d e la m a d r e , y, t e n i e n d o e n su boca la teta, e x t r a e la l e c h e a través d e la c a r n e . Así, el a l m a , l l e g a d a a este ú l t i m o e s t a d o , d e s c a n s a e n los p e c h o s d e m i d i v i n a c a r i d a d , d e C r i s t o c r u c i f i c a d o , es d e c i r , sig u i e n d o su d o c t r i n a y sus e j e m p l o s . E n el t e r c e r e s t a d o c o n o c i ó p e r f e c t a m e n t e q u e n o le c o n v e n í a c a m i n a r p o r m í , el P a d r e e t e r n o , ya q u e e n m í n o p u e d e d a r s e sufrim i e n t o , p e r o sí e n m i a m a d o Hijo, el d u l c e y a m o r o s o V e r b o . V o s o t r o s n o p o d é i s a n d a r sin s u f r i m i e n t o s , p e r o c o n m u c h o e s f u e r z o p o d é i s l l e g a r a las v i r t u d e s r e a l e s ; p o r e s o , el a l m a se p o n e a los p e c h o s d e C r i s t o , q u e es la c a r i d a d , y saca d e él la leche d e la v i r t u d , e n la q u e halla la v i d a d e la gracia, g u s t a n d o e n m i n a t u r a l e z a d i v i n a la d u l z u r a d e t o d a s las v i r t u d e s . P o r eso es v e r d a d q u e las v i r t u d e s , n o s i e n d o d u l c e s e n sí, h a n l l e g a d o a serlo p o r e s t a r u n i d a s a m í , A m o r d i v i n o ; es d e c i r , q u e el a l m a n o p r e s t a i n t e r é s a su p r o p i o p r o v e c h o ni a o t r a cosa q u e a m i h o n o r y a la salvación d e las a l m a s . C o n s i d e r a a h o r a , hija m í a , c u a n d u l c e y g l o r i o s o es el e s t a d o d e l a l m a q u e p o r t a n g r a n u n i ó n h a l l e g a d o a los p e c h o s d e la d i v i n a c a r i d a d . Su b o c a n o se s i e n t e a g u s t o sin el p e c h o , ni el p e c h o sin la l e c h e . Así, esta a l m a n o se halla sin C r i s t o c r u c i f i c a d o n i sin m í , P a d r e e t e r n o , a q u i e n e n c u e n t r a al g u s t a r la s u m a y e t e r n a d i v i n i d a d . ¡ O h , q u i é n viese c ó m o se sacian las p o t e n c i a s d e a q u e l a l m a ! La m e m o r i a se llena d e l c o n j u n t o r e c u e r d o d e m í , a r r a s t r a d a p o r los beneficios r e c i b i d o s d e m i a m o r — n o sólo p o r la r e a l i d a d d e los beneficios, sino p o r el afecto c o n q u e m i c a r i d a d se los h a o t o r g a d o — , y s i n g u l a r m e n t e p o r el d e la c r e a c i ó n , c u a n d o ve q u e h a sido c r e a d a a m i i m a g e n y s e m e j a n z a . P o r este beneficio, e n el p r i m e r e s t a d o m e n c i o n a d o , c o n o c i ó el castigo q u e seg u i r í a a la i n g r a t i t u d , y p o r e s o , g r a c i a s a la s a n g r e d e C r i s t o , se l e v a n t ó d e las m i s e r i a s , r a z ó n p o r la q u e volví a c r e a r o s p o r m e d i o d e la gracia, l i m p i a n d o la c a r a d e v u e s t r a s a l m a s d e la l e p r a d e l p e c a d o . A q u í se e n c o n t r ó el a l m a , e n el s e g u n d o e s t a d o , la d u l z u r a , c u a n d o g u s t ó la d u l z u r a d e m i a m o r , y c o n c i b i ó d e s a g r a d o d e l p e c a d o al c o n o c e r c u á n t o m e e n o j a , p u e s t o q u e lo h a b í a castigad o e n el c u e r p o d e m i Hijo u n i g é n i t o . D e s p u é s h a r e c o r d a d o la v e n i d a d e l Espíritu S a n t o , q u e le explicó y le e x plica la v e r d a d .

230

El Diálogo

¿Cuándo recibe el alma esta iluminación? Después d e haber conocido mis beneficios en ella misma por el prim e r o y segundo estados. Entonces recibe la luz perfecta, conociendo la verdad sobre mí, Padre eterno; es decir, q u e p o r a m o r la había creado para darle la vida eterna. Esta es la verdad que demostré con la sangre d e Cristo crucificado. Después de haberla conocido, la ama, y, amándola, la manifiesta a m a n d o en concreto lo que yo amo y aborreciendo lo q u e aborrezco. Así se encuentra en medio de la caridad para con el prójimo. La memoria se sacia a estos pechos u n a vez superada toda imperfección, p o r q u e ha recordado y tenido presentes mis beneficios. El entendimiento ha recibido la luz, mirando d e n t r o d e la memoria. Conoció la verdad y perdió la ceguera del a m o r propio, permaneciendo en el sol del objeto d e Cristo crucificado, en el q u e reconoció a Dios y al h o m b r e . Además de este conocimiento, por la unión realizada se eleva a u n a luz adquirida, no conseguida por la naturaleza ni por la propia virtud, sino por la gracia otorgada por mí, dulce V e r d a d , que no menosprecia los deseos ni los trabajos q u e han ofrecido ante mí. Entonces el afecto, que sigue al entendimiento, se u n e con perfectísimo y ardentísimo amor; y a quien me preguntase quién es esta alma, le diría: «Un " o t r o yo"», realizado por la unión con mi amor. ¿Qué lengua podría n a r r a r la excelencia de este últim o estado unitivo y cuáles los diversos y variados frutos q u e recibe c u a n d o las potencias del alma se hallan en plenitud? Esta es aquella dulce unión a que te hice referencia en los escalones comunes, explicada por las palabras de mi V e r d a d . N o es capaz lengua alguna de narrarla, pero bien la muestran los doctores iluminados por esta gloriosa luz, con la que explicaron la santa Escritura. De d o n d e tenéis q u e el glorioso T o m á s de Aquino adquirió su ciencia más por la dedicación a la oración, elevación de la m e n t e y luz del entendimiento que por el estudio h u m a n o . El fue u n a lumbrera q u e puse en el cuerpo místico d e la Iglesia, extinguiendo las tinieblas del error. Y si te vuelves al glorioso San J u a n Evangelista, ¡cuánta luz adquirió en el precioso pecho de Cristo,

La doctrina de las lágrimas

231

mi V e r d a d ! C o n esa luz adquirida evangelizó desde aquel m o m e n t o p o r tiempo tan largo. Y, p r o s i g u i e n d o así, verás q u e todos los santos os la h a n m o s t r a d o ; q u i é n d e u n m o d o , quién d e o t r o . Pero la percepción interior, la inefable d u l z u r a y perfecta u n i ó n n o la p o d r á s explicar con tu lengua, p o r ser la lengua algo finito. Esto parece q u e quiso significar San Pablo c u a n d o dijo: «Ni el ojo p u e d e ver, ni el oído p u e de oír, ni el corazón p u e d e pensar cuánta d u l z u r a y bien reciben y está p r e p a r a d o a las almas q u e m e sirven d e verdad» . ¡Qué dulce —dulce más q u e toda d u l z u r a — la p e r m a n e n c i a lograda p o r la perfecta u n i ó n q u e el alma h a realizado conmigo! P o r q u e ya no está e n t r e los dos la voluntad propia del alma, puesto q u e se ha hecho u n a cosa conmigo. Esta u n i ó n d e r r a m a p e r f u m e p o r todo el m u n d o : el fruto d e las continuas y humildes oraciones. La fragancia del deseo clamó p o r la salvación d e las almas con u n a voz q u e n o es h u m a n a , g r i t a n d o ante la presencia d e mi divina majestad. Estos son los frutos d e la u n i ó n , q u e c o m e con m u chas lágrimas y sudores en el último estado. Así, pasa con v e r d a d e r a perseverancia d e esta u n i ó n , a ú n imperfecta, a la perfecta p o r la gracia. Pero m i e n t r a s está unida al c u e r p o , p o r q u e en esta vida no se p u e d e saciar d e lo q u e desea, es llamada «unión imperfecta»; también ligada a la inclinación perversa, q u e se halla a d o r m e c i d a p o r el afecto d e la virtud. N o está m u e r t a , y p o r eso p u e d e despertarse si desapareciese la influencia d e la virtud imperfecta, q u e la hace d o r m i r . La u n i ó n imperfecta lleva a recibir la perfección d u r a d e r a , la cual n o p u e d e ser quitada p o r n a d a , c o m o te dije h a b l a n d o d e los b i e n a v e n t u r a d o s . Por ella gusta en mí, Vida eterna, el s u m o y e t e r n o bien, q u e n u n c a t e r m i n a e n los verdaderos gustadores [los b i e n a v e n t u r a d o s ] . Estos h a n recibido la vida e t e r n a ; lo contrario d e los q u e recibieron la m u e r t e e t e r n a , fruto d e su llanto. Pasan del llanto a la alegría; al recibir vida sempiterna con el fruto d e las lágrimas y con la ardiente caridad, m e la d a n a mí p o r m e d i o d e vosotros. H e t e r m i n a d o d e hablarte d e los grados d e las lágri2

2

1 C o r 2,9.

232

El Diálogo

mas, d e su perfección y del fruto q u e el alma recibe por ellas: q u e los perfectos reciben vida e t e r n a , y los malos, condenación e t e r n a .

ALABANZA Y PETICIÓN

A DIOS POR EL DON DEL DE MAS LUZ SOBRE TRES

AMOR PUNTOS

97 [ E s t a a l m a d e v o t a , a g r a d e c i e n d o a D i o s la e x p l i c a c i ó n d e l o s e s t a d o s d e las l á g r i m a s , h a c e t r e s p e t i c i o n e s . I

Entonces, aquel alma, angustiada por grandísimo deseo a causa d e la explicación y p o r q u e la V e r d a d había satisfecho su p r e g u n t a acerca de los estados d e las lágrimas, dijo c o m o e n a m o r a d a : Gracias, gracias a ti, s u m o y e t e r n o Padre, c u m plidor d e los santos deseos y a m a d o r d e nuestra salvación por m e d i o d e tu Hijo unigénito, q u e por a m o r nos has d a d o el a m o r en el tiempo e n q u e nos hallábamos en g u e r r a contigo. Por la p r o f u n d i d a d d e tu ardorosa caridad, te pido la gracia y misericordia de q u e , P a d r e e t e r n o , antes d e t e r m i n a r estos tres estados, m e los expliques, a fin d e q u e p u e d a ir a ti con p u r e z a y camine p o r la luz, y no en tinieblas, por m e d i o d e la doctrina d e tu V e r d a d , q u e m e has m o s t r a d o con claridad p a r a q u e p u e d a ver los dos e n g a ñ o s en que p o d e m o s estar o nos p u e d a n sobrevenir. El p r i m e r o es q u e , si ocurriese alguna vez que alguien q u e quisiese servirte viniese a mí o a o t r o servidor tuyo, desearía yo saber qué debo enseñarle ' . B i e n sé, dulce Dios e t e r n o , q u e antes m e aclaraste aquella frase: «Yo soy el q u e se deleita en pocas palabras y m u c h a s obras». Sin e m b a r g o , m e servirá d e gran consuelo, si place a tu voluntad, q u e m e digas algo sobre esto. Y también q u e , si alguna vez, c u a n d o hago oración p o r tus criaturas, y especialmente p o r tus servidores, e n esa oración encontrase en a l g u n o el espíritu dispuesto o creyera q u e esto te a g r a d a y q u e otro tiene el espíritu t u r b a d o , ¿debo o p u e d o , P a d r e e t e r n o , pensar q u e u n o se halla con la luz y el o t r o en tinieblas? O si viese q u e 1

Alusión autobiográfica.

La doctrina de las lágrimas

233

u n o c a m i n a con g r a n penitencia y el o t r o n o , ¿ d e b o c r e e r q u e tiene m a y o r perfección el q u e hace m a y o r e s penitencias q u e el otro? T e r u e g o q u e d e t a l l a d a m e n t e m e aclares lo q u e m e has d i c h o e n g e n e r a l , p a r a q u e n o sea e n g a ñ a d a en mi c o r t o e n t e n d e r . Lo s e g u n d o q u e te p i d o es q u e especifiques mejor la señal q u e m e dijiste recibe el a l m a c u a n d o es visitada en el espíritu: si es d a d a p o r ti, P a d r e e t e r n o , o n o . Si lo r e c u e r d o bien, P a d r e e t e r n o , m e dijiste q u e el espíritu p e r m a n e c e con alegría y con á n i m o p a r a la v i r t u d . Q u i s i e r a saber si esta alegría p u e d e ser e n g a ñ o s a a causa d e la pasión espiritual p r o p i a . Estas son las p r e g u n t a s q u e te h a g o a fin d e q u e p u e d a servirte a ti y a mi prójim o d e veras y n o c a e r e n u n a falsa apreciación d e las c r i a t u r a s y d e tus servidores, p o r q u e m e p a r e c e q u e la apreciación, es decir, enjuiciar aleja al a l m a d e ti, y p o r ello n o quisiera c a e r en tal inconveniente.——

Catalina libera del d e m o n i o u n a posesa.

a

LA D O C T R I N A DE LA V E R D A D TRES

LUCES

NECESARIAS

[a) Luz general sobre las cosas del mundo, b ) Luz perfecta abandono del mundo, c) Luz perfectísima sobre la presencia en el mundo. —La doctrina de la pureza. \

sobre el de Dios

98 [ L a l u z d e la r a z ó n e s n e c e s a r i a a c u a l q u i e r a l m a q u e d e v e r a s q u i e r a s e r v i r a D i o s . — P r i m e r o , s o b r e la l u z g e n e r a l . ]

Entonces, el Dios se alegró d e la sed y h a m b r e d e aquel alma y d e la rectitud d e corazón, y q u e r i e n d o a t e n d e r al favor q u e le pedía, volvió sus ojos d e p i e d a d y misericordia hacia ella, diciendo: ¡Oh amadísima y queridísima hija y esposa mía! Levántate sobre ti misma y abre los ojos del e n t e n d i m i e n t o p a r a v e r m e a mí, B o n d a d infinita, y el a m o r inefable q u e te t e n g o a ti y a los d e m á s servidores míos. A b r e el oído d e tu deseo, p o r q u e d e o t r o m o d o , si n o vieses, n o podrías oír, o sea, q u e el alma q u e no m i r a con su e n t e n d i m i e n t o en el objeto d e mi v e r d a d , n o p u e d e oír ni conocer mi v e r d a d . Por eso, p a r a q u e la conozcas mejor, q u i e r o q u e te levantes sobre todo lo sensible, y yo, q u e m e deleito e n tu petición y deseo, te c o m placeré. N o es q u e el deleite p u e d a crecer en mí p o r vuestra intervención, p u e s t o q u e yo soy quien lo hace crecer en vosotros, sino q u e m e gozo e n el mismo gozo q u e doy a las criaturas. Entonces aquel alma obedeció, y, elevándose sobre sí m i s m a p a r a conocer la v e r d a d d e lo q u e le p r e g u n t a b a , Dios e t e r n o le dijo: Para q u e mejor p u e d a s e n t e n d e r lo q u e voy a d e cir, volveré al principio d e lo q u e p r e g u n t a s : a las tres luces q u e salen d e mí, v e r d a d e r a Luz. La p r i m e r a es u n a luz c o m ú n q u e se halla en los q u e están en caridad c o m ú n . A u n q u e te he dicho q u e tienes d e u n a y o t r a luz [natural y s o b r e n a t u r a l ) , te repetiré m u c h a s cosas ya dichas p a r a q u e tu p o b r e e n t e n d i m i e n to e n t i e n d a mejor lo q u e quisiere saber. Las otras dos c o r r e s p o n d e n a aquellos q u e se h a n elevado sobre el

La doctrina de la verdad

235

m u n d o y q u i e r e n la perfección. A d e m á s d e esto, te e x plicaré lo q u e m e h a s p r e g u n t a d o , r e s p o n d i é n d o t e e n c o n c r e t o a lo q u e te i n t e r e s a s o b r e la i l u m i n a c i ó n g e n e ral. Sabes q u e te dije q u e sin luz n a d i e p u e d e a n d a r p o r el c a m i n o d e la v e r d a d , es d e c i r , sin la luz d e la r a z ó n . Esta la recibís d e mí, v e r d a d e r a L u z , p o r el e n t e n d i m i e n t o y p o r la luz d e la fe q u e o s h e d a d o e n el s a n t o b a u t i s m o , si n o la quitáis p o r v u e s t r o s p e c a d o s . E n el b a u t i s m o , m e d i a n t e y e n v i r t u d d e la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o , recibisteis la f o r m a d e esta fe. Ella, ejercitada e n la virt u d p o r la luz d e la r a z ó n —la c u a l se halla i l u m i n a d a p o r la luz d e la fe—, os d a vida y os h a c e a n d a r p o r el c a m i n o d e la v e r d a d . C o n ella m e c o n s e g u í s a mí, v e r d a d e r a L u z , y sin ella c o n s e g u i r é i s las tinieblas. O s son n e c e s a r i a s d o s luces p r o c e d e n t e s d e esta luz, y a u n a esas d o s luces a ñ a d i r é u n a t e r c e r a . La p r i m e r a es p a r a q u e seáis i l u m i n a d o s e n el conocim i e n t o d e las cosas t r a n s i t o r i a s d e l m u n d o , q u e p a s a n c o m o el v i e n t o . P e r o n o las p o d é i s c o n o c e r b i e n si a n t e s n o conocéis v u e s t r a p r o p i a fragilidad y lo i n c l i n a d a q u e se halla a r e b e l a r s e c o n t r a m í , v u e s t r o C r e a d o r , d e b i d o a u n t e n d e n c i a p e r v e r s a q u e está u n i d a a v u e s t r o s m i e m b r o s . N o es q u e p o r esta inclinación se vea u n o o b l i g a d o a c o m e t e r el m e n o r p e c a d o si n o lo q u i e r e , p e r o ella l u c h a c o n t r a el espíritu. N o p u s e yo esta inclin a c i ó n p a r a q u e m i c r i a t u r a r a c i o n a l fuese v e n c i d a , sino p a r a q u e a u m e n t a s e y m a n i f e s t a s e la v i r t u d del a l m a , p o r q u e la v i r t u d n o se p u e d e m a n i f e s t a r si n o hay algo q u e la c o n t r a d i g a . Los s e n t i d o s son c o n t r a r i o s al espírit u , y p o r ellos p r u e b a el a l m a el a m o r q u e m e t i e n e a m í , su c r e a d o r . ¿ C u á n d o lo p r u e b a ? C u a n d o se l e v a n t a c o n t r a los sentidos c o n a b o r r e c i m i e n t o y d e s a g r a d o . T a m b i é n le d i esta inclinación p a r a c o n s e r v a r l a e n la v e r d a d e r a h u m i l d a d . P o r d o n d e ves q u e , al c r e a r al alma a mi imagen y semejanza, colocándola en tanta d i g n i d a d y belleza, le di p o r c o m p a ñ e r o lo m á s vil q u e existe, p u e s le d i la m a l a inclinación, esto es, p e g á n d o s e la al c u e r p o , f o r m a d o d e lo m á s vil d e la t i e r r a , p a r a q u e , c u a n d o viera su belleza, n o l e v a n t a s e la c a b e z a d e la s o b e r b i a c o n t r a m í . P o r lo c u a l , el frágil c u e r p o , e n el q u e r e s i d e esta luz, es r a z ó n q u e se h u m i l l e , y n o tiene

236

El Diálogo

d e q u é ensoberbecerse, sino de q u é humillarse v e r d a d e r a y p e r f e c t a m e n t e . De m o d o q u e esta inclinación no fuerza al pecado p o r causa d e la lucha, sino q u e es causa d e haceros conocer a vosotros mismos y la poca consistencia del m u n d o . Esto d e b e verlo el e n t e n d i m i e n t o con la luz d e la santísima fe, a la q u e califiqué c o m o pupila d e los ojos del e n t e n d i m i e n t o ; es la luz necesaria q u e toda criatura racional precisa, p o r lo general, para participar d e la vida d e la gracia en cualquier estado en q u e se halle, si quier e favorecerse del fruto d e la sangre del C o r d e r o inmaculado; es la luz c o m ú n , o sea, la q u e c o m ú n m e n t e d e b e t e n e r toda criatura, d e m o d o q u e quien n o la tuviera se hallaría en estado d e condenación. Por n o hallarse en estado d e gracia, pues entonces no tienen esta luz, y quien n o la tiene no conoce el mal d e la culpa y cuál es su raíz, no p u e d e a m a r m e ni d e s e a r m e a mí, q u e soy el Bien; ni a la virtud, q u e le he d a d o c o m o i n s t r u m e n t o p a r a o t o r g a r s e la gracia. Ves, p o r t a n t o , lo necesaria q u e os es esta luz, p o r q u e d e o t r o m o d o con vuestros pecados amáis lo q u e yo odio y odiáis lo que yo amo. Yo a m o la virtud y odio el vicio, y quien ama el vicio y no ama.la virtud m e ofende y es privado de mi gracia. Es como u n ciego, sin conocer la causa del pecado, es decir, el a m o r propio sensitivo. N o se odia a sí m i s m o ni conoce el pecado, ni el mal q u e se le sigue en razón del pecado. N o conoce ni a la virtud ni a mí, q u e soy el origen d e la virtud q u e le da la gracia, ni la dignidad en q u e se e n c u e n t r a , ni c ó m o se llega a la gracia p o r m e d i o d e la virtud. Ves, pues, q u e la falta d e conocimiento es la causa d e su mal; luego tenéis necesidad d e esta luz. 9 9 [Los que han puesto más su deseo en mortificar el cuerpo que en matar la voluntad propia.—Esta es una luz más perfecta que la general.—Matar la voluntad propia es la segunda luz.] Después q u e el alma ha llegado a la luz c o m ú n y la ha adquirido, n o d e b e d a r s e p o r satisfecha, p o r q u e mientras sois peregrinos en esta vida sois capaces d e crecer, y debéis hacerlo. Debéis crecer en la luz c o m ú n q u e ha-

La doctrina de ¡a verdad

237

béis a d q u i r i d o m e d i a n t e la gracia e i n t e n t a r c o n solicit u d c a m i n a r p o r la s e g u n d a luz, y d e lo i m p e r f e c t o p a sar a lo p e r f e c t o , p o r q u e sólo c o n la luz se llega a la p e r fección. E n esta s e g u n d a luz p e r f e c t a se d a n d o s clases d e p e r fectos. Perfectos s o n los q u e se h a n l e v a n t a d o s o b r e el c o m ú n vivir d e l m u n d o . E n esta perfección hay d o s g r a d o s . U n o s se d e d i c a n i n t e n s a m e n t e a castigar su c u e r p o h a c i e n d o á s p e r a y g r a n d í s i m a p e n i t e n c i a p a r a q u e sus s e n t i d o s n o se r e b e l e n c o n t r a la r a z ó n . H a n p u e s t o su e m p e ñ o m á s e n la mortificación d e l c u e r p o q u e e n d a r m u e r t e a la v o l u n t a d p r o p i a . Se a l i m e n t a n e n la m e s a d e la p e n i t e n c i a , y s o n b u e n o s y p e r f e c t o s si su p e n i t e n c i a está b a s a d a e n m í c o n la luz d e la discreción, es decir, c o n u n v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o d e sí y d e m í , c o n g r a n h u m i l d a d , c o m p l e t a m e n t e d e a c u e r d o e n s e r j u e c e s seg ú n m i v o l u n t a d y n o s e g ú n la d e los h o m b r e s . Si n o f u e r a n así, esto es, c o n v e r d a d e r a h u m i l d a d , vestidos d e m i v o l u n t a d , o b r a r í a n f r e c u e n t e m e n t e c o n t r a su p e r f e c c i ó n , e r i g i é n d o s e e n j u e c e s d e los q u e n o van p o r el c a m i n o q u e ellos, p u e s h a n p u e s t o m á s c u i d a d o y d e s e o e n m o r t i f i c a r el c u e r p o q u e su p r o p i a v o l u n t a d . Q u i e r e n elegir s i e m p r e los t i e m p o s , los l u g a r e s , los c o n s u e l o s y hasta las t r i b u l a c i o n e s d e l m u n d o y los c o m bates d e l d e m o n i o a su m o d o , tal c o m o te h e d i c h o d e l s e g u n d o e s t a d o i m p e r f e c t o . E n g a ñ á n d o s e a sí m i s m o s y e n g a ñ a d o s p o r la p r o p i a v o l u n t a d , q u e te califiqué d e « v o l u n t a d espiritual», d i c e n : «Yo q u i s i e r a este c o n s u e l o y n o este c o m b a t e ni molestias d e l d e m o n i o , y n o lo d i g o p o r m í , sino p o r a g r a d a r m á s a Dios y t e n e r l o e n m i a l m a m á s p o r la gracia, p o r q u e m e p a r e c e m e j o r p o s e e r l o y servirle d e este m o d o q u e n o d e l o t r o » . P o r esta r a z ó n , m u c h a s veces c a e n e n tristeza y hastío, h a c i é n d o s e i n s o p o r t a b l e s a sí m i s m o s y o f e n d i e n d o su e s t a d o p e r f e c t o . N o se d a n c u e n t a d e q u e y a c e n e n la pestilencia d e la s o b e r b i a , ya q u e , si n o e s t u v i e r a n e n ella, sino q u e fuesen v e r d a d e r a m e n t e h u m i l d e s y n o p r e s u n t u o s o s , v e r í a n c o n la luz q u e d o y yo, p r i m e r a y dulce Verdad; doy también grado, tiempo y lugar, consuelos y t r i b u l a c i o n e s , s e g ú n sea n e c e s a r i o p a r a v u e s t r a s a l u d y p a r a c o n c l u i r e n el a l m a la p e r f e c c i ó n a q u e les h e e l e g i d o . V e r í a n q u e t o d o lo d o y p o r a m o r , y p o r eso

238

El Diálogo

todo lo recibirían con a m o r y reverencia. Así hacen los s e g u n d o s , es decir, los q u e van acercándose al tercer g r a d o , d e q u i e n e s te hablaré, p u e s estos dos g r a d o s se hallan en esta luz perfectísima. 100 [La t e r c e r a y más perfecta luz d e l c o r a z ó n . — O b r a s q u e h a c e el a l m a q u e h a l l e g a d o a e l l a . — H e r m o s a visión q u e u n a v e z t u v o e s t a a l m a d e v o t a . — M o d o d e c o n s e g u i r la p e r f e c ta p u r e z a . — N o se d e b e n e m i t i r j u i c i o s . |

Los terceros, llegados a esta gloriosa luz, son perfectos e n cualquier situación e n q u e se hallen. T o d o lo q u e p e r m i t o respecto d e ellos, lo tienen en la d e b i d a reverencia, igual q u e en el tercer estado del alma, el unitivo, d e q u e te hablé. Se j u z g a n dignos d e los sufrimientos, d e q u e el m u n d o se escandalice d e ellos y d e ser privados d e sus consuelos, d e cualquier clase q u e sean. C o m o se c r e e n m e r e c e d o r e s d e sufrimientos, se j u z g a n también indignos del fruto q u e les siguen. En esa luz h a n conocido mi e t e r n a voluntad, q u e n o q u i e r e otra cosa q u e vuestro bien y lo doy y p e r m i t o p a r a q u e seáis santificados e n mí. C u a n d o el alma h a conocido mi voluntad, se h a revestido d e ella, y n o atiende m á s q u e al m o d o d e conservar y a u m e n t a r la perfección d e su estado p a r a gloria y alab a n z a d e mi n o m b r e , d i r i g i e n d o mi e n t e n d i m i e n t o con la luz d e Cristo crucificado, mi Hijo único, a m a n d o y sig u i e n d o su doctrina, q u e es la regla y c a m i n o p a r a los perfectos y p a r a los imperfectos. V i e n d o q u e el e n a m o r a d o C o r d e r o , mi V e r d a d , les d a la d o c t r i n a d e la p e r fección, al c o n t e m p l a r l a se e n a m o r a d e ella. Esta es la perfección q u e conoció al c o n t e m p l a r a este y a m o r o s o V e r b o , mi Hijo u n i g é n i t o , q u e se alimenta a la mesa del santo deseo, b u s c a n d o mi h o n o r , el del P a d r e e t e r n o , y vuestra salvación. C o n este deseo corrió con g r a n solicit u d a la oprobiosa m u e r t e q u e le había sido impuesta p o r mí, el P a d r e , n o e s q u i v a n d o trabajos ni ultrajes. N o fue remiso en r e c o n o c e r tan g r a n d e s beneficios, o t o r g a d o s a pesar d e la ingratitud, d e la ignorancia y persecuciones d e los j u d í o s ; p o r los escarnios, villanías o m u r m u r a c i o n e s y p o r los gritos hostiles del p u e b l o . T o d o lo s u p e r ó , c o m o v e r d a d e r o capitán y caballero, el q u e yo

La doctrina de la verdad

239

había p u e s t o en el campo d e batalla a c o m b a t i r p a r a a r r a n c a r o s d e las m a n o s d e los d e m o n i o s , y p a r a q u e os enseñase su c a m i n o , su doctrina y su regla, y p a r a q u e vosotros pudierais alcanzar mi p u e r t a , Vida e t e r n a , con la llave d e la preciosa s a n g r e , d e r r a m a d a con tan a r d o roso a m o r y con a b o r r e c i m i e n t o d e vuestros pecados. C o m o si os dijera este dulce y a m o r o s o V e r b o : « H e aquí q u e os he p r e p a r a d o el camino y abierto la p u e r t a con mi s a n g r e : p o r t a n t o , n o seáis perezosos e n seguirlo s e n t á n d o o s sobre el a m o r a vosotros mismos, y con la ign o r a n c i a d e n o r e c o n o c e r el c a m i n o y con la p r e s u n c i ó n y el deseo d e elegir el servicio d e Dios a vuestro m o d o y n o según el mío; p o r q u e os h e t r a z a d o u n c a m i n o d e r e cho p o r m e d i o d e mi e t e r n a V e r d a d , el q u e h a sido abierto a golpes con la s a n g r e d e mi V e r b o e n c a r n a d o . » «Levantaos, pues, y seguidlo, p u e s n a d i e p u e d e venir a mí, el P a d r e , sino p o r El. El es el c a m i n o y la p u e r t a p o r d o n d e tenéis q u e venir a mí, Mar d e paz.» C u a n d o el alma ha l o g r a d o e x p e r i m e n t a r esta luz — p o r q u e d u l c e m e n t e la ha visto y conocido, y p o r eso la ha gustado—, corre, como enamorada y angustiada de a m o r , a la mesa del santo d e s e o , y n o se ve a través d e sí m i s m a ni busca el propio consuelo, sea espiritual o corporal. C o m o quien t o d o lo confía e n esta luz y conocim i e n t o , tiene a h o g a d a la voluntad propia. N o d e s d e ñ a los sufrimientos, d e cualquier p a r t e q u e v e n g a n , sino q u e , sufriendo con trabajo el o p r o b i o , las molestias del d e m o n i o y las m u r m u r a c i o n e s d e los h o m b r e s , c o m e en la mesa d e la santísima c r u z el alimento e n h o n o r a mí, Dios e t e r n o , y d e la salvación d e las almas. N o busca la r e m u n e r a c i ó n e n mí o en las criaturas, p o r q u e se ha despojado del a m o r m e r c e n a r i o , es decir, del a m o r p o r interés propio, y está vestida d e la luz perfecta, a m á n d o m e con p u r e z a y sin interés a l g u n o q u e n o sea la gloria y alabanza d e mi n o m b r e ; n o sirviéndom e p o r el deleite propio, ni al prójimo p o r utilidad, sino sólo p o r a m o r . Estos se h a n p e r d i d o a sí mismos, se h a n despojado del h o m b r e viejo, es decir, d e los propios sentidos, y se h a n vestido del h o m b r e n u e v o , Cristo, el dulce J e s ú s , mi V e r d a d , siguiéndolo e s f o r z a d a m e n t e . Se p o n e n a la mesa del santo deseo. H a n cifrado m á s su c u i d a d o en

240

El Diálogo

m a t a r la v o l u n t a d q u e e n matar y mortificar el c u e r p o ; p e r o n o p o r efecto principal, sino c o m o i n s t r u m e n t o p a r a a y u d a r a m a t a r la propia voluntad, tal c o m o te dije al explicar aquella frase de q u e yo q u e r í a pocas palabras y m u c h a s o b r a s . Y así debéis o b r a r , p o r q u e la intención principal d e b e ser d a r m u e r t e a la voluntad y n o buscar ni q u e r e r sino mi dulce V e r d a d , Cristo crucificado, p o r el h o n o r y gloria de mi n o m b r e y la salvación d e las almas. Los q u e se hallan e n esta dulce luz o b r a n así, y p o r ello se e n c u e n t r a n siempre e n paz y q u i e t u d , y n o hay q u i e n los escandalice, p o r q u e h a n s u p r i m i d o lo q u e p r o d u c e escándalo, es decir, la voluntad propia. T o d a s las persecuciones q u e el m u n d o y el d e m o n i o p u e d e n p r o m o v e r se hallan a sus pies. Están e n el a g u a d e m u c h a s tribulaciones y tentaciones; p e r o n o les hacen d a ñ o , p o r estar asidos a la r a m a d e l a r d o r o s o deseo '. Gozan d e t o d o y n o se e r i g e n e n j u e c e s d e mis servid o r e s ni d e n i n g u n a c r i a t u r a racional, sino q u e se aleg r a n d e t o d o lo q u e ven, diciendo: «Gracias a ti, P a d r e , p o r q u e e n tu casa hay m u c h a s mansiones» . T a n t o m á s gozan c u a n t o s m á s m o d o s ven d e servirme; más q u e si e n c o n t r a s e n q u e iban todos p o r el m i s m o c a m i n o , p u e s ven q u e así se manifiesta la g r a n d e z a d e su b o n d a d . De todo sacan la fragancia d e la rosa; n o sólo del bien, sino q u e n o j u z g a n d e los q u e ven q u e c i e r t a m e n t e h a n pecad o , antes bien tienen santa compasión, r o g a n d o p o r ellos, y dicen c o n perfecta h u m i l d a d : «Hoy te toca a ti, m a ñ a n a m e tocaría a mí, si n o fuera p o r la gracia, q u e m e preserva». ¡Oh hija queridísima! E n a m ó r a t e d e este dulce y excelente estado y c o n t e m p l a a los q u e c o r r e n con esta luz y su excelencia, p u e s tienen santos pensamientos, c o m e n a la mesa d e los santos deseos y h a n logrado alimentarse d e las almas con a r d o r o s a caridad p o r h o n o r a mí, Pad r e e t e r n o , vestidos del dulce C o r d e r o , mi Hijo u n i g é nito, o sea, d e su doctrina. N o p i e r d e n el tiempo e n falsos juicios acerca del m u n d o ni d e mis servidores y n o escandalizan p o r m u r m u r a c i ó n a l g u n a acerca d e sí m i s m o s ni d e o t r o s . E n 2

1

C a n t 8,7 y J n 15,5.

2

J n 14,2.

La doctrina de la verdad

241

c u a n t o a ellos, e s t á n c o n t e n t o s d e sufrir algo p o r mí. C u a n d o la m u r m u r a c i ó n se r e f i e r e a o t r o s , la sufren p o r c o m p a s i ó n al p r ó j i m o y n o c o n crítica d e los q u e la h a c e n , p o r q u e su a m o r n o se halla m a l d i r i g i d o , sino o r i e n t a d o a m í , Dios e t e r n o , y al p r ó j i m o . C o m o e n ellos ese a m o r está b i e n o r i e n t a d o , n o r e c i b e n e s c á n d a l o n u n c a , carísima hija. N o se e x t r a ñ a n d e lo q u e aquéllos a m a n ni d e c r i a t u r a a l g u n a racional, p u e s su p a r e c e r se halla m u e r t o y n o vivo, y p o r eso n o p r e t e n d e n j u z g a r la i n t e n c i ó n d e los h o m b r e s , sino la d e m i c l e m e n c i a . O b s e r v a n la d o c t r i n a q u e sabes q u e te fue d a d a p o r m i V e r d a d al c o m e n z a r tu vida, c u a n d o p e d i s t e c o n g r a n d e s e o llegar a la p e r f e c t a p u r e z a d e espíritu. Si p i e n s a s e n el m o d o e n q u e p o d é i s c o n s e g u i r l a , sabes lo q u e te dije s o b r e este d e s e o c u a n d o estabas a r r o b a d a . N o sólo e n el espíritu, sino e n la voz q u e s o n ó a tus oíd o s c u a n d o volviste a los s e n t i d o s , si bien te a c u e r d a s , c u a n d o m i V e r d a d te dijo: « ¿ Q u i e r e s llegar a la p e r f e c ta p u r e z a d e espíritu y v e r t e libre d e los e s c á n d a l o s y q u e tu espíritu n o se escandalice p o r n a d a ? E n t o n c e s h a z q u e s i e m p r e te u n a s a mí p o r afecto d e a m o r , p o r q u e yo soy s u m a y e t e r n a p u r e z a y f u e g o q u e purifica al a l m a . P o r esto, c u a n t o el a l m a m á s se a c e r c a a mí, m á s p u r a se h a c e , y c u a n t o m á s se a p a r t a , se h a c e m á s inm u n d a . Los h o m b r e s c a e n e n t a n t a s m a l d a d e s p o r hallarse s e p a r a d o s d e mí, p e r o el a l m a q u e se u n e a mí, sin cortapisas, participa d e mi p u r e z a » O t r a cosa te c o n v i e n e h a c e r p a r a llegar a esta u n i ó n y p u r e z a : q u e n u n c a j u z g u e s d e l h o m b r e , sino d e mi i n t e n c i ó n p a r a con él y p a r a c o n t i g o e n lo q u e vieras h a c e r o decir, sea p o r q u i e n sea, c o n t r a ti o c o n t r a los demás. »Y si vieses p e c a d o o d e f e c t o manifiesto, saca d e a q u e lla e s p i n a la rosa, es decir, o f r é c e m e l a c o n s a n t a c o m p a sión. E n las injurias q u e te h a g a n , p i e n s a e n q u e m i vol u n t a d lo p e r m i t e p a r a p r o b a r tu v i r t u d y la d e mis siervos, p e n s a n d o q u e lo h a c e n c o m o i n s t r u m e n t o s d e q u e m e sirvo, j u z g a n d o q u e m u c h a s veces t e n d r á n b u e n a int e n c i ó n . N a d i e h a y q u e p u e d a j u z g a r el c o r a z ó n escond i d o d e los h o m b r e s . 3

3

Alusión

autobiográfica.

242

El Diálogo

»Lo que veas q u e no es expresa y claramente pecado, no lo debes interpretar sino como manifestación de mi voluntad en ellos; y si tienes seguridad de que es pecad o , tampoco debes juzgar, sino tener compasión. De este m o d o llegarás a la perfecta pureza, porque, haciéndolo así, tu espíritu no se escandalizará d e mí ni de tu prójimo. El desdén hacia el prójimo proviene d e j u z g a r en él mala intención y no ver la mía. Este desdén y escándalo aparta al alma de mí e impide la perfección, y en algunos casos quita la gracia, más o menos según la gravedad del desdén y el aborrecimiento concebido hacia el prójimo por su juicio. »Lo contrario ocurre al alma que considera mi intención. Como está siempre en el a m o r al prójimo, permanece siempre en mi amor, y por eso el alma sigue unida a mí. Mi voluntad no quiere sino vuestro bien: lo q u e doy o permito, lo doy para que tengáis ante vosotros el fin para que os creé. »Para llegar a la pureza que m e pides, te es preciso, por consiguiente, hacer estas tres cosas principales: unirte a mí por afecto de amor, g u a r d a n d o en la m e m o ria los beneficios que de mí has recibido; q u e r e r ver con el entendimiento el afecto de mi caridad, que os ama inestimablemente; y, en cuanto a la voluntad del hombre, ver en ella la mía y no su mala voluntad, porque en esto soy yo el juez; yo y no vosotros. De esto se te seguirá la perfección». Si te acuerdas, ésta fue la doctrina que le dio mi Verdad. T e digo ahora, hija queridísima, que los que te dije que parecía q u e habían aprendido esta doctrina, gustan las arras de la vida eterna en esta vida. Si la tienes en cuenta, no caerás en las argucias del demonio, porque las descubrirás; ni tampoco en el juzgar al prójimo. Sin embargo, para satisfacer más concretamente tus deseos, te diré y mostraré cómo no podéis emitir juicio alguno para condenar, sino para compadecer. 101 [Los q u e h a n l l e g a d o a la t e r c e r a y perfecu'sima luz r e c i b e n las p r i m i c i a s d e la vida e t e r n a . ]

¿Por qué te dije que recibían las arras de la vida eterna? Respondo q u e no las reciben como pago. Este espe-

La doctrina de la verdad

243

r a n recibirlo e n mí e n la vida p e r d u r a b l e , e n u n a vida sin m u e r t e , e n saciedad sin hastío y e n h a m b r e sin sufrim i e n t o , p u e s t o q u e éste se halla lejos d e l h o m b r e , p u e s tiene lo q u e d e s e a , y se halla alejado el hastío d e la sacied a d , p o r q u e yo soy c o m i d a sin defecto a l g u n o . Reciben las primicias y las e x p e r i m e n t a n d e esta manera: el alma comienza a tener h a m b r e del h o n o r a mí, Dios e t e r n o y m a n j a r d e la salvación d e las a l m a s , p o r q u e el a l m a se a l i m e n t a y n u t r e d e la c a r i d a d del prójim o , d e q u e tiene h a m b r e y d e s e o . Es éste u n m a n j a r del q u e , n u t r i é n d o s e , n u n c a se sacia, p o r ser incapaz d e saciar; p o r eso le q u e d a s i e m p r e h a m b r e . A u n q u e las a r r a s son el principio d e u n a s e g u r i d a d q u e se d a al h o m b r e a c u e n t a d e lo q u e e s p e r a recibir, con t o d o , el a l m a e n a m o r a d a y vestida d e la d o c t r i n a d e mi V e r d a d , h a b i e n d o recibido ya las a r r a s d e m i c a r i d a d y del prójim o e n sí m i s m a e n esta vida, n o es a ú n perfecta e n sí, sino q u e e s p e r a la perfección d e la vida i n m o r t a l , p u e s ellas n o son perfectas e n sí, sino q u e la fe d a la segurid a d d e alcanzar la p l e n i t u d r e c i b i e n d o la r e m u n e r a c i ó n . Repito q u e n o son perfectas —lo q u e el a l m a experim e n t a n o es a ú n perfección—, d e m o d o q u e n o t e n g a s u f r i m i e n t o e n sí y e n los d e m á s . N o lo son e n sí p o r las ofensas q u e m e h a c e n a causa d e la p e r v e r s a inclinación q u e se halla ligada a sus m i e m b r o s c u a n d o ésta q u i e r e luchar contra el espíritu; en los otros, p o r las ofensas del p r ó j i m o . C i e r t a m e n t e es perfecta e n c u a n t o a la gracia, p e r o n o c o n la perfección c o n q u e mis santos se hallan u n i d o s a mí, V i d a p e r d u r a b l e . Los d e s e o s d e éstos los t i e n e n sin sufrimientos, y los v u e s t r o s sí los t i e n e n . T e dije e n o t r o l u g a r q u e se a l i m e n t a n a la m e s a d e este d e seo. Se hallan felices y dolientes, c o m o lo estaba m i Hijo único e n el m a d e r o d e la cruz. Su carne estaba sufriendo t o r m e n t o s , y el a l m a , sin e m b a r g o , e r a feliz p o r la u n i ó n c o n la n a t u r a l e z a divina. Los perfectos son felices p o r la u n i ó n d e su d e s e o e n m í ; vestidos d e m i d u l c e v o l u n t a d y d o l i e n t e s p o r la c o m p a s i ó n p a r a c o n el p r ó j i m o y porq u e a p a r t a n d e sí las delicias y c o n s u e l o s d e lo sensible afligiendo sus propios sentidos.

244

El Diálogo

TRES COSAS PARA NO CAER EN 11. No juzgar los defectos - 2 . No juzgar del grado querer que todos sigan el mismo camino. | 102

ENGAÑO de virtud

- 3 . No

[ M o d o d e c o r r e g i r al p r ó j i m o s i n c a e r e n f a l s o s j u i c i o s . I

T e he h a b l a d o d e la luz c o m ú n , q u e todos podéis poseer en c u a l q u i e r estado en q u e os halléis, es decir, los q u e tenéis la c a r i d a d c o m ú n . T e he h a b l a d o d e los q u e tienen la luz perfecta, q u e te distinguí en dos: la d e los q u e estaban levantados sobre el m u n d o y p r o c u r a b a n mortificar su c u e r p o y la d e los q u e en t o d o d a b a n m u e r t e a su v o l u n t a d propia. Estos e r a n los perfectos, q u e se n u t r í a n en la mesa del d e s e o . A h o r a te h a b l a r é a ti e n particular, y, al hacerlo a ti, hablo a los d e m á s y satisfago tus deseos. Q u i e r o q u e hagas tres cosas p a r a q u e la ignorancia n o impida la perfección a q u e te llamo; p a r a q u e el d e m o nio, con la capa d e la virtud d e la caridad con el prójim o , n o f o m e n t e d e n t r o del alma la raíz d e la p r e s u n ción. C o n ella caerías en falsas interpretaciones, q u e te h e p r o h i b i d o . C r e y e n d o q u e j u z g a s r e c t a m e n t e , lo haces mal. C u a n d o , a tu m o d o d e ver, vas p a r a atrás, m u c h a s veces te h a r á ver m u c h a s cosas c o m o v e r d a d e s p a r a ind u c i r t e al e r r o r . Esto lo conseguiría h a c i é n d o t e e n tu m e n t e y e n tus intenciones ser j u e z d e las criaturas racionales, a las q u e , c o m o te h e d i c h o , sólo yo t e n g o q u e juzgar. Esta es u n a d e las cosas q u e tú y mis siervos u n i d o s a ti debéis t e n e r e n c u e n t a , es decir, q u e tu juicio n o se h a g a sin m e s u r a . La m e s u r a consiste e n lo siguiente: si c o n c r e t a m e n t e ves, n o u n a o d o s veces, sino más, q u e a n t e tu espíritu aparece el defecto del prójimo, n o le d e bes r e p r e n d e r e n particular, sino q u e , e n general, d e b e s recriminar los vicios d e quienes te vienen a visitar ', semb r a n d o la virtud caritativamente y con b e n i g n i d a d . C o n esa b e n i g n i d a d d e b e s mezclar la aspereza c u a n d o lo creas preciso. Si te parece q u e yo te he mostrado muchas veces los defectos d e los d e m á s , si n o ves q u e sea p o r revelación expresa, c o m o te h e d i c h o , n o se lo digas e n 1

Alusión

autobiográfica.

La doctrina de la verdad

245

p a r t i c u l a r , sino a t e n t e a los m á s s e g u r o , lo c u a l hace h u i r la e s t r a t a g e m a y malicia del d e m o n i o . P u e s c o n el a n z u e l o d e tu b u e n a intención te a t r a p a r í a , h a c i é n d o t e j u z g a r m u c h a s veces e n el p r ó j i m o lo q u e n o se d e b e r í a , y m u c h a s veces lo escandalizaréis. P o r t a n t o , g u a r d e silencio tu boca o h a g a u n a santa e x h o r t a c i ó n e n r e p u l s a del p e c a d o . L o q u e te p a r e c e m a l e n los d e m á s , a t r i b u y e t e l o a ti y a él e n c o n j u n t o , e j e r c i t a n d o la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Y si, e n v e r d a d , aquel p e c a d o se e n c u e n t r a e n a q u e l l a p e r s o n a , se c o r r e girá m e j o r viéndose d u l c e m e n t e p r e s i o n a d a , y se verá o b l i g a d a a e n m e n d a r s e c o n aquella suave r e p r e n s i ó n . Yo te d i r é lo q u e tú q u i e r a s decirle, y te hallarás s e g u r a d e n o h a b e r i n c u r r i d o e n u n mal juicio y h a b r á s c o r t a d o el c a m i n o al d e m o n i o , q u e n o te p o d r á e n g a ñ a r ni i m p e d i r la perfección d e tu a l m a . Q u i e r o q u e sepas q u e n o d e b e s fiarte d e lo q u e ves. Debes e c h á r t e l o a la e s p a l d a y m i r a r . Sólo d e b e s p e r m a n e c e r firme e n verte a ti m i s m a , c o n o c e r t e y r e c o n o c e r m i g e n e r o s i d a d y b o n d a d . Así o b r a n los q u e h a n alcanzado el e s t a d o d e q u e te h a b l é , p u e s s i e m p r e volvían al valle del c o n o c i m i e n t o d e sí mismos, y p o r ello n o se les i m p e d í a la s u b i d a y la u n i ó n q u e h a b í a n h e c h o c o n m i g o . Esta es u n a d e las tres cosas q u e te dije q u e r í a q u e hicieras p a r a s e r v i r m e d e veras. 103 [ A u n q u e Dios manifestase a q u i e n o r a p o r o t r o q u e éste tiene su espíritu e n tinieblas, n o p o r ello d e b e j u z g a r q u e se h a l l a e n p e c a d o . ]

A h o r a te h a b l a r é d e la s e g u n d a , q u e consiste e n lo sig u i e n t e : si a l g u n a vez te o c u r r i e s e o r a r p o r a l g u i e n e n p a r t i c u l a r — d e esto m e p e d i s t e explicación— y e n tu o r a c i ó n vieses e n a q u e l p o r el q u e o r a s a l g u n a luz d e gracia y e n o t r o n o , y los d o s son s e r v i d o r e s m í o s , p e r o te p a r e c i e r e ver a u n o c o n espíritu e n t o r p e c i d o y o s c u r o , n o d e b e s ni p u e d e s j u z g a r l e e n p e c a d o , p o r q u e m u c h a s veces tu i n t e r p r e t a c i ó n sería falsa. Q u i e r o q u e sepas q u e a l g u n a s veces, en la o r a c i ó n p o r u n a m i s m a p e r s o n a , u n a s la verás c o n luz y c o n santo d e s e o a n t e mí, d e m o d o q u e p a r e c e r á q u e su a l m a p r o g r e s a e n el bien (como pide el afecto d e la c a r i d a d el q u e participéis u n o

246

El Diálogo

del bien del otro), y otras p a r e c e r á q u e su espíritu se halla alejado d e mí y lleno d e tinieblas y tentaciones; t a n t o q u e a ti misma te p a r e c e r á q u e te fatiga r o g a r ante mí p o r ella. Sucede esto, sin d u d a alguna, acaso p o r defecto d e aquel por q u i e n has o r a d o ; p e r o la mayoría d e las veces n o hay defecto, sino q u e yo, Dios e t e r n o , m e h a b r é a p a r t a d o d e aquel alma. Lo h a g o m u c h a s veces p a r a hacerla llegar a la perfección, tal c o m o te expliqué al hablar d e los estados del alma '. Mi alejamiento será e n c u a n t o a lo sensible, en c u a n t o a la percepción d e la dulz u r a y consuelos, p e r o n o e n c u a n t o a la gracia; por eso p e r m a n e c e el espíritu c o m o estéril, seco y d o l o r i d o . Esto lo h a g o p o r benevolencia y p o r el a m o r q u e tengo a esa alma p o r la q u e se ora, p a r a q u e quien ora, j u n t a m e n t e c o n la oración, la a y u d e a disipar la n u b e q u e hay e n su espíritu. Ves, p o r t a n t o , carísima y dulcísima hija, lo i g n o r a n t e y d i g n a d e r e p r e n s i ó n q u e sería tal interpretación si tú u o t r o lo atribuyese a pecado sólo p o r esa m a n e r a d e enjuiciar c u a n d o te m o s t r é a esa alma e n oscuridad. Has visto, p u e s , p o r ello q u e n o la h e privado d e la gracia, sino d e la d u l z u r a q u e le concedía sentir. Q u i e r o , p o r t a n t o , y lo d e b e s q u e r e r tú y los servidores míos, q u e os entreguéis al conocimiento perfecto d e vosotros mismos p a r a q u e reconozcáis más perfectamente mi b o n d a d con vosotros. L o d e m á s dejádmelo a mí, p o r q u e el juicio es mío y n o vuestro . Dejad el juicio, q u e es mío, y ateneos a la compasión, con h a m b r e d e mi h o n o r y d e la salvación d e las almas. A n u n c i a d la virtud c o n anheloso deseo y r e p r e n d e d el vicio en vosotros y e n ellos del m o d o q u e te he dicho antes. Así llegarás a mi verdad y te m o s t r a r é q u e te has m a n t e n i d o y conservado d e n t r o del espíritu d e la doctrina q u e te ha d a d o mi V e r d a d , es decir, i n t e r p r e t a n d o rrii voluntad y n o la d e los h o m b r e s . Así debes o b r a r si quieres t e n e r p u r a la virtud y p e r m a n e c e r e n la última, perfectísima y gloriosa luz, a l i m e n t á n d o t e en la mesa d e l santo deseo del manjar d e las almas p a r a h o n o r y alabanza d e mi n o m b r e . 2

1

Cf. c.60.70 y 7 8 .

2

Mt 7,1 y R o m 12,19.

La doctrina de la verdad

247

1 0 4 [El afecto y el amor a la virtud deben ser tomados como finalidad principal; no la penitencia.] Dicho esto, q u e r i d í s i m a hija, sobre las d o s n o r m a s , te h a b l a r é a h o r a d e la t e r c e r a , a la q u e debes p r e s t a r atención. R e p r é n d e t e a ti m i s m a si a l g u n a vez el d e m o n i o y tu i g n o r a n c i a te t e n t a r e n a obligar y q u e r e r q u e todos mis servidores lleven el c a m i n o q u e tú has s e g u i d o , porq u e esto sería e n c o n t r a d e la d o c t r i n a q u e te h a e n s e ñ a d o mi V e r d a d . P o r q u e m u c h a s veces o c u r r e q u e , viendo c a m i n a r a m u c h a s c r i a t u r a s p o r el c a m i n o d e las g r a n des penitencias, quisieran q u e todos llevaran el m i s m o c a m i n o , y, si ven q u e n o lo llevan, se disgustan y escandalizan, pareciéndoles q u e n o o b r a n bien. Mira q u é e n g a ñ a d o s se hallan, ya q u e c o n frecuencia o c u r r i r á q u e p a r a ellos será mejor el q u e p a r e c e m a l o , p o r q u e hace m e n o s penitencia, y será m á s virtuoso — s u p o n i e n d o q u e n o h a g a n t a n t a p e n i t e n c i a — el q u e n o m u r m u r e p o r ello. Por eso te dije antes q u e los q u e se a l i m e n t a n e n la m e s a d e la penitencia, si n o lo h a c e n c o n v e r d a d e r a h u m i l d a d y n o t o m a n su penitencia c o m o i n s t r u m e n t o d e la virtud, sino c o m o fin p r i m o r d i a l , o f e n d e n con frecuencia a su propia perfección c o n esa m u r m u r a c i ó n . Por t a n t o , no d e b e n ser i g n o r a n t e s , sino v e r q u e la perfección n o consiste e n mortificar y m a t a r el c u e r p o , sino en d a r m u e r t e a la p e r v e r s a voluntad p r o p i a . Por este c a m i n o d e la v o l u n t a d , a n e g a d a y s o m e t i d a a m i d u l c e voluntad, es p o r el q u e debéis d e s e a r y q u e r e r q u e vayan todos. Esta es la d o c t r i n a s o b r e la gloriosa iluminación, en la q u e el alma c o r r e e n a m o r a d a y vestida d e mi V e r d a d . N o d e s d e ñ o la penitencia, q u e es b u e n a p a r a mortificar el c u e r p o , q u e q u i e r e c o m b a t i r al espíritu; p e r o , c o n t o d o , hija queridísima, n o q u i e r o q u e se la i m p o n g a s a todos p o r q u e n o todos los cuerpos son iguales ni tienen la m i s m a fortaleza e n su c o m p l e x i ó n , ya q u e en u n o s la n a t u r a l e z a es más fuerte q u e en o t r o s , y t a m b i é n p o r q u e m u c h a s veces, c o m o te dije, o c u r r e q u e p o r m u c h a s razones hay q u e a b a n d o n a r u n a penitencia ya c o m e n z a d a . Si t ú o los d e m á s hubieseis t o m a d o p o r finalidad princi1

Alusión

autobiográfica.

El Diálogo

248

pal el hacer penitencia, vendríais a menos, seríais imperfectos, y os faltaría el consuelo y la virtud en el alma. Al sentiros privados d e lo q u e amabais y d e lo q u e había hecho vuestra finalidad, os parecería estar privados d e mí, y al creeros privados d e mi Bondad llegaríais al tedio, grandísima tristeza, a m a r g u r a y confusión. De este m o d o perderíais la práctica d e la ferviente oración q u e solíais hacer con la penitencia. A b a n d o n a d a ésta por muchas circunstancias, ya n o os sabrá la oración con aquel sabor q u e antes sentíais. Esto ocurriría p o r q u e el fin se hallaba cifrado en el afecto a la penitencia y n o en el anhelante deseo; deseo, digo, de las verdaderas y reales virtudes. Ves, p o r tanto, cuánto mal se seguiría d e p o n e r la penitencia c o m o f u n d a m e n t o . Seríais ignorantes y caeríais en la m u r m u r a c i ó n acerca d e mis servidores. Con ello llegaríais al tedio y gran a m a r g u r a y procuraríais hacer sólo obras finitas por mí, q u e soy Bien infinito; p o r eso os pido u n deseo infinito. Es preciso, pues, tener como objetivo matar y a h o g a r la voluntad propia, y con ella, sometida a la mía, m e ofreceréis el dulce, insaciable e infinito deseo, buscando mi h o n o r y la salvación d e las almas. N o o b r a n así los desdichados q u e no siguen esta doctrina, el camino dulce y sin rodeos enseñado por mi Verdad, sino todo lo contrario. Piensan con u n e n t e n d i miento ciego y e n f e r m o , y por eso caminan como locos, y se privan d e los bienes d e la tierra y d e los del cielo. C o m o te dije en o t r o lugar, gustan en esta vida las primicias del infierno.

RECAPITULACIÓN

SOBRE LAS TRES

COSAS

105 [Resumen de las tres cosas precedentes.—Anexo sobre la corrección del prójimo.) T e acabo d e enseñar, hija queridísima, para satisfacer tus deseos y explicarte lo que m e preguntaste, el m o d o de r e p r e n d e r al prójimo, a fin d e q u e no seas e n g a ñ a d a por el d e m o n i o ni por tu pobre inteligencia. Debes,

La doctrina de la verdad

249

p u e s , c o r r e g i r e n g e n e r a l y n o e n particular, a n o ser q u e p o r e x p r e s a revelación te lo m a n d a r a yo; y s i e m p r e con h u m i l d a d , r e p r e n d i é n d o t e a ti j u n t o c o n los d e m á s . T e h e d i c h o a d e m á s , y te repito, q u e p o r n i n g u n a razón del m u n d o te es lícito j u z g a r a n a d i e ni e n c o m ú n ni en particular/, ni t a m p o c o las intenciones d e mis servidores, te parezcan b u e n a s o malas. T e di la razón p o r la q u e n o p u e d e s j u z g a r , y, si j u z garas, te e n g a ñ a r í a s e n tus juicios. Por el c o n t r a r i o , d e bes t e n e r compasión tú y los d e m á s y d e j a r q u e j u z g u e yo. T a m b i é n te h e e n s e ñ a d o la d o c t r i n a y la r a z ó n principal q u e d e b e s d a r a q u i e n e s se llegan a ti p i d i e n d o consejo y q u e quisieran salir d e las tinieblas d e l p e c a d o m o r t a l y seguir el c a m i n o d e las virtudes. Debes p r o p o nerles c o m o finalidad principal el afecto y a m o r a la virt u d e n el c o n o c i m i e n t o d e sí mismos y d e mi b o n d a d e n ellos y q u e m a t e n y a h o g u e n su p r o p i a v o l u n t a d p a r a q u e n a d a se rebele contra mí '. Dales la penitencia como i n s t r u m e n t o y n o c o m o afecto principal; n o a t o d o s d e igual m o d o , sino s e g ú n sus posibilidades y e s t a d o p a r a s o p o r t a r l a : a u n o s poco y a o t r o s m u c h o , s e g ú n p u e d a n tolerar este i n s t r u m e n t o del f u r o r divino. Y p o r q u e te dije q u e la r e p r e n s i ó n n o e r a lícita sino e n g e n e r a l , n o quisiera q u e creyeses q u e , si ves u n pecad o manifiesto, n o p u e d a s hacer la corrección e n t r e ti y el q u e lo comete. La p u e d e s hacer y hasta, si fuese obstinad o e n c o r r e g i r s e , lo p u e d e s decir a d o s o a tres, y, si esto n o a y u d a , hacerlo manifiesto al c u e r p o místico d e la Iglesia . T e he dicho que, sin e m b a r g o , no es lícito porq u e a ti te parezca así o lo percibas d e n t r o d e tu espíritu. T a m p o c o , si lo ves p o r ti m i s m a , d e b e s c a m b i a r d e opinión. Si n o vieres c l a r a m e n t e la v e r d a d o tu espíritu n o lo conociese p o r e x p r e s a revelación mía, n o d e b e s u s a r la r e p r e n s i ó n sino del m o d o q u e te h e d i c h o . Esto es m á s s e g u r o p a r a ti y n o te p o d r á e n g a ñ a r el d e m o n i o con el p r e t e x t o d e c a r i d a d p a r a c o n el p r ó j i m o . H e a c a b a d o con esto, carísima hija, d e explicarte esta p a r t e necesaria p a r a c o n s e r v a r y a c r e c e n t a r la perfección d e tu alma. 2

1

Alusión

autobiográfica.

2 Mt

15,17.

250

El Diálogo

COMO DISTINGUIR

LAS

VISIONES

106 [ S e ñ a l e s p a r a c o n o c e r c u á n d o las \ ¡sitas y v i s i o n e s e s p i rituales son d e Dios o del d e m o n i o . ]

A h o r a te explicaré lo q u e m e p r e g u n t a s t e sobre la señal q u e te dije q u e d a b a yo al alma p a r a reconocer la visita q u e recibe o por visiones o p o r otros consuelos q u e le parezca recibir. Preguntaste p o r la señal por la q u e el alma p u e d e reconocer c u á n d o p r o c e d e d e mí y c u a n d o n o . La señal d e p r o c e d e r d e mí es la alegría q u e persiste e n ella después d e la visita, el h a m b r e por la virtud, ungida especialmente por la v e r d a d e r a h u m i l d a d y el ard e r en el fuego d e la v e r d a d e r a caridad. Pero c o m o n o m e p r e g u n t a s si en la alegría p u e d e hab e r algún e n g a ñ o , te diré el q u e se p u e d e t e n e r y en q u é se p u e d e descubrir si la alegría es o n o v e r d a d e r a . El e n g a ñ o p u e d e d a r s e del siguiente m o d o . Q u i e r o q u e sepas q u e lo q u e la c r i a t u r a racional a m a y desea ten e r , le p r o d u c e alegría poseerlo. C u a n t o más a m a lo q u e posee, p r u d e n t e m e n t e t a n t o m e n o s mira e investiga d e d ó n d e viene, p o r causa del deleite q u e h a recibido e n este m u n d o . Por ello, la alegría d e recibir lo q u e a m a n o la deja ver ni se interesa e n descubrirlo. Así, los q u e m u c h o se deleitan y a m a n el consuelo espiritual, buscan visiones y h a n puesto más el afecto principal en el deleite d e los consuelos q u e e n mí, tal c o m o te dije d e los q u e se hallan a ú n e n el estado imperfecto: q u e m i r a n más al d o n d e las consolaciones q u e reciben d e mí, el q u e da, q u e al afecto d e la caridad con q u e lo doy. Aquí p u e d e n recibir e n g a ñ o , o sea, e n su alegría, adem á s d e los otros e n g a ñ o s a q u e c o n c r e t a m e n t e m e referí e n otro lugar. ¿De q u é m o d o los reciben? T e lo d i r é . En c u a n t o h a n concebido el g r a n a m o r a las consolaciones o las visiones, al recibirlas, sea d e la m a n e r a q u e sea, sienten alegría viendo q u e tienen lo q u e a m a n y deseab a n poseer. Muchas veces p o d r í a n venir del d e m o n i o , y lo mismo sentirían esta alegría, d e la q u e te dije q u e , c u a n d o la visita e r a del d e m o n i o , venía la alegría, p e r o q u e d a b a n con p e n a y r e m o r d i m i e n t o d e conciencia y vacíos del deseo d e la virtud.

La doctrina de la verdad

A h o r a te digo q u e a l g u n a vez p o d r á o c u r r i r q u e con esta alegría se levantará el a l m a d e la o r a c i ó n u n a vez t e r m i n a d a . Si la e x p e r i m e n t a sin el d e s e o d e la v i r t u d , sin h u m i l d a d y sin a r d e r e n el h o r n o d e mi divina carid a d , la visita, c o n s u e l o y visión q u e h a recibido p r o c e d e del d e m o n i o y n o d e mí, a p e s a r d e t e n e r el signo d e la alegría. C o m o ésta n o se halla u n i d a al afecto d e la virt u d , p u e d e s e n t e n d e r q u e es alegría p r o d u c i d a p o r el a m o r q u e tenía al p r o p i o c o n s u e l o del espíritu, y p o r ello goza y siente alegría al ver q u e posee lo q u e deseaba, p u e s es condición del a m o r , d e c u a l q u i e r g é n e r o q u e sea, sentir alegría al recibir lo q u e se a m a . De m o d o q u e n o te p o d r á s fiar d e la sola alegría, a u n s u p o n i e n d o q u e d u r a s e m i e n t r a s tienes la consolación y a ú n m á s largo t i e m p o . El a m o r i g n o r a n t e n o r e c o n o c e r á el e n g a ñ o del d e m o n i o e n ella si n o a n d a con p r u d e n cia; p e r o , si la tiene, se d a r á c u e n t a si la alegría va acomp a ñ a d a del afecto a la virtud o n o . En esto c o n o c e r á si la visita q u e recibe en su espíritu p r o c e d e d e mí o del d e monio. Esta es la señal q u e te di p a r a q u e p u d i e r a s r e c o n o c e r c u á n d o e r a s visitada p o r mí: si iba u n i d a con la v i r t u d . C i e r t a m e n t e es u n signo d e m o s t r a t i v o q u e te d e c l a r a lo q u e es e n g a ñ o y lo q u e n o lo es; es decir, lo q u e c o n certeza llega a tu espíritu d e mí y lo q u e p r o c e d e del a m o r propio espiritual, del afecto b a s a d o e n el c o n s u e l o p r o pio. Mi visita está u n i d a con la virtud, y la del d e m o n i o siente sólo la alegría, y, c u a n d o se la analiza, se e n c u e n tra con la m i s m a virtud q u e a n t e s , sin a u m e n t o . Es q u e le viene del a m o r a la p r o p i a consolación. Q u i e r o q u e sepas q u e n o todos son e n g a ñ a d o s p o r esta alegría, sino sólo los imperfectos, los q u e buscan d e leites o consuelos y m i r a n m á s al d o n q u e al q u e lo hace. Los perfectos, l i m p i a m e n t e y sin interés p r o p i o , m i r a n c o m o e n a r d e c i d o s el afecto hacia mí; n o al d o n q u e o t o r g o , sino sólo a mí y no a su propio c o n s u e l o , e n el q u e p o d r í a n ser e n g a ñ a d o s p o r esta alegría. Para ello tienen p r o n t a esta señal: c u a n d o a l g u n a vez el d e m o n i o con sus argucias quisiere t r a n s f o r m a r s e e n ángel d e luz y p r e s e n t a r s e a su espíritu c o n s i g u i e n d o en s e g u i d a g r a n alegría, los q u e n o se hallan apasionados p o r la afición a los consuelos r e c o n o c e n d e veras el en-

252

El Diálogo

g a ñ o con la p r u d e n c i a , y, p a s a n d o p r o n t o la alegría, ven q u e p e r m a n e c e n en tinieblas. P o r eso r e c o n o c e n y m e nosprecian t o d o consuelo y a b r a z a n y e s t r e c h a n la d o c t r i n a d e m i V e r d a d . El d e m o n i o , c o n f u n d i d o , r a r a vez, o n u n c a , volverá d e esta m a n e r a . Los q u e , p o r el c o n t r a r i o , a m a n los propios consuelos, los t e n d r á n y n o r e c o n o c e r á n el e n g a ñ o ; es decir, al e n c o n t r a r la alegría sin la virtud, n o salen d e aquella situación con h u m i l d a d y v e r d a d e r a c a r i d a d y ansia del h o n o r a mí, Dios e t e r n o , y d e la salvación d e las almas. Esto lo h a provisto m i b o n d a d con vosotros, perfectos e imperfectos, e n cualquier e s t a d o e n q u e os halléis, p a r a q u e n o podáis recibir e n g a ñ o a l g u n o m i e n t r a s p e r manezcáis e n la luz del e n t e n d i m i e n t o , q u e os h e d a d o con la pupila d e la santísima fe, y p a r a q u e no os dejéis oscurecer p o r el d e m o n i o ni os c u b r a el velo del a m o r propio; p o r q u e , si vosotros n o apartáis esa luz, n a d i e os la p u e d e quitar.

INVITACIÓN

A

PEDIR

107 [Dios c u m p l e los d e s e o s d e sus s e r v i d o r e s . — L e a g r a d a m u c h o q u e p i d a n y l l a m e n a la p u e r t a d e su V e r d a d c o n p e r severancia. I

T e h e explicado p l e n a m e n t e , q u e r i d í s i m a hija, y h e i l u m i n a d o tu e n t e n d i m i e n t o acerca d e los e n g a ñ o s a q u e el d e m o n i o te p u e d e inducir. H e satisfecho tu d e s e o e n lo q u e m e p r e g u n t a s t e , p o r q u e yo n o t e n g o en poco el deseo d e mis servidores, sino, m á s bien, lo satisfago e invito a p e d i r . Me d e s a g r a d a m u c h o aquel q u e n o llama con e n e r g í a a la p u e r t a d e la sabiduría d e m i Hijo u n i génito siguiendo su doctrina. Seguirla es l l a m a r m e a ald a b o n a z o s con la voz del santo d e s e o , con h u m i l d e y c o n t i n u a d a oración a mí, P a d r e e t e r n o . Yo soy el P a d r e q u e os d a el p a n d e la gracia p o r m e d i o d e esta p u e r t a d e m i V e r d a d . A l g u n a vez, p a r a p r o b a r vuestros deseos y perseverancia, h a g o c o m o q u e n o os oigo; p e r o os e n t i e n d o y doy aquello d e q u e tenéis necesidad, p u e s doy el h a m b r e y la voz p a r a que llaméis, y yo, al ver vuestra

La doctrina de la verdad

253

constancia, c u m p l o v u e s t r o s deseos c u a n d o e s t á n o r d e n a d o s y dirigidos a mí. A l l a m a r os invitó m i V e r d a d c u a n d o dijo: « L l a m a d , y se os r e s p o n d e r á ; g o l p e a d , y se os abrirá; p e d i d , y se os dará» i. Y lo m i s m o q u i e r o q u e h a g a s t ú : q u e n u n c a aflojes el paso e n el d e s e o d e p e d i r mi a y u d a , ni bajes la voz p a r a l l a m a r m e , p u e s yo h a g o m i s e r i c o r d i a al m u n d o . N o dejes d e d a r golpes a la p u e r t a d e m i V e r d a d sig u i e n d o sus huellas. A l é g r a t e con El, c o m i e n d o el p a n d e las almas p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e . G i m e c o n a n s i e d a d sobre el c u e r p o m u e r t o del hijo del g é n e r o h u m a n o , al q u e h e visto llegado a t a n t a miseria, q u e tu l e n g u a sería incapaz d e n a r r a r . P o r este g e m i d o y grito h a r é misericordia al m u n d o . Esto es lo q u e p i d o a mis siervos y esto será p a r a mí sign o d e q u e m e a m a n d e veras. Y n o m e n o s p r e c i a r é sus deseos, c o m o te h e d i c h o . ALABANZA A DIOS POR LA VERDAD MANIFESTADA. PIDE LA FIDEUDAD A LA VERDAD Y CONOCIMIENTO DE LOS DEFECTOS DE LOS MINISTROS 108 [Esta a l m a d e v o t a se h u m i l l a y d a gracias a D i o s . — O r a p o r t o d o e l m u n d o , y e s p e c i a l m e n t e p o r el c u e r p o m í s t i c o d e la I g l e s i a . — T a m b i é n p o r s u s hijos e s p i r i t u a l e s y p o r s u s d o s P a d r e s e s p i r i t u a l e s . — P i d e o í r h a b l a r a Dios d e los d e f e c t o s d e los m i n i s t r o s d e la s a n t a I g l e s i a . )

E n t o n c e s , a q u e l alma, v e r d a d e r a m e n t e c o m o ebria, parecía f u e r a d e sí y c o n los sentidos e n a j e n a d o s p o r la u n i ó n realizada con su C r e a d o r . E l e v a n d o el espíritu y m i r a n d o d e n t r o d e la e t e r n a v e r d a d con los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o , y h a b i e n d o c o n o c i d o la v e r d a d , se hallaba e n a m o r a d a d e ella y decía: ¡Oh s u m a y e t e r n a b o n d a d d e Dios! ¿Y q u i é n soy yo, m i s e r a b l e , p a r a q u e tú, s u m o y e t e r n o P a d r e , m e hayas m a n i f e s t a d o tu v e r d a d y las ocultas e s t r a t a g e m a s del d e m o n i o ; y el e n g a ñ o d e los propios sentidos, d e m o d o q u e yo y los d e m á s p o d a m o s recibir tu visita en ' M t 7 , 7 y Le 1 1 , 9 .

254

El Diálogo

esta vida d e peregrinación y n o seamos e n g a ñ a d o s ni p o r el d e m o n i o ni p o r nosotros mismos? ¿Quién te ha movido? El a m o r , p u e s tú m e amaste sin haber sido a m a d o p o r mí. ¡Oh fuego d e a m o r ! Gracias, gracias a ti, Padre eterno. Yo, imperfecta, llena d e oscuridades; tú, lleno d e luz, m e has e n s e ñ a d o la perfección y el camino-luz d e la doctrina d e tu Hijo unigénito. Estaba m u e r t a , y m e has resucitado; e n f e r m a , y m e has p r o p o r c i o n a d o la medicina. Y no sólo m e diste la medicina d e la s a n g r e , q u e proporcionaste al g é n e r o h u m a n o e n f e r m o p o r mediación de tu Hijo, sino la medicina c o n t r a u n a e n f e r m e d a d oculta q u e yo no conocía c u a n d o m e diste la doctrin a p a r a q u e e n cada caso p u e d a j u z g a r a la criatura racional, y especialmente a tus servidores, a los q u e con frecuencia j u z g a b a c o m o ciega y e n f e r m a d e esta enfermedad. Por eso te agradezco, s u p r e m a y e t e r n a B o n d a d , q u e , al manifestar tu v e r d a d y el e n g a ñ o del d e m o n i o y d e la propia inclinación, m e hayas h e c h o conocer mi enferm e d a d . Por ello te pido, c o m o gracia y misericordia, q u e se p o n g a hoy t é r m i n o y Fin p a r a q u e n u n c a m e aparte d e tu doctrina, la d a d a p o r tu b o n d a d y la q u e otorgas a q u i e n la q u i e r a seguir, p u e s n a d a se ha hecho sin ti. A ti, pues, r e c u r r o y en ti m e refugio, P a d r e e t e r n o . N o te pido esto p a r a mí sola, sino p a r a t o d o el m u n d o , y principalmente p a r a el c u e r p o místico d e la santa Iglesia. Q u e esta v e r d a d y doctrina d a d a p o r ti, V e r d a d e t e r n a , a mí, miserable, brille e n tus ministros. T e pido también d e m o d o especial p o r todos aquellos q u e m e has c o n c e d i d o [discípulos] q u e a m e con sigular a m o r , los q u e has hecho u n a cosa c o n m i g o , p o r q u e ellos serán mi refrigerio p a r a gloria y alabanza d e tu n o m b r e si los veo c o r r e r p o r este dulce y recto camino libres y m u e r t o s a su propia voluntad y a sus pareceres, sin j u z g a r ni escandalizarse ni m u r m u r a r d e su prójimo. T e r u e g o , A m o r dulcísimo, q u e n i n g u n o m e sea a r r e b a t a d o p o r las m a n o s del d e m o n i o infernal, sino q u e en el últim o m o m e n t o te consigan, P a d r e e t e r n o y fin suyo '. 1

J n 17,15 y alusión

autobiográfica.

La doctrina

de la verdad

255

T e h a g o a ú n o t r a p e t i c i ó n p o r las d o s c o l u m n a s , los d o s P a d r e s q u e m e h a s p u e s t o e n la t i e r r a d e s d e el p r i n c i p i o d e m i c o n v e r s i ó n h a s t a a h o r a c o n el fin d e g u a r d a r m e y a d o c t r i n a r m e a mí, miserable enferma. Q u e t ú les u n a s y d e d o s c u e r p o s h a g a s u n solo e s p í r i t u y q u e n i n g u n o a t i e n d a a o t r a cosa q u e a c u m p l i r , e n sí m i s m o y e n los m i s t e r i o s q u e h a s p u e s t o e n sus m a n o s , la gloria y a l a b a n z a d e tu n o m b r e e n p r o v e c h o d e las alm a s . Y y o , i n d i g n a , m i s e r a b l e esclava y n o hija, g u a r d e p a r a c o n ellos la m e s u r a j u n t o c o n la d e b i d a r e v e r e n c i a y s a n t o t e m o r p o r a m o r a ti, p a r a q u e tu h o n o r les sea paz y edificación d e l p r ó j i m o . Estoy c i e r t a , V i d a e t e r n a , q u e n o d e s o i r á s m i s d e s e o s ni las p e t i c i o n e s q u e te h e h e c h o , p u e s c o n o z c o p o r mis p r o p i o s ojos, p o r q u e te h a p l a c i d o m a n i f e s t á r m e l o d e m o d o especial p o r la e x p e r i e n c i a , q u e r e c i b e s c o n a g r a d o los s a n t o s d e s e o s . Yo, sierva i n d i g n a , m e i n g e n i a r é , c o n la g r a c i a q u e m e d e s , p a r a g u a r d a r t u s m a n datos y doctrina. ¡ O h P a d r e e t e r n o ! M e h e a c o r d a d o d e algo q u e m e dijiste c u a n d o m e h a b l a s t e s o b r e el m i n i s t e r i o d e la s a n ta Iglesia. M e p r o m e t i s t e h a b l a r m á s d e t a l l a d a m e n t e e n o t r o l u g a r d e los d e f e c t o s q u e h o y c o m e t e n [los m i n i s t r o s d e la Iglesia]. P o r lo c u a l , si es d e l a g r a d o d e tu b o n d a d d e c i r m e a l g o s o b r e esto p a r a t o m a r l o c o m o m a teria p a r a a u m e n t a r mi dolor, compasión y anhelante d e s e o d e su salvación, te lo suplico, p a r a q u e a u m e n t e n e n m í estos s e n t i m i e n t o s . R e c u e r d o q u e m e h a s d i c h o a n t e r i o r m e n t e q u e c o n los s u f r i m i e n t o s , l á g r i m a s , d o l o res, s u d o r y continua oración d e tus servidores nos darías c o n s u e l o , r e f o r m a n d o la s a n t a Iglesia c o n b u e n o s y santos ministros. 2

3

PROMESA

DE RESPUESTA

Y

AMONESTACIÓN

109 [Dios anima a esta alma a la oración.—Respuesta a alguna de sus peticiones.] E n t o n c e s , el Dios e t e r n o , v o l v i e n d o los ojos d e su m i s e r i c o r d i a y n o m e n o s p r e c i a n d o sus d e s e o s , s i n o a c e p 2

P a r e c e a l u d i r a los d o s c o n f e s o r e s d e la S a n t a : F r . T o m á s d e l l a Fonte y Fr. R a i m u n d o d a C a p u a . Alusión autobiográfica. 3

El Diálogo

256

t a n d o sus peticiones, quiso satisfacer a la última petición hecha acerca d e su promesa, y le dijo: ¡Oh dilectísima y queridísima hija! Cumpliré tu deseo en lo q u e m e has pedido. T ú , p o r tu parte, n o incurras en ignorancia o negligencia. Sería más grave en ti y digno d e mayor reprensión a h o r a q u e antes, puesto q u e has sabido más acerca d e m i verdad. Sé, pues, solícita en la oración p o r todas las criaturas racionales y p o r el cuerpo místico de la santa Iglesia y por los q u e te he concedido q u e ames con singular a m o r . N o cometas negligencia en ofrecer oraciones y ejemplo de vida y d e doctrina por la palabra, r e p r e n d i e n d o el vicio y recom e n d a n d o la virtud en lo q u e p u e d a s . De las columnas q u e te he d a d o , d e las q u e me hablaste, haz q u e tú seas i n s t r u m e n t o para otorgar a cada u n o lo que necesita según su aptitud y según yo, tu Cread o r , te iré proveyendo, pues sin mí n a d a podréis hacer . Cumpliré tus deseos. No dejéis, ni tú ni ellos, de confiar en mí, p o r q u e mi providencia n o os faltará. Cada u n o d e b e recibir h u m i l d e m e n t e aquello para lo q u e es apto, y cada ministro lo q u e yo le d é p a r a administrar, cada cual a su modo, en conformidad con lo q u e han recibido y reciban de mi b o n d a d . 1

2

1

«Ultima» hace referencia aquí n o a las peticiones q u e a p a r e c e n en el capítulo 2 d e El Diálogo, sino a las q u e a p a r e c e n e n el capítulo 9. 2 J n 15,5.

C a t a l i n a r e c i b e la E u c a r i s t í a .

EL C U E R P O M I S T I C O DE LA IGLESIA EXCELENCIA

DEL MINISTERIO

SACERDOTAL

[El «Sol» eucarístko.—El misterio eurarístico eleva la dignidad humana.—Dignidad de los ministros: pureza - caridad liberalidad. Ejemplo de los ministros santos.—La autoridad de los ministros no disminuye a causa de sus defectos. —Culpabilidad de sus perseguidores.] 110 [ D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s y d e l s a c r a m e n t o d e l c u e r po d e Cristo.—Los q u e comulgan digna e indignamente.]

T e r e s p o n d o a h o r a a lo q u e m e has p r e g u n t a d o acerca d e los ministros d e la santa Iglesia. P a r a q u e m e j o r p u e d a s c o n o c e r la v e r d a d , a b r e los o í d o s d e tu e n t e n d i m i e n t o y c o n s i d e r a su excelencia y e n q u é d i g n i d a d los h e c o l o c a d o . Y c o m o las cosas se c o n o c e n m e j o r p o r m e d i o d e sus c o n t r a r i o s , te voy a m o s t r a r la d i g n i d a d d e los q u e ejercitaron v i r t u o s a m e n t e el tesoro q u e les puse e n las m a n o s . Por este m e d i o verás la m i s e r i a d e los q u e hoy se alimentan a los pechos d e esta esposa [la Iglesia) y son malos. E n t o n c e s , aquella a l m a , p o r o b e d i e n c i a , c o n t e m p l ó la V e r d a d , d o n d e vio brillar la v i r t u d d e los v e r d a d e r o s c a t a d o r e s [de la virtud!. Y Dios e t e r n o le dijo: ——Carísima hija, q u i e r o explicarte p r i m e r a m e n t e la d i g n i d a d en q u e los h a colocado mi b o n d a d , a d e m á s del a m o r g e n e r a l q u e h e t e n i d o a mis c r i a t u r a s , c r e á n d o o s a i m a g e n y semejanza mía y n u e v a m e n t e c r e a d o s p o r la gracia e n la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o . P o r este a m o r g e n e r a l adquiristeis t a n t a excelencia, p o r la u n i ó n q u e hice d e la divinidad con la n a t u r a l e z a h u m a n a . D e aquí p r o v i e n e q u e tengáis u n a excelencia y d i g n i d a d m a y o r q u e la d e los ángeles, p o r q u e yo t o m é v u e s t r a n a t u r a l e - za y n o la suya. Por lo q u e , c o m o te dije, m e hice H o m bre-Dios p o r la u n i ó n d e la n a t u r a l e z a divina c o n la vuestra. Esta g r a n d e z a se d a , e n g e n e r a l , a t o d a c r i a t u r a racional; p e r o d e e n t r e éstas h e elegido a mis m i n i s t r o s p a r a

258

El Diálogo

vuestra salvación, a fin d e que por ellos os sea administrada la sangre del humilde e inmaculado C o r d e r o , mi Hijo unigénito. A ellos les he concedido administrar el Sol, dándoles la luz d e la ciencia, el calor d e la divina caridad, el color u n i d o al calor y a la luz, es decir, la sangre y el c u e r p o de mi Hijo. Este c u e r p o es u n sol, porque es u n o conmigo, v e r d a d e r o Sol. Está u n i d o d e tal m o d o , q u e n o p u e d e u n o separarse del otro, como el sol tampoco se p u e d e dividir, ni el calor separarse de la luz, ni ésta del color, debido a la perfección d e la unión. Este sol, sin q u e su esfera se r o m p a , o sea, sin dividirse, d a luz a todo el m u n d o y a todos los que quieran calentarse. N o se m a n c h a con inmundicia alguna y a él se halla unida la luz. Así, en el Verbo, mi Hijo, su dulcísim a sangre es un sol, todo Dios y todo h o m b r e , por ser la misma cosa conmigo y yo con El. Mi p o d e r no se enc u e n t r a separado d e su sabiduría, ni el calor —fuego del Espíritu Santo— está separado d e mí, el Padre, ni del Hijo, por ser u n o con nosotros, ya que el Espíritu Santo procede d e mí, el Padre, y d e El, el Hijo, y somos u n mismo sol. Yo, Dios eterno, soy el sol de d o n d e han procedido el Hijo y el Espíritu Santo. A éste se le atribuyen las propiedades del fuego; al Hijo, la sabiduría. Por ella mis ministros reciben u n a luz d e gracia, por tener que administrar esta luz con la luz y agradecimiento por el beneficio recibido de mí, el Padre e t e r n o , al seguir la doctrina d e esta Sabiduría, mi Hijo unigénito. Esta es la luz q u e tiene en sí el color d e vuestra h u m a nidad, unidos u n o y otra. Por lo q u e la luz d e mi divinidad fue la u n i d a al color d e vuestra h u m a n i d a d . [ E s t e color [naturaleza h u m a n a ] se hizo lúcido c u a n d o se convirtió en impasible en virtud d e la deidad, naturaleza divina. Por este medio, o sea, del objeto d e este Verbo encarnado, entremezclado con la luz d e la divinidad y con el calor y fuego del Espíritu Santo, habéis recibido la luz. ¿A quién lo he d a d o para q u e lo administre? A mis ministros en el c u e r p o místico d e la santa Iglesia, a fin de q u e tengáis vida c u a n d o os d a n el c u e r p o de Cristo como alimento, y su sangre como bebida. T e . h e dicho q u e este cuerpo es sol, por lo que no os p u e d e ser d a d o el c u e r p o sin q u e se os d é la sangre;

El cuerpo místico de la Iglesia

259

t a m p o c o el c u e r p o ni la s a n g r e sin el a l m a del V e r b o ; ni el a l m a ni el c u e r p o sin mi divinidad, Dios e t e r n o , p o r q u e la u n a n o se p u e d e d a r sin la o t r a , igual q u e la n a t u raleza divina n o se s e p a r ó d e la h u m a n a p o r la m u e r t e , ni p o r o t r a causa c u a l q u i e r a p o d í a s e p a r a r s e . D e m o d o q u e bajo la b l a n c u r a del p a n recibís t o d a la esencia divin a e n el dulcísimo s a c r a m e n t o . Igual q u e el sol n o se p u e d e dividir, t a m p o c o se p u e d e n s e p a r a r Dios y el h o m b r e e n la b l a n c u r a d e la hostia. S u p o n g a m o s q u e ésta fuese dividida: si se p u d i e r a n hac e r d e ella millares d e millares d e trocitos, e n c a d a u n o estaría t o d o Dios y t o d o h o m b r e , c o m o te h e d i c h o ; c o m o el espejo q u e se q u i e b r a , y, a pesar d e t o d o , n o se p a r t e la i m a g e n q u e se ve e n él, así, al dividir la hostia, n o se s e p a r a a Dios y al h o m b r e , sino q u e c a d a p a r t e lo contiene todo. T a m p o c o se le d i s m i n u y e e n sí m i s m o , al m o d o del fuego, es decir, q u e , si tuvieses u n a luz y t o d o el m u n d o viniese a t o m a r d e ella, n o p o r eso se d i s m i n u y e esa luz, y, sin e m b a r g o , c a d a u n o la t e n d r í a . Es cierto q u e u n o s participan más d e ella q u e o t r o s , s e g ú n la m a t e r i a q u e se llevan p a r a t o m a r d e ella. P a r a q u e lo e n t i e n d a s mejor, te p o n g o el ejemplo siguiente: si h u b i e r a m u c h o s q u e llevan velas y u n o lleva la c a n t i d a d d e u n a o n z a y o t r o lleva d o s o seis o n z a s , y se a c e r c a n a la luz y e n c i e n d e n las velas, s u p o n i e n d o q u e c a d a u n o t o m a d e ella, u n o s m u c h o y o t r o s poco, m i r a la luz, el calor y el color, y verás la m i s m a ; y n o j u z g a r á s , a pesar d e t o d o , q u e tiene m e n o s el d e la vela d e o n z a q u e el q u e la lleva d e a libra. Así o c u r r e con los q u e reciben este s a c r a m e n t o , p o r q u e c a d a u n o lleva su vela, es decir, el s a n t o d e s e o . La vela se halla a p a g a d a y se e n c i e n d e al recibir el s a c r a m e n t o . Digo a p a g a d a p o r q u e vosotros n a d a sois. C i e r t o es q u e yo os h e d a d o la m a t e r i a c o n q u e podéis a l i m e n t a r e n vosotros esta luz y recibirla. V u e s t r a m a t e r i a es el a m o r , p o r q u e os h e c r e a d o p o r a m o r , y p o r ello n o p o d é i s vivir sin él. El ser q u e se os h a d a d o p o r a m o r h a sido p r e p a r a d o p o r el s a n t o b a u t i s m o , q u e recibís e n virtud d e la s a n g r e del V e r b o . De o t r o m o d o n o podríais participar d e esta luz, a n t e s bien seríais c o m o vela sin pabilo d e n t r o : n o p u e d e a r d e r ni recibir la luz. Eso o c u r r i r í a con vosotros

260

El Diálogo

si en vuestra alma no se hallase el pabilo que recibe esta luz, es decir, si no tuvierais la fe santísima y, a la vez, la gracia, q u e proviene del bautismo con el afecto d e vuestra alma, creada en disposición d e a m a r con tal capacidad, que sin a m o r no podéis vivir, pues también el a m o r es alimento. ¿En d ó n d e se enciende esta alma? En el fuego de mi divina caridad, a m á n d o m e , t e m i é n d o m e y siguiendo la doctrina d e mi V e r d a d . Se enciende más o menos según se lleve y se d é materia a ese fuego. Pero, a u n q u e todos tengáis la misma materia, o sea, todos estéis creados a imagen y semejanza mía y los q u e sois cristianos tengáis la luz del bautismo, a pesar d e todo, cada uno p u e d e crecer en a m o r y virtud según me plazca a mí y a vosotros. No p o r q u e vosotros cambiéis la forma que yo os di, sino q u e acrecentáis y aumentáis las virtudes por el amor, por la práctica de las mismas y por el afecto a la caridad u s a n d o del libre albedrío mientras tenéis tiempo, porque, t e r m i n a d o éste, ya no podéis crecer. Este a m o r se acerca a recibir esta luz dulce y gloriosa q u e os he d a d o por medio d e mis ministros para q u e la utilicéis, y q u e os he d a d o como alimento, del que recibís tanto cuanto es el a m o r y ardiente deseo que lleváis. Supongamos q u e recibís la luz completa, tal como dije al ponerte el ejemplo de las velas. Ellos la recibían en conformidad con el peso d e las velas, a u n q u e cada uno viera la luz entera, ya que no se p u e d e dividir ni a causa de vuestras imperfecciones ni por las d e aquellos que la reparten. Así participáis vosotros d e esa luz, de la gracia d e este sacramento, en la medida en que os halléis preparados para recibirla por el santo deseo. Quien vaya a este sacramento con la culpa de pecado mortal, no recibe de mí la gracia a u n q u e en realidad me reciba todo a mí, Dios y h o m b r e . Pero ¿sabes cómo queda el alma q u e lo recibe indignamente? Como la vela que se os ha caído en el agua, q u e no hace otra cosa q u e chisporrotear c u a n d o se la acerca al fuego. En cuanto ése llega d e n t r o del pabilo, se apaga el fuego en el pabilo y no q u e d a más que h u m o . Si esa vela no se ha calentado por el fuego d e la contrición, confesando su culpa, llega a la mesa del altar a recibir la luz materialmente, pero no espiritualmente.

El cuerpo místico de la Iglesia

261

Esta luz v e r d a d e r a , si el a l m a no se halla p r e p a r a d a c o m o se d e b e p a r a t a n t o s a n t o m i s t e r i o , n o p e r m a n e c e e n ella, sino q u e d e s a p a r e c e , y q u e d a e n el a l m a m a y o r confusión, o s c u r e c i d a p o r las tinieblas y g r a v a d a c o n su culpa. D e este s a c r a m e n t o n o p e r c i b i ó sino el c h i s p o r r o t e o d e l r e m o r d i m i e n t o d e la conciencia; n o p o r d e f e c t o d e la luz, sino d e l a g u a q u e e n c o n t r ó e n el a l m a , lo c u a l impid i ó el afecto p a r a q u e esta m i s m a a l m a r e c i b i e r a la luz. Ves, p o r t a n t o , q u e esta luz, u n i d a a su c a l o r y color, e n m o d o a l g u n o se p u e d e s e p a r a r : ni p o r q u e el a l m a r e ciba este s a c r a m e n t o c o n d e s e o p e q u e ñ o , ni p o r d e f e c t o d e l a l m a q u e lo recibe, ni p o r el d e q u i e n lo a d m i n i s t r a , igual q u e te dije del sol, q u e , e s t a n d o s o b r e lo i n m u n d o , n o p o r eso se m a n c h a . La d u l c e luz d e este s a c r a m e n t o n o se m a n c h a p o r r a z ó n a l g u n a , ni se d i v i d e ; ni dismin u y e , ni se a p a r t a d e la esfera d e l sol a u n q u e t o d o s tom e n p a r t e d e la luz y c a l o r d e este sol. Del m i s m o m o d o , el V e r b o , el Sol, m i Hijo u n i g é n i t o , n o se s e p a r a d e m í , P a d r e e t e r n o , p o r q u e sea a d m i n i s t r a d o a q u i e n d e s e a recibirlo e n el c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia, sino q u e p e r m a n e c e e n t e r o y lo recibís e n t e r o , Dios y h o m b r e , tal c o m o te e x p l i q u é p o r el e j e m p l o d e la luz, a u n q u e t o d o s f u e r a n a t o m a r d e esa luz, p u e s la r e c i b e n e n tera y permanece entera. 111 [Los sentidos corporales se engañan en el sacramento, no los del alma.—Con qué sentidos hay que mirar, gustar y tocar.—Hermosa visión de esta alma sobre este tema.] Q u e r i d í s i m a hija: a b r e b i e n los ojos d e l e n t e n d i m i e n to p a r a m i r a r d e n t r o d e l a b i s m o d e m i c a r i d a d , p o r q u e n o hay criatura racional q u e no encontrase motivo para q u e su c o r a z ó n d e r r i t i e r a e n el afecto d e a m o r al consid e r a r , e n t r e o t r o s beneficios, q u e h a b é i s r e c i b i d o d e mí el d e v e r este s a c r a m e n t o p u e s t o a v u e s t r a disposición. ¿ C o n q u é ojos, q u e r i d í s i m a hija, d e b é i s t ú y los d e m á s ver, y e s c u d r i ñ a r , y t r a t a r este misterio? N o t o c a n d o y v i e n d o su c u e r p o ya q u e los s e n t i d o s n o son aptos p a r a ello. Los ojos n o ven m á s q u e la b l a n c u r a d e l p a n , la m a n o n o toca o t r a cosa, el g u s t o n o p e r c i b e sino el sabor del p a n ; d e m o d o q u e los principales s e n t i d o s d e l c u e r p o se e q u i v o c a n ; p e r o n o los d e l a l m a , si ella q u i e r e ; es

El Diálogo

262

decir, si n o q u i e r e a p a r t a r la luz d e la le santísima p o r la incredulidad. ¿Quién gusta, ve y toca este sacramento? Los sentidos del alma. ¿Con q u é ojos lo ve? C o n los del e n t e n d i m i e n to, si d e n t r o d e ellos se e n c u e n t r a la pupila d e la santísim a fe. Estos ojos ven en aquella blancura a todo Dios y a todo h o m b r e , la naturaleza divina u n i d a a la h u m a n a : al c u e r p o , al alma y sangre d e Cristo; la h u m a n i d a d , u n i d a al c u e r p o , y eí c u e r p o y el alma, unidos a la naturaleza divina, sin separarse d e mí, tal c o m o te manifesté al principio d e tu vida, c o m o bien te acuerdas '. Y no sólo los ojos del e n t e n d i m i e n t o , sino los d e tu c u e r p o , si bien por la g r a n luz p e r d i e r o n la visión y q u e d ó sólo la del entendimiento. T e lo d e m o s t r é c u a n d o m e hablaste del embite q u e te había d a d o el d e m o n i o en el s a c r a m e n t o , y d e ese m o d o te hice yo crecer e n a m o r y e n la santísima fe . Sabes q u e , y e n d o p o r la m a ñ a n a al a m a n e c e r a oír misa, hallándote ya a t o r m e n t a d a p o r el d e m o n i o , te pusiste e n pie ante el altar del crucifijo. El sacerdote había ido al altar d e la Virgen. Estando allí c o n s i d e r a n d o tus pecados, t e m i e n d o h a b e r m e o f e n d i d o , pues el d e m o n i o te había t e n t a d o , y c o n s i d e r a n d o el afecto d e mi caridad, q u e te había permitido acudir a la misa, pues te consid e r a b a s indigna d e e n t r a r en mi santo templo, c u a n d o el sacerdote iba a consagrar, d u r a n t e la consagración, levantaste los ojos al ministro. Al decir las palabras d e la consagración, yo m e manifesté a ti, viendo tú q u e d e mi pecho salía u n a luz, c o m o u n rayo d e luz q u e p r o c e d i e r a del sol sin salir d e ella. En esta luz venía u n a paloma, u n i d a la p a l o m a con el rayo, y golpeaba e n la hostia e n virtud d e las palabras d e la consagración q u e el ministro p r o n u n c i a b a . P o r q u e tus ojos corporales n o podían toler a r la luz, q u e d a s t e sólo con la visión d e los ojos intelectuales. Allí viste y experimentaste el abismo d e la T r i n i d a d , a mí t o d o , Dios y h o m b r e , oculto y tapado bajo aquella blancura. Ni la luz ni la presencia del Verbo q u e viste intelectualmente en aquella blancura, sin q u e desapareciera la b l a n c u r a del p a n ; ni el v e r m e Dios y h o m b r e en aquel pan, ni el pan e r a i m p e d i d o por mí, es d e 2

1

Alusión autobiográfica.

2

Ibid.

El cuerpo místico de la Iglesia

263

cir, q u e n o se le h a b í a q u i t a d o la posibilidad d e ser tocad o y saboreado; n i n g u n a d e estas cosas se i m p e d í a n u n a a la o t r a . Esto te fue m o s t r a d o p o r mi infinita b o n d a d . ¿A q u é se r e d u j o la visión? A los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o c o n la p u p i l a d e la santísima fe. D e m o d o q u e los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o d e b e n ser lo principal p a r a ver, p u e s ellos n o p u e d e n ser e n g a ñ a d o s . P o r lo t a n t o , c o n ellos d e b é i s m i r a r a este s a c r a m e n t o . ¿ Q u i é n lo palpa? La m a n o d e l a m o r . C o n esta m a n o se toca lo q u e los ojos h a n visto y c o n o c i d o e n este sacram e n t o . P o r m e d i o d e la fe se palpa c o n la m a n o del a m o r , c o m o c e r c i o r á n d o s e d e lo q u e se vio p o r la fe y conoció intelectualmente. ¿ Q u i é n lo saborea? El p a l a d a r d e l s a n t o d e s e o . El pal a d a r d e l c u e r p o p e r c i b e el s a b o r del p a n , y el d e l a l m a m e s a b o r e a a mí, Dios y h o m b r e . Ves, p o r t a n t o , q u e los s e n t i d o s del c u e r p o se e q u i v o c a n , p e r o n o los d e l a l m a ; a n t e s b i e n , p o r ellos q u e d a c e r c i o r a d a e i l u m i n a d a e n sí m i s m a , p u e s t o q u e los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o lo h a n visto c o n la p u p i l a d e la santísima fe. P o r q u e lo vio y c o n o ció, p o r eso palpa c o n la m a n o d e l a m o r , p o r q u e lo q u e ve lo toca c o n fe p o r m e d i o del a m o r . C o n el p a l a d a r d e l a l m a lo s a b o r e a con a r d i e n t e d e s e o , esto es, c o n m i ard i e n t e c a r i d a d , a m o r inefable. P o r ese a m o r la h e h e c h o d i g n a d e recibir el g r a n m i s t e r i o d e este s a c r a m e n t o y la gracia q u e se ve q u e se recibe e n este s a c r a m e n t o . P o r c o n s i g u i e n t e , ves q u e n o sólo c o n los s e n t i d o s corp o r a l e s debéis recibir y v e r este s a c r a m e n t o , sino c o n los s e n t i d o s espirituales, p r e p a r á n d o l o s c o n afecto d e a m o r p a r a recibirlo y p a l a d e a r l o . 112 [Excelencia en que se encuentra el alma que recibe en gracia este sacramento. 1 C o n s i d e r a , hija carísima, e n c u á n t a excelencia se halla el a l m a si recibe c o m o d e b e el p a n d e vida, m a n j a r d e los á n g e l e s . R e c i b i e n d o este s a c r a m e n t o , está ella e n mí y yo en ella. Al m o d o q u e el pez está e n el m a r y el m a r en el pez, así estoy yo e n el a l m a y ella en mí, M a r d e

264

El Diálogo

paz '. En esa alma está la gracia, p o r q u e , si recibe este pan d e vida en gracia, ésta p e r m a n e c e en el alma. Cons u m i d o el accidente d e p a n , dejo yo allí la i m p r o n t a d e la gracia. C o m o el sello q u e se p o n e sobre la cera caliente: levantado el sello, allí q u e d a su huella. Del mismo m o d o , la virtud de este sacramento p e r m a n e c e en el alma, esto es, q u e d a allí el calor de la divina caridad, clemencia del Espíritu Santo; q u e d a la luz d e la sabiduría de mi Hijo unigénito, con los ojos del e n t e n d i m i e n t o iluminados p o r esa sabiduría; p e r m a n e c e fuerte, particip a n d o d e mi fortaleza y p o d e r , haciendo al alma robusta y p o d e r o s a c o n t r a la tentación d e los propios sentidos, contra el d e m o n i o y contra el m u n d o . Ves, pues, q u e al alma le q u e d a la huella u n a vez levantado el sello, c o n s u m i d a aquella materia, es decir, los accidentes del p a n . Este v e r d a d e r o Sol vuelve a su esfera —no es q u e se hubiera a p a r t a d o , c o m o te he dicho, pues siempre estuvo u n i d o conmigo—. El abismo d e mi caridad, p a r a vuestra salvación y p a r a alimento en esta vida, en q u e sois peregrinos y caminantes, y para q u e tuvierais refrigerio y no perdierais la m e m o r i a del b e n e ficio de la sangre , os lo ha d a d o en comida por mi divina dispensación y p o r providencia divina, socorriendo vuestras necesidades, d á n d o o s l o en alimento esta mi dulce V e r d a d . Mira, pues, lo obligados q u e os halláis a devolverme a m o r , puesto q u e os a m o tanto y soy s u m a y e t e r n a bond a d , digno d e ser a m a d o por vosotros. 2

113 [Se h a h a b l a d o d e la e x c e l e n c i a d e l s a c r a m e n t o p a r a q u e se c o n o z c a m e j o r la d i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — D i o s e x i g e m a y o r p u r e z a e n e l l o s q u e e n los d e m á s . I

¡Oh hija queridísima! T e he dicho todo esto para q u e conozcas mejor la dignidad en q u e he colocado a mis ministros y te d u e l a n más sus miserias. Si ellos mismos tuviesen en-cuenta esa dignidad suya, no yacerían en las tinieblas del pecado mortal ni m a n c h a r í a n la cara de su 1

I m a g e n m u y u s a d a p o r Catalina, q u e indica su experiencia mística d e hallarse i n m e r s a e n Dios. 1 C o r 11,25-26. 2

El cuerpo místico de la Iglesia

265

a l m a . N o sólo n o m e o f e n d e r í a n a m í y a su d i g n i d a d , sino q u e , si d i e s e n su c u e r p o al f u e g o , les p a r e c e r í a n o p o d e r satisfacer a t a n t a s gracias y beneficios c o m o h a n recibido, p o r q u e no p u e d e n llegar a dignidad mayor en esta vida. Ellos s o n mis u n g i d o s y les l l a m o mis «cristos», p u e s les h e c o n c e d i d o q u e m e a d m i n i s t r e n p a r a vuestro bien y, c o m o a flores fragantes, lo h e colocado e n el c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia. Esta d i g n i d a d n o la h e c o n c e d i d o a los ángeles, sino al h o m b r e . A ellos los h e elegido p o r m i n i s t r o s m í o s , y a los q u e h e c o l o c a d o c o m o á n g e les d e b e n serlo e n la t i e r r a d u r a n t e esta vida. D e b e n , p o r t a n t o , s e r c o m o los á n g e l e s . A t o d a a l m a le p i d o p u r e z a y c a r i d a d p o r a m o r a mí y a su p r ó j i m o y q u e le a y u d e n e n lo q u e p u e d a n , o f r e c i e n d o o r a c i o n e s p o r él y p e r m a n e c i e n d o e n la dilección d e la c a r i d a d . M á s p u r e z a p i d o a ú n a m i s m i n i s t r o s y m á s a m o r a m í y a su p r ó j i m o , d e b i e n d o a d m i n i s t r a r el c u e r p o y la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o c o n a r d o r d e c a r i d a d y h a m b r e d e la salvación d e las a l m a s p a r a gloria y p o r a m o r d e m i n o m b r e . C o m o los m i n i s t r o s q u i e r e n l i m p i e z a e n el cáliz d o n d e se c e l e b r a este sacrificio, así exijo yo l i m p i e z a y p u r e z a d e c o r a z ó n , d e su a l m a y d e su e s p í r i t u . Q u i e r o q u e el c u e r p o , c o m o i n s t r u m e n t o d e su a l m a , se c o n s e r v e e n p e r f e c t a p u r e z a . N o q u i e r o q u e se a l i m e n t e n d e la inm u n d i c i a y se r e v u e l q u e n e n ella, ni se e n c u e n t r e n h i n c h a d o s d e s o b e r b i a , b u s c a n d o los g r a n d e s c a r g o s ; ni q u e sean c r u e l e s c o n s i g o y c o n el p r ó j i m o . P o r q u e , si s o n c r u e l e s c o n s i g o m i s m o s p o r la c u l p a , son c r u e l e s c o n las a l m a s d e sus p r ó j i m o s , ya q u e n o les d a n e j e m p l o d e vida, ni se p r e o c u p a n d e a r r a n c a r las a l m a s d e las m a n o s d e l d e m o n i o , ni d e a d m i n i s t r a r el c u e r p o y la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o y m i v e r d a d e r a L u z e n los sac r a m e n t o s d e la s a n t a Iglesia. Y así, s i e n d o c r u e l e s c o n sigo, son c r u e l e s c o n los d e m á s .

El Diálogo

266

114 [Los s a c r a m e n t o s n o se d e b e n v e n d e r ni c o m p r a r . L o s q u e r e c i b e n d e b e n a y u d a r a los m i n i s t r o s e n lo t e m p o r a l . — R e p a r t o d e los b i e n e s t e m p o r a l e s d e los s a c e r d o t e s . ]

Q u i e r o q u e sean generosos y no avaros, es decir, q u e por codicia y avaricia n o vendan la gracia d e mi Espíritu Santo '. N o d e b e n , no quiero q u e o b r e n así; antes bien, puesto q u e los han recibido como d o n y generosidad d e mi b o n d a d , así, como d o n y con corazón generoso, por afecto d e a m o r a mi n o m b r e y a la salvación d e las almas, d e b e n d a r caritativamente a toda criatura racional, por caridad, a los q u e h u m i l d e m e n t e les piden. N o d e ben recibir cosa alguna como precio, p o r q u e no la han c o m p r a d o , sino recibido gratuitamente d e mí para q u e os sirvan; p e r o sí lo p u e d e n y deben hacer como limosna. De este m o d o d e b e n o b r a r los fieles q u e reciben alg ú n servicio: d e b e n darles limosna en c u a n t o p u e d a n , p o r q u e mis ministros deben ser sostenidos p o r vosotros en las cosas temporales, a t e n d i e n d o a su necesidad, y vosotros debéis ser alimentados p o r ellos en cuanto a la gracia y a los d o n e s espirituales, es decir, los sacramentos, q u e he puesto en la santa Iglesia para q u e los administren en vuestro provecho espiritual . 2

Os hago saber q u e , sin comparación, os doy yo más a vosotros q u e vosotros a ellos, puesto q u e las cosas finitas y transitorias con q u e vosotros les ayudáis no p u e d e n compararse conmigo, q u e sov infinito. Por mi providencia y divina caridad, los he puesto para q u e os administren, y no sólo e n este ministerio, sino en cualquier o t r a cosa os sean repartidas las gracias espirituales, sea por la oración o d e o t r o m o d o . C o n vuestros bienes temporales no llegáis ni podéis llegar a c o r r e s p o n d e r a lo q u e recibís espiritualmente, sin comparación alguna. A h o r a te digo q u e los bienes q u e reciben d e vosotros están obligados a distribuirlos d e tres modos, o sea, haí-i#»ndo

tr#»«

narfps'

lina

narQ

cí m i c m n c

r»frQ r * 3 i * Q

lr»c

nn-

bres y otra para la Iglesia, en las cosas q u e sean necesarias; y no d e otro m o d o . Me ofenderían usando de ellas d e otra m a n e r a . 1

Act 8,18-20.

2

1 Cor 9,11.

El cuerpo místico de la Iglesia

267

115 I D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — L a eficacia d e los s a c r a m e n t o s n o d i s m i n u y e p o r c u l p a d e los q u e los a d m i n i s t r a n o d e los q u e los r e c i b e n . — D i o s n o q u i e r e q u e los s e g l a r e s se metan a corregirlos. I

Así o b r a b a n los d u l c e s y gloriosos m i n i s t r o s , c u y a excelencia te pedí q u e c o n s i d e r a s e s , a m á s d e la d i g n i d a d q u e les había d a d o al hacerles mis «cristos». C o m o ejercitar o n virtuosamente esta d i g n i d a d , se hallaban vestidos d e este dulce y glorioso Sol q u e yo les di p a r a q u e lo administrasen. Mira al d u l c e G r e g o r i o , a Silvestre y a los d e m á s a n t e cesores suyos en el d e c u r s o d e los t i e m p o s d e s d e el p r i n cipal pontífice, P e d r o , a q u i e n e s le f u e r o n d a d a s las llaves d e mi v e r d a d , d i c i é n d o l e : « P e d r o , te d o y las llaves d e l r e i n o d e los cielos; lo q u e d e s a t e s e n la t i e r r a e s t a r á d e s a t a d o e n el cielo; lo q u e ates e n la t i e r r a e s t a r á a t a d o e n el cielo» '. T e n e n c u e n t a , hija q u e r i d í s i m a , q u e , al m a n i f e s t a r t e la excelencia d e su v i r t u d , te m o s t r a r é m á s p l e n a m e n t e la d i g n i d a d e n q u e h e c o l o c a d o a mis m i n i s t r o s . Esta es la llave d e la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o , la q u e a b r i ó la vida e t e r n a , q u e d u r a n t e l a r g o t i e m p o e s t u v o c e r r a d a p o r el p e c a d o d e A d á n . P e r o d e s p u é s q u e yo os d i a m i V e r d a d , o sea, al V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o , s u f r i e n d o m u e r t e y pasión, c o n su m u e r t e d e s t r u y ó v u e s t r a m u e r te, d á n d o o s u n b a ñ o d e s a n g r e . De m o d o q u e su s a n g r e y su m u e r t e , e n v i r t u d d e m i n a t u r a l e z a d i v i n a u n i d a a la h u m a n a , a b r i ó la vida e t e r n a . ¿A q u i é n dejó las llaves d e esta s a n g r e ? Al glorioso apóstol San P e d r o y a los d e m á s q u e h a n v e n i d o y vend r á n h a s t a el ú l t i m o d í a d e l j u i c i o . Ellos t i e n e n y tend r á n la m i s m a a u t o r i d a d q u e P e d r o . P o r n i n g ú n defecto suyo se a m i n o r a esa a u t o r i d a d , ni se q u i t a la p e r f e c ción a la s a n g r e ni a n i n g ú n s a c r a m e n t o , p o r q u e , c o m o te dije, este Sol n o se e n s u c i a c o n i n m u n d i c i a a l g u n a y n o p i e r d e su luz p o r las tinieblas del p e c a d o m o r t a l q u e h a y a e n los q u e los a d m i n i s t r a n o e n los q u e los r e c i b e n , p u e s su culpa n o p u e d e l e s i o n a r a los s a c r a m e n t o s d e la santa Iglesia ni d i s m i n u i r su eficacia. Sin e m b a r g o , dis1

Mt 16,19.

268

El Diálogo

m i n u y e la gracia y a u m e n t a la culpa en los q u e los a d m i nistran o reciben i n d i g n a m e n t e . De m o d o q u e Cristo en la tierra [el papal tiene la llave d e la s a n g r e ; p a r a d a r t e a e n t e n d e r c u á n t a r e v e r e n c i a d e b e n t e n e r los seglares a estos ministros, sean b u e n o s o malos, y c u á n t o m e d e s a g r a d a la falta d e r e v e r e n c i a a ellos. Sabes que te mostré el cuerpo místico de la Iglesia en forma d e bodega en la que se hallaba la sangre d e mi Hijo unigénito. Por esa sangre tienen valor y vida todos los sacramentos. A la p u e r t a d e esta b o d e g a estaba Cristo en la tierra, a q u i e n se le había e n c a r g a d o a d m i n i s t r a r la s a n g r e . A él competía n o m b r a r a d m i n i s t r a d o r e s q u e le a y u d a s e n a repartirla p o r t o d o el c u e r p o d e la religión cristiana. Q u i e n e r a a c e p t a d o y u n g i d o p o r el Cristo en la tierra, q u e d a b a h e c h o ministro d e ella, y n o los d e m á s . De ellos salió el o r d e n clerical, y a cada u n o lo puso en el oficio d e administrador de esta sangre gloriosa. C o m o él les h a n o m b r a d o p o r a y u d a n t e s suyos, a él le c o r r e s p o n d e corregirles d e sus defectos. Así q u i e r o q u e sea, pues p o r la excelencia y a u t o r i d a d q u e les he d a d o , los he e x i m i d o d e la s e r v i d u m b r e , esto es, d e la sujeción al d o m i n i o d e los señores temporales. La ley civil n a d a tiene q u e h a c e r e n c u a n t o a su castigo. C o r r e s p o n d e ú n i c a m e n t e a q u i e n está d e s i g n a d o p a r a g o b e r n a r y administrar s e g ú n la ley divina. Estos son mis u n g i d o s , y p o r eso dijo la Escritura: «No q u e r á i s tocar a mis cristos» ; p o r lo cual no p u e d e u n h o m b r e llegar a m a y o r desgracia q u e a atreverse a castigarlos. 2

3

116 [Dios e s t i m a h e c h a c o n t r a El la p e r s e c u c i ó n c o n t r a la santa Iglesia o sus ministros.—Es u n p e c a d o d e m á s g r a v e d a d que cualquier otro.]

Si m e p r e g u n t a s e s por q u é te a s e g u r é q u e e r a más grave la culpa d e los q u e p e r s e g u í a n a la Iglesia q u e todas las d e m á s y p o r q u é n o q u e r í a yo q u e por los defectos d e los ministros d i s m i n u y e r a la reverencia hacia ellos, te r e s p o n d e r í a y te r e s p o n d o : p o r q u e toda reve2

Alusión a u t o b i o g r á f i c a . ' Sal 1 0 4 , 1 5 .

El cuerpo místico de la Iglesia

269

rencia p a r a con ellos n o se hace a ellos, sino a mí, p o r virtud d e la sangre q u e les h e e n c a r g a d o a d m i n i s t r a r . Si no fuera por esto, les deberíais t e n e r la reverencia q u e a los d e m á s h o m b r e s . P o r causa d e su ministerio estáis obligados a la reverencia y a acercaros a ellos n o p o r lo q u e son e n sí mismos, sino p o r el p o d e r q u e les he d a d o , si es q u e queréis recibir los santos s a c r a m e n t o s d e la Iglesia. Si, p u d i é n d o l o s recibir, n o lo q u e r é i s , os hallaréis y moriréis en e s t a d o d e c o n d e n a c i ó n . Así, pues, no se la prestáis a ellos, sino a mí y a la sang r e , puesto q u e somos u n a m i s m a cosa p o r la u n i ó n d e la n a t u r a l e z a divina y la h u m a n a . Lo m i s m o q u e la reverencia se tiene a mí, así también la irreverancia, p u e s te h e dicho q u e la reverencia n o debéis tenerla p o r ellos mismos, sino p o r la a u t o r i d a d q u e yo les he d a d o . N o d e b e n ser ofendidos, p o r q u e o f e n d i é n d o l e s m e o f e n d e n a mí y n o p r o p i a m e n t e a ellos. Yo h e p r o h i b i d o q u e mis «cristos» sean tocados. Por eso, nadie se p u e d e disculpar, diciendo: «Yo n o h a g o injuria ni soy r e b e l d e c o n t r a la Iglesia, sino q u e act ú o c o n t r a los defectos d e los malos pastores». Ese tal m i e n t e y n o c o m p r e n d e , c e g a d o p o r el a m o r propio; o ve m u y bien, pero hace c o m o si n o e n t e n d i e r a , p a r a disimular el r e m o r d i m i e n t o d e su conciencia; c o m p r e n d e q u e persigue a la s a n g r e d e Cristo y no a ellos. A mí se d a la injuria, c o m o se d a la reverencia, y p o r eso son p a r a mí los escarnios, villanías, oprobios y vituperios q u e les h a c e n . C o n s i d e r o h e c h o a mí lo q u e se h a h e c h o a ellos, p o r q u e dije y repito q u e n o q u i e r o q u e mis cristos sean tocados. Yo los castigaré; no d e b e n hacerlo ellos. Pero ellos, los malvados, m u e s t r a n la falta d e r e v e r e n cia q u e tiene a la s a n g r e y q u e a m a n poco el tesoro q u e les h e d a d o p a r a su salvación y vida d e su alma. N o podíais recibir más q u e el q u e yo me d é a vosotros e n comida: Dios y h o m b r e , t o d o e n t e r o . C o m o la reverencia q u e les es d e b i d a n o se hacía en atención a mí, por eso la han ido d e s c u i d a n d o , persiguiéndoles y m i r a n d o a sus m u c h o s p e c a d o s y defectos, d e los q u e te hablaré e n o t r o lugar. Si d e veras le hubier a n g u a r d a d o esa r e v e r e n c i a p o r mi causa, n o se la perd e r í a n p o r n i n g u n o d e sus defectos, p o r q u e las faltas no a m i n o r a n la eficacia d e este s a c r a m e n t o , y t a m p o c o d e -

270

El Diálogo

ben hacer q u e decrezca la reverencia; y, c u a n d o decrece, me o f e n d e n . Este pecado es más grave ante mí q u e todos los d e m á s por muchas razones; pero te diré sólo las tres principales. Una es p o r q u e lo q u e hacen a ellos m e lo hacen a mí '. La segunda, p o r q u e q u e b r a n t a n el m a n d a m i e n t o , pues he prohibido q u e los toquen, y con ello menosprecian la eficacia d e la sangre de Cristo, q u e consiguieron en el santo bautismo, no obedeciendo c u a n d o hacen lo q u e les está prohibido. Son rebeldes contra esta sangre, p o r q u e les h a n privado d e la reverencia y se han rebelado contra mis cristos con gran persecución. Son miembros podridos, separados d e la santa Iglesia, por lo que, mientras persistan obstinados en la rebelión e irreverencia, si m u e r e n en este estado, van a la condenación eterna. Es cierto q u e , llegada la m u e r t e , si se humillan y reconocen su culpa y, queriéndose reconciliar con su cabeza, si no pueden hacerlo en aquel momento, reciben misericordia; esto suponiendo que tengan tiempo para ello, lo que no es seguro. La tercera razón es p o r q u e su culpa es más grave que las otras, pues se funda en que han pecado por su propia malicia y con deliberación, conociendo que en b u e n a conciencia no lo p u e d e n hacer y q u e pecan haciéndolo. Es ofensa q u e procede de una perversa soberbia, sin placer corporal, q u e más bien aniquila al alma y al cuerpo. El alma se destruye al privarse de la gracia, y m u chas veces es roída por el gusano de la conciencia; los bienes temporales se aniquilan en servicio del demonio, por lo q u e los cuerpos m u e r e n como animales. Este pecado se comete propiamente contra mí, no con pretexto de propia utilidad o deleite, sino con malicia y h u m o d e soberbia. Esta tiene su origen en el a m o r sensitivo y en el t e m o r perverso q u e tuvo Pilato, que, por temor a p e r d e r su cargo, mató a Cristo, mi Hijo unigénito. Así h a n o b r a d o y obran éstos . T o d o s los d e m á s pecados se cometen por simplicidad, 2

1

1

Le 10,16. J n 19,12.

El cuerpo místico de la Iglesia

271

o p o r negligencia e n c o n o c e r , o p o r malicia, es decir, c u a n d o se c o n o c e el m a l q u e se hace; p e r o p o r el deleite d e s o r d e n a d o o el placer q u e halla e n el p e c a d o , o p o r provecho q u e p u e d e seguirse pecando, m e o f e n d e n a mí, a su alma y a la d e su prójimo. A mí, p o r q u e n o d a n gloria y alabanza a mi n o m b r e , y al p r ó j i m o , p o r q u e n o le d a n la dilección d e la caridad. Pero n o m e hieren propiam e n t e a mí, sino a la c a r a ; se o f e n d e n , sin e m b a r g o , a sí m i s m o s , y esta ofensa m e d e s a g r a d a p o r el d a ñ o q u e se hacen. Esta ofensa va d i r e c t a m e n t e c o n t r a m í , sin i n t e r m e d i a r i o s . Los o t r o s p e c a d o s t i e n e n a l g u n a disculpa y son h e c h o s i n t e r v i n i e n d o otros, p o r q u e ya te dije q u e t o d o p e c a d o y t o d a v i r t u d se llevan a efecto m e d i a n d o el p r ó j i m o . El p e c a d o se h a c e p o r la privación d e la c a r i d a d d e Dios y del p r ó j i m o , y la v i r t u d , c o n el a m o r d e la carid a d . O f e n d i e n d o al p r ó j i m o , m e o f e n d e n a mí p o r m e d i o d e él. D e e n t r e mis c r i a t u r a s racionales, h e e l e g i d o a estos mis ministros, q u e son mis u n g i d o s , c o m o a d m i n i s t r a d o res d e l c u e r p o y d e la s a n g r e d e mi Hijo u n i g é n i t o , carn e v u e s t r a u n i d a c o n mi n a t u r a l e z a divina. P o r eso, c u a n d o c o n s a g r a n , se hallan e n l u g a r d e Cristo, mi Hijo. Esos miserables p e r s i g u e n la s a n g r e , y se privan del t e s o r o d e los frutos d e la s a n g r e . Ves, p o r t a n t o , q u e esta ofensa es h e c h a al V e r b o , y, p o r t a n t o , a mí, p o r q u e El y yo somos u n o . P o r lo cual esta o f e n s a es m á s grave, h e c h a a mí y n o a los ministros, p u e s a éstos n o se les d a el h o n o r ni la persecución, sino a mí, o sea, a esta gloriosa s a n g r e d e mi Hijo, con el q u e soy u n a m i s m a cosa. Por eso te a s e g u r o q u e , si todos los d e m á s p e c a d o s q u e h a n c o m e t i d o se p u s i e r a n d e u n lado y sólo éste del o t r o , pesará m á s éste q u e los o t r o s , c o m o te manifesté p a r a q u e tuvieses m o t i v o d e d o l e r t e d e mi ofensa y d e la c o n d e n a c i ó n d e estos miserables y p a r a q u e c o n tu a m a r g u r a y la d e los d e m á s servidores míos, p o r m i b o n d a d y misericordia, se disipasen tan g r a n d e s tinieblas a q u e h a n llegado estos m i e m b r o s p o d r i d o s , separad o s d e l c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia. A p e n a s e n c u e n t r o , sin e m b a r g o , q u i é n se d u e l a d e la 3

3

Alusión

autobiográfica.

272

El Diálogo

persecución q u e se hace a esta gloriosa y preciosa sangre, y sí quienes m e hieran c o n t i n u a m e n t e con las saetas del a m o r d e s o r d e n a d o y t e m o r servil, con la propia reputación; c o m o ciegos, t o m a n d o p o r h o n o r lo q u e es vituperio, y vituperio lo q u e es h o n o r , c u a n d o d e b e n someterse al q u e es su cabeza. Con estos vicios persiguen la sangre. 117 iSe h a b l a d e d e sus ministros.! i

los p e r s e g u i d o r e s

de

la s a n t a I g l e s i a y

T e dije q u e m e herían, y es la v e r d a d . En su interior m e persiguen c o m o p u e d e n . N o es q u e yo en mí p u e d a recibir lesión alguna, ni ser h e r i d o por ellos, p e r o lo hacen c o m o la piedra, q u e , arrojándola, no es recibida, sino q u e se vuelve c o n t r a el q u e la arroja. Así, los heridos p o r sus ofensas, los q u e arrojan la pestilencia, no m e p u e d e n hacer d a ñ o , sino q u e vuelve contra ellos la saeta e n v e n e n a d a d e la culpa. Esta les priva de la gracia en esta vida, p e r d i e n d o el fruto d e la sangre, y en el último m o m e n t o , si no se e n m i e n d a n con santa confesión y contrición d e corazón, llegan a la condenación eterna, separados d e mí y ligados al d e m o n i o . Esos malvados han hecho u n a alianza con él, ya q u e bien p r o n t o el alma q u e d a privada d e la gracia y u n i d a al pecado. Esta unión es odio a la virtud y a m o r al vicio. La han hecho, por medio del libre albedrío, en m a n o s del d e m o n i o , y así los sujeta, q u e d e otro m o d o no p o d r í a n ser aprisionados por él. Por este lazo, los perseguidores d e la sangre se hallan unidos con otros, y, c o m o m i e m b r o s ligados al d e m o n i o , han t o m a d o el oficio d e d e m o n i o s . Estos se ingenian para pervertir a mis criaturas, arrebatarles la gracia y reducirlas a la culpa d e pecado mortal p a r a que el mal q u e ellos p a d e c e n lo padezcan también las criaturas. O b r a n así, ni más ni m e n o s , p o r q u e , c o m o m i e m b r o s del d e m o n i o , van p r o v o c a n d o la rebelión en los hijos d e 1

Este y los dos capítulos anteriores responden a la intromisión de los seglares en los asuntos eclesiásticos, que culminó en la cuestión de «las Investiduras» que, aunque solucionada oficialmente, dejó sus se­ cuelas largo tiempo.

El cuerpo místico de la Iglesia

273

la esposa d e Cristo, m i Hijo u n i g é n i t o , d e s l i g á n d o l o s del lazo d e la c a r i d a d . S u j e t á n d o l o s c o n la m i s e r a b l e a t a d u r a . Privados d e l f r u t o d e la s a n g r e , c a u s a n c u a n t a t u r b a ción p u e d e n , u n a vez p r i v a d o s d e la d i g n i d a d d e la sang r e . Esta l i g a d u r a se halla a n u d a d a c o n la s o b e r b i a y la p r o p i a r e p u t a c i ó n , c o n el t e m o r servil, p u e s p i e r d e n la gracia p o r t e m o r a p e r d e r los c a r g o s . Esos lazos llevan el sello d e las tinieblas, p o r q u e c o n o c e n en c u á n t o s males y miserias h a n c a í d o y h a c e n c a e r a o t r o s . C o m o n o se cor r i g e n , p o r eso n o c o n o c e n , y, c o m o ciegos se g l o r í a n d e la d e s t r u c c i ó n d e su a l m a y d e su c u e r p o . ¡ O h q u e r i d í s i m a hija! D u é l e t e i n f i n i t a m e n t e d e v e r t a n t a c e g u e r a y miseria d e los q u e , c o m o t ú , e s t á n lavad o s e n la s a n g r e y se n u t r i e r o n y c r e c i e r o n c o n esa sang r e a los p e c h o s d e la s a n t a Iglesia. A h o r a , c o m o rebeld e s , p o r t e m o r y c o n el p r e t e x t o d e c o r r e g i r los vicios d e mis m i n i s t r o s — a los q u e h e p r o h i b i d o q u e n a d i e t o q u e — , se h a n a p a r t a d o d e estos p e c h o s . Esto d e b e c a u s a r t e t e r r o r a ti y a los d e m á s s e r v i d o r e s míos, p u e s oyes q u e se h a h e c h o esta m i s e r a b l e alianza. T u l e n g u a n o sería capaz d e explicar n u n c a lo a b o m i n a b l e q u e es. L o p e o r es q u e , bajo la c a p a d e los defectos d e mis minist r o s , q u i e r e n cobijar y e n c u b r i r los suyos, y n o c o n s i d e r a n q u e n o hay c a p a q u e p u e d a i m p e d i r a m i vista q u e yo los vea. P u e d e n o c u l t a r s e a los ojos d e las c r i a t u r a s , p e r o n o a mí, a q u i e n n o se o c u l t a n las cosas p r e s e n t e s ni n i n g u n a o t r a . Yo os a m é y conocí a n t e s d e q u e existieseis. U n a d e las r a z o n e s p o r las q u e n o se e n m i e n d a n los d e s g r a c i a d o s h o m b r e s d e l m u n d o es q u e e n r e a l i d a d n o c r e e n con fe viva q u e yo les veo; q u e , si d e veras c r e y e r a n q u e veo sus vicios y q u e t o d o vicio es c a s t i g a d o , como toda buena obra recompensada, no harían tanto m a l , sino q u e se c o r r e g i r í a n d e lo q u e h a n h e c h o y h u m i l d e m e n t e i m p l o r a r í a n m i m i s e r i c o r d i a . Yo, p o r intercesión d e la s a n g r e d e m i Hijo, se la o t o r g a r í a . P e r o están o b s t i n a d o s y r e p r o b a d o s p o r m i b o n d a d a c a u s a d e sus vicios, caídos e n la m a y o r d e s g r a c i a a c a u s a d e ellos, privados d e la luz, y, c o m o ciegos, son perseguidores d e la s a n g r e . N i n g u n a p e r s e c u c i ó n d e b e llevarse a c a b o p o r a l g ú n p e c a d o q u e se vea e n los m i n i s t r o s d e la s a n g r e .

274

118

El Diálogo

[Resumen de lo dicho sobre la Iglesia y sus ministros.]

Queridísima hija: te he dicho algo sobre la reverencia q u e se d e b e t e n e r a mis ungidos a pesar d e sus vicios, p o r q u e ésta n o se les tiene ni d e b e tenérsele p o r sí mismos, sino p o r la autoridad q u e se les ha d a d o . Y c o m o , p o r sus defectos, el misterio del sacramento n o p u e d e disminuir ni q u e d a r dividido, n o d e b e venir a m e n o s la reverencia p a r a con ellos; no p o r ellos, como se ha dicho, sino p o r el tesoro d e la sangre. A fin d e q u e te duelas más, te h e dicho algo sobre lo q u e es la falta d e reverencia, la persecución d e la sangre y la liga q u e los enemigos h a n h e c h o c o n t r a mí, unidos en el servicio al d e m o n i o , lo m i s m o q u e te hablé d e lo grave q u e es, c u á n t o m e d e s a g r a d a y el d a ñ o q u e se hacen a sí mismos. Este pecado es cometido especialmente mediante la persecución a la santa Iglesia. E n general, todos los cristianos q u e se hallan en pecado m o r t a l menosprecian la sangre, y se privan d e la vida d e la gracia. Esto m e desag r a d a , y su culpa es grave. (

LOS BUENOS

MINISTROS

[El deber de la corrección según justicia.—Vida de los buenos ministros. —Recapitulación sobre su dignidad. ] 1 1 9 Excelencia de las virtudes y obras de los buenos y virtuosos ministros.—Tienen las propiedades del sol.—Corrección de sus subditos.] A h o r a , p a r a d a r consuelo a tu alma y mitigar el d o l o r p o r las tinieblas d e aquellos desgraciados subditos, abre los ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o y m i r a d e n t r o d e mí, Sol d e justicia. Verás los gloriosos ministros que, habiendo a d m i n i s t r a d o el Sol, h a n t o m a d o la condición d e sol. T e dije d e ellos q u e habían recibido las propiedades del sol, y así, con el olor d e su virtud, mitigan la pestilencia, y con su luz disipan las tinieblas. A esta luz quisiera q u e tú vieras las tinieblas y defectos de mis ministros.

El cuerpo místico de la ¡glesm

275

C o m o te dije d e P e d r o , el príncipe d e los apóstoles, q u e recibió las llaves del r e i n o , te r e p i t o lo m i s m o d e los o t r o s q u e h a n sido m i n i s t r o s e n este j a r d í n d e la s a n t a Iglesia, o sea, q u e h a n a d m i n i s t r a d o el c u e r p o y la sang r e d e m i Hijo u n i g é n i t o , Sol d e l m u n d o , n o d i v i d i d o , y t o d o s los d e m á s s a c r a m e n t o s d e la s a n t a Iglesia. C a d a s a c r a m e n t o , c o l o c a d o e n diversos g r a d o s s e g ú n su estad o , vale p a r a d a r la g r a c i a del Espíritu S a n t o , y t o d o s d a n vida e n v i r t u d d e la s a n g r e . ¿ C o n q u é la h a n d a d o ? C o n la luz d e la gracia, q u e p r o c e d e d e la v e r d a d e r a Luz. Esta luz, ¿está ella sola? N o . N o p u e d e e n c o n t r a r s e sola la luz d e la gracia ni p u e d e estar dividida, sino q u e , o se halla e n t e r a , o n o hay ni r a s t r o d e ella. Q u i e n se h a lla e n p e c a d o m o r t a l , está, p o r lo m i s m o , p r i v a d o d e la luz d e la gracia. Q u i e n t i e n e la gracia, t i e n e i l u m i n a d o s los ojos d e su inteligencia. C o n o c i é n d o m e , p u e s , aquel a q u i e n h e d a d o la gracia y la v i r t u d q u e la c o n s e r v a (y p o r esa luz c o n o c e la m i s e r i a y la c a u s a d e l p e c a d o , es decir, el a m o r p r o p i o sensitivo), a b o r r e c e el p e c a d o . Al h a c e r l o recibe el calor d e la c a r i d a d d i v i n a e n su afecto, p o r q u e el afecto sigue al c o n o c i m i e n t o . Recibe el calor d e esta gloriosa luz c u a n d o sigue la d o c t r i n a d e mi d u l ce V e r d a d , p o r lo q u e q u e d a llena la m e m o r i a c o n el r e c u e r d o d e l beneficio d e la s a n g r e . Ves, p u e s , q u e n o se p u e d e recibir la luz sin recibir el calor y el color, p o r hallarse í n t i m a m e n t e u n i d o s y ser u n a m i s m a cosa. T a m p o c o p u e d e u n a p o t e n c i a d e l a l m a e s t a r p r e p a r a d a p a r a r e c i b i r m e a mí, v e r d a d e r o Sol, sin q u e las tres estén p r e p a r a d a s y u n i d a s e n m i n o m b r e . P o r q u e e n seguida los ojos del e n t e n d i m i e n t o se elevan c o n la luz d e la fe s o b r e lo sensible, m i r á n d o s e e n mí; y el afecto va d e t r á s , a m a n d o lo q u e v i e r o n y c o n o c i e r o n los ojos d e e n t e n d i m i e n t o , y la m e m o r i a se. llena d e aquello q u e a m a el afecto. E n c u a n t o las tres potencias están p r e p a r a d a s , el a l m a participa d e mí, Sol, i l u m i n á n d o l a con m i p o d e r y c o n la s a b i d u r í a d e m i Hijo u n i g é nito y la c l e m e n c i a d e l f u e g o d e l Espíritu S a n t o . Estos ministros h a n a d q u i r i d o las p r o p i e d a d e s del sol; es decir, h a l l á n d o s e vestidas y llenas las potencias del a l m a c o n mi v e r d a d e r o Sol, h a c e n lo q u e el sol, q u e calienta, ilumina, y con el c a l o r h a c e g e r m i n a r la t i e r r a .

276

El Diálogo

Lo mismo o c u r r e con estos dulces ministros míos, elegidos, ungidos y enviados al c u e r p o místico d e la santa Iglesia para a d m i n i s t r a r m e a mí, Sol; es decir, el c u e r p o y la sangre d e mi Hijo unigénito, j u n t o con los otros sac r a m e n t o s , q u e tienen vida en esta sangre. Administran temporal y espiritualmente, o sea, a l u m b r a n d o al cuerpo místico d e la santa Iglesia: con la luz d e la ciencia sob r e n a t u r a l , con honesto color y santa vida, esto es, sig u i e n d o la doctrina d e mi verdad y r e p a r t i e n d o el calor d e la ardentísima caridad. C o n su calor hicieron q u e d i e r a n fruto las almas estériles, iluminándolas con la luz d e la ciencia. C o n su vida santa y o r d e n a d a arrojaron las tinieblas d e los pecados mortales y d e la m u c h a incredulidad y o r d e n a r o n la d e s o r d e n a d a vida en q u e vivían por las tinieblas del pecado y p o r la frialdad causad a p o r la falta d e caridad. Ves, p o r tanto, q u e son sol, p o r q u e han t o m a d o de mí las p r o p i e d a d e s de él, pues p o r afecto d e a m o r son u n a cosa c o n m i g o y yo con ellos. C a d a u n o , según el estado p a r a q u e les h e elegido, na iluminado la santa Iglesia: P e d r o , con la predicación, doctrina y, al final, con su s a n g r e ; Gregorio, con su ciencia y santos escritos y con el ejemplo d e su vida; Silvestre, en la lucha con los infieles, y especialmente con las disputas y p r u e b a s q u e dio d e la santa fe en palabras y obras. Si vuelves tu m i r a d a a Agustín, al glorioso T o más, a J e r ó n i m o y a otros, verás c u á n t a luz h a n proyectado sobre esta esposa, disipando e r r o r e s , c o m o luces colocadas sobre el candelero, e n v e r d a d e r a y perfecta humildad. C o m o h a m b r i e n t o s d e mi h o n o r y d e la salvación d e las almas, comían este alimento a la mesa d e la santísima cruz: los mártires con su sangre, cuya fragancia subía a mi presencia. C o n esa fragancia, y la d e la virtud y con la d e la ciencia, hicieron f e c u n d a a esta esposa, difund i e r o n la fe, y m u c h o s pasaron d e la oscuridad a la luz y brilló en ellos la luz d e la fe. Los prelados, puestos en el c a r g o del gobierno d e Cristo en la tierra, m e ofrecieron el sacrificio d e la justicia con santa y honesta vida; la m a r g a r i t a d e la justicia resplandeció e n ellos y en sus subditos con v e r d a d e r a h u m i l d a d , ardentísima caridad y con la luz d e la discreción. Me d i e r o n lo q u e debían en justicia, o sea, la gloria y alabanza a mi n o m b r e . Se die-

El cuerpo mistico de la Iglesia

277

r o n a sí m i s m o s el a b o r r e c i m i e n t o y d e s a g r a d o d e los sentidos, d e s p r e c i a n d o los vicios y a b r a z a n d o la virtud con la c a r i d a d mía y la d e su prójimo. Pisotearon la soberbia c o n la h u m i l d a d , y, c o m o ángeles, c a m i n a r o n a la mesa del altar. C e l e b r a r o n la misa, a r d i e n d o e n el horno d e la c a r i d a d con p u r e z a d e c o r a z ó n y del c u e r p o y con s i n c e r i d a d d e espíritu. Y c o m o antes se h a b í a n hec h o justicia a sí m i s m o s , p o r eso hicieron justicia a sus subditos c u a n d o vieron q u e vivían v i r t u o s a m e n t e . Los c o r r e g í a n sin t e m o r servil a l g u n o , p o r q u e n o se fijaban en sí mismos, sino sólo e n mi h o n o r y en la salvación d e las almas, c o m o b u e n o s pastores, i m i t a d o r e s del b u e n Pastor, mi V e r d a d . Yo les c o n c e d í g o b e r n a r o s a vosotros, ovejuelas, y quise q u e ofreciesen su vida p o r vosotros '. Ellos h a n s e g u i d o sus huellas, y p o r eso c o r r i g i e r o n y n o d e j a r o n p u d r i r a los m i e m b r o s p o r falta d e llamarles la a t e n c i ó n . Lo hicieron c a r i t a t i v a m e n t e , c o n el u n g ü e n t o d e la b e n i g n i d a d y la 'aspereza del fuego, q u e m a n d o la llaga del vicio con la r e p r e s i ó n y penitencia, m a y o r o m e n o r s e g ú n la g r a v e d a d del p e c a d o . Y p o r corregirlos y decir la v e r d a d n o se p r e o c u p a r o n d e la muerte. F u e r o n v e r d a d e r o s h o r t e l a n o s , q u e c o n solicitud y s a n t o t e m o r a r r a n c a r o n las espinas d e los p e c a d o s m o r tales y p u s i e r o n las plantas fragantes d e v i r t u d . C o n ello, los subditos c o n s i g u i e r o n el s a n t o t e m o r d e Dios y c r e c i e r o n c o m o flores olorosas e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia, p o r q u e c o r r e g í a n sin t e m o r servil, p o r n o ser p a n i a g u a d o s d e n i n g ú n s e ñ o r . C o m o e n ellos n o había v e n e n o d e c u l p a d e p e c a d o , p o r eso p r a c t i c a r o n la s a n t a justicia, r e p r e n d i e n d o v a r o n i l m e n t e y sin t e m o r a l g u n o . Esta e r a aquella j o y a e n la q u e brilla la justicia, p u e s d a la paz y la luz a las m e n t e s d e las c r i a t u r a s y les hacía p e r m a n e c e r e n el s a n t o t e m o r e s t a n d o los corazones u n i d o s . P o r esto q u i e r o q u e sepas q u e p o r n i n g u n a o t r a causa h a n venido tantas tinieblas y divisiones al m u n d o e n t r e los seculares y religiosos, clérigos y pastores d e la santa Iglesia, q u e p o r h a b e r faltado la luz d e la justicia y h a b e r llegado la injusticia. i Jn

10,11.

278

El

Diálogo

N i n g ú n estado p u e d e conservarse en estado d e gracia, ni la ley civil ni la divina, sin la santa justicia; p o r q u e el que no es corregido y no corrige, hace como el miembro que ha c o m e n z a d o a gangrenarse. Si el mal médico pone i n m e d i a t a m e n t e sobre ese m i e m b r o únicamente el u n g ü e n t o y n o cauteriza, todo el c u e r p o se c o r r o m p e . Así el prelado y otros señores q u e tienen subditos: si ven que el m i e m b r o d e su subdito está g a n g r e n a d o por la pestilencia del pecado mortal y pone lo p r i m e r o el ungüento de la lisonja sin reprensión, n u n c a lo c u r a r á , sino que echará a p e r d e r a otros miembros que están unidos al mismo cuerpo, es decir, en u n mismo pastor. Pero, si es v e r d a d e r o y buen médico d e aquellas almas, como lo fueron estos gloriosos pastores, no aplicará el u n g ü e n t o sin el fuego de la reprensión. Si el m i e m b r o , a pesar d e todo, fuera obstinado en su mal obrar, lo separará d e los d e m á s para que no los c o r r o m p a con la culpa del pecado mortal. Pero hoy los pastores no o b r a n así, sino que hacen como que no ven. ¿Sabes por qué? Porque la raíz del a m o r propio sigue viva en ellos, de d o n d e les viene el perverso t e m o r servil. No corrigen por t e m o r a p e r d e r cargos, bienes temporales y prelacias. Actúan como ciegos, y por ello n o conocen el m o d o d e conducirse en su cargo. Si vieran cómo se consigue por la santa justicia, la m a n t e n d r í a n ; pero, como se hallan privados de la luz, no la conocen. C r e y e n d o conservar su estado con la injusticia, no r e p r e n d e n los vicios d e sus subditos, y son e n g a ñ a d o s por su propia pasión sensitiva, por la apetencia del d e m o n i o y por las prelaturas. T a m p o c o corrigen p o r q u e se hallan con los mismos defectos o mayores. Se sienten comprendidos en la culpa, y pierden la audacia y firmeza, y, prisioneros del t e m o r servil, hacen como que no ven. Ven, y, a pesar d e todo, n o corrigen. Se dejan maniatar con palabras lisonjeras y con regalos y ellos mismos buscan excusas para no castigarlos. En ellos se cumplen las palabras d e mi Verdad c u a n d o dijo en el santo Evangelio: «Son ciegos y guías d e ciegos; y si u n ciego guía a o t r o ciego, ambos caen en la fosa» . 2

2

Mt 15,14; Le 6,39.

El cuerpo místico de la Iglesia

279

N o h a n o b r a d o ni o b r a n así —si hay a l g u n o — los q u e h a n p e r m a n e c i d o c o m o dulces ministros míos, d e los q u e te dije q u e tienen las potencias y condición del sol. Lo son v e r d a d e r a m e n t e , p o r q u e en ellos no hay tinieblas ni d e pecado ni d e ignorancia, puesto q u e siguen la d o c t r i n a d e mi dulce v e r d a d . N o son tibios, p u e s t o q u e a r d e n en el h o r n o d e m i c a r i d a d ; desprecian las g r a n d e zas, posición social y placeres del m u n d o . Por esta r a z ó n n o t e m e n corregir, p u e s q u i e n n o apetece d o m i n i o ni p r e l a t u r a s , n o t e m e p e r d e r l a s . R e p r e n d e c o n energía, p o r q u e n o t e m e q u i e n n o siente la conciencia prisionera d e la culpa. Por eso, esta m a r g a r i t a n o fue o s c u r a en mis u n g i d o s y cristos míos, sino, m á s bien, refulgente. A b r a z a r o n la p o b r e z a voluntaria y b u s c a r o n la humillación con p r o f u n d a sencillez. N o se p r e o c u p a r o n d e las villanías y cal u m n i a s d e los h o m b r e s , ni d e las injurias y oprobios, ni d e las p e n a s o t o r m e n t o s . E r a n maldecidos, y b e n d e cían, y con v e r d a d e r a paciencia sufrieron c o m o ángeles e n la tierra; y m á s q u e ángeles, n o p o r la n a t u r a l e z a , sino p o r el c a r g o y gracia s o b r e n a t u r a l e s q u e les había sido d a d o p a r a a d m i n i s t r a r la s a n g r e d e m i Hijo unigénito. Son v e r d a d e r a m e n t e ángeles, p o r q u e a éstos os los doy p a r a g u a r d a r o s y p a r a q u e p r o m u e v a n en vosotros las santas y b u e n a s inspiraciones; así lo d e b e n hacer ellos, puestos p o r mi b o n d a d p a r a p r o t e g e r o s . P o r eso tuvieron c o n t i n u a m e n t e los ojos en sus subditos c o m o v e r d a d e r o s g u a r d i a n e s , p o n i e n d o en su c o r a z ó n santas inspiraciones, esto es, p r e s e n t a n d o dulces y a m o r o s o s deseos a n t e mí por m e d i o d e la c o n t i n u a o r a c i ó n con la predicación y con el ejemplo d e vida. Ves, p u e s , q u e son ángeles colocados p o r m i a r d o r o s a c a r i d a d c o m o lumb r e r a s en el c u e r p o místico d e la Santa Iglesia p a r a vuestra protección, a fin d e q u e vosotros, ciegos, tengáis guía q u e os dirija p o r el c a m i n o d e la v e r d a d , d á n d o o s las b u e n a s inspiraciones p o r la oración, ejemplo y doctrina. ¡Con q u é h u m i l d a d g o b e r n a b a n y t r a t a b a n a sus sub­ ditos! ¡Con q u é e s p e r a n z a y con q u é fe tan viva! P o r q u e n o se p r e o c u p a b a n ni temían sino d e q u e a sus subditos les faltasen los bienes t e m p o r a l e s , y p o r ello distribuían

280

El Diálogo

e n t r e los pobres los bienes d e la santa Iglesia. Observaban con perfección lo q u e estaban obligados a cumplir, es decir, repartir los bienes temporales a los pobres conf o r m e a sus necesidades. N o los a c u m u l a b a n , y a su m u e r t e no q u e d a b a m u c h o d i n e r o , y algunos hasta d e j a b a n a la Iglesia e n d e u d a s a causa d e los pobres. Esto provenía d e su generosa caridad y d e la confianza q u e tenían en mi providencia. Carecían d e t e m o r servil, y p o r eso n o temían q u e les faltase algo, espiritual o temporal. La señal d e q u e la criatura confía e n mí, y n o en sí misma, es n o t e n e r t e m o r servil. Los q u e tienen puesta la confianza en sí mismos son los q u e t e m e n y tienen mied o hasta d e su s o m b r a y a n d a n c o n la d u d a d e si les faltará el cielo y la tierra. Con este t e m o r y confianza pecaminosa t o m a n la desgraciada preocupación d e a d q u i r i r y conservar las cosas temporales; q u e parece q u e se echan las espirituales a la espalda y n o hablan sino d e cuidados. N o piensan los desgraciados, faltos d e fe y llenos d e soberbia, q u e yo soy quien p r o p o r c i o n o todas las cosas necesarias al alma y al c u e r p o . E n la m e d i d a en q u e confiéis e n mí, e n la misma os d a r á mi providencia . Los miserables p r e s u n t u o s o s n o m i r a n q u e soy yo aquel q u e soy, y ellos los q u e son n a d a . Su existencia y todo lo q u e sigue a ella lo h a n recibido d e mi b o n d a d , y p o r eso se enorgullece e n vano d e su trabajo el q u e g u a r d a la ciud a d si yo n o la g u a r d o ; vano será t o d o su trabajo si p o r ella y p o r su solicitud cree g u a r d a r l a , ya q u e soy yo quien la g u a r d a . Q u i e r o q u e en el tiempo q u e h e d a d o a los seres racionales, y u s a n d o el libre albedrío, os ejercitéis en la virtud, p o r q u e yo os creé sin vosotros, p e r o sin vosotros n o os salvaré. Yo os a m é antes d e q u e existieseis. Esto lo vieron y c o m p r e n d i e r o n aquellos mis hijos a m a d o s , y p o r eso m e a m a b a n inefablemente, y p o r el a m o r q u e m e tenían confiaban e n mí sin límites y n a d a temían. N o temió Silvestre c u a n d o se hallaba ante el e m p e r a d o r C o n s t a n t i n o d i s p u t a n d o con los doce j u d í o s 3

4

3

Mt 7,2; Me 4 , 2 4 ; Le 6 , 3 8 .

4

Sal 1 2 6 , 1 .

281

El cuerpo místico de la Iglesia 5

e n p r e s e n c i a d e t o d a la m u c h e d u m b r e . C r e í a c o n fe viva q u e , e s t a n d o yo e n favor d e él, n i n g u n o p o d r í a c o n t r a él . Del m i s m o m o d o , los d e m á s p e r d í a n el m i e d o , p o r q u e n o se h a l l a b a n solos, sino a c o m p a ñ a d o s , p u e s e s t a n d o e n la dilección d e la c a r i d a d , e s t a b a n e n m í . D e mí recibían la l u z d e la s a b i d u r í a d e m i Hijo u n i g é n i t o , d e mí recibían el p o d e r p a r a ser f u e r t e s y p o d e r o s o s f r e n t e a los p r í n c i p e s y t i r a n o s d e l m u n d o y d e m í recibían el fuego d e l Espíritu S a n t o , p a r t i c i p a n d o d e su c l e m e n c i a y a r d i e n t e a m o r . Este estaba a c o m p a ñ a d o y a c o m p a ñ a a q u i e n q u i e r e participar d e él c o n la luz d e ía fe, c o n la e s p e r a n z a , fortaleza, v e r d a d e r a paciencia y g r a n p e r s e v e r a n c i a h a s t a el fin d e la m u e r t e . P o r lo t a n to, ves c ó m o n o se h a l l a b a n solos, sino a c o m p a ñ a d o s , y p o r esta r a z ó n n o t e n í a n t e m o r . Ú n i c a m e n t e se siente solo el q u e confía e n sí m i s m o . P r i v a d o d e la dilección d e la c a r i d a d , t e m e ; c u a l q u i e r p e q u e ñ a cosa le d a m i e d o , p o r q u e se e n c u e n t r a solo, sin m í , q u e soy s e g u r i d a d s u m a p a r a q u i e n m e p o s e e p o r el afecto d e l a m o r . Bien e x p e r i m e n t a r o n esto aquellos gloriosos a m a d o s míos, p u e s n a d a p o d í a h a c e r d a ñ o a su a l m a , a n t e s bien, ellos h a c í a n d a ñ o a los h o m b r e s y a los d e m o n i o s , y m u c h a s veces los t u v i e r o n s o m e t i d o s p o r la v i r t u d y p o d e r q u e yo les h a b í a d a d o s o b r e ellos. Así r e s p o n d í a yo a la fe y c o n f i a n z a q u e h a b í a n p u e s t o e n mí. T u l e n g u a n o p o d r í a n a r r a r sus v i r t u d e s , ni los ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o v e r el p r e m i o q u e r e c i b e n e n la vida p e r d u r a b l e y el q u e r e c i b i r á n los q u e sigan sus h u e llas. Son c o m o p i e d r a s preciosas, y se hallan e n m i p r e sencia p o r q u e les h e a c e p t a d o sus trabajos, la luz q u e p r o y e c t a r o n y el p e r f u m e d e v i r t u d q u e d e r r a m a r o n e n el c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia. P o r eso los h e coloc a d o e n la vida e t e r n a c o n g r a n d í s i m a d i g n i d a d , y recib e n felicidad y gloria d e m i visión p o r h a b e r d a d o ejemplo d e vida h o n e s t a y s a n t a y p o r q u e c o n la luz r e p a r t i e r o n la luz del c u e r p o y s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o , lo m i s m o q u e p o r m e d i o d e los d e m á s s a c r a m e n t o s . P o r 6

7

5

L a d i s p u t a d e S a n Silvestre c o n los j u d í o s es n a r r a d a e n la Legenda c.12. Rom 8,31. J n 4,16.

áurea 6

7

282

El Diálogo

esta razón son p a r t i c u l a r m e n t e a m a d o s p o r mí, t a n t o p o r la d i g n i d a d e n q u e los puse, ya q u e son mis ungidos y ministros, c o m o p o r el tesoro q u e les p u s e en las manos, el q u e n o e n t e r r a r o n p o r negligencia o ignorancia , sino q u e lo reconocieron c o m o venido d e mí, y lo h a n t r a t a d o con solicitud y h u m i l d a d p r o f u n d a , con v e r d a d e r a s y reales virtudes. C o m o les h e colocado en tan g r a n excelencia p a r a la salvación d e los d e m á s , n u n c a se h a n resistido, c o m o b u e n o s pastores, a llevar las ovejuelas al redil d e la santa Iglesia. Por a m o r y h a m b r e , las almas se e x p u s i e r o n a la m u e r t e p o r a r r a n c a r l a s d e las g a r r a s d e los d e m o n i o s . Ellos e n f e r m a b a n , es decir, se hacían débiles con los q u e lo e r a n ; esto es, m u c h a s veces, p a r a q u e los subditos no se ofuscaran con la desesperación y p a r a darles m a y o r confianza en su debilidad, se les m o s t r a b a n débiles y les decían: «Yo soy débil c o m o tú». Lloraron con los q u e lloraban y se a l e g r a r o n con los q u e se alegraban , y así, d u l c e m e n t e , sabían d a r a c a d a u n o su alimento: los b u e n o s conservaban su virtud e n la alegría. N o se recomían d e envidia, sino q u e se a l e g r a b a n con la a b u n dancia d e la c a r i d a d del prójimo y d e sus subditos, y sacaban del p e c a d o a los pecadores, haciéndose pecadores y débiles a n t e ellos. C o n v e r d a d e r a y santa compasión, y con la corrección y penitencia p o r sus pecados cometidos, hacían penitencia p o r c a r i d a d j u n t a m e n t e con ellos; es decir, q u e , p o r el a m o r q u e les tenían, sufrían m a y o r p e n a q u e la q u e les imponían. Algunas veces e r a n ellos los q u e e n realidad la cumplían, y especialmente c u a n d o veían q u e al subdito le parecía d u r a . Por lo q u e aquel acto d e repulsa lo convertían en d u l z u r a . ¡Oh, mis a m a d o s ! Se hacían subditos, siendo prelados; siervos, siendo señores, y e n f e r m o s , e s t a n d o sanos y libres d e la e n f e r m e d a d y lepra del p e c a d o m o r t a l . Siendo fuertes, se hacían débiles; con los tontos y simples se m o s t r a b a n sencillos y p e q u e ñ o s . Y así, con h u m i l d a d y c a r i d a d , sabían d a r a c a d a u n o su alimento. ¿ Q u é les movía a ello? El h a m b r e y deseo q u e habían 8

9

l 0

8 9

1 0

Mt 2 5 , 1 4 - 3 0 ; Le 19,12-27. 1 C o r 9,22. R o m 12.15.

El cuerpo místico de la Iglesia

283

c o n c e b i d o d e m i h o n o r y d e la salvación d e las a l m a s . C o r r í a n a t o m a r l o e n la m e s a d e la santísima c r u z , sin r e h u s a r trabajos. C o m o d e f e n s o r e s celosos d e las a l m a s y d e la s a n t a fe, se m e t í a n e n t r e las e s p i n a s d e n u m e r o sas t r i b u l a c i o n e s y se e x p o n í a n a c u a l q u i e r p e l i g r o c o n v e r d a d e r a paciencia, o f r e c i é n d o m e el incienso d e los f r a g a n t e s y férvidos d e s e o s y d e la c o n t i n u a o r a c i ó n . C o n l á g r i m a s y s u d o r e s u n g í a n las llagas d e la c u l p a d e los p e c a d o s m o r t a l e s , c o n lo q u e o b t e n í a n la c o m p l e t a c u r a c i ó n si esos p e c a d o r e s a c e p t a b a n ese u n g ü e n t o c o n humildad. 120 [Resumen del capítulo anterior.—Reverencia d e b e p r e s t a r a los s a c e r d o t e s , s e a n b u e n o s o m a l o s . ]

que

se

T e h e m o s t r a d o , hija q u e r i d í s i m a , u n a b r i z n a d e su excelencia —brizna, d i g o , e n c o m p a r a c i ó n c o n lo g r a n d e q u e e s — . T e h e h a b l a d o d e la d i g n i d a d a q u e les h e e l e v a d o al elegirlos y h a c e r l o s mis m i n i s t r o s . E n r a z ó n d e la d i g n i d a d y a u t o r i d a d q u e les h e d a d o , n o q u i e r o q u e sean castigados, p o r c a u s a d e sus pecad o s , p o r m a n o s d e seglares, y, si lo h a c e n , m e o f e n d e n m i s e r a b l e m e n t e . Q u i e r o q u e les t e n g a n r e v e r e n c i a n o p o r sí m i s m o s , sino e n a t e n c i ó n a mí, o sea, p o r la a u t o r i d a d q u e les h e d a d o . Esta n u n c a d e b e d e c r e c e r , p o r q u e e n t o n c e s d i s m i n u i r á la v i r t u d e n q u i e n e s los aflig e n . T e h e h a b l a d o d e la v i r t u d d e los b u e n o s m i n i s t r o s y te los h e d e s i g n a d o c o m o a d m i n i s t r a d o r e s d e l sol, es decir, d e l c u e r p o y d e la s a n g r e d e m i Hijo y d e los d e m á s s a c r a m e n t o s . Esta d i g n i d a d c o r r e s p o n d e a los b u e n o s y a los malos; t o d o s d e b e n a d m i n i s t r a r l o s : los buer n o s y los m a l o s . T e dije q u e los perfectos p o s e e n las p r o p i e d a d e s del sol, o sea, las d e i l u m i n a r y c a l e n t a r p o r m e d i o d e la dilección d e la c a r i d a d y d e sus p r ó j i m o s , y q u e c o n este calor h a c e n fructificar y g e r m i n a r las v i r t u d e s e n las alm a s d e sus subditos. T e los he p r e s e n t a d o c o m o á n g e les, y lo son d e v e r d a d . O s son d a d o s p o r m í p a r a vuest r a p r o t e c c i ó n , p a r a q u e os g u a r d e n y os i n s p i r e n b u e n o s d e s e o s e n v u e s t r o s c o r a z o n e s p o r m e d i o d e la s a n t a o r a c i ó n y d o c t r i n a , s i e n d o e j e m p l o d e vida, y p a r a q u e os sirvan p o r la a d m i n i s t r a c i ó n d e los s a n t o s s a c r a m e n -

284

El Diálogo

tos, c o m o el ángel q u e os sirve g u a r d a e inspira b u e n o s y santos deseos en vosotros '. Mira, p u e s , c ó m o , a d e m á s d e la d i g n i d a d en q u e he colocado a mis ministros, son o r n a m e n t o d e las virtudes a q u e están obligados, y, p o r t a n t o , son dignos d e ser a m a d o s . Debéis tenerles e n g r a n reverencia p o r ser hij o s a m a d o s , u n sol puesto en el c u e r p o místico d e la santa Iglesia en razón d e su virtud. Si todo h o m b r e virtuoso es d i g n o d e ser a m a d o , m u c h o m á s lo son éstos p o r el ministerio q u e he colocado en sus m a n o s ; d e m o d o q u e p o r la virtud y d i g n i d a d del s a c r a m e n t o debéis amarlos y a b o r r e c e r los pecados d e los q u e viven m i s e r a b l e m e n te. Pero no hagáis d e j u e c e s suyos, pues esto n o lo quier o , p o r q u e son mis cristos. Debéis a m a r y r e v e r e n c i a r la a u t o r i d a d q u e les he d a d o . Sabéis bien q u e , si u n h o m b r e sucio y mal vestido os trajese u n gran tesoro del q u e d e p e n d i e s e la vida, p o r a m o r al tesoro y al señor q u e os lo envía n o a b o r r e c e ríais al q u e lo trae, a u n q u e estuviese andrajoso y sucio. C i e r t a m e n t e q u e os desagradaría, y trataríais, p o r a m o r a su señor, d e q u e se quitase la suciedad y se pusiese o t r o s vestidos. Eso, pues, debéis hacer p o r obligación y q u i e r o q u e lo hagáis, siguiendo las n o r m a s d e la c a r i d a d con estos ministros míos q u e a n d a n poco o r d e n a d o s , q u e con la inmundicia y vestidos d e pecado, andrajosos p o r su alejamiento d e ia c a r i d a d , os traen los g r a n d e s tesoros, es decir, los sacramentos d e la santa Iglesia. De esos sacramentos recibís la vida d e la gracia c u a n d o os acercáis a ellos d i g n a m e n t e p o r a m o r a mí, Dios e t e r n o , a u n q u e los ministros t e n g a n g r a n d e s pecados. Yo os los envío p a r a la vida d e la gracia q u e recibís en este g r a n tesoro, Dios y h o m b r e , o sea, el c u e r p o y la sangre d e mi Hijo, u n i d o con mi naturaleza divina. Sus pecados d e ben d e s a g r a d a r o s , y debéis aborrecerlos y tratar, con afecto d e caridad y santa oración, d e ponerles vestido n u e v o y lavar sus inmundicias con lágrimas, es decir, o f r e c e r m e lágrimas y gran deseo d e q u e yo, e n mi b o n d a d , les vista d e n u e v o el vestido d e la caridad. Sabéis bien q u e q u i e r o darles gracia, siempre q u e se p r e p a r e n p a r a recibirme y vosotros oréis p o r ellos. Pero 1

Heb

1,14.

I cuerpo místico de la Iglesia

285

n o d e p e n d e d e m i v o l u n t a d q u e ellos os r e p a r t a n el sol p e r m a n e c i e n d o ellos e n tinieblas, ni q u e e s t é n d e s n u d o s del vestido d e la v i r t u d , ni sucios p o r su vida d e s h o n e s ta; a n t e s b i e n , los h e p u e s t o p a r a q u e sean p a r a vosotros sol y á n g e l e s e n la t i e r r a . Si n o lo son, d e b é i s p e d i r m e p o r ellos y n o c o n d e n a r l o s ; d e j a d m e el j u i c i o a m í , y yo les h a r é m i s e r i c o r d i a p o r m e d i o d e vuestras o r a c i o n e s y su v o l u n t a d d e r e c i b i r m e . Si n o e n d e r e z a n su vida, la d i g n i d a d q u e t i e n e n s e r á c a u s a d e su r u i n a , con g r a n r e p r e n s i ó n p o r p a r t e m í a , s u m o J u e z , e n el ú l t i m o m o m e n t o d e la m u e r t e . P e r o p o r n o e n m e n d a r s e y a c o g e r se a m i g e n e r o s i d a d y m i s e r i c o r d i a s e r á n e n v i a d o s al fuego e t e r n o .

LOS MALOS

MINISTROS

[Su vida y sus defectos: la injusticia - mundanidad - impureza sodomía - soberbia que ciega. —Los malos religiosos. —Los tres principales vicios de los ministros: impureza - avaricia - soberbia.] 121

[Defectos y mala vida de los sacerdotes y ministros.]

A t i e n d e a h o r a , hija q u e r i d í s i m a , p o r q u e te q u i e r o h a b l a r d e la vida p e r v e r t i d a d e a l g u n o s , p a r a q u e t ú y los o t r o s s e r v i d o r e s míos t e n g á i s m á s m o t i v o d e o f r e c e r m e p o r ellos h u m i l d e s y c o n t i n u a s o r a c i o n e s . A c u a l q u i e r l a d o a q u e dirijas tu vista, n o v e r á s m á s q u e p e c a d o s ; e n los seglares y e n los religiosos, e n clérigos y p r e l a d o s , e n p e q u e ñ o s y g r a n d e s , e n j ó v e n e s y viejos, y e n t o d a clase d e g e n t e . T o d o s m e a r r o j a n la pestilencia d e l p e c a d o m o r t a l . Ella n o m e h a c e d a ñ o a m í , sino a sí m i s m o s . H a s t a a q u í te h e h a b l a d o d e la excelencia d e mis m i nistros y d e la v i r t u d d e los b u e n o s , t a n t o p a r a d a r c o n suelo a tu a l m a c o m o p a r a q u e conozcas m e j o r la miseria d e estos d e s g r a c i a d o s y p a r a q u e veas c u a n d i g n o s son d e reprensión y d e sufrir las p e n a s m á s intolerables y c ó m o mis elegidos y a m a d o s son d i g n o s d e l m a y o r p r e m i o y d e ser colocados a n t e mí c o m o m a r g a r i t a s p o r h a b e r u s a d o v i r t u o s a m e n t e el t e s o r o q u e se les d i o . Lo c o n t r a r i o son estos m i s e r a b l e s ; q u e r e c i b i r á n p e n a c r u e l p o r ello.

El Diálogo

286

¿Sabes, hija queridísima —atiende con dolor y a m a r g u r a d e corazón—, en q u é h a n puesto el principio y el fin d e sí mismos? En el a m o r propio, d e d o n d e ha nacid o el árbol d e la soberbia, con su hija la indiscreción. C o m o indiscretos, p o n e n e n sí mismos el h o n o r y la gloria, b u s c a n d o las prelaturas d e importancia. Me vituper a n y o f e n d e n con los p e r f u m e s y delicadezas d e su c u e r p o . Se g u a r d a n para sí lo q u e n o es suyo y a mí m e d a n lo q u e n o es p a r a mí. A mí m e d e b e n d a r la gloria y la alabanza d e mi n o m b r e , y a sí mismos se d e b e n el aborrecimiento d e los sentidos con v e r d a d e r o conocimiento d e sí mismos, j u z g á n d o s e indignos d e tan g r a n ministerio c o m o h a n recibido d e m í . Hacen ellos lo contrario; p o r q u e , c o m o hinchados d e soberbia, n o se cansan d e r o e r la tierra d e las riquezas y delicias del m u n d o y d e ser tacaños, codiciosos y avaros con los pobres. H a n a b a n d o n a d o el c u i d a d o d e las almas por esta soberbia y avaricia, q u e h a nacido del a m o r propio sensitivo. Se d a n sólo a m i r a r y t e n e r c u i d a d o d e las cosas temporales y a b a n d o n a n a mis ovejas, a los q u e he puesto en sus m a n o s , c o m o ovejas sin pastor '. N o las apacientan y alimentan ni espiritual ni t e m p o r a l m e n t e . Espiritualmente a d m i n i s t r a n los sacramentos d e la santa Iglesia, cuyos efectos n o se p u e d e n q u i t a r ni a m i n o r a r por los pecados d e esos ministros. N o os apacientan con oraciones del corazón, con h a m b r e y deseo d e vuestra salvación, con honesta y santa vida; ni tampoco a sus s u b ­ ditos, a los pobres, e n las cosas temporales. T e dije q u e d e estos bienes se d e b e n hacer tres partes: u n a p a r a sus propias necesidades, o t r a p a r a los pobres, y la tercera, p a r a utilidad d e la Iglesia. Pero ellos hacen lo contrario, pues n o sólo n o d a n los bienes q u e están obligados a repartir e n t r e los pobres, sino q u e se los quitan a otros p o r la simonía y ansias d e d i n e r o , y v e n d e n la gracia del Espíritu Santo . A l g u n o s son tan desgraciados, q u e algunas veces n o quisieran d a r a quienes lo necesitan lo q u e g r a t u i t a m e n t e les h e d a d o si no les d a n a m a n o s llenas o n o les hacen m u c h o s regalos. A m a n a sus subditos tanto c u a n t o les p u e d e n saquear, y n o más. 2

1

2

Mt 9,36;

Act

8,20.

Me

6,34.

El cuerpo místico de la Iglesia

287

N o g a s t a n los bienes d e la Iglesia sino e n vestidos p a r a el c u e r p o , e n a n d a r c o n trajes delicados; n o c o m o clérigos y religiosos, sino c o m o s e ñ o r e s y g a l a n e s d e c o r t e . P r o c u r a n t e n e r b u e n o s caballlos y m u c h a vajilla d e o r o y plata, o r n a t o s p a r a la casa, t e n i e n d o y p o s e y e n d o c o n g r a n v a n i d a d d e c o r a z ó n lo q u e n o d e b e n t e n e r . Su c o r a z ó n h a b l a c o n d e s o r d e n a d a v a n i d a d y t o d o su afecto se e n c u e n t r a e n los b a n q u e t e s , h a c i e n d o a su vientre u n dios , c o m i e n d o y b e b i e n d o d e s o r d e n a d a m e n t e . Esto les o c a s i o n a bien p r o n t o la i m p u r e z a y u n vivir lascivo. ¡Ay, ay d e su vida miserable! P o r q u e lo q u e eljdulce V e r b o d e m i Hijo u n i g é n i t o a d q u i r i ó c o n tantos trabajos e n el m a d e r o d e la santísima c r u z , ellos lo gastan con públicas m e r e t r i c e s . Son d e v o r a d o r e s d e las almas r e d i m i d a s p o r la s a n g r e d e Cristo, h a c i é n d o l o miserablem e n t e d e m u c h a s m a n e r a s . C o n lo q u e p e r t e n e c e a los p o b r e s a l i m e n t a n a sus propios hijos. ¡Oh templos del diablo! O s h e p u e s t o p a r a q u e seáis ángeles e n la tierra d u r a n t e la vida, y sois d e m o n i o s y habéis t o m a d o el oficio d e los d e m o n i o s . Estos d a n d e las tinieblas q u e tien e n p a r a sí y p r o p o r c i o n a n h o r r o r o s o s t o r m e n t o s ; apartan d e la gracia a las almas c o n argucias y tentaciones p a r a q u e caigan e n el p e c a d o m o r t a l , b u s c a n d o conseg u i r lo q u e p u e d e n , si bien e n n i n g ú n p e c a d o p u e d e inc u r r i r el alma si ella n o q u i e r e ; los d e m o n i o s , sin e m b a r go, h a c e n lo q u e p u e d e n . Así, estos miserables ministros n o son d i g n o s d e ser l l a m a d o s así, sino d e m o n i o s h e c h o s c a r n e , p o r q u e p o r sus p e c a d o s o b r a n e n c o n f o r m i d a d c o n la v o l u n t a d d e los d e m o n i o s ; h a c e n su oficio c u a n d o m e e n t r e g a n a sus subditos y a o t r a s c r i a t u r a s racionales a mí, v e r d a d e r a Luz, con las tinieblas d e l p e c a d o m o r t a l a causa d e su vida d e s o r d e n a d a y criminal. P r o d u c e n confusión y aflicción e n los espíritus d e las c r i a t u r a s q u e les ven vivir d e s o r d e n a d a m e n t e . Son tamb i é n causa d e p e n a s y confusión d e conciencia e n los q u e m u c h a s veces a p a r t a n del estado d e gracia y d e la v e r d a d . Llevan al p e c a d o , haciéndolos a n d a r p o r el cam i n o d e la m e n t i r a . Q u i e n e s les siguen n o están, sin e m b a r g o , e x e n t o s d e 3

4

3

4

Eclo 2 1 , 2 9 . Flp 3 , 1 9 .

288

El Diálogo

culpa, p o r q u e nadie es forzado a pecar ni por los d e m o nios visibles ni por los invisibles. N o hay q u e mirar a su vida ni imitar lo q u e hacen, c o m o os advirtió mi V e r d a d en el Evangelio . Debéis hacer lo q u e os digan, es decir, seguir la doctrina q u e os d a n en el cuerpo místico d e la santa Iglesia, contenida en la Escritura santa, por medio d e mis heraldos, q u e son los predicadores dedicados a anunciar mi palabra. No penséis en las aflicciones q u e merecen ni les castiguéis por vosotros mismos, p o r q u e m e ofenderíais. Dejad para ellos la mala vida y vosotros recibid la enseñanza. Dejadme a mí el castigo, p o r q u e yo soy el dulce Dios eterno, q u e premio todo bien y castigo toda culpa. No escaparán a mi castigo a causa d e la dignidad q u e tienen por ser mis ministros, antes bien serán castigados más d u r a m e n t e q u e los d e m á s si no se e n m i e n d a n , porq u e han recibido más de mi b o n d a d , ya que, p e c a n d o tan miserablemente, son dignos d e mayor castigo. Ves, pues, q u e son demonios, mientras q u e de mis elegidos te dije q u e son ángeles en la tierra, y p o r eso desempeñ a r o n el oficio d e los ángeles. 5

122 [ E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la i n j u s t i c i a , e s p e c i a l m e n te p o r la f a l t a d e c o r r e c c i ó n d e s u s s u b d i t o s . )

T e dije q u e en los buenos pastores brilla la perla de la justicia. A h o r a te digo q u e estos miserables mezquinos llevan en su pecho la injusticia c o m o broche. Ella procede del a m o r a sí mismos, y a ese a m o r se halla sujeta, puesto q u e p o r él cometen injusticias con las almas y conmigo a causa de las tinieblas de la indiscreción. N o m e d a n gloria, ni u n a vida honesta y santa, ni deseo d e la salvación d e las almas, ni h a m b r e d e la virtud. Consig u i e n t e m e n t e , cometen injusticia con sus subditos y prój i m o y no corrigen los vicios, sino q u e , como ciegos, n o los ven a causa del d e s o r d e n a d o t e m o r a d e s a g r a d a r a las criaturas, a las q u e dejan d o r m i r y p e r m a n e c e r en su e n f e r m e d a d . No se dan cuenta de q u e , q u e r i e n d o agrad a r a las criaturas, me d e s a g r a d a n a mí, vuestro Creador. 5

Mt 23,3.

El cuerpo místico de la Iglesia

289

A l g u n a s veces c o r r i g e n , p a r a justificarse, c o n u n a peq u e ñ a reprensión. La h a r á n n o al m a y o r , q u e t e n g a pecad o s d e m á s i m p o r t a n c i a q u e el m e n o r , p o r t e m o r a q u e les m o l e s t e y prive d e su c a r g o o d e la vida; la h a r á n al m e n o r , p o r q u e ven q u e éste n o les p u e d e h a c e r d a ñ o ni quitarles su p u e s t o . Así c o m e t e n injusticia p o r m i s e r a b l e a m o r a sí m i s m o s . Este a m o r p r o p i o h a e n v e n e n a d o al m u n d o y al c u e r po místico d e la Iglesia y h a c o n v e r t i d o e n salvaje el j a r dín d e esta esposa; lo h a n s e m b r a d o d e flores p o d r i d a s . El j a r d í n estuvo cultivado c u a n d o había v e r d a d e r o s trab a j a d o r e s , es decir, m i n i s t r o s santos, p l a n t a d o d e m u chas y fragantes flores, p o r q u e la vida d e los subditos, p o r m e d i o d e los b u e n o s pastores, n o e r a m a l a , sino virtuosa, h o n e s t a y santa. H o y n o es así, sino lo c o n t r a r i o , p u e s a c a u s a d e los malos p a s t o r e s hay malos s u b d i t o s . La esposa se halla llena d e t o d a clase d e espinas, d e m u c h o s y variados p e c a d o s . Ella, e n sí, n o p u e d e recibir la pestilencia d e l p e c a d o , es decir, q u e la eficacia d e los s a c r a m e n t o s p u e d e q u e d a r lesionada, p e r o los q u e se a l i m e n t a n a los p e c h o s d e esta esposa reciben la pestilencia, p r i v á n d o s e d e la d i g n i d a d en q u e yo los había p u e s t o . T a m p o c o la d i g n i d a d d i s m i n u y e e n sí m i s m a , sino en ellos. L u e g o p o r sus d e fectos n o q u e d a la s a n g r e envilecida, es decir, p o r q u e los seculares les p i e r d a n la reverencia q u e les d e b e n e n r a z ó n d e la s a n g r e , cosa q u e n o d e b e n h a c e r . Y, si les p i e r d e n esa r e v e r e n c i a , n o p o r eso es m e n o r la culpa d e los p e c a d o s d e los pastores, a u n q u e estos miserables son espejo d e miseria e n el m i s m o l u g a r e n q u e les h e p u e s to p a r a q u e sean espejo d e virtud. 123 [Muchos otros defectos d e esos ministros.—Las n a s , el j u e g o y las c o n c u b i n a s . )

taber-

¿De d ó n d e viene al alma t a n t a pestilencia? De los p r o pios sentidos. Estos, j u n t o con el a m o r propio, se h a n constituido e n señores, y a la p o d r e alma la han hecho esclava, h a b i é n d o l e yo d a d o la libertad c o n la s a n g r e d e m i Hijo, c o n u n a liberación g e n e r a l , al ser t o d o el g é n e r o h u m a n o a r r a n c a d o d e la s e r v i d u m b r e del d e m o n i o y d e su p o d e r í o . Esta gracia la recibe t o d a c r i a t u r a racional,

290

El Diálogo

p e r o a los q u e he u n g i d o y liberado d e la esclavitud del m u n d o los h e puesto p a r a servirme a mí solo, Dios eterno, a d m i n i s t r a n d o los sacramentos d e la santa Iglesia. T a n libres les he hecho, q u e no h e q u e r i d o ni q u i e r o q u e señor temporal alguno se constituya en j u e z suyo. Y, carísima hija, ¿sabes q u é p r e m i o m e d a n por tan g r a n beneficio? Es éste: m e persiguen d e c o n t i n u o con tan variados y perversos pecados, q u e tu lengua no p o d r í a expresar y desfallecerías si los oyeras. C o n todo, sobre lo q u e te h e dicho, q u i e r o a ñ a d i r algo p a r a d a r t e más motivo d e llanto y d e compasión. Ellos d e b e n p e r m a n e c e r a la mesa de la cruz por m e dio del santo deseo, y allí alimentarse d e las almas p o r h o n o r a mí. A u n q u e todas las criaturas tienen razones p a r a hacerlo, m u c h o más están obligados los q u e yo h e elegido p a r a q u e administren el c u e r p o y la sangre de Cristo crucificado, mi Hijo unigénito, y p a r a q u e os d e n ejemplo d e santa y b u e n a vida, y con sus trabajos y g r a n deseo, siguiendo a mi V e r d a d , reciban el manjar d e vuestras almas. Sin e m b a r g o , ellos han t o m a d o p o r mesa las tabernas, d o n d e j u r a n y perjuran en público y c o m e t e n m u c h o s y miserables vicios, c o m o h o m b r e s cegados y sin la luz d e la razón. Se han hecho animales p o r sus pecados y están acostumbrados a obras y palabras lascivas. N o hay quien acuda al oficio divino, y, si alguna vez lo recitan, lo hacen con la lengua, p e r o su corazón está lejos d e mí '. Son c o m o bribones y b u h o n e r o s , q u e , después q u e h a n j u g a d o y puesto su alma en m a n o s de los d e m o n i o s , dilapidan los bienes de la Iglesia, y lo temporal q u e reciben por su ministerio se lo j u e g a n y m a l b a r a t a n . De d o n d e los pobres no reciben lo q u e se les debe y la Iglesia está desprovista d e las cosas q u e le son necesarias. C o m o se h a n hecho templos del diablo, no se preocupan de mi templo y del a d o r n o q u e d e b e n p o n e r en él y en la Iglesia d e Dios en razón d e la reverencia d e la sangre; lo p o n e n e n las casas en q u e habitan. O b r a n c o m o el esposo q u e a d o r n a a su esposa. Del mismo m o d o hacen estos d e m o n i o s hechos c a r n e con los bienes d e la Iglesia: a d o r n a n a su «diabla» [concubina], con la q u e vi' Is 2 9 , 1 3 ; Mt 15,8; Me 7,6.

El cuerpo místico de la Iglesia

291

ven e n i n i q u i d a d e i n m u n d i c i a . Sin la m e n o r v e r g ü e n z a las h a r á n ir, p a r a r s e y volver m i e n t r a s los m í s e r o s « d e m o n i o s » [malos m i n i s t r o s ! se h a l l a r á n c e l e b r a n d o e n el altar, y n o se c u i d a n d e q u e esa m i s e r a b l e «diabla» vaya c o n sus hijos d e la m a n o a h a c e r la o f r e n d a c o n el r e s t o del pueblo. ¡ O h d e m o n i o s y m á s q u e d e m o n i o s ! ¡Si al m e n o s v u e s t r a m a l d a d e s t u v i e r a o c u l t a a los ojos d e v u e s t r o s subditos! Porque haciéndolo ocultamente m e ofendéis y os hacéis d a ñ o , p e r o n o se lo hacéis al p r ó j i m o , p o n i e n do v u e s t r a p e r v e r s i ó n a n t e sus ojos, s i e n d o con v u e s t r o e j e m p l o m o t i v o y c a u s a d e q u e ellos n o salgan d e sus p e c a d o s , sino d e q u e c a i g a n e n iguales o m a y o r e s p e c a d o s q u e los v u e s t r o s . ¿Es ésta la p u r e z a q u e exijo a mis m i n i s t r o s c u a n d o v a n al altar a c e l e b r a r ? L a p u r e z a q u e llevan es ésta: se l e v a n t a r á n a m a i t i n e s c o n su c u e r p o c o r r o m p i d o , p o r h a b e r e s t a d o e n c a m a c o n el inm u n d o p e c a d o m o r t a l , y m a r c h a r á n a c e l e b r a r e n ese e s t a d o . ¡Oh t a b e r n á c u l o d e l d e m o n i o ! ¿ D ó n d e está la vigilia n o c t u r n a c o n el s o l e m n e y d e v o t o oficio? ¿ D o n d e está la c o n t i n u a y d e v o t a o r a c i ó n ? E n ese t i e m p o d e la n o c h e te d e b e s p r e p a r a r , p a r a el m i n i s t e r i o q u e d e b e s realizar p o r la m a ñ a n a , p o r el c o n o c i m i e n t o d e ti, c o n f e sándote indigno d e tan g r a n misterio y c o n o c i é n d o m e a m í , q u e te h e h e c h o d i g n o d e él p o r m i b o n d a d , n o p o r t u s m é r i t o s ; te h e h e c h o m i m i n i s t r o p a r a q u e p r o v e a s a las d e m á s c r i a t u r a s . 124 [En los malos ministros reina el pecado «contra natura». Visión que tuvo el alma sobre esta materia.] T e h a g o saber, queridísima hija, q u e a vosotros y a ellos os exijo t a n t a limpieza e n e s t e s a c r a m e n t o c u a n t a es p o sible al h o m b r e e n esta vida. E n c u a n t o esté d e v u e s t r a p a r t e , y d e la d e ellos, d e b é i s p r o c u r a r l a sin cansacio. Debéis c o n s i d e r a r q u e si fuese posible q u e u n a n a t u r a l e za angélica se purificase p a r a este m i s t e r i o , sería necesario q u e lo hiciera d e n u e v o . N o es posible, p o r q u e u n á n g e l es p u r o , p u e s n o p u e d e c a e r e n el v e n e n o d e l p e c a d o . T e indico esto p a r a q u e veas c u á n t a p u r e z a os exij o e n este s a c r a m e n t o a v o s o t r o s y e s p e c i a l m e n t e a ellos. P e r o h a c e n lo c o n t r a r i o , p o r q u e van c o m p l e t a m e n t e su-

El Diálogo

292

cios a este misterio; no sólo con la inmundicia y fragilid a d a q u e n a t u r a l m e n t e os halláis inclinados por vuestra débil naturaleza. Ellos, desgraciados, no sólo no domin a n esta fragilidad, a u n q u e la razón lo p u e d e hacer c u a n d o lo q u i e r e el libre albedrío, sino q u e o b r a n a ú n peor, p o r q u e cometen el maldito pecado q u e es contra la naturaleza. C o m o ciegos y tontos, ofuscada la luz d e su e n t e n d i m i e n t o , n o reconocen la pestilencia y miseria en q u e se e n c u e n t r a n , pues no sólo m e es pestilente a mí, sino q u e ese pecado d e s a g r a d a a los mismos d e m o nios, a los q u e esos desgraciados h a n hecho sus señores. T a n abominable m e es ese pecado contra la naturaleza, q u e sólo p o r él se h u n d i e r o n cinco ciudades como resultado d e mi juicio, al no q u e r e r mi divina justicia sufrirlas más; q u e tanto m e d e s a g r a d ó ese abominable pecado. Es desagradable a los d e m o n i o s , no p o r q u e les d e sagrade el mal y se complazcan e n lo b u e n o , sino porq u e su naturaleza fue angélica, y esa naturaleza r e h u y e ver cometer tan e n o r m e pecado en la realidad. Cierto es q u e antes les ha arrojado la saeta e n v e n e n a d a por la concupiscencia; pero, c u a n d o el pecador llega al acto d e ese pecado, el d e m o n i o se m a r c h a por las razones dichas. 1

Si te acuerdas bien, sabes c ó m o antes d e la m o r t a n d a d te manifesté lo desagradable q u e m e resultaba este pecado y cuan corrompido se hallaba el m u n d o por él. Por lo q u e , elevándote sobre ti misma con santo deseo y con sublimación d e espíritu, te mostré el m u n d o entero, y viste e n casi toda la gente este miserable pecado y cómo los demonios escapan d e él, como te he dicho. Y sabes q u e recibiste tanta pena, que te parecía estar casi a la m u e r t e . N o encontrabais lugar d ó n d e refugiaros, tú y los otros servidores míos, p a r a q u e esta lepra n o os contagiase. No encontraste q u e te pudieras cobijar e n t r e los p e q u e ñ o s ni con los g r a n d e s , con los jóvenes ni con los viejos, con los religiosos ni con los clérigos, con los prelados ni con los subditos, p o r q u e sus espíritus se 2

1

G e n 19,24-25. Se refiere a la peste d e 1374, llamada «de los niños», en q u e p e r e ció la tercera p a r t e d e la población d e Siena. En ella m u r i e r o n u n h e r m a n o , lina h e r m a n a y ocho sobrinos d e Catalina. Casi t o d o el capítulo es autobiográfico. 2

El cuerpo místico de la Iglesia

293

h a l l a b a n c o n t a m i n a d o s p o r esta maldición. T e lo m a n i festé en g e n e r a l ; n o lo hice con los p a r t i c u l a r e s q u e p o r excepción n o se c o n t a m i n a r o n , p u e s e n t r e los m a l o s h e g u a r d a d o a l g u n o s b u e n o s . La santidad d e éstos d e t i e n e a m i justicia p a r a q u e n o m a n d e a las p i e d r a s q u e se vuelvan c o n t r a ellos, ni a la tierra q u e se los t r a g u e , ni a los a n i m a l e s q u e los d e v o r e n , ni a los d e m o n i o s q u e les s a q u e n el alma del c u e r p o . Más bien voy e n c o n t r a n d o c a m i n o s y m o d o s p a r a p o d e r h a c e r misericordia, esto es, p a r a q u e se e n m i e n d e n , y c o m o i n s t r u m e n t o s t o m o a mis servidores, q u e están sanos y leprosos, p a r a q u e int e r c e d a n p o r ellos. A l g u n a vez m o s t r a r é a éstos, c o m o u n a vez hice contigo y c o m o tú sabes, estos miserables p e c a d o s , p a r a q u e sean m á s solícitos en b u s c a r la salvación y m e ofrezcan o r a c i o n e s p o r ellos c o n m a y o r c o m p a s i ó n y d o l o r p o r los p e c a d o s y p o r la ofensa q u e m e h a c e n . Si te a c u e r d a s bien, u n a b o c a n a d a d e esta pestilencia te afectó t a n t o , q u e n o podías m á s , c o m o m e dijiste: «¡Oh P a d r e etern o ! , ten misericordia d e m í y d e tus c r i a t u r a s . S á c a m e el a l m a del c u e r p o , p o r q u e p a r e c e q u e n o lo sufro m á s , o d a m e refrigerio y e n s é ñ a m e el l u g a r d e los o t r o s servid o r e s , los tuyos, d o n d e p o d a m o s d e s c a n s a r , p a r a q u e esta lepra no nos p u e d a d a ñ a r ni q u i t a r la limpieza d e n u e s t r a alma y d e n u e s t r o s c u e r p o s » . Y o te contesté v o l v i é n d o m e hacia ti c o n ojos d e pied a d , y te dije y repito: «Hijita mía: sea v u e s t r o r e p o s o d a r gloria y alabanza a m i n o m b r e e i n c e n s a r m e con la o r a c i ó n c o n t i n u a p o r estos pobrecillos q u e se hallan en t a n t a miseria, h a c i é n d o s e d i g n o s del j u i c i o d i v i n o p o r sus p e c a d o s . El l u g a r d o n d e os cobijéis sea Cristo crucificado, m i Hijo u n i g é n i t o , h a b i t a n d o y e s c o n d i é n d o o s en la c a v e r n a d e mi c o s t a d o , d o n d e gozaréis, p o r afecto d e a m o r , en la n a t u r a l e z a h u m a n a d e Cristo, mi n a t u r a leza divina. E n a q u e l c o r a z ó n abierto e n c o n t r a r é i s m i c a r i d a d y la del p r ó j i m o , p u e s p o r h o n o r a mí, el P a d r e e t e r n o , y p o r la o b e d i e n c i a q u e le i m p u s e p a r a v u e s t r a salvación, sufrió la a f r e n t o s a m u e r t e en la santísima c r u z . V i e n d o y e x p e r i m e n t a n d o este a m o r , seguiréis sus e n s e ñ a n z a s a l i m e n t a d o s e n la mesa d e la c r u z , es decir, soportanto por caridad a vuestro prójimo con verdadera paciencia: en p e n a s , t o r m e n t o s y fatigas, v e n g a n d e

294

El Diálogo

d o n d e vengan. De esta m a n e r a combatiréis la lepra y huiréis d e ella. Este es el r e m e d i o d a d o a ti y a los otros; p e r o , con todo eso, n o se quitaba d e tu alma la sensación d e la pestilencia y d e tiniebla d e los ojos del e n t e n d i m i e n t o . Mi divina providencia, sin e m b a r g o , lo r e m e d i ó , d á n d o te del c u e r p o y d e la s a n g r e d e mi Hijo, Dios y h o m b r e e n t e r o , tal c o m o lo recibís e n el s a c r a m e n t o del altar. En señal d e q u e e r a v e r d a d , se q u i t ó el h e d o r p o r m e d i o d e la fragancia q u e recibiste e n el s a c r a m e n t o , y las tinieblas desaparecieron p o r m e d i o d e la luz q u e e n él recibiste. De m o d o a d m i r a b l e , tal c o m o p l u g o a mi b o n d a d , q u e d a s t e con la fragancia d e la s a n g r e e n la boca y e n el p a l a d a r d e tu c u e r p o d u r a n t e m u c h o s días, tal c o m o sabes Ves, p o r tanto, hija mía, lo a b o m i n a b l e q u e es este pec a d o a t o d a c r i a t u r a . Piensa a h o r a q u e lo es m u c h o m á s en aquellos elegidos p o r mí p a r a q u e vivan e n estado d e continencia, e n t r e los q u e se e n c u e n t r a n los sacados del m u n d o p o r m e d i o d e ,1a vida religiosa, c o m o plantas s e m b r a d a s e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia; e n t r e ellos se e n c u e n t r a n los ministros del altar. N u n c a podréis e n t e n d e r c u á n t o m e d e s a g r a d a ese p e c a d o e n t r e ellos, a d e m á s del q u e recibo d e los p e c a d o r e s del m u n d o e n general, p o r q u e están puestos sobre el candelera , son a d m i n i s t r a d o r e s míos, d e v e r d a d e r o Sol, p a r a luz d e la v i r t u d y d e santa vida; y, sin e m b a r g o , lo a d m i nistran e s t a n d o ellos en tinieblas. T a n llenos se e n c u e n t r a n d e ellas, q u e d e la S a g r a d a Escritura n o ven ni e n t i e n d e n m á s q u e la corteza, la letra, d e b i d o a la h i n c h a z ó n d e su soberbia. Por ser inm u n d o s y lascivos, a u n q u e tienen luz d e p o r sí, d e d o n d e la t o m a r o n mis elegidos p o r razón d e la luz sobrenatural q u e p r o c e d e d e mí, v e r d a d e r a Luz, tal c o m o te dije en o t r o l u g a r , la reciben sin sacarle el gusto, p o r n o estar e n o r d e n el p a l a d a r d e su alma. C o r r o m p i d o s p o r el a m o r p r o p i o y la soberbia, c o n el e s t ó m a g o atibor r a d o d e i n m u n d i c i a , d e s e a n d o d a r satisfacción a sus d e s o r d e n a d o s deseos, repletos d e codicia y d e avaricia, 3

4

s

3

Este y los p á r r a f o s a n t e r i o r e s son a u t o b i o g r á f i c o s .

4

Mt 5 , 1 5 - 1 6 .

5 Cf. c.85.

El cuerpo místico de la Iglesia

295

c o m e t e n sin p u d o r sus pecados. C a e n e n el pecado d e la u s u r a m u c h o s miserables, a u n q u e esté p r o h i b i d a p o r mí. 1 2 5 [Los defectos de los subditos no son corregidos.—Defectos de los religiosos.—A esos males suceden muchos otros por falta de corrección. | ¿ C ó m o éstos, llenos d e tantos pecados, p o d r á n e x h o r tar a la justicia y r e p r e n d e r los pecados d e sus subditos? N o lo p u e d e n , p o r q u e sus pecados les q u i t a n la audacia y el celo p o r la santa justicia. Si alguna vez la ejerciesen, su c o n d u c t a obligaría a decir a sus subditos, tan malvados c o m o ellos: «Médico, c ú r a t e a ti mismo antes, y después cúrame y yo t o m a r é la medicina q u e m e des. Se e n c u e n t r a él e n mayores pecados q u e yo, y ¿es él quien me reprende?» Actúa mal el q u e r e p r e n d e sólo con las palabras y n o con b u e n a y o r d e n a d a vida. N o es q u e n o d e b a r e p r o c h a r los pecados del s u b d i t o , sea él mismo m a l o o b u e n o ; p e r o lo hará mal si n o corrige con santa y honesta vida. P e o r a ú n o b r a el q u e , h a b i e n d o recibido ía r e p r e n sión del m o d o q u e sea, venga d e u n pastor b u e n o o m a l o , n o la recibe con h u m i l d a d , r e f o r m a n d o su vida. Se hace mal a sí y a n a d i e m á s , y p o r eso será él quien sufrirá las penas p o r sus pecados. T o d o s estos males, hija queridísima, sobrevienen p o r n o c o r r e g i r con b u e n a y santa vida. ¿Por q u é n o corrig e n d e ese m o d o ? P o r q u e se hallan cegados p o r el a m o r a sí mismos. T o d a s sus m a l d a d e s se hallan f u n d a d a s e n el a m o r propio. No m i r a n sino a d a r satisfacción a sus deleites y placeres, t a n t o e n los subditos c o m o en los pastores, e n los clérigos c o m o e n los religiosos. ¿ D ó n d e , hija mía, d ó n d e está la obediencia d e los religiosos? Se hallan colocados e n la santa c o m u n i d a d cristiana c o m o ángeles, y son p e o r q u e d e m o n i o s . Puestos p a r a q u e a n u n c i e n mi palabra con su vida y su e n s e ñ a n za, gritan el sonido d e las palabras, y n o p o r esto p r o d u cen frutos en el corazón d e los oyentes. Sus predicaciones son hechas más p a r a a g r a d a r a los h o m b r e s y delei' Le 4 , 2 3 .

296

El

Diálogo

tar sus oídos q u e para h o n r a r m e ; lo hacen no con vida ejemplar, sino con lenguaje d e palabras elegantes. En verdad, éstos no siembran mi semilla, pues no intentan desarraigar los vicios y plantar las virtudes. C o m o no han quitado los cardos d e su h u e r t o , no se preocupan de quitarlos del huerto del prójimo. T o d o su esfuerzo consiste en a d o r n a r el c u e r p o y sus celdas y and a r vagando por la ciudad. Les sucede lo que al pez, que si está fuera del agua muere; eso ocurre a estos religiosos de vana y deshonesta vida: que, cuando están fuera de la celda, mueren. Abandonan la celda, de la que deben hacer un cielo, y van por el país buscando las casas de los parientes y de otros seglares, según les place, miserables subditos; acuden a los malos prelados, que les han soltado la rienda y no les atan corto, y, como desgraciados pastores, no se preocupan de ver a su hermano, al subdito, en manos de los demonios, y e n algunas ocasiones les p o n e n en ellas. Hasta alguna vez, sabiend o que son demonios hechos carne, los envían por los monasterios a las que son, como ellos, «demonias hechas carne», y de este m o d o unos echan a p e r d e r a los otros con muchos engaños y sutiles astucias. Al principio lo harán con pretexto de devoción; pero, como su vida es lasciva y miserable, no permanece disimulado el pretexto de la dovoción, y pronto aparecen los frutos de sus devociones: p r i m e r o se ven las pestilentes flores de pensamientos deshonestos con las hojas de las palabras corrompidas, y d e m a n e r a diversa satisfacen sus deseos. Los frutos que d e ello se derivan —tú los conoces, porque los has visto— son los hijos . Muchas veces les llevan, a él y a ella, a a b a n d o n a r la santa vida religiosa. El se ha convertido en un t r u h á n y ella en una meretriz. De todos éstos y d e otros males son causa los prelados por no vigilar a sus subditos. Les dieron rienda suelta y ellos mismos m a n d a r o n hacer e hicieron como si no vieran sus miserias. Y como el subdito no e n c o n t r ó deleite en su celda, así, por el pecado de ambos, caen en la m u e r t e . T u lengua no podrá n a r r a r tan grandes pecados ni los muchos con que me ofenden. Se hacen armas 2

2

El texto resulta ambiguo, no pudiendo asegurarse que se trate de una visión de Catalina; sin embargo, el contexto parece indicarlo.

El cuerpo místico de la Iglesia

297

d e l d e m o n i o q u e c o n sus pestilencias e n v e n e n a n d e n t r o y fuera: fuera, e n los seglares, y d e n t r o , e n la vida religiosa. Se e n c u e n t r a n p r i v a d o s d e la c a r i d a d f r a t e r n a y c a d a u n o q u i e r e ser m á s principal y b u s c a r p o s e e r bien e s . O b r a n c o n t r a el m a n d a m i e n t o y c o n t r a el voto q u e han hecho. H i c i e r o n la p r o m e s a d e o b s e r v a r la regla, y la q u e b r a n t a n . N o sólo n o la o b s e r v a n ellos, sino q u e a c t u a r á n c o m o lobos h a m b r i e n t o s con los c o r d e r o s q u e q u i s i e r a n o b s e r v a r l a , b e f á n d o s e d e ellos y e s c a r n e c i é n d o l o s . Los miserables c r e e n q u e c o n las b u r l a s y escarnios q u e hac e n a los b u e n o s religiosos o b s e r v a n t e s d e la regla, e n c u b r e n sus p e c a d o s , y los d e s c u b r e n m u c h o m á s . A tanto h a l l e g a d o el m a l e n las ó r d e n e s religiosas, es decir, h a n llegado a tal e s t a d o p o r lo m a l q u e se les c o r r i g e . Y se t i e n e p o r malos s u b d i t o s a los q u e , c u m p l i e n d o la r e gla c o n e x a c t i t u d , p a r e c e q u e la q u e b r a n t a n p o r n o seg u i r las c o s t u m b r e s q u e los relajados h a n establecido y q u e éstos o b s e r v a n a los ojos d e los seglares, q u e r i e n d o a g r a d a r l e s p a r a e n c u b r i r sus p r o p i o s p e c a d o s . Las ó r d e nes religiosas son s a n t a s y f u n d a d a s c o n la inspiración del Espíritu S a n t o . P o r eso, la r e g l a , e n sí, n o p u e d e ser e c h a d a a p e r d e r , ni c o r r o m p i d a p o r el p e c a d o d e los s u b d i t o s . Él q u e d e s e e i n g r e s a r e n la vida religiosa n o d e b e m i r a r a los q u e son malos, sino n a v e g a r e n los b r a zos d e la regla, q u e n o está e n f e r m a ni p u e d e e n f e r m a r , y d e b e n o b s e r v a r l a hasta la m u e r t e . Ves q u e el p r i m e r voto, el d e o b e d i e n c i a , d e c u m p l i r la regla, n o lo c u m p l e n . De la o b e d i e n c i a te h a b l a r é e n o t r o l u g a r . H a c e n t a m b i é n el voto d e o b s e r v a r la p o b r e z a voluntaria y d e g u a r d a r c o n t i n e n c i a . ¿ C ó m o los g u a r d a n ? M i r a las posesiones y el d i n e r o q u e t i e n e n e n p a r t i c u l a r , e s t a n d o alejados d e la c a r i d a d c o m ú n , del d e b e r d e r e p a r t i r c o n sus h e r m a n o s los bienes t e m p o r a l e s y espirituales, tal c o m o lo exige el p r e c e p t o d e la c a r i d a d y d e la o r d e n . Q u i e r e n e n g o r d a r n o m e n o s q u e sus a n i m a l e s , y u n a bestia a l i m e n t a a la o t r a y su p o b r e h e r m a n o m u e r e d e frío y h a m b r e . Bien vestidos y c o n b u e n a com i d a , n o p i e n s a n e n el p o b r e ni se q u i e r e n e n c o n t r a r c o n él e n la m e s a del refectorio. Su deleite consiste e n 3

1

Crón 21,133-134.

298

El Diálogo

estar allí d o n d e se p u e d e n h a r t a r d e c a r n e y saciar su gula. Es imposible q u e éstos observen el tercer voto, el d e la continencia, p o r q u e el vientre lleno n o hace al espíritu casto, antes bien se convierten e n lascivos con vigor d e s o r d e n a d o ; y así caen d e u n mal e n o t r o . Muchos d e esos males les vienen d e poseer, p o r q u e , si n o tuvieran d e q u é gastar, n o vivirían tan d e s o r d e n a d a m e n t e , y n o t e n d r í a n amistades raras, puesto q u e , n o t e n i e n d o q u é d a r , no se m a n t i e n e el a m o r ni la amistad f u n d a d a en la esperanza del regalo; y ese apetito y placer lleva al o t r o y n o a la perfecta caridad. ¡Oh desgraciados, llegados a tal miseria p o r sus pecad o s , c u a n d o yo los había colocado en tan g r a n dignidad! H u y e n del coro c o m o si fuese u n v e n e n o , y, si están en él, gritan con la voz, p e r o el corazón está alejado d e mí. H a n t o m a d o la c o s t u m b r e d e ir a la m e s a del altar sin preparación a l g u n a , como si fueran a la mesa corporal. T o d o s estos y otros m u c h o s males, d e q u e n o te quiero hablar m á s p o r no apestar tus oídos, vienen p o r los malos pastores, q u e n o corrigen ni castigan los defectos d e los subditos. N o se p r e o c u p a n ni son celosos d e q u e la regla se observe, p o r q u e ellos mismos n o la g u a r d a n . C a r g a r á n p e s a d a m e n t e con g r a n d e s d e b e r e s a quienes desean observar la regla, castigando culpas q u e n o h a n cometido. Lo hacen p o r q u e en ellos n o resplandece la m a r g a r i t a d e la justicia, sino la injusticia. Por eso reparten con injusticia: a los q u e m e r e c e n gracia y benevolencia les d a n penitencia y odio; a los q u e son m i e m b r o s del diablo, c o m o lo son ellos, les d a n a m o r , complacencia y cargos, señalándolos p a r a los oficios establecidos e n la regla. Viven c o m o ciegos, y c o m o tales r e p a r t e n los cargos y g o b i e r n a n a los subditos. Si n o se e n m i e n d a n , irán a las tinieblas d e la c o n d e n a c i ó n p o r su c e g u e r a y t e n d r á n q u e d a r m e c u e n t a a mí, s u p r e m o J u e z , d e las almas d e sus subditos. M a l a m e n t e lo p u e d e n hacer, y p o r ello recibirán d e mí, con toda justicia, lo q u e tienen merecido.

El cuerpo místico de la Iglesia

126

299

[ E n l o s m a l o s m i n i s t r o s r e i n a e l p e c a d o d e la l u j u r i a . ]

T e h e m o s t r a d o , q u e r i d í s i m a hija mía, u n a partecita d e la vida d e los q u e viven e n religión, e n q u é miseria se hallan e n la o r d e n , c o n el vestido d e ovejas s i e n d o lobos '. A h o r a vuelvo a los clérigos y ministros d e la s a n t a Iglesia, l a m e n t á n d o m e c o n t i g o d e sus p e c a d o s , a d e m á s d e los q u e te h e n a r r a d o , y d e las tres c o l u m n a s d e los vicios d e q u e te hablé e n o t r a ocasión, q u e j á n d o m e c o n tigo d e ellos, o sea, d e la i n m u n d i c i a d e la inflada soberbia, p u e s p o r ella v e n d í a n la gracia d e Espíritu S a n t o . C a d a u n o d e estos tres p e c a d o s d e p e n d e n u n o d e o t r o . El f u n d a m e n t o d e las tres c o l u m n a s es el a m o r a sí m i s m o s . M i e n t r a s ellas se hallen e n pie, son suficientes p a r a m a n t e n e r al a l m a fija y o b s t i n a d a e n c u a l q u i e r o t r o vicio. P o r eso te dije q u e todos los vicios t i e n e n su origen e n el a m o r p r o p i o , p u e s del a m o r a sí m i s m o s nace el principal d e todos, q u e es la soberbia. El soberbio se halla p r i v a d o d e la dilección d e la c a r i d a d , y d e la soberbia p r o c e d e n la i n m u n d i c i a y la avaricia. A h o r a te digo, hija q u e r i d í s i m a : m i r a con c u á n t a inm u n d i c i a h a n m a n c h a d o su c u e r p o y su espíritu. A ú n te q u i e r o d e c i r algo m á s p a r a q u e conozcas m e j o r la f u e n t e d e mi misericordia y t e n g a s c o m p a s i ó n d e los miserables a q u i e n e s se hace r e f e r e n c i a . Hay a l g u n o s t a n convertid o s e n d e m o n i o s , q u e n o sólo n o g u a r d a n r e v e r e n c i a al s a c r a m e n t o ni e s t i m a n la excelencia del e s t a d o e n q u e les h e p u e s t o p o r mi b o n d a d , sino q u e , c o m o t o t a l m e n t e d e s m e m o r i a d o s a causa del a m o r q u e t i e n e n a u n a d e t e r m i n a d a c r i a t u r a , al n o p o d e r l o g r a r lo q u e d e s e a n , se d a r á n a los e n c a n t a m i e n t o s d e m o n í a c o s . C o n el sacram e n t o q u e os h e d a d o h a r á n brujerías p a r a satisfacer sus miserables d e s e o s y p e n s a m i e n t o s d e s h o n e s t o s y los p o n d r á n e n práctica. A mis ovejas, cuyas a l m a s d e b e n g u a r d a r y a l i m e n t a r , las a t o r m e n t a n p o r estos y o t r o s m e d i o s , q u e o m i t i r é p o r n o h a c e r t e sufrir. C o m o has visto, las h a c e n a n d a r d e s c a r r i a d a s y fuera d e sí, llegand o a q u e r e r h a c e r lo q u e n o q u i s i e r a n p o r m e d i o d e 1

Mt 7 , 1 5 .

El Diálogo

300

brujerías q u e aquel d e m o n i o d e la c a r n e les ha h e c h o , y, p o r la resistencia q u e se hacen a sí mismas, sus c u e r p o s sufren g r a n d í s i m o s trabajos. ¿ Q u i é n ha c a u s a d o estos y otros miserables males q u e tú sabes y q u e n o es p r e ciso q u e te c u e n t e ? Su vida d e s h o n e s t a y miserable. ¡Oh carísima hija! ¡A la c a r n e , q u e está sobre los coros d e los ángeles p o r la u n i ó n d e la n a t u r a l e z a divina con vuestra n a t u r a l e z a h u m a n a , la e n t r e g a n a tanta miseria! ¡Oh h o m b r e a b o m i n a b l e y d e s g r a c i a d o ; n o h o m b r e , sino bestia! T u c a r n e , u n g i d a y c o n s a g r a d a a mí, la d a s tú a las m e r e t r i c e s y a ú n a algo p e o r . T u c a r n e y la d e t o d o el g é n e r o h u m a n o , la q u e A d á n había llagado con su p e c a d o , fue librada d e la llaga e n el m a d e r o d e la c r u z p o r el llagado c u e r p o d e mi Hijo u n i g é n i t o . ¡Oh miserable! El te ha d a d o h o n o r , y ¡tú le p r o c u r a s vergüenza! T e h a s a n a d o p o r las llagas d e su c u e r p o , y a ú n más, te ha h e c h o ministro, y ¡tú le hieres con lascivos y d e s h o n e s t o s pecados! El b u e n Pastor ha b a ñ a d o las ovej u e l a s e n su s a n g r e , y ¡tú las m a n c h a s p a r a q u e n o estén limpias y haces lo posible p a r a introducirlas e n el cieno! ¡Debes ser ejemplo d e h o n e s t i d a d , y lo eres d e deshonestidad! 2

Has inclinado todos los m i e m b r o s d e tu c u e r p o a q u e o b r e n m i s e r a b l e m e n t e y a h a c e r lo c o n t r a r i o d e lo q u e p o r ti ha h e c h o mi V e r d a d . Yo permití q u e le f u e r a n v e n d a d o s los ojos p a r a i l u m i n a r t e , y tú, con los tuyos lascivos, lanzas flechas e n v e n e n a d a s a tu a l m a y al corazón d e aquellos a q u i e n e s miras c o n t a n t a malicia. Permití q u e le d i e r a n hiél y vinagre, y tú, c o m o bestia indómita, te complaces e n los alimentos delicados, h a c i e n d o d e tu vientre u n dios . En tu l e n g u a d e s h o n e s t a hay palabras i m p u r a s y vanas. C o n ella estás obligado a c o r r e gir al prójimo, a p r o c l a m a r mi p a l a b r a , a recitar el oficio con el c o r a z ó n y la boca, y n o oigo m á s q u e pestilencia, j u r a n d o y p e r j u r a n d o c o m o si fueses u n b u h o n e r o , y m u c h a s veces b l a s f e m a n d o . Permití q u e le fueran atadas las m a n o s p a r a librarte d e las a t a d u r a s del p e c a d o a ti y a t o d o el g é n e r o h u m a n o . T u s m a n o s están u n g i d a s y c o n s a g r a d a s p a r a a d m i n i s t r a r el santísimo s a c r a m e n t o , y tú las usas t o r p e m e n t e e n miserables tocamientos. 3

2

Ap

1,5.

3

Flp

3,19.

El cuerpo místico de la Iglesia

301

T o d o lo q u e se hace c o n t u s m a n o s está c o r r o m p i d o y d i r i g i d o al d e m o n i o . ¡Oh m i s e r a b l e ! T e h e c o l o c a d o e n tan g r a n d i g n i d a d p a r a q u e m e sirvas ú n i c a m e n t e a mí y a t o d a c r i a t u r a racional. Yo quise q u e le f u e r a n t r a s p a s a d o s los pies y abierto el c o s t a d o , h a c i e n d o d e su c u e r p o escalera, p a r a q u e vieses el secreto del c o r a z ó n . O s lo h e p u e s t o c o m o b o d e g a abierta d o n d e p o d á i s ver y g u s t a r el inefable a m o r q u e os t e n g o c u a n d o halláis y veis m i n a t u r a l e z a divina u n i d a a la vuestra, q u e es h u m a n a . A q u í veis la s a n g r e q u e vosotros a d m i n i s t r á i s , la q u e h e d a d o c o m o b a ñ o p a r a limpiar vuestras m a l d a d e s . T ú has h e c h o d e tu c o r a z ó n t e m p l o del d e m o n i o . T u afecto, simbolizado e n los pies, n o tiene ni ofrece o t r a cosa q u e c o r r u p c i ó n y vituperio. Los pies d e tu afecto n o llevan al a l m a a o t r o l u g a r q u e a los l u g a r e s del d e m o n i o . De m o d o q u e t o d o tu c u e r p o h i e r e al d e mi Hijo, p o r q u e haces lo c o n t r a r i o d e lo q u e El h a h e c h o y d e lo q u e t o d a s las c r i a t u r a s estáis obligadas a hacer. Los m i e m b r o s d e tu c u e r p o h a n recibido su castigo, p o r q u e las tres potencias se hallan u n i d a s e n él e n el n o m b r e del d e m o n i o , c u a n d o d e b e r í a n e s t a r r e u n i d a s en mi nombre. T u m e m o r i a d e b e r í a e s t a r llena d e los beneficios q u e d e mí h a s recibido, y lo está d e d e s h o n e s t i d a d e s . C o n la luz d e la fe d e b e r í a s p o n e r lo ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o e n Cristo crucificado, d e q u i e n te h e h e c h o m i n i s t r o , y tú los has p u e s t o e n las delicias, posición social y r i q u e zas d e l m u n d o , c o n m í s e r a v a n i d a d . T u afecto d e b e r í a a m a r m e sin i n t e r m e d i a r i o a l g u n o , y t ú lo h a s p u e s t o mis e r a b l e m e n t e e n a m a r a las c r i a t u r a s y e n tu c u e r p o , y h a s t a a m a s a tus a n i m a l e s m á s q u e a mí. ¿ Q u é m e lo d e m u e s t r a ? La impaciencia q u e tienes c o n m i g o si te q u i t o lo q u e a m a s , el d e s a g r a d o q u e e n c u e n t r a s e n el p r ó j i m o c u a n d o te p a r e c e recibir a l g ú n perjuicio t e m p o r a l d e él. C u a n d o lo odias y maldices, te a p a r t a s d e m i a m o r y del suyo. ¡ D e s v e n t u r a d o d e ti si, h e c h o m i n i s t r o del fuego d e m i c a r i d a d , tú, p o r tus p r o p i o s y d e s o r d e n a d o s placeres, p i e r d e s esa c a r i d a d p o r el p e q u e ñ o d a ñ o q u e recibes d e tu p r ó j i m o ! ¡Oh hija q u e r i d í s i m a ! Esta es u n a d e las tres miserables c o l u m n a s d e q u e h a b l é .

El Diálogo

302

127 [ E n l o s m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la a v a r i c i a . — P r e s t a n c o n u s u r a . — V e n d e n y c o m p r a n los beneficios y p r e l a c i a s . — M a l e s q u e s e s i g u e n a la s a n t a I g l e s i a . ]

T e hablaré a h o r a d e la s e g u n d a c o l u m n a , q u e es la avaricia. Puesto q u e mi Hijo unigénito ha d a d o con tanta generosidad, no seas tú tacaño. T ú ves su costado, c o m p l e t a m e n t e abierto en el m a d e r o de la cruz, y la sangre, vertida p o r todas partes. N o ha c o m p r a d o la libertad ni con o r o ni con plata, sino con la sangre, p o r largueza d e su a m o r '. N o redimió a u n a parte del m u n d o , sino a todo el g é n e r o h u m a n o , tanto a los h o m b r e s q u e existieron c o m o a los presentes y venideros. N o os ha d a d o la r e d e n c i ó n con sangre, sino con fuego, porq u e os ha d a d o el fuego del a m o r . N o la hizo con fuego y sangre, sin mi naturaleza divina, puesto q u e se halla u n i d a p e r f e c t a m e n t e a la h u m a n a . De esta sangre, unida con el a m o r g e n e r o s o a ti, miserable, te he hecho administrador, y tú, con avaricia y codicia, d e lo q u e mi Hijo adquirió e n la cruz —las almas, redimidas con tanto amor—, eres avaro; con tan e x t r e m a d a tacañería p o r avaricia, q u e te d e t e r m i n a s a v e n d e r la gracia del Espíritu Santo, eso q u e te ha d a d o al ser h e c h o a d m i n i s t r a d o r d e la sangre . Q u i e r e s q u e tus subditos se c o m p r e n d e n u e v o a sí mismos c u a n d o te piden lo q u e has recibido c o m o regalo . 2

3

N o tienes tu boca p r e p a r a d a p a r a alimentarte d e almas p o r mi h o n o r , sino p a r a engullir d i n e r o . T e has hec h o tan m e z q u i n o e n la caridad con lo q u e tan g e n e r o samente has recibido, q u e no t e n g o cabida en ti p o r la gracia, ni tampoco cabe tu prójimo. Ni los bienes t e m p o rales, q u e con g e n e r o s i d a d recibes en virtud d e la sang r e , ni tú, avaro miserable, sois b u e n o s más q u e p a r a ti mismo. C o m o l a d r ó n d i g n o de m u e r t e e t e r n a , has robad o lo d e los pobres y lo d e la santa Iglesia y lo has gastad o e n lujurias con mujeres, con h o m b r e s deshonestos y con tus parientes. Lo has gastado e n placeres y e n el cuid a d o d e tus hijos. 1

1 Pe 1,18-10. 2 Act 8,18-20. J Mt 10,8.

El cuerpo místico de la Iglesia

303

¡ O h miserable! ¿ D ó n d e están los hijos d e las v e r d a d e ras v i r t u d e s q u e h a s d e b i d o t e n e r ? ¿ D ó n d e el celoso d e seo d e m i h o n o r y d e la salvación d e las almas? ¿ D ó n d e el t o r t u r a d o d o l o r q u e debiste sufrir al v e r al lobo infernal a r r e b a t a r tus ovejas? N a d a existe, p o r q u e e n t u mezq u i n o c o r a z ó n n o h a y a m o r p a r a ti ni p a r a ellos. T e a m a s ú n i c a m e n t e a ti c o n a m o r p r o p i o sensitivo, y c o n él te e n v e n e n a s y e n v e n e n a s a los d e m á s . E r e s el d e m o n i o infernal q u e e n g u l l e las almas c o n a m o r d e s o r d e n a d o . T u g a r g a n t a n o apetece o t r a cosa, y p o r ello n o te p r e o c u p a q u e el d e m o n i o invisible las lleve consigo. T ú , d e m o n i o visible, te h a s c o n v e r t i d o e n i n s t r u m e n t o p a r a q u e vayan al infierno. ¿A q u i é n d a s vestido y e n g o r d a s c o n lo q u e p e r t e n e c e a la Iglesia? A ti, a los o t r o s d e m o n i o s j u n t a m e n t e contigo y a los animales, es decir, a los caballos lustrosos q u e tienes p a r a tu placer d e s o r d e n a d o y n o p o r necesidad; tú los d e b e s t e n e r p o r necesidad y n o p o r g u s t o , p o r q u e éstos s o n gustos d e los h o m b r e s d e l m u n d o . T u s gustos d e b e n s e r los p o b r e s y la visita a los e n f e r m o s , socor r i é n d o l o s e n sus n e c e s i d a d e s espiritual y t e m p o r a l m e n te, p u e s n o p a r a o t r a cosa te h e h e c h o m i n i s t r o ni te h e d a d o t a n g r a n d i g n i d a d . P e r o c o m o te h a s c o n v e r t i d o e n u n a n i m a l i n m u n d o , p o r e s o te complaces e n esos a n i m a l e s . N o ves; p o r q u e , si vieses los suplicios q u e te e s t á n p r e p a r a d o s si n o te e n m i e n d a s , n o o b r a r í a s así, a n t e s bien te dolerías d e lo q u e h a s h e c h o e n el t i e m p o p a s a d o y te corregirías e n el p r e s e n t e . ¿Ves, carísima hija, c u á n t a r a z ó n t e n g o p a r a q u e j a r m e d e estos miserables y c u á n t a g e n e r o s i d a d h e u s a d o c o n ellos y c ó m o m e h a n p a g a d o c o n t a n t a tristeza? C o m o te dije, h a b r á q u i e n e s p r e s t e n c o n u s u r a , a u n q u e n o tengan t i e n d a c o m o los públicos u s u r e r o s , sino q u e p o r m o d o s m u c h o m á s sutiles v e n d e r á n el t i e m p o a su prójimo a c a u s a d e la codicia, la q u e a n a d i e es lícita e n el m u n d o . Si algo le regalasen y lo recibiesen c o n la intención d e q u e fuera precio p o r el servicio q u e h a n p r e s t a d o , eso es u s u r a , y lo m i s m o p o r c u a l q u i e r cosa q u e se recib a p o r el t i e m p o e m p l e a d o . Yo h e p u e s t o a ese miseraKl**

n i r o

n n p

r»fr*ViíKo ¿»ctrt -}

IAG

c**orlíirí»«

v é l ri»f#* l n m i s -

m o y más. Si alguien le va a p e d i r u n consejo sobre esta m a t e r i a , c o m o él se halla e n p e c a d o s e m e j a n t e y h a p e r -

304

El Diálogo

d i d o la luz d e la razón, se lo d a oscuro y tendencioso a causa d e la inclinación q u e tiene e n su espíritu. Estos y m u c h o s otros defectos nacen d e su mezquino corazón, codicioso y avaro. Se p u e d e repetir lo q u e dijo mi V e r d a d c u a n d o e n t r ó e n el templo y e n c o n t r ó a la g e n t e v e n d i e n d o y c o m p r a n d o . E c h á n d o l a fuera con el látigo d e cuerdas, dijo: «De la casa d e mi P a d r e , q u e es casa d e oración, habéis hecho u n a cueva d e ladrones» . Ves bien, dulcísima hija, q u e es así, pues d e mi Iglesia, q u e es lugar d e oración, se h a h e c h o cueva d e ladrones. V e n d e n y c o m p r a n , y h a n hecho m e r c a d e r í a d e la gracia del Espíritu Santo. Ves q u e los q u e q u i e r e n prelaturas y beneficios d e la santa Iglesia, las c o m p r a n con m u c h o s regalos a los q u e son ricos e n d i n e r o y posesiones. Estos miserables n o m i r a n si es b u e n o o malo el q u e solicita el beneficio, y p o r complacerle y p o r el a m o r al regalo recibido, se ingenian p a r a s e m b r a r esta planta p o d r i d a e n el j a r d í n d e la santa Iglesia, y p o r esta razón d a r á n , los miserables, b u e n o s informes al cristo en la tierra. A m b o s usan la falsedad y el e n g a ñ o con cristo en la tiera, a quien hay q u e ir limpios y con t o d a v e r d a d . Si el vicario d e mi Hijo se e n t e r a r a d e u n o y del o t r o , los debería castigar, y a ése quitarle el cargo, si no se enm i e n d a , y al q u e c o m p r a el cargo le estaría bien q u e se le diese prisión c o m o r e c o m p e n s a hasta q u e se e n m i e n d e d e su pecado, a fin d e q u e los d e m á s t o m e n ejemplo d e éste y t e m a n , d e m o d o q u e n i n g u n o intente hacerlo más. Si Cristo e n la tierra lo hace, cumple con su d e b e r , y n o será castigado por este pecado c u a n d o venga a d a r r a z ó n d e sus ovejas a n t e mí. 4

C r é e m e , hija mía, q u e hoy n o se o b r a así, y por ello h a caído mi Iglesia e n tantos pecados y abominaciones. C u a n d o se d a n las p r e l a t u r a s , n o se indaga e investiga la vida d e los q u e las p r e t e n d e n , si son b u e n o s o malos; y, si algo se p r e g u n t a , n o lo hacen ni se informan sino por los malos, q u e no h a r á n sino d a r b u e n o s informes, porq u e los pecados q u e tienen son los mismos q u e los suyos propios. N o se m i r a ni se a t i e n d e más q u e a su b u e n a posición social, a su gallardía y riqueza, a q u e sepan ha4

Mt 21,13.

El cuerpo místico de ¡a Iglesia

305

blar m u c h o y elegantemente; y a ú n peor: alguien a r g u m e n t a r á q u e es d e b u e n a presencia. ¡Lenguaje de d e monios! ¡Cuando d e b e n p r e g u n t a r p o r el a d o r n o y belleza d e la virtud, atienden a la belleza del cuerpo! Deben buscar a los humildes y a los pobres, quienes p o r su humildad huyen de las prelaturas; pero eligen a los q u e las buscan con vanidad y e n g r e í d a soberbia. Se fijan en la ciencia. La ciencia es en sí b u e n a y perfecta c u a n d o el q u e la posee tiene la ciencia d e u n a vida b u e n a y honesta j u n t o con la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Sin e m b a r g o , la del soberbio, deshonesto y malvado en su vida, es u n v e n e n o . De la Escritura no e n t i e n d e n más q u e la letra, y oscuramente, p o r q u e han p e r d i d o la luz de la razón y tienen su e n t e n d i m i e n t o ofuscado. C o n la luz d e la razón, a ñ a d i d a la sobrenatural, se ha explicado y e n t e n d i d o la Sagrada Escritura, c o m o te enseñé con más claridad en o t r o lugar . Ves, p o r tanto, q u e la ciencia es b u e n a en sí, p e r o no en el q u e la usa indebidam e n t e ; antes bien le será para él fuego d e penas si n o e n m i e n d a su vida. Por eso d e b e n fijarse más en la buena y santa vida q u e en la ciencia q u e desoriente su vida. Ellos hacen lo contrario; pues, a u n q u e los b u e n o s y virtuosos se hallen cargados de ciencia, los consideran tontos y son p o r ellos despreciados. Evitan a los pobres, p o r q u e n a d a tienen q u e dar. Ves, pues, mi casa, q u e debería ser casa de oración , d o n d e debería brillar la margarita d e la justicia y la luz de la ciencia con honesta y santa vida, y d o n d e debería sentirse la fragancia de la verdad, a b u n d a n d o en mentira. Deben poseer la pobreza voluntaria y conservar las almas con v e r d a d e r a solicitud y arrancarlas de los malos demonios, y ellos apetecen las riquezas. Se han preocupado tanto d e los bienes temporales, q u e han a b a n d o n a d o completamente el cuidado d e los espirituales. N o atienden sino al j u e g o , a las risas y a acrecentar y multiplicar los bienes temporales. Los desgraciados no se d a n cuenta d e q u e es el m o d o de perderlos, p o r q u e , si a b u n dasen en virtud y se c u i d a r a n , c o m o d e b e n , d e las cosas espirituales, a b u n d a r í a n también en las temporales. Mu5

6

5

Cf. c.15.

6

Is 56,7; J e r 7 , 1 1 ; Mt 2 1 , 1 3 ; Me 11,17; Le 19,46.

306

El Diálogo

chas rebeliones ha habido, esposa mía, que los eclesiásticos no deberían h a b e r fomentado. Deben dejar q u e los muertos entierren a los muertos y seguir la doctrina d e mi V e r d a d c u m p l i e n d o mi voluntad, es decir, aquello para los q u e se les ha designado. Pero hacen todo lo contrario, pues se o p o n e n a e n t e r r a r los muertos y cosas transitorias con afecto y solicitud y quitan los cargos a los hombres del m u n d o . Esto m e d e s a g r a d a y hace d a ñ o a la santa Iglesia. Deben dejar esas cosas para ellos —un m u e r t o q u e entierre al otro—, es decir, q u e gobiernen las cosas del m u n d o los q u e están designados para ello. ¿Por q u é te h e dicho q u e «un m u e r t o entierre al otro»? M u e r t o se e n t i e n d e d e dos m o d o s : u n o , c u a n d o se administran y gobiernan las cosas temporales en pecado mortal por el afecto y solicitud d e s o r d e n a d o s , y el otro, p o r q u e se trata d e oficio del c u e r p o y cosas muertas, q u e n o tienen más vida en sí q u e en cuanto tienen relación con el alma y participan d e la vida mientras el alma está en el c u e r p o , y no más. Deben, por tanto, estos ungidos míos, q u e han d e vivir como ángeles, dejar las cosas m u e r t a s a los muertos y g o b e r n a r ellos las almas, que son lo vivo, que nunca m u e r e , dirigiéndolas y destribuyéndoles los sacramentos, dones y gracias del Espíritu Santo y alimentándolas con el manjar d e b u e n a y santa vida. De este m o d o sería mi casa casa d e oración, a b u n d a n d o ellos en gracia y virtud. C o m o no hacen sino lo contrario, puedo decir que ha sido convertida en cueva d e ladrones, por haberse convertido en mercaderes por la avaricia, vendiendo y c o m p r a n d o , como se ha dicho. Ha sido convertida d e s h o n e s t a m e n t e en c u a d r a d e animales, se ha convertid o en establo, pues en ella se hallan t u m b a d o s en el lodo d e la deshonestidad y tienen a sus «demonias» en la Iglesia, como el esposo tiene en su casa a la esposa. Lo q u e te h e c o n t a d o casi no tiene comparación con lo que existe en la realidad. Ves, pues, cuánto mal se apoya en estas dos columnas fétidas y pestilentes, esto es, en la inmundicia y en la codicia y avaricia. 7

7

Mt 8,22.

El cuerpo mistico de la Iglesia

307

128 [ E n d i c h o s m i n i s t r o s r e i n a la s o b e r b i a . — E s t a c i e g a a la inteligencia.—Los q u e simulan consagrar y n o consagran.)

T e q u i e r o h a b l a r a h o r a d e la t e r c e r a c o l u m n a , o sea, d e la soberbia. A u n q u e n o m b r a d a la última, es la ú l t i m a y la p r i m e r a , ya q u e t o d o s los vicios se hallan f u n d a d o s en ella, c o m o , p o r el c o n t r a r i o , las v i r t u d e s lo e s t á n en la c a r i d a d y d e ella r e c i b e n la vida. La soberbia nace d e l a m o r p r o p i o sensitivo y es fom e n t a d a p o r él. T e dije d e éste q u e e r a f u n d a m e n t o d e las tres c o l u m n a s , c o m o d e t o d o s los p e c a d o s q u e c o m e ten las c r i a t u r a s . Por ello, q u i e n se a m a c o n a m o r d e s o r d e n a d o , q u e d a p r i v a d o d e m i a m o r , p o r q u e en r e a l i d a d n o m e a m a , y, al n o a m a r m e , m e o f e n d e p o r n o o b s e r var el m a n d a m i e n t o d e la ley, esto es, d e a m a r m e s o b r e t o d a s las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a sí m i s m o . P o r esta r a z ó n , al a m a r s e c o n a m o r sensitivo, n o m e sirven ni m e a m a n , sino q u e sirven y a m a n al m u n d o , p u e s el a m o r sensitivo y el m u n d o n o se hallan e n c o n f o r m i d a d c o n m i g o . Si les falta la c a r i d a d , se sigue q u e a m a n al m u n d o c o n a m o r sensitivo, q u e le sirven a él y m e o d i a n a mí. P o r eso dijo mi V e r d a d q u e n a d i e p u e d e servir a d o s s e ñ o r e s q u e son e n e m i g o s , p u e s , si sirve a u n o , será m e n o s p r e c i a n d o al o t r o '. T a l c o m o ves, el a m o r p r o p i o priva al a l m a d e m i c a r i d a d y la viste c o n el p e c a d o d e la soberbia, d e la q u e n a c e t o d o p e c a d o p o r m e d i o del principio del a m o r p r o p i o . M e d u e l o y l a m e n t o d e t o d a c r i a t u r a racional q u e se halla en este p e c a d o , p e r o e s p e c i a l m e n t e d e mis u n g i d o s , q u e d e b e n ser h u m i l d e s , t a n t o p o r q u e c a d a u n o d e b e p o s e e r la v i r t u d d e la h u m i l d a d q u e f o m e n t a la car i d a d , c o m o p o r h a b e r sido h e c h o s m i n i s t r o s del h u m i l d e e i n m a c u l a d o C o r d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o . N o se a v e r g ü e n z a n , ni ellos ni el g é n e r o h u m a n o , d e e n s o b e r becerse c u a n d o m e ven a mí, Dios, h u m i l l a d o al h o m b r e , d á n d o l e s el V e r b o d e m i Hijo u n i g é n i t o e n v u e s t r a c a r n e . Ellos lo ven c o r r e r y h u m i l l a r s e a la a f r e n t o s a c r u z e n r a z ó n d e la o b e d i e n c i a q u e yo le i m p u s e . T i e n e la cabeza inclinada, p a r a s a l u d a r t e , y la c o r o n a 2

1

2

Mt 6 , 2 4 ; Le 1 6 , 1 3 . F l p

2,8.

308

El Diálogo

en la cabeza, p a r a a d o r n a r t e ; los brazos extendidos, para abrazarte; los pies clavados, p a r a p e r m a n e c e r contigo. Y tú, h o m b r e miserable, q u e has sido hecho administrador d e tanta generosidad y d e tanta h u m i l d a d , q u e debes abrazarte con la cruz, la rehuyes y te abrazas con las criaturas malvadas e i n m u n d a s . Debes p e r m a n e cer firme y estable, siguiendo la doctrina d e mi V e r d a d , fijando tu corazón y tu espíritu en él, y te mueves c o m o hoja al viento y te dejas llevar d e cualquier cosa. Si es próspera, te mueves con alegría; si es adversa, con impaciencia; y así sacas la médula d e la soberbia, el desasosiego, p o r q u e igual q u e la caridad tiene como m é d u l a la paciencia, así la impaciencia lo es d e la soberbia. Por eso, todo turba y p r o d u c e escándalo a los soberbios e iracundos. T a n desagradable me es la soberbia, q u e por ella cayó del cielo aquel ángel que quiso ensoberbecerse. La soberbia a nadie lo lleva al cielo, sino q u e lo conduce a lo p r o f u n d o del infierno. Por eso dijo mi V e r d a d : «Quien se ensalza —esto es, por soberbia— será humillado y quien se humilla será ensalzado» . En toda clase d e gente me d e s a g r a d a la soberbia, pero m u c h o más en estos ministros, p o r q u e les he puesto en el cargo para administrar a mi h u m i l d e C o r d e r o ; ellos, e m p e r o , hacen todo lo contrario. ¿Cómo no se avergüenza el desgraciado sacerdote d e ensoberbecerse viendo q u e m e he humillado a vosotros al daros al Verbo d e mi Hijo unigénito? Y a ellos los he hecho ministros, ¡y el Verbo, por obediencia a mí, se ha humillado hasta la afrentosa m u e r t e de cruz! El tiene la cabeza con espinas, y este desgraciado levanta la cabeza frente a mí y frente a su prójimo. De c o r d e r o h u m i l d e q u e debía ser, se ha hecho un c a r n e r o , q u e con los cuernos d e la soberbia embiste a todo el q u e se le aproxima. ¡Oh h o m b r e d e s v e n t u r a d o ! ¿No piensas que te es imposible escapar d e mí? ¿Te he d a d o p o r cometido el q u e me hieras con los cuernos de la soberbia, injuriándome a mí y a tu prójimo? ¿Lo tratas con injuria e ignorancia? ¿Es ésta la m a n s e d u m b r e con q u e debes ir a celebrar el cuerpo y la sangre d e mi Hijo unigénito? T e has conver3

3

Mt 2 3 , 1 2 ; Le 14,11 y 18,14.

£7 cuerpo místico de la Iglesia

309

tido e n u n a bestia, sin t e m e r m e e n n a d a . Devoras a tu p r ó j i m o y estás e n disensión c o n él. T e h a s c o n v e r t i d o e n u n o q u e se m u e v e p o r favoritismos, a c e p t a n d o a los q u e te sirven y se te h u m i l l a n y a los q u e te gusta q u e lleven la m i s m a vida q u e t ú , a esos a q u i e n e s d e b e s cor r e g i r y cuyos p e c a d o s d e b e s a b o r r e c e r . H a c e s lo c o n t r a r i o , d a n d o ejemplo p a r a q u e ellos o b r e n p e o r . Si fueses b u e n o , cumplirías tu d e b e r ; p e r o , c o m o e r e s m a l o , ni sabes r e p r e n d e r ni te d e s a g r a d a el p e c a d o d e los d e más. Desprecias a los p o b r e s h u m i l d e s y virtuosos. H u y e s d e ellos. T i e n e s r a z ó n p a r a h a c e r l o , a u n q u e n o lo d e b e rías h a c e r . H u y e s d e ellos p o r q u e el h e d o r del vicio n o p u e d e sufrir la fragancia d e la v i r t u d . T e sientes vilipend i a d o si ves a mis p o b r e s a tu p u e r t a ; r e h u y e s visitarles e n sus n e c e s i d a d e s ; les ves m o r i r d e h a m b r e y n o les soc o r r e s . T o d o esto es o b r a d e los c u e r n o s d e la soberbia, p u e s n o se q u i e r e n inclinar a ejercitar u n p e q u e ñ o acto d e h u m i l d a d . ¿Por q u é n o se inclinan? P o r q u e el a m o r p r o p i o , q u e f o m e n t a la soberbia, n o h a d e s a p a r e c i d o del interior, y p o r ello n o q u i e r e r e p a r t i r a los p o b r e s bienes t e m p o r a l e s ni espirituales, sino r e v e n d e r l o s . ¡ O h m a l d i t a soberbia, f u n d a d a e n el a m o r p r o p i o ! ¡ C ó m o h a s c e g a d o los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o , d e m o d o q u e , p a r e c i e n d o q u e los a m a s y e r e s t i e r n o , se h a n c o n v e r t i d o e n c r u e l e s consigo m i s m o s : p a r e c i é n d o les g a n a r , p i e r d e n ; c r e y e n d o hallarse e n delicias, r i q u e zas y posición excelente, se e n c u e n t r a n e n t a n g r a n p o b r e z a y m i s e r i a p o r e s t a r p r i v a d o s d e la v i r t u d ; h a n caíd o d e las a l t u r a s d e la gracia al abismo d e l p e c a d o m o r tal! Son ciegos al c o m p r e n d e r l o ellos así y n o c o n o c e r s e a sí m i s m o s ni a mí. N o r e c o n o c e n su situación, ni la d i g n i d a d e n q u e les h e c o l o c a d o , ni la fragilidad del m u n d o y su poca estabilidad, p o r q u e , si las r e c o n o c i e r a n n o h a r í a n d e ellas su dios. ¿ Q u i é n les h a p r i v a d o del con o c i m i e n t o ? La soberbia. P o r ella se h a n c o n v e r t i d o e n d e m o n i o s , h a b i é n d o l o s yo e l e g i d o a ellos p a r a ángeles, p a r a q u e f u e r a n ángeles t e r r e s t r e s e n esta vida. Ella causa la c a í d a del cielo al p r o f u n d o d e las tinieblas. T a n to se h a n multiplicado éstas y su i n i q u i d a d , q u e c a e n en el p e c a d o q u e te d i r é . Hay a l g u n o s q u e son t a n d e m o n i o s , q u e a l g u n a s veces

310

El Diálogo

harán como q u e consagran, y no lo hacen por t e m o r a mi juicio, liberándose d e todo freno y t e m o r del mal obrar. Por la m a ñ a n a se h a b r á n levantado d e la i n m u n dicia, y por la t a r d e , del d e s o r d e n a d o comer y beber. T e n d r á n que d a r gusto al pueblo, y, considerando sus maldades, ven q u e no lo p u e d e n hacer en b u e n a conciencia y que n o p u e d e n celebrar. Por eso tienen u n poco de t e m o r a mi juicio; no por odio al pecado, sino por el a m o r q u e se tienen a sí mismos. ¿Ves, queridísima hija, lo ciegos que son? No acuden a la contrición d e corazón ni al aborrecimiento del pecad o , sino q u e toman como remedio el no consagrar. C o m o ciegos, n o ven que el e r r o r y el pecado que se sigue es mayor q u e el primero, p o r q u e hacen al pueblo idólatra poniéndoles a la adoración aquella hostia no consagrada, c o m o si fuera el c u e r p o y la sangre de mi Hijo unigénito, Dios y h o m b r e v e r d a d e r o , como o c u r r e c u a n d o está consagrada. Y lo q u e les presentan es sólo pan. A h o r a ves cuan g r a n d e es esta abominación y cuánta es mi paciencia sufriéndolos . Si no se e n m i e n d a n , toda gracia se les convertirá en motivo d e juicio. Pero ¿qué debería hacer el pueblo para no llegar a esa situación? Debe o r a r bajo condición: «Si este ministro ha pronunciado las palabras que debería decir, creo que v e r d a d e r a m e n t e tú eres Cristo, Hijo d e Dios v e r d a d e r o y vivo, y q u e m e ha sido d a d o en comida por el fuego d e la inestimable caridad y el memorial d e la dulcísima pasión y del inmenso beneficio d e la sangre que con tanto fuego d e a m o r d e r r a m a s t e para limpiar nuestra iniquidad» . Haciéndolo así, la ceguera de aquéllos n o les producirá tinieblas c u a n d o a d o r a n u n a cosa por otra, sino, más bien, la culpa de pecado es sólo del miserable ministro y n o h a r á n ellos algo q u e n o debieran . ¡Oh dulcísima hija! ¿Quién detiene a la tierra para 4

5

6

* Crón 21,135 Le 22,19-20. La ignorancia y falsos escrúpulos e n sacerdotes indignos llevaron a estos abusos q u e r e c r i m i n a la Santa y e r a n causa d e escándalo d e los fieles. Ella m i s m a lo e x p e r i m e n t ó c u a n d o , e s t a n d o e n f e r m a , en Luca, u n sacerdote le llevó u n a hostia sin c o n s a g r a r p a r a q u e c o m u l g a r a . Al parecer, i n t e n t a b a a q u e l sacerdote cerciorarse d e si Catalina podía distinguir u n a hostia sin c o n s a g r a r d e u n a c o n s a g r a d a . 3

6

El cuerpo místico de la Iglesia

311

q u e n o les trague? ¿ Q u i é n frena m i paciencia p a r a q u e n o les h a g a q u e d a r inmóviles; c o m o estatuas a n t e el p u e b l o p a r a confusión suya? La misericordia divina. M e c o n t e n g o a mí m i s m o , esto es, con la misericordia r e t e n go a mi divina justicia a fin d e vencerles a fuerza d e misericordia. P e r o ellos, d e m o n i o s obstinados, n o la recon o c e n ni la ven. O b r a n c o m o si c r e y e r a n recibirla porq u e se les d e b e , p o r q u e la soberbia les h a c e g a d o , y n o ven q u e la tienen sólo p o r u n a gracia y n o p o r q u e se les deba.

INVITACIÓN

AL LLANTO, QUE ATRAE MISERICORDIA

LA

[Males derivados de los defectos de los ministros.—Castigo de los malos.—Envileámiento de la dignidad sacerdotal. —La muerte del justo: ciencia de verdad y bienaventuranza. —La muerte del pecador: acusación de la conciencia. —Pregusto de las penas y del premio. ] 129 [ O t r o s m u c h o s d e f e c t o s q u e s e c o m e t e n a c a u s a d e la soberbia y del a m o r propio. I

T e h e dicho t o d o esto p a r a q u e tengas m á s m a t e r i a p a r a tu llanto y a m a r g u r a a causa d e su c e g u e r a , es d e cir, al verles en estado d e c o n d e n a c i ó n , y p a r a q u e conozcas mejor mi misericordia, y e n ella e n c u e n t r e s confianza y certeza plena, y a n t e mi presencia p o n g a s a estos ministros d e la santa Iglesia y a t o d o el m u n d o , pid i é n d o m e misericordia p a r a ellos. C u a n t o m á s d o l o r o sos y a m o r o s o s deseos m e ofrezcas p o r ellos, t a n t o m á s m e m o s t r a r á s el a m o r q u e m e tienes, p u e s t o q u e , si ni tú ni mis servidores podéis c a u s a r m e el bien, sí debéis hacerlo y d e m o s t r a r l o p o r m e d i o d e ellos. E n t o n c e s yo m e d e j a r é obligar p o r el d e s e o , las lágrimas y las oraciones d e mis servidores, y h a r é misericordia a m i esposa, r e f o r m á n d o l a c o n b u e n o s y santos pastores. U n a vez r e f o r m a d a , los subditos se e n m e n d a r á n , porq u e d e casi t o d o lo malo q u e h a c e n tienen la culpa los malos pastores. Si éstos se corrigiesen y e n ellos brillase la m a r g a r i t a d e la justicia p o r su h o n e s t a y santa vida, n o o b r a r í a n los subditos d e ese m o d o .

312

El Diálogo

¿Sabes q u é sigue a todo esto? Q u e u n o s van en pos de las huellas de los otros. Y así los subditos no son obedientes p o r q u e , c u a n d o el prelado era subdito, tampoco lo fue; por lo q u e recibe del subdito lo mismo q u e él dio. C o m o fue mal subdito, es mal pastor. De todo esto y d e cualquier otro pecado es causa la soberbia, f u n d a d a en el a m o r propio. I g n o r a n t e y soberbio e r a de subdito, y m u c h o más lo es ahora q u e es prelado. T a n g r a n d e es su ignorancia, q u e , como ciego, hará sacerdote a u n h o m b r e inculto q u e apenas sabrá leer, y no sabrá recitar el oficio divino; es su d e b e r elegir h o m b r e s expertos y bien fundados en la virtud, q u e sepan y e n t i e n d a n lo que dicen. Muchas veces, por no saber bien las palabras sacramentales, no c o n s a g r a r á n , con lo q u e caen en el mismo pecado de no consagrar, como lo hacían los otros p o r malicia, no haciendo sino simular q u e consagran. Estos caen en lo contrario, porque no tienen en cuenta lo que los subditos saben, o no lo averiguan a tiempo; parece q u e eligen a niños y no a h o m b r e s m a d u r o s . T a m p o c o p r o c u r a n q u e sean de h o nesta y santa vida, ni los candidatos conocen la dignidad a q u e son elevados ni el gran misterio q u e van a celebrar. Sólo p r o c u r a n multiplicar la gente, p e r o no la virtud '. Son ciegos y guías d e ciegos . N o c o m p r e n d e n q u e d e ésta y otras cosas les pediré c u e n t a en el último e x t r e m o d e la m u e r t e . Después d e h a b e r o r d e n a d o sacerdotes tan obtusos y d e haberles puesto a cuidar almas, se d a n c u e n t a de q u e éstos no p u e d e n tener cuidad o ni de sí mismos. 2

Entonces, ¿cómo p o d r á n corregirse y c o r r e g i r los d e los demás los que no conocen sus pecados? N o pueden ni q u i e r e n actuar contra sí mismos; y las ovejas, q u e no tienen pastor que se preocupe de ellas ni q u e las sepa guiar, se descarrían fácilmente y con frecuencia son devoradas y descuartizadas por los lobos. C o m o el pastor es malo, no se p r e o c u p a d e t e n e r u n p e r r o q u e ladre c u a n d o vea venir el lobo, y tiene sólo u n o , q u e es c o m o ellos Ide desc u i d a d o |. Así, los ministros y pastores q u e no son solícitos, no tienen ni el p e r r o d e la conciencia ni el cayado ' Is 9,3. Mt 15,14.

2

El cuerpo místico de la Iglesia

313

d e la santa justicia p a r a c o r r e g i r con la v a r a y p a r a lad r a r s e a sí mismos c o n la conciencia. Al n o r e p r e n d e r c u a n d o las ovejas se d e s c a r r í a n y n o m a n t e n e r el camin o d e la v i r t u d , o sea, la observancia d e los m a n d a m i e n tos, el lobo infernal las d e v o r a . Si el p e r r o l a d r a r a y con la v a r a d e la santa justicia castigaran e n sí sus p e c a d o s y los d e aquéllos, l u c h a r í a n con las ovejas y éstas volverían al redil. P e r o c o m o es pastor sin c a y a d o y sin el p e r r o d e la conciencia, las ovejuelas p e r e c e n . N o se p r e o c u p a n d e esto, p o r q u e el p e r r o d e la conciencia se halla m u y debilitado p o r n o habérsele d a d o d e c o m e r , y n o tiene fuerzas p a r a l a d r a r . La c o m i d a q u e hay q u e d a r a este p e r r o es la s a n g r e del C o r d e r o , mi Hijo. En c u a n t o la m e m o ria se halle llena d e la s a n g r e , se e n c i e n d e el a l m a e n a b o r r e c i m i e n t o del vicio y e n a m o r a la virtud. Este abor r e c i m i e n t o y este a m o r purifican al a l m a d e la m a n c h a del p e c a d o m o r t a l y d a n t a n t o vigor a la conciencia, q u e la d e f i e n d e n . Si, d e p r o n t o , a l g ú n e n e m i g o del alma, o sea, el p e c a d o , q u i e r e e n t r a r e n ella — n o sólo p o r el afecto, sino con el p e n s a m i e n t o — , i n m e d i a n t a m e n t e la conciencia con el r e m o r d i m i e n t o , c o m o u n p e r r o , l a d r a tan f u e r t e m e n t e , q u e hace d e s p e r t a r a la r a z ó n . Estos malvados, q u e ni son d i g n o s d e ser llamados ministros ni siquiera racionales, e m b r u t e c i d o s p o r sus d e fectos, no tienen p e r r o , p u e s es tal la debilidad d e la conciencia, q u e se p u e d e decir q u e n o la t i e n e n , y, cons i g u i e n t e m e n t e , t a m p o c o el c a y a d o d e la justicia. T a n t o les h a n a t e m o r i z a d o sus p e c a d o s , q u e u n a s o m b r a les causa m i e d o , n o p o r s a n t o t e m o r , sino p o r t e m o r servil. Ellos d e b e n e x p o n e r s e a la m u e r t e p a r a a r r a n c a r las almas d e las m a n o s d e los d e m o n i o s , y, p o r el c o n t r a r i o , se las p o n e n en las m a n o s , p o r q u e n o d a n la e n s e ñ a n z a d e la b u e n a y santa vida y p o r n o q u e r e r sufrir ni u n a p a l a b r a injuriosa p o r la causa d e la salvación. M u c h a s veces se hallará el a l m a del s u b d i t o e n v u e l t a e n gravísimos pecados. T e n d r á q u e p a g a r d e u d a s , y p o r a m o r d e s o r d e n a d o a su familia, p o r n o e m p o b r e c e r l a , n o p a g a r á lo a d e u d a d o . Su vida será c o n o c i d a p o r g r a n c a n t i d a d d e gente y hasta al m i s m o sacerdote le h a b r á n h e c h o saber q u e , p u e s t o q u e es m é d i c o , q u e c u r e su alma. El d e s v e n t u r a d o q u e r r á c u m p l i r con lo q u e d e b e ,

El Diálogo

314

y no le importará q u e le digan palabras injuriosas o le echen malas miradas. Alguna vez le obsequiarán, por lo que, e n t r e el regalo y el temor servil, consiente q u e el alma siga en m a n o s d e los d e m o n i o s y les d a r á el sacram e n t o d e Cristo, mi Hijo unigénito. Mira y tiene en c u e n t a q u e aquel alma no se ha deshecho d e las tinieblas del pecado mortal, y, sin e m b a r g o , por complacer a los h o m b r e s del m u n d o , por el d e s o r d e n a d o t e m o r y p o r el regalo recibido, administrará a algunos el sacram e n t o , le e n t e r r a r á en la iglesia con gran honor, cuand o , como criminal y m i e m b r o separado del c u e r p o , debería echarlo fuera. ¿Quién fue la causa d e esto? El a m o r propio y los cuernos d e la soberbia, p o r q u e , si m e hubiese a m a d o sobre todas las cosas, y al alma de aquel pobrecillo, y se hubiese p o r t a d o con humildad y sin temor, habría buscado la salvación d e aquella alma. Mira, por tanto, c u á n t o mal sigue a estos vicios —soberbia, avaricia, inmundicia—, q u e te he colocado sobre tres columnas, de d o n d e p r o c e d e n los d e m á s pecados del c u e r p o y del espíritu. T u s oídos no aguantarían los males d e q u e son causantes como miembros del demonio. T ú conoces casos y sabes q u e a personas sencillas o c u r r i ó c a e r e n esos vicios sólo p o r m i e d o . Estos e r a n d e b u e n a fe, y se dolerán d e sus pecados y se verán a t o r m e n t a d o s d e escrúpulos. T e m i e n d o estar poseídos del d e m o n i o , van al indigno sacerdote c r e y e n d o q u e les p o d r á librar d e él, y llegar para q u e u n diablo arroje al o t r o . Y, c o m o ansioso d e recibir presentes y c o m o deshonesto y lascivo, b r u t o y miserable, dirá a esas pobrecillas: «Este pecado q u e tenéis no se p u e d e quitar sino d e tal modo», y así, forzándolas, las hará acostarse con él. ¡Oh d e m o n i o y más q u e d e m o n i o , q u e en todo se ha hecho peor q u e el d e m o n i o ! Muchos demonios hay a quienes ha r e p u g n a d o este pecado, y tú te has hecho peor q u e ellos y te revuelcas en el lodo c o m o u n p u e r c o . ¡Oh animal i n m u n d o ! ¿Es esto lo q u e pido, y no q u e tú, con la virtud d e la sangre d e la q u e te he hecho administrador, arrojes a los demonios d e las almas y d e los 3

3

Alusión autobiográfica.

El cuerpo místico de la Iglesia

315

c u e r p o s ? Y tú te m e t e s e n ellos. ¿ N o ves q u e la s e g u r d e la d i v i n a justicia se halla ya colocada a la raíz d e tu árbol? T e a s e g u r o q u e los p e c a d o s se a c u m u l a n c o m o los intereses e n la u s u r a , y e n su l u g a r y t i e m p o , si t ú m i s m o n o castigas tus m a l d a d e s c o n la p e n i t e n c i a y c o n trición d e c o r a z ó n , n o se te t e n d r á en c o n s i d e r a c i ó n el ser s a c e r d o t e , a n t e s bien serás m i s e r a b l e m e n t e castigad o , y sufrirás p e n a s p o r ti y p o r ellos, y serás a t o r m e n t a d o m á s c r u e l m e n t e q u e los d e m á s . ¡ T e v e n d r á e n t o n c e s al p e n s a m i e n t o el a r r o j a r al d e m o n i o c o n el d e m o n i o d e la concupiscencia! ¿Y q u é s e r á d e la d e s g r a c i a d a cómplice q u e a c u d e a la c r i a t u r a p a r a q u e la libere, y será ligada a él m á s f u e r t e m e n t e c o n u n p e c a d o m a y o r y c a e r á p o r n u e v o s m o d o s y c a m i n o s ? Si t e a c u e r d a s bien, tú viste c o n tus p r o p i o s ojos a q u i é n esto o c u r r i ó . H e aquí u n p a s t o r sin p e r r o d e la c o n ciencia, q u e n o sólo a h o g a su conciencia, sino la d e los demás. Yo h e p u e s t o a los m i n i s t r o s p a r a q u e c a n t e n y salmod i e n p o r la n o c h e e n el oficio divino, y ellos h a n p r o c u r a d o h a c e r m a l d a d e s y p r o d u c i r e n c a n t a m i e n t o e n las «demonias», haciéndolas q u e vengan, por e n g a ñ o , a med i a n o c h e — a l g u n a vez p a r e c e r á q u e van a llegar y n o lo h a r á n — . ¿ T e h e h e c h o s a c e r d o t e p a r a q u e tu vigilia d e la n o c h e la gastes e n esto? C i e r t a m e n t e , n o ; sino p a r a q u e la e m p l e e s e n o r a c i ó n , a fin d e q u e p o r la m a ñ a n a vayas p r e p a r a d o p a r a c e l e b r a r y d e s al p u e b l o la f r a g a n cia d e la v i r t u d y n o el h e d o r d e l p e c a d o . Estáis colocad o s e n el e s t a d o angélico p a r a q u e podáis t r a t a r c o n los á n g e l e s p o r m e d i o d e la s a n t a m e d i t a c i ó n en esta vida y d e s p u é s , al final, gustéis c o n ellos d e mi e t e r n a visión; tú, sin e m b a r g o , te deleitas e n s e r d e m o n i o y t e n e r t r a t o con ellos a n t e s d e q u e llegue el m o m e n t o d e la m u e r t e . 4

Los c u e r n o s d e la soberbia h a n h e r i d o los ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o , en la pupila d e la santísima fe, y has p e r d i d o la luz; p o r eso n o ves en c u á n t a miseria te hallas. N o c r e e s d e veras q u e la c u l p a es castigada y t o d a b u e n a o b r a r e m u n e r a d a . Si d e veras lo creyeses, n o o b r a r í a s así y n o buscarías ni q u e r r í a s t a n f r e c u e n t e m e n t e t r a t o , sino q u e , m á s bien, vivirías c o n t e r r o r a p r o n u n c i a r su 4

Alusión

autobiográfica.

316

El Diálogo

n o m b r e . P e r o c o m o sigues su voluntad, e n c u e n t r a s d e leite e n el d e m o n i o y en sus o b r a s . ¡Ciego, más q u e ciego! Q u i s i e r a q u e p r e g u n t a s e s al d e m o n i o q u é p r e m i o se te sigue d e servirle c o n t o d o lo q u e haces. El te r e s p o n dería q u e te d a r á n el p r e m i o q u e ellos tienen y q u e n o te p u e d e n d a r o t r a cosa q u e eso: h o r r o r o s o s t o r m e n t o s y fuego e n q u e a r d e n c o n t i n u a m e n t e , e n el q u e cayer o n , por su soberbia, d e s d e las alturas del cielo. Y tú, ángel en la tierra, caes d e tu altura p o r la soberbia; d e la dignidad del sacerdote y del tesoro d e la virtud, a la pobreza más miserable, y, si n o te e n m i e n d a s , caerás en el infierno. Al m u n d o y a ti mismo los has h e c h o dios y s e ñ o r p a r a ti. T e h e colocado en el estado sacerdotal p a r a q u e te monospreciases a ti mismo y al m u n d o en lo material sensible. Di a h o r a al m u n d o , con todas las delicias, q u é has sacado e n esta vida, y a los sentidos c ó m o has u s a d o las cosas del m u n d o ; diles q u e te justifiquen ante mí, sup r e m o J u e z . T e r e s p o n d e r á n q u e n o te p u e d e n ayud a r , y se b u r l a r á n , diciendo: «Arriésgate tú, pues es conveniencia tuya». Y te dejarán confuso y b u r l a d o a n t e mí y ante el m u n d o . T o d o este d a ñ o n o lo ves, p o r q u e los c u e r n o s d e tu soberbia te h a n c e g a d o ; p e r o lo verás en el último m o m e n t o d e la m u e r t e , c u a n d o n o p o d r á s t o m a r c o m o r e m e d i o n i n g u n a virtud tuya, p o r q u e n o la hay, sino sólo mi misericordia, confiando en aquella dulce sangre d e la q u e fuiste ministro. Ni a ti ni a n a d i e se le privará d e confiar e n ella y e n mi misericordia, si bien n i n g u n o d e b e ser tan m e n t e c a t o ni tan ciego q u e a g u a r d e hasta el último m o m e n t o . Piensa q u e , e n ese instante, al h o m b r e q u e ha vivido p e c a m i n o s a m e n t e le acusan los d e m o n i o s , el m u n d o y la propia fragilidad. N o les a g r a d a ni ven deleite allí d o n d e se e n c o n t r a b a lo a m a r g o , ni ven lo perfecto d o n d e había imperfección, ni luz d o n d e había oscuridad, tal c o m o les o c u r r í a d u r a n t e su vida, sino q u e le p r e s e n t a n la v e r d a d tal c o m o es. El p e r r o d e la conciencia, q u e e r a débil, c o m i e n z a a l a d r a r con t a n t o ahínco, q u e casi lleva al alma a la desesperación, a u n q u e algunas veces n o llega a ella, sino a la esperanza en la s a n g r e , a pesar d e los pecados c o m e t i d o s , puesto q u e , sin comparación, la mi-

El cuerpo místico de la Iglesia

317

sericordia q u e recibís p o r la s a n g r e es m a y o r q u e todos los p e c a d o s q u e se c o m e t e n en el m u n d o . Por t a n t o , n i n g u n o d e m o r e h a c e r penitencia, p o r q u e es m u y d u r o al h o m b r e e n c o n t r a r s e c o n los e n e m i g o s d e s a r m a d o en éT c a m p o d e batalla. 130

lOtros defectos que cometen los malos ministros. I

Q u e r i d í s i m a hija: estos miserables d e q u e te h e hablad o n o t i e n e n reflexión, p u e s t o q u e , si la t u v i e r a n , n o c a e r í a n e n tan g r a n d e s p e c a d o s ni ellos ni o t r o s , sino q u e o b r a r í a n c o m o los q u e viven v i r t u o s a m e n t e , y elegirían a n t e s la m u e r t e q u e q u e r e r o f e n d e r m e , y m a n c h a r la c a r a d e su alma y e m p e q u e ñ e c e r la d i g n i d a d e n q u e les había c o l o c a d o ; más bien a c r e c e n t a r í a n la d i g n i d a d y belleza d e su alma. N o es q u e la d i g n i d a d del s a c e r d o t e , la d i g n i d a d e n sí, p u e d a c r e c e r ni d i s m i n u i r a causa del p e c a d o , sino q u e las v i r t u d e s son el a d o r n o y u n a d i g n i d a d q u e existe e n el a l m a a d e m á s d e la p u r a belleza del alma, la q u e tiene d e s d e el m o m e n t o e n q u e la c r e é a i m a g e n y semejanza mía. C o n o c i e r o n la realidad d e mi b o n d a d , q u e es su belleza y d i g n i d a d , p o r q u e la soberbia y el a m o r p r o p i o n o les h a b í a o f u s c a d o ni q u i t a d o la luz d e la r a z ó n p o r n o estar p r i v a d o s d e ella, y m e a m a b a n a mí y q u e r í a n la salvación d e las almas. Sin e m b a r g o , estos d e s g r a c i a d o s , p o r hallarse privados d e la luz, n o se p r e o c u p a n sino d e ir d e vicio e n vicio hasta q u e caen e n la fosa. Y del t e m plo d e su a l m a y d e la s a n t a Iglesia, q u e es u n j a r d í n , h a c e n u n corral p a r a a n i m a l e s . ¡Oh hija q u e r i d í s i m a ! ¡ Q u é a b o m i n a b l e m e es q u e sus casas, q u e d e b e n ser refugio d e mis s e r v i d o r e s y d e los p o b r e s , sean cobijo d e p e r s o n a s m a l v a d a s e i n m u n d a s ! D e b i e n d o t e n e r p o r esposa al breviario, y a los libros d e . la S a g r a d a E s c r i t u r a p o r hijos, y deleitarse e n ellos p a r a i m p a r t i r las e n s e ñ a n z a s al p r ó j i m o p a r a q u e e m p r e n d a n santa vida, la esposa d e éstos n o es el b r e v i a r i o — m á s bien, lo t r a t a n c o m o a esposa a d ú l t e r a — , sino u n a miserable c o n c u b i n a , q u e vive c o n él e n i n m u n d i c i a ; sus lib r o s son la caterva d e hijos, y c o n ellos, t e n i d o s e n t a n t a d e s h o n r a y m a l d a d , se d e l e i t a n sin v e r g ü e n z a a l g u n a . E n Pascua y fiestas s o l e m n e s , e n las q u e d e b í a n d a r

318

El Diálogo

gloria y alabanza a mi n o m b r e con el oficio divino y ofrecerme el incienso de las devotas y humildes oraciones, se e n t r e g a n al j u e g o y solaz con sus mancebas, y se j u n t a n con los seglares p a r a cazar y coger pájaros c o m o si fuesen seglares o señores d e c o r t e . ¡Oh h o m b r e miserable! ¿A q u é has llegado? Debías ir a la caza d e almas p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e y estar e n el j a r d í n d e la santa Iglesia, y te vas a los bosques. C o m o te has convertido e n bestia, llevas en tu alma los animales d e m u c h o s pecados mortales, y p o r eso te has h e c h o cazador d e bestias. El j a r d í n d e tu alma se ha vuelto salvaje y lleno d e cardos, y p o r eso has enc o n t r a d o gozo e n ir p o r los lugares desiertos en busca d e bestias salvajes. A v e r g ü é n z a t e , h o m b r e , y analiza tus pecados p a r a q u e tengas materia d e qué sonrojarte d e s d e cualquier p u n t o d e m i r a q u e quieras. Pero tú n o te avergüenzas p o r q u e has p e r d i d o el santo y v e r d a d e r o t e m o r , e, igual q u e u n a meretriz, q u e carece d e v e r g ü e n z a , p r e s u m i r á s de tu posición e n el m u n d o , d e t e n e r u n a h e r m o s a familia y u n a m a n a d a d e hijos; y, si n o los tienes, intentas tenerlos p a r a q u e h e r e d e n tus bienes. Eres ladrón y salteador, p o r q u e sabes q u e no se los p u e d e s dejar, p o r q u e tus h e r e d e r o s son los pobres y la santa Iglesia. ¡Oh d e m o n i o hecho carne! Buscas sin luz lo q u e no debes. T e precias y vanaglorias d e lo q u e p a r a ti debía ser motivo d e g r a n confusión. T e avergüenzas ante mí, q u e veo el interior d e tu corazón, así c o m o ante las criaturas. Estás t u r b a d o , p e r o los c u e r n o s de la soberbia no te dejan c o m p r e n d e r tu confusión. ¡Oh carísima hija! H e colocado a mis ministros sobre el p u e n t e d e la doctrina d e mi V e r d a d p a r a q u e a vosotros, peregrinos, os distribuyan los sacramentos de la santa Iglesia, y ellos se e n c u e n t r a n e n el miserable río d e allá abajo, y desde el río d e las delicias y miserias del m u n d o os los administran ellos, y n o ven q u e les llega la ola de la m u e r t e y van j u n t o s con sus señores los d e m o nios, a los q u e han servido y d e los q u e se han dejado guiar p o r el c a m i n o del río sin freno alguno. Si no se e n m i e n d a n , llegan a la c o n d e n a c i ó n e t e r n a con tal represión y r e p r o c h e , q u e tu l e n g u a n o sería capaz de contarlo. Y más fácilmente llegarán ellos q u e cualquier otro

El cuerpo mistico de la Iglesia

319

seglar p o r el oficio d e s a c e r d o t e , p u e s u n a m i s m a culpa es m á s castigada e n ellos q u e e n los q u e se h a l l a n e n el m u n d o , y c o n m a y o r r e p r o c h e se l e v a n t a r á n sus e n e m i gos e n el m o m e n t o d e la m u e r t e p a r a a c u s a r l o s , c o m o te he dicho. 131 [ D i f e r e n c i a e n t r e la m u e r t e d e l o s j u s t o s y d e l o s p e c a d o r e s . — S u s p e n a s e n la h o r a d e la m u e r t e . ]

T e h e r e f e r i d o c ó m o el m u n d o , los d e m o n i o s y los p r o p i o s s e n t i d o s los a c u s a b a n , y ésa es la v e r d a d . De esto te q u i e r o h a b l a r a h o r a m á s p o r e x t e n s o ; d e estos m i s e r a b l e s , p a r a q u e les t e n g a s m a y o r c o m p a s i ó n . ¡ C u a n distintos son los a t a q u e s q u e recibe el a l m a d e l j u s t o d e los d e l p e c a d o r y c u a n d i f e r e n t e su m u e r t e ! ¡En c u á n t a paz se p r o d u c e la m u e r t e del j u s t o , m a y o r o m e n o r seg ú n la perfección d e su a l m a ! P o r eso q u i e r o q u e sepas q u e t o d a s las p e n a s q u e sufren las c r i a t u r a s racionales se e n c u e n t r a n e n la v o l u n t a d , p u e s si la v o l u n t a d estuviese e n o r d e n y a c o r d e c o n la m í a , n o sufrirían p e n a . N o se le q u i t a r í a n los sufrim i e n t o s , sino q u e la v o l u n t a d los s o p o r t a r í a d e b u e n g r a d o p o r a m o r a mí y ya n o le c a u s a r í a p e n a sobrellevarlos c o n g u s t o , c o n s i d e r a n d o q u e ésa es m i v o l u n t a d . P o r el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o q u e se t i e n e n a sí m i s m o s se e n c u e n t r a n e n g u e r r a c o n el m u n d o , el d e m o n i o y los p r o p i o s s e n t i d o s , p o r lo q u e , al llegar la h o r a d e la m u e r t e , ésta es recibida e n paz, p u e s los e n e m i g o s h a n sido ya d e r r o t a d o s d u r a n t e la vida. El m u n d o n o los p u e d e acusar, p o r q u e c o n o c i e r o n sus a r g u c i a s , y p o r eso r e n u n c i a r o n a t o d a s sus delicias. Los frágiles s e n t i d o s y el c u e r p o n o les acusan, p o r q u e los t i e n e n c o m o esclavos c o n el f r e n o d e la r a z ó n , m a c e r a n d o la c a r n e c o n la p e nitencia, c o n la vigilia y la o r a c i ó n c o n t i n u a . A la v o l u n tad sensitiva la m a t a r o n c o n el a b o r r e c i m i e n t o al vicio y c o n el a m o r a la v i r t u d , h a b i e n d o p e r d i d o las c o n d e s c e n d e n c i a s c o n su c u e r p o . El m i m o y a m o r q u e hay e n t r e el c u e r p o y el a l m a es c a u s a d e q u e el h o m b r e t e m a , n a t u r a l m e n t e , la m u e r t e . P e r o c o m o e n el perfecto y j u s t o la v i r t u d s o b r e p u j a a la n a t u r a l e z a , es decir, la h a c e d e s a p a r e c e r , se s o b r e p o n e él c o n el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o y el d e s e o d e volver a

320

El Diálogo

lo que es su fin, d e m o d o que la debilidad y b l a n d u r a no le p u e d e n d a r g u e r r a . La conciencia está quieta, porq u e en su vida hizo b u e n a guardia, l a d r a n d o c u a n d o los enemigos querían arrebatarle la ciudad del alma. C o m o el perro q u e está a la p u e r t a ladra c u a n d o ve a los enemigos, y así despiertan los centinelas, d e igual m a n e r a el p e r r o d e la conciencia despertó al g u a r d i á n d e la razón, y ésta, j u n t o con el libre albedrío, conoció por la luz del e n t e n d i m i e n t o quién era amigo y quién enemigo. Al amigo, o sea, a la virtud y a los santos pensamientos del corazón, le proporcionó dilección y afecto de amor, ejercitándolo con gran solicitud; al enemigo, o sea, al vicio y pensamientos perversos, les dio odio y desagrado. Con el cuchillo del odio y del amor, con la luz de la razón y con la m a n o del libre albedrío hirió al enemigo d e tal m o d o , q u e después, en el m o m e n t o d e la m u e r t e , la conciencia no se recome, pues fue b u e n centinela, y por ello se e n c u e n t r a en paz. V e r d a d es que el alma, por humildad, y p o r q u e e n el m o m e n t o d e la m u e r t e conoce mejor el tesoro del tiempo y las piedras preciosas d e la virtud, se r e p r e n d e a sí misma, pareciéndole haber aprovechado poco ese tiempo; pero ésta no es pena aflictiva, como tampoco pena que a u m e n t e la perfección, ya q u e obliga al alma a recogerse en sí misma, poniéndose ante la sangre del humilde C o r d e r o , mi Hijo. No se vuelve atrás para mirar las virtudes, sino la sangre, d o n d e ha e n c o n t r a d o mi misericordia. C o m o ha vivido con la m e m o r i a en la sangre, así en la m u e r t e se embriaga y sumerge en la sangre. Los demonios, como no le p u e d e n argüir de pecado, puesto que d u r a n t e su vida venció su malicia, se llegan para ver si p u d i e r a n conseguir algo. Lo hacen con formas h o r r e n d a s para producir miedo con su feísimo aspecto, con muchas y diversas fantasías, pero como en el alma no existe el veneno del pecado, su aspecto no le d a temor ni miedo, como ocurrirá al que ha vivido malam e n t e en este m u n d o . Viendo el d e m o n i o que el alma se ha sumergido en la sangre con ardentísima caridad, n o le p u e d e soportar y le arroja saetas desde lejos. N o d a ñ a n al alma sus ataques y gritos, ya q u e comienza a gustar la vida eterna, tal como te dije en otro lugar, puesto que con los ojos

El cuerpo místico de la Iglesia

321

del e n t e n d i m i e n t o , q u e p o s e e la pupila d e la santísima fe, ve q u e soy su infinito y e t e r n o Bien, a q u e l a q u i e n ella e s p e r a p o s e e r p o r gracia y n o p o r m é r i t o s u y o , e n v i r t u d d e la s a n g r e d e C r i s t o , m i Hijo. P o r ellos t i e n d e los b r a z o s d e la e s p e r a n z a y c o n las m a n o s del a m o r lo a b r a z a , e n t r a n d o e n su posesión a n t e s d e e s t a r e n la gloria. E n s e g u i d a , s u m e r g i d a e n la s a n g r e , e n t r a p o r la est r e c h a p u e r t a d e l V e r b o , se llega a mí, M a r d e q u i e t u d , p o r p e r m a n e c e r j u n t a m e n t e u n i d o s yo, M a r , c o n la P u e r t a , p o r q u e yo y m i V e r d a d s o m o s u n a m i s m a cosa. ¡ Q u é a l e g r í a recibe el a l m a q u e t a n d u l c e m e n t e se ve u n i d a e n ese m o m e n t o ! P o r q u e e x p e r i m e n t a el bien d e la n a t u r a l e z a angélica, y c o m o h a vivido e n c a r i d a d frat e r n a c o n su p r ó j i m o , p o r e s o participa del bien d e t o d o s los q u e v e r d a d e r a m e n t e la e x p e r i m e n t a n [los b i e n a v e n t u r a d o s ] , p o r la m i s m a c a r i d a d f r a t e r n a d e u n o s p a r a c o n o t r o s . Los b i e n a v e n t u r a d o s r e c i b e n a los q u e t a n d u l c e m e n t e e n t r a n . Mis m i n i s t r o s —los q u e te dije q u e h a b í a n vivido c o m o á n g e l e s — son m u c h o m e j o r recibid o s , p u e s e n esta vida vivieron c o n m u c h o m a y o r c o n o c i m i e n t o y h a m b r e d e m i h o n o r y d e la salvación d e las a l m a s . N o h a b l o sólo d e la luz d e la v i r t u d , q u e , e n gen e r a l , t o d o s p u e d e n t e n e r , sino d e la a l c a n z a d a p o r vivir v i r t u o s a m e n t e [la luz s o b r e n a t u r a l ] , sino q u e m e r e f i e r o a los q u e t u v i e r o n la luz d e la ciencia s a n t a , p o r la cual c o n o c i e r o n m á s acerca d e m i V e r d a d . Q u i e n m á s c o n o ce, m á s a m a , y q u i e n m á s a m a , m á s recibe. V u e s t r o m é rito es m e d i d o c o n la m e d i d a del a m o r '. Si m e p r e g u n t a s e s : «El q u e n o tiene la ciencia d e los santos, ¿ p u e d e alcanzar este a m o r ? C l a r o q u e es posible c o n s e g u i r l o ; p e r o , a u n q u e se p u e d e , u n caso p a r t i c u l a r n o hace ley p a r a t o d o s , y yo te h a b l o e n g e n e r a l . Es m á s , reciben m a y o r d i g n i d a d e n el cielo p o r el e s t a d o d e s a c e r d o t e , p o r q u e p r o p i a m e n t e les fue d a d o el oficio d e a l i m e n t a r s e d e almas p o r a m o r a mí. S u p o n i e n d o q u e a t o d o s sea d a d o p e r m a n e c e r e n la dilección d e la c a r i d a d p a r a v u e s t r o p r ó j i m o , sin e m b a r g o , c o m o a éstos les es d a d o a d m i n i s t r a r la s a n g r e y g o b e r n a r las a l m a s , si lo h a c e n c o n solicitud y c o n afecto d e v i r t u d , r e c i b e n m á s q u e los o t r o s . ' Mt 7,2.

El Diálogo

322

¡Qué feliz es su alma c u a n d o llega al m o m e n t o d e la muerte! Como han sido los pregoneros y defensores de la fe de su prójimo, se le ha hecho connatural en la médula de su misma alma; con esa fe m e ven a mí en el prójimo. La esperanza con que han vivido, confiando en mi providencia, ha hecho que la p i e r d a n en sí mismos, es decir, en su ciencia. Tienen su confianza en mí, la pierden en sí mismos, y no p o n e n el afecto desordenad a m e n t e en criatura o cosa alguna creadas en razón d e su vida d e pobreza voluntaria. Su corazón fue u n vaso d e elección que llevaba mi nombre . Predicaban la caridad con el ejemplo d e una vida santa y con la enseñanza verbal a su prójimo. Se levantan, en consecuencia, con inefable a m o r y me abrazan con afecto d e a m o r a mí, q u e soy su Fin, trayéndome la margarita d e la justicia, que siempre tuvieron presente ante sí c u a n d o hacía justicia a cada u n o y repartía con discreción lo que les e r a debido. Por eso me ofrecen la justicia con v e r d a d e r a humildad y d a n gloria y alabanza a mi n o m b r e . Me la d a n por haber obtenido d e mí el d o n d e la gracia con p u r a y santa conciencia en el tiempo o p o r t u n o . A sí mismos se d a n la indignación, j u z g á n d o s e indignos d e haberla recibido, y q u e sea e n tanta abundancia. Su conciencia me d a buena p r u e b a d e ello, y yo les doy con toda equidad la corona de la justicia, a d o r n a d a de la margarita d e las virtudes; es decir, del fruto q u e la caridad ha obtenido d e las virtudes. ¡Oh ángeles d e la tierra! Bienaventurados, que no habéis sido ingratos a los beneficios recibidos d e mí y n o habéis caído ni en negligencia ni en ignorancia. Solícitos, con la v e r d a d e r a luz mantuvisteis los ojos abiertos sobre vuestros subditos, y, como pastores fieles y valientes, habéis seguido las enseñanzas del v e r d a d e r o y b u e n Pastor, el dulce Cristo Jesús, mi Hijo unigénito. Con ello pasasteis realmente p o r El, bañados y anegados e n su sangre, con el rebaño de vuestras ovejas. Por medio d e vuestras enseñanzas y de vuestra vida habéis c o n d u cido muchas de ellas a la vida p e r d u r a b l e y a muchas de ellas las habéis dejado en estado d e gracia. 2

2

Act 9,15.

El cuerpo místico de la Iglesia

323

¡Oh hija q u e r i d í s i m a ! A éstos n o les p e r j u d i c a la visión d e los d e m o n i o s , p o r q u e m e ven a m í — m e ven p o r la fe y m e p o s e e n p o r a m o r — , y c o m o e n ellos n o h a y v e n e n o d e p e c a d o , tinieblas ni f e a l d a d , la vista d e los d e m o n i o s n o les h a c e d a ñ o ni p r o d u c e t e m o r a l g u n o , p u e s t o q u e e n ellos n o existe t e m o r servil, s i n o t e m o r s a n t o . N o t e m e n sus e n g a ñ o s , p o r q u e los r e c o n o c e n a la luz d e la S a g r a d a E s c r i t u r a , d e m o d o q u e n o r e c i b e n p o r ellos o s c u r i d a d ni t u r b a c i ó n e n el e s p í r i t u . Así, con gloria t a n s i n g u l a r , p a s a n b a ñ a d o s e n la s a n g r e , c o n h a m b r e d e la salvación d e las a l m a s , a r d i e n d o e n la carid a d p a r a c o n el p r ó j i m o . P a s a n p o r la p u e r t a d e l V e r b o y e n t r a n e n mí. P o r m i b o n d a d , c a d a u n o es c o l o c a d o e n su e s t a d o , m e d i d o s e g ú n la m e d i d a q u e m e h a n t r a í d o e n el afecto d e la c a r i d a d . 132 [La muerte de los pecadores.—Sus penas en la hora de la muerte.] ¡Hija q u e r i d í s i m a ! N o es t a n g r a n d e la excelencia d e éstos c o m o lo es la m i s e r i a d e los d e s v e n t u r a d o s d e q u e te h e h a b l a d o . ¡ Q u é t e r r i b l e y llena d e o s c u r i d a d es su m u e r t e ! P o r q u e , e n el ú l t i m o m o m e n t o , los d e m o n i o s les a c u s a n c o n t e r r o r y o s c u r i d a d , m o s t r á n d o l e s su figur a , q u e sabes lo h o r r i b l e q u e es. Si la c r i a t u r a p u d i e r a elegir e n esta vida, p r e f e r i r í a s u f r i r c u a l q u i e r d o l o r a n tes q u e t e n e r la visión d e l d e m o n i o . Se r e n u e v a , a d e m á s , el r e m o r d i m i e n t o d e la c o n c i e n cia, q u e r o e al a l m a m i s e r a b l e m e n t e . La a c u s a n las d e s o r d e n a d a s delicias y los p r o p i o s s e n t i d o s , d e los q u e hizo su s e ñ o r , esclavizando su r a z ó n a ellos. Es c u a n d o ve la v e r d a d d e lo q u e a n t e s d e s c o n o c í a , d e d o n d e le viene u n a g r a n c o n f u s i ó n p o r c a u s a d e sus equivocacion e s . E n la vida vivió c o m o u n i n c r é d u l o y n o c o m o fiel a m í , p o r q u e el a m o r p r o p i o le t a p ó la p u p i l a d e la luz s a n t í s i m a d e la fe; y el d e m o n i o le t i e n t a c o n ese p e c a d o c o m e t i d o p a r a h a c e r l e c a e r e n la d e s e s p e r a c i ó n . ¡ Q u é d u r o le es este a t a q u e ! Se halla d e s a r m a d o y n o e n c u e n t r a las a r m a s d e la c a r i d a d , p o r q u e , c o m o m i e m b r o d e l d i a b l o , está p r i v a d o d e t o d o . N o t i e n e ni la luz s o b r e n a t u r a l ni la d e la ciencia, p o r n o h a b e r l a e n t e n d i d o , p u e s los c u e r n o s d e la s o b e r b i a n o le d e j a r o n c o m -

324

El Diálogo

p r e n d e r la d u l z u r a d e su esencia; p o r eso, a h o r a , en los g r a n d e s combates, n o sabe q u é hacerse. N o se ha alim e n t a d o d e la esperanza p o r no h a b e r confiado en mí ni en la s a n g r e d e la q u e le hice ministro, sino sólo d e sí mismo y d e su posición social y placeres del m u n d o . N o veía el miserable d e m o n i o d e c a r n e q u e sus riquezas provenían d e la u s u r a y q u e , c o m o d e u d o r , tenía q u e d a r m e c u e n t a a mí. A h o r a se e n c u e n t r a d e s n u d o , sin virtud alguna, y a cualquier lado d o n d e mire no oye sino improperios e n m e d i o d e u n a g r a n confusión. Su injusticia, la ejercida p o r él en la vida, le acusa la conciencia, y n o se atreve más q u e a pedir justicia. T e aseguro q u e su v e r g ü e n z a y turbación es grandísima, si n o se h a a c o s t u m b r a d o en su vida a esperar en mi misericordia. Si c u a n d o llegue el m o m e n t o d e la m u e r t e r e conoce su p e c a d o y descarga la conciencia p o r la santa confesión p a r a q u i t a r la presunción y n o o f e n d e r m e más, entonces p r e d o m i n a la misericordia para éstos; sin e m b a r g o , si se tiene en cuenta sus pecados, es u n a p r e sunción, p o r q u e o f e n d e n p e n s a n d o e n la misericordia, y p o r esto es m á s bien abuso, a u n q u e se hayan figurado q u e invocan la misericordia. Invocándola de verdad p u e d e n r e c o b r a r la esperanza, si q u i e r e n , pues si n o fuese p o r esto, n a d i e habría q u e n o desesperase, y p o r la desesperación llegaría a la e t e r n a condenación. Esto obliga a mi misericordia a hacerles confiar, si bien no la c o n c e d o p a r a q u e m e o f e n d a n con esa confianza, sino p a r a q u e a u m e n t e n e n caridad y en la consideración d e mi b o n d a d . Pero ellos la utilizan para lo contrario, p o r q u e m e o f e n d e n con su confianza en mi misericordia. A pesar de todo, les m a n t e n g o en la esperanza d e la misericordia a fin d e q u e e n el m o m e n t o de la m u e r t e t e n g a n a q u é a g a r r a r s e , n o desfallezcan en la reprensión y n o lleguen a la desesperación. Más desagradable q u e todos los pecados cometidos m e es, y a ellos les causa más d a ñ o , este último pecado de la desesperación. Se perjudican más y m e es más desagradable, p o r q u e los otros pecados q u e c o m e t e n los hacen con alg ú n deleite d e los propios sentidos y de ellos se a r r e pienten algunas veces. A tanto p u e d e llegar su a r r e p e n timiento, q u e reciben misericordia. Pero al pecado de la desesperación n o son inducidos p o r la fragilidad, sino

El cuerpo místico de la Iglesia

325

p o r n o e n c o n t r a r deleite a l g u n o ni o t r a cosa q u e u n a p e n a intolerable. P o r ella d e s p r e c i a n m i m i s e r i c o r d i a al c o n s i d e r a r m a y o r su p e c a d o q u e m i m i s e r i c o r d i a y mi b o n d a d . P o r lo q u e , caídos e n este p e c a d o , n o se a r r e p i e n t e n ni t i e n e n d o l o r v e r d a d e r o p o r m i ofensa, c o m o d e b e r í a n t e n e r l o . Se d u e l e n d e su d a ñ o , p e r o n o d e la o f e n s a h e c h a a m í , y d e este m o d o r e c i b e n la e t e r n a condenación. Ves, p u e s , q u e sólo este p e c a d o les lleva al i n f i e r n o , d o n d e son a t o r m e n t a d o s p o r este y o t r o s p e c a d o s c o m e tidos. Si se h u b i e r a n d o l i d o y a r r e p e n t i d o d e la ofensa h e c h a a m í y h u b i e r a n e s p e r a d o e n m i m i s e r i c o r d i a , la h a b r í a n h a l l a d o . C o m o , sin c o m p a r a c i ó n a l g u n a , es m a y o r m i m i s e r i c o r d i a q u e t o d o s los p e c a d o s q u e p u e d e c o m e t e r u n a c r i a t u r a , p o r eso m e d e s a g r a d a q u e d e n m á s i m p o r t a n c i a a sus p e c a d o s , y éste es el p e c a d o q u e n o es p e r d o n a d o ni a q u í ni allí. C o m o e n el m o m e n t o • d e la m u e r t e , l u e g o d e h a b e r p a s a d o su vida e n ofensas, m e d e s a g r a d a s o b r e m a n e r a la d e s e s p e r a c i ó n y q u i s i e r a q u e se a g a r r a s e n a m i m i s e r i c o r d i a , p o r esto e n la vida u s o c o n ellos la e s t r a t a g e m a d e h a c e r l e s c o n f i a r ampliam e n t e en mi misericordia, pues c u a n d o interiormente se hallan fortalecidos c o n ella, al llegar la m u e r t e , n o son t a n inclinados a a b a n d o n a r l a a c a u s a d e las graves acusaciones q u e c o n t r a ellos o y e n , c o m o h a r í a n si n o e s t u v i e r a n i n t e r i o r m e n t e fortalecidos. T o d o esto lo p r o d u c e el fuego y la p r o f u n d i d a d d e mi c a r i d a d . P e r o c o m o h a n u s a d o las tinieblas d e l a m o r propio, de d o n d e ha nacido todo pecado, no han conocido d e veras m i c a r i d a d , y, c o n s i g u i e n t e m e n t e , se les h a i m p u t a d o m á s a su g r a n p r e s u n c i ó n q u e a su d e f e c t o la d u l z u r a d e la m i s e r i c o r d i a . Esta es o t r a acusación q u e les h a c e la conciencia e n p r e s e n c i a d e los d e m o n i o s , r e p r o c h á n d o l e s q u e el t i e m p o y la a m p l i t u d d e la miseric o r d i a e n q u e c o n f i a b a n d e b i e r a n h a b e r sido e m p l e a d o s e n a u m e n t a r la c a r i d a d y a m o r a la v i r t u d y e n gastar v i r t u o s a m e n t e lo q u e p o r a m o r les di, m i e n t r a s ellos m e o f e n d e n m i s e r a b l e m e n t e c o n ese t i e m p o y la excesiva confianza e n la misericordia. ¡ O h ciego y m á s q u e ciego! E n t e r r a b a s la m a r g a r i t a y el t a l e n t o q u e os p u s e e n las m a n o s p a r a q u e tuvierais g a n a n c i a s con él, y, c o m o p r e s u n t u o s o , n o quisiste h a c e r

El Diálogo

326

mi voluntad, antes bien lo escondiste bajo la tierra del a m o r propio d e s o r d e n a d o para con vosotros mismos. Ahora te d a él frutos de m u e r t e '. ¡Miserable de ti! ¡Qué grande es la p e n a que recibes en este último m o m e n t o ! T u s miserias no te son desconocidas, y p o r eso el gusano de la conciencia no d u e r m e ahora, antes bien te roe . Los demonios te gritan y d a n el premio que suelen d a r a sus servidores: confusión y reproche. Y para que en el m o m e n t o de la muerte no te escapes d e sus manos, quieren que llegues a la desesperación, y con ese fin te producen turbación, para q u e después, j u n t o con ellos, te den de lo q u e ellos tienen. ¡Oh miserable! La dignidad en q u e te coloqué se te presenta resplandeciente, tal como es, para tu vergüenza, sabiendo q u e tú la has tenido y usado en las tenebrosidades del pecado. De los bienes de la santa Iglesia q u e puse ante ti eres d e u d o r y ladrón; d e ellos debiste d a r lo debido a los pobres y a la santa Iglesia. Ahora tu conciencia te los representa y cómo los has gastado con meretrices públicas y con ellos has alimentado a los hijos, enriquecido a los parientes; te los has comido y con ellos has a d o r n a d o la casa y comprado vajilla de piata, cuando debías vivir en pobreza voluntaria. Ante tu conciencia se presenta el oficio divino, q u e abandonaste, sin preocuparte de q u e cometías u n pecado mortal; y, si lo recitabas con la boca, el corazón se hallaba lejos de mí. En cuanto a tus subditos, es decir, en cuanto a la caridad y h a m b r e q u e acerca de ellos debiste tener, alimentándolos en la virtud, dándoles ejemplo de vida y el misericordioso castigo, o el d u r o de la justicia, tú hiciste lo contrario, y te reprocha la conciencia ante la espantosa presencia de los demonios. Y si tú, prelado, has d a d o cargos o c u r a de almas a algún subdito con injusticia, es decir, q u e no has mirado ni a quién ni cómo se los has d a d o , esto se te pone ante tu conciencia, porque los debiste d a r no en razón de palabras aduladoras, ni por a g r a d a r a las criaturas, ni por regalos, sino en atención a la virtud, por h o n o r mío y por la salvación d e las almas. Como no lo has hecho, eres acusado, y para mayor confusión tienes delante la 2

1

Mt 25,14-30.

2

Is 66,24; Me 9,43-47.

El cuerpo místico de la Iglesia

327

conciencia y la luz d e la inteligencia a p r o p ó s i t o d e lo q u e debiste h a c e r y d e lo q u e debiste evitar y lo h a s o m i tido. Q u i e r o q u e sepas, q u e r i d í s i m a hija, q u e lo blanco se ve, al l a d o d e lo n e g r o , y viceversa, m e j o r q u e n o c u a n d o a m b o s colores se hallan s e p a r a d o s . Así o c u r r e a estos miserables e n p a r t i c u l a r , y e n g e n e r a l a t o d o s , p o r q u e e n la m u e r t e , c u a n d o el a l m a c o m i e n z a a v e r m e j o r sus d e s g r a c i a s y el j u s t o su b i e n a v e n t u r a n z a , a estos d e s g r a ciados se les r e p r e s e n t a su vida d e p e c a d o . N o necesitan q u e o t r o s se la p o n g a n d e l a n t e , p u e s t o q u e la conciencia lo h a c e t a n t o c o n los p e c a d o s c o m e t i d o s c o m o c o n las v i r t u d e s q u e d e b i e r o n practicar. ¿Por q u é las v i r t u d e s ? P a r a m a y o r v e r g ü e n z a suya, p o r q u e , e s t a n d o la v i r t u d al l a d o d e l vicio, se r e c o n o c e m e j o r el p e c a d o , y c u a n t o m á s lo c o n o c e n , m a y o r v e r g ü e n z a p a d e c e n . P o r sus p e c a d o s c o n o c e n m e j o r la perfección d e las v i r t u d e s , d e « d o n d e les viene m a y o r d o l o r al ver q u e e n su vida h a n e s t a d o alejados d e la v i r t u d . Q u i e r o q u e sepas q u e e n el c o n o c i m i e n t o q u e t i e n e n del vicio ven c o n perfección el b i e n q u e se s e g u i r á al h o m b r e virtuoso y los s u f r i m i e n t o s q u e v e n d r á n al q u e h a p e r m a n e c i d o e n las tinieblas d e l p e c a d o m o r t a l . Les d o y este c o n o c i m i e n t o n o p a r a q u e l l e g u e n a la d e s e s p e r a c i ó n , sino al p e r f e c t o c o n o c i m i e n t o d e sí y la v e r g ü e n z a d e su p e c a d o ; p e r o c o n e s p e r a n z a , a fin d e q u e c o n la v e r g ü e n z a y el c o n o c i m i e n t o e x p í e n sus p e c a d o s y a p l a q u e n m i ira, p i d i e n d o h u m i l d e m e n t e la m i sericordia. El virtuoso a c r e c i e n t a p o r ello su gozo y con o c i m i e n t o d e mi c a r i d a d , p o r q u e a la gracia a t r i b u y e h a b e r s e g u i d o la v i r t u d y c a m i n a d o p o r la d o c t r i n a d e mi V e r d a d , d e b i é n d o l o a m í y n o a sí m i s m o ; p o r eso se a l e g r a e n mí. C o n este v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o gusta y recibe su fin d u l c e m e n t e , al m o d o q u e te dije e n o t r o lug a r . fAsí c o m o el u n o se llena d e gozo, o sea, el j u s t o , q u e h a vivido e n a r d e n t í s i m a c a r i d a d , el o s c u r o p e c a d o r se llena d e p e n o s a c o n f u s i ó n . Al j u s t o n o le h a c e n d a ñ o las tinieblas ni la visión del d e m o n i o , ni t e m e , p o r q u e sólo es el p e c a d o r q u i e n teme- y sale p e r j u d i c a d o . Los q u e h a n llevado su vida c o n lascivia y m u c h a s m a l d a d e s t i e n e n s u f r i m i e n t o s y t e m o r a n t e la p r e s e n c i a d e los d e m o n i o s . N o reciben el m a l d e la d e s e s p e r a c i ó n si n o

328

El Diálogo

quieren, p e r o sí el reproche y la reavivación de la conciencia, miedo y t e m o r en su horrible presencia. Ahora ves cuan diferente es, carísima hija, el sufrimiento y el combate de la m u e r t e en u n o s y en otros y cuan diferente es su fin. A los ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o he explicado y presentado una partecita muy pequeña. Es tanta la diferencia entre ambos combates, q u e es como c o m p a r a r el todo y la nada. A h o r a c o m p r e n d e s cuan g r a n d e es la ceguera del h o m b r e , y especialmente d e estos desventurados ministros, p o r q u e todo lo han recibido d e mí, y cuanto más iluminados se hallan por la Sagrada Escritura, tanto se hallan más obligados, y, en consecuencia, incurren en u n a g r a n d e e intolerable confusión. C o m o lo conocieron mejor en la vida por la Sagrada Escritura, en la m u e r t e conocen mejor los pecados cometidos y son puestos en mayores tormentos q u e los demás, mientras que los buenos son colocados en más alta dignidad. Les o c u r r e lo q u e al mal cristiano, q u e tiene en el infierno mayor t o r m e n t o que un p a g a n o , p o r q u e tuvo la luz de la fe y renunció a ella, mientras q u e el otro no la tuvo. De igual m o d o , estos ministros t e n d r á n mayor castigo por la misma culpa q u e los d e m á s cristianos, a causa del ministerio q u e les otorgué c u a n d o los puse para q u e administrasen el santo sacramento,y p o r q u e tuvieron la luz d e la ciencia para p o d e r discernir la verdad en beneficio suyo y d e los demás, si hubiesen q u e r i d o , y p o r esta razón reciben con justicia mayores castigos. Sin e m b a r g o , estos miserables n o se d a n cuenta d e q u e , si h u b i e r a n tenido u n mínimo de consideración a su estado, n o se verían en tantos males, sino que serían lo que d e b e n ser y no son. Más bien están todos c o r r o m pidos, o b r a n d o peor q u e los seglares de su clase, p o r lo q u e m a n c h a n la faz d e su alma con sus pestilencias, cor r o m p e n a sus subditos y c h u p a n la sangre d e mi esposa, es decir, d e la santa Iglesia. C o n sus pecados la hacen palidecer, esto es, q u e el a m o r y afecto q u e deben t e n e r a esta esposa lo han puesto en sí mismos, y no buscan sino arruinarla y conseguir prelaturas y grandes réditos, c u a n d o deberían buscar las almas. Por su mala vida llegan los seglares a la falta de reverencia y obediencia a la

329

El cuerpo mísHco de la Iglesia

s a n t a Iglesia, si b i e n ellos n o d e b e r í a n o b r a r así, ni p u e d e n d i s c u l p a r s e c o n los p e c a d o s d e sus m i n i s t r o s .

RECAPITULACIÓN AL

Y NUEVA LLANTO

INVITACIÓN

133 [Resumen de lo anterior.—Dios prohibe en absoluto que los seglares pongan las manos en los sacerdotes.— Invitación a llorar por esos infelices sacerdotes.] T e podría hablar d e más pecados, p e r o no quiero a t o r m e n t a r t u s o í d o s . T e h e c o n t a d o e s t o p a r a satisfacer t u s d e s e o s y p a r a q u e seas m á s solícita e n p r e s e n t a r a n t e mí, p o r ellos, d u l c e s y a m o r o s o s d e s e o s . T e h e h a b l a d o d e la excelencia e n q u e les h e c o l o c a d o y d e l t e s o r o q u e os h e r e p a r t i d o p o r su m a n o , o sea, d e l s a n t o s a c r a m e n t o , t o d o Dios y t o d o h o m b r e . T e p u s e la s e m e j a n z a d e l sol p a r a q u e vieses q u e p o r sus d e f e c t o s n o se m e n g u a la eficacia d e este s a c r a m e n t o , y, p o r lo m i s m o , n o q u i e r o q u e d i s m i n u y a la r e v e r e n c i a a mis m i n i s t r o s . T e h e m o s t r a d o la excelencia d e los v i r t u o s o s , e n los q u e r e l u c e la m a r g a r i t a d e la v i r t u d y d e la s a n t a justicia. T e h e m a n i f e s t a d o c u á n t o m e d e s a g r a d a la o f e n s a q u e c o m e t e n los p e r s e g u i d o r e s d e la s a n t a Iglesia y la i r r e v e r e n c i a q u e t i e n e n a la s a n g r e , p u e s c o n s i d e r o su p e r s e c u c i ó n c o m o h e c h a a la s a n g r e y n o a ellos, p o r q u e t e n g o p r o h i b i d o q u e t o q u e n a «mis cristos» . T e a c a b o d e e x p l i c a r su v i t u p e r a b l e c o n d u c t a , c u a n m i s e r a b l e m e n t e viven, y c u á n t a p e n a y c o n f u s i ó n t i e n e n e n la m u e r t e , y c u a n c r u e l m e n t e son t o r t u r a d o s — m á s q u e los d e m á s — d e s p u é s d e ella. H e c u m p l i d o lo q u e te h a b í a p r o m e t i d o , es d e c i r , h a b l a r t e algo d e su vida, y así h e satisfecho tu p e t i c i ó n . T e r e p i t o a h o r a q u e , a p e s a r d e t o d o s sus p e c a d o s y a u n q u e t u v i e r a n m á s , n o q u i e r o q u e s e g l a r a l g u n o se m e t a c o n a u t o r i d a d a c a s t i g a r l o s . Si lo h a c e n , n o q u e d a r á sin castigo su culpa, a n o s e r q u e la e x p í e n c o n la c o n trición d e c o r a z ó n y c o n la e n m i e n d a d e sus p e c a d o s . l

• Sal 1 0 4 , 1 5 .

330

El Diálogo

T a n t o u n o s c o m o otros son d e m o n i o s con carne, y, p o r la divina justicia, u n d e m o n i o castiga al otro, y pecan tanto u n o c o m o el o t r o . El seglar n o se halla disculpado por el p e c a d o d e su prelado, ni el p r e l a d o p o r el pecado del seglar. A h o r a te invito, carísima hija, a ti y a los otros servidores míos, a llorar p o r estos m u e r t o s y a p e r m a n e c e r e n el j a r d í n d e la santa Iglesia, a alimentaros con el santo deseo y c o n t i n u a d a s oraciones, ofreciéndomelas p o r ellos, pues yo q u i e r o hacer misericordia al m u n d o . No os apartéis d e este alimento a causa d e las injurias o prosperidad, es decir, q u e no q u i e r o q u e mostréis soberbia, ni impaciencia, ni d e s o r d e n a d a alegría, sino q u e atendáis con h u m i l d a d a mi h o n o r , a la salvación d e las almas y a la r e f o r m a d e la santa Iglesia. Esto será p a r a mí la señal d e q u e tú y los otros m e amáis de veras. Sabes q u e te h e manifestado q u e quería q u e tú y los otros fueseis ovejas q u e se alimentan siempre e n el j a r d í n d e la santa Iglesia, sufriendo trabajos hasta el m o m e n t o de la m u e r t e . Si obras así, satisfaré tus deseos.

ALABANZA A DIOS: LUZ Y FUEGO.—CARIDAD SUPREMA.-CUMPUDOR DE LOS DESEOS.— PETICIÓN POR EL MUNDO Y POR LA IGLESIA 134 [Esta a l m a d e v o t a , a l a b a n d o y b e n d i c i e n d o a Dios, o r a p o r la s a n t a I g l e s i a . ]

Entonces, aquel alma, como ebria, angustiada y ard i e n d o de a m o r , h e r i d o su corazón p o r u n a gran amargura, se volvió a la s u m a y e t e r n a B o n d a d , diciendo: ¡Oh Dios e t e r n o , luz sobre toda luz, de quien p r o c e d e toda iluminación! ¡Oh fuego sobre todo fuego, q u e eres el único fuego q u e a r d e y n o se acaba! Consum e t o d o pecado y a m o r propio q u e se halle en mi alma. N o la c o n s u m a s aflictivamente, sino hazla crecer con insaciable a m o r , pues, c u a n d o la sacias, no se llena, sino q u e te desea siempre; c u a n t o m á s te posee, más te busca, y c u a n t o más te busca, más te desea, y, al desearte más, más te e n c u e n t r a y más gusta d e ti, s u m o y e t e r n o fuego, abismo d e caridad.

El cuerpo místico de la Iglesia

331

¡Oh s u m o y e t e r n o B i e n ! ¿ Q u i é n te h a m o v i d o , Dios infinito, a i l u m i n a r m e a mí, u n a c r i a t u r a tuya, finita, c o n la luz d e tu v e r d a d ? T ú , el m i s m o f u e g o d e a m o r , e r e s la causa, p o r q u e s i e m p r e el a m o r es el q u e h a oblig a d o y te obliga a c r e a r n o s a i m a g e n y s e m e j a n z a tuya y a hacernos misericordia, o t o r g a n d o infinitas e i n c o n m e n s u r a b l e s gracias a tus c r i a t u r a s racionales. ¡Oh B o n d a d s o b r e t o d a b o n d a d ! T ú solo e r e s s u m a m e n t e b u e n o , y h a s t a nos diste al V e r b o d e tu u n i g é n i t o Hijo p a r a q u e t r a t a r a c o n n o s o t r o s , q u e s o m o s h e d o r y p l e n i t u d d e tinieblas. ¿Cuál fue la c a u s a d e esto? El amor, p o r q u e nos amaste antes d e que existiéramos. ¡Oh B o n d a d y e t e r n a G r a n d e z a ! T e hiciste bajo y p e q u e ñ o p a r a h a c e r g r a n d e al h o m b r e . A c u a l q u i e r p a r t e q u e m e vuelvo, n o e n c u e n t r o o t r a cosa q u e el a b i s m o y fuego d e tu c a r i d a d . ¿Y seré yo la m i s e r a b l e q u e p u e d a r e s p o n d e r a las gracias y a la a r d i e n t e c a r i d a d q u e has m a n i f e s t a d o y manifiestas con tan a r d i e n t e a m o r e n p a r t i c u l a r , a d e m á s d e la c a r i d a d c o m ú n y a m o r q u e manifiestas a las c r i a t u ras? N o , sino ú n i c a m e n t e tú, dulcísimo y a m o r o s o Pad r e , serás lo q u e te p u e d e a g r a d a r a ti e n l u g a r m í o , es decir, q u e el afecto d e m i s m a c a r i d a d te d a r á gracias, p u e s t o q u e yo soy la q u e soy n a d a . Si dijese q u e e r a algo p o r m í m i s m a , m e n t i r í a d e pies a cabeza, sería m e n t i r o sa e hija d e l d e m o n i o , q u e es p a d r e d e la m e n t i r a . P e r o c o m o t ú e r e s el q u e es, m i ser, t o d a la gracia q u e m e h a s o t o r g a d o la t e n g o d e ti y m e la has d a d o p o r a m o r y n o p o r q u e debieras hacerlo. ¡ O h dulcísimo P a d r e ! C u a n d o el g é n e r o h u m a n o yacía e n f e r m o a c a u s a d e l p e c a d o m o r t a l , tú le enviaste el m é d i c o , el d u l c e y a m o r o s o V e r b o . A h o r a , c u a n d o yo yacía e n f e r m a d e n e g l i g e n c i a y m u c h a i g n o r a n c i a , tú, suavísimo y d u l c í s i m o M é d i c o , Dios e t e r n o , m e h a s d a d o u n a suave m e d i c i n a , d u l c e y a m a r g a p a r a q u e c u r e y m e l e v a n t e d e mi e n f e r m e d a d . Suave m e es, p u e s c o n s u a v i d a d y c a r i d a d te h a s m a n i f e s t a d o a m í . M e es d u l c e s o b r e t o d a d u l z u r a , p o r q u e has i l u m i n a d o los ojos d e mi e n t e n d i m i e n t o c o n la luz d e la santísima fe. P o r esa luz, 1

2

' C r ó n 6,28 Le 5 , 3 1 . 2

332

El Diálogo

s e g ú n te p l u g o m a n i f e s t a r m e , conocí la gracia y excelencia q u e has d a d o al g é n e r o h u m a n o , r e p a r t i e n d o a t o d o Dios y t o d o h o m b r e e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia, y has o t o r g a d o t a m b i é n la d i g n i d a d a los ministros q u e has p u e s t o p a r a q u e nos g o b i e r n e n . Q u e r í a q u e satisficieses la p r o m e s a q u e m e hiciste, y m e diste m á s al c o n c e d e r m e lo q u e ni yo misma sabía p e d i r . Por eso conozco q u e , e n v e r d a d , el corazón h u m a n o n o sabe p e d i r ni d e s e a r t a n t o c o m o tú das," y así c o m p r e n d o q u e tú eres el q u e e r e s , infinito y e t e r n o Bien, y n o s o t r o s los q u e n o somos. C o m o eres infinito y nosotros limitados, p o r eso concedes lo q u e tu c r i a t u r a racional n o sabe ni siquiera d e sear, ni el m o d o con q u e tú sabes, p u e d e s y quieres d a r gusto al alma y saciarla d e cosas q u e n o te p i d e , lo mism o q u e d e s c o n o c e el m o d o tan suave y a g r a d a b l e con q u e has d a d o tus bienes. Por eso h e recibido luz en tu g r a n d e z a y c a r i d a d p o r el a m o r q u e h a s manifestado a t o d o el g é n e r o h u m a n o , y s i n g u l a r m e n t e a tus u n g i d o s , q u e d e b e n ser ángeles terrestres e n esta vida. Has mostrado la virtud y bienaventuranza d e estos tus ungidos q u e h a n vivido c o m o l á m p a r a s a r d i e n t e s con la m a r g a r i ta d e la justicia e n la santa Iglesia. D e este m o d o h e conocido el p e c a d o d e los q u e viven m i s e r a b l e m e n t e , d e d o n d e h e c o n c e b i d o g r a n d í s i m o d o l o r p o r la ofensa a ti y el perjuicio p a r a el m u n d o e n t e r o , p u e s t o q u e h a c e n d a ñ o al m u n d o c o m o espejos d e miseria, c u a n d o d e b e rían serlo d e v i r t u d . H e t e n i d o u n intolerable sufrim i e n t o p o r q u e m e lo has m a n i f e s t a d o a mí, miserable, causa e i n s t r u m e n t o d e m u c h o s p e c a d o s , l a m e n t á n d o t e d e sus i n i q u i d a d e s . T u a m o r inestimable lo has m o s t r a d o d á n d o m e la medicina dulce y a m a r g a p a r a q u e m e levante del t o d o d e la e n f e r m e d a d d e la ignorancia y d e la negligencia, p a r a q u e con solicitud y a n h e l a n t e d e s e o r e c u r r a a ti con o c i é n d o m e a mí y a tu b o n d a d y p a r a q u e p o r las ofensas q u e te h a n h e c h o , especialmente tus ministros, d e r r a m e yo ríos d e lágrimas p o r mí y p o r estos m u e r t o s q u e tan m i s e r a b l e m e n t e viven, a t r a y é n d o l o s al conocim i e n t o d e tu infinita b o n d a d . P o r eso n o q u i e r o , fuego inefable, dilección d e c a r i d a d , P a d r e e t e r n o , q u e mi d e seo se d e t e n g a n u n c a e n el a n h e l o d e tu h o n o r y d e la

El cuerpo místico de la Iglesia

333

salvación d e las a l m a s , ni q u e mis ojos se c o n t e n g a n , sino q u e te p i d o , p o r gracia, q u e se c o n v i e r t a n e n d o s ríos d e a g u a q u e p r o c e d e d e ti, M a r d e p a z . Gracias, gracias a ti, P a d r e , q u e , satisfaciendo lo q u e te p r e g u n t é , m e h a s i n v i t a d o a p r e s e n t a r a n t e ti la o f r e n d a d e d u l c e s , a m o r o s o s y t o r t u r a n t e s d e s e o s con h u m i l d e y c o n t i n u a d a o r a c i ó n , d á n d o m e m a t e r i a p a r a el l l a n t o . A h o r a te p i d o q u e t e n g a s m i s e r i c o r d i a d e l m u n d o y d e tu s a n t a Iglesia. T e r u e g o q u e d e s c u m p l i m i e n t o a lo q u e m e haces pedir. ¡Pobre, miserable, dolorida alma m í a , r a z ó n d e t o d o mal! N o t a r d e s e n c o n c e d e r miseric o r d i a al m u n d o ; c o n d e s c i e n d e y c u m p l e c o n el d e s e o d e tus s e r v i d o r e s . ¡Ay d e mí! T ú e r e s q u i e n la obliga a c l a m a r ; p o r t a n t o , e s c u c h a su voz. T u V e r d a d dijo q u e , si c l a m á s e m o s , se n o s c o n t e s t a r í a ; si l l a m á r a m o s , se n o s a b r i r í a ; si p i d i é s e m o s , se n o s d a r í a . ¡Oh P a d r e e t e r n o ! T u s s e r v i d o r e s te p i d e n m i s e r i c o r d i a ; p o r t a n t o , r e s p ó n d e l e s . B i e n sé q u e el t e n e r m i s e r i c o r d i a te es c o n n a t u r a l , y p o r ello n o p u e d e s n e g a r t e a c o n c e d e r l a a q u i e n te la p i d e . Ellos l l a m a n a la p u e r t a d e tu V e r d a d p o r q u e e n ella, e n tu Hijo u n i g é n i t o , c o n o c e n el inefable a m o r q u e tienes al h o m b r e ; p o r e s o g o l p e a n a tu p u e r t a . El f u e g o d e tu c a r i d a d , p u e s , n o p u e d e sufrir q u e n o a b r a s a q u i e n llama c o n p e r s e v e r a n c i a . A b r e , p o r t a n t o . C o r r e el c e r r o j o y r o m p e los e n d u r e cidos c o r a z o n e s d e tus c r i a t u r a s . H a z l o p o r tu infinita b o n d a d y p o r el a m o r a t u s s e r v i d o r e s q u e l l a m a n e n lug a r d e ellos; n o p o r ellos, q u e n o l l a m a n . C o n c é d e l o , Pad r e e t e r n o , p u e s ves q u e se e n c u e n t r a n a la p u e r t a d e tu V e r d a d y p i d e n . ¿ Q u é p i d e n ? L a s a n g r e d e esta p u e r t a , tu V e r d a d . P o r ella tú les h a s l a v a d o d e la m a l d a d y q u i t a d o la m a n c h a del p e c a d o d e A d á n . La s a n g r e es n u e s t r a , p o r q u e d e ella hiciste b a ñ o p a r a n o s o t r o s . N o lo p u e d e s n e g a r , n o lo q u i e r a s n e g a r a q u i e n d e v e r a s te lo p i d e . Da, p o r t a n t o , el f r u t o d e la s a n g r e a t u s c r i a t u r a s . P o n e n la b a l a n z a el p r e c i o d e la s a n g r e d e tu Hijo p a r a q u e los d e m o n i o s i n f e r n a l e s n o se lleven t u s ovejuelas. ¡ O h ! Sé el P a s t o r b u e n o , p u e s n o s diste al v e r d a d e r o P a s t o r , tu Hijo u n i g é n i t o , q u i e n p o r o b e d i e n c i a a ti d i o la vida p o r sus o v e j a s y d e la s a n g r e hizo u n b a ñ o . Esta 3

4

5 4

M t 7,7. J n 10,11.

334

El Diálogo

es la s a n g r e q u e , a la p u e r t a , te p i d e n tus servidores c o m o h a m b r i e n t o s . Por ella te p i d e n q u e concedas misericordia al m u n d o y q u e vuelva a florecer la santa Iglesia con las fragantes flores d e b u e n o s y santos pastores y con su p e r f u m e desvanezca la pestilencia d e los inicuos y podridos. P a d r e e t e r n o : tú dijiste q u e p o r el a m o r q u e has tenid o a tus c r i a t u r a s racionales harías misericordia al m u n d o , r e f o r m a r í a s la santa Iglesia, y así nos darías alivio m e d i a n t e la o r a c i ó n y los sufrimientos d e los n o culpables. N o te retrases e n volver los ojos d e tu misericordia, sino r e s p o n d e con la voz d e ella antes d e q u e llamemos. A b r e la p u e r t a d e la inestimable c a r i d a d q u e nos diste m e d i a n t e la p u e r t a del V e r b o . Sí; yo sé q u e abres antes d e q u e l l á m e n o s , p a r a q u e con el afecto del a m o r q u e has d a d o a tus servidores golpeen y te llamen con fuerza, b u s c a n d o tu h o n o r y la salvación d e las almas. Dales, p u e s , el p a n d e vida, es decir, el f r u t o d e la s a n g r e d e tu Hijo u n i g é n i t o , el q u e te p i d e n p a r a gloria y h o n o r d e tu n o m b r e y la salvación d e las almas. P o r q u e p a r e c e q u e te d a n m á s gloria y alabanza al salvar a las criaturas q u e en dejarlas, obstinadas, p e r m a n e c e r e n la d u r e z a d e su corazón. P a d r e e t e r n o , a ti te es posible t o d o . A u n q u e nos creaste sin nosotros, n o nos quieres salvar sin nosotros; sin e m b a r g o , te r u e g o q u e fuerces su v o l u n t a d y los dispongas p a r a q u e q u i e r a n lo q u e a h o r a n o quier e n . Esto te p i d o p o r tu infinita misericordia. Nos creaste d e la n a d a ; p o r lo tanto, a h o r a q u e existimos, haznos misericordia; r e s t a u r a los vasos q u e has c r e a d o y formad o a tu i m a g e n y s e m e j a n z a y vuelve a f o r m a r l o s en la gracia p o r tu misericordia y p o r la sangre d e tu Hijo. 5

» J n 10,7.

LA P R O V I D E N C I A PROVIDENCIA

DIVINA

GENERAL

\En la creación y redención. —En los sacramentos. —En el don de la esperanza.—En la ley.] 135 [Aquí comienza el tratado de la providencia de Dios.—Ea providencia en general y la creación del hombre a su imagen y s e m e j a n z a . — D i o s p r o v e e c o n la e n c a r n a c i ó n d e su H i j o . — P u e r t a d e l p a r a í s o c e r r a d a p o r el p e c a d o d e Adán.—Providencia dándose en comida continuamente en el sacramento del altar.] E n t o n c e s , el s u m o y e t e r n o P a d r e , c o n i n e f a b l e d i g n i d a d , volvió los ojos d e su c l e m e n c i a hacia ellos, q u e r i e n d o c o m o m o s t r a r q u e su p r o v i d e n c i a n o falta n u n c a e n las cosas d e los h o m b r e s , c o n tal d e q u e el h o m b r e la quiera aceptar. Lo manifestó quejándose dulcemente del h o m b r e , h a b l a n d o d e e s t e m o d o : ¡ O h q u e r i d í s i m a hija mía! C o m o te h e d i c h o e n o t r o s l u g a r e s , q u i e r o ser m i s e r i c o r d i o s o c o n el m u n d o y tener providencia d e mi criatura racional en toda neces i d a d . P e r o el h o m b r e , i g n o r a n t e , c o n v i e r t e e n m u e r t e lo q u e yo le doy p a r a vida, v o l v i é n d o s e c r u e l consigo m i s m o . Yo s i e m p r e t e n g o p r o v i d e n c i a , y te h a g o s a b e r q u e lo q u e h e d a d o al h o m b r e es d e u n a g r a n p r o v i d e n cia. P o r ella lo c r e é . C u a n d o m e m i r é a m í m i s m o , m e e n a m o r é de mi criatura. Me plugo crearla a imagen y s e m e j a n z a m í a c o n g r a n solicitud. D e t e r m i n é d a r l e m e m o r i a p a r a q u e se a c o r d a s e d e mis beneficios, h a c i é n d o la p a r t í c i p e d e m i p o d e r ; d e mí, el P a d r e e t e r n o . L e p r o p o r c i o n é inteligencia p a r a q u e e n la s a b i d u r í a d e m i Hijo u n i g é n i t o e n t e n d i e s e y conociese la v o l u n t a d m í a , del e t e r n o P a d r e q u e le h a d a d o gracias c o n t a n t o a m o r . Le d i la v o l u n t a d p a r a a m a r , p a r t i c i p a n d o d e l Espíritu S a n t o , p a r a q u e p u d i e s e a m a r lo q u e la inteligencia había visto y c o n o c i d o . x

» Cf. c . 5 1 .

336

El Diálogo

Esto efectuó m i dulcísima providencia sólo p a r a q u e fuese capaz d e c o m p r e n d e r m e , g u s t a r m e y gozar d e mi b o n d a d e n mi e t e r n a visión. Y, c o m o e n m u c h o s l u g a r e s te h e r e f e r i d o , p a r a q u e alcanzase este fin, hallándose c e r r a d o el cielo p o r la culpa d e A d á n , q u e n o reconoció su d i g n i d a d , y p a r a evitar el c a m i n o q u e lleva a la p e r d i ción, socorrí al h o m b r e , d á n d o o s al V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o c o n g r a n p r u d e n c i a y providencia en el socor r o d e vuestras necesidades. A d á n n o t u v o e n c u e n t a con q u é solicitud y a m o r inefable lo había yo c r e a d o . Por desconocerlas cayó e n la desobediencia, y d e ésta e n la i n m u n d i c i a con soberbia y deseo d e a g r a d a r a la mujer. P o r a g r a d a r y c o n d e s c e n d e r con su c o m p a ñ e r a , a u n q u e acaso n o creyese lo q u e le decía, consintió e n q u e b r a n t a r mi obediencia antes q u e c o n t r a r i a r l a , y así, p o r esta desobediencia, llegaron todos los males. T o d o s se c o n t a g i a r o n d e este v e n e n o . T e h a b l a r é d e la desobediencia e n o t r o l u g a r y d e lo p e ligrosa q u e es y d e cuan r e c o m e n d a b l e es la obediencia. Dije q u e mi Hijo a c t u ó con p r u d e n c i a p o r q u e c o n el cebo d e vuestra h u m a n i d a d y el a n z u e l o d e mi divinid a d aprisioné al d e m o n i o , q u e n o p u d o c o n o c e r q u e El e r a mi V e r d a d . Esta, el V e r b o e n c a r n a d o , vino a consum i r y d e s t r u i r la m e n t i r a con q u e había e n g a ñ a d o al hombre. D e este m o d o u s ó mi p r u d e n c i a y providencia. Piensa, q u e r i d í s i m a hija, q u e n o la p o d r í a t e n e r m a y o r q u e d á n d o o s al V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o . A El le i m p u s e la g r a n obediencia p a r a e x t i r p a r el v e n e n o d e la d e s o b e diencia e n q u e había caído el g é n e r o h u m a n o . C o m o e n a m o r a d o y v e r d a d e r o o b e d i e n t e , corrió a la oprobiosa m u e r t e d e la santísima cruz, y c o n la m u e r t e nos d i o la vida; n o e n v i r t u d d e la h u m a n i d a d , sino d e mi divinid a d . Esta, p o r d e t e r m i n a c i ó n mía, d e c r e t ó satisfacer p o r el p e c a d o c o m e t i d o c o n t r a mí, Bien infinito. El p e c a d o r e q u e r í a satisfacción infinita, esto es, q u e la n a t u r a l e z a h u m a n a , q u e había o f e n d i d o y e r a finita, fuese u n i d a a algo infinito, p a r a q u e m e diese satisfacción a mí, Infinito, y a la n a t u r a l e z a h u m a n a , a los h o m b r e s q u e h a b í a n p a s a d o , a los p r e s e n t e s y a los v e n i d e r o s , d e m o d o q u e 2

2

Cf. c.21-28.

La providencia

divina

337

t a n t o c o m o h u b i e s e o f e n d i d o el h o m b r e , o t r o t a n t o enc o n t r a s e satisfacción, si q u e r í a volverse a m í d u r a n t e su vida. P o r esa u n i ó n d e a m b a s n a t u r a l e z a s habéis recibid o satisfacción p e r f e c t a . Esto hizo mi p r o v i d e n c i a , p u e s c o n la o b r a finita —finita e n el s u f r i m i e n t o d e l V e r b o e n la c r u z — habéis r e c i b i d o f r u t o infinito e n v i r t u d d e la d i v i n i d a d . Esta infinita y e t e r n a p r o v i d e n c i a mía, d e Dios, vuest r o P a d r e , T r i n i d a d e t e r n a , d e t e r m i n ó q u e se vistiese d e h o m b r e . Este había p e r d i d o la v e s t i d u r a d e la inocencia, y, d e s n u d o d e t o d a v i r t u d , p e r e c í a d e h a m b r e y m o r í a d e frío e n esta vida d e su p e r e g r i n a c i ó n . Se e n c o n t r a b a s o m e t i d o a t o d a miseria, c o n la p u e r t a del cielo c e r r a d a . H a b í a p e r d i d o t o d a e s p e r a n z a d e él. Si h u b i e r a p o d i d o alcanzar esta e s p e r a n z a , h a b r í a t e n i d o a l g ú n r e f r i g e r i o e n esta vida; p e r o n o la poseía, y p o r ello se hallaba e n g r a n aflicción. P e r o yo, p r o v i d e n c i a s u p r e m a , a t e n d í a esta n e c e s i d a d , p o r lo cual, n o o b l i g a d o p o r v u e s t r a j u s ticia y v i r t u d , sino p o r m i b o n d a d , os di el vestido p o r m e d i o d e este d u l c e y a m o r o s o Hijo m í o u n i g é n i t o , q u e , d e s p o j á n d o s e d e l a ' v i d a , os vistió d e g r a n inocencia y gracia. Estas las recibió e n el b a u t i s m o p o r la eficacia d e la s a n g r e , l a v a n d o la m a n c h a d e l p e c a d o o r i g i n a l e n q u e habéis s i d o c o n c e b i d o s , h e r e d a d o d e v u e s t r o p a d r e y d e vuestra m a d r e . P o r e s o d e c r e t ó satisfacer n o c o n s u f r i m i e n t o del c u e r p o , tal c o m o se a c o s t u m b r a b a e n el A n t i g u o T e s t a m e n t o al ser c i r c u n c i d a d o s , sino c o n la d u l z u r a del santo b a u t i s m o . D e este m o d o h a r e c i b i d o el h o m b r e u n n u e v o vestido. T a m b i é n le h a d a d o c a l o r el fuego d e mi c a r i d a d , q u e se halla o c u l t o bajo las cenizas d e vuest r a h u m a n i d a d , a través d e las llagas d e su c u e r p o . ¿Es q u e n o d i yo este calor al frío c o r a z ó n del h o m b r e ? Sí, a n o s e r q u e éste se halle o b s t i n a d o y c e g a d o p o r el a m o r p r o p i o y n o c o m p r e n d a q u e es a m a d o p o r mí t a n inefablemente. Mi p r o v i d e n c i a le h a d a d o a l i m e n t o p a r a r e c o n f o r t a r lo m i e n t r a s es c a m i n a n t e y p e r e g r i n o e n esta vida y h a d e b i l i t a d o a sus e n e m i g o s , p u e s n i n g u n o p u e d e p e r j u d i 3

> Gal 3,27.

El Diálogo

338

carie, sino él a sí mismo. El camino está edificado sobre la sangre d e mi V e r d a d para q u e p u e d a llegar al término, al fin para q u e le he c r e a d o . ¿Qué alimento es éste? C o m o en otro lugar te dije, es el cuerpo y la s a n g r e d e Cristo crucificado, q u e da vida; todo Dios y todo h o m b r e , alimento d e ángeles. Es comida que sacia y p r o d u c e deleite a todo el q u e tiene hambre, p e r o no al q u e no la tiene, pues es d e tal condición, q u e q u i e r e ser t o m a d a y a m o r o s a m e n t e gustada con la boca del santo deseo. Ves, p o r tanto, q u e mi providencia ha d e t e r m i n a d o apoyar al h o m b r e . 136 [ D i o s p r o v e y ó d a n d o la e s p e r a n z a a l a s c r i a t u r a s . Q u i e n t i e n e e s p e r a n z a m a y o r g u s t a m á s p e r f e c t a m e n t e d e su providencia. ]

T a m b i é n le he d a d o el alivio de la esperanza si mira con la luz de la santísima fe el precio de la sangre que se ha p a g a d o p o r él. Este precio le da esperanza firme y certeza d e salvación. En los oprobios de Cristo crucificado es devuelto el h o n o r al h o m b r e , y, puesto q u e m e o f e n d e con todos los miembros de su cuerpo, Cristo bendito, mi dulcísimo Hijo, ha sufrido y sufre en todo su c u e r p o grandísimos tormentos, y p o r su obediencia ha desaparecido vuestra desobediencia. Por esa obediencia habéis h e r e d a d o todos la gracia, como p o r la desobediencia heredasteis la culpa '. Esto os ha o t o r g a d o mi providencia, q u e desde el principio del m u n d o al día d e hoy ha socorrido y socor r e r á hasta el fin en las necesidades y p a r a la salvación del h o m b r e . Lo ha hecho p o r m u c h o s y variados medios; s e g ú n yo, perfecto y v e r d a d e r o Médico, veo q u e lo necesita p a r a devolverle la salud completa y para restaurarlo. Mi a y u d a n u n c a faltará a quien la quiera aceptar. Los q u e confían p l e n a m e n t e en mí e x p e r i m e n t a r á n providencia. Q u i e n confía en mí llama a mi p u e r t a , y llama d e veras; no sólo con las palabras, sino con el afecto y la luz d e la santísima fe. Sin e m b a r g o , los q u e sólo apor r e a n y llaman con el sonido d e las palabras, diciendo: 1

Rom

5,9.

La providencia

divina

339

«Señor, S e ñ o r » , te a s e g u r o q u e , si n o a c u d e n a mí c o n o t r a s v i r t u d e s , n o s e r á n r e c o n o c i d o s p o r m i misericordia . T e a s e g u r o , p u e s , q u e mi p r o v i d e n c i a n o faltará a los q u e d e veras confían e n mí, sino a los q u e d e s c o n fían y t i e n e n confianza e n sí m i s m o s . Sabes q u e n o se p u e d e p o n e r la e s p e r a n z a e n d o s cosas c o n t r a r i a s . Esto q u i s o significar mi V e r d a d e n el santo E v a n g e l i o c u a n d o dijo: « N i n g u n o p u e d e servir a d o s s e ñ o r e s , p o r q u e , si sirve a u n o , es c o n m e n o s p r e c i o del otro» . Él servir n o se d a sin e s p e r a n z a ; p o r lo q u e el siervo q u e sirve, lo h a c e c o n e s p e r a n z a d e a g r a d a r a su s e ñ o r o p o r el p r e m i o y utilidad q u e d e ello p u e d e sacar. Al e n e m i g o d e su s e ñ o r n o le serviría e n a b s o l u t o . N o p o d r í a h a c e r el servicio sin e s p e r a n z a a l g u n a y se vería p r i v a d o d e lo q u e e s p e r a b a d e su s e ñ o r . A h o r a piensa, carísima hija, lo q u e o c u r r e al a l m a y si es p r e c i s o q u e m e sirva y e s p e r e e n mí, o m á s bien sirva al m u n d o y esp e r e e n él y e n sí m i s m a . Se sirve al m u n d o sin c o n t a r c o n m i g o c u a n d o se sirve y a m a a los p r o p i o s s e n t i d o s . D e este servicio y a m o r se e s p e r a t e n e r el placer y el p r o v e c h o sensitivo. P e r o c o m o su e s p e r a n z a se fija e n lo finito, v a n o y t r a n s i t o r i o , p o r ello se rebaja y n o alcanza e n r e a l i d a d lo q u e d e s e a . M i e n t r a s e s p e r a e n sí y e n el m u n d o , n o lo h a c e e n mí, p o r q u e el m u n d o , o sea, los d e s e o s m u n d a n o s , q u e yo o d i o , t a n a b o m i n a b l e s m e h a n sido, q u e di a mi Hijo u n i g é n i t o la a f r e n t o s a m u e r t e d e c r u z . El m u n d o n o está c o n f o r m e c o n m i g o , ni yo c o n él. El a l m a q u e t o t a l m e n t e confía e n mí y m e sirve c o n t o d o su c o r a z ó n y t o d o su afecto, d e n e c e s i d a d tiene q u e p e r d e r la confianza e n ella m i s m a y e n el m u n d o , p o r q u e esto se basa e n la p r o p i a fragilidad . Esta v e r d a d e r a y p e r f e c t a confianza es m á s o m e n o s perfecta e n c o n f o r m i d a d c o n el a m o r q u e el a l m a m e t i e n e . P o r ello, i m p e r f e c t a o perfecta, e x p e r i m e n t a m i p r o v i d e n c i a . Más p e r f e c t a m e n t e la s i e n t e n y r e c i b e n q u i e n e s m e sirven y d e s e a n a g r a d a r m e sólo a mí q u e q u i e n e s lo h a c e n con la m i r a p u e s t a e n el p r e m i o y el deleite q u e e n mí h a l l a r á n . 2

3

4

2 M t 7 , 2 1 - 2 3 ; Le 6 , 4 6 . » M t 6 , 2 4 ; Le 1 6 , 1 3 . * Mt 6,25-34.

340

El Diálogo

Los p r i m e r o s son aquellos q u e te dije q u e se hallaban en el último g r a d o d e su perfección. Hay u n o s s e g u n d o s y terceros, d e q u e te hablaré a h o r a , y son los imperfectos, los q u e a n d a n con la esperanza del deleite y del p r e mio. De ellos te hablé al t r a t a r d e los estados del alma . E n m o d o a l g u n o faltará mi providencia ni a los perfectos ni a los imperfectos, s i e m p r e q u e n o p r e s u m a n ni confíen e n sí mismos. P r e s u m i r y confiar e n sí, p o r ser cosa del a m o r p r o p i o , ofusca los ojos del e n t e n d i m i e n t o y quita la luz d e la santísima fe, p o r lo q u e el q u e así o b r a n o a n d a a la luz d e la razón, y p o r eso n o conoce mi providencia. N o es q u e él n o la e x p e r i m e n t e , p o r q u e n o hay n i n g u n o , ni j u s t o ni p e c a d o r , al q u e yo n o asista , p o r q u e todo h a sido creado y hecho p o r mi bondad, ya q u e yo soy el q u e soy, y sin mí n a d a h a sido h e c h o , a excepción del p e c a d o , q u e es la n a d a . P e r o n o la comp r e n d e n p o r n o conocerla, y al n o conocerla n o la a m a n , y, c o n s i g u i e n t e m e n t e , n o reciben el fruto d e la gracia. De m o d o q u e reciben el bien d e mi providencia, p e r o n o lo r e c o n o c e n . T o d o lo ven torcido, c u a n d o t o d o es d e r e c h o ; c o m o ciegos, ven luz e n las tinieblas, y tinieblas en la luz, y c o m o h a n p u e s t o su servicio y su esper a n z a e n las tinieblas, caen e n lamentaciones e impaciencias. ¿Y c ó m o son tan insensatos? ¿ C ó m o p u e d e n creer, q u e r i d a hija, q u e yo, s u m a y e t e r n a B o n d a d , q u e lo h e d a d o t o d o , p u e d a q u e r e r o t r a cosa q u e su salvación al p e r m i t i r e n ellos p e q u e ñ o s sufrimientos, c u a n d o tienen p r u e b a s d e q u e q u i e r o su santificación e n los sufrimientos mayores? A p e s a r d e su c e g u e r a , con u n poco d e luz n a t u r a l , n o p u e d e n m e n o s d e ver mi v o l u n t a d y los beneficios d e mi providencia, con la q u e se e n c u e n t r a n y q u e no p u e d e n negar, como tampoco la nueva creación q u e se h a realizado p o r la s a n g r e al devolver la gracia. Es claro y manifiesto q u e n o p u e d e n n e g a r l a . Después desfallecen y t e m e n hasta d e su s o m b r a , p o r q u e n o h a n servido ni ejercitado la virtud. El h o m b r e , insensato, n o ve q u e e n t o d o t i e m p o h e venido a y u d a n d o al m u n d o y a cada h o m b r e s e g ú n su estado. Y c o m o n a d i e hay segu5

6

s Cf. c.58-80. ' Mt 5,45.

La providencia

divina

341

ro en esta vida y cambia en todo tiempo hasta que alcan­ za el estado de seguridad, yo le proveo de todo lo que necesita en el tiempo en que vive. 1 3 7 [Dios proveyó en el Antiguo Testamento por la ley y los profetas; después, enviando a su Verbo; después, con los apóstoles, mártires y otros santos.—Nada ocurre a las criatu­ ras que no sea por providencia de Dios.] Manifesté mi providencia de modo general, por me­ dio de ley de Moisés y por muchos otros santos profetas en el Antiguo Testamento '. Te hago saber también que, antes de la venida de mi Verbo, mi Hijo unigénito, encontraba el pueblo de los judíos profetas que fortale­ cían al pueblo con sus profecías, dándole la esperanza de que mi Verdad, Profeta de profetas, les sacaría de la esclavitud, les haría libres y quitaría el cerrojo del cielo, tanto tiempo candado, por medio de su sangre. Pero, después que vino el dulce y amoroso Verbo, ningún profeta apareció entre ellos para de ese modo certificar­ les de que aquel a quien esperaban lo habían tenido ya; por lo que no era preciso que lo anunciasen los profetas, aunque ellos no lo reconocieran ni lo reconocen a causa de su ceguera. Después de ellos, mi providencia envió el Verbo, que fue vuestro mediador entre mí, Dios eterno, y vosotros. Le siguieron los apóstoles, márüres, doctores y confeso­ res, como te he dicho en otro lugar. Todo esto lo hizo mi providencia, y te repito que del mismo modo provee­ rá hasta el fin. Ésto es común, dado a toda criatura ra­ cional que quiera recibir el fruto de la providencia. En particular, todo lo doy a través de mi providencia: la vida y la muerte, de cualquier manera que las dé: por el hambre, la sed, la pérdida de posición social en el mun­ do, la desnudez, el frío, el calor, las injurias, los escar­ nios y las villanías. Todas estas cosas permito que las ha* gan los hombres. No que yo sea autor del mal, de la mala voluntad de lo que hacen mal y de las injurias, sino que el tiempo y el ser lo han recibido de mí. Les di el ser no para que me ofendiesen a mí ni a su prójimo, ' Le 1 6 , 1 9 - 3 1 .

342

El Diálogo

sino p a r a q u e a él y a mí m e sirviesen con dilección d e c a r i d a d . P e r m i t o esos actos p a r a p r o b a r la virtud d e la paciencia e n el alma d e quien los sufre o p a r a q u e se conozcan a sí mismos. A l g u n a vez p e r m i t i r é q u e t o d o el m u n d o esté e n contra del j u s t o y q u e m u e r a , c a u s a n d o la admiración d e todos. Les p a r e c e r á injusto ver p e r e c e r a u n j u s t o , ya e n el agua, ya e n el fuego, d e v o r a d o p o r los animales, o p e r d e r la vida p o r q u e se le cae la casa encima. ¡Cómo p a r e c e n fuera d e r a z ó n estas cosas a los q u e n o ven el interior a la luz d e la santísima fe! P e r o n o al q u e tiene fe, p o r q u e h a e n c o n t r a d o y e x p e r i m e n t a d o mi providencia en tales acontecimientos p o r m e d i o del a m o r , y e n t i e n d e y m a n t i e n e q u e t o d o lo q u e h a g o lo llevo a cabo con providencia, b u s c a n d o ú n i c a m e n t e la salvación del h o m b r e . Por eso lo acepta t o d o con reverencia, n o recibe mal mis obras ni las d e su prójimo, sino q u e t o d o lo sufre con v e r d a d e r a paciencia. A n i n g u n a criatura se le priva d e mi providencia, sino q u e t o d o se halla sazon a d o con ella. Parecerá a l g u n a vez al h o m b r e q u e el granizo, la tempestad, el r a y o q u e yo envío sobre u n a criatura, es u n a c r u e l d a d , j u z g a n d o q u e n o h e m i r a d o p o r su salud; y lo h e h e c h o p a r a librarle d e la m u e r t e e t e r n a , a u n q u e piense lo c o n t r a r i o . Los h o m b r e s del m u n d o q u i e r e n c o n d e n a r mi p r o c e d e r y e n t e n d e r l e con su bajo entendimiento.

PROVIDENCIA

PARTICULAR

[Ciega incomprensión de los mundanos. —La Providencia en cierto caso ocurrido. —Fidelidad a Dios en la finalidad de la creación e ignorancia del hombre.—Función de las tribulaciones.—La Providencia es para todos los vivientes: en el alma y en el cuerpo - con los pecadores - con los imperfectos - con los perfectos - en el apostolado la perfección es instrumento del apostolado - en función de la caridad los voluntariamente pobres - el amor a ¡as riquezas causa de todo mal. ] 138 [Lo que Dios permite es sólo para nuestro bien y salvación.—Ciegos y equivocados los que piensan lo contrario.]

La providencia

divina

343

Q u i e r o q u e e n t i e n d a s , hija q u e r i d í s i m a , c o n q u é paciencia t e n g o q u e a g u a n t a r a mis c r i a t u r a s , las q u e yo creé a mi imagen y semejanza con tanta dulzura d e amor. A b r e los ojos del e n t e n d i m i e n t o y m i r a d e n t r o d e m í . Y, p o n i é n d o t e e n aquel caso c o n c r e t o o c u r r i d o , si te acuerdas bien, c u a n d o m e pediste q u e interviniera para q u e , sin p e l i g r o d e m u e r t e , a q u e l h o m b r e r e c u p e r a s e su posición social y yo lo hice. Y c o m o en este caso p a r t i c u lar, así o c u r r e con t o d o '. E n t o n c e s , aquel a l m a , a b r i e n d o los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o , c o n la luz d e la santísima fe p u e s t a e n su d i v i n a Majestad, c o n a n h e l a n t e d e s e o , p u e s p o r las p a l a b r a s dic h a s conoció m e j o r la v e r d a d s o b r e la d u l c e p r o v i d e n cia, p a r a o b e d e c e r a su m a n d a t o , m i r ó e n el espejo d e su i n m e n s a c a r i d a d , y c o m p r e n d i ó q u e El e r a s u m a y etern a B o n d a d y q u e nos h a b í a c r e a d o y vuelto a c o m p r a r con la s a n g r e d e su Hijo sólo p o r a m o r . C o n el m i s m o a m o r d a b a el a l m a lo q u e recibía d e Dios y El le p e r m i tía. Las tribulaciones, los c o n s u e l o s y t o d o lo d e m á s e r a d a d o p o r a m o r y p a r a a y u d a r a la salvación d e l h o m b r e y n o c o n o t r o fin. La s a n g r e d e r r a m a d a , q u e veía t a n ard i e n t e e n a m o r , manifiesta q u e así e r a d e v e r d a d . E n t o n c e s dijo el s u m o y e t e r n o P a d r e : Estos se hallan c o m o c e g a d o s p o r el a m o r q u e se t i e n e n a sí m i s m o s , q u e j á n d o s e c o n g r a n impaciencia. T e h a b l o e n p a r t i c u l a r y e n g e n e r a l v o l v i e n d o s o b r e lo q u e explicaba. I n t e r p r e t a n c o m o m a l y d a ñ o , r u i n a y o d i o , lo q u e yo h a g o p o r a m o r y p a r a su b i e n , p a r a lib r a r l o s d e las p e n a s e t e r n a s , p a r a su g a n a n c i a y p a r a , d a r l e s la vida e t e r n a . ¿Por q u é , p u e s , se q u e j a n d e mí? P o r q u e n o c o n f í a n e n mí, sino e n sí m i s m o s ; y ya te h e d i c h o q u e p o r eso llegan a la o s c u r i d a d y n o c o m p r e n d e n . P o r eso a b o r r e c e n a q u i e n e s d e b e n r e v e r e n c i a r , y c o m o s o b e r b i o s , q u i e r e n j u z g a r mis ocultas d e t e r m i n a ciones, q u e s i e m p r e son r e c t a s . P e r o ellos h a c e n c o m o el ciego, q u e , p a l p a n d o c o n la m a n o , u n a s veces c o n el sab o r d e su p a l a d a r y o t r a s p o r el t o n o d e voz, q u e r r á n d e t e r m i n a r lo b u e n o y lo m a l o s e g ú n su bajo, e n f e r m o y e x i g u o saber. N o q u e r r á n a t e n e r s e a lo q u e q u i e r o yo, 1

Alusión

autobiográfica.

344

El Diálogo

que soy v e r d a d e r a Luz y el q u e los alimenta corporal y espiritualmente. Sin mí nada p u e d e n poseer. Si alguna vez soy servido por la criatura, soy yo quien da ese deseo y aptitud, lo mismo q u e el p o d e r y el saber para llevarlo a la práctica. Pero ella, como loca, quiere ir d e la m a n o d e los sentidos, e n g a ñ a d a p o r el tacto, porq u e no tiene luz para distinguir el color. De este m o d o , el gusto se equivoca, p o r q u e no ve al animal i n m u n d o q u e alguna vez se coloca sobre la comida. El oído es engañado por el placer del sonido, p o r q u e no ve al que canta, y con aquella melodía podría recibir la muerte a causa d e ese placer, si no se defiende contra ella. Así obran los que, como ciegos, p e r d i d a la luz d e la razón, p a l p a n d o con la m a n o del apetito sensitivo los deleites del m u n d o , creen que éstos son buenos. C o m o no ven, no advierten q u e es un p a ñ o tejido de muchas púas, con m u c h a miseria y grandes afanes, tanto q u e el corazón q u e pase esto sin cuidarse d e mí, se hace insoportable a sí mismo. Eso ocurre a la boca del deseo q u e ama desordenadamente. Le parecen dulces y suaves d e tomar, p e r o encim a se halla el animal i n m u n d o d e los muchos pecados mortales, q u e hacen i n m u n d a al alma, la alejan d e mi semejanza y la apartan d e la vida d e la gracia. De m o d o que, si no van con la luz d e la santísima fe a purificarla en la sangre, t e n d r á n la m u e r t e eterna por esa razón. ¿Por q u é les parece así? Porque el alma va corriendo al a m o r d e los propios sentidos, y, como no Me, es engañada por el sonido, y, como fue siguiéndolo con desorden a d o deseo, se e n c u e n t r a conducida a la fosa, atada con los lazos del pecado, llevada a las manos d e sus enemigos, pues como ciega y con la confianza puesta en sí y en su ciencia, no se acerca a mí, q u e soy su guía y su camino. Ese camino fue trazado p o r el Verbo d e mi Hijo, q u e dijo q u e era el Camino, la V e r d a d y la Vida. También es Luz, y por eso quien va por El n o p u e d e ser engañado ni caminar en tinieblas . N i n g u n o p u e d e venir a mí si no es p o r mí, p o r q u e es u n o conmigo , y te dije que d e El había h e c h o p u e n t e para q u e pudierais llegar a 2

3

2

J n 8,12 y 14,16.

3

Jn

10,30.

La providencia

divina

345

vuestro fin. A pesar de todo esto no se fían de mí, que no deseo otra cosa que su santificación , y todo lo doy con gran amor con esta finalidad. Ellos se quejan siem­ pre de mí, y los tolero y sufro con paciencia, porque los he amado sin ser amado por ellos , y ellos me persi­ guen continuamente con muchas impaciencias, odio, murmuraciones e infidelidades, queriéndose poner a es­ cudriñar, en conformidad con su ciega manera de ver, mis ocultas determinaciones, justas todas y tomadas por amor. Ni siquiera se conocen a sí mismos, y por eso en­ tienden equivocadamente, porque, en verdad, ni se co­ nocen a sí mismos ni pueden conocerme a mí ni a mi justicia. 4

5

139 [ D i o s p r o v e y ó m u y p a r t i c u l a r m e n t e a la s a l v a c i ó n alma e n u n caso q u e ocurrió.]

del

¿Quieres, hija, que te muestre lo equivocado que se halla el mundo a propósito de mis designios? A b r e los ojos del entendimiento y mira dentro de mí, y verás el caso particular que te prometí contar. Y, como de éste, te podría hablar de otros.—— Entonces, el alma, por obedecer a su eterno P a d r e , miró dentro de Dios con anhelante deseo. Dios le ense­ ñó la sentencia de condenación de aquel a quien había sucedido el caso diciendo: Quiero que sepas que, para librarlo de la conde­ nación en que ves que se hallaba incurso, permití este hecho, para que con la sangre consiguiera la vida me­ diante la sangre de mi V e r d a d , mi Hijo unigénito. Yo no había olvidado la reverencia y amor a la dulcísima madre de mi Hijo, María, a quien él se había entregado por reverencia al V e r b o de mi B o n d a d ; es decir, que cualquier justo o pecador que le tenga la debida reve­ rencia, no será arrebatado ni devorado por el demonio infernal. María es como el cebo puesto por mi bondad para rescatar a las criaturas racionales. D e modo que por misericordia he hecho aquello, es decir, he permiti4

1

1 Tes 4,3.

5

1 J n 4,10.

C a s o d i s t i n t o d e a q u e l a q u e se a l u d e e n el c . 1 3 8 . P o d r í a t r a t a r s e d e la c o n v e r s i ó n d e Nicolás d i T u l d o .

346

El Diálogo

d o lo q u e la mala interpretación d e los hombres tiene por crueldad. Tal interpretación p r o c e d e del a m o r a sí mismos; él les h a privado d e la luz, y por eso n o conocen mi v e r d a d . Pero, si quisiesen quitar la venda d e sus ojos, la conocerían, amarían y todo lo acatarían con gran reverencia, y en el tiempo d e la cosecha recibirían el fruto d e sus trabajos. N o d u d e s , hija mía, q u e en lo q u e pidas cumpliré tus deseos y los d e mis servidores. Yo soy vuestro Dios, rem u n e r a d o r d e todo sacrificio y cumplidor d e los santos deseos siempre q u e vea q u e d e veras llaman a la p u e r t a d e mi misericordia con luz, para q u e n o se equivoquen ni les falte la esperanza d e mi providencia. 140 [Dios se lamenta de los diversos modos de infidelidad de las criaturas.—Una alegoría del Antiguo Testamento explica una enseñanza muy útil.] T e h e hablado d e este caso particular; ahora vuelvo a la providencia en general. Nunca has p o d i d o comprend e r cuan g r a n d e es la ignorancia del h o m b r e . Actúa sin razones y sin conocimiento por haberse privado de él, confiando en sí y en su propia sabiduría. ¡Oh h o m b r e necio! ¿No ves que tu sabiduría no viene d e ti, sino q u e te la h a d a d o mi b o n d a d , q u e provee a tus necesidades? ¿Quién te lo demuestra? Se p r u e b a por tí mismo, pues en u n a ocasión quieres hacer algo q u e ni puedes ni sabrás hacer; en otra, sabrás hacerla y n o podrás, y en otra, podrás y n o sabrás; u n a vez n o tienes tiempo y otra te faltarán ganas. T o d o esto te lo doy para ayudar a tu salvación, p o r q u e no reconoces «tu n o ser» y para q u e tengas motivo d e humillación y d e no ensoberbecerte. En todas las cosas encuentras mutación y carencias q u e n o d e p e n d e n d e la libertad. Sólo mi gracia es estable, y no te p u e d e ser quitada ni cambiada; p e r o , si abandonas la gracia volviendo al pecado, tú mismo la cambias. Por tanto, ¿cómo p u e d e s rebelarte contra mi bondad? N o lo puedes si quieres seguir la razón, n o puedes esperar en ti ni confiar en tu ciencia. T o d o se cambia, excepto la gracia. ¿Por qué n o confías en mí, q u e soy tu Creador? ¿Por q u e confías en ti? ¿Es q u e n o te soy fiel y leal?

La providencia

divina

347

Cierto q u e sí, y n o se te oculta, p u e s tienes p r u e b a s d e ello. ¡Oh dulcísima y q u e r i d í s i m a hija! El h o m b r e n o m e fue fiel ni leal, q u e b r a n t a n d o la obediencia q u e le había i m p u e s t o . P o r ello cayó e n la m u e r t e . Yo le fui fiel, g u a r d á n d o l e aquello p a r a q u e le había c r e a d o , q u e r i e n d o d a r l e el s u m o y e t e r n o Bien '. Para realizar esta verd a d m í a u n í la divinidad —lo m á s a l t o — con su h u m a n i d a d —lo m á s bajo—, s i e n d o r e d i m i d o y r e s t i t u i d o a la gracia p o r m e d i o d e la s a n g r e d e mi Hijo u n i g é n i t o . Esta h a sido la p r u e b a . M e p a r e c e , sin e m b a r g o , q u e n o c r e e n q u e t e n g o p o d e r p a r a s o c o r r e r l e , ni fortaleza p a r a a y u d a r l e y d e f e n d e r l e d e sus e n e m i g o s , ni s a b i d u r í a p a r a i l u m i n a r los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o , ni c l e m e n cia p a r a q u e r e r d a r l e lo n e c e s a r i o p a r a su salvación, ni r i q u e z a p a r a e n r i q u e c e r l o , ni h e r m o s u r a p a r a d a r l e belleza, q u e n o t e n g o a l i m e n t o p a r a d a r l e , ni vestido p a r a q u é se c u b r a . Su c o n d u c t a m e d e m u e s t r a q u e n o lo cree, p u e s , si lo creyera, lo d e m o s t r a r í a con tantas y buenas obras. Los h o m b r e s , sin e m b a r g o , t i e n e n p r u e b a s c o n t i n u a s d e q u e soy fuerte, p u e s los c o n s e r v o en el ser y los d e fiendo d e sus e n e m i g o s . C o m p r e n d e n q u e n a d i e p u e d e l u c h a r c o n mi p o d e r y fortaleza, y, sin e m b a r g o , n o lo entienden, porque no quieren. C o n mi sabiduría h e o r d e n a d o y g o b i e r n o el m u n d o e n t e r o c o n tal o r d e n , q u e n a d a falta; n a d i e p u e d e añadirle m á s . Lo h e provisto t o d o en el a l m a y en el c u e r p o ; n o obligado p o r v u e s t r a v o l u n t a d , p o r q u e n o existíais, sino ú n i c a m e n t e p o r mi clemencia, o b l i g a d o p o r m í mism o c u a n d o hice el cielo y la tierra, el m a r y el firmam e n t o ; es decir, el cielo, p a r a q u e d i e r a vueltas p o r encim a d e vosotros; el aire, p a r a q u e respiraseis; el fuego y el a g u a , p a r a q u e el u n o t e m p l a r a al o t r o ; el sol, p a r a q u e n o estuvieseis en o s c u r i d a d : t o d o c o m p u e s t o y ord e n a d o p a r a a c u d i r a las n e c e s i d a d e s del h o m b r e . T o d o lo h e h e c h o con g r a n d í s i m o o r d e n y p r o v i d e n c i a : el cielo, a d o r n a d o con las aves; la tierra, q u e d a f r u t o y m u chos animales p a r a la vida d e l h o m b r e ; el m a r , provisto d e peces. ' 2 Crón 4 , 2 7 - 3 5 .

El Diálogo

348

Después d e h a b e r hecho todas las cosas bien y perfectamente y creado los seres racionales a imagen y semejanza mía, puse al h o m b r e en u n j a r d í n , que, a causa del pecado d e Adán, produjo espinas d o n d e al principio había flores fragantes, puras, d e inocencia y d e grandísima suavidad. T o d o obedecía al h o m b r e , p e r o la culpa y la desobediencia trajeron la rebelión a ellas y a las criaturas. El m u n d o y el h o m b r e se volvieron salvajes. El h o m b r e es otro m u n d o . Pero yo dispuse, enviando al m u n d o mi V e r d a d , el Verbo e n c a r n a d o , que, desapareciendo la maleza, se arrancasen las espinas del pecado original, y le convertí en j a r d í n r e g a d o con la sangre d e Cristo crucificado, p o n i e n d o en él las plantas d e los siete dones del Espíritu Santo, desarraigando el pecado mortal. Esto ocurrió después d e la m u e r t e d e mi Hijo, q u e no antes . Así q u e d ó prefigurado en el Antiguo T e s t a m e n t o c u a n d o se pidió a Elíseo q u e resucitara al joven q u e estaba m u e r t o . Pero él n o fue, sino que m a n d ó a Giezi con su cayado, o r d e n á n d o l e q u e lo pusiese sobre las espaldas del m u c h a c h o . Habiendo ido y cumplido lo q u e Eliseo le había m a n d a d o , el m u e r t o no resucitó. C u a n d o vio Eliseo q u e n o había resucitado, fue él en persona, extendió sus miembros sobre los del m u c h a c h o y le insufló siete veces en la boca. El m u c h a c h o respiró siete veces en señal d e q u e había resucitado. Esto fue figurado por Moisés, a quien m a n d é poner el báculo d e la ley sobre el cadáver del g é n e r o h u m a n o , pero con ella n o p u d o obtener la vida. Envié entonces, prefigurado en Eliseo, al V e r b o d e mi unigénito Hijo, q u e extendió sus miembros sobre el hijo m u e r t o por la unión d e la naturaleza divina u n i d a a vuestra naturaleza h u m a n a . Se unió con todos los miembros d e la naturaleza divina, o sea, con mi p o d e r , con la sabiduría de mi Hijo y con la clemencia del Espíritu Santo, todo yo, Dios, abismo d e la T r i n i d a d , t o m a n d o la forma d e vuestra naturaleza h u m a n a y uniéndose a ella. Después d e esta unión que hizo el dulce y amoroso Verbo, c o r r i e n d o como e n a m o r a d o a la afrentosa muerte d e cruz, se extendió sobre ella. Después d e esta u n i ó n 2

2

Jn

1,17.

La providencia

divina

349

dio los siete dones del Espíritu Santo a aquel hijo muer­ to, dando aliento a la boca del deseo de su alma, arran­ cándole la muerte en el santo bautismo. Respiró dando señales de vida, arrojando así los siete pecados mortales. Así ha sido convertido en jardín adornado con dulces y suaves frutos. Es cierto que el hortelano de este jardín, o sea, el libre albedrío, puede dejarle que se vuelva salvaje o cultivar­ le, según le plazca. Si siembra el veneno del amor a sí mismo, de donde nacen los siete pecados principales y los demás que de él se derivan, entonces arroja los siete dones del Espíritu Santo y se priva de la virtud. En él no habrá ya fortaleza, por hallarse debilitado; ni templanza ni prudencia, por haber perdido la luz que usaba la ra­ zón; no tendrá ni fe, ni esperanza, ni justicia, porque se ha hecho injusto; se fiará de las criaturas y no de mí, su Creador; carecerá de caridad y piedad, por haberla echado de sí con el amor a la propia fragilidad¿ se habrá hecho cruel consigo mismo, y por eso no podrá ser cari­ tativo con el prójimo; se hallará privado de todo lo bue­ no y habrá caído en el mal supremo. ¿Cómo reanimará su vida? Por el mismo Eliseo, o sea, en el Verbo encarnado, mi Hijo unigénito. ¿De qué modo? Este hortelano debe arrancar los cardos con energía —si no la tuviere, no lo podrá conseguir— y debe correr con amor a conformarse con la doctrina de mi Verdad, regándola con la sangre. Esta se la derrama el ministro sobre la cabeza en la confesión acompañada de la contrición de corazón, penitencia y propósito de no pecar más. Así puede cultivar el jardín del alma mientras vive, pues terminada esta vida, no hay remedio alguno, como en otros lugares te he dicho. 141 [Providencia divina a través de las tribulaciones.—Desgracia de los que confían en sí y no en la providencia.—Excelencia de los que confían en ella.]

Ves, pues, que con mi providencia he reconciliado el segundo mundo del hombre. Al primero no se le impi­ dió que produjese cardos de muchas tribulaciones y que el hombre encontrase oposición en todo. Esto no se ha

350

El Diálogo

h e c h o sin previsión y sin p e n s a r e n v u e s t r o bien, sino con m u c h a providencia y m u c h o p r o v e c h o p a r a a p a r t a r del h o m b r e la e s p e r a n z a en el m u n d o y hacerlo c o r r e r y dirigirse a mí, q u e soy su fin; d e m o d o q u e , al m e n o s p o r la i m p o r t u n i d a d d e las dificultades, eleve su corazón y su afecto. Es tan i g n o r a n t e p o r n o conocer la verd a d y tan frágil p o r distraerse e n el m u n d o , q u e , a p e s a r d e todos estos trabajos y espinas, n o p a r e c e q u e q u i e r a levantarse ni se p r e o c u p e d e volver a su patria. I m a g i n a , hija, lo q u e h a r í a si e n c o n t r a s e perfecto el m u n d o y e n él hallase reposo sin p e n a a l g u n a . P r o v i d e n t e m e n t e , p e r m i t o q u e el m u n d o sea o r i g e n d e tribulaciones p o r esa r a z ó n y p a r a p o n e r a p r u e b a su virtud y p r e m i a r a los h o m b r e s p o r los sufrimientos, trabajos y violencias q u e se p r o c u r a n a sí mismos. De m o d o q u e mi providencia lo h a o r d e n a d o t o d o con sabiduría. C o m o te h e d i c h o , le h e d a d o infinitas riquezas: p o r q u e soy rico, p o d í a y p u e d o darlas, ya q u e t o d o está h e c h o p o r mí, y sin mí n a d a p u e d e existir. Por lo q u e , si q u i e r e belleza, yo soy la belleza; si q u i e r e b o n d a d , soy la b o n d a d , p o r ser infinitamente b u e n o . Yo soy Dios, sabio, piadoso, j u s t o y misericordioso; g e n e r o s o y n o avaro, el q u e d a a q u i e n p i d e , a b r e a q u i e n d e veras llama a la p u e r t a y r e s p o n d e a q u i e n clama a mí. N o soy i n g r a t o , sino a g r a d e c i d o y dispuesto a p r e m i a r a quien p o r mí lleve trabajos, es decir, p o r la gloria y alabanza d e m i n o m b r e . Soy a l e g r e , y m a n t e n g o en alegría al alma q u e se viste d e mi v o l u n t a d . Soy la providencia s u p r e m a , q u e n u n c a faltó, ni e n el alma ni e n el c u e r p o , a los servid o r e s q u e confían e n mí '. ¿ C ó m o p u e d e sospechar el h o m b r e q u e m e ve alimentar al g u s a n o en el interior d e u n m a d e r o seco, Le 1,38.

478

Oraciones y Soliloquios

tampoco p u e d e forzarla a o b r a r bien a l g u n o más allá d e lo q u e ella q u i e r a ; d e m o d o q u e la voluntad del h o m b r e es libre, y n i n g u n o la p u e d e llevar al mal o al bien si ella n o q u i e r e . ¡Oh María! A la p u e r t a llamaba la e t e r n a Divinidad, p e r o si tú n o hubieras abierto la e n t r a d a d e tu voluntad, Dios n o se h a b r í a e n c a r n a d o en ti. A v e r g ü é n zate, alma mía, viendo q u e Dios se h a e m p a r e n t a d o contigo p o r m e d i o d e María. Hoy te h a q u e d a d o claro q u e , a u n q u e hayas sido c r e a d a sin intervención tuya, n o serás salvada sin ella; p o r eso hoy llama Dios a la p u e r t a d e la voluntad d e María y espera q u e le abra. ¡Oh María, dulcísimo a m o r mío! En ti está escrito el V e r b o del q u e recibimos la d o c t r i n a d e la vida, tú eres la tabla [ d o c u m e n t o ] q u e nos la d a s . Veo q u e en c u a n t o esta V e r d a d h a sido escrita en ti, ésta n o se halla sin la cruz del santo d e s e o . En c u a n t o fue concebido en ti, le fue i n f u n d i d o y d a d o el d e s e o d e m o r i r p o r la salvación del h o m b r e , r a z ó n p o r la q u e había t o m a d o c a r n e . Fue p a r a El u n a g r a n cruz s o p o r t a r t a n t o tiempo el d e s e o , q u e h u b i e r a q u e r i d o realizar i n m e d i a t a m e n t e . María: a ti a c u d o y te p r e s e n t o m i petición p o r la dulce esposa d e Cristo, tu dulcísimo Hijo, y p o r su vicario en la tierra p a r a q u e le d é la luz a fin d e q u e con discreción t o m e las m e d i d a s o p o r t u n a s p a r a la r e f o r m a d e la Iglesia. Q u e el p u e b l o se u n a y q u e su corazón se amold e al del vicario, d e m o d o q u e n u n c a levante la cabeza c o n t r a él. M e p a r e c e q u e tú, Dios e t e r n o , has h e c h o d e él u n y u n q u e sobre el q u e t o d o el m u n d o golpea c u a n t o p u e d e con la l e n g u a y con las o b r a s . T e r u e g o i g u a l m e n t e p o r los q u e has puesto en mi d e seo con singular a m o r . Q u e sus corazones a r d a n c o m o brasas q u e n o se a p a g a n . Q u e s i e m p r e vivan a n h e l a n d o la c a r i d a d p a r a contigo y con el prójimo, a fin d e q u e en tiempo d e necesidad tenga las navecillas bien provistas p a r a sí y p a r a los d e m á s . T e p i d o p o r los q u e m e has d a d o , a u n q u e yo n o sea motivo d e bien a l g u n o , sino siempre d e mal, al n o ser p a r a ellos espejo d e virtud, sino d e i g n o r a n c i a y negligencia. P e r o , María, hoy te p i d o con atrevimiento, p o r q u e es el día d e las gracias, y sé q u e n a d a se te niega. ¡Oh María! La tierra h a g e r m i n a d o p a r a nosotros al Salvador. P e q u é c o n t r a el Señor t o d o el tiempo d e mi vida; pe-

Valor de la Pasión

479

q u é c o n t r a el S e ñ o r . T e n m i s e r i c o r d i a d e m í , d u l c í s i m o e inestimable A m o r ¡ O h M a r í a ! B e n d i t a t ú e n t r e las m u j e r e s p o r los siglos d e los siglos, p u e s h o y n o s h a s d a d o d e tu h a r i n a . H o y la D i v i n i d a d se u n e y e n t r e m e z c l a t a n e s t r e c h a m e n t e c o n n u e s t r a h u m a n i d a d , q u e n u n c a se p o d r á s e p a r a r n i p o r m u e r t e ni p o r i n g r a t i t u d . S i e m p r e h a e s t a d o u n i d a a la D i v i n i d a d c o n el a l m a , y c o n el c u e r p o e n C r i s t o : c o n el s e p u l c r o y c o n el a l m a , e n el l i m b o . D e esta m a n e r a se h a c o n t r a í d o este p a r e n t e s c o q u e n u n c a h a d e s a p a recido y nunca desaparecerá. Amén.

VALOR DE LA

PASIÓN

12 Historia.—Esta es la oración más extensa de Catalina. Fue compuesta en Roma el último domingo de marzo, domingo de Pasión, que ese año de 1379 cayó el día 27. Ideas.—Incapacidad de que el hombre conozca a Dios en su esencia por medio de los sentidos. —Dios se manifiesta tomando la naturaleza humana y por la pasión. —Esta no es debidamente meditada por los que se dejan llevar de los sentidos.—Por la meditación de ella se conoce mejor a Dios y la dulzura de su amor. —Los servidores de Dios son semejantes a Cristo sufriente. —Por ellos, el mundo puede adquirir nueva vida.

¡Oh Dios e t e r n o , alta y e t e r n a G r a n d e z a ! E r e s g r a n d e , y yo p e q u e ñ a . Mi bajeza n o p u e d e a l c a n z a r tu a l t u r a sino e n c u a n t o al afecto y al e n t e n d i m i e n t o . J u n t o c o n la m e m o r i a , te c o n o c e n y se l e v a n t a n s o b r e la bajeza d e m i h u m a n i d a d y c o n la luz q u e m e h a s d a d o e n tu l u z . Si m e d i t o tu alteza, t o d a la elevación q u e el a l m a p u e d e ten e r h a c i a ti es c o m o la n o c h e c o m p a r a d a c o n la luz d e l sol, p o r q u e yo, bajeza m o r t a l , n o p u e d o a l c a n z a r tu g r a n d e z a i n m o r t a l ; a u n q u e p u e d o g o z a r t e p o r afecto d e a m o r , n o p u e d o v e r tu esencia. P o r e s o h a s d i c h o q u e el h o m b r e q u e vive n o te ve, esto es, q u e el h o m b r e q u e vive e n los p r o p i o s s e n t i d o s y v o l u n t a d n o p u e d e v e r t e e n afecto d e tu c a r i d a d . Y si, viviendo c o n f o r m e a la r a z ó n , te p u e d e v e r d e e s e m o d o , n o p u e d e h a c e r l o e n la esencia m i e n t r a s vive e n el c u e r p o m o r t a l . E s , p u e s , m u y cierto q u e m i bajeza n o p u e d e a l c a n z a r tu a l t u r a , s i n o s o l a m e n t e g u s t a r y v e r

480

Oraciones y Soliloquios

como en u n espejo, y esta visión es con perfección d e caridad, p e r o no la esencia, como se h a dicho. ¿Cuándo he podido llegar al afecto de tu caridad, esa que no p u e d o conseguir como los bienaventurados mientras viva en su cuerpo mortal? C u a n d o llegó el m o m e n t o y la plenitud del tiempo sagrado, el tiempo propicio en que u n alma conoce q u e tu luz h a sido a n u n c i a d a al m u n d o , o sea, tu Hijo unigénito; c u a n d o el esposo se ha u n i d o a la esposa, es decir, a la divinidad con n u e s t r a h u m a n i d a d en el V e r b o . De esta u n i ó n fue intermediaria María, la cual te vistió con su h u m a n i d a d , e t e r n o Esposo. Este a m o r y unión se hallaban tan escondidos q u e pocos lo conocían, p o r lo cual el alma no c o m p r e n d í a tu alteza. Pero veo q u e p o r la pasión del Verbo llegó al alma el conocimiento del afecto d e la caridad, p o r q u e entonces c o m e n z ó a manifestarse en toda su g r a n d e z a el fuego escondido en nuestras cenizas, al rasgarse el cuerpo santísimo en el m a d e r o d e la cruz. Para q u e el afecto del alma fuera elevado a las cosas altas y los ojos del e n t e n d i m i e n t o mirasen al interior del fuego, tú, Verbo e t e r n o , has q u e r i d o ser levantado en lo alto, con lo q u e nos has manifestado tu a m o r en la sangre. En ella nos has m o s t r a d o tu misericordia y generosidad; en ella, también c u á n t o agobia y pesa el pecado del h o m b r e ; en ella has limpiado el rostro d e tu esposa, es decir, el alma, con la cual te has u n i d o p o r la u n i ó n d e la naturaleza divina a la nuestra h u m a n a . De este m o d o la vestiste c u a n d o estaba d e s n u d a y con tu m u e r t e la has vuelto a la vida. ¡Oh pasión deseada! T u e t e r n a V e r d a d dice q u e ni es deseada ni a m a d a por quien se a m a a sí mismo, sino p o r quien se despoja y se viste d e ti, levantándose luminosa a causa d e tu luz hasta conocer la altura d e la caridad. ¡Oh pasión deleitable y dulcísima, oh riqueza del alma, refrigerio d e los afligidos, comida d e los q u e tienen h a m b r e , p u e r t o y paraíso del alma, alegría v e r d a d e r a , cielo y bienaventuranza nuestra! El alma que en ti se gloría consigue su fruto. ¿Y quién se gloría en ti? N o el q u e ha sometido la luz d e la razón al afecto sensible, pues éste n o ve sino lo t e r r e n o . ¡Oh pasión q u e quitas toda e n f e r m e d a d , con tal de q u e el e n f e r m o q u i e r a la curación, pues tu d o n no nos

Valor de la Pasión

481

h a p r i v a d o d e la libertad! T ú , pasión, d a s vida al q u e está m u e r t o ; si el a l m a se debilita p o r las tentaciones del d e m o n i o , tú la liberas; si es p e r s e g u i d a p o r el m u n d o o c o m b a t i d a p o r la p r o p i a fragilidad, tú eres refugio, p o r q u e ella h a c o n o c i d o en ti n o sólo las o b r a s del V e r b o e n la pasión, sino q u e h a e x p e r i m e n t a d o la a l t u r a d e tu divina c a r i d a d . De a q u í q u e p o r ti, pasión, q u i e r a c a m i n a r hacia la v e r d a d , c o n o c e r l a , e m b r i a g a r s e y a n i q u i l a r s e e n la c a r i d a d d e Dios p o r m e d i o d e tu e n f e r m e d a d , la q u e parece e n f e r m e d a d a causa de nuestra h u m a n i d a d q u e ha sufrido en ti, a pesar d e q u e la elevación es grandísima p o r el misterio q u e procede d e ella e n razón d e la d i v i n i d a d . P o r ésta se levanta a la a l t u r a d e la m i s m a divinidad y c o n s i g u e su fin, ya q u e d e o t r o m o d o n o p o dría. ¡Oh pasión! El a l m a q u e descansa e n ti está m u e r t a a los sentidos. Por la pasión se d a cuenta ella del afecto d e tu c a r i d a d . ¡Oh, q u é d u l c e y suave es esta d u l z u r a exper i m e n t a d a p o r el a l m a q u e p e n e t r a bajo esta corteza, d o n d e h a e n c o n t r a d o la luz y el fuego d e la c a r i d a d al ver la u n i ó n d e la divinidad realizada con n u e s t r a h u m a n i d a d ! Veo q u e la h u m a n i d a d d e s a p a r e c e c o n la m u e r t e , n o la divinidad. A l m a mía, m i r a y verás al Verb o en n u e s t r a h u m a n i d a d h e c h o c o m o u n a n u b e ; p e r o la divinidad n o recibe lesión p o r la n u b e o tinieblas d e n u e s t r a h u m a n i d a d , sino q u e el sol y e s p l e n d o r divino está o c u l t o en el cielo s e r e n o c o m o a l g u n a s veces se halla oculto bajo la n u b e . ¿ C ó m o se nos certifica d e esto? P o r q u e , concluido el s u f r i m i e n t o , p e r m a n e c i ó la divinid a d e n el c u e r p o del V e r b o d e s p u é s d e la r e s u r r e c c i ó n , y a la h u m a n i d a d , hasta e n t o n c e s oscura, la hizo esplendorosa e inmortal. Por t a n t o , tú, pasión, e n s e ñ a s la d o c t r i n a q u e d e b e seg u i r la c r i a t u r a racional. Por eso y e r r a n los q u e prefier e n seguir los deleites y n o las p e n a s , p u e s n i n g u n o llega a ti, P a d r e , sino p o r el V e r b o , y a ti, el V e r b o , n o p o d e mos s e g u i r t e si n o te g o z a m o s e n el afecto al sufrimiento. A u n q u e el a l m a n o q u i e r a s o p o r t a r l o , h a d e t e n e r l o c o n t r a su v o l u n t a d ; p e r o , si consiente sufrir con el sol d e la luz, e n t o n c e s n o es h e r i d o el afecto del a l m a p o r sufrimiento a l g u n o , igual q u e la divinidad del V e r b o e n n i n g ú n m o d o sufre, p o r q u e ella s o p o r t a los sufrimien-

482

Oraciones y Soliloquios

tos p o r su propia voluntad. Por tanto, d e m o d o patente muestras q u e , después del tiempo aceptable d e la pasión del Verbo, el alma p u e d e conocer el afecto d e la caridad p o r la luz d e la gracia, y con esta luz, en el tiempo finito, llegamos a conocer tu esencia en el tiempo infinito. Por esta e n f e r m e d a d d e la pasión p o d e m o s conocer tu alteza; n o p o r q u e tus misterios sean p e q u e ñ o s —antes bien son sublimes—, sino a causa d e la pasión d e la h u m a n i d a d , q u e es p e q u e ñ a . ¡Oh dulce y e t e r n o Dios, infinitamente sublime! C o m o nosotros n o podíamos elevar a tu altura el afecto, q u e era bajísimo, ni tampoco la luz del e n t e n d i m i e n t o , p o r causa d e las tinieblas del pecado, p o r eso, tú, g r a n Médico, nos has d a d o al V e r b o con la comida d e la hum a n i d a d . Cautivaste al h o m b r e y cautivaste al d e m o n i o no en virtud d e la h u m a n i d a d , sino d e la divinidad. De esta m a n e r a , haciéndote p e q u e ñ o , has h e c h o g r a n d e al h o m b r e ; s a t u r a d o d e oprobios, lo has llenado d e bienaventuranzas; padeciendo h a m b r e , lo has saciado con el afecto d e tu caridad; despojándote d e la vida, lo has vestido d e la gracia; colmado d e vergüenza, le has devuelto el h o n o r ; siendo tú oscurecido en cuanto a la h u m a nidad, le has devuelto la luz; al ser e x t e n d i d o en la cruz, lo has abrazado; le has d a d o en tu costado refugio contra los enemigos. En este refugio p u e d e conocer tu caridad, p o r q u e con ella d e m u e s t r a s q u e le has q u e r i d o d a r más q u e lo q u e pudieras con u n a o b r a finita. Allí h a e n c o n t r a d o el b a ñ o en el q u e h a limpiado el rostro d e su alma d e la lepra del pecado. ¡Oh A m o r deleitoso, oh Fuego, oh Abismo de caridad! ¡Oh altura incomprensible! C u a n t o más contemplo tu g r a n d e z a en la pasión del Verbo, tanto más se avergüenza mi alma miserable d e n o h a b e r t e conocido, y esto p o r q u e estuve viva p a r a el afecto d e los sentidos y m u e r t a a la razón. Q u e plazca hoy a tu inconmensurable caridad iluminar los ojos d e mi e n t e n d i m i e n t o y los d e aquellos q u e m e has d a d o c o m o hijos y d e todas las criaturas racionales. ¡Oh Deidad, A m o r mío! T e p r e g u n t o u n a cosa: en el tiempo en q u e el m u n d o yacía e n f e r m o , tú le m a n d a s t e como médico a tu unigénito Hijo, lo cual hiciste p o r a m o r . A h o r a veo yacer al m u n d o en la m u e r t e ; en

Valor de la Pasión

483

m u e r t e tan g r a n d e , q u e m i a l m a desfallece viéndolo. ¿ Q u é m e d i o h a b r á a h o r a p a r a resucitar a este m u e r t o , s i e n d o tú u n Dios q u e n o p u e d e sufrir y q u e n o vas a venir d e n u e v o a r e d i m i r al m u n d o , sino a j u z g a r l o ? ¿ C ó m o se devolverá la vida a este m u e r t o ? N o c r e o , B o n d a d infinita, q u e te falten m e d i o s , sino, m á s bien, r e c o n o z c o q u e ni tu a m o r falta, ni tu p o d e r se halla d e bilitado, ni tu s a b i d u r í a d i s m i n u i d a . Puesto q u e q u i e r e s , sabes y p u e d e s p r o p o r c i o n a r el r e m e d i o q u e se necesita p a r a ello, te suplico q u e , si place a tu b o n d a d , m e m u e s tres este r e m e d i o , p u e s mi a l m a está dispuesta a aceptarlo con valentía. Respuesta. Es cierto q u e tu Hijo n o va a v e n i r a j u z gar, sino en su majestad, c o m o q u e d a d i c h o ; p e r o veo q u e tú llamas «cristos» a tus s e r v i d o r e s y q u e q u i e r e s sup r i m i r la m u e r t e y d a r la vida al m u n d o . ¿De q u é m o d o ? C a m i n a n d o ellos con decisión p o r el c a m i n o del V e r b o , con solicitud y a r d o r o s o d e s e o , p r o c u r a n d o tu h o n o r y la salvación d e las almas, s u f r i e n d o con esa intención p a c i e n t e m e n t e las p e n a s , o p r o b i o s y r e p r o c h e s q u e c u a l q u i e r a les h a g a . C o n estas p e n a s finitas q u i e r e s d a r refrigerio a su infinito d e s e o , es decir, escuchar los r u e g o s y satisfacer su d e s e o . P e r o si sufriesen sólo corp o r a l m e n t e , sin la intención indicada, n o les bastaría ni a ellos ni a los o t r o s , c o m o t a m p o c o la pasión del V e r b o , sin la virtud d e la d i v i n i d a d , h a b r í a sido suficiente p a r a la salvación del g é n e r o h u m a n o . ¡Oh excelentísimo R e m e d i a d o r ! D a n o s , p u e s , d e estos «cristos» q u e c o n t i n u a m e n t e viven en vigilias, lágrimas y oraciones p o r la salvación del m u n d o . Les llamas cristos p o r q u e se h a n h e c h o s e m e j a n t e s a tu Hijo u n i g é n i t o . ¡Ah, P a d r e e t e r n o ! C o n c é d e n o s q u e n o s e a m o s i g n o r a n tes, ciegos, fríos, ni d e vista t a n e n t e n e b r e c i d a , q u e n o nos v e a m o s a n o s o t r o s m i s m o s sin d a r n o s a c o n o c e r tu voluntad. P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten misericordia d e mí. T e doy gracias, te d o y gracias, p o r q u e h a s c o n c e d i d o refrigerio a mi a l m a t a n t o p o r el c o n o c i m i e n t o q u e m e has d a d o , d e m o d o q u e p u e d a c o n o c e r la g r a n d e z a d e tu c a r i d a d m i e n t r a s a ú n estoy e n el c u e r p o m o r t a l , c o m o p o r el r e m e d i o q u e veo has d i s p u e s t o p a r a librar al m u n d o d e la m u e r t e .

484

Oraciones y Soliloquios

Por tanto, n o sigas d u r m i e n d o , alma mía miserable, pues ya has d o r m i d o toda tu vida. ¡Oh A m o r inestimable! La p e n a corporal d e tus servidores valdrá en virtud del santo deseo d e sus almas; ese deseo t e n d r á valor en virtud d e tu caridad. ¡Oh miserable alma mía, q u e n o abrazas la luz, sino las tinieblas! Levántate d e ellas; despiértate a ti misma; abre los ojos del entendimiento y m i r a el abismo en el abismo d e la caridad divina, porq u e , si n o miras, n o p u e d e s a m a r . C u a n t o veas, tanto amarás, y c u a n t o ames, tanto seguirás su voluntad y te vestirás d e ella. Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí. A m é n .

CRISTO,

NUESTRA

RESURRECCIÓN

13 Historia.—Compuesta el jueves posterior al domingo «¿n albis», en Roma a 14 de abril de 1379. No contiene plegaria. Ideas.—¿o caridad dio valor a los actos humanos de Cristo. —La divinidad y la humanidad de Cristo unidas hicieron eficaz el misterio de la salvación. —La Trinidad es el jardín que produce las flores y frutos que aparecen en las tres potencias del alma. —El portero divino, Cristo, abre al alma la bienaventuranza con la llave de la divinidad y la mano de la humanidad.

¡Oh Resurrección nuestra, o h Resurrección nuestra, oh alta y e t e r n a T r i n i d a d ! Libra a mi alma d e su cuerp o . ¡Oh R e d e n t o r , o h Resurrección nuestra; o h Trinid a d eterna, o h Fuego q u e a r d e s d e continuo sin extinguirte, q u e n o fallas ni puedes disminuir a u n q u e todos tomen d e ese fuego! ¡Oh Luz, q u e das la luz q u e nos permite ver! Veo en ella, y sin ella n o p u e d o ver, p o r q u e eres el q u e eres, y yo soy la q u e n o soy. E n tu luz reconozco mi necesidad, la d e la Iglesia y la d e todo el m u n d o . P o r q u e conozco esa luz, te suplico q u e libres a mi alma del cuerpo en favor d e la salvación del m u n d o . N o es q u e p u e d a yo p r o d u c i r fruto alguno p o r mí sola, sino en virtud d e tu caridad, q u e consigue todos los bienes. De este m o d o , p o r el abismo d e tu carid a d , alcanza el alma su propia salvación y el provecho en su prójimo. C o m o tú, Deidad, alta y eterna T r i n i d a d , has actuado en n u e s t r a h u m a n i d a d , o sea, p o r ella como i n s t r u m e n t o , con obras infinitas, así has o b r a d o e n t r e

Cristo, nuestra

resurrección

485

n o s o t r o s p a r a n u e s t r o p r o v e c h o , n o e n v i r t u d d e la h u m a n i d a d , s i n o d e t u d i v i n i d a d . P o r ella, T r i n i d a d e t e r n a , p a r e c e n e s t a r c r e a d a s t o d a s las cosas q u e t i e n e n ser y d e ti sale t o d a la f u e r z a espiritual y t e m p o r a l exist e n t e e n el h o m b r e . Es c i e r t o q u e q u i e r e s q u e el h o m b r e se e s f u e r c e e n ellas t r a b a j a n d o l i b r e m e n t e . ¡ O h T r i n i d a d e t e r n a , o h T r i n i d a d e t e r n a ! P o r tu luz se c o n o c e q u e e r e s el s u m o y e t e r n o j a r d í n q u e t i e n e e n c e r r a d a s e n sí t o d a s las flores y t o d o s los f r u t o s , p o r q u e e r e s la flor d e la gloria q u e d a gloria a ti m i s m o , te das f r u t o a ti m i s m o , p u e s n o lo p u e d e s r e c i b i r d e n i n g ú n o t r o . Si lo p u d i e r a s recibir d e o t r o , n o p a r e c e r í a q u e e r a s e t e r n o y o m n i p o t e n t e Dios, p u e s lo q u e te diese par e c e r í a n o h a b e r v e n i d o d e ti. P e r o , c o m o q u e d a d i c h o , e r e s gloria y f r u t o d e ti m i s m o , y los f r u t o s q u e te d a la c r i a t u r a p r o c e d e n d e ti y d e ti recibe la facultad d e p o d e r ofrecértelos. E n el j a r d í n d e tu s e n o estaba e n c e r r a d o el h o m b r e , ¡oh P a d r e e t e r n o ! T ú le sacaste d e tu s a n t o p e n s a m i e n t o c o m o u n a flor d i v i d i d a e n tres p o t e n c i a s , y e n c a d a p o tencia has s e m b r a d o u n a p l a n t a p a r a q u e p u d i e r a fructificar e n tu j a r d í n , v o l v i e n d o a ti con el f r u t o q u e le diste. T ú volviste al a l m a , l l e n á n d o l a d e tu felicidad, en la c u a l esa a l m a está c o m o el pez e n el m a r , y el m a r e n el p e z . Le has d a d o la m e m o r i a p a r a q u e p u e d a r e c o r d a r tus beneficios, y c o n ello p r o d u z c a la flor d e la gloria a tu n o m b r e y el f r u t o d e l p r o v e c h o p a r a ella. T a m b i é n le has o t o r g a d o el e n t e n d i m i e n t o , p a r a q u e c o m p r e n d a tu v e r d a d , y tu v o l u n t a d , q u e es sólo n u e s t r a santificación, a fin d e q u e b r o t e la flor d e la gloria, y d e s p u é s el f r u t o d e la v i r t u d . Le has d a d o la v o l u n t a d p a r a q u e p u e d a a m a r lo q u e h a visto e n el e n t e n d i m i e n t o y r e t e n i d o e n la m e m o r i a . Si c o n s i d e r o la luz e n ti, T r i n i d a d e t e r n a , veo q u e el h o m b r e h a b í a p e r d i d o esta flor, esto es, la gracia, a causa d e l p e c a d o c o m e t i d o . P o r ello n o e r a capaz d e d a r t e la gloria del m o d o e s t a b l e c i d o p o r la V e r d a d . T u j a r d í n estaba c e r r a d o , p o r lo c u a l ya n o p o d í a recibir tus frutos. P o r eso hiciste p o r t e r o al V e r b o , o sea, a tu U n i g é n i t o . L e diste la llave d e la d i v i n i d a d , y la h u m a n i d a d fue la m a n o . A m b a s las u n i s t e p a r a q u e a b r i e r a n la p u e r t a d e tu gracia, p u e s la d i v i n i d a d n o p o d í a h a c e r l o

486

Oraciones

y

Soliloquios

sin la h u m a n i d a d —ésta la había c e r r a d o por el pecado del p r i m e r h o m b r e — ; tampoco la h u m a n i d a d sola podía abrir sin la divinidad, p o r q u e sus obras habían sido finitas, y la ofensa había sido cometida contra el bien infinito. C o m o inmediata consecuencia, la p e n a debía seguir a la culpa; por tanto, n i n g ú n otro medio era suficiente. ¡Oh dulce Portero, oh humilde C o r d e r o ! T ú eres el hortelano q u e , h a b i e n d o abierto las puertas del j a r d í n celestial, es decir, del paraíso, nos das flores y frutos d e e t e r n a Deidad. Desde a h o r a conozco q u e dijiste la verdad c u a n d o en forma d e peregrino te apareciste en el camino a dos discípulos tuyos y dijiste q u e era preciso que Cristo padeciese d e aquel m o d o y q u e por el camino d e la cruz entrase en su gloria, demostrándoles q u e así había sido p r e d i c h o por Moisés, Elias, Isaías, David y los demás q u e habían profetizado acerca d e ti. Les explicaste las Escrituras, p e r o ellos no las c o m p r e n d í a n por tener ofuscado su entendimiento; p e r o tú te comprendías a ti mismo. ¿Cuál era tu gloria, oh dulce y amoroso Verbo? Eras tú mismo, y p a r a q u e entrases en ella tenías q u e padecer. A m é n . EN LA CIRCUNCISIÓN

DEL

SEÑOR

14 Historia.—Compuesta en Roma el 1." de enero de 1380 a petición de un cardenal dominico; probablemente, Fr. Nicolás Caracciolo. I d e a s . — E l autor de la ley observa la ley, dándonos ejemplo.—La circuncisión es el primer momento en que Cristo se nos presenta padeciendo. —Pide por el papa, para que el Señor le de' acierto, y por sus enemigos, para que le reconozcan como a su señor y abandonen sus egoísmos.

¡Oh sumo Dios, oh A m o r inestimable, Fuego eterno, q u e iluminas la inteligencia d e los h o m b r e s y consumes lo q u e en el alma hay d e contrario a ti! Inflámala con el espíritu d e tu a m o r c u a n d o está en ti. Veo en ti el a m o r q u e te obligó a crearnos p a r a q u e te conociésemos y p a r a alabanza y gloria d e tu n o m b r e . El mismo te obligó a vestirte d e nuestra naturaleza mortal a fin d e volvernos a ti, d e quien nos habíamos apartado. Por p r i m e r a vez te has mostrado a nosotros padeciendo,

En la Circunásión

del Señor

487

¡oh A m a d o r nuestro!, y tú, autor d e la ley, te has hecho cumplidor d e ella p a r a ejemplo d e n u e s t r a h u m i l d a d . Avergüéncese, p o r tanto, el h o m b r e , criatura tuya, p o r el e n d u r e c i m i e n t o d e su corazón al n o observar esa ley, g u a r d á n d o l a tú, Dios n u e s t r o . Hoy, e n t r e el polvo d e n u e s t r a mortalidad, te has manifestado p a r a q u e p o r ese polvo nos veamos en ti. T e has m o s t r a d o pasible, pagand o las primicias y r e n o v á n d o n o s en el a m o r a tu santísim a pasión, para q u e , a ejemplo tuyo, soportemos d e b u e n g r a d o nuestros sufrimientos. Q u e se d e r r i t a toda alma en tu amor, ¡oh C r e a d o r mío y v e r d a d e r o Dios!, p o r q u e sacaste al h o m b r e d e ti a fin d e q u e te conociese y siguiese a ti solo. Nosotros, ingratos a beneficio tan g r a n d e , nos atrevemos a a p a r t a r n o s d e ti, ¡oh Majestad suprema! T a m b i é n tu clemencia desposa hoy al alma con el anillo d e tu caridad, ya q u e contigo d e b e n desposarse si reconocen tus beneficios, es decir, p o r la ley, p o r la q u e nos haces partícipes d e tu e t e r n i d a d . Hoy has o t o r g a d o también a mi alma la remisión d e los pecados por medio d e tu vicario, m a n i f e s t á n d o m e su p o d e r , el cual es tuyo. T ú , q u e has c r e a d o al h o m b r e sin contar con él, n o lo salvas sin su intervención. N o me has salvado hoy sin mí; m e has librado d e los lazos d e los pecados, m e d i a n d o la gracia d e tu vicario en la tierra, p o r mi perseverancia y p o r mi fe. Yo, indigna sierva tuya, te doy gracias por ello. Q u e sea yo purificada p o r tu gracia. A ti clamo hoy, A m o r mío, Dios e t e r n o , p a r a q u e tengas misericordia d e este m u n d o y p a r a q u e le des la luz d e conocer a ese tu vicario con la p u r e z a d e la fe, d e la q u e te suplico q u e lo vistas, Dios mío. Dale luz p a r a q u e todos lo sigan. O t o r g a d a la luz sobrenatural, concédele q u e tenga u n corazón varonil sazonado con santa humildad. No cesaré d e llamar a la p u e r t a d e tu benignid a d , a m o r mío, p a r a q u e lo ensalces. Manifiesta en él tu p o d e r para q u e su varonil corazón a r d a en tu santo deseo, sea i m p r e g n a d o d e la h u m i l d a d y en sus actos proceda con benignidad, caridad, p u r e z a y sabiduría. Conduce d e ese m o d o a todos a él. Dale conocimiento d e tu verdad p a r a q u e reconozca en q u é estado se h a encont r a d o y por tu gracia te vea a ti en sí mismo.

488

Oraciones y Soliloquios

Ilumina, asimismo, a sus adversarios, los cuales hacen resistencia al Espíritu Santo con corazón impenitente; a esos q u e son contrarios a tu omnipotencia. Llama a su puerta, p o r q u e sin ti no p u e d e n salvarse, para q u e se vuelvan a ti, Dios mío. Invítalos, muévelos, ¡oh A m o r inestimable! Q u e tu caridad obligue en este día d e gracia a que en ellos m u e r a la dureza d e su corazón. Sean, pues, vueltos a ti p a r a que no perezcan. Y como te h a n ofendido, Dios d e suma clemencia, castiga sus pecados en mí. Aquí tienes mi cuerpo. T e lo ofrezco. Q u e se convierta en y u n q u e en vez d e ellos, para que sus pecados sean machacados en él. C o m o veo q u e por naturaleza has d o t a d o a tu vicario d e u n corazón valeroso, te ruego, h u m i l d e y suplicante, q u e en su entendimiento infundas la luz sobrenatural, para q u e su corazón, inclinado a la soberbia si no le añades la luz adquirida por medio d e la virtud, también sea virtuoso. Asimismo, que desaparezca todo amor propio en esos enemigos tuyos, en tu vicario y en todos nosotros, a fin d e q u e podamos perdonarles c u a n d o hayan doblegado su dureza. Para q u e se humillen y obedezcan al mismo señor nuestro, te ofrezco mi vida desde este m o m e n t o y p a r a c u a n d o te plazca y le conserves p a r a tu gloria. H u m i l d e m e n t e te pido también que, en virtud d e tu pasión, limpies y barras los inveterados vicios d e tu esposa, como la limpiaste d e las antiguas e infructuosas plantas; y q u e no te demores. Bien sé, v e r d a d e r o Dios, q u e golpearás hasta q u e al fin sea e n d e r e z a d o el árbol d e la d u r e z a de tus enemigos. Pero date prisa, T r i n i d a d eterna, pues a ti no te es difícil purificar los vicios, p o r q u e no te cuesta hacer u n a cosa, pues todas las hiciste d e la nada. T e encomiendo también a tus hijos, y te ofrezco, asimismo, al que hoy te ha d a d o a mí en la eucaristía; q u e tú te des a él y que hoy se renueve interior y exteriormente y dirija a ti sus obras, según tu voluntad. Por eso, p a r a q u e te dignes escucharle, te doy gracias. Seas bendito por los siglos d e los siglos. A m é n .

EL DON DE LA

VERDAD

15 Historia.—Compuesta en Roma en agosto de 1379. No tiene plegaria, lo que indica su propósito doctrinal. Ideas. —La verdad suprema se identifica con el mismo Dios.—Esa verdad la poseen los bienaventurados, que la ven a la luz de la verdad. —Ven en Dios, con mayor o menor perfección, a todas las criaturas.—Las almas, por medio de la fe, tienen una visión semejante. ¡Oh V e r d a d , V e r d a d ! ¿Y q u i é n soy yo p a r a q u e m e des tu v e r d a d ? Yo soy la q u e n o soy. P o r lo tanto, tu V e r d a d es la q u e hace, habla y o b r a todas las cosas, p u e s n o soy yo. T u V e r d a d es la q u e ofrece la v e r d a d a las c r i a t u r a s d e m o d o s diversos. N o está s e p a r a d a d e ti, antes bien, tú e r e s la m i s m a V e r d a d . T ú , e t e r n a D e i d a d , Hijo d e Dios, viniste d e Dios p a r a c u m plir la v e r d a d del P a d r e e t e r n o , y n a d i e p u e d e p o s e e r la v e r d a d si n o la recibe d e ti, la V e r d a d . Q u i e n d e s e e poseerla n o p u e d e estar p r i v a d o d e n a d a d e tu v e r d a d ; d e o t r o m o d o n o p o d r í a tenerla, p o r q u e la v e r d a d n o p u e d e tener ningún defecto. Así la tienen los b i e n a v e n t u r a d o s , q u e la ven perfectam e n t e , sin defecto a l g u n o , p o r m e d i o d e la e t e r n a visión d e ti; la q u e tienen al participar d e la visión con q u e tú m i s m o te ves. Y c o m o tú eres s i e m p r e aquella m i s m a luz con la q u e ves y eres visto p o r la criatura, e n t r e ti y el q u e te ve n o hay intermediario alguno para hacerte presente. P o r eso, m i e n t r a s los b i e n a v e n t u r a d o s t i e n e n p a r t e contigo, es u n a m i s m a cosa la luz y el m e d i o con q u e eres visto. C o m o tú m i s m o eres s i e m p r e la m i s m a luz, el mism o m e d i o y el m i s m o objeto, del q u e se h a c e n partícipes p o r la u n i ó n contigo, p o r eso resulta u n a m i s m a cosa tu visión y la visión d e tu c r i a t u r a en ti, a p e s a r d e q u e u n o vea m e n o s p e r f e c t a m e n t e q u e o t r o , ya q u e la visión d e p e n d e d e la diversidad d e los q u e la reciben y n o d e la visión m i s m a . C o m o el alma q u e se halla en esta vida e n e s t a d o d e gracia, recibe tu verdad p o r medio d e la luz d e la fe. C o n ésta ve q u e las cosas q u e nos e n s e ñ a tu Iglesia son verd a d e r a s . Las almas reciben d e m o d o distinto esta verd a d , con m a y o r o m e n o r perfección s e g ú n la diversidad d e su p r e p a r a c i ó n ; con t o d o , n o p o r eso la fe es distinta, sino igual p a r a todos. De igual m o d o , los b i e n a v e n t u r a -

490

Oraciones y Soliloquios

dos tienen la m i s m a visión, a u n q u e sea recibida más o m e n o s p e r f e c t a m e n t e , c o m o q u e d a dicho. A m é n .

LA VIDA QUE VENCE A LA

MUERTE

16 Historia.—Compuesta en Roma, en fecha incierta; supuestamente, el 16 de agosto de 1379. Es otra oración meramente doctrinal. Muchos han creído hacer un favor a la Santa atribuyendo a una adición posterior la parte en que se toca el tema del pecado original en la Virgen. Nadie tiene por que' escandalizarse de que Catalina siguiera la tesis maculista. Era doctrina defendida por muchísimos teólogos de talla; por ejemplo, Santo Tomás de Aquino, de cuya orientación y doctrina encontramos tantos vestigios en Catalina. El tema en discusión encontró solución teológica siglos después. Ideas.—La obra de la redención se hace por la unión de las naturalezas divina y humana en Cristo. —La humana la recibe de María. —Esta fue concebida en pecado original y purificada de él inmediatamente después de que el alma entrara en el cuerpo de María al quedar formada la persona. ¡Oh Deidad eterna! Disuelve el vínculo d e mi c u e r p o p a r a q u e p u e d a ver la v e r d a d , p o r q u e a h o r a la m e m o r i a n o te p u e d e c o m p r e n d e r , ni el e n t e n d i m i e n t o e n t e n d e r , ni el afecto a m a r c o m o se d e b e . ¡Oh n a t u r a l e z a divina, q u e resucitas los m u e r t o s y ú n i c a m e n t e tú das vida! P a r a d a r vida a la naturaleza h u m a n a quisiste unirla a ti. ¡Oh V e r b o e t e r n o ! La uniste a ti de tal manera, que en m o d o alguno p u e d e separarse d e ti. Por eso ella sufría a u n q u e la divina le d i e r a vida, y p o r eso eras, a la vez, b i e n a v e n t u r a d o y doliente. Ni siquiera e n el sepulcro se p u d i e r o n separar u n a d e la o t r a . ¡Oh P a d r e e t e r n o ! T ú dices q u e vestiste a tu V e r b o d e n u e s t r a n a t u r a l e z a p a r a q u e ella satisficiese en El p o r nosotros. ¡Oh a d m i r a b l e misericordia! Quisiste castigar a tu propio y n a t u r a l Hijo a causa del adoptivo; y sufrió n o sólo la p e n a d e la cruz en el c u e r p o , sino el t o r t u r a n te deseo d e la m u e r t e . ¡ O h P a d r e e t e r n o , q u é p r o f u n d a s e inefables son tus d e t e r m i n a c i o n e s ! El necio n o las c o m p r e n d e , más bien i n t e r p r e t a tus o b r a s según las apariencias y n o según el p r o f u n d o abismo d e tu caridad, ni p o r la a b u n d a n c i a q u e d e ella has infundido en tus siervos. ¡Oh h o m b r e

La imagen

divina

491

i g n o r a n t e y bestial! Ya q u e Dios te h a h e c h o h o m b r e , ¿ p o r q u é te c o n v i e r t e s t ú m i s m o e n bestia? ¿ N o sabes q u e los h o m b r e s - b e s t i a s o n e n v i a d o s a las p e n a s e t e r n a s d e l infierno? E n ellas, el h o m b r e se vuelve « n a d a » ; n o e n c u a n t o al ser, sino e n c u a n t o a la gracia. Está c o m p l e t a la n a t u r a l e z a ; p e r o las cosas, faltas d e la p e r f e c c i ó n d e esta gracia, se p u e d e n l l a m a r « n a d a » . El V e r b o e t e r n o n o s h a sido d a d o p o r m e d i o d e María, y p o r m e d i o d e la c a r n e d e M a r í a se vistió d e n u e s t r a n a t u r a l e z a sin m a n c h a d e p e c a d o o r i g i n a l , p o r q u e su c o n c e p c i ó n n o fue p o r o b r a d e v a r ó n , sino d e l Espíritu S a n t o . El p e c a d o o r i g i n a l se d i o e n M a r í a p o r q u e ella p r o c e d e d e la m a s a d e A d á n ; n o p o r o b r a d e l Espíritu S a n t o , sino d e l h o m b r e . C o m o t o d a a q u e l l a m a s a estaba p o d r i d a y c o r r o m p i d a , p o r eso n o p o d í a i n f u n d i r e n a q u e l a l m a m a t e r i a n o c o r r o m p i d a , ni p r o p i a m e n t e se p o d í a p u r i f i c a r sino p o r la gracia d e l Espíritu S a n t o . Esa gracia n o la p u d o recibir el c u e p o , sino el a l m a racional e intelectual. P o r e s o , M a r í a n o p u d o e s t a r limpia d e la m a n c h a sino d e s p u é s d e e s t a r el a l m a i n f u n d i d a e n el c u e r p o . Esto se realizó p o r r e v e r e n c i a al V e r b o d i v i n o q u e d e b í a e n t r a r e n a q u e l r e c e p t á c u l o . C o m o el h o r n o c o n s u m e la g o t a d e a g u a e n p o c o t i e m p o , así hizo el Espíritu S a n t o c o n la m a n c h a d e p e c a d o o r i g i n a l , p o r q u e d e s p u é s d e ser c o n c e b i d a fue i n m e d i a t a m e n t e purificad a d e l p e c a d o y se le d i o la gracia. T ú sabes, S e ñ o r , q u e ésta es la v e r d a d .

LA IMAGEN

DIVINA

1 7 Historia.—Compuesta en Roma en 12 de agosto de 1379, día en que se celebraba la octava de Santo Domingo de Guzmán. Como dice el manuscrito, se le ha suprimido la plegaria, dejando sólo la parte doctrinal. Se pedía que sus discípulos se amaran unos a otros. Ideas.—El hombre que no reconoce su semejanza con Dios es ingrato. —Esto proviene de la ignorancia, pues de otro modo amaría a Dios.—No hacerlo va contra la propia naturaleza. ¡ O h h o m b r e i n g r a t o ! ¡ O h alta y e t e r n a D i v i n i d a d , inc o m p r e n s i b l e e i n e s t i m a b l e A m o r ! Dices, P a d r e e t e r n o , q u e el h o m b r e q u e se m i r a a sí m i s m o te e n c u e n t r a d e n t r o d e él, p u e s t o q u e h a sido c r e a d o a tu i m a g e n y s e m e -

492

Oraciones y Soliloquios

j a n z a : tiene m e m o r i a , p a r a a c o r d a r s e d e ti y d e tus beneficios, p a r t i c i p a n d o en esto d e tu p o d e r ; tiene e n t e n d i m i e n t o , p a r a c o n o c e r t e y conocer tu voluntad, particip a n d o d e la sabiduría d e tu Hijo u n i g é n i t o , n u e s t r o Señ o r Jesucristo; y tiene la voluntad, p a r a a m a r t e , particip a n d o d e la clemencia del Espíritu Santo. Así, n o sólo creaste al h o m b r e a tu imagen y semejanza, sino q u e también hay e n ti semejanza con lo q u e él es, y d e este m o d o estás e n él y él e n ti. N o te h e conocido en mí, Dios; ni a mí en ti, Dios e t e r n o . Esta es la ignorancia d e los necios q u e te ofend e n , p o r q u e , si lo c o m p r e n d i e r a n , n o p o d r í a n m e n o s d e a m a r a Dios. Esta ignorancia p r o c e d e d e la privación d e la luz d e la gracia, y la privación p r o v i e n e del a m o r p r o pio sensitivo. T a l es la semejanza e n t r e u n o y o t r o , q u e , c u a n d o n o se a m a n , se a p a r t a n d e su propia naturaleza.

LUZ Y TINIEBLAS 18 Historia.—Compuesta en Roma, en fecha incierta; probablemente, en 1379. Es oración doctrinal, sin petición. Ideas.—Pide Catalina a Dios que le hable de la Verdad.—Esta se manifiesta en dos injertos: en la naturaleza humana y en la cruz.—Fruto de la cruz es la sangre, cuya eficacia llega a nosotros por los sacramentos, de los que es depositaría la Iglesia y el vicario de Cristo.—Los rebeldes persiguen los frutos de la sangre. ¡Oh Deidad, o h A m o r divinidad! ¿ Q u é p u e d o decir d e tu V e r d a d ? T u V e r d a d habla d e tu v e r d a d . Yo n o sé hablar sino d e las tinieblas; n o h e s e g u i d o tu cruz, sino el c a m i n o d e las tinieblas. Reconozco p l e n a m e n t e q u e quien conoce la tinieblas, conoce la luz; p e r o yo n o h e o b r a d o así, sino q u e h e seguido las tinieblas, y p o r ello n o h e conocido p e r f e c t a m e n t e la v e r d a d . Habla tú, p u e s , d e tu v e r d a d , d e tu cruz, y yo escucharé. Dices q u e algunos son p e r s e g u i d o r e s del fruto d e tu cruz, T ú , ¡oh V e r b o , u n i g é n i t o Hijo d e Dios!; p o r el inconmensurable a m o r q u e nos tuviste, te injertaste a ti mism o c o m o fruto d e dos árboles: p r i m e r a m e n t e , e n la naturaleza h u m a n a , p a r a q u e se manifestase en nosotros la V e r d a d invisible del e t e r n o P a d r e , cuya V e r d a d eres tú mismo; el s e g u n d o injerto fue el d e tu c u e r p o en el ár-

Luz y tinieblas

493

bol d e la santísima c r u z , e n la q u e n o te sujetaron los clavos ni cosa a l g u n a , sino el d e s m e d i d o a m o r q u e nos tuviste. T o d o esto lo hiciste p a r a d e m o s t r a r la r e a l i d a d d e la v o l u n t a d del P a d r e , q u e n o q u i e r e sino n u e s t r a salvación. P r o d u c t o d e este injerto fue tu s a n g r e , la cual, p o r la u n i ó n con la n a t u r a l e z a divina, n o s h a d a d o vida. P o r la eficacia d e esta s a n g r e s o m o s purificados del p e c a d o m e d i a n t e tus s a c r a m e n t o s , q u e h a s depositad o e n la b o d e g a d e la s a n t a Iglesia, d a n d o la llave y custodia a tu vicario principal e n la tierra. T o d o esto n o es c o n o c i d o ni c o m p r e n d i d o p o r los h o m b r e s a n o ser p o r m e d i o d e la luz c o n q u e iluminas la p a r t e más noble del alma, es decir, el e n t e n d i m i e n t o . Esa luz es la d e la fe y d e tu gracia. La c o n c e d e s a todos los cristianos c u a n d o p o r el b a u t i s m o i n f u n d e s e n ellos la luz d e la fe y d e tu gracia, c o n las cuales se b o r r a el p e c a d o original q u e h a b í a m o s c o n t r a í d o . Se nos d a luz suficiente p a r a q u e c o n s i g a m o s el fin ú l t i m o , la b i e n a v e n t u r a n z a , si es q u e p o r la m a l d a d d e n u e s t r o a m o r p r o p i o sensitivo n o c e r r a m o s los ojos. Esa gracia h a d a d o luz a n u e s t r o s ojos e n el s a n t o b a u t i s m o . Nos c e g a m o s c u a n d o s o b r e n u e s t r o s ojos p o n e m o s la n u b e d e la frialdad y la h u m e d a d del a m o r p r o p i o , c o m o q u e d a d i c h o , y e n t o n c e s n o te c o n o c e m o s a ti ni a n i n g ú n bien v e r d a d e r o , y l l a m a m o s al b i e n , m a l , y al m a l , bien, y d e este m o d o nos c o n v e r t i m o s e n ignorantísimos e i n g r a t o s . Peor es a ú n q u e , h a b i e n d o c o n o c i d o la v e r d a d , p e r d a m o s la luz ya recibida, p u e s p e o r es u n falso cristiano q u e u n infiel, y p e o r es n o seguirla; sólo q u e e n este caso es m á s fácil recibir la m e d i c i n a e n su enferm e d a d , p o r q u e acaso q u e d e a l g u n a luz d e la fe. Estos, S e ñ o r , son p e r s e g u i d o r e s del f r u t o d e la c r u z , o sea, d e la s a n g r e , p u e s n o siguen a Cristo crucificado, sino q u e te p e r s i g u e n a ti y a tu s a n g r e . Lo son especialm e n t e los r e b e l d e s a tu b o d e g u e r o , al q u e tiene las llaves d e la b o d e g a d o n d e se halla d e p o s i t a d a tu preciosa s a n g r e y la s a n g r e d e los m á r t i r e s , la cual tiene valor e n r a z ó n d e la tuya. Esta r e b e l i ó n y t o d o p e c a d o viene p o r h a b e r p e r d i d o la luz d e tu v e r d a d , q u e se a d q u i e r e p o r la fe e n ti. P o r eso, los filósofos, a u n q u e supiesen m u c h o d e la v e r d a d d e tus c r i a t u r a s , n o p u d i e r o n , sin e m b a r g o , salvarse, p o r q u e n o tenían fe e n ti.

494

Oraciones y Soliloquios

LOS CAMINOS

DE LA MISERICORDIA

DIVINA

19 Historia.—Compuesta en Roma el 13 de febrero de 1379, el domingo de Sexagésima. Es oración doctrinal, sin plegaria. Ideas.—Invocación de la misericordia.—Esta movió a Dios a la creación, a la redención y a la santificación por las almas. —La redención se hizo sin escatimar sufrimientos ni sangre, a la manera que tampoco el hombre ha regateado los modos de pecar. ¡Oh A m o r inestimable, o h dulce A m o r , Fuego eterno! Eres el fuego q u e siempre a r d e , ¡oh alta T r i n i d a d ! Eres recto sin curvas, sencillo sin doblez y sincero sin fingimiento. Dirige los ojos d e la misericordia a tus criaturas. Reconozco q u e te es propia la misericordia; es más, a d o n d e q u i e r a q u e m e vuelvo, m e e n c u e n t r o con ella. Por eso grito y c o r r o a tu misericordia p a r a q u e la tengas con el m u n d o . T ú q u i e r e s , P a d r e e t e r n o , q u e te sirvamos según tu beneplácito y llevas a tus servidores por diversos m o d o s y caminos. Así, hoy indicas q u e en n i n g u n a m a n e r a pod e m o s ni d e b e m o s j u z g a r el interior d e las criaturas p o r los actos e x t e r n o s , sino q u e en todas d e b e m o s ver tu vol u n t a d , y especialmente en tus servidores q u e se hallan unidos y t r a n s f o r m a d o s en ella. De aquí q u e goce el alma, q u e e n tu luz ve la luz d e los infinitos y variados m o d o s y c a m i n o s q u e siguen. T o d o s c o r r e n por el camino del fuego, pues d e o t r a m a n e r a n o seguirían realm e n t e a tu V e r d a d . Por eso vemos q u e u n o s van p o r el d e la penitencia, basada en la mortificación d e su cuerpo; otros, p o r el d e la h u m i l d a d , aniquilando su propia voluntad; o t r o s , p o r la fe viva; otros, p o r la misericordia, y otros, p o r la dedicación completa a la caridad con el prójimo, d e s c u i d á n d o s e a sí mismos. En las obras así ejecutadas se e n r i q u e c e el alma q u e con solicitud ha u s a d o luz natural, con la cual obtend r á la s o b r e n a t u r a l , p o r la q u e ve la inconmensurable largueza d e tu voluntad. Por eso en todas las obras d e las criaturas ven tu voluntad y n o la d e las criaturas. H a n c o m p r e n d i d o bien la doctrina d e tu V e r d a d cuand o dijo: «No juzguéis p o r las apariencias» '. 1

J n 7,24.

Caminos de la misericordia

divina

495

¡ O h V e r d a d e t e r n a ! ¿ C u á l es tu e n s e ñ a n z a y c u á l el c a m i n o p o r el q u e q u i e r e s q u e v a y a m o s al P a d r e ? N o a c i e r t o a v e r o t r o sino el q u e t ú h a s p a v i m e n t a d o c o n las v e r d a d e r a s y r e a l e s v i r t u d e s d e l f u e g o d e tu c a r i d a d , V e r b o e t e r n o . L o h a s edificado c o n tu s a n g r e . E s t e es, p u e s , el c a m i n o . N u e s t r o p e c a d o n o consiste sino e n a m a r lo q u e tú h a s a b o r r e c i d o y e n a b o r r e c e r lo q u e h a s a m a d o . C o n f i e s o , Dios e t e r n o , q u e yo h e a m a d o siemp r e lo q u e tú h a s o d i a d o , y o d i a d o lo q u e t ú a m a s . P e r o h o y l l a m o a tu m i s e r i c o r d i a p a r a q u e m e c o n c e d a s seg u i r a tu V e r d a d c o n sencillo c o r a z ó n . D a m e f u e g o y abismo d e caridad; d a m e h a m b r e continua d e sufrir pen a s y t o r m e n t o s p o r ti; d a a mis ojos, P a d r e e t e r n o , f u e n t e s d e l á g r i m a s c o n las q u e incline t u m i s e r i c o r d i a h a c i a el m u n d o e n t e r o , y s i n g u l a r m e n t e h a c i a tu esposa. ¡ O h i n e s t i m a b l e y d u l c í s i m a C a r i d a d ! Este es tu j a r d í n , f u n d a d o e n tu s a n g r e y r e g a d o c o n la d e los m á r t i r e s , q u e v a r o n i l m e n t e h a n c o r r i d o tras el o l o r d e t u s a n g r e . Seas t ú , p o r t a n t o , q u i e n lo g u a r d e . ¿Y q u i é n p o d r á c o n t r a la c i u d a d q u e t ú g u a r d a s ? P o n f u e g o a n u e s t r o s c o r a z o n e s y s u m é r g e l e s e n esta s a n g r e p a r a q u e m e j o r p o d a m o s t e n e r h a m b r e d e tu h o n o r y d e la salvación d e las a l m a s . P e q u é , p e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r d i a d e m í . ¡ O h e t e r n a D e i d a d ! ¿Y q u é d i r e m o s d e ti? ¿ Q u é j u i c i o nos f o r m a r e m o s d e ti? D i r e m o s y p e n s a r e m o s q u e e r e s n u e s t r o d u l c e Dios, q u e n o q u i e r e sino n u e s t r a santificación. Esto a p a r e c e e v i d e n t e e n la s a n g r e d e tu Hijo. El, c o m o e n a m o r a d o , c o r r i ó , p o r n u e s t r a salvación, a la a f r e n t o s a m u e r t e d e c r u z . Q u e se a v e r g ü e n c e el h o m b r e d e l e v a n t a r la c a b e z a c o n s o b e r b i a v i é n d o t e , altísimo Dios, h u m i l l a d o h a s t a el l o d o d e n u e s t r a h u m a n i d a d . ¡ O h e t e r n a D e i d a d ! ¡ Q u é p r o p i a te es la m i s e r i c o r d i a ! L o es t a n t o , q u e t u s s e r v i d o r e s a p e l a n a ella c o n t r a la j u s t i c i a q u e el m u n d o m e r e c e p o r sus p e c a d o s . T u miser i c o r d i a n o s h a c r e a d o ; la m i s m a m i s e r i c o r d i a n o s r e d i mió d e la m u e r t e e t e r n a ; ella nos gobierna y ella contiene a la j u s t i c i a p a r a q u e n o m a n d e a la t i e r r a q u e se a b r a y n o s t r a g u e y q u e los a n i m a l e s n o s d e v o r e n , s i n o , p o r el c o n t r a r i o , t o d a s las cosas n o s sirven y la t i e r r a n o s d a sus f r u t o s . T o d o esto lo h a c e la m i s e r i c o r d i a . Ella n o s c o n s e r v a y p r o l o n g a la vida, c o n c e d i é n d o n o s t i e m p o

496

Oraciones y Soliloquios

p a r a q u e p o d a m o s volver a ti y reconciliarnos contigo. ¡Oh misericordioso y piadoso P a d r e ! ¿Quién frena a la naturaleza angélica p a r a q u e no tome venganza del h o m b r e , q u e es e n e m i g o tuyo? La misericordia. Por ella nos concedes g r a n d e s consuelos p a r a q u e nos veamos obligados a amarte, p o r q u e el corazón d e la criatura está inclinado al a m o r . Esa misericordia nos d a y permite las penas y aflicciones p a r a q u e a p r e n d a m o s a conocernos a nosotros mismos y a d q u i r a m o s la modesta virtud d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , y también p a r a q u e tengas motivo d e r e c o m p e n s a r a los q u e varonilmente han combatido sufriendo con v e r d a d e r a paciencia. Por misericordia conservaste las cicatrices en el c u e r p o d e tu Hijo, para q u e con ellas pida misericordia p o r nosotros ante tu Majestad; p o r misericordia te has d i g n a d o most r a r m e a mí, miserable, q u e en m o d o alguno d e b e m o s j u z g a r las intenciones d e las criaturas racionales, pues tú las conduces p o r variedad infinita d e caminos, como por mí misma m e das ejemplo. Por lo cual te doy gracias. T u misericordia n o quiso q u e el C o r d e r o inmaculado redimiese a la h u m a n i d a d con sólo u n a gota d e sangre, ni con el sufrimiento d e u n m i e m b r o solo, sino con sufrimientos y con la sangre d e todo el c u e r p o para satisfacer por el g é n e r o h u m a n o , q u e te había ofendido. P o r q u e vemos q u e las criaturas te o f e n d e n : quién con las manos, quién con los pies, q u i é n con la cabeza o con todos los m i e m b r o s del c u e r p o , d e m o d o q u e el g é n e r o h u m a n o te había o f e n d i d o con todos los miembros del c u e r p o . T e o f e n d e todo el c u e r p o del h o m b r e , p o r q u e toda culpa se c o m e t e con la voluntad, y ella d o m i n a a todo el c u e r p o . Por eso quisiste satisfacer con todo el c u e r p o y toda la sangre d e tu Hijo, p a r a q u e , en virtud d e la naturaleza divina, infinita, y la h u m a n a , finita, expiase p l e n a m e n t e p o r todos. N u e s t r a h u m a n i d a d sufrió la p e n a en el V e r b o , y la divinidad aceptó el sacrificio. ¡Oh Verbo e t e r n o , Hijo d e Dios! ¿Por q u é tuviste tan perfecto dolor d e la culpa, n o hallándose en ti el veneno del pecado? Veo, A m o r inestimable, q u e quisiste satisfacer corporal y espiritualmente, lo mismo q u e el h o m b r e corporal y espiritualmente había o f e n d i d o y cometido el pecado. Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.

POR LA SANTIFICACIÓN

DE LA

IGLESIA

2 0 Historia.—Compuesta en Roma el 14 de febrero de 1379. Ideas.—La eucaristía es no sólo comida, sino fortaleza en las contradicciones. —Reforma de la Iglesia. —Quiere Catalina arder más en el fuego de la caridad. —Pide por el mundo, el papa, los cardenales y sus discípulos. —Que Dios con su misericordia permita que alcancen la bienaventuranza. ¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , o h T r i n i d a d e t e r n a ! ¡Oh fuego y abismo d e c a r i d a d ! ¡Oh loco p o r tu c r i a t u r a ! ¡Oh Verd a d eterna, oh Fuego eterno, oh Sabiduría eterna! ¿Vino, acaso, sólo al m u n d o tu Sabiduría? N o , p o r q u e n o se dio la sabiduría sin p o d e r , ni el p o d e r sin la clemencia. P o r t a n t o , tú, Sabiduría, n o viniste sola, sino t o d a la T r i n i d a d . ¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , loco d e a m o r ! ¿ Q u é p r o v e c h o obtenías con n u e s t r a r e d e n c i ó n ? N i n g u n o , p u e s n o tienes necesidad d e n o s o t r o s , p o r ser n u e s t r o Dios. ¿Para q u i é n fue provechosa? Ú n i c a m e n t e p a r a el h o m b r e . ¡Oh C a r i d a d inestimable! Así c o m o al h o m b r e le diste al t o d o Dios y t o d o h o m b r e , del m i s m o m o d o te q u e d a s te t o d o c o m o manjar, p a r a q u e , m i e n t r a s s o m o s p e r e g r i nos en esta vida, n o desfallezcamos d e fatiga, sino q u e seamos fortalecidos, M a n j a r celestial. ¡Oh h o m b r e avaricioso! ¿ Q u é te h a d e j a d o tu Dios? T e dejó a sí m i s m o , t o d o Dios y t o d o h o m b r e , oculto bajo la b l a n c u r a del p a n . ¡Oh fuego d e a m o r ! ¿ N o e r a suficiente h a b e r n o s c r e a d o a i m a g e n y semejanza tuya y h a b e r n o s vuelto a c r e a r p o r la gracia e n la s a n g r e d e tu Hijo, sin t e n e r q u e d a r n o s en c o m i d a a t o d o Dios, esencia divina? ¿ Q u i é n te h a obligado? Sólo la c a r i d a d , c o m o loco d e a m o r q u e eres. Lo m i s m o q u e n o nos enviaste y diste sólo al V e r b o , así t a m p o c o nos lo dejaste sólo e n c o m i d a , sino q u e , c o m o u n loco d e a m o r p o r la c r i a t u r a , nos diste la esencia divina, c o m o q u e d a d i c h o . Y c o m o n o te h a s q u e d a d o p a r a nosotros sólo c o m o c o m i d a , así n o te das tú solo al a l m a q u e se h a a b a n d o n a d o c o m p l e t a m e n t e p o r a m o r a ti y q u e ú n i c a m e n t e d e s e a y busca la gloria y alabanza d e tu n o m b r e . El a l m a n o te busca p o r ella m i s m a , sino p o r q u e eres s u m a y e t e r n a b o n d a d , d i g n o d e ser a m a d o

498

Oraciones y Soliloquios

y servido p o r las criaturas; ni busca al prójimo p o r su causa, sino p o r ti, p a r a d a r t e gloria. Por lo cual vemos q u e n o sólo te entregas a ellos, sino q u e con tu p o d e r los haces fuertes c o n t r a los ataques d e los d e m o n i o s , c o n t r a las injurias d e las criaturas, c o n t r a la rebelión d e su p r o pia c a r n e y c o n t r a toda angustia y tribulación, venga d e d o n d e venga. Los iluminas con la sabiduría d e tu Hijo p a r a q u e se conozcan y conozcan tu verdad y los engaños del d e m o n i o . T ú enciendes sus corazones con el fuego del Espíritu Santo en el deseo d e a m a r t e y seguirte d e veras, en u n o s más y en otros m e n o s , según la med i d a del a m o r con q u e se llegan a ti y según use cada u n o d e la luz n a t u r a l q u e nos has d a d o . Gracias, gracias te sean d a d a s , s u m o y e t e r n o P a d r e , q u e , como loco p o r tu criatura, nos muestras hoy el m o d o en q u e se p u e d e r e f o r m a r tu esposa, la santa Iglesia. T e suplico q u e c o m o has d e t e r m i n a d o , por u n a parte, iluminar el e n t e n d i m i e n t o en esta necesidad, así, p o r otra, lo proveas con la preparación d e los ministros, y principalmente d e tu vicario, p a r a q u e sigan la luz q u e les has infundido y les seguirás i n f u n d i e n d o . ¡Oh T r i n i d a d eterna! H e pecado todo el tiempo d e mi vida. ¡Oh miserable alma mía! ¿ T e has, acaso, a c o r d a d o d e tu Dios? Cierto q u e no; p o r q u e , si lo hubieras h e c h o , habrías a r d i d o en el h o r n o d e su caridad. Vuelve, Dios e t e r n o , la salud al e n f e r m o , la vida al m u e r t o , y d a n o s voz p a r a clamar a ti con la voz d e tu misericordia p o r el m u n d o y p o r la r e f o r m a d e la Iglesia. Escucha la voz con q u e clamamos a ti. Si te pido por todo el m u n d o , lo h a g o especialmente p o r tu vicario, y p o r sus c o l u m n a s [cardenales], y p o r todos los q u e has q u e r i d o q u e a m e yo con a m o r singular. A u n q u e esté enferma, a u n q u e sea imperfecta, q u i e r o verlos sanos y perfectos, y, a u n q u e esté m u e r t a , q u i e r o verlos vivos por la gracia. ¡Oh inestimable fuego y dilección de la caridad! ¿De d ó n d e tanta h u m i l d a d y misericordia p a r a q u e tú, Dios, hayas establecido tanta semejanza e n t r e ti y la criatura racional, d e m o d o q u e por la u n i ó n d e la naturaleza divina con la h u m a n a y p o r la nueva creación nos hayas hecho a su imagen y semejanza, y p o r la u n i ó n y percepción q u e provienen d e ti en el alma, a fin d e q u e te a m e

Por la santificación

de la Iglesia

499

y sirva c o n c o r a z ó n sencillo y g e n e r o s o ? N o es p o r n u e s tra b o n d a d , p u e s somos d e m o n i o s h e c h o s c a r n e y e n e migos tuyos. P r o v i e n e esto ú n i c a m e n t e d e l f u e g o d e tu c a r i d a d . A v e r g ü é n c e s e el h o m b r e d e n o vivir c o n t i n u a m e n t e e n ti con t o d o el c o r a z ó n , t e n i e n d o tú, T r i n i d a d e t e r n a , la m o r a d a e n n o s o t r o s d e m o d o s tan diversos. ¡ O h a l m a mía! N u n c a te has a c o r d a d o d e Dios, y p o r eso n o h a s c o n s o l i d a d o tu c o r a z ó n e n las v e r d a d e r a s virtudes. P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e mí. E t e r n a D e i d a d : tú e r e s vida, y yo m u e r t e ; tú, sabiduría, y yo n e c e d a d ; tú, luz, y yo tinieblas; tú, r e c t i t u d perfecta, y yo t o r t u o s i d a d ; tú, m é d i c o , y yo e n f e r m a . ¿ Q u i é n p o d r á u n i r s e a ti, s u m a Alteza, D e i d a d e t e r n a , y a g r a d e c e r t e tantos y t a n infinitos beneficios c o m o nos has o t o r g a d o ? T ú m i s m o te u n i r á s c o n la luz q u e infund i r á s e n q u i e n q u i e r a recibirla y con tus l i g a d u r a s a t a r á s a q u i e n se deje a t a r sin h a c e r resistencia a tu v o l u n t a d . N o t a r d e s , P a d r e b e n i g n í s i m o ; vuelve hacia el m u n d o los ojos d e misericordia. Serás m á s glorificado d á n d o l e s la luz q u e si p e r m a n e c e n en la c e g u e r a y tinieblas d e l p e c a d o m o r t a l , a u n q u e recibas d e t o d a s las cosas gloria y a l a b a n z a p a r a tu n o m b r e . Por lo cual v e m o s q u e tu gloria r e s p l a n d e c e e n los p e c a d o r e s p o r la misericordia q u e les haces d e n o d e s e n v a i n a r la e s p a d a d e tu justicia c o n t r a ellos, sino q u e les d a s t i e m p o p a r a q u e se conv i e r t a n . E n el infierno brilla tu gloria p o r la justicia q u e se h a c e e n los c o n d e n a d o s , y a ú n les haces misericordia, p u e s n o reciben tantos s u f r i m i e n t o s c o m o h a n merecid o . P o r la misericordia y la justicia vuelve a tu n o m b r e la gloria y la alabanza. E n t o d a s las c r i a t u r a s q u e h a n seg u i d o tu v o l u n t a d p a r a c o n s e g u i r el fin p a r a el q u e las c r e a s t e , q u i e r o v e r yo la gloria y a l a b a n z a d e tu n o m b r e . Q u i e r o q u e tu vicario sea «otro tú», p o r q u e necesita d e luz m á s q u e los o t r o s , ya q u e d e b e a l u m b r a r a los d e más. D a n o s , b e n i g n í s i m o y p i a d o s o P a d r e , tu d u l c e y eterna bendición. Amén.

500

Oraciones y Soliloquios

LOS DOS

VESTIDOS

21 Historia.—Compuesta en Roma el martes 15 de febrero de 1379. Ideas.—En la luz divina se distinguen las buenas y malas obras. —Somos como dos vestidos del alma: luz y tinieblas. —Las tinieblas provienen del pecado. —En la luz divina se ve cómo los dones naturales de los hombres se ajustan a las virtudes. —Por el reajuste de la voluntad del hombre con la de Dios, el alma se encuentra como en una circunferencia, en la que, dondequiera que se vaya, se encuentra a Dios. —De esa circunferencia se sale sólo por la falta de fe. —Pide luz especial para el papa, la Iglesia y sus discípulos, aunque ella sea una pecadora.

¡Oh Deidad eterna, oh e t e r n a Deidad, A m o r inestimable! En tu luz h e visto la luz, en tu luz h e conocido la luz; en tu luz se conoce la razón d e la luz y d e las tinieblas, es decir, q u e tú eres fuente d e toda luz, y nosotros la causa d e las tinieblas en el alma. T r i n i d a d eterna: tus obras son admirables; se conocen en tu luz, p o r q u e p r o ceden d e la misma luz. Hoy manifiesta tu V e r d a d la causa d e las tinieblas p o r tu luz admirable, esto es, el maloliente vestido d e la voluntad propia y el vestido d e tu dulce voluntad, instrum e n t o p o r el q u e se conoce la luz. Es d e a d m i r a r q u e mientras estamos en tinieblas conozcamos la luz, q u e por las cosas finitas conozcamos las infinitas, q u e estand o muertos conozcamos la vida. T u verdad muestra q u e como el h o m b r e q u e lleva su vestido al revés se lo quita, así el alma d e b e despojarse d e la propia voluntad totalm e n t e , si es q u e q u i e r e revestirse d e la suya. ¿Cómo se despoja? C o n la luz q u e se adquiere usand o , con la m a n o del libre albedrío, la luz q u e hemos recibido en el bautismo, p o r q u e e n la luz h a visto la luz. ¿De d ó n d e recibe el alma esta luz? Sólo d e ti, Luz. Nos la has manifestado bajo el velo d e nuestra h u m a n i d a d . ¿Qué recibe el alma vestida d e esta luz? La privación d e la tinieblas, del h a m b r e , d e la sed y d e la m u e r t e , puesto q u e p o r el h a m b r e d e la virtud se quita el h a m b r e d e la voluntad propia, con la sed se arroja la sed d e su h o n o r y con la vida d e tu gracia h a echado fuera la m u e r t e del pecado y d e su perversa voluntad. ¡Oh vestido maloliente d e nuestra voluntad! T ú n o

Los dos vestidos

501

c u b r e s , sino q u e dejas d e s n u d a al a l m a . ¡ O h v o l u n t a d d e s p o j a d a , o h primicia d e la vida e t e r n a ! E r e s fiel h a s t a la m u e r t e a tu d u l c í s i m o C r e a d o r y n o al m u n d o . T ú u n e s al a l m a c o n El, p o r q u e se h a d e s p o j a d o e n t o d o d e sí m i s m a . ¿En q u é c o n o c e el a l m a q u e se halla c o m p l e t a m e n t e l i b e r a d a d e sí m i s m a ? E n q u e n o elige t i e m p o , ni l u g a r , ni m o d o , sino q u e acepta el tuyo. Este es u n vestido refulgente. P u e d e v e r d a d e r a m e n t e decirse q u e es u n sol, p u e s c o m o el sol i l u m i n a , calienta y h a c e q u e g e r m i n e la tierra, así esta v e r d a d e r a luz calienta a q u i e n la p o s e e c o n el f u e g o d e la c a r i d a d ; la i l u m i n a , p o r q u e la luz le h a c e c o n o c e r la v e r d a d y la luz d e tu s a b i d u r í a ; la h a c e g e r m i n a r el f r u t o d e las v e r d a d e r a s y reales v i r t u d e s m i e n t r a s está e n esta t i e r r a m o r t a l . ¿ Q u é es lo q u e h a c e q u e n o se despoje d e sí m i s m a ? L a p r i v a c i ó n d e la luz, p o r q u e n o h a c o n o c i d o ni utilizad o la luz principal q u e has d a d o a t o d a c r i a t u r a racional. ¿ P o r q u é n o la h a c o n o c i d o ? P o r q u e h a e n t e n e b r e c i d o el e n t e n d i m i e n t o c o n el p e c a d o , p o r lo q u e la v o l u n t a d q u e d ó p r i s i o n e r a . Ella es la q u e c o m e t e el p e c a d o . ¡ O h i g n o r a n t e a l m a mía! ¿ C ó m o n o p e r c i b e s la pestilencia d e l p e c a d o ? ¿ C ó m o n o sientes el p e r f u m e d e la v i r t u d y d e la gracia? P o r estar p r i v a d a d e la luz. P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r i d a d e mí. ¡Oh Dios e t e r n o ! E n tu luz h e visto c u a n s e m e j a n t e te has h e c h o a tu c r i a t u r a . P o r eso veo q u e la h a s e n c e r r a d o e n u n círculo en el q u e , a c u a l q u i e r p a r t e q u e vaya, la h e d e e n c o n t r a r . Si m e vuelvo a c o n o c e r el ser q u e nos h a s d a d o , veo q u e n o s h a s h e c h o a tu i m a g e n y semejanza, p a r t i c i p a n d o d e tu T r i n i d a d e n las tres p o t e n cias del a l m a ; si m i r o al V e r b o , p o r el q u e h e m o s recibid o tu gracia, te veo s e m e j a n t e a n o s o t r o s , y n o s o t r o s sem e j a n t e s a ti p o r la u n i ó n q u e t ú , Dios e t e r n o , h a s h e c h o c o n el h o m b r e ; y si m e vuelvo al a l m a i l u m i n a d a p o r ti, v e r d a d e r a Luz, veo q u e ella vive e n ti s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e tu v e r d a d e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r , o sea, en las v i r t u d e s p a r t i c u l a r e s , q u e son p r o b a d a s p o r el a m o r q u e el a l m a h a a d q u i r i d o e n tu luz. T ú eres el m i s m í s i m o a m o r . Ella, d e s p o j a d a d e su v o l u n t a d , se h a vestido d e la tuya, d e m o d o q u e n o busca ni d e s e a sino lo q u e t ú pides y q u i e r e s q u e esté e n el alma.

502

Oraciones y Soliloquios

T e has e n a m o r a d o d e esta alma, y el alma d e ti; p e r o tú la amas graciosamente, p o r q u e la amaste antes d e que existiese, y ella lo hace p o r d e b e r . Ella ha conocido q u e no te p u e d e a m a r graciosamente, p o r q u e está obligada a a m a r t e , y no tú a ella. H a visto q u e el a m o r que no te p u e d e d a r es preciso q u e lo dé a su prójimo, a m á n d o l o graciosamente y por d e b e r a la vez; graciosam e n t e , p o r q u e n o busca ser r e t r i b u i d o por ella, ni p r o piamente p o r utilidad recibida d e él, sino sólo por amor; por d e b e r , en c u a n t o q u e tú lo m a n d a s , y ella está obligada a obedecerte. Si considero cuan g r a n d e es la semejanza contigo c u a n d o se levanta el alma con la luz recibida de ti, veo q u e tú, Dios inmortal, le das a conocer los bienes inmortales y le haces e x p e r i m e n t a r tu caridad con el afecto. T ú , q u e eres luz, haces q u e participe contigo d e la luz; eres fuego, y le das p a r t e del fuego, y p o r él unes tu voluntad con la suya, y la suya con la tuya; tú, Sabiduría, le das sabiduría p a r a discernir y conocer la v e r d a d ; tú, Fortaleza, le das fortaleza, y se hace tan robusta, q u e ni él ni criatura alguna se la p u e d e quitar nunca si no quiere, mientras lleve el vestido de tu voluntad, porque sólo la voluntad suya la hace débil; tú, Infinito, la haces infinita p o r la c o n f o r m i d a d q u e has h e c h o graciosamente con ella en esta vida mientras es peregrina, y en la vida p e r d u r a b l e , en tu e t e r n a visión. Se e n c u e n t r a tan perfectamente c o n f o r m a d a contigo, q u e el libre albed r í o se ve i m p e d i d o p a r a separarse d e esa semejanza. Confieso, pues, q u e tu V e r d a d dice la v e r d a d : q u e la criatura se e n c u e n t r a semejante a ti p o r gracia, y tú semejante a ella. N o le das u n a parte d e la gracia, sino la gracia entera. ¿Por q u é digo«toda»? P o r q u e n a d a le falta p a r a su salvación. Es más o m e n o s perfecta según ella quiera usar, e n tu luz, la luz n a t u r a l q u e le has d a d o . ¿ Q u é más diré? N a d a , sino q u e te has h e c h o h o m b r e , y éste se h a h e c h o Dios. ¿Cuál fue la razón d e tanta semejanza? La luz, p o r la q u e conoció tu voluntad. C o n o ciéndola, se despojó d e la suya, q u e le causaba las tinieblas, d e s n u d e z y m u e r t e , y vistió tu voluntad. Vestida d e ella, se vistió d e ti graciosamente p o r m e d i o d e la luz a causa del fuego, p o r m e d i o d e la u n i ó n q u e tú, Dios, hiciste con n u e s t r a h u m a n i d a d . Por eso eres la causa d e

Los dos vestidos

503

t o d o bien, y su p e r v e r s a voluntad podía, vestida del a m o r propio, ser la causa d e todo mal. Esta voluntad causa t a n t o m a l , q u e con las tinieblas la h a c e salirse del círculo d e luz d e la santísima fe, del círculo en q u e te e n c o n t r a b a d e c u a l q u i e r l a d o q u e quisiera. ¿ Q u é semej a n z a hay y e n q u é se e n c u e n t r a u n i d a d e s p u é s d e aband o n a r la luz d e la fe? V e r d a d e r a m e n t e se ve s e m e j a n t e a las bestias, q u e n o p o s e e n la r a z ó n . Sigue la inclinación p e r v e r s a y la d o c t r i n a d e los d e m o n i o s visibles e invisibles. Confieso, Dios e t e r n o , alta y e t e r n a D e i d a d , y n o niego q u e yo soy la miserable causa d e t o d o mal p o r n o h a b e r u s a d o la luz en tu luz p a r a c o n o c e r lo q u e te desag r a d a y a mí m e h a c e d a ñ o , el m a l i g n o y fétido vestido d e la p e r v e r s a voluntad p r o p i a , y q u e n o h e r e c o n o c i d o tu d u l c e v o l u n t a d , d e la q u e p o r d e b e r d e b o r e v e s t i r m e . T ú , e t e r n o Dios, alta y e t e r n a D e i d a d , haces ver la luz e n tu luz. Por lo cual h u m i l d e m e n t e te suplico q u e inf u n d a s esa luz en t o d a c r i a t u r a racional, p e r o singularm e n t e en n u e s t r o d u l c e p a d r e , tu vicario: t a n t a c o m o le sea necesaria, a la vez q u e haces d e él «otro tú». Da la luz a los entenebrecidos p a r a q u e con tu luz conozcan y a m e n la v e r d a d . T e p i d o t a m b i é n p o r los q u e m e has c o n c e d i d o a m a r con s i n g u l a r a m o r y s i n g u l a r solicitud; q u e sean i l u m i n a d o s con tu luz y se les q u i t e t o d a imperfección a fin d e q u e trabajen d e veras e n el j a r d í n e n q u e les has colocado p a r a ello. Castiga y v e n g a sus culpas e imperfecciones e n mí, p u e s yo soy la causa. P e q u é c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí. Gracias, gracias te sean d a d a s , alta y e t e r n a T r i n i d a d , p o r q u e con tu luz diste c o n s u e l o a mi a l m a p o r m e d i o d e n u e s t r a semejanza, d e tus c r i a t u r a s c o n t i g o . Yo soy la q u e n o soy, y tú el q u e e r e s ; p o r t a n t o , e m p r e n d e la acción d e gracias a ti m i s m o c o n c e d i é n d o m e q u e p u e d a alabarte. Q u e tu v o l u n t a d te obligue a h a c e r misericordia al m u n d o . S o c o r r e a tu vicario y a tu d u l c e esposa con tu a y u d a . P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten misericordia d e m í . Alta e t e r n a D e i d a d : d a n o s tu d u l c e b e n d i c i ó n . A m é n .

504

Oraciones y Soliloquios

EL FUEGO DIVINO

EN EL ALMA

HUMANA

2 2 Historia.—Compuesta en Roma el miércoles 16 de febrero de 1379. Ideas.—El fuego de la caridad divina se manifiesta en la redención. —Contemplarse a sí mismo en Dios. —Pureza necesaria para recibir la doctrina de Dios en el sacramento. —Si contemplamos a Dios, reconoceremos su amor y sus obras. —Petición por el mundo, el papa y los consejeros de éste. —El alma no se encuentra sola, sino acompañada del amor a Dios y al prójimo.

¡Deidad eterna, oh alta y e t e r n a Deidad, o h s u m o y e t e r n o P a d r e , oh Fuego q u e ardes sin cesar! T ú , Padre eterno, alta T r i n i d a d , eres fuego inextinguible d e caridad. ¡Oh Deidad, Deidad! ¿Cómo se manifiestan tu grandeza y b o n d a d ? Por el d o n q u e has o t o r g a d o al h o m b r e . ¿Y q u é d o n le has otorgado? A ti mismo, T r i nidad e t e r n a . ¿En q u é lugar se lo has dado? En el establo d e nuestra h u m a n i d a d , q u e ciertamente fue hecha establo p a r a cobijar animales, es decir, los pecados mortales, p a r a m o s t r a r q u e había venido a los h o m b r e s por causa d e la culpa. De m o d o q u e te has d a d o a ti mismo, todo Dios, haciéndote semejante a nuestra h u m a n i d a d . ¡Oh Dios e t e r n o , oh Dios e t e r n o ! Me m a n d a s q u e contemple d e n t r o d e ti, alta y e t e r n a Deidad, y p o r esa contemplación quieres q u e m e conozca a mí misma p a r a que conozca mejor mi bajeza. Pero veo q u e , si antes n o m e despojo d e mí misma, d e mi perversa voluntad propia, no te p u e d o ver, y p o r eso p r i m e r a m e n t e m e has d a d o la enseñanza d e q u e m e despoje d e mi voluntad conociéndome. En ese conocimiento te e n c u e n t r o y te conozco, y p o r eso el alma se despoja más fácilmente de sí y se viste d e tu voluntad. Quieres q u e así se levante luminosa p a r a q u e se conozca a sí misma d e n t r o d e ti. ¡Oh fuego q u e siempre ardes! El alma q u e se conoce en ti, a d o n d e q u i e r a q u e se vuelva, en la más mínima cosa, e n c u e n t r a tu grandeza, o sea, en las criaturas y en todas las cosas creadas, p o r q u e en todas ve tu poder, tu sabiduría y tu clemencia. Porque, si n o hubieras podido, sabido y q u e r i d o , no las habrías creado; p e r o pudiste, supiste y quisiste, y p o r eso las creaste. ¡Miserable y ciega alma mía! N u n c a te conociste en El por n o h a b e r t e

Fuego divino en el alma

humana

505

d e s p o j a d o d e tu p e r v e r s a v o l u n t a d ni h a b e r t e vestido d e la suya. ¿Y c ó m o q u i e r e s , A m o r d u l c í s i m o , q u e m e m i r e e n ti? Q u i e r e s q u e c o n t e m p l e m i c r e a c i ó n , h e c h a p o r ti a tu i m a g e n y s e m e j a n z a . C o n ella, t ú , s u m a y e t e r n a P u r e z a , te has u n i d o al l o d o d e n u e s t r a h u m a n i d a d o b l i g a d o p o r el f u e g o d e tu c a r i d a d , f u e g o c o n el q u e t a m b i é n quisiste q u e d a r t e p a r a n o s o t r o s c o m o c o m i d a . ¿ Q u é com i d a es ésta? M a n j a r d e á n g e l e s , s u m a y e t e r n a p u r e z a . P o r eso exiges y q u i e r e s tal p u r e z a en el a l m a q u e te r e cibe e n el dulcísimo s a c r a m e n t o , q u e , si fuese posible a la n a t u r a l e z a angélica p u r i f i c a r s e , sería p r e c i s o q u e lo hiciera p a r a tan g r a n m i s t e r i o . ¿ C ó m o se purifica el alma? E n el f u e g o d e tu c a r i d a d y l a v a n d o su r o s t r o c o n la s a n g r e d e tu Hijo u n i g é n i t o . ¡Oh m i s e r a b l e a l m a mía! A v e r g ü é n z a t e . Eres d i g n a d e h a b i t a r c o n las bestias y c o n los d e m o n i o s , p o r q u e s i e m p r e has h e c h o o b r a s d e bestias y s e g u i d o la v o l u n t a d d e l d e m o n i o . B o n d a d e t e r n a : q u i e r e s q u e te c o n t e m p l e y vea q u e m e a m a s y q u e lo haces g r a c i o s a m e n t e , p a r a q u e c o n a m o r igual a m e yo a t o d a c r i a t u r a r a c i o n a l . P o r eso q u i e r e s q u e a m e y sirva a m i p r ó j i m o sin i n t e r é s , es d e cir, s o c o r r i é n d o l e espiritual y c o r p o r a l m e n t e c u a n t o m e sea posible, sin e s p e r a n z a a l g u n a d e p r o p i o p r o v e c h o o d e placer. N o q u i e r e s q u e m e r e t r a i g a d e ello p o r su ing r a t i t u d , p e r s e c u c i ó n o p o r infamias q u e reciba d e él. ¿ Q u é h a r é , p u e s , p a r a c o m p r e n d e r esto? M e d e s p o j a r é d e m i m a l o l i e n t e vestido y c o n la luz d e la santísima fe m e veré a mí en ti y m e vestiré d e tu e t e r n a v o l u n t a d , y c o n ello c o n o c e r é q u e tú, T r i n i d a d e t e r n a , eres p a r a n o sotros m e s a , c o m i d a y s e r v i d o r . T ú , P a d r e e t e r n o , eres la m e s a q u e n o s d a s el m a n j a r d e l C o r d e r o d e tu Hijo u n i g é n i t o . El es p a r a n o s o t r o s m a n j a r suavísimo, t a n t o p o r la d o c t r i n a q u e nos sostiene en tu v o l u n t a d c o m o p o r el s a c r a m e n t o q u e r e c i b i m o s en la s a n t a c o m u n i ó n ; c o m i d a q u e a l i m e n t a y fortalece m i e n t r a s s o m o s p e r e g r i n o s y v i a n d a n t e s e n esta vida. C i e r t a m e n t e , el Espíritu S a n t o es en n o s o t r o s n u e s t r o s e r v i d o r , p o r q u e n o s r e p a r t e esta d o c t r i n a , i l u m i n a n d o n u e s t r o e n t e n d i m i e n t o e i n d u c i é n d o n o s a q u e le sigamos. I g u a l m e n t e , nos a d m i n i s t r a la c a r i d a d del p r ó j i m o y el h a m b r e d e l m a n j a r d e las almas y d e la salvación d e t o d o el m u n d o p o r h o -

506

Oraáones y Soliloquios

ñ o r a ti, P a d r e . Por lo cual vemos q u e las almas iluminadas en ti, Luz v e r d a d e r a , n o dejan pasar u n m o m e n t o sin c o m e r este manjar en h o n o r tuyo. ¡Oh A m o r inestimable! T ú muestras en ti mismo las necesidades d e l m u n d o , y principalmente d e la santa Iglesia, y el a m o r q u e le tienes, p o r estar f u n d a d a en la s a n g r e d e tu Hijo, la cual has depositado e n ella. Manifiestas también el a m o r q u e tienes a tu vicario haciéndolo a d m i n i s t r a d o r d e esta sangre. P e r o yo m e m i r a r é en ti p a r a purificarme, y ya purificada, clamaré a tu misericordia p a r a q u e tu piedad vuelva sus ojos a la necesidad d e tu esposa e ilumine y fortalezca a tu vicario. I l u m i n a también d e m o d o perfecto a tus servidores, p a r a q u e le aconsejen recta y sencillamente, y p r e p á r a l e a seguir la luz q u e p o r ellos le infundirás. T ú , alta y e t e r n a Sabiduría, no has puesto al alma sola, sino q u e le has d a d o p o r c o m p a ñ e r a s a las tres p o t e n cias, esto es, m e m o r i a , e n t e n d i m i e n t o y voluntad. Estas se encuentran tan unidas, que lo que quiere una lo siguen las otras. Por eso, si la m e m o r i a se d a a contemplar tus beneficios y d e s m e d i d a b o n d a d , i n m e d i a t a m e n t e el ent e n d i m i e n t o q u i e r e c o m p r e n d e r , y la voluntad a m a r y seguir la tuya. C o m o no la has puesto sola, no quieres q u e se e n c u e n t r e sola, sin el a m o r a ti y la dilección a su prójimo. Está a c o m p a ñ a d a c u a n d o se e n c u e n t r a perfectamente u n i d a del m o d o siguiente: hecha u n a cosa contigo y con el prójimo por u n i ó n d e a m o r y afecto d e caridad. Así se p u e d e repetir la frase d e San Pablo: «Muchos c o r r e n a la b a n d e r a , p e r o u n o solo la consigue» ', es decir, la c a r i d a d . C u a n d o , p o r el contrario, el alma tiene al p e c a d o p o r c o m p a ñ e r o , entonces p e r m a n e c e sola, p o r q u e se ha a p a r t a d o d e ti, q u e eres todo bien. H a b i é n d o s e a p a r t a d o d e ti, q u e d a separada d e la carid a d con el prójimo y a c o m p a ñ a d a del pecado, q u e es la n a d a , y p o r eso dices tú, V e r d a d e t e r n a , q u e p e r m a n e c e sola. Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí, p o r q u e n u n c a supe e n c o n t r a r m e a mí misma en ti; p e r o tu luz es la q u e p e r m i t e ver lo q u e se conoce del bien. En tu naturaleza, Deidad e t e r n a , conoceré la mía. ¿Y cuál es mi naturaleza, A m o r inestimable? Es fuego, por' 1 Cor 9,24.

La Conversión de San Pablo

507

q u e tú n o eres o t r a cosa q u e fuego d e a m o r . A t o d a s las cosas y todas las c r i a t u r a s las hiciste, asimismo, p o r a m o r . ¡Oh h o m b r e i n g r a t o ! ¿ Q u é n a t u r a l e z a te h a d a d o tu Dios? La suya. ¿Y n o te a v e r g ü e n z a a r r o j a r d e ti cosa tan noble p o r c a u s a del p e c a d o m o r t a l ? ¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , d u l c e A m o r mío! T ú , Luz, nos das la luz; tú, Sabiduría, nos das sabiduría; tú, Fortaleza, r o b u s t é c e n o s . Dios e t e r n o : q u e se disipe hoy n u e s t r a n u b e p a r a q u e te c o n o z c a m o s p e r f e c t a m e n t e y r e a l m e n te sigamos a tu V e r d a d con c o r a z ó n sencillo y libre. Dios: ven e n s o c o r r o n u e s t r o . Señor, a p r e s ú r a t e a ayudarnos. Amén.

EN LA CONVERSIÓN

DE SAN

PABLO

2 3 Historia.—Compuesta en Belcaro el día de la Conversión de San Pablo, 25 de enero de 1377. Se hallaba allí Catalina fundando un monasterio, o en Siena, distante unos kilómetros de Belcaro. Fue recogida esta oración por su confesor, el Beato Raimundo de Capua. Es oración doctrinal, sin plegaria. Ideas.—Símil de la Trinidad con tres sarmientos que proceden de la misma vid. —Las tres personas tienen semejanza con las tres potencias del alma, que se atribuyen a las tres personas. —Pablo, después de ver la esencia divina, Jija su pensamiento en Cristo crucificado. ¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , u n a Divinidad! T ú , D e i d a d , u n a e n esencia, t r i n a e n p e r s o n a s , eres u n a vid q u e tien e tres s a r m i e n t o s ; valga esta c o m p a r a c i ó n . H a s h e c h o al h o m b r e a i m a g e n y semejanza tuya p a r a q u e , p o r m e dio d e las tres potencias q u e tiene el alma, se p a r e z c a a tu T r i n i d a d y a tu U n i d a d . C o m o t a m b i é n se asemeja si se a ñ a d i e s e q u e p o r la m e m o r i a se p a r e c e al P a d r e , a q u i e n se atribuye el p o d e r ; p o r el e n t e n d i m i e n t o se asemeja al Hijo, a q u i e n se a t r i b u y e la s a b i d u r í a , y p o r la v o l u n t a d se asemeja al Espíritu Santo, a q u i e n se atrib u y e la clemencia, y q u e es a m o r del P a d r e y del Hijo. T ú , ¡oh magnífico Pablo!; has m e d i t a d o bien e n esto y has c o n o c i d o bien d e d ó n d e venías y a d ó n d e ibas; y n o sólo a d ó n d e ibas, sino q u é c a m i n o llevabas, p o r q u e has c o n o c i d o tu principio y tu Fin y p o r q u é c a m i n o lo conseguirías. Así, has u n i d o las tres potencias d e tu

508

Oraciones y Soliloquios

alma a las tres divinas p e r s o n a s , p o r q u e has u n i d o la m e m o r i a al P a d r e , r e c o r d a n d o p e r f e c t a m e n t e q u e El es el principio del q u e todo p r o c e d e ; n o sólo d e las cosas creadas, sino d e las tres p e r s o n a s divinas en su m o d o , y p o r eso d e n i n g u n a m a n e r a has d u d a d o q u e El es tu principio. H a s u n i d o el p o d e r del e n t e n d i m i e n t o al Hijo, al V e r b o , sabiendo r e d u c i r p e r f e c t a m e n t e t o d o el o r d e n d e las cosas c r e a d a s a u n a finalidad, la cual es el mismo principio o r d e n a d o p o r la sabiduría del V e r b o . Para q u e esto apareciese más claro, el mismo V e r b o se hizo c a r n e y habitó e n t r e nosotros, a fin d e q u e , s i e n d o la V e r d a d , p o r sus o b r a s se hiciese c a m i n o p a r a q u e lleg a r a n a la vida, p a r a la q u e h a b í a m o s sido creados y d e la q u e nos hallábamos privados. H a s u n i d o la v o l u n t a d del Espíritu Santo, a m a n d o p e r f e c t a m e n t e aquel a m o r , aquella clemencia q u e reconoció ser la causa d e tu creación y d e c a d a gracia d a d a p o r ti sin m é r i t o p r e c e d e n t e , y supiste q u e esto lo h a ejecutado la divina clemencia ú n i c a m e n t e p a r a h a c e r t e feliz y d a r t e la bienaventuranza. P o r lo cual, tú, en este día, e n q u e fuiste convertido p o r el V e r b o del e r r o r a la v e r d a d , y después d e h a b e r recibido el d o n d e ser a r r e b a t a d o a d o n d e viste la Esencia, desaparecida aquella visión, volviendo al c u e r p o y a los sentidos, p e r m a n e c i s t e vestido sólo d e la visión del Verbo e n c a r n a d o . En ella consideraste con atención q u e el mismo V e r b o e n c a r n a d o , s u f r i e n d o continuas p e n a s , h a actuado el h o n o r del P a d r e y n u e s t r a salvación. Por eso tú te has convertido e n tan sediento y deseoso d e sufrir trabajos, p a r a q u e , olvidado t o d o lo d e m á s , declarases n o conocer más q u e a Cristo, y a éste crucificado. C o m o en el P a d r e y en el Espiritu Santo n o cabe sufrimiento, casi p a r e c e q u e te has olvidado d e aquellas personas, y dices q u e sólo conoces al Hijo, q u e sufre acerbís i m a m e n t e , c u a n d o añadiste: «y a éste crucificado» '. 1

1 Cor 2 , 1 - 3 .

INVOCACIÓN

A LA

TRINIDAD

2 4 Historia.—Compuesta en la Rocca de Tentennano el 28 de octubre de 1378. Ideas.—Invocación del poder de Dios Padre, de la sabiduría del Hijo y de la clemencia del Espíritu Santo.--Pide a las tres personas misericordia para el mundo y para la Iglesia. P o d e r del Padre e t e r n o , a y ú d a m e . Sabiduría del Hijo, i l u m i n a mi e n t e n d i m i e n t o . C l e m e n c i a del Espíritu Santo, inflama y u n e mi c o r a z ó n a ti. Confieso, Dios e t e r n o , q u e tu p o d e r es g r a n d e y f u e r t e p a r a librar a la Iglesia y p a r a sacar al p u e b l o d e las m a n o s del d e m o n i o y h a c e r q u e t e r m i n e la p e r s e c u c i ó n d e la santa Iglesia y d a r m e a mí victoria y fortaleza c o n t r a mis e n e m i g o s . Confieso q u e la s a b i d u r í a d e tu Hijo, q u e es u n a cosa c o n t i g o , p u e d e i l u m i n a r mi e n t e n d i m i e n t o y el d e tu p u e b l o y sacar d e las tinieblas a tu d u l c e esposa. T a m b i é n confieso, d u l c e y e t e r n a B o n d a d d e Dios, q u e la clemencia d e l Espíritu S a n t o y tu a r d i e n t e c a r i d a d q u i e r e inflamar y u n i r m i c o r a z ó n y los d e las c r i a t u r a s racionales. P o r q u e sabes, q u i e r e s y p u e d e s , apelo a tu p o d e r , Pad r e e t e r n o ; a la s a b i d u r í a d e tu Hijo u n i g é n i t o , p o r su preciosa s a n g r e , y a la clemencia del Espíritu S a n t o , fueg o y abismo d e c a r i d a d , q u e tuvo a tu Hijo cosido y clav a d o e n la cruz, p a r a q u e h a g a s misericordia al m u n d o y le d e s el calor d e la c a r i d a d con paz y u n i ó n en la santa Iglesia. N o q u i e r o q u e t a r d e s m á s . T e r u e g o q u e tu infinita b o n d a d te o b l i g u e a n o c e r r a r los ojos d e tu misericordia. Jesús dulce, Jesús amor.

Santo D o m i n g o promete a Ca­ t a l i n a el h á b i t o d e T e r c i a r i a .

510

Oraciones y Soliloquios

AL ESPÍRITU

SANTO

25

H i s t o r i a . —Compuesta en Val d'Orcia; probablemente, en otoño de 1377. Hay quienes dudan de la atribución autentica a Catalina, pues con ser tan breve, contiene algunas imprecisiones en los atributos de cada una de las divinas personas, siendo ella siempre tan cuidadosa en este punto, siguiendo la teología. De la oración hay dos fórmulas, pareciendo que la más breve es la primitiva, y la más larga, una explanación de la anterior hecha por el discípulo de la Santa, Fr. Tomás Antonio de Siena, llamado Caffarini. Este la introdujo en el P r o c e s o c a s t e l l a n o y en el L i b e l l u s d e S u p l e m e n t o . En este S u p l e m e n t o a la vida de Catalina, la escrita por el Beato Raimundo, cuenta que, habiendo la Santa visto un tintero con cinabrio, o tinta bermellón, de las utilizadas para iluminar, tomó ella la pluma y escribió esta oración, aunque nunca hubiera sabido escribir antes. Esto ocurrió, según la carta 272 ( T o m m a s e o ) , en Val d'Orcia. En realidad es una oración no al Espíritu Santo, sino a la Santísima Trinidad.

A ¡Oh Espíritu Santo!, ven a mi corazón y con p o d e r llévalo a ti, y d a m e caridad con t e m o r . Cristo, b r a m e d e todo mal p e n s a m i e n t o y caliéntame con santísimo a m o r . P a d r e y dulce S e ñ o r mío, a y ú d a m e todos mis d e b e r e s . (Segunda

tu lítu en

Versión)

B ¡Oh Espíritu Santo!, ven a mi corazón. Con tu p o d e r llévalo a Dios y c o n c é d e m e la caridad con t e m o r . ¡Cristo!, g u á r d a m e d e todo mal p e n s a m i e n t o ; caliéntam e e inflámame con tu dulcísimo a m o r , d e m o d o q u e todo sufrimiento m e parezca ligero. ¡Santo P a d r e y dulce Señor mío!, a y ú d a m e a h o r a en mi ministerio. Cristo, amor; Cristo, a m o r . A m é n .

EL ALFARERO

Y LA

ARCILLA

2 6 Historia.—Compuesta en Roma el 30 de enero de 1380, lunes después del domingo de Sexagésima, cuando volvió en sí después de un ataque en el que se la tuvo por muerta. En el estuvo fuera de sí, como si fuera otra persona. Recuperada el habla y dicha la oración, los secretarios la pusieron por escrito. La mención de sus discípulos es verdaderamente conmovedora. Ideas.—El alfarero modela, deshace y recompone su vaso.—Eso hace el Señor con ella. —Se ofrece por la Iglesia y por sus discípulos. —Pide perdón por sus negligencias, confiando en la bondad de Dios, en la vida y en la muerte. ¡ O h Dios e t e r n o , o h M a e s t r o b u e n o q u e has c r e a d o y f o r m a d o el vaso del c u e r p o d e la c r i a t u r a del limo d e la tierra! ¡ O h A m o r dulcísimo! T ú lo has f o r m a d o d e u n a cosa vil y has c o l o c a d o e n él tan g r a n t e s o r o c o m o es el alma, q u e lleva tu i m a g e n , Dios e t e r n o . T ú , M a e s t r o b u e n o , d u l c e A m o r m í o , e r e s el m a e s t r o q u e d e s h a c e y vuelve a h a c e r , r o m p e s y consolidas este vaso, s e g ú n place a tu b o n d a d . A ti, P a d r e e t e r n o , yo, miserable, ofrezco d e n u e v o m i vida p o r tu d u l c e esposa. C u a n t a s veces plazca a tu b o n d a d , s á c a m e del c u e r p o y v u é l v e m e a él c o n m a y o r s u f r i m i e n t o q u e a n t e r i o r m e n t e p a r a q u e v e a la r e f o r m a d e esta d u l c e esposa. T e e n c o m i e n d o t a m b i é n a mis q u e r i d í s i m o s hijos. T e r u e g o , s u m o y e t e r n o P a d r e , q u e , si a tu b o n d a d place s a c a r m e d e este c u e r p o y n o m e haces volver m á s a él, n o los dejes h u é r f a n o s , sino q u e los visites c o n tu gracia. Hazles vivir m u e r t o s c o n v e r d a d e r a y p e r f e c u s i m a luz. Ú n e l o s c o n el vínculo d e la c a r i d a d p a r a q u e m u e r a n a r r e b a t a d o s del a m o r a tu d u l c e esposa. T e r u e g o , P a d r e e t e r n o , q u e n i n g u n o m e sea quitad o d e las m a n o s y q u e n o s p e r d o n e s n u e s t r a s m a l d a d e s . A mí p e r d ó n a m e la g r a n i g n o r a n c i a y la negligencia q u e h e t e n i d o e n tu Iglesia p o r n o h a b e r r e a l i z a d o lo q u e habría podido y debido. P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e mí. T e ofrezco y e n c o m i e n d o a mis q u e r i d í s i m o s hijos, pues son m i alma. Y si a g r a d a a tu b o n d a d q u e yo p e r m a n e z c a e n este vaso, tú, Médico excelso, c ú r a l o y dispon d e él, p u e s se halla t o t a l m e n t e q u e b r a n t a d o . P a d r e e t e r n o , d a n o s a todos tu d u l c e b e n d i c i ó n . Amén.

AL HACER

EL VOTO DE

VIRGINIDAD

27

Historia.—Aparece esta oración en la V i d a de la Santa escrita por su confesor, el Beato Raimundo de Capua. Pronunciada por ella en su casa a la edad de anco años. No hay que pensar sea de ella textualmente, puesto que entonces Raimundo de Capua no la conocía (Vidaparte 1.

a

3).

¡Oh beatísima y santísima Virgen María, q u e fuiste la p r i m e r a e n t r e las mujeres e n consagrar con voto p e r p e t u o tu virginidad a Dios, y p o r eso te concedió El ser m a d r e d e su unigénito Hijo! Pido a tu inefable piedad que, n o t e n i e n d o e n cuenta mis pecados y defectos, te dignes c o n c e d e r m e gracia t a n g r a n d e y m e d e s p o r esposo al q u e deseo con toda mi alma: al santísimo Hijo único d e Dios y tuyo, mi S e ñ o r Jesucristo.

PARA 28

VENCER

UNA

TENTACIÓN

Historia.—Esta oración, según la V i d a escrita por el Beato

Raimundo de Capua, fue pronunciada antes de hacerse «mantellata», o terciaria secular dominica. Se le presentó el demonio con un vestido de seda, incitándola a que se adornara y no pensara en el hábito de terciaria ( V i d a p.3.

a

c.6).

¡Mi dulcísimo esposo! Sabes q u e j a m á s quise o t r o esposo sino a ti. T e r u e g o q u e m e socorras, q u e venza estas tentaciones e n tu santo n o m b r e . N o te pido q u e m e las quites, sino q u e p u e d a vencerlas.

DESPUÉS

DE UNA

TENTACIÓN i

2 9 Historia.—Oración pronunciada cuando ya era terciaria seglar y era acosada por las tentaciones. Después de vencer una, se dirige a Jesús, que se le aparece ( V i d a p. 1. c.llj. a

Dulcísimo Señor mío: ¿ d ó n d e estabas c u a n d o mi corazón se veía lleno d e tanta deshonestidad? Jesús le respondió: «Estaba en tu corazón».

SUFRIR

Y MORIR

POR

JESUS

3 0 Historia.—Es recogida esta oración por Caffarini, que se la oyó junto con Fr. Nicolás di Bindo da Caseína cuando la visitaron en su casa. Aparece en el S u p l e m e n t o a la V i d a del Beato Raimundo, escrito por el mismo Caffarini ( S u p l e m e n t o V). ¡Oh c a r i d a d inestimable, o h p r i m e r a V e r d a d ! Sólo m e sentiré p l e n a m e n t e satisfecha c u a n d o reciba la gracia d e sufrir g r a n d e s t o r m e n t o s p o r ti y p o r tu gloria. S e ñ o r : si e n mi deseo d e sufrir e n c u e n t r a s algo q u e p u e d a decirse mío, p o r a n d a r mezclado c o n c u a l q u i e r s o m b r a d e v a n i d a d y d e a m o r propio, te suplico vivam e n t e q u e lo aniquiles; yo estoy dispuesta a d e s t r u i r l o y d e s a r r a i g a r l o con t o d a p r o n t i t u d d e mi c o r a z ó n .

DESEOS

DE

MUERTE

3 1 Historia.—Pronunciada, según Caffarini, en una casa que no era la suya, donde encontró a Catalina su confesor. Allí «cayó desfallecida delante de todos» y ellos la oyeron ( S u p l e m e n t o V ) . Señor, a m o r mío, esposo m í o y esposo d e mi alma: ¿ p o r q u é n o m e liberas d e la s e r v i d u m b r e d e este c u e r p o miserable? ¿Por q u é la m u e r t e n o m e a r r a n c a del m u n d o a h o r a q u e tú e n c i e n d e s en m i c o r a z ó n el deseo d e verte p r o n t o y c o n t e m p l a r t e cara a cara p o r t o d a la e t e r n i d a d ? ¡Cuan i n m e n s a es la g r a n d e z a d e tu d u l z u r a y d e tu misericordia! ¿Por q u é en este m o m e n t o n o m e invitas con las suaves palabras con q u e invitaste a tu r e i n o a tu santísima M a d r e ? LA

PUREZA

32

Historia.—Caffarini nos dice en su S u p l e m e n t o que al atardecer sentía de modo especial sus ansias de Dios. «Durante estos éxtasis, que duraban largo tiempo, se le oía hablar e n e l t o n o d e e s t a o r a c i ó n con Dios nuestro Señor» ( S u p l e m e n t o V).

Señor: n o m e maravillo d e los pecados d e los h o m bres... T ú h a s h e r i d o m i c o r a z ó n con perfectísima carid a d y lo has g u a r d a d o c o n la custodia d e la p u r e z a . ¡Oh,

514

Oraciones y Soliloquios

si los ciegos sensuales y lascivos pudiesen saborear la dulzura y suavidad d e tu santo amor! Estoy segura d e q u e detestarían inmediatamente y experimentarían náuseas h o r r e n d a s y hastío d e los abominables placeres carnales y correrían ansiosos y sedientos a la fuente d e tu suavidad. Mas ¿por q u é n o corren detrás d e tus perfumes? (Esperada en silencio la respuesta del Señor, continuaba:) T e entiendo, V e r d a d eterna. Si consideraran atentam e n t e y tuvieran presentes en su m e m o r i a los inmensos beneficios q u e todos los días les haces, se dejarían arrastrar fácilmente p o r la dulzura inefable d e tu a m o r y se les vería c o r r e r con ansiedad d e deseo a deleitarse en la fragancia d e tantas dulzuras tuyas. (Más tarde:) ¡Oh miserable alma mía! ¿ T e atreverás a levantar con soberbia tu frente c o n t r a Dios? Deseo y mil veces desearía e n t r a r a h o r a mismo en el infierno, y no creo suficiente u n infierno solo p a r a castigar mi infinita miseria. Señor: no llego a c o m p r e n d e r lo q u e digo. P e r m a n e ceré p e n d i e n t e con el pensamiento d e la delicada promesa q u e m e hiciste al a s e g u r a r m e q u e m e querías toda conforme y c o n f o r m a d a contigo, y q u e p a r a esto ibas a imprimir en mi cuerpo tus dulcísimas llagas. POR LOS PECADORES

Y POR SUS

DISCÍPULOS

3 3 Historia.—Según Caffarini, su confesor y otras muchas personas oyeron estas oraciones en uno de sus éxtasis ( S u p l e m e n t o V). ¡Oh P a d r e e t e r n o ! N o p u e d e s ignorar q u e estos miserables pecadores son criaturas tuyas y q u e te pertenecen p o r el s u p r e m o título d e la creación. ¡Oh Hijo, o h Rey bendito! N o p u e d e s n e g a r q u e sean tuyos estos desgraciados, puesto q u e p o r ti mismo los conquistaste p o r el título irrefutable d e la redención. Escúchame, ¡oh Hijo benditísimo!; escúchame y m u é s t r a t e propicio a mis plegarias. P r e s e n t á n d o m e al eterno P a d r e con la p r e n d a d e tu sangre y d e tu pasión en mis manos, no p o d r á alejarme d e sí sin antes a t e n d e r mis ruegos.

Por los pecadores y sus discípulos

515

A y ú d a m e , ¡oh eterno Espíritu Santo! Por abominables q u e sean, p o r m u c h a q u e sea la e n o r m i d a d d e sus pecados, también te pertenecen, p o r q u e los hiciste tuyos al admitirlos a la participación d e tu b o n d a d . (A estas instancias de Catalina respondía el Señor: "¿Por que' levantas hasta el trono de mi adorable Trinidad estos clamores?». Replicaba Catalina:) Señor: T ú sabes que clamo a ti con audaz confianza. T ú eres el q u e , inspirándome compasión y amor, m e obligas a levantar mi clamor hasta tu trono. En lo mismo q u e tú m e dices, veo indicio cierto d e q u e estás resuelto y dispuesto ya a escucharme. C u a n d o vuelves a mí tus benignos ojos, descubro, revestidos d e esta luz, a mis hijos e hijas espirituales, a mis h e r m a n o s y h e r m a n a s y a todos aquellos q u e d e día en día te conquisto con el deseo desplegado ante ti en la oración, d e verlos fieles a ti en todo tiempo. Vuelvo la m i r a d a a o t r a parte, y veo perdidas las almas d e innumerables pecadores, y al verlo se m e parte o, más bien, se m e dilata el corazón con la fuerza d e este a m a r g o pesar. Vencida d e este m o d o p o r la compasión, n o p u e d o m e n o s d e llorar su miseria c o m o si yo misma m e encontrase h u n d i d a en el fango d e sus culpas. Señor: m e brindas u n a bebida d e leche q u e en el mom e n t o d e probarla era desagradable y a m a r g a , inspiránd o m e compasión p o r la desgracia d e los pecadores, p e r o c o n f o r t á n d o m e al mismo tiempo con la dulce y sabrosa leche d e tus consolaciones. En el curso d e tu vida mortal llevaste el peso d e dos cruces, c a r g a n d o sobre tus espaldas la pesada cruz d e nuestros pecados. Del mismo m o d o , p a r a q u e yo me conformase completamente contigo, m e cargaste con el peso d e dos cruces: u n a m e abate el c u e r p o con la e n f e r m e d a d y otras angustias, la otra m e traspasa el alma, dolorida p o r la perdición y ceguera d e tantos miserables pecadores obstinados.

Oraciones y Soliloquios

516 «ME

HACES

ENLOQUECER»

34 H i s t o r i a . — N o s da Caffarini esta oración en su S u p l e m e n t o , diciendo que fue oída de sus labios por el confesor de Catalina y por otras personas que presenciaron uno de sus arrobamientos (Suplem e n t o V).

¡Oh ojo e t e r n o ! T ú eres el q u e ilumina a todas las almas que vienen a este m u n d o , el q u e ilumina a todos tus santos, y éstos se asemejan a los q u e no tienen en la frente más q u e u n solo ojo. T ú , Señor, me haces enloquecer. Ayer me mostraste, c o m o si yo lo tuviera próximo y ya p r e p a r a d o y casi puesto encima de mí, el vestido d e la gloria, d e m o d o q u e creía estar ya admitida en el n ú m e r o d e los q u e gustan de ti; p e r o en contra d e lo que esperaba, lo retiraste d e mí. ¡Oh infeliz de mí! ¿Quién me librará d e la servidumbre de la ley del pecado? T e ruego, Señor, con toda insistencia q u e te dignes finalmente s e p a r a r m e y d e s p r e n d e r m e de cualquier criatura. ¡Cuántas veces y con c u á n t a confianza he repetido esta súplica! Sin e m b a r g o , n o te plugo hasta a h o r a hacer lo q u e tan a r d i e n t e m e n t e deseabas al decirme que j a m á s me negarás las gracias q u e te pida y q u e espero obtener. P o r q u e tú sabes bien q u e nada te pediré sino aquello que p o r interna inspiración tuya me des a conocer ser tu voluntad que te pida, ya q u e es firme y constante mi propósito de no pedirte n a d a en la oración si antes, cerciorada p o r los medios q u e te son propios, n o h e conocido q u e mi voluntad es grata y acepta a tu beneplácito. A h o r a c o m p r e n d o bien, Señor mío, q u e lo q u e quieres es refrenar mi deseo, demasiado ardiente e inquieto, d e ver mi alma separada c u a n t o antes d e la cárcel d e esta m u e r t e continua. Hágase tu voluntad. Haz q u e viva siempre acongojada y cargada con males continuos y tribulaciones, de m o d o q u e experimente y sienta en mi cuerpo la acerbidad d e toda suerte posible d e penas. Siento u n vivo dolor en mis costados, pero no me quejo d e este sufrimiento. Mi anhelo más ardiente es sufrir penas y dolores m u c h o mayores y quisiera q u e d e día en día a u m e n t a r a n en mi c u e r p o .

COMO RESPONDER

A LA

GRACIA

3 5 Historia.—Caffarini nos presenta esta oración como oída por el confesor de Catalina, que con otro religioso la visitó «hacia la tarde, y la halló, como de ordinario, en éxtasis, y, poniéndose a escuchar, oyeron pronunciar estas palabras» (Suplemento V). ¡Oh P a d r e , o h e t e r n a V e r d a d ! T ú haces o í r y levantas tu voz s o b r e m i cabeza con el t r u e n o d i l a t a d o d e la amabilísima s e g u r i d a d c o n q u e c o n f i r m a b a s la confianza d e tu q u e r i d o Pablo, s o b r e c o g i d o d e t e m o r , d i c i é n d o le: «Suficientísima y s o b r e a b u n d a n t e a tu n e c e s i d a d te es m i gracia». ¡Oh P a d r e ! ¿ P o r q u é n o cambias d e lenguaje y dices m á s bien: « T ú , vaso d e miseria y d e i n i q u i d a d , seas a r r o j a d a a h o r a e n el abismo p r o f u n d o d e l infierno»? ¡Oh P a d r e e t e r n o , o h A m o r e t e r n o ! ¿Por q u é n o levantas s o b r e m i cabeza la voz y la p a l a b r a d e tal c o n d e nación, h a b i e n d o t r a n s g r e d i d o c o n e n o r m e s d e s o b e diencias tus santos m a n d a m i e n t o s ? M e m a n d a s t e q u e n o m e alimentase m á s q u e e n la m e s a q u e tú m e p r e p a r a s t e e n la cruz, y, sin e m b a r g o , n i n g ú n c u i d a d o h e t e n i d o d e c u m p l i r tu m a n d a m i e n t o , p o r mí t o r p e m e n t e q u e b r a n t a d o . N o m e maravilla q u e consolases a Pablo, l l a m a d o p o r ti vaso d e elección, con aquella p r o m e s a d e tu gracia suficientísima p a r a d a r l e f u e r z a p a r a s u p e r a r las molestias q u e le afligían. L o q u e m e maravilla es q u e repitas e n alta voz estas m i s m a s p a l a b r a s y p r o m e s a s s o b r e mí, q u e m e reconozco d e s p r e c i a d o r a d e tus m a n d a m i e n t o s y r e b e l d e d e s c a r a d a c o n t r a t o d a tu ley. Mas ya q u e con misericordia liberalísima n o s d a s tu gracia a los transg r e s o r e s y r e b e l d e s , e n s é ñ a m e , ¡oh P a d r e e t e r n o ! , q u é deseas q u e h a g a m o s p a r a c o n s e r v a r inviolable tu gracia y tu benevolencia y j a m á s d e j e m o s d e c o r r e s p o n d e r a ellas. (Después de una pausa continúa:) M e d a s a e n t e n d e r tu v o l u n t a d d e q u e j a m á s olvidem o s q u e tu p e n e t r a n t e m i r a d a ve y percibe todos n u e s tros actos. Q u e j a m á s n o s t o m e m o s la libertad d e j u z g a r mal de cualquier criatura por maligna y perversa que p u e d a p a r e c e m o s . N u e s t r o j u i c i o d e b e p a r a r s e a consid e r a r q u e t o d o n o s s u c e d e p o r disposición y p e r m i s i ó n d e tu v o l u n t a d , c u y a e q u i d a d n o es fácil d e c o m p r e n -

518

Oraciones y Soliloquios

d e r . O b r a n d o d e tal m a n e r a , n o nos i n d i g n a r e m o s con criatura a l g u n a q u e fuere ingrata con nosotros. Pero si el mal, las persecuciones y las calumnias, p o r los designios d e tu Voluntad, ¡oh P a d r e eterno!, nos a b r u m a n , y nos p r o h i b e s , p o r o t r a p a r t e , enjuiciar torcid a m e n t e a cualquiera q u e injustamente nos o f e n d a , m u c h o s p o d r á n c r e e r q u e tú eres el a u t o r del p e c a d o y q u e a ti d e b e i m p u t a r s e el p e c a d o mismo. Pero yo sé m u y bien q u e tú n o eres el a u t o r d e la intención malign a del p e c a d o r , a u n q u e seas causa última d e su o b r a r , p o r q u e aquella operación n o es perversa y perniciosa en sí misma, en c u a n t o viene d e ti, sino q u e la infección d e aquel acto e x t e r n o deriva d e la m e n t e d e p r a v a d a d e quien n o piensa en ti ni o b r a s e g ú n tus rectísimos fines. C o n esto m e enseñas, d á n d o m e estos sapientísimos consejos, q u e , si q u i e r o c o n f o r m a r m e con tu voluntad, no d e b o escandalizarme p o r cosa a l g u n a d e s a g r a d a b l e o penosa q u e m e suceda, p o r q u e , si permites la malicia h u m a n a , es p a r a exaltar tu omnipotencia, q u e sabe y p u e d e sacar grandísimos bienes d e n u e s t r o mal. La intención d e éstos es solamente a ti conocida. T ú m a n d a s q u e n o j u z g u e m o s , sino q u e c o m p a d e z c a m o s su fragilid a d y, si es posible, se i n t e r p r e t e en b u e n sentido la intención del q u e peca. N o eres tú, c i e r t a m e n t e , la causa ni el a u t o r d e la p e r v e r s i d a d y malicia e n c e r r a d a en la intención, p e r o tú solo p u e d e s ser su J u e z c o m p e t e n t e .

A LA BELLEZA

ETERNA

3 6 Historia.—Caffarini es también quien recoge esta hermosa oración ( S u p l e m e n t o V). ¡Oh amadísimo J o v e n , o h V e r b o e n c a r n a d o ! ¿Qué has hecho? Señor: así lo q u i e r o yo. Señor: c u a n d o vuelves a mí tu m i r a d a d e b e n i g n i d a d , d e s c u b r o tu imagen impresa y copiada en mí. Me m a n d a s q u e en esto h a g a c o m o los h o m b r e s del m u n d o , q u e , al llegar la n o c h e o al ir a descansar, se quitan los vestidos pomposos, llevados con fastuosidad d u r a n t e t o d o el día. Pero n o quieres q u e e n lo restante m e a d a p t e a sus c o s t u m b r e s , porq u e ellos p o r la m a ñ a n a los t o m a n d e nuevo y con ellos

A la Belleza eterna

519

se a d o r n a n con el mismo aire d e v a n i d a d . T o d o lo contrario m e m a n d a s hacer a mí, es decir, q u e ya no busq u e más los vestidos q u e p o r la n o c h e m e quito p a r a volvérmelos a p o n e r a la m a ñ a n a siguiente. Señor: n o m e pides cosas p e q u e ñ a s ; c o m p r e n d o ser tu voluntad q u e sufra yo todos los trabajos q u e d e b e r í a n sufrir mis hijos espirituales, d e la m i s m a m a n e r a q u e tú sufriste las penas y fatigas q u e nosotros m e r e c i m o s . Señor: e n s é ñ a m e u n motivo tan eficaz y p o d e r o s o q u e m u e v a y obligue casi a mi alma a estar siempre u n i d a a ti, sin q u e j a m á s p u e d a separarse. Señor: te h e p r o m e t i d o m u c h a s veces a m a r t e sin cesar, p e r o no es posible q u e te a m e si n o p r o v i e n e d e tu a m o r , q u e tan g e n e r o s o se manifiesta p a r a c o n m i g o . Sin e m b a r g o , m e esforzaré y p o n d r é todos los medios q u e mi espíritu y mi ingenio m e p r o p o r c i o n e n p a r a hacer lo poco d e q u e sea capaz. Señor: te doy gracias infinitas p o r q u e h e recibido d e tu b o n d a d t o d o lo q u e h e d e s e a d o y p e d i d o . ¿Quién te h a inducido y p e r s u a d i d o a m o s t r a r t e tan b e n i g n o conmigo, d á n d o m e tantas gracias, c o m o si no advirtieses y conocieses lo q u e estabas h a c i e n d o y a q u i é n dispensabas estos bienes? P o r q u e ¿quién soy yo? El q u e me favorezcas y m e p r e v e n g a s con la a b u n d a n c i a d e tus gracias no se d e b e a mí, sino sólo a tu misericordia infinita. Lo reconozco p l e n a m e n t e , p o r q u e t o d o lo q u e d e ti recibo es p u r o y gratuito d o n tuyo; n a d a b u e n o e n c u e n t r o en mí, ni posibilidad d e h a c e r algo b u e n o o d i g n o d e alabanza si tú antes no me infundes la luz y n o m e enciendes con el a r d o r d e la santa c a r i d a d .

(Después de una pausa:) Señor: no permitas q u e vuelvan a sus casas vacíos y en ayunas; antes de que se vayan d e r r a m a tus gracias en sus almas. Señor: yo no sosegaré n u n c a ; n o c h e y día, sin descansar, levantaré la voz, diciendo: Señor, d a n o s las virtudes v e r d a d e r a s . Y, a u n q u e m e sean p a r t i c u l a r m e n t e q u e r i d o s , n o m e p r e o c u p a si n o e n t r a en tus designios difundir en sus corazones, mientras vivan en este m u n d o , las d u l z u r a s q u e m e has c o m u n i c a d o en su trato familiar contigo. Me basta q u e tú te des y te c o m u n i q u e s con ellos. N o h e olvidado, sin e m b a r g o , lo q u e en o t r a

520

Oraáones y Soliloquios

ocasión m e dijiste: q u e nadie podía conseguirte y poseerte si antes no se perdía y se negaba a sí mismo. (Luego con grande alegría:) ¡Oh Amor!, tú eres lo más dulce q u e existe; tú nos haces gustar u n a p a r t e de los bienes y d e los goces q u e esperamos disfrutar, con saciedad j a m á s harta, en la vida e t e r n a . (Después de una breve pausa, conmovida de nuevo por la plenitud de su gozo:) ¡Oh e t e r n a Belleza! ¡Por cuántos siglos permaneciste desconocida y escondida para el m u n d o ! ¡Oh e t e r n a Caridad, oh A m o r ! Yo te quiero a m a r con todas las fuerzas d e mi corazón, con afecto veraz y constante; p e r o d a m e todavía el consuelo d e q u e vea despedazados los corazones d e todos los aquí presentes con la fuerza d e tu santo amor. Señor: confieso q u e soy mala, y, p o r esto, indigna d e impetrar d e ti gracias d e tanto valor; p e r o lloro confundida de mi miseria y m e e n c u e n t r o dispuesta a hacer lo que hizo la h u m a n i d a d d e Cristo, t o m a d a también ella d e la masa d e A d á n y amasada con ella. Q u i e r o q u e ilumines a estos mis queridos hijos. Señor: abate el m u r o q u e se interpone e n t r e ti y ellos, p a r a q u e te a m e n sin estorbo d e n i n g ú n género. "NO SOLO DE PAN...» 3 7 Historia.—Oración recogida por el confesor de la Santa, el Beato Raimundo de Capua, en la Vida que escribió de Catalina de Siena. El Señor, estando ella en oración, le avisó que era hora de comer y que fuera con todos (Vida p.2. c.l). a

¡Oh superdulcísimo esposo mío! ¿Por q u é m e alejas d e ti? Si h e ofendido a tu Majestad, aquí está este miserable c u e r p o mío p a r a q u e a tus pies sea castigado, en lo q u e yo te a y u d a r é gustosamente; p e r o n o permitas q u e m e vea afligida con p e n a tan d u r a d e verme separada d e ti, amanü'simo esposo mío, p o r cualquier motivo, a u n q u e sea p o r poco tiempo. ¿Qué tengo yo q u e ver con aquella comida? Yo tengo q u e c o m e r lo q u e n o saben estos cuya compañía m e im-

Por «íuor Palmerina*

521

p o n e s a h o r a . ¿Es q u e de sólo p a n vive el h o m b r e ? O ¿no vive todo viador d e la palabra q u e sale d e tu boca? C o m o tú sabes mejor que yo, h e h u i d o d e toda conversación h u m a n a p a r a p o d e r e n c o n t r a r t e a ti, Dios mío y Señor mío. Ahora, pues, q u e p o r misericordia te h e e n c o n t r a d o y por tu dignación y gracia especialísima te poseo, ¿deberé dejar este tesoro incomparable y mezclarme d e n u e v o con las angustias y vacilaciones h u m a nas, y q u e d e nuevo crezca mi ignorancia y q u e , desliz á n d o m e poco a poco, termine r e p r o b a en tu presencia? Lejos, Señor, d e la inmensa perfección d e tu b o n d a d infinita el o r d e n a r m e a mí o cualquier o t r o q u e el alma se separe d e ti.

POR SU PADRE

MORIBUNDO

3 8 Historia.—En agosto de 1368 comprendió Catalina que su padre estaba al fin de la vida. En esta oración, recogida por el Beato Raimundo en la V i d a , pide la hija que su padre se vea libre de las penas del purgatorio ( V i d a p.2. c.7). a

¡Oh amantísimo Señor! ¿Cómo p o d r é sufrir q u e el alma del q u e p o r tu designio m e e n g e n d r ó y m e n u t r i ó con tanta diligencia, que tantos consuelos m e ha d a d o en toda su vida, sea a t o r m e n t a d a en fuego tan vivo y tan cruel? T e suplico y te ruego por todas tus b o n d a d e s que no dejes salir de su cuerpo a aquella alma hasta q u e d e u n a u otra m a n e r a haya q u e d a d o limpia, y q u e d e con ello totalmente libre del fuego del p u r g a t o r i o .

POR «SUOR PALMERINA»,

ENEMIGA

SUYA

3 9 Historia.—Esta «mantellata», o terciaria, tenía profunda antipatía a Catalina. Cuando la terciaria se hallaba en peligro de muerte, se dirigió Catalina al Señor con la siguiente oración, recogida por el Beato Raimundo ( V i d a p.2. c.6). a

Señor mío: ¿acaso he nacido yo, miserable, p a r a ser ocasión d e q u e las almas creadas a tu imagen vayan al fuego eterno? O ¿quieres, en v e r d a d , q u e sea ocasión d e

Oraciones y Soliloquios

522

condenación e t e r n a p a r a esta h e r m a n a mía, p a r a la q u e debería ser yo i n s t r u m e n t o d e salvación? Lejos, Señor mío, d e la g r a n d e z a d e tus misericordias cosa tan horrible; lejos d e tus eternas b o n d a d e s permitir algo tan doloroso. Mejor habría sido, quizá, el q u e yo n o hubiera nacido q u e n o el q u e p o r culpa mía, en cualquier forma, se c o n d e n e n las almas conquistadas con tu sangre. ¡Miserable d e mí! ¿Son éstas las promesas q u e por tu generosidad m e hiciste c u a n d o m e dijiste q u e sería fec u n d a , según mi deseo, p a r a la salvación d e las almas d e mi prójimo? ¿Son éstos, acaso, los frutos d e salvación q u e deben producirse p o r mí, c o m o i n s t r u m e n t o tuyo: el q u e por mí mi h e r m a n a perezca eternamente? Porq u e son, i n d u d a b l e m e n t e , mis pecados la causa d e todo, y no merezco p o r mis obras o t r o fruto más q u e éste. Pero n o p o r esto dejaré d e implorar tus misericordias y n o cesaré d e r o g a r a tu infinita b o n d a d hasta q u e los males q u e yo h e merecido se conviertan en bien y mi h e r m a n a se libre d e la m u e r t e eterna. Señor mío: n o m e levantaré ni m e iré d e aquí, como no sea m u e r t a , hasta q u e no tengas misericordia d e mi h e r m a n a , c o m o te he pedido. Castiga en mí su pecado, sea el q u e sea. Ya q u e yo soy la razón del mal, yo debo ser castigada y no ella. (Y añadía:) Misericordiosísimo Señor: p o r toda tu b o n d a d y p o r toda tu misericordia, te r u e g o q u e no permitas q u e el alma d e mi h e r m a n a salga del c u e r p o hasta q u e reciba tu gracia y tu misericordia. ¿Qué más debo decir?

CON OCASIÓN

DE UNA GRAVE

CALUMNIA

4 0 Historia.—Una «mantellata» o terciaria, de "lengua suelta y pestilencial», leprosa a la que atendía y curaba Catalina, le levantó una calumnia contra su honestidad. Con todo, no cesó su caridad y la siguió atendiendo. La oración siguiente muestra el sufrimiento interior de Catalina. La recogió el Beato Raimundo ( V i d a p.2. c.4) a

¡Omnipotentísimo Señor y amadísimo esposo mío! T ú sabes cuan delicada es la fama d e toda virgen y q u é fácil es m a n c h a r la honestidad d e tu esposa. (Por esto quisis-

'No

he venido

a

discutir..

523

te q u e tu gloriosísima M a d r e tuviese esposo legal.) Sabes también q u e todo esto lo h a inventado el p a d r e d e la m e n t i r a para r e t r a e r m e del servicio c o m e n z a d o p o r tu amor. A y ú d a m e , p u e s , Señor Dios mío, q u e conoces mi inocencia, y no permitas q u e la serpiente antigua, abatid a y vencida por tu pasión, p u e d a n a d a c o n t r a mí. (El Señor se le apareció teniendo una corona de oro adornada de piedras preciosas en la mano derecha, y en la izquierda, una corona de espinas, y le habló así:) Sepas, carísima hija, q u e es necesario q u e en ocasiones o tiempos distintos seas c o r o n a d a con estas dos coronas. Elige, pues, la q u e prefieras; es decir, ser coronad a con esta d e espinas en el curso d e la vida, y te reservaré la o t r a preciosa p a r a la vida p e r d u r a b l e , o, si prefieres, t o m a esta preciosa ahora y te g u a r d a r é esta d e espinas p a r a después d e la m u e r t e . (Entonces respondió:) Señor mío: hace ya m u c h o tiempo q u e r e n u n c i é a mi voluntad y decidí seguir la tuya, p o r lo cual n o m e cor r e s p o n d e elegir cosa alguna. Pero ya q u e deseas q u e responda, te digo q u e elijo c o n f o r m a r m e siempre en esta vida a tu beatísima pasión y, p a r a mi alivio, abrazarm e siempre al sufrimiento p o r a m o r tuyo. (Después que Jesucristo le hizo besar su costado:) ¡Oh Señor d e inefable misericordia! ¡Cuan dulce eres p a r a los q u e te a m a n , c u a n suave p a r a los q u e te gustan, p e r o m u c h o más suave p a r a los q u e viven d e él! «NO HE VENIDO

A

DISCUTIR...»

4 1 H i s t o r i a . —Andrés di Naddino había vivido en todos los vicios, como blasfemo; llegó hasta pisotear un crucifijo. Ni los sacerdotes ni sus familiares lograban su arrepentimiento. Por mediación del confesor de Catalina acudieron a ésta para encomendarle la conversión, que la logró. A este caso se refiere la siguiente oración, recogida por el Beato Raimundo ( V i d a p.2. c.7). a

¡Señor mío amantísimo! N o sé quién p o d r á evitar la c o n d e n a c i ó n e t e r n a si tienes en c u e n t a nuestras iniquid a d e s . ¡Oh Señor mío! C r e o firmemente q u e bajaste al

Oraciones y Soliloquios

524

vientre d e la p u r í s i m a V i r g e n M a r í a y q u e sufriste p o r nosotros m u e r t e c r u e l n o p a r a castigar n u e s t r a s iniquid a d e s , sino p a r a p e r d o n a r l a s . M e manifiestas, S e ñ o r , los pecados d e u n h o m b r e y s o b r e ti, D u e ñ o m í o , has llevad o todos los p e c a d o s . N o h e v e n i d o p a r a d i s p u t a r contigo s o b r e la justicia d e esto, sino a p e d i r tu misericordia, ¡oh S e ñ o r mío!, y tu misericordia es infinita. Si te acuerdas, ¡oh mi Señor!, m e dijiste q u e querías fuese motivo d e salvación p a r a m u c h a s almas. N o m e q u e d a en este m u n d o m á s c o n s u e l o q u e el d e s a b e r q u e mis prójimos se c o n v i e r t e n a ti. Sólo p o r este motivo p u e d o s o p o r t a r y sufro c o n paciencia n o estar del t o d o u n i d a a ti. Si n o m e c o n c e d e s , p u e s , esta alegría, ¿ p a r a q u é es necesaria m i vida en este m u n d o ? N o m e a p a r t e s d e ti, d u l c e Señ o r ; d e v u é l v e m e a m i h e r m a n o caído en la obstinación y en la c e g u e r a d e su espíritu.

POR DOS CONDENADOS

A

MUERTE

4 2 Historia.—Dos condenados a muerte, llevados de la desesperación, se rebelaban contra Dios, que permitía aquella sentencia. Blasfemaban horrorosamente. Pide por ellos Catalina, y se reconcilian con Dios antes de morir. Recogida por el Beato Raimundo (Vida p.2. c.7). a

¡Oh S e ñ o r santísimo! ¿Por q u é dejas y p e r m i t e s q u e tus c r i a t u r a s , h e c h a s a tu i m a g e n y semejanza y r e d i m i das con tu preciosa s a n g r e , sean vejadas t a n c r u e l m e n t e p o r los d e m o n i o s con tantos desprecios y t o r m e n t o s corporales? T ú iluminaste, S e ñ o r , al l a d r ó n crucificado j u n t o a ti, y él, a u n s u f r i e n d o j u s t o castigo p o r sus p e c a d o s , se confesó c u a n d o tus apóstoles d u d a b a n , y p u d o oír aquella dulcísima voz: « H o y estarás c o n m i g o en el paraíso» '. Esto hiciste p a r a q u e todos los d e m á s t u v i e r a n e s p e r a n za en el p e r d ó n . T ú n o despreciaste ni a b a n d o n a s t e a San P e d r o , q u e te h a b í a n e g a d o , sino q u e lo m i r a s t e c o n clemencia desp u é s d e su n e g a c i ó n . T ú n o rechazaste a María la pecad o r a , sino q u e , p e r d o n á n d o l a , l á trajiste a ti. 1

Le 2 3 , 4 3 .

El milagro del vino

525

N o rechazaste a Mateo, publicarlo; ni a la c a n a n e a , ni al príncipe d e los publícanos llamado Zaqueo, sino q u e los llamaste a ti con m u c h a clemencia. Por esto confiad a m e n t e r e c u r r o a ti p a r a q u e con diligente solicitud socorras a estas almas.

POR SU MADRE,

EN PELIGRO

DE

PERDICIÓN

4 3 Historia.—La madre de Catalina, Lapa, no se resignaba a morir. Rehusaba recibir los sacramentos. Recogida esta oración por el Beato Raimundo ("Vida p.2. c.8). a

¡Oh Señor mío! ¿ D ó n d e están las promesas q u e m e hiciste al decirme q u e n i n g u n o d e mi casa se c o n d e n a ría? T ú sabes también q u e m e prometiste n o llevar a mi m a d r e de este m u n d o al otro hasta q u e n o estuviera conforme con tu voluntad. Y a h o r a sé q u e ha fallecido sin los sacramentos d e la Iglesia. T e r u e g o por tu misericordia q u e no permitas q u e d e d e f r a u d a d a e n mis deseos. N o m e alejaré j a m á s d e aquí si no m e devuelves viva a mi m a d r e . PARA

HACER

CESAR

EL MILAGRO

DEL

VINO

4 4 Historia.—Se realizaba el milagro de multiplicarse el vino durante unos días, y tan famoso se hizo, que, cuando pasaba por la calle, la señalaban como la autora del milagro, lo que ofendía su humildad. Recogido el caso y la oración por el Beato Raimundo a

( V i d a p.2.

c.ll).

¡Oh Señor mío! ¿Por q u é castigas así a tu sierva? H e sido h e c h a oprobio a n t e t o d o el m u n d o . T o d o s tus siervos p u e d e n vivir e n t r e la g e n t e m e n o s yo. Yo n o te pedí j a m á s este vino n u e v o , sino q u e , c o m o tú sabes, hace m u c h o tiempo q u e m e h e privado d e beberlo, y ahora, p o r causa d e este vino, m e h e convertido en motivo d e escándalo p a r a el pueblo. T e r u e g o , Señor mío, q u e lo hagas cesar, a fin d e q u e también t e r m i n e y n o siga p r o p a g á n d o s e esta fama divulgada p o r el pueblo e n t o r n o mío.

526

Oraciones

«QUIERO

y

Soliloquios

VILIPENDIOS

Y

OPROBIOS»

4 5 Historia.—En una visión, asombrada de ver que un pecador tuviera tan gran gloria en el cielo, hizo a Dios esta plegaria ( S u p l e ­ mento

V).

¿Cómo, Señor, me presentáis este q u e r i d o pecador c o r o n a d o d e corona d e resplandores, la cual m e p o n e él en mi cabeza? (Y añadía:) No, Dios mío; si h e d e volver a mi cuerpo, n o quiero para mí esa corona: quiero sólo vilipendios y oprobios tales como los que sufrió vuestro dulcísimo Hijo. Me respondéis, Señor, que n o podéis p o r ahora acceder a mis súplicas y satisfacer mis deseos y suspiros, acaso inoportunos; pero sabed que Vos mismo sois quien tan ardientes deseos m e inspiráis con interiores estímulos d e vuestra gracia y me forzáis a levantar mi voz, p r o m e tiéndome conceder a mi alma lo q u e tanto anhela. Cada día, pues, clamaré a Vos, m e escuchéis o no. J a m á s os dejaré ni m e apartaré d e Vos, ni cesaré d e cumplir vuestra santa voluntad.

«¡OH AMOR!

¡TE HE

VENCIDO...!»

4 6 Historia.—Un día, el confesor de Catalina le encomendó el alma de una persona religiosa que había incurrido en un enorme pecado. Sin preocuparse de que junto a ella se hallara una compañera, que después lo contó, hizo la plegaria siguiente ( S u p l e m e n t o V). Afligid, Señor, mi cuerpo. Sometedlo a todos los tormentos q u e en esta vida se p u e d e n sufrir. Estoy p r o n t a a sacrificar mi cuerpo a vuestra justicia para satisfacer por las culpas d e esa miserable alma. Pero yo quiero q u e la perdonéis y. con los estímulos d e vuestra gracia la atraigáis y volváis al b u e n camino d e d o n d e se h a separado. (Cuando volvió en sí de aquella abstracción, se tornó blanca su cara como la nieve, y en señal de su alegría prorrumpió en risa dulcísima, y así, gozosa, exclamó:)

'Me tratas como vacilante e incrédula»

527

¡Oh A m o r , o h A m o r ! ¡Te h e vencido c o n tu m i s m o a m o r ! Es tu voluntad q u e te p i d a con a r d i e n t e s r u e g o s lo q u e tú solo p o r ti m i s m o p u e d e s h a c e r p o r tu libre b e nignidad. «ME TRATAS

COMO

VACILANTE

E

INCRÉDULA»

4 7 Historia.—Humillada por las gracias y visiones de Dios, dice al Señor que no es merecedora de ellas ni las desea ( S u p l e m e n t o VI). ¿Acaso, Señor, d u d á i s d e la firmeza d e mi fe? Sin la m e n o r perplejidad, c r e o c u a n t o d e incomprensible y maravilloso os habéis d i g n a d o revelar a vuestra Iglesia, y, p o r m e d i o d e ella, a vuestros fieles. ¿Por q u é , p u e s , tratáis c o m o vacilante e i n c r é d u l a , c o m o q u e r i e n d o afirm a r m e e n vuestro juicio? ¿Por q u é d a r m e , casi a d i a r i o , tantas p r u e b a s y a r g u m e n t o s d e vuestra v e r d a d m a n i fiesta? (Jesús le respondió para consolarla:) N o p o r ti, hija mía y esposa mía, manifiesto con estas visiones la v e r d a d d e este misterio, sino p o r aquellos q u e h a n d e c r e c e r y c o n f i r m a r s e en la fe p o r t u , m e d i o ; p u e s te a s e g u r o q u e , e n atención a ti, m u c h o s q u e yo a m o y tú amas, v e r á n m u c h o s prodigios semejantes a los q u e tú ves. (Replicó Catalina.) ¡Si con esas visiones misteriosas n o a u m e n t á i s en mí la fe, inflamáis c a d a vez m á s en m i corazón vuestro a m o r y m e siento desfallecer y m o r i r con tal violencia!

Catalina cura a una Terciaria.

528

Oraciones

ULTIMA

y

ORACIÓN

Soliloquios

DE

CATALINA

48

H i s t o r i a . En carta de BartoloméBarduccio a sor María Petrimoni, del convento de San Pedro de Monticelli, junto a Florencia, le refiere los últimos momentos de Catalina. Esta oración la pone él en labios de la Santa poco antes de morir, mientras miraba al crucifijo que le habían colocado delante. Según este testimonio, fue ésta la última oración de alguna extensión que pronunció, pues las demás son sólo frases breves y jaculatorias.

Mi culpa confieso, T r i n i d a d e t e r n a , d e h a b e r t e miser a b l e m e n t e o f e n d i d o con t a n t a negligencia mía, ignorancia, i n g r a t i t u d , d e s o b e d i e n c i a y otros m u c h o s defectos. Miserable d e mí, q u e n o h e g u a r d a d o tus m a n d a mientos, ni los c o m u n e s a las almas, ni aquellos q u e p a r t i c u l a r m e n t e m e habías d a d o p o r tu b o n d a d . ¡Oh malvada! (Y, diciendo esto, se golpeaba el pecho y añadía:) N o h e o b s e r v a d o el p r e c e p t o q u e m e diste d e b u s c a r s i e m p r e tu gloria y n o p e r d o n a r fatiga p o r el bien del prójimo, sino, m á s bien, h e h u i d o d e los trabajos, y a h o r a más, c u a n d o e r a n más necesarios. ¿ N o m e o r d e n a s t e tú, Dios m í o , q u e n o p e n s a r a n a d a en mí, sino en tu h o n r a , en alabanza d e tu n o m b r e y e n la salvación d e las almas, y q u e n o t o m a r a o t r o a l i m e n t o q u e este q u e se recoge en la m e s a d e la santísima cruz? Así es; y, n o obstante, yo h e p r o c u r a d o la p r o p i a conveniencia. M e has invitado a u n i r m e a ti sólo c o n dulces, a m o r o s o s y fervientes deseos, con lágrimas y humildes y continuas oraciones p o r la salvación del m u n d o e n t e r o y p o r la reform a d e la santa m a d r e Iglesia, p r o m e t i é n d o m e q u e p o r este m e d i o usarías d e misericordia con el m u n d o y darías n u e v a h e r m o s u r a a tu esposa ; y yo, miserable, n o h e c o r r e s p o n d i d o a tu d e s e o , sino q u e m e he a d o r m e cido en el lecho d e la negligencia. ¡Oh infeliz d e mí! T ú m e habías e n c o m e n d a d o el gob i e r n o d e las almas d á n d o m e m u c h o s hijos q u e r i d o s a los q u e amase c o n a m o r s i n g u l a r y los dirigiese a ti p o r el c a m i n o d e la vida. P e r o yo n o h e sido p a r a ellos sino u n espejo d e h u m a n a flaqueza, ni h e t e n i d o d e ellos solícito c u i d a d o , ni los h e s o c o r r i d o c o n h u m i l d e y contin u a oración en tu a c a t a m i e n t o , ni les h e d a d o los debi-

Ultima

oración

de

529

Catalina

dos ejemplos d e u n a b u e n a vida, ni los avisos de u n a saludable doctrina. ¡Oh ruin de mí! ¡Con cuan poca reverencia he recibid o los innumerables dones y las gracias d e tantos dulces tormentos y trabajos cuantos a ti plugo acumular en este frágil cuerpo; ni los he sufrido con tan encendido deseo como era el q u e tú tenías al m a n d á r m e l o s ! ¡Oh A m o r mío! Por tu excesiva b o n d a d m e elegiste p a r a esposa d e s d e mi tierna infancia, y yo no he sido fiel, sino muy infiel, pues no he puesto toda mi m e m o r i a en ti solo y en tus altísimos beneficios, ni he empleado el pensam i e n t o únicamente en reconocerlos, ni he ocupado la voluntad en a m a r t e con todas las fuerzas. (De esta manera y con otras palabras semejantes, se acusaba aquella purísima paloma, más bien creo por nuestro ejemplo que por la propia necesidad, y, vuelta luego al sacerdote, le dijo:) Por a m o r d e Cristo crucificado, absolvedme d e todos estos pecados q u e en la divina presencia h e confesado y d e todos los demás q u e n o r e c u e r d o .

C a t a l i n a , M a e s t r a d e la c o n s a g r a d a a Dios.

vida

INDICE

Adulterio espiritual 114. Agua: en el horno 220; podrida 128 130. Aldabonazos 252. Alimento del amor 145. Alma: ebria 108; empobrecida por las riquezas 380. Amargura y dulzura 227. Amor loco 389. Anillo de esposa 486. Anzuelo 130 178 455. Árbol 73 110 111 130 131 220-222 472 473; sus frutos 111 112 222 484. Arras 108 139. Belleza 518. Beso 186. Boca y su oficio 153 185 186. Bodega con sangre de Cristo 268. Bondad de la creación 381. Bordados sobre paño 126. Brasa en el horno 193. Breviario, esposa adúltera 317. Caballero en batalla 189 190 239. Cal de la sangre de Cristo 102. Camarero divino 192. Camino de agua 104. Campo de batalla 190. Cara de la esposa 207. Cardos de las tribulaciones 349. Celda del conocimiento de sí 162. Cicatriz del pecado 85 86. Ciego palpando 136. Cien 413. Círculo: de la fe 503; divino que nos rodea 73 390 501. Ciudad y el alma 360 362. Clarores sensibles 146. Comida: y servidor 191; de odio 145; de tierra 140. Convertido en tierra 140. Corazón 115; vasija de lágrimas 217 220. Cosido y clavado, passim.

LITERARIO

Cristo: escalera 142; yunque 142. Cuchillo 74 96 128 137 140 189. Cuño sobre cera 264. Chisporroteo 260 261. «Demonias- hechas carne 296. Descripción apasionada 287 296 298. Dios: cerca al alma 390; enamorado 83; labrador 96 97; trabajador 98. •Embriaguez 89 182 189 194 198 253 472. Empapados en la sangre 194. Enamoramiento 239 502. Engendrar y parir 78. Engordar como los animales 297. Escalera y Cristo 182. Escalones 100 142 144. Escorpión de oro 137 142. Esclavo cruel, tirano cruel 118. Espejo 80 81. Espinas 98 131 132. Establo era la humanidad 504. Estómago envenenado y purgado 226. Eucaristía-Sol 267. Faldas propias 189. Figura de ojo 133. Flechas lanzadaas 192. Flores: de gloria 79; perfumadas 74 79 80; de muerte 221. Gusano: en el alma 111 117 350. Gustar lo espiritual 91-93 100 110 229. Harina de la Virgen para la encarnación 479. Hartura que produce hambre 122. Hijo del demonio 104.

índice

532

Hortelano del jardín 349. Humanidad es jardín 485 486. Humo de vanagloria 113. Iglesia esposa de Cristo y de su Vicario,

passim.

Ingratitud humana 111 112. Injerto 96 97 472. J a r d í n es el alma y la Iglesia 103 172 289 349 404. L a d r ó n 146 221. Lágrimas y el corazón 210. Lavar la cara a la esposa 207. Lazo 88. Leche para el cutis 177. Lecho y mesa 191. Lengua y su oficio 222. Lepra del pecado 82 84 229. Loco 109 248 457 472 497. Lonas-vela de una nave 418. Luz 59 117 465-468. L l a v e 102 392 395. Lluvia de justicia 102 103. M a d e r a verde 82 120 219. Mano de Dios 90 9 1 . Mártires del demonio 141 225. Médico es Cristo 85. Mesa, comida y servidor 191 192 503. Ministros de la Igl.: y hortelano 277; como el sol 274 275. Moscas y olla hirviendo 216. Muerte y sufragios por difuntos 111. Música y armonía 372 373. N a d a , la 111 115 136. Navecilla 107 227; y órdenes religiosas 297 400 414. Niño reposando en la madre 228 229. Nodriza 72 85 86. O j o : e n f e r m o 1 2 1 ; del e n t e n d i miento, passim; da gusto al corazón 211 223; de la fe 157. Olla hirviendo 216. Pabilo de candela 259 260. Palidez por desangrado 454. Parturienta 77 135. Perro de la conciencia 6 1 . Pez en el agua y fuera de ella 57 263 296 485.

literario Piedras de un muro 103. Pies descalzos 133. Poda 97. Portero y hortelano del jardín 486. Pregonero, San Pablo 116. Primicias del infierno 132. Puente y Cristo 92 94 100. Puerco que se revuelca 112. Puerta de la mentira y la verdad 127. Punta de una aguja 134. Pupila del ojo 133. Raíz y ramas 113 222. Río 91-94 111. Rocío: de luz 474; los servidores de Dios lo son 474. Rosa de entre espinas 358. Sangre de Cristo es vino 98. Sarmiento y vid 94. Secretos del corazón y del costado 182. Sed espiritual 147-150. Servidores de Dios son rocío 474. Sol: esperando a que se abra la venUna 163; eucarístico 258 264; ilumina y calienta 501. Soledad del que confía en sí 281. Solidaridad entre los hombres 374 375. Sudor por amor 9 1 . X i e n d a o comercio 103 167. Tierra que trague al pecador 113. Tizón hecho brasa 193. Topo y la codicia 112. Trato con ángeles o con demonios 119. Trigal sin grano 131. Trinidad, jardín y vid 485 507. Vacío 131 151 358: y espina y rosa 358. Vasija 77 78 149 150 164. Vendedor de hombres 66. Veneno de la envidia 101 115. Venganza 140. Verdugo de Dios 128. Vestido 500 518 519. Viandante y peregrino 103. Vicios 119 130 189 273 409. Vientos (los cuatro) 117 223. Vino que embriaga 97. Viña 81 95-97 165. Y u n q u e : fue Cristo 101 114 478 488; quiere ser Catalina 488.

INDICE

DE

A b a n d o n o del mundo 234. Aborrecimiento de culpas 72. Absolución general 487. Absolución y sangre de Cristo 115 349. Abuso: en la consagración 307 310' de la misericordia 143; del prójimo 66. Acción: de Dios 153; de gracias 432. Adán y desobediencia 93. Adulterio espiritual 114. Adversidad 142 223 224 350 448 457 496. Afectos sensibles 112. Aflicción de los malos 140. Agradecimiento 87. Agua: muerta del demonio 128 130; viva de Dios 147. Agustín, San 202 276. Alegría procedente de Dios o del demonio 251. Alimento del alma 148 186 191. Alma: su amargura 81; y amor 73 145 260; y el bien 130 131 145; ciudad cercada 362 390; y cuerpo 124; y sus cuidados 95 96 98 350; ebria 91; empobrecida 380; esclava 289; sus estados 100; y gozo 104 141; y gracia 371; de los justos 357; liberada por Dios 146; ante la muerte 128; su perdición 102 314; y prójimo 56; y Trinidad 54 145 201 337; su valor 55 302 353. Amargura del alma 81 227. Amigo de Dios 161. Amor: a las almas 109 153; de amigo 158 161 172 174 180; y cielo 123; sus c o n d i c i o n e s 157; y conocimiento 59 171; y correspondencia 101; y creación 145; deleite 152; desinteresado 131 153 164 239 251; desordenado 104 111 137 210 217; a Dios 135 137 150-153 157 159 164 175 213 214 445-447 450 502 505; divino 54 60 82 90 91 97 156

MATERIAS

*

164 392 445 446 456 457 472 475 482 486 506; y dolor 60 220; y sus efectos 59 60 68 77 78 103 144; y existencia 73; de hijos 158 161; imperfecto 153 157 165 167 173 179 180 196 206 360 361; imprescindible 220; infinito 58; y su juego 193; y justicia divina 358; y lágrimas 218: loco 389; y misericordia 99; y obediencia 420; ordenado 217; y paciencia 64; y perfección 77 179182 190; y perseverancia 148; al prójimo 56 64 67 68 76-78 90 135 137 149 152 164 213 214 363 394 502 505 506; propio 60 65-67 81 89 97 111 114 115 117 119 130 135 141 143 145 150 152 154 157 165 176 211 220-222 229 236 251 289 295 299 307 309 311 312 314 352 391 393 398 408 454 488 493 503 513; propio y consecuencias 91 144 178 344; santo 139 165; y satisfacción 63; y seguir a Cristo 55 153; sensitivo 210 307; a sí mismo 179 210 447 450 480; y sufrimiento 63 64; y temor 154; y unión con Dios 55; y virtud 67 137-139 150 154 157 162 392. Anzuelo de Dios 130 178 455. Apetitos y sentidos 135. Apostolado 342 369 370 372 373 403 515. Armonía: de las potencias 372; de los sentidos 372 373. Arras del infierno 108 139. Arrepentimiento 117 120. Ausencias de Dios 162-164 176 193. Autobiográficas (noticias) 55-57 77 100 119 131 181 255 262 264 268 271 292 310 315 345 352 354 356 357 377 378 382 388 402 447 448 450 464 487 496 511-516 519-528. Avaricia 100 112 113 140 285 286. Ayuda: de Dios 338; al sacerdote 266 (véase Providencia).

* R e c o m e n d a m o s q u e p a r a c u a l q u i e r e s t u d i o se c o n s i d e r e n los sin ó n i m o s y los a n t ó n i m o s d e los c o n c e p t o s a q u í e x p r e s a d o s .

534

índice

de

Bautismo 85 86 95-97 107 111 117 135 153 182-185 235 259 260 470 493 500. Belleza de Cristo 518. Benignidad en la corrección 244. Benito, San 402. Beso de paz 186. Bien como pretexto 130. Bienaventurados 105 116 122-124 129 132 198 199 386. Bienes de ministros de la Iglesia 266 286 290. Boca y su oficio 153 185 186. Bodega con la sangre 268. Bondad: de Dios 67; de lo creado 381. Breviario 317. Brujerías y eucaristía 299. Caballero y guerrero 189 239. Camarero: el E. Santo 192. Camino: de agua 104; del cielo 61 128 153 494-496; de la mentira 127 128. Campo de batalla 190. Capellanes de monjas 296. Capítulo conventual 417. Cara: de Dios 125; de la Iglesia 88 207. Cardenales 458 459 461 498. Caridad 59 60 67 71 73 93 99 122 123 144 162 187 257 260 365 375 393 413 506; común 62 129 135 139 144 148 151 234 244; divina 61 196 389; y perfección 148 153 364; y prójimo 66 67 76 78 151 175 365 374. Carne y espíritu 93 112 471. Castigo 87 88 113 123 127 311 315. Ceguera humana 110 144. Celda: del conocimiento 162; del religioso 296 410 417. Celo por las almas 370. Ceremonias y sus centinelas 418. Cicatriz del pecado 86. Cielo para su padre 521. Círculo de Dios 73 503. Clarores sensibles 146. Clérigos 171 268 304. Codicia 66 111 112 139 142 266 304 379. Comida espiritual 520. Compasión por el pecador 242. Comunidad cristiana 207. Comunión 57 123 167 257-265 375 488; espiritual 167 170. Conciencia 61 111 117 119 140 131 153 223 224 31 1-313 316 320 324. Concubina del sacerdote 317.

materias

Condenados 110 119 121 122 125 126 129. Confesión 139 163 184 260 324 395 462 487. Confianza en Dios 338 339 344 346 352 354 524. . Conocimiento: y amor 55 59 170 171 205; de Dios 55 60 72 81 92 98 128 129 163 180 191 206 211 345 429 504 505; de sí mismo 60 62 67 72 75 77 81 92 98 119 128 129 162 163 179 180 191 205 206 211 345 429 504 505; del pecado 59 327; de la verdad 60 202-205; y visión 205. Consagración eucarística y abusos 307 310. Consejos: 304 399; y mandamientos 137 138 148 154 372 391 399. Constantino, emperador 280. Consuelos 78 172 250; engañosos 153 177; espirituales 156 163 173 176 179 190 211. Continencia 112 297 404 407. Contradicciones 58 59 62 142 155 184 260 349 395. Conversión 143 522; en tierra 140. Corazón: duro 62; y lágrimas 217; podrido 115. Coro 298 417. Corrección 244 245 248 267 274 278 289 295 298. Cosas y el hombre 102 104 139 152 223 381. Costado de Cristo 100. Creación 257 335 342 546; nueva 87 109 257. Criatura y creador 55 81 83 152. Cristiano malo 88 493. Cristo: y cuerpo místico 95 98 114 124 129 214 307 364; y su doctrina 105 142; y gracia, y perseverancia 144; hombre 85 86 462; hoy 105 106 115; para la humanidad 86 87 93-95 99 103 120 121 142 308 486 508; modelo 59 83-86 101 103 105 148 181 238 301 308 365 371 373 381 383 393 446 453 487; doliente 79 81 83-86 96 239 336 390 446 449 452; y voluntad del Padre 160 238 390 393. Cruz del demonio 139 140. Cuchillo: del amor 75 95 96 128 137; del odio 140 189. Cuerpo: atadura 200 201; en el infierno 126; glorificado 124 125; místico de la Iglesia 67 79 95 167 187 225 254 256 257 265 268 289 374 429 455 459; universal de la Iglesia 95 268 455; y obras del hombre 126; y visión de Dios 132.

Indice de Culpa y expiación 58 59. Deleites 146 152. • Demonias» hechas carne 296. Demonios 63 65 104 112 118 119 128-130 177 197 215 272 292. Dependencia entre los hombres 374. Desalíenlo espiritual 142 143 149 157. Descanso en Dios 153. Desconfianza de Dios 287 345-347 349. Deseos de los condenados 121. Desesperación 61 118 130 323-325 327. Desilusión del pecador 358. Desobediencia 87 93 115 295 336 338 391 393 397-399 407 414 452. Desprecio: al prójimo 66 242, a los sentidos 145; a las riquezas 382. Deuda: de amor 87 88; de honor a Cristo 114; con el prójimo 72. «Diablas»: concubinas de malos ministros de la Iglesia 290 291. Dificultades 104 216. Dignidad: de los ángeles 257; del hombre 81 110 145 257; de los m. de la Iglesia 257 264 274 31 1. Dios: y alma 153; y amor 58 83 457; ayuda 338; y el bien 157 3 3 1 ; y bondad 331; caridad suprema 330; cerca al alma 390 501; y creación 55 81 90 335; y el fuego 330 331; glorificado 196 197; su gozo 138 234; y humanidad 83 87 94; inmutable 121; juez único 244 246; labrador 96 97; es luz 300; y el alma 342 3 4 3 ; m i s e r i c o r d i o s o 8 2 ; e n el mundo 234; no necesita de nosotros 57 99 101; y el prójimo 375; y providencia 137; y las riquezas 380; y servicio a El 153; trabajador 98; y su unión con los perfectos 143 144; y la virtud 236; visita al alma 170. Dirección espiritual 232 247 249. Discípulos: de Catalina 254 256 444 451 454 464 469 478 503 506 511 519 520 528; de Cristo 116. Discreción 71-73 76 237 424 425. Doctrina: de Cristo 105-107 127 471; del demonio 127. Dolor: aflictivo 193; y amor 65 220; aumentativo 193; infinito 58; cómo llevarlo 62; por ofensas 63. Domingo de Guzmán, Santo 377 403 405 406. Dominicos y San Pablo 405. Dominio de Dios 81 90 466. Dones divinos 68 69 90 108.

materias

535

Embriaguez: de amor 89 182 253 457 472 02; de sangre 189 194 199. Encarnación del Verbo 53 100 239 339 466 479. Engaños del alma 128 153 172 173. Entendimiento 62 63 83 135. Envidia 113-115 140. Escalones para ir a Dios 100 142 144. Escándalo 291. Esclavitud a riquezas 118 380. Escorpión 137 142. Escritura Sagrada 202 203 205. Esperanza 70 235 338-340. Espinas 98 131 132. Espíritu combatido 143 146. Espíritu Santo 106 162 174 181 192 297 348 349 352 353 356 375 400402 406 505 510. Estados: del alma 100 153 209 213; unitivos 202 214; de la vida 128. Eucaristía 83 103 109 110 166 191 257-262 264 267 269 275 299 335 337 353 354 369 497 505. Excusas del pecador 110 117 130 152 269. Exigencias del amor 144. Existencia y amor 73. Expiación 57-59 68 78 79. Éxtasis 194 195. F e 33 35 70 107 117 133 135 136 166 243 262 377 392 493 503 (véase Luz).

Fealdad del demonio 119. Felicidad 123 124 129 130 133 192 193 243. Fidelidad y obediencia 394. Flores: de muerte 221; perfumadas 74 79 80. Fortaleza 95 96 187 188 190 227 264 471 498. Fragilidad humana 139 470. Francisco de Asís. Si'n 403 403 406. Frutos de muerte 110-112 222. Fuego del infierno 120. Generosidad de Dios 87. Gloria 122 123 240. Glorificación de Dios 196 197. Gozo de Dios 94 234. Gracia 60 61 68 77 84 87 88 140 151 161-163 202 229 230 275 290 485 500 502 (véase Luz divina). Grados de perfección 153. Gratos a Dios 138. Gratuidad de los dones de Dios 90. Gregorio, San 180 276. Gusto espiritual 91-93 100 110 229.

536

índice

de

Hartura insaciada 122. Herejías y orden dominicana 403. Hijo: de Dios 92-94 (véase Cristo); del demonio 104; de los sacerdotes 287 291 302 318; no nacido 77. Hombre: y Dios 87 90 91 139; embru­ tecido 87; y su finalidad 373; ima­ gen de Dios 491 492 498 501 502; y su responsabilidad 81; y solidaridad 374 375. Humanidad de Cristo 126 161 257 336 373 471 481. Humildad 60 67 70-73 98 146 162 191 204 220 236 237 247 307 366 367 393 397 402 406 475 476. Humillación de Dios 85 87. Iglesia 56 67 78 81 82 84 98 110 268 272 289 304 311 447 450 462 468 469 478 495 497 503 406 509. Ignorancia de sacerdotes 312. Iluminación del entendimiento 153 230 235. Impaciencia 111 142 224. Imperfección 157 152 155 172 363. Impureza 285 291. Inclinación al pecado 200 235 236. Indiscreción 111. Inés de Montepulciano, Santa 377 378. Infidelidad de las criaturas 346. Infierno 119 121 122 127. Ingratitud 87 90 111 112. Injerto en Cristo 97 472-474. Injurias 60 69. Injusticias 110 114-118 285 288. Interpretación: benigna 241 242; falsa 115 221 238 240 244 342 351; del prójimo 222 342; de Sagrada Escritura 204 305; de sucesos 221 222 343 346.

J

erónimo, San 202 276. uan Evangelista, San 230. Juego de amor 193. Juez de los hombres 116 125 240 246 351. Juicio: falso 114-117 244 494 517 518; final 120 125 126. Justicia 71 83 85 274 311 460 477 499. Justos: y sana felicidad 311 359; y pe­ cadores 141. Ladrones 112 146 221. Lágrimas 84 90 207-211 218-224 228. Lecho y mesa 191.

materias

Lengua y su oficio 222. Lepra de la Iglesia 82 84. Ley: civil y clérigos 268; divina 487. Liberalidad 257. Libertad 62 86 95 128 144 146 147 224 225 360 395 465 467 477 478 502. Loco de amor 109 472 497. Lorenzo, San 386. Lujuria 110 299 300 302. Luz: divina 163 202-204 234-238 244 465-468 471 484 492 493 500-502 (véase Fe y Gracia); de la razón 234 235. Llagas de San Francisco 402. Llave del cielo 102 392. Lluvia de la justicia 102 103. Madre suya resucitada 529. Mal y amor propio 145. Mandamientos 149 399; y consejos 137 138 148 153 154 372 391. Mando e injusticias 114. Manifestación de Dios al alma 159. Mano de Dios 90 91. María, la Virgen 57 350 383 403 475 476 480 491. Mártires 228 494 495; del demonio 141 225. Mateo, San 383 524. Mauro, San 426. Mediación de Cristo 92 (véase Cristo). Mentira y verdad 104. Mérito 76 122 125 135 379 420 423 424. Miedo del alma 162. Miembros separados 225. Ministros de la Iglesia: 79 80 83 97 207 255 257 274 275 277 284 288 448 451 483 498; su corrección 268 279-283 289 290 328; sus defectos 266 267 274 284 287-290 307 314; indignos 269 284-318 323; y su mi­ sión 256-258 265 266 268 268 271 274 277 286 290 306; ofensas a ellos 268-274; orar por ellos 293 294 311; santos 275 319; y virtud 305 307; reverencia a ellos 27 257 264 276 283 299. Misericordia divina 78 81-83 85 88 89 98 99 108-113 118 126 130 143 145 168 196 207 293 S i l 335 465 468 469 477 494-496 498 509 524 525. Monjas y capellanes 296. Mortificación 74 235-237 240 247. Muerte: 63 66 101 111 117 118 122 125 128 129 222 311 316 319 329;

índice

de Cristo 85; y su deseo 194 195 200 201 513. Mundanidad 139 285 303. Mundo: y misericordia divina 8 1 ; y sus persecuciones 79. Murmuración sobre Dios 72. N a t u r a l e z a : divina 85 94 106 184 490; humana 85-87 94 106 126 184 490. Negligencia 96 142. Nodriza 72 86. O b e d i e n c i a 115 189 336 338 372 389-400 406 408-427. Obras: 59 74-76 99 101 104 106 128 135 136 171 221; de Dios 115. Observancia 297 298 401 418. Odio al pecado 137 142. Ofensa a Dios 58 269. Oficio divino 170 290 417. Oración: 54 55 63 68 87 89 149 153 162 166-168 170 171 191 252 253 256 407 408; por la Iglesia 207 311 330 333 334 432; mental 166 168 169 171; por el prójimo 61 63-65 90 176 206 207 252 284 293 294 311 329 330 333 334 417 429 432 462 468 526; y unión con Cristo 55; vocal 166 169. Orden: benedictina 402; dominicana 403-406; franciscana 402; en general 297 400-404 408. Oscuridad del alma 363. Otro yo 55 56. Pablo, San 59 75 165 171 188 190 195 199-201 218 221 231 255 367 386 390 466 506 507 517. Paciencia 60 69 74 92 146 187 188 227 366 391-393 406. P a d r e : espiritual 56 91 92; moribundo 521. Palabras: groseras y ministros de la Iglesia 222 300; y obras 74-76. Pasión de Cristo 479 480 (véase Sangre). Pecado: 55 58-65 69-71 79 83 87-94 98 101 105 110-112 115 118 129 132 134 136 139 149 155 168 188 200 219-224 235 245 246 260 268 271 274 289 295 313 335 336 347 348 361 362 379 380 424 446 467 470 472 477 485 487 491 493 495 496 501 506 518: de ministros de la I. 268 270 271 285 286 291 292 317 323-329.

de

materias

537

Pecadores 112 116 117 141 311 342 358 359 373 524 525. Pedro, San 157 162 167 267 275 369-371 386 412 461 524. Pedro de Verona, San 405. Penas por el pecado 58 125 153 311 414 414. Penitencias 71 74-76 138 232 233 247 248. Perfección: 58 76 130 131 146 153 155 170 189 194 196 198 202 219 215 237 243 342 371 372; su crecimiento 137 138 153 155 170 367 368 391 392; y tentaciones 129 363 364. Permisiones de Dios 137 518. Persecución: y desaliento 77 149; a la Iglesia 257 268 270 272 273; del mundo 141; a los observantes 141 298. Perseverancia 142 143 144 147 148 152 168 187 189. Peticiones a Dios 252 253. Placer engañoso 128. Pobreza 297 298 305 376 379-388 402-404 408. Potencias del alma 62 63 101 102 111 144 145 147 149-151 153 155 206 209 230 372 445 449 467 473 485 492 501 506 507. Predicación defectuosa 295 296. Prelado 296 312 313 326 327 421 423. Premio 136 221 281 311 413 424 427 428. Presencia de Dios 190 193 496. Presunción 244. Primicias: del cielo 132 133 242 243; del infierno 132 140 (véase Arras). Prójimo 58 64-70 77 79 97 126 153 176 242 374 375 498 522. Prosperidad 223 224. Providencia 89 103 335 341 342 347 357 360 363 364 372 374 376 381 387 453 Pruebas 97 128 141 165 166 216 365. Pueblo cristiano 84 95. Puente, Cristo lo es 81 94 100. Puerta: de la mentira 127; de la verdad 127. Pureza 234 238 257 264 265 407 513 514; de intención 242. Purgatorio 63 376. Razón 144 146. Rebelión: en el hombre 93; en la Iglesia 98; y malos ministros 306. Refectorio 417. Redención 60 84 88 115 184 185 302

538

índice de materias

335-337 347 349 384 468 472 474 478 482 490. Reforma de la Iglesia 79 80 88 89 207 255 278 311 454 459 460 478 498. Relajación en la Iglesia 297 401-405 414-417. Religioso 130 285 295-298 407 408 411-419. Remordimiento de conciencia 140 261 357. Reproche al mundo 116. Reputación propia 113. Responsabilidad del hombre 81. Resurrección 100 484 525. Retroceso en la virtud 143. Reverencia a ministros de la Iglesia 268 269 274 283. Riqueza y sus peligros 138 139 342 379-382 386-388. Rocío sobrenatural 474.

S a c e r d o t e 264-268 283-286 308 311-329 (véase Ministros de la /.). Sacramentos 269 276 314 335 353 354. Sacrificios 78. Salvación 144 198 240 465. Sangre 60 62 84 85 87 96-98 102 167 168 189 266 293 427 455 456 460 461 470 472 473 480 493-497 506 (véase Pasión de Cristo). Santificación 97 98. Santos 79 373 (véase Bienaventurados). Satisfacción 58-63 85. Sed espiritual 147-150. Seglares y clérigos 130 267 288 290 329. Seguimiento de Cristo 130. Sensualidad 8 465. Sentidos 69 63 67 75 131 132 135 136 139-147 186 223 235 239 261 344 360 361 372 465-468 479; y pecado 289 360-362. Señor hecho esclavo 115. Sequedad espiritual 163 218 246 363. Servicio de Dios 60-63 97 133 141 153 351 369 376 474 483 495 506. Silvestre, San 267 276 280. Simonía 266 285 286 302. Soberbia 66 70 72 90 111-115 117 119 204 221-223 237 265 270 285 286 299 307 308 309 311 312 314 316 391 398 399 406 407 495. Subditos 274 278 279 295 312 313. Sudor por amor 91. Sufragio por almas del purgatorio 376.

Sufrimiento 58 60 61 63 64 78 79 91 93 128 130-133 140 142 153 197 198 201 229 366 367 513 515 519 523 526. Superior 278-280 298.

T e m o r 130 132 150 153 154 223226; servil 128 141 142 154-156 158 206 223 225. Tentaciones 128-130 134 150 211 215 217 362-364 512. Tibieza 142 156 172 216 418-420. Tiempo para el alma 104 112 136 155 499. Tomás de Aquino, Santo 202 230 276 405. Tormentos 110 119 126. Trabajadores 81. Tribulación 92 131 134 141 142 172 187 192 202 211 224 238-240 340342 349 350 358 365 377 409 410. Trinidad 83 106 107 146 148 159 160 192 199 237 337 433 434 445 449 455 476 477 485 497 499 501 504509 514 515. Turbación de espíritu 245 246.

U n i ó n con Dios 55 73 91 153 193 194 201 206 214 215 228 230 231. Usura 112 295 302 303.

Vacío 131 151 358. Vanagloria 113 119. Vanidad 113 513. Vendedor de hombres 66. Verdad 55 81 93 104 489. Vestido 500 518 519. Vicio 119 130 189 273 409. Vicario de Cristo 167 249 267 268 392 394 447 450 452 453 454 459 461 468 478 487 488 498 499 503 506. Vida: y sus estados 128 132; espiritual y riquezas 381; eterna 104 154; religiosa 410. Viña 81 95 96 165. Virginidad 512. Virtud 64-76 102 103 128 131 135 136 141-143 146 162 164 189 226229 247 319-323 391 392 409-412 467 501. Visión: del demonio 119 120; de Dios 119 132 197 202 250 251 263 479 480 508. Visita: del demonio 178; de Dios 170 178 233.

índice

Vocación religiosa 401 406 407. Voluntad: 62 63 83 137 139 202 237; divina 56 75 78 82 123 133 137 140 141 188 201 202 237 238 247 341 421 448 451 454 477 494 501 502 504 505

de

227 132 218 453 516

materias

539

518 523; humana 477 494 496 503; propia 71 74 75 78 117 131 132 133 139 141 165 185-187 192 205 214 218 227 236-240 247 248 360 372 400 407 422 447 448 451 479 500 501 504; santa 138 217.

ACABÓSE DE IMPRIMIR ESTA TERCERA EDICIÓN DEL VOLUMEN DE «OBRAS DE SANTA CATALINA DE SIENA», DE LA BIBLIOTECA DE AUTORES CRISTIANOS, EL DÍA 28 DE AGOSTO DE 1996, FESTIVIDAD DE SAN AGUSTÍN, OBISPO Y DOCTOR DE LA IGLESIA, EN IMPRENTA ALDECOA, CA CONDADO DE TREVIÑO, S/N. BURGOS LAUS DEO VIRGINIQUE MATRI
el dialogo santa catalina de siena - tratado de la obediencia

Related documents

565 Pages • 500,096 Words • PDF • 18.3 MB

6 Pages • 1,517 Words • PDF • 203 KB

257 Pages • 70,839 Words • PDF • 3.5 MB

1 Pages • 164 Words • PDF • 82.5 KB

658 Pages • 274,147 Words • PDF • 6.2 MB

69 Pages • 30,739 Words • PDF • 498.9 KB

78 Pages • 41,956 Words • PDF • 348.5 KB

3,639 Pages • 927,260 Words • PDF • 50.9 MB

3 Pages • 1,141 Words • PDF • 57.9 KB

12 Pages • 847 Words • PDF • 488.7 KB

1 Pages • 197 Words • PDF • 38.2 KB