Alma Das Ruas de Paranagua Maria Nicolas 1964

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HOMENAGEM

Almas das Ruas de PARANAGUÁ Série A 4.°

FASCÍCULO

Curitiba 1964

O Dr. Joaquim Tramujas, médico humanitário e historiador de mérito, no desempenho das funções de Prefeito Municipal de Paranaguá, houve por bem mandar editar a presente obra, como parte de suas principais realizações, que são as seguintes: recuperações do Palácio "Visconte de Nacar", danificado em 1958 pelo povo, devido a falta de luz elétrica; das finanças municipais, colocando em dia o pagamento dos funcionários municipais; dos veículos que se achavam parados na garagem da Prefeitura; das estradas das colônias e do Mercado Municipal. Construções: de um frigorífico; dp Palácio dos Esportes; da Estação Rodoviária; de novos departamentos; do Serviço de Armazém para fornecimentos aos funcionários municipais; do Departamento de Turismo e Divulgação e da Biblioteca Municipal "Leôncio Corrêa"; dinamização da máquina burocrática; aquisição de gipes para atender a todos os setores da administração; calçamentç de várias ruas, a paralelepípedo umas, outras a "petit-pavê"; embelezamento de todos os jardins da cidade e criação da Praça da Paz. A par de todas essas realizações o Dr. Tramujas ainda conseguiu elevar a renda do município. É, pois, com justiça que rendemos a nossa homenagem, preito de gratidão, ao culto, realizador e honesto Prefeito Dr. Joaquim Tramujas. — 1 —

HISTÓRICO

Almas das Ruas

"ALMAS DAS RUAS" é uma obra que se destina a elucidar os estudiosos e turistas sobre o "porquê" dos nomes dados às vias e logradouros públicos. Com o espírito voltado para Deus e o coração para a Pátria, tudo o que fazemos visa o engrandecimento do nosso querido berço natal, o Brasil. Livro digitalizado por 316FF em 2090429.

O crescente movimento de colonizadores teve o seu apogeu lá pelo ano de 1640, época em que chegou' a Paranaguá Gabriel de Lara. Viera exercer as Incumbências de Governador Militar da Povoação. Tinha, também, a obrigação de colonizar e defender a terra. Seis anos mais tarde, processou-se regularmente o ciclo da mineração. Para que fosse feita a defesa fiscal das novas jazidas de minério, o Governo Geral do Brasil nomeou Eleodoro Ebano Pereira, Entabolador e Administrador nos distritos brasileiros do Sul. Esse fato despertou o interesse geral, de modo que, em pouco tempo, Paranaguá e Iguape tornaramse as povoações mais florescentes do litoral. Tal progresso conservou-se até as novas descobertas do precioso m e tal em Minas Gerais. É Eleodoro um dos fundadores de Paranaguá, segundo Vieira dos Santos. Era-lhe grande a influência na a d ministração das descobertas a uri feras, a única atividade econômica existente na época. Por volta de 1649, a única autoridade, imediatamente abaixo do Governo Geral do Rio de Janeiro com jurisdição nos distritos sulinos era Eleodoro. Ao chegar Gabriel de Lara a Paranaguá, onde se estabelecera, jâ encontrara povos pioneiros do povoamento. Dentre esses destacava-se Diogo de Unhate.

Os primeiros .brancos se estabeleceram na ilha da Cotinga e só se mudaram para o continente, quando tiveram a certeza de aí poderem viver sossegados, sem o perigo de ataques por parte dos selvícolas. Daí conclue-se que foi nessa ilha que se iniciou o povoamento do litoral de nossa terra, mas, como aconteceu em todo território nacional, para Paranaguá, vieram aventureiros que se deram bem com os índios; outros os incitavam à guerra; outros, ainda, péssimos elementos, fugitivos da lei. Estiveram antes e depois do ciclo da mineração. Vieram e sumiram sem deixar traço marcante de sua passagem pela povoação. Por carta-régia de 29 de julho de 1648, o capitão povoador Gabriel de Lara recebia autorização para, em nome do Rei de Portugal, promover "os atos legais necessários à elevação da localidade à categoria de vila, elegendo eleitores, vereadores, juizes, procurador do Conselho e Escrivão". Esse ato realizou-se a 26 de dezembro desse ano. A instalação solene da vila deu-se a 9 de janeiro do ano seguinte. As moradias localizavam-se junto ao mar, nas proximidades da residência do capitão povoador, em cujo local foi levantado o pelourinho "símbolo da autoridade e da justiça". Mas tarde, foram-se espalhando para o interior da t e r r a . . . Aventureiros iam e vinham, mas os primeiros povoadores de Paranaguá destacavam-se pelas suas origens de nascimento e pelo seu passado de grande distinção, constituindo dessa forma um centro social de significação. Era pequeno o seu número, mas seleto. A história de Paranaguá, propriamente dita, começa com a atuação de Gabriel de Lara, que encontrou em 1640 Domingos Gonçalves Peneda, na ilha da Cotinga. Lara possuía os títulos de capitão-mór, ouvidor, alcaide, lugar-tenente do donatário e governador da Capitania em nome de El-Reí.

Em 1654, Diogo Vaz Escobar fora empossado na Câmara. Dois anos mais tarde, a Câmara deu posse a Simão Dias de Moura, governador de Itanhaem, como o fora Diogo Vaz Escobar. O rápido progresso de Paranaguá tornou-a merecedora da categoria de capitania em 1660, mas a povoação nada mais era que uma unidade de segunda categoria. Com a chegada de Gabriel de Lara a Capitania de Paranaguá fora dotada dos órgãos políticos necessários à administração pública: Câmara, representando o Legislativo; ouvidor, o judiciário e o Executivo na pessoa do capitão mór e alcaide mór. Dessa forma decorreu a vida da capitania de 1660 até a chegada do primeiro ouvidor. O Dr. Antônio Alves Lanhas Peixoto, nomeado ouvidor a 21 de agosto de 1724, deu m e lhor orientação à vida administrativa da capitania. No ano seguinte, o Governo Geral houve por bem separar as ouviiorias de S. Paulo e Paranaguá, a pedido do Dr. Lanhas Peixoto. A ouvidoria de Paranaguá estendia-se daí ao R i o da Prata, compreendendo as seguintes ouvidorias: Iguape, Calaneia, S. Francisco, Nossa Senhora do Desterro, Laguna : Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, que se situava serra icima. No ano de 1749, o grande território parnanguara comeou a desmembrar-se. Sua extensão territorial e adminisrativa abrangia parte dos Estados de S. Paulo, Paraná, ianta Catarina e Rio Grande do Sul, até o rio da Prata, i n lusive a República Oriental do Uruguai. Pouco tempo deIOÍS, como medida de precaução, foi concluída a fortaleza Ia barra de Paranaguá, cujas obras iniciadas a 19 de janeio de 1767 foram concluídas a 23 de abril de 1789 e segundo utros a 23 de abril de 1869. Chefiou os trabalhos da constru-

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ção o ten. cel. Affonso Botelho. Essa fortaleza era, no m o mento, a maior obra de defesa do sul da costa brasileira. Em 1777 as forças de D. Pedro Ceballos constltuiam séria ameaça a Paranaguá, o que obrigou o povo a trabalhar no preparo de defesa contra possíveis ataques. Essa ameaça, entretanto, foi como diz o ditado "mal que veio para o bem", pois os preparos bélicos movimentou a pacata população da vila e dos povoados visinhos. Os que não eram soldados, obrigavam-se a cultivar a terra, a cuidar do gado, a produzir farinha. Destarte, o Governo voltou olhares atenciosos a Paranaguá e os seus habitantes viveram em operosa atividade, gozando da abastança que há muito tempo não gozavam. Por Alvará de 19 de fevereiro de 1812, a sede da Ouvidoria de Paranaguá mudou-se para Curitiba e, a 29 de novembro de 1832 foram extintas as ouvidorias Paranaguá foi palco dos seguintes acontecimentos históricos : — Conjura Separatista, chefiada pelo alferes Floriano Bento Vianna, 1821; Combate do Cormorant, comandava a fortaleza de Paranaguá o cap. Joaquim Ferreira Barbosa, 1850; Revolução federalista, 1893; movimento pró emancipação da 5 Comarca que teve como chefes: Manoel Francisco Ferreira Correia Júnior, Francisco de Paula e Silva G o mes e o Barão de Antonina, cuja vitória final fora alcançada a 29 de agosto de 1853, pela Lei n° 704. Zacharias de Góes e Vasconcellos, primeiro presidente da Província do Paraná, instalou-se solenemente a 19 de dezembro desse ano. "Todos os movimentos cívicos que, nas diferentes fases da história do Brasil, agitaram a alma nacional, encontraram no povo de Paranaguá o mais franco e decidido apoio". a

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A V E N I D A A R T H U R DE ABREU O cel. Arthur Ferreira de Abreu nasceu a 15 de outubro de 1849 em Paranaguá. Era filho do Dr. José Mathias Ferreira de Abreu Júnior. Realizou seus estudos na cidade onde nascera. Exerceu os seguintes cargos: cônsul da Espanha, vereador à Câmara Municipal de Paranaguá, da qual foi seu presidente; deputado estadual; Juiz de Paz e senador da República. Tendo tomado parte ativa no movimento revolucionário de 1893, recebeu a patente de coronel honorário do Exército. O cel. Arthur de Abreu gozou largo prestígio entre os seus contemporâneos. Dotado de coração generoso e fina educação, fêz-se estimado e respeitado por quantos o conheciam, tendo sido amparo da pobreza desvalida. Alto comerciante, podia ter atingido opulência financeira, não fossem os belos dotes que lhe ornavam o caráter. Faleceu o cel. Arthur de Abreu, a 4 de dezembro de 1900 em Curitiba. Seus restos mortais foram trasladados para a cidade onde nascera. Na Avenida Arthur de Abreu encontramos a estátua do benemérito governador Caetano Munhoz da Rocha, uma fonte luminosa, a herma do almirante Tamandaré e obalisco em homenagem a Corrêa Júnior. AVENIDA BENTO ROCHA O ten. cel. Bento Rocha era filho de Manoel Martins da Rocha e de da. Maria Lúcia Munhoz. Pertenceu à Guarda Nacional e foi um dos elementos representativos e de grande projeção política e social de Paranaguá.

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Industrial de mate, auxiliou o desenvolvimento econômico de sua cidade. Homem dotado de sadios princípios, fêz-se estimado e muito considerado pelos amigos e correligionários, pelos seus operários e, até, pelos adversários políticos. Tomou parte na revolução federalista, ocasião em que conquistou, por merecimento, a patente de tenente coronel.

O cel. Juca Lobo prestou inestimáveis serviços à população necessitada de sua terra. Político tolerante e de ação moderada. Desfrutou grande prestígio no seio da sociedade em que viveu. Faleceu o prestativo cidadão a

AVENIDA GABRIEL DE LARA

AVENIDA CEL. JOSÉ LOBO O cel. José Gonçalves Lobo, Juca Lobo, nasceu em Paranaguá, a 13 de agosto de 1866. Era filho de Com extraordinário aproveitamento, freqüentou a escola do saudoso professor Cleto. Em virtude de séries dificuldades teve de abandonar os estudos. Aos catorze anos ingressou no comércio. Em 1883 passou a funcionário ferroviário. Sete anos mais tarde, retornou às lides comerciais. Exerceu mais os seguintes cargos: despachante da A l fândega de Paranaguá; escrivão da Coletoria; escriturário da referida Alfândega; agente do Correio; camarista municipal por muitos anos; prefeito municipal de sua cidade, e, pela fértil e justiceira administração, foi reeleito; deputado estadual; provedor da Santa Casa de Misericórdia. Trabalhador incansável. Era estimado e respeitado por todos. Quando prefeito, mandou executar por Alfredo Andersen o retrato a óleo do historiador Vieira dos Santos; a i m pressão da obra "Memórias Históricas de Paranaguá", do citado autor, no primeiro centenário da emancipação política do Brasil, como homenagem ao seu autor — Antônio Vieira dos Santos.

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Gabriel de Lara era filho do fidalgo espanhol D. Diogo Ordonez de Lara e de da. Antonia de Oliveira. Nasceu na vila de Parnaiba, Estado de S. Paulo. Recebeu Gabriel de Lara aprimorada educação que o habilitou a bem desempenhar as incumbências que lhe f o ram confiadas. Gabriel de Lara fêz-se bandeirante desde muito jovem. Era esse o meio de vida mais lucrativo para os fortes de ânimo. Tomou parte em várias expedições que varejou o sertão. Depois de emancipado, viveu alguns anos em Iguape, Estado de S. Paulo, labutando em minas. Dirigindo-se a Paranaguá, aliou-se ao iniciador do povoamento da ilha da Cotinga, Domingos Gonçalves Peneda. Fêz-se lider dos povoadores e mineradores. Pelas suas qualidades, desfrutou incontestável prestígio. Impôs-se pela sua brilhante personalidade. Fundou a povoação à margem do Itiberê, pedindo às autoridades constituídas a ereção do pelourinho, cujo pedido foi efetivado a 6 de janeiro de 1646. Nomearam-no, então, capitão povoador e sesmeiro da nascente povoação. Gabriel de Lara cuidou com eficência do progresso da vila que erigiu. Político habilíssimo, dois anos mais tarde, estando em S. Paulo recorreu ao ouvidor-geral desembargador Manoel

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Pereira Faria, solicitando a criação da Câmara e da justiça ordinária de Paranaguá. Argumentava desconhecer os limites e o distrito em que se situava a povoação. Deferido o seu requerimento, a 29 de junho de 1648 foi concedido o foral em nome de D. João I V . A 26 de dezembro realizou-se o primeiro pleito leitoral e, a 9 de janeiro do ano seguinte, instalada a Câmara de P a ranaguá. Algum tempo passado Gabriel de Lara, serviu de árbitro da irregular situação reinante no sul do Brasil. Foi èle capitão-mór; fundador da capitania que ia do rio Arara pira ao Rio da Prata; capitão-mór governador da capitania de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá. Apesar de tanto trabalhar, distribuindo justiça, sofreu sérios aborrecimentos, causados, principalmente, por D i o go Vaz Escobar que se mudara para Paranaguá, embora fosse governador de Itanhaem. Com sua morte, Gabriel tornou-se o guia da população, apoiando e defendendo as aspirações do povo. Conseguiu, dentro da ordem e da justiça, realizar os anseios da população. Pela sua honesta atuação, a 15 de maio de 1660, recebeu a Câmara incorporada, reunida aos grandes homens da época em sua casa, ocasião em que fora investido como loco-tenente do Marquês de Cascais. Daí surgiu uma série de contratempos, p o rém Gabriel de Lara saiu-se bem no final da luta. Nesse mesmo ano fundou a vila de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco do Sul. Erigiu o pelourinho a 3 de dezembro, cuidando do desenvolvimento da povoação. A 1 de novembro de 1668, erigiu a povoação de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais em substituição da Vila Velha, que desfrutava os foros de freguesia, desde 1654 e de distrito desde 1660. Quando em 1679, D. Rodrigo Del Castel Branco e sua comitiva estiveram em Paranaguá, foram bem recebidos por

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Gabriel de Lara mas, velho e alquebrado em conseqüência de tantas lutas, declarou, em edital que a presença de D. R o drigo não diminuía, nem ofuscava a sua autoridade. (Era corajoso, mesmo!) Seu prestígio e poderio durou até o último minuto de sua longa e trabalhosa existência. Faleceu em fins de dezembro de 1682. Durante 36 anos dispendeu energia moral e física em benefício da capitania de Paranaguá. AVENIDA GOVERNADOR MANOEL RIBAS O saudoso paranaense Manoel Ribas nasceu a 8 de março de 1873 em Ponta Grossa. Era filho de Augusto Ribas e de da. Pureza de Carvalho Ribas. Estudou em Castro. Desde muito moço mudou-se para o Rio Grande do Sul, onde se estabeleceu com fazenda de criação de gado. Aí viveu até que designaram-no Interventor Federal do Paraná, após a revolução de 1930. Retornando o Brasil à democracia, o povo, reconhecido, elegeu-o governador do Estado. Pecuarista, Manoel Ribas pertence à pleiade de governadores de Estado que muito fizeram pelo Paraná, pois tendo recebido o governo com os funcionários atrazados em dez meses de seus vencimentos, além dos fornecedores e construtores que também se achavam sem receber há muito tempo, êle pôs os pagamentos todos em dia e ainda desenvolveu a instrução e a indústria pecuária; criou as Escolas de Trabalhadores Rurais, que tantos benefícios proporcionaram à infância de nossa terra; abriu estradas e mandou consertar as que se achavam em péssimo estado, etc. Apezar de todas essas realizações, Manoel Ribas deixou um saldo considerável no Tesouro do Estado e, como (

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dissemos, todas as contas pagas e os funcionários em dia com os seus vencimentos. Faleceu o grande governador a 28 de janeiro de 1946, em Curitiba, mas os seus restos mortais foram trasladados para Ponta Grossa. Na Avenida Manoel Ribas existe o seu busto, homenagem de Paranaguá ao preclaro homem público. No entroncamento desta Avenida com a Gabriel de Lara, acha-se o Obelisco Comemorativo ao Centenário de Paranaguá. L A R G O CÔNEGO ALCEDINO O cônego Alcedino Gonzaga Pereira nasceu a 27 de julho de 1894 em Paranaguá. Eram seus pais o cel. Alcides Pereira e da. Aurora P e reira. Fêz o curso primário em Três Corações, Estado de M i nas Gerais, como aluno interno do Colégio Brasileiro. Cursou a Escola Normal de Vitória, capital do Espírito Santo e o Seminário de Pouso Alegre, Estado de Minas Gerais. Em 1912 seguiu para Roma. Aí cursou, durante seis anos, a Universidade Gregoriana. Tendo tomado parte em diversos concursos públicos, fêz repercutir o alto nivel da cultura brasileira. Obteve os seguinte títulos universitários: doutor em filosofia, a 27 de junho de 1916; bacharel em teologia, a 3 de julho de 1917 e bacharel em direito canônico, a 25 de junho de 1918. O padre Alcedino ordenou-se a 28 de outubro de 1918. A cerimônia da sua sagração foi presidida pelo cardeal Basílio Pompili, vigário geral do, então, Papa Bento X V . No ano seguinte retornou ao Brasil. Foi vigário de Poços de Caldas e de Guaranésia, dioce-

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ses de Minas eGrais; deputado estadual, pro-pároco da igreja de S. João Batista da Lagoa, em Botafogo, Rio de Janeiro. Publicou os debates da rumorosa questão em torno do projeto de lei de sua autoria — "Ensino religioso facultativo nas escolas". Sua vida literária foi das mais produtivas. Orador consagrado. Possuindo estilo elevado e puro, não enfeixou em volume todos os seus trabalhos, devido à sua labuta insana. Só publicou — "Primeiros Passos" e vários opúsculos. Muito culto e dono de altas qualidades de caráter, o cônego Alcedino tornou-se figura de grande projeção. Desempenhou papel relevante nas atividades do mundo católico. Sentindo a saúde abalada, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde veio a falecer a 20 de janeiro de 1932. Seus restos mortais repousam na cripta da igreja de Santa Terezinha. RUA PADRE A L B I N O O Padre Albino José da Cruz foi vigário coadjutor da paróquia de Paranaguá; o primeiro professor da 2a. classe de meninos, desde 10 de junho de 1845 e vigário da vara de Paranaguá. Mestre paciente, prestou bons serviços à causa da instrução. Músico de grande valor, organizou um excelente coro que deliciava a população durante os ofícios religiosos. Deu início à construção da igreja de Nossa Senhora do Rocio, cue fora por êle benta. Pelas suas raras virtudes, todos o estimavam e o acatavam.

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LARGO AGOSTINHO PEREIRA Agostinho Pereira Alves nasceu em Paranaguá, a 27 de Janeiro de 1889. Era filho do capitão de longo curso e armada Agostinho Antônio Pereira Alves e de da. Balbina de Siqueira P e reira Alves. Findo o curso primário, iniciou a carreira comercial como caixeiro de importante casa comercial. Só bem mais tarde é que se afastou do comércio, passando a armador. Possuía regular grupo de embarcações para cargas e descargas de navios. Em 1930 nomearam-no Prefeito Municipal de Paranaguá e, mais tarde exerceu o mesmo cargo por meio de eleição. Desempenhou ainda o cargo de camarista. Cidadão honesto, foi sempre muito estimado por seus amigos e subalternos. Político moderado. O traço marcante de sua personalidade consistia na alta compreensão de seus deveres para com os seus filhos que o idolatravam. Faleceu Agostinho Pereira Alves a 18 de maio de 1951 em sua cidade natal. LARGO DR. ACCYOLI O Dr. Francisco Accyoli Rodrigues da Costa nasceu em Laguna, Estado de Santa Catarina, a 7 de setembro de 1878. Era filho de Francisco Isidoro Rodrigues da Costa e de d' Maria Lins Rodrigues da Costa. Realizou todos os estudos em Recife, Estado de Pernambuco, onde se diplomou bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais. Recebeu o diploma no ano de 1901.

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Dentre os cargos que o Dr. Accyoli exerceu honesta e dignamente, destacamos: advogado da Estrada de Ferro S. Paulo — Rio Grande, diretor de Tomada de Contas da Secretaria de Fazenda do Paraná, diretor do Arquivo Público, diretor geral da Colonização, jornalista brilhante, Promotor Público e Prefeito Municipal de Paranaguá. Foi um prefeito de ação criteriosa e honesta. Realizou grandes melhoramentos. Colaborou em vários jornais, na revista "Itiberê" da cidade de Paranaguá e fundou o "Diário do Comércio" desta cidade. No jornalismo destacou-se como crítico literário. Pertenceu ao Clube Recreativo Literário?' O Dr. Accyoli foi um elemento que gozou da amizade e da consideração dos seus patrícios,tendo-se destacado nos meios sociais e políticos em que viveu. Faleceu em Curitiba, a 23 de fevereiro de 1933. LARGO MONSENHOR CELSO O saudoso e boníssimo Monsenhor Celso Itiberê da Cunha nasceu em Paranaguá, a 11 de setembro de 1849] Foram seus pais o Dr. João Manoel da Cunha e da. M a ria Lourença da Cunha. Estudou as primeiras letras na cidade natal e os preparatórios com o pai. Em 1868 matriculou-se no Seminário Episcopal de S. Paulo, ordenando-se padre. Aprofundou-se em Filosofia. A 7 de setembro de 1873 rezou a primeira missa em Curitiba. Com dedicação e zelo desempenhou as seguintes incumbências: vigário de Serro Azul, atendendo ao mesmo tempo as igrejas de Assunguí, Votuverava, Apiaí, Ribeira e Ipiranga; Cônego honorário da Catedral Metropolitana de

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Curitiba; vigário da arquidiocese curitibana, 1901, tendo rejeitado vários cargos de superior categoria para não se afastar dos seus familiares e dos seus queridos paroquianos, a quem estimava como filhos. Paranaense ilustre, cuja bondade e suavidade das palavras a todos cativava, muito trabalhou em prol da igreja. A sua doce e meiga imagem vive no coração de quantos o conheceram. Mesmo os que não eram católicos sentiam-se atraídos pela excelsa bondade dó "padre Celso" como era g e ralmente conhecido. Caráter brando e humilde; amigo sincero e devotado da caridade. Era-lhe grande prazer ver-se rodeado dos humildes. Todos o queriam como celebrante de casamentos e batisados. O Padre Celso aceitava convites para festas de aniversários, ocasião em que a inteligência iluminava-lhe a palestra e uma atmosfera de sublime alegria pairava no ar, ao retirar-se o bom velhinho, pois a sua presença constituía um ato de cortezia a quem o convidava. Faleceu o saudoso Monsenhor Celso a 11 de julho de 1930 em Curitiba. Neste largo existe a casa onde nasceu o seu patrono e uma placa comemorativa do 2 Congresso Folclórico, outra do Tricentenario da fundação de Paranaguá e outra ainda em homenagem a Brasilio Itiberê da Cunha. o

P R A Ç A

D A

P A Z

Paz é o estado em que tudo caminha em harmonia. Durante o seu reinado há progresso: desenvolvem-se as indústrias, as artes, as ciências, a instrução, considerando-a em relação a um país. Em relação ao espírito, há Paz, quan-

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do o indivíduo cumpre exatamente os seus deveres, fazendo aos outros o que desejaria que se lhe fizessem. Nesse estado d'alma predomina o amor. Portanto, em homenagem a benfazeja Paz, a Prefeitura Municipal de Paranaguá deu o seu nome a uma das suas praças. PRAÇA EUPHRÁSIO CORREIA O jovem Euphrásio Correia era filho do Dr. Manoel Euphrásio Correia e de da. Maria Carmelina Correia. Nrsceu no ano de 1874. Na cidade de Salvador, Estado da Bahia, fêz o curso primário no Colégio "Sete de Setembro". Obteve sempre as melhores notas, tanto pela aplicação, como pelo bom comportamento. Na época em que Euphrásio Correia cursava o secundário, havia o uso da palmatória pelos desalmados professores. Pois bem. Enquanto os seus colegas ganhavam dúzias de "bolos" nas mãos, o nosso ojvem só recebeu um, durante todo o curso. Findos os preparatórios, ingressou na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, continuando como um dos alunos mais distintos. "Republicano ardoroso, alistou-se no Batalhão Acadêmico, organizado para a defesa da República. "Trocou os livros pelas armas e, levado pela paixão patriótica, procurou os postos mais avançados para combater os seus adversários". Tomou parte em vários combates. Pela denodada atuação, recebeu as divisas de cabo e, posteriormente, as de sargento. Comandou uma peça de artilharia. Estando seriamente ameaçada a Armação, N i terói, Estado do Rio, êle fora enviado para esse local. Fazia-se mister evitar o desembarque dos rebeldes. A luta foi cruenta e demorada; a guarnição legal enfraqueceu de tal

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sorte que, ao desembarque dos marinheiros revoltosos, f e riu-se luta corpo a corpo. Euphrásio Correia embora, assistindo a deserção das suas fileiras e a morte dos que defendiam com denodo, a posição assaltada, permaneceu no seu posto, guardando a peça de artilharia que fora confiada ao seu comando Aí recebeu morte heróica, trucidado a machadadas pelos marujos federalistas, no memorável combate ocorrido a 9 de fevereiro de 1894. "Pagou com sua promissora vida de jovem estudante, que era uma das legítimas esperanças do Paraná, a sua dedicação ao regime republicano". Nesta praça existe um parque infantil. PRAÇA FERNANDO AMARO O poeta Fernando Amaro de Miranda nasceu em Paranaguá, por volta do ano de 1831. Era filho de Antônio Dionísio de Miranda e de da. A n na Rosa. Éle de S.Francisco do Sul, ela de Paranaguá. Viveu a maior parte de sua vida em Morretes, onde faleceu a 15 de novembro de 1857. Pouco estudou. Nada lhe deixara o pai. Sua vida não foi das mais suaves. Pelo contrário, muito sofreu. Nada g o zou. Exerceu o mister de guarda-livros e de secretário da Câmara de Morretes. Quando, porém, parecia organizar satisfatoriamente sua vida, Parcas ceifou-lhe a existência aos vinte e seis anos e meses. Dotado de fulgurante inteligência e na ânsia de criar um nome, Fernando Amaro devorava versos e mais versos. Foi o primeiro a celebrar em rimas as belezas do rincão paranaense.

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Fernando Amaro viveu com os olhos voltados para o céu, quando todos os seus semelhantes viviam com os seus voltados para as coisas terrenas. A tudo que escrevia dava vida e calor. Possuía maravilhoso talho de letra, o que na época era considerada uma das úteis prendas. Graças à compreensão de literatos patrícios foi publicado o seu livro de poesias "Versos". Fernando Amaro escreveu algumas pecas teatrais, dentre elas: "Ialmar", "Triunfo dos agredidos", "Álbum", mas que se extraviaram com o passar do tempo. Colaborou no 'O Dezenove de Dezembro", "O Itiberê", "O Sapo", "Almanaque da Câmara Municipal de Paranaguá", "Álbum do Paraná". Fernando Amaro era um bom e um triste. Num canto desta praça, numa herma existem as cinzas de Júlia da Costa, primeira poetisa paranaense, a herma de Monsenhor Celso e do presidente Getúlio Vargas. PRAÇA IRÍA CORREIA Iria Correia nasceu a 20 de outubro de 1839, em Paranaguá. Era filha do ten. cel. Joaquim Cândido Correia e de da. Damiana Correia. No lar paterno estudou as letras primárias. A seguir matriculou-se no colégio da pintora Jessica James. Com raro aproveitamento, findou os cursos de piano, desenho, línguas, aritmética, geografia, história e pintura, mas continuou freqüentando o colégio para aperfeiçoar-se nesta última disciplina. A princípio dedicou-se ao desenho natural. Desejosa de conhecer todos os mistérios da arte de R e m j brandt, dedicou-se à miniatura. Mais tarde, ao retrato a óleo

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feito diante de modelos vivos. Foi nessa faceta da arte pictórica que da. Iria encontrou a sua verdadeira e grande vocação. Seu colorido era admirável. Executou os retratos a óleo de todos os parentes do Visconde de Nacar e de seus pais: Reduziu de proporções imagens de santos, às quais dava perfeita expressão, laivada de encanto. Exerceu o cargo de professora de pintura e de desenho. Foi, no seu tempo, a mulher mais instruída e a primeira pintora paranaense, cronologicamente falando. Ao falecer-lhe o pai, a quem era devotadíssima, sentiu a saúde èriamente abalada. Foram baldadas as tentativas de cura. Três anos depois da morte do progenitor, em 1887, da. Iria faleceu. É a única mulher paranaense e, quiçá brasileira que só viveu para a pintura, emprestando-lhe o brilho do seu inigualável talento. Espíroto amantíssimo, não se casou. Ela bem compreendia a falta que faria aos seus entes queridos, caso desse esse passo. Destemida e resoluta, sustentava a família com o produto do seu fino e árduo labor. Visando tal finalidade, que de sacrifícios não foram feitos pela notável artista, pois naquela época era raro quem se dava ao luxo de possuir quadros pintados a óleo. A educação do povo paranaense ainda se achava no "embrião", no ambiente em que Iria viveu. PRAÇA JOÃO GUALBERTO O cel. João Gualberto Gomes de Sá Filho nasceu em R e cife, Capital de Pernambuco, a 11 de outubro de 1874. Era filho do Dr. João Gualberto Gomes de Sá e de da. Júlla Bezerra Gomes de Sá. Concluídos os preparatórios em Recife, dirigiu-se à Escola Militar do Rio de Janeiro. Além do curso das três ar-

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mas, diplomou-se em engenharia militar e em ciências físicas e matemáticas. Do Rio de Janeiro foi transferido para o Paraná. Redigiu o Diário da Tarde, em 1910. Exerceu os cargos de engenheiro da linha telegráfica de Curitiba a Fóz do Iguaçu; ajudante de Ordens do Comando da" 5 Região Militar, 1907; comandante da Força Pública do Estado, 1912. Presidiu o Cassino Curitibano, a Associação Cívica 7 de Setembro. Foi o fundador e apaixonado animador do T i r o Rio Branco. O cel. João Gualberto era daqueles que sabem cultuar amizades. A sua divisa era Franqueza e Lealdade. Caráetr nobre e sincero, mas de espírito exaltado. Altivo e austero, porém bom e delicado no trato para com os subalternos. Tragicamente morreu às mãos dos fanáticos do Iraní, a 22 de outubro de 1912. A Sociedade Tiro Rio Branco quando desfilou no Rio na parada de 7 de setembro de 1910 foi a mais garbosa de todas, merecendo delirantes aplausos da população entusiasmada com o inédito espetáculo e encheu de grande satisfação o seu patrono - Barão do Rio Branco. a

PRAÇA LEOC4DIO PEREIRA Leocádio Pereira da Costa era filho de Francisco A n tônio Pereira e de da. Joaquina da Costa Pereira. Nasceu a 7 de dezembro de 1832, em Paranaguá. Tendo perdido os pais aos doze anos, educou-o um seu tio negociante, que o preparou para a vida comercial. Em 1862 fundou o primeiro jornal editado em Paranaguá — "Comércio do Paraná". Deixando as lides comer-

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ciais, revelou-se jornalista de escol, poeta e romancista. Dotado de sadio humorismo, publicou vários folhetins. Era, igualmente, orador muito aplaudido. Três anos mais tarde vendeu o seü jornal, ingressando no quadro dos funcionários públicos, como ajudante de inspetor da Alfândega do Paraná. Por duas vezes exerceu o cargo de inspetor da Alfândega, porém sua pena continuou a trabalhar. Colaborou no "Comércio do Paraná", em 1862; Itiberê 1882; escreveu — "Drama no mar", novela histórica. Leocádio Pereira da Costa foi um dos homens de valor da terra parnanguara. Faleceu na cidade natal, a 1 de abril de 1884. Na Praça Leocádio Pereira está o busto do prof. Cleto da Silva. PRAÇA LUIZ X A V I E R O cel. Luiz Antônio Xavier nasceu em Curitiba, a 21 de dezembro de 1856 e aí faleceu a 19 desse mesmo mês do ano de 1933. Era filho de Manoel Xavier e de da. Anna Fernandes Xavier. O cel. Luiz Xavier exerceu, dentre outros, os seguintes cargos: secretário de Finanças e prefeito municipal de Curitiba; secretário do Interior Justiça, e Instrução Pública, deputado federal e estadual por diversas vezes. Cidadão de costumes moderados. Político de grande prestígio. PRAÇA R U Y O Dr. Ruy Barbosa nasceu hia, a 5 de novembro de 1849. Era filho do dr. João José Fêz o curso primário e os

BARBOSA em Salvador, Estado da BaBarbosa de Oliveira. preparatórios na cidade na-

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tiva; na Faculdade de Direito de Recife cursou Direito até 1866, concluindo-o na Faculdade de Direito de S. Paulo, em 1870. Foi deputado provincial, 1878; deputado geral; ministro da Fazenda; Senador, Embaixador Especial do Brasil à 2 Conferência Internacional de Haia, capital da Holanda; Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário; Emissário Especial, representando o Brasil nos festejos do I centenário da Proclamação da República Argentina. Republicano convicto, regeitou nomeação de ministro que lhe fora oferecida pelos gabinetes Dantas e Ouro P r e to. Ruy Barbosa representa a mais alta cultura que o Brasil jamais possuiu! Pertenceu à Academia Brasileira de Letras. Escreveu: — "Reforma do ensino secundário e superior"; "Marquês de Pombal", "Castro Alves", José Bonifácio, o Moço", "Cartas da Inglaterra", "Réplica", "O Papa e~ o Concilio". Colaborou como principal elemento na elaboração do Código Civil Brasileiro e realizou muitas traduções de mestres de outras línguas. O grande Ruy faleceu no Rio de Janeiro, a 1 de março de 1923. a

o

RUA A. SILVA O professor Albino José da Silva nasceu em Paranaguá, a 19 de janeiro de 1850. Era filho de José Manoel Marques da Silva e de da. Maria Francisca Gonçalves Marques da Silva. A sua infância foi uma quadra dura de atravessar. Órfão muito cedo, poucos recursos deixara seu pai. Mal alfabetizado, abandonou o litoral, em busca de melhor futuro. A sua bagagem compunha-se de uma inteligência in-

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culta e um grande coração, aliados à grande força de vontade. Graças ao Criador, não são dotados de inteligência somente os abastados. Os desprotegidos da sorte têm o seu quinhão que, tantas vezes faz o paupérrimo superar àqueles que nasceram em berço de ouro. Chegando à Capital ingressou, na oficina do "Dezenove de Dezembro". Nas horas de folga, rabiscava versos. Suas rimas foram, então, encaminhadas ao periódico — "íris Paranaense". Aperfeiçoou-se, após tenaz dedicação, tanto na poesia, como na prosa. Patriota exaltado, por vezes se vira demitido do cargo que dignamente ocupava por questões políticas. Seu caráter rígido não o deixava esmorecer. Mudandose para Campo Largo, dirigiu uma escola subvencionada e outra particular, ao mesmo tempo que se dedicava ao jornalismo e à advocacia, como rábula. Aí fundou o jornalzinho —"O Escolar" mais tarde, o "Guaíra". Bateu-se ardentemente pela instrução, pela raça negra, tão maltratada e pela implantação da República. Dissera Albino Silva num dos seus calorosos artigos: "Se é reconhecida a necessidade da criação de escolas, deve ser "ipso-fato", reconhecida a necessidade de fazê-la freqüentada". "Desde que os poderes públicos têm obrigação de prover de escolas as populações, devem ter o direito de exigir dos pais e tutores, a freqüência dos seus filhos e tutelados. A obrigação é recíproca". Em 1888 fora nomeado para a 'Escola Oliveira Belo", de Curitiba, porém, defendendo os ideais republicanos, viuse novamente obrigado a imprimir cartões de visitas e a editar o "Diabinho", em minúscula máquina tipográfica a fim de manter sua família. Regressando a Paranaguá, fundou "A Pátria Livre", em cujas páginas pregava vibrantemente a necessidade da mudança da forma de governo para

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a republicana. Em 1874 fêz parte, como fundador do Clube Literário Curitibano, fundado a 19 de outubro desse ano. Ao proclamar-se a República, ninguém dele se lembrou. Em vão padecera por um sistema de justiça e igualdade. Nessa altura todos eram republicanos. Albino Silva, dotado, porém, de animo forte, prestou inestimável auxílio no preparo da Constituição estadual. Eleito deputado em 1891 foi um dos que muito trabalharam, apresentando inúmeros projetos de lei, todos visando o bem da coletividade, principalmente acerca da principal alavanca construtora — a instrução. Mais tarde foi delegado literário do ensino, ocasião em que visitava as escolas com freqüência, animando e estimulando o professor, tão mal compreendido dos governantes, até mesmo em nossos dias. Por ocasião da revolta da Armada, tomou armas em defesa da República. Por atos de bravura recebeu a patente de capitão. "Viva a República,, era o brado com que animama, incitando os combatentes à vitória. Finda a triste e inglória campanha, mudou-se para Itararé, onde se estabeleceu como comerciante. Dentro em breve os seus livros só acusavam débitos e as suas prateleiras vasias. O seu bondoso coração e sua extrema boa fé, obrigaram-no a fechar as portas de sua casa comercial. Daí passou-se para Ponta Grossa, dedicando-se ao labor tipográfico, que era uma das suas paixões. Nessa cidade adoeceu, sendo obrigado a retornar à Capital. A 24 de junho de 1905, aí extinguiu-se o grande batalhador Albino José da Silva. Não conheceu o egoísmo. Incapaz de um gesto desleal. Otimista extremado. Viveu a praticar o bem, só pelo amor ao bem. Nasceu pobre; pobre morreu. Foi, porém, um nobre de sentimentos bons e elevados.

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RUA ADA M A C A G G I A poetisa Ada Macaggi Bruno Lobo nasceu em Paranaguá, a 29 de maio de 1906. Era filha de Narciso Macaggi e de da. Maria Paiva M a caggi. • Fêz o curso primário em escolas de sua cidade natal. Na Escola Normal de Curitiba, diplomou-se professora. Colou grau em 1924. Exerceu o magistério na cidade litoreana de seu nascimento. Mais tarde mudou-se para o Rio, onde se casou com o Dr. Bruno. Lobo, membro de conceituada família carioca. Desde menina tomava parte em festividades escolares, quer cantando, quer tocando piano. Na então Capital da República, dedicou-se ao bel canto. Acompanhava-se ao violão, que dedilhava com maestria. Trabalhadeira infatigável, publicou os seguintes livros 'Vozes efêmeras", poesias, 1927; "Taça", contos 1933, aquele em Curitiba; este, no Rio de Janeiro. Colaborou em jornais e revistas do Paraná e do Rio de Janeiro. Faleceu nessa cidade a 12 de novembro de 1947. RUA ANÍBAL P A I V A Anibal Dias de Paiva nasceu em Paranaguá, a 16 de agosto de 1878. Era filho de Francisco José Dias de Paiva e de da. M i quelina Rosa Dias de Paiva. Somente cursou as letras primárias. Contudo foi um cidadão de valor pela existência que levou, toda referta de atos nobres. Ocupou os cargos de camarista, quando esse era um cargo honorífico; proprietário da Empresa de Eletricidade, dà Empresa Cinematográfica da cidade da Lapa; da Empresa

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telefônica de Rio Negro. Teve indústria pirotécnica em Paranaguá. Pelas suas atitudes de homem equilibrado e justo, fêzse muito estimado por quantos o conheciam, mormente pelos empregados que eram tratados com bondade. Colaborou no "Diário do Comércio", de Paranaguá. Pertenceu às sociedades de sua cidade, dentre elas a "Sociedade Recreativa Democrata". Faleceu Anibal Dias de Paiva a 20 de julho de 1941 em Curitiba. RUA Dr. A R T H U R BERNARDES O Dr. Arthur da Silva Bernardes nasceu em Viçosa, Estado de Minas eGrais, a 8 de agosto de 1875. Iniciou seus estudos na cidade natal no Colégio Caraça, passando depois para o Ginásio Estadual de Ouro Preto. Nessa cidade começou o curso de Direito, concluindo-o em S. Paulo. Desempenhou os cargos de : vereador à Câmara Municipal de Viçosa, de cuja assembléia foi presidente; deputado estadual, deputado federal, senador, Secretário de Finanças do seu Estado natal; governador de Minas Gerais; presidente da República, 1923 — 26. Foi um dos líderes da revolução de 30; em 1932 solidarizou-se com o movimento constitucional de S. Paulo. Preso nessa ocasião, deportaram-no para Portugal, onde permaneceu até 1934, quando fora promulgada nova Constituição Brasileira. Novamente eleito deputado federal, viu seu mandato extinto com a dissolução do Congresso em 1937. Em 1946, outra vez eleito deputado à Assembléia Constituinte e em 1950 ao Congresso Nacional. Durante o período em que governou o Brasil deram-se várias agitações políticas entre elas a revolução de 1924, chefiada pelo general Isidoro Dias Lopes.

Faleceu o Dr Arthur Bernardes a 23 de março de 1955, no Rio de Janeiro. RUA ARTHUR DE SOUZA COSTA Arthur de Souza Costa nasceu a 26 de março de 1893, em Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul. É filho de Manoel de Souza Costa e de da. Eulália de Souza Costa. Fêz os cursos primários e ginasial na cidade dp seu nascimento. No Banco da Província do Rio Grande do Sul, desempenhou os seguintes cargos: funcionário, em Pelotas; diretor da filial em Cachoeira; vice-diretor e diretor da matriz em Porto Alegre; no Banco do Brasil, o de presidente e, na então Capital da República, o de Ministro da Fazenda. Cidadão honesto; funcionário e chefe justo e compreensivo. RUA BARÃO DO AMAZONAS Francisco Manoel Barroso, Barão do Amazonas, nasceu em Lisboa, Portugal, a 29 de setembro de 1804. Assentou praça em 1821. Concluiu os estudos, praticando na fragata "Paula", quatro anos mais tarde. Rápida e de rara ascensão foi-lhe a carreira, pois em 1839 era nomeado vice-diretor da Academia da Marinha. R e levantes foram os serviços que o almirante Barroso prestou ao Brasil, por ocasião da tomada da freguesia de Itapemirim, Estado do Pará, ocupada pelos rebeldes. Em 1854 recebeu elogios pela correta maneira com que resolveu importante missão no Pacífico. A 28 de abril de 1865, partiu de Buenos Aires, Argentina, tendo sob seu comando três navios de guerra, a fim de assumir o comando da esquadra. A 11 de junho, ei-lo vito-

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rioso: vencera a memorável batalha do Riachuelo. Os brasileiros residentes em Montevidéu, Uruguai, ofereceram-lhe uma espada de honra e o Parlamento votou-lhe uma pensão anual de 12.000$000 (doze mil cruzeiros em nossos d i a s ! ? ) . O Imperador conferiu-lhe o título de Barão com grandeza. O baronato do Amazonas constituía merecido prêmio pelos relevantes serviços prestados durante a campanha paraguaia, assim como a Grã Cruz de S.Bento e Aviz, as comendas da Ordem da Rosa, do Cruzeiro do Sul e a de Cristo. O almirante Barroso era dado a fazer amizades, mormente com os de sua classe. Não fora marujo atraído pela política, mas o garboso oficial amigo de sua classe, sentindo-se bem somente no navio em marcha. Atingiu o apogeu de sua carreira pelo próprio esforço, no cumprimento exato do dever, arriscando, por vezes a vida, a cada minuto. A vida do almirante Barroso representa magnífico m o delo de disciplina, brio, caráter e sangue frio, a par de extraordinário denodo. Protetor da Lei, dava exemplo, cumprindo-a à risca. Faleceu o grande Almirante Barroso, Barão do A m a z o nas, a 8 de agosto de 1882 em Montevidéu, capital do Uruguai. Seus despojos foram trasladados para o Brasil. Português de nascimento, o Almirante aBrroso foi um brasileiro dos mais bravos, dos mais dignos. RUA BARÃO DO R I O BRANCO José Maria da Silva Paranhos, Barão do Rio Branco, nasceu nó Rio de Janeiro, a 20 de abril de 1845. S-rs filho do Visconde do Rio Branco e de da. Thereza Figueiredo Rodrigues de Faria. Estudou na cidade nativa, em S. Paulo e Recife, Estado de Pernambuco, onde, diplomou-se bacharel em ciências jurídicas e sociais.

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Desempenhou os seguintes encargos: delegado do G o verno Imperial à Exposição Internacional de Horticultura, levada a efeito em Petersburgo, Rússia, 1884; cônsul geral do Brasil em Liverpool, Inglaterra; superintendente geral da Imigração, na Europa, 1892; ministro Plenipotenciário em Missão Especial para, nos Estados Unidos da América do Norte, defender os direitos do Brasil na questão de limites entre o nosso País e a Argentina; Ministro Plenipotenciário junto ao Governo da Suiça com igual incumbência, referente à questão do Iapó, tendo conquistado retumbante v i tória no término das duas questões; deputado federal por Mato Grosso, em duas legislaturas. Pacificamente, o grande Barão do Rio Branco demarcou os limites de nossa Pátria com Uruguai, Bolívia, Peru e Argentina, isto é, completou a obra há tantos anos iniciada pelos bandeirantes. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e à Academia Brasileira de Letras, da qual foi seu presidente. Publicou as seguintes obras: "Episódios da guerra do Prata", "A guerra da Tríplice Aliança", "Brasil", "Efemérides Brasileiras", "Memórias", "A questão do Acre", "Biografia do Visconde do Rio Branco". Era condecorado com o título de Barão do Rio Branco. Faleceu o insubstituível brasileiro, a 10 de fevereiro de 1912, no Rio de Janeiro

pagos, como era uso naquele tem(po em que a cultura era vedada à mulher. Recebeu inclusive esmerada e fina educação. Da. Maria José Possuía alma afeita à prática do bem. Depois do trágico desaparecimento do Barão do Serro Azul, da. Maria José, retirou-se para Paranaguá, vivendo unicamente da saudade do querido e inocente esposo. Criou sobrinhos, educou outros. Associando-se às diversas obras de beneficência e caridade, pensava homenagear o saudoso companheiro. Os hospitais de Misericórdia de Curitiba, Antonina e Paranaguá, foram os que receberam maiores dádivas. A Baronesa espalhou bens às mãos cheias. Depois de haver sido muito rica, faleceu tão pobre quanto, talvez, alguns a quem ela beneficiara. O seu coração era grande demais. Faleceu, a distinta senhora, em Paranaguá, a 9 de dezembro de 1921. RUA BENJAMIM CONSTANT

Da. Maria José Correia, Baronesa do Serro Azul, nasceu em Paranaguá, a 19 de abril de 1853. Era filha de Manoel José Correia e de da. Gertrudes Pereira Correia. Instruiu-se no próprio lar, recebendo aulas de mestres

O general Benjamim Constant Botelho de Magalhães era filho de Leopoldo Henrique Botelho de Magalhães e de da. Bernardina Joaquina da Silva Magalhães. Êle português, ela gaúcha. Nasceu a 18 de outubro em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Órfão aos 13 anos, freqüentou o Mosteiro de S. Bento do Rio, depois, a Escola Militar. Em 1860 recebeu o grau de doutor em matemática e ciências físicas. Prelecionou na Escola Central do Exército, na da Marinha; Colégio Pedro I I , Instituto Comercial e Escola Politécnica. Foi ainda ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafo. Durante a campanha paraguaia, tomou parte nos combates travados em Itapirú, Tuiutí, Humaitá e Corrien-

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RUA BARONESA DO SERRO AZUL

tes, mas por motivo de grave enfermidade, teve de afastarse dos campos das lutas. Às mãos cheias distribuía com a mocidade o seu vasto saber, refeito de grande ardor cívico. Benjamim Constant, legítimo patriota, porque fora obreiro da paz e do progresso. Gozou grande consideração entre os colegas de farda ou de magistério que o ouviam com acatamento e admiração. Benjamim Constant representa o esteio principal em que se firmou o movimento pró-República. Faleceu o grande republicano, a 22 de janeiro de 1891, em Niterói. RUA BRAS1LIO ITIBERÊ O Br. Brasílio Itiberê da Cunha nasceu em Paranaguá, a 1 de agosto de 1849. Era filho do Dr. João Manoel da Cunha e de da. Maria Lourença da Cunha. Em Curitiba fêz os preparatórios. As letras primárias foram cursadas na cidade natal. Em 1870 recebeu o grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de S. Paulo. No ano seguinte iniciou a bela carreira diplomática. Brilhantemente portou-se, no estrangeiro, no desempenho de tão elevado cargo. Serviu primeiro como adido de primeira classe da Legação de Berlim. A seguir viajou para a Itália. Serviu durante dez anos, como secretário da Legação Quirinal, e, mais tarde, no Vaticano; França e Bélgica. Em 1890 nomearam-no Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário na Bolívia; Peru, Paraguai e Portugal e, novamente Berlim, 1909. Nessa cidade adoeceu gravemente, vindo a falecer a 11 de agosto de 1913. O Dr. Brasílio Itiberê também viajou por grande parte da Asia.

Pianista de elevado mérito, onde quer que se fizesse ouvir, colhia francos e sinceros aplausos. Não só o alcondorava a cultura de executante. Compunha páginas musicais com extraordinário gosto e estilo próprio. É elevado o número de suas composições. Destacaremos dentre elas: "Rapsódias Brasileiras", "Tarantelle", "Serenade", "Poeme d' Amour", "Nocturne", "Etude de Concert", "Gavotte", "Berceuse", "Jardins des Tropiques", "Barcarole", "Sertaneja", "La dahabiek". Romance", etc. Paranaense de grande valor, jamais esqueceu o Estado natal. Na altura em que se viu colocado, não deixou de ser o amigo sincero. Artista e literato. O Dr. Brasílio Itiberê da Cunha representa uma glória do Brasil, que tanto amou e soube representá-lo tão dignamente. Exalou o último suspiro, evocando a terra que o viu nascer. O seu corpo foi trasladado da Alemanha para Curitiba, com as honras devidas ao alto cargo que ocupava. RUA DR. CAETANO MUNHOZ O Dr. Cetano Munhoz da Rocha era filho do ten.-cel. Bento Munhoz da Rocha e de da. Maria Leocádia Munhoz da Rocha. Nasceu em Antonina, a 14 de maio de 1879. Cursou vários colégios em Curitiba; o colégio S. Luiz, de Itú, Estado de S. Paulo e o Curso Anexo à Faculdade de Direito deste Estado. Em 1902, diplomou-se médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Clinicou apenas três anos, quando fundou a firma Munhoz da Rocha & I r mão, Desempenhou os seguintes cargos: deputado ao Congresso Legislativo do Estado, em várias legislaturas, tendo

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sido presidente desta Casa; prefeito municipal de Paranaguá por duas vezes, ocasião em qüe realizou os seguintes melhoramentos: canalização dágua, construção da rede de esgotos, saneamento e aterro do porto e da parte baixa da cidade, calçamento de ruas, abertura de avenidas; vicepresidente e presidente do Estado por duas vezes; secretário da Fazenda, Agricultura e Obras Públicas; presidente do Conselho Administrativo do Estado e senador. Em sua vida de funcionário público teve sempre independência de atitude. Sua gestão como presidente do Estado foi das mais proveitosas, pois além dos grandes benefícios empreendidos, ainda deixou o Tesouro com saldo. Foi o primeiro chefe do Executivo a prestar verdadeiro e grande auxílio aos funcionários públicos, melhorando-lhes os minguados vencimentos, recebidos, até então, em apólices ou bônus. Criou o Seguro de Vida; iniciou as obras do Porto de P a ranaguá; construiu escolas normais; fundou e construiu o Sanatório da Lapa; o Leprosário de Piraquara; o Hospital de Isolamento de Curitiba; o Asilo S. Vicente de Paulo, para pobres desamparados; casas de detenção; Escola de Reforma; amparou as faculdades superiores de ensino, etc. De educação aprimorada, eram-lhe extraordinárias as qualidades intelectuais e afetivas. Modesto, cortez e lhano para com todos. Apesar do muito que fêz pelo seu povo, não foram poucos os dissabores que sofreu. Morreu pobre, na pobreza digna e que eleva aqueles que tudo fizeram em benefício do seu torrão e sua gente. Pertenceu ao Círculo de Estudos Bandeirantes, como sócio benemérito. Faleceu, o grande brasileiro, a 23 de abril de 1944, em Curitiba.

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RUA CLAUDIONOR DO NASCIMENTO Claudionor Pereira do Nascimento nasceu a 6 de janeiro de 1889 em Paranaguá. Era filho de Leocádio Pereira do Nascimento e de da. Maria Joana Pereira do Nascimento. Como era costume da época, assim que o rapazinho cursava as primeiras letras, era encaminhado para um emprego qualquer, a fim de se tornar um homem capas. Assim aconteceu com Claudionor Pereira do Nascimento. Foi fiscal do Imposto de Consumo, membro do Conselho Consultivo da Prefeitura Municipal de Paranaguá, v e reador, despachante aduaneiro e Prefeito Municipal dessa cidade. Pertenceu à Diretoria do Clube Literário, ocupando v á rios cargos, sendo que era tesoureiro na ocasião em que fora construída a sede social do Literário e à Associação Comercial de Paranaguá. Homem modesto e bom. Político equilibrado. Foi estimado e respeitado por quantos o conheciam. Faleceu a 29 de junho de 1939. RUA Cel. SANTA R I T A O cel. Antônio Francisco de Santa Ritta nasceu em P a ranaguá. Era filho de Francisco de Santa Ritta e de da. Balbina dos Santos Pinheiro. Concluídos os estudos primários, dedicou-se ao comércio. Foi agente do Loide Brasileiro em Paranaguá. Espírito liberal e abolucionista dos fervorosos. Muito embora contrariando familiares, prestou inestimáveis serviços à causa abolocionista. Era-lhe grande o de-

sejo de conseguir a extinção da escravatura, muito antes de maio de 1888. Maragato convicto, auxiliou os revoltosos de 1893. Retornando, porém, o País à legalidade, sofreu perseguição. O .Gal Ewerton de Quadros telegrafou ao delegado de Polícia de Paranaguá, dando ordem para que o prendesse. Entretanto, quando a escolta o procurou, não o encontrou porque, fora avisado pelo justo e generoso coração do então delegado João Engênio Gonçalves Marques. O comandante da praça Léon Sounis denunciou-o por esse gesto. O gal. Ewerton ordenou a prisão do benfeitor. Graças às grandes amizades que João Eugênio gozava, fora relaxada sua «prisão. Este episódio constituiu mais um documento dos desmandos que foram efetuados nesse triste e doloroso periodo, em que procuraram culpar o bravo è digno Marechal Floriano Peixoto. RUA COMANDANTE D Í D I O COSTA O almirante Dídio Iratym Affonso da Costa nasceu em Guarapuava, a 17 de agosto de 1881. Era filho do major José Santo Elias Affonso da Costa e de da. Júlia Guilhermina Caillot Affonso da Costa. Estudou nos pagos nativos, em Curitiba e no Rio de Janeiro, onde cursou a Escola Naval. Matriculando-se a 10 de abril de 1889, em dezembro de 1902 j áera guarda-marinha. Suas promoções foram-se sucedendo até que, em 1951, recebeu a patente de contra-almirante. A serviço de sua profissão percorreu grande parte do mundo. Desempenhou o comte. Dídio importantes comissões quer embarcado ,quer em terra; comandou a Escola de Aprendizes de Marinheiro do Paraná; foi chefe do Estado Maior da Armada; imediato de destróier; ajudante de ordens do Ins-

petor do Arsenal de Marinha do R i o de Janeiro; superintendente de Navegação; deputado estadual; diretor técnico das obras do porto de Paranaguá; prefeito municipal dessa cidade. A Divisão de Estado Maior da Armada, por Dídio chefiada, compunha-se das seguintes secções: História Marítima do Brasil, Biblioteca da Marinha, Documentação Histórica e Revista Marítima Brasileira. Foi primeiro secretário do Clube Naval; do Instituto T é nico Naval. Era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná; do Centro de Letras do Paraná e da Academia de Letras do Paraná, da qual foi seu I vice-presidente; do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil; do Instituto Português de Arqueologia; História e Etnografia de Lisboa; do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina; do Instituto do Ceará; do Instituto Brasileiro de Cultura; da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e sócio honorário do Liceu Literário Português. o

Pelos seus reais relevantes serviços prestados à Pátria recebeu a comenda da Ordem do Mérito Naval, o da Ordem Militar de Aviz, de Portugal; as medalhas do Serviço Militar tío Cincoentenário da Proclamação da República e a de Serivços dé Guerra. Colaborou no jornal do Comércio do Rio, na Revista M a rítima . Publicou os seguintes trabalhos literários, técnicos ou históricos: "Saldanha", "Barroso", "Tamandaré e Inhaúma", "Nas águas do Gasconha", "Aspectos", "Noronha", "D. Pedro I I " , "O litoral e a riba do Paraná", "Os portugueses na Marinha de Guerra do Brasil", "Quarto Centenário do descobrimento do Amazonas", "História marítima do Rio de Janeiro", "Subsídios para a história marítima do Brasil", (9 volumes), "Astronomia", "As duas marinhas", "Duque de Caxias", "Tamandaré", "Marcílio Dias".

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Dotado de fácil e atraente verbo, o comte. Dídio era orador muito procurado por ocasião das festividades cívicas. Representou o Ministro da Marinha no 3 Congresso Brasileiro de Geografia. Cidadão de grande cultura e aprimorada educação. O comte. Dídio faleceu a 23 de março de 1953, no Rio de Janeiro. o

RUA COM. CORRÊA JÚNIOR

"Invejosos me desacreditaram, parentes me perseguiram e eu me vi na dura necessidade, para salvar o meu crédito, de me pôr em lugar ermo, à face dos meus engenhos e aqui (Porto de Cima) estou trabalhando a ver se posso deixar minha família sofrivelmente educada e desembaraçada, esperando que aprenda de mim que neste mundo, as melhores ações só trazem desgosto, e, portanto, vivendo com honra deve fazer por viver independente, visto que sò o real serve e a maldade triunfa sempre das melhores, mais genrosas e desinteressadas ações". Vemos por essas memórias que Corrêa Júnior, sentia-se justamente amargurado pela triste paga dos desinteressados serviços que prestou na luta pela criação da Província. É a v i d a . . . Enquanto o Barão de A n t o nina tirava para si o melhor que podia, procurou por t o dos os meios obscurecer o valioso trabalho de Corrêa Júnior.

O Com. Manoel Francisco Corrêa Júnior nasceu em Paranaguá. Era filho de Manoel Francisco Corrêa e de da. Maria Joaquina da Trindade. Sua vida foi das mais úteis em benefício da sua terra e de sua gente. Fêz parte da "Sociedade Patriótica dos Defensores da Independência e da Liberdade Constitucional" de Paranaguá, 1826. Essa sociedade, por iniciativa de Corrêa Júnior, foi transformado em Irmãdade da Misericórdia, em 1853, resultando a fundação da Santa Casa de Misericórdia. Fundou a loja maçônica "União Paranaguense", 183?, a primeira do Estado. Patriota de ação por ocasião da revolução paulista de 1842, Corrêa Júnior armou, fardou e manteve à sua custa um batalhão legalista, entusiasmado pela promessa de Caxias e Monte Alegre, de que, finda a luta, a Comarca seria elevada à Província". Realizou viagens ao Rio a fim de tratar da criação da Província, de cuja causa foi o partidário mais denodado e desinteressado. Entretanto, muitas injustiças e perseguições sofreu, ao contrário dos que trabalharam pela emancipação da Província, mas visando seu próprio benefício. Homem bom, amigo leal; alma caridosa.

O cel. Alípio Santos nasceu no Anhaia, Morretes, onde passou a infância e estudou as letras primárias. Moço feito mudou-se para Paranaguá. Dedicou-se ao comércio. Dotado de larga visão e grande tino comercial tornou-se elemento que muito auxiliou o desenvolvimento econômico de Paranaguá. Negociou com frutas,, exportando-a. Industrial de erva-mate e de madeira, possuía bem montada serraria e o primeiro engenho de arroz, porquanto fora o cel. Alípio o pri-

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"E foi assim que, enquanto o adventício interesseiro conquistou todas as posições que ambicionou, o parnanguara ilustre e ardoroso idealista viu perdida toda fortuna e dele se afastarem alguns dos seus próprios parentes". A vida do com. Francisco Corrêa Júnior deve ser m e lhor conhecida pela nossa mocidade. RUA CEL. A L I P I O SANTOS

meiro cidadão no Paraná a dedicar-se à cultura do indispensável cereal; a maioria das casas do seu tempo foram por êle construídas; criou o primeiro estaleiro naval em nossa terra. Cavalheresco para com todos, justo e bom para os seus camaradas e subalternos. Exerceu os cargos: Juiz de Direito e Prefeito de Paranaguá . Político de ação moderada, era estimado e respeitado até pelos adversários políticos. Pertenceu o cel. Alípio dos Santos ao grupo formado por Guilherme Guimarães, Júlio Theodorico dos Santos, João Eugênio Gonçalves Marques, etc., que no seu tempo foram exemplos de dignidade e honradez. Faleceu cel. Alípio a 3 de agosto de 1944 em Paranaguá. Sua vida foi longa, mas digna e marcada por tantos atos que o tornaram cidadão respeitável. Enquanto desenvolvia atividade, resolvendo os seus problemas pessoais, indiretamente, auxiliava o progresso da sua cidade. Quando Prefeito realizou grandes melhoramentos em Paranaguá.

RUA CORONEL NICOLAU MADER O industrial Nicolau Máder nasceu a 21 de dezembro de 1861. em Rio Negro. Era filho de Martim Màder e de da. Maria Bley Máder. Fêz os estudos primários no recanto nativo. Em 1875 freqüentou o curso humanidades em Curitiba, findos os quais, regressou à sua terra. Foi auxiliar de tropeiro, caixeiro, sócio do seu sogro que era componente de uma das principais firmas comerciais de Paranaguá, onde fixou residência. Tomou parte na revolução de 93, auxiliando os revoltosos. Retornando a paz, Nicolau Máder regressou ao R i o Negro, a fim de refazer a fortuna abalada com a morte do sogro. Pobre e endividado reiniciou o comércio da erva-mate. Dotado, porém, de sincera fé e grande força de vontade, dentro em pouco tinha firmado a vida e o seu crédito. Prestaram-lhe auxílio parentes e amigos que lhe emprestaram a quantia necessária para o reinicio do seu comércio. A d quiriu duas lanchas por meio das quais fazia o transporte da erva.

RUA CEL. BITTENCOURT O Cel. Antônio Bitencourt nasceu em Paranaguá. Ao findar o curso primário ingressou no comércio como simples empregado. Trabalhador, perseverante e inteligente atingiu o auge da carreira comercial. Homem de costumes simples, de trato lhano, tornouse um político de prestígio. Foi camarista e Prefeito Municipal de Paranaguá, prestando-lhe inestimáveis serviços. Coração bem formado, sua bolsa socorria os necessitados que a êle recorriam em suas aperturas.

Nicolau Màder introduziu a luz elétrica em sua cidade, quando Curitiba e Paranaguá ensaiavam as primeiras tímidas experiências de iluminação elétrica. Instalou no engenho Santa Cruz um gerador elétrico, a fim de trabalhar à noite. Em 1907 mudou-se para a Capital. Nesse ano sofreu dois rudes golpes: a perda da esposa e o incêndio do engenho acima referido. Mais uma vez teve o nosso biografado de recorrer a empréstimo para continuar a luta. Seu ânimo, porém, mantinha-se forte e resoluto como nos tempos de bonança.

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Êle fora patrão, feitor e operário, reservando a noite para o trabalho de escritório. Em 1927 era um dos mais poderosos e ricos comerciantes de nossa praça. Sua indústria atingiu o Estado de Santa Catarina. Embora a custa de ingentes sacrifícios, educou muito bem os seus filhos, diplomando-os todos em curso superior. Quando no exercício do mandato de deputado estadual, mostrou-se sempre político incondicional, mantendo liberdade de ação. Afastando-se das lides políticas, jamais deixou de auxiliar ps seus antigos correligionários. Foi dos fundadores da "Sociedade de Socorro aos N e cessitados", da qual foi seu tesoureiro. No início deste século, quando não se conhecia nada sobre assistência social, já o cel. Nicolau Máder a realizava entre os seus empregados, fornecendo-lhes médico farmácia e auxílio financeiro, minorando, dessa forma os seus sofrimentos. Presidiu a Junta Comercial e Associação Comercial do Paraná, por duas vezes. A vida do cel. Nicolau Màder representa um padrão de honestidade, bondade, empreendimento, justiça e constância. Faleceu no ano de 1930 em Curitiba. r

RUA CONSELHEIRO CORREIA O Dr. Manoel Francisco Correia era filho do com. Manoel Francisco Correia e de da. Francisca Pereira Correia. Nasceu em Paranaguá, a 1 de novembro de 1831. Estudou em Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro: no Colégio Pedro I I , do Rio e na Faculdade de Direito de S. Paulo, onde recebeu o diploma de bacharel em Direito.

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Fundou a Sociedade Secreta de Beneficência com outros colegas da Faculdade. Foi: 2 e I oficial da Secretaria da Fazenda; oficial dos Negócios do Império e da Justiça; Secretário do G o verno do Rio; presidente da Província de Pernambuco; Conselheiro de Estado Extraordinário; deputado estadual, federal e senador pelo Paraná; Ministro dos Negócios Estrangeiros no Gabinete de 7 de abril de 1871; diretor geral do Tribunal de Contas; chefe da Diretoria Geral de Estatística. Portugal agraciou-o com a Grã Cruz da Ordem da Conceição da Vila Viçosa e com a da de Cristo; a Espanha com a Ordem de Carlos I I I ; a Áustria com a da Coroa de Ferro; a Rússia com a de SanfAna e o Brasil com a comenda da Ordem da Rosa. Fundou a Escola de "Vila Isabel", o Asilo "Santa Isabel", a Associação "Promotora da Instrução de Meninos" e a I Escola Normal do Brasil Império. Presidiu a Associação "Protetora da Infância Desamparada", a "Soicedade dos Amantes da Instrução" e a "Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional". Orador intrépido. Afável, modesto, prestativo. Era a personificação da bondade. Pertenceu à "Sociedade de Geografia do Rio", como sócio fundador e ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro", do qual foi seu vice-presidente. Escreveu relatórios, discursos, conferências e "Missão do Gal. Bartholomeu Mitre", "Memórias", "Ocupação da Ilha da Trindade pela Inglaterra e sua restituição ao Brasil", "Saque de Assunção e Luque atribuído ao Exército Brasileiro", etc. e, no tempo de estudante, "A praia da Glória", em S. Paulo. Era sua divisa: "Se todos não podem ter talento, todos são obrigados a ter caráter". o

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Faleceu, o grande brasileiro, a 11 de julho de 1905, no Rio de Janeiro, onde viveu a maior parte de sua fecunda e fértil existência. Paranaguá prestou-lhe modesta homenagem, batisando uma de suas ruas com o seu honrado e ilustre nome — Rua Conselheiro Correia. R U A CONSELHEIRO S I N I M B Ú O Dr. João Lins Vieira Cansassão, Visconde de Sinimbú, nasceu em Alagoas, a 20 de novembro de 1810. Era filho do cap. de Ordenanças Manoel Vieira Dantas e de da. Maria José Lins. Formou-se bacharel em Direito pela Faculdade de D i reito de Olinda, Estado de Pernambuco, em 1835 e doutorou-se pela Universidade de Iena, quatro anos mais tarde. Foi o primeiro presidente da província natal, depois da rendição de 1839, quando então, mudaram a capital da cidade de Alagoas para a atual, 1810. Brilhantemente exerceu os cargos de Ministro no Uruguai, 1845; deputado provincial em várias legislaturas; deputado geral em 1843 — 1844 e 1853 — 1856; senador do Império por duas vezes; presidente das províncias do Rio Grande do Sul, 1855; Bahia, 1856 e Sergipe, 1841; Ministro dos Estrangeiros, da Agricultura da Justiça, da Guerra e da Fazenda. O Visconde de Sinimbú, conselheiro do Império, 1882, mereceu as seguintes condecorações: comenda da Ordem da Rosa e da de Cristo; Grã Cruz da Legião de Honra da França; da Ordem Austríaca; Coroa de Ferro da Ordem de Hanover e dos Guelfos. Escreveu: "Opinião acerca da instrução primária e secundária", 1843", "Nota das colônias agrícolas suíças e alemãs, fundadas na freguesia de S. João Batista de Nova Friburgo", 1852; "A verdadeira inteligência a dar-se à expressão "prédio", 1876.

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Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, além de outras associações científicas e literárias. O Conselheiro Sinimbú, grande do Império, organizou o Gabinete de 1862 e pertenceu ao Conselho de S. Majestade. Faleceu o grande brasileiro, a 27 de deezmbro de 1908, isto é, com 98 anos de idade. Esta rua chamou-se da "Gamboa" e da "Fonte". RUA CORREIA DEFREITAS Manoel Correia Defreitas nasceu em Paranaguá a 29 de maio de 1853. Era filho de Domingos Correia Defreitas e de da. Josepha Leite Bastos Correia Defreitas. Educou-se perfeitamente, tendo-se revelado uma das inteligências mais cultas de nossa terra. Desde muito jovem dedicou-se ao estudo dos problemas políticos e sociais. Democrata ardoroso; abolicionista sincero. Bairrista extremado, sustentou tremenda campanha por ocasião da questão de liimtes entre os nosso Estado e o de Santa Catarina. Com Rocha Pombo fundou o jornal republicano "A Verdade". Fêz parte das redações de "Eco Literário" e "Livre P a raná". Colaborou em muitos jornais do Rio, nos de Curitiba e de Joinvile, onde morou alguns anos. Exerceu dentre outros os seguintes cargos: deputado estadual; deputado federal e jornalista. Temperamento impulsivo; sincero, franco, sofreu grandes e muitos dissabores. Portou-se porém o altivo e digno filho da terra do erecto e imponente pinheiro, símbolo da grandeza do Paraná. Orador eloqüente, pregou também a emancipação da mulher; criou sociedades agrícolas; encarou, como verda-

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deiro conhecedor do assunto, o problema florestal, a proteção aos pássaros e aos animais; incentivou o fabrico de papel com a fibra do lírio branco. . Pertenceu à Sociedade de Geografia, da qual era vicepresidente honorário. Em 1922 tomou parte no Congresso Inter-Americano, em cujo certame só compareceram os seguintes brasileiros-Ruy Rodrigo Octávio, Oliveira Lima, Gumercindo Ribas, Theotônio Britto e o nosso biografado Filantropo perfeito, são admiráveis os seus atos de abnegação. Quando no desempenho do mandato parlamentar bateu-se tenazmente pelas classes operárias, ferroviários, pela instrução, atendendo ao que dizia Miguel Couto e que serve até para os nossos dias — "a instrução, único problema a resolver em nossa terra" ;e pela integridade do solo paranaense. Convidado por Benjamin Constant para presidir o seu Estado ou o de Santa Catarina, declinou de tão grande honra, porquanto êle não aspirava paga pela solução dos problemas em benefício do povo e do seu Estado. Não aceitou inclusive cargo público alguir! Grande e verdadeiro republicano. Patriota sincero. Sentia-se remunerado de tão árdua luta, sabendo que o seu ideal fora efetivado e que os seus patrícios eram felizes. Caráter de bronze, energia férrea e consciência superior tornaram-no apóstolo do bem. Só a êle se curvou. Só pelo seu povo viveu a labutar. Pertenceu Manoel Correia Defreitas ao brioso pelotão de paranaenses que, fora do seu Estado natal, souberam elevar e honrar o nome da "Terra dos Pinheirais". RUA DESEMBARGADOR ERMELINO Agostinho Ermellno de Leão nasceu em Paranaguá, a 25 de março de 1834.

Era filho do conselheiro Agostinho Ermelino de Leão e de da. Maria Clara Pereira de Leão. Era bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de Recife. Colou grau a 3 de dezembro de 1857. Exerceu os seguintes cargos: Juiz Municipal de Olinda, Pernambuco; Juiz de Direito de Caçapava e Santa Maria da Boca do Monte, Rio Grande do Sul, e de Curitiba; vicepresidente da Província do Paraná, assumiu a chefia do P o der Executivo, por quatro vezes; chefe de Polícia, fundador e diretor do Museu Paranaense; do Teatro Guaira; do Clube Literário Curitibano, da Sociedade de Aclimação Paranaense e da S. Dramática Melpômene, etc. Chefiou as comissões às exposições realizadas em Filadélfia, Viena, Paris e A n tropológica do Rio de Janeiro. Desembargador da Relação da Bahia, 1886, vice-presidente dessa Província; desembargador à Relação de S. Paulo. Honesto e probo. Bom e humanitário. Amigo de todos. Por decreto de 14 de março de 1860, então, grande Juiz de Olinda foi agraciado com o título de cavalheiro da Ordem de Cristo, e por decreto de 9 de março de 1867, com a comenda da Ordem da Rosa pelos relevantes serviços presta^ dos ao Paraná, durante a questão Cristie. Depois de aposentado, mudou-se para Curitiba continuando a labuta como agente de seguros e na diretoria do Museu Paranaense. Faleceu a 28 de junho de 1901, nessa ciadde. RUA DESEMBARGADOR HUGO SIMAS O desembargador Hugo Gutíerrez Simas nasceu a 23 dé outubro de 1883, em Paranaguá. Era filho do farmacêutico Fernando Simas e de da. H e lena Gutierrez Simas. — 47 —

Fêz o curso primário em Paranaguá, o de humanidades e o superior no então Distrito Federal. Diplomou-se em farmácia e, mais tarde, em Direito pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Durante cinco anos trabalhou ao lado do progenitor, quando resolveu estudar direito. Foi escritutário da Estrada de Ferro Central do Brasil, preparador de história natural no Internato do Colégio Pedro I I ; promotor público de A n tonina, Palmeira e Rio Negro; lente de português e pedagogia da Escola Normal e de lógica, história da literatura, f i losofia e história natural do Ginásio Paranaense, ambas casas educacionais de Curitiba; deputado ao Congresso Legislativo do Estado. No ano de 1921 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde permaneceu alguns anos, exercendo o cargo de consultor jurídico do Lloyd Brasileiro ao mesmo tempo em que exercia a advocacia. De regresso ao Paraná prelecionou direito constitucional, enciclopédia jurídica, direito internacional e direito comercial na Universidade do Paraná. Orador de palavra fácil, fluente. Austero e de caráter firme era, entretanto, amável para com todos. Perfeito cavalheiro, cujo coração boníssimo o fazia abrir a carteira para auxiliar aqueles que dele se aproximavam pedindo auxílio. Jornalista vibrante redigiu o Diário da Tarde e o Comércio do Paraná. Professor severo, porém justo. Suas aulas atraiam os alunos ávidos das excelentes explicações. Lembramo-nos de que passamos um período de tristeza e saudade pelo seu afastamento das aulas da "Escola Normal". Qual não foi, porém, a nossa alegria ao saebr do seu r e torno à cátedra que tanto dignificava. Recebêmo-lo com flô-

res. O Dr. Hugo mal pode pronunciar-se sobre tão comovente quão significativa, justa e merecida homenagem, prestada por seus discípulos. Escreveu: "O romance de amor e poesia do Poeta" (Gouzaga e M a r í l i a ) ; "O direito marítimo"; "Agricultura na escola primária", etc. Pertenceu ao Centro de Letras do Paraná e à Academia Paranaense de Letras. Faleceu no Rio de Jaeniro, a 27 de outubro de 1941, onde fora em busca de melhora para sua saúde. Exercia, na ocasião alto cargo de desembargador de seu Estado. RUA DONA ISABEL A princesa Isabel era filha de D.Pedro II e de da. T h e reza Christina Maria. Nasceu no Rio de Janeiro a 29 de julho de 1846. Sua infância decorreu como a de todas as nobres crianaçs. Por três vezes dirigiu o Brasil, na ausência do pai que viajara por motivo de sua saúde abalada. Governou com os gabinetes Rio Branco, 1871 a 1872; Caxias, 1876 a 1877 e Cotegipe, 1887 a 1888. Períodos esses em que Da. Isabel desempenhou relevante papel na magistratura imperial. Devese ao seu espírito empreendedor, os decretos de naturalização de estrangeiros, no País; o primeiro recenseamnto do I m pério; desenvolvimento da viação férrea e a solução das intermináveis questões territoriais; estabelecimento das relações comerciais com os povos vizinhos, as sanções das leis de 1861, libertando os escravos nascidos a partir daquela data, os de mais de sessenta anos, de 1875 que concedia anistia aos bispos brasileiros; de 1888, Lei Áurea, que definitivamente libertava os escravos no Brasil, a 13 de maio. Esse nobre e humano gesto valeu-lhe o título de "Redentora". A s -

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sim como sua avó, a princesa Leopoldina, soube bem reunir as qualidades femininas à ação de estadista. Da. Isabel foi uma das mulheres mais eminentes do Brasil e da América. Acompanhou o pai no seu desterro por ocasião da proclamação da República. Longe da pátria, ensinava os descendentes a amar e a respeitar o seu saudoso Brasil que ela tão bem servira. Faleceu em Paris, a 14 de novembro de 1921. RUA Da. JULIA DA COSTA A poetisa Júlia Maria da Costa nasceu em Paranaguá, a 1 de julho de 1844. Era filha de Alexandre José da Costa e de Da. Maria Luiza da Costa. Júlia da Costa fêz o curso primário na escola particular dirigida pela professora Jessica James. Inteligente e viva, aprimorou sua educação por meio da leitura. Tornou-se mulher dotada de grande desenvolvimento intelectual, para o tempo em que se tornara moça. Dedicou-se à lides literárias, possuindo primoroso estilo. Elegante era-lhe a prosa. Inspirados e de variados matizes, os seus versos. Tocava piano muito bem. Alma compassiva e boa, muito sofreu com o casamento imposto pelos pais. Dotada de temperamento romântico, não se poude afeiçoar ao caráter rude e mercantil do inculto esposo. Porém, humilde e resignadamente, viveu, sem jamais queixar-se ou revoltar-se contra seus progenitores. Era-lhe suave lenitivo transvasar "o cálice da amargura" em sentidas, mas inspiradas rimas.Dedicou-se igualmente ao conto.Usou o pseudônimo Americana. Inteligência cristalina encaminhou a ao serviço do coração. Tudo fez para estimar o marido, de quem foi companheira fiel, embora o coração vivesse a sangrar. 50

Júlia Maria da Costa é alma irmã de Casimiro de Abreu. Escreveu o livro — "Flores dispersas" 1867, e que foi publicado dois anos após o seu falecimento, graças à iniciativa dos grandes literatos Dario Vellozo, Sebastião Paraná, Euclides Bandeira e Leocádio Correia e "Buquê de violetas", 1868. "Já doente, em S. Francisco, Estado de Santa Catarina, onde residia depois do casamento, iluminava-se-lhe o olhar e o semblante sorria, quando lhe falavam de Paranaguá: Rocio, Campo Grande, Itiberê, cuja mansidão das águas faz lembrar os poéticos e românticos canais de V e neza, I t á l i a . . . " "Velhinha, quase cega, Júlia da Costa nos últimos anos da vida, sofrendo, dentro de quatro paredes sombrias, todas as amarguras da ansiedade, relembrava um vulto olímpico, caído d^s graças de Jeovah onipotente. Privada da carícia da brisa, dos beijos -típicos do sol, dentro das trevas do seu aposento, longe do bulício da vida e do seu querido torrão natal, a poetisa paranaguense terminou os seus dias na poética e amiga terra, onde fruiu os seus dias de desventura". Júlia da Costa colaborou nos jornais, revistas do seu tempo, tanto de Curitiba, como de Paranaguá e de Porto União. Faleceu a nobre alma a 12 de julho de 1914, em S. Francisco do Sul. Esta rua — Júlia da Costa — teve, anteriormente, as denominações de Rua do Campo e Alto da Independência. R U A DOS EXPEDICIONÁRIOS No decorrer da segunda guerra mundial o Brasil, a fim de rebater a ofensa recebida por meio do torpedamento dos seus navios mercantes, declarou guerra aos países do Eixo. — 51 —

Para isso as forças armadas mobilizaram-se, partindo em demanda da Europa. Nos horrores da guerra, eis que os nossos Expedicionários sairam vitoriosos, tomando Monte Castelo a 21 de f e vereiro de 1945 e Montese, em 14 de abril do mesmo ano. Foram meses de lutas e sofrimentos. Muitos regressaram à Pátria; muitos lá ficaram. Perderam suas preciosas vidas em holocausto à democracia. Rapazes em plena mocidade tombaram para que o mundo continue livre; morreram por um mundo melhor. Portanto, várias prefeituras, como modesta homenagem, dão às ruas de suas cidades o nome de "Expedicionários". É justo que assim procedam, pois jamais devemos esquecer esses nossos heróicos irmãos; nossos bravos heróis. RUA DR. LEOCÁDIO

• A 16 de fevereiro de 1878, nasceu em Paranaguá, o Dr. Leocádio José Correia, filho de Manoel José Correia e de da. Gertrudes Pereira Correia. Desde criança revelou grande vocação para o estudo. Conquistou, desde o ingresso na aula primária, a estima dos mestres, distinguindo-se dentre os colegas mais aplicados. Matriculado no Seminário de S. Paulo fêz rápido progresso no estudo de latim e, como quase desviara para a carreira eclesiástica, carinhosamente os pais o afastaram desse educandário. Pela Academia de Medicina do Rio de Janeiro, a 20 de dezembro de 1872 recebeu o grau de doutor em medicina. Foi médico em toda extensão da palavra. As mãos cheias distribuía o bálsamo lenitivo da dor alheia. A pobreza venerava-o Êle a socorria moral e materialmente. Pela grandeza do seu coração, viveu cercado de amizade e dedicação.

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Com o avançar dos anos mais se dedicava aos livros, nossos amigos certos, das horas incertas. O Dr. Leocádio jamais atendeu ap que se costumava atender naquele tempo: ao imperativo partidário. Sua família era conservadora. O Dr. Leocádio estendia sua ciência e seu auxílio até aos adversários políticos. Era o consultor dos pobres, de cujos lábios somente bênçãos e santas palavras saiam em louvor do bondoso e humanitário clínico. Exerceu os cargos de inspetor médico da Saúde do Porto de Paranaguá, médico da Santa Casa de Misericórdia; inspetor escolar e deputado provincial. Amigo sincero da democracia. Abolicionista. Debateuse ardorosamente, quer na tribuna, quer na imprensa pela mísera gente escrava. Era-lhe o verbo como um gládio de ouro. Como literato cultivou tanto as leivas da prosa como as do verso. Redigiu com grande brilho o "Itiberê" e o "Livre Paraná!" Faleceu o Dr. Leocádio, a 1 de maio de 1886, coberto de honra e rodeado de carinho. Não lhe fora dado assistir a efetivação dos seus ideais, realizados a 13 de maio de 1883 e a 15 de novembro de 1889. Anteriormente esta Rua chamou-se do Campo e da M i sericórdia. RUA DR. ODILON MEDER O Dr. Odilon Máder nasceu a 2 de outubro de 1902 em Rio Negro. Era filho do coronel Nicolau Máder e de da. Francisca da Costa Máder.

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Estudou as letras primárias com os professores Júlio Theodorico Guimarães, Savino Gasparini, Marina Camargo, e Flávio Luz. Fêz o curso secundário no Ginásio Paranaense, hoje Colégio Estadual do Paraná e no Ginásio São Bento da cidade de S Paulo e o superior na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, tendo, porém, cursado os primeiros anos de engenharia na Universidade do Paraná. Em 1926 recebeu o diploma de engenheiro civil. Exerceu os seguintes cargos: engenheiro da Prefeitura Municipal de Curitiba, 1926; diretor de Obras do Município de Curitiba, 1927 a 1929; engenheiro diretor do Departamento de Obras Públicasdo Estado; engenheiro-chefe do Porto de Paranaguá, 1931; Prefeito Municipal dessa cidade, cargo desempenhado cumulativamente com o de engenheiro-chefe do Serviço de Força e Luz, de Paranaguá. Em 1933, a pedido, afastou-se da Prefeitura para retornar ao seu lugar efetivo de engenheiro diretor da Secretaria de 'Obras Públicas, Viação e Agricultura, sendo então designado para dirigir o Departamento de Água e Esgoto, em cujo cargo se manteve até 1939; engenheiro-chefe da Fiscalização dos Contratos de Força e Luz; construtor de obras ferroviárias, rodoviárias e civis no território nacional.. Para isso, no ano de 1944 pediu, exoneração dos cargos e comissões estaduais e municipais.

gem entre essas duas cidades; diversas pontes de concreto entre Curitiba e Rio Negro; diversas obras em Araranguá. Santa Catarina e em Sta. Maria, Rio Grande do Sul; abertura do túnel Pasmado em Botafogo, Rio de Janeiro, etc etc Quando sua empresa achava-se no auge de suas realizações, o Dr. Odilon enfermou, vindo a falecer. "Como engenheiro, funcionário municipal e estadual foi um dos fundadores da benemérita Associação dos Funcionários Públicos do Paraná, cuja presidência exerceu por duas vezes consecutivamente, sendo a sua reeleição alcançada por maioria esmagadora, apesar da desenfreada campanha de ameaças, represálias e pressões contra a sua .candidatura, desencadeada pelos poderes executivos estadual e municipal que então governavam o Estado e o Município". Fundou e presidiu a Caixa de Aposentadoria e Pensão dos Funcionários do Departamento de Agua e Esgoto: o Sindicato de Engenheiros do Paraná, etc.

Realizou empreendimentos de grande vulto e responsabilidade. Ingressou no novo setor de atividades, como engenheiro-diretor da construção de longo trecho de estrada de ferro entre Joaquim Murtinho e Monte Alegre; engenheiro-chefe da firma construtora "Odilon Máder", que operou no trecho ferroviário de Rio Negro a Caxias do Sul: construiu vários túneis na Serra do Espigão, no Estado de Santa Catarina'; engenheiro construtor da estrada Itanguá — Engenheiro Bley; de grande trecho da estrada de roda-

Foi eleito delegado-eleitor do Paraná na eleição de representante do Funcionalismo no Congresso Nacional, inovação essa criada pela Constituição em 1934; engenheiro avaliador do "Ipase", em 1945; do Banco de Curitiba; vereador à Câmara Municipal de Curitiba, tendo sido o candidato mais votado, em 16 de novembro de 1947. O Dr. Odilon também participou das atividades esporii as do seu Estado. Foi êle, embora vivesse pouco, um homem que viveu vol'.ado para a solução dos problemas em benefício da coletiv; dade. Honrado, digno, trabalhador, todos os D.epartame ser. a chefia ou direção do Dr."Odilon, apresentavam ordei.:. organização perfeita, conforme é do conhecimento de fcpd ua atuação como Prefeito de Paranaguá e diretor d... obras do seu porto e ainda como funcionário tanto da Pre-

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feitura Municipal de Curitiba, como diretor-chefe da Secretaria de Viação e Obras Públicas. Patriota, humano, justo e bom. Foi durante a sua administração que o Departamento de Águas e Esgoto de Curitiba tomara grande incremento e feição técnica, como antes nunca tivera: captação dos mananciais da Serra; nova adutora; Caixa d'Agua do Bigorrilho; emissário principal de esgotos; canalização do Rio Belém, etc. Faleceu o Dr. Odilon Máder a 24 de dezembro de 1954 RUA EURIPEDES BRANCO Eurípedes Rodrigues Branco era filho de João Rodrigues Branco e de da. Luiza Josephina da Silva Branco. Nasceu em Curitiba, a 15 de março de 1876. Transferindo-se sua família para Paranaguá, aí Eurípedes Branco realizou o curso primário com os professores José Cleto da Silva e Décio Lobo. Inclinando-se para o comércio, ingressou como auxiliar de escritório de importante firma comercial. Mais tarde, passou a agente da Companhia de Navegação Costeira, em cujo cargo se aposentou. Foi, por várias vezes camarista, tendo sido presidente da Câmara Municipal de Paranaguá e presidente do Clube Literário, biênios 1918 — 19 e 1929 — 30. Passando a agente, procedeu sempre justa e humanamente ,de sorte que os seus subalternos o estimavam como se êle fora seu pai, não um chefe. Desde jovem revelou pendor para as rimas. Ao aposentar-se deu expansão à veia poética. Produziu muitos e bons versos. As suas poesias, espalhadas pela imprensa: "O Mano", "Diário do Comércio", "Marinha" (revista) todos de Paranaguá; "Prata de Casa", 'Diário da Tarde", "Correio do Paraná", "O Estado do Paraná", "Jornal dos Poetas", de Curi-

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tiba, são autênticas provas do seu grande talento de poeta primoroso. Pertenceu à Loja Maçônica Perseverança com o grau 33. Publicou o livro de versos "Sombras ao crepúsculo". Faleceu a 16 de julho de 1956 em Paranaguá. RUA F A R I A SOBRINHO O Dr. Joaquim tí'Almeida Faria Sobrinho nasceu em Campo Largo, a 13 de agosto de 1847. Fêz o curso primário na Lapa com mestre Vicente; o secundário no Ateneu Paulista e o superior na Faculdade de Direito de S. Paulo. Desempenhou os seguintes cargos: procurador fiscal do Tesouro Geral; secretário do Museu Paranaense (graciosamente ); professor de francês e retórica no Liceu Paranaense; deputado provincial em várias legislaturas; Juiz de Direito de S. José dos Pinhais e presidente da Província do Paraná, 1886. Durante o seu governo foi fundada a Sociedade Propagadora da Erva Mate; inaugurado o serviço de bondes em Curitiba; criados os núcleos coloniais Santa Cristina e Alice, em Campo Largo. Dedicou particular atenção às indústrias ervateira, madeireira, pastoril, e agrícola. Aconselhava a fundação de xarqueadas e aos criadores abastados a adquirirem animais de raça, a fim de melhorar a pecuária. O Passeio Público recebeu melhoramentos, inclusive um "carroussel", instalado pelo Com. Fontana. Devido a pouca cultura dos professores, achava que o ensino devia constar de dois graus; "um para o ensino primário extensivo a todas as localidades e, outro, para o desenvolvimento desse ensino nos centros de grande população", isto é, dos programas, distintos, de acordo com o desenvolvimento do local.

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A instrução secundária achava-se em franco progresso. Havia o Instituto Paranaense e cinco colégios particulares, inclusive o Partenon Paranaense, dirigido pelo saudoso Dr. Laurentino Azambuja. A Escola Normal contava com os alunos Júlio Theodorico Guimarães e Brazílio Costa. Foi o Dr. Faria Sobrinho o segundo paranaense a ser distinguido com a grande honra de presidir o seu Estado. Não aceitou, porém, a presidência de Alagoas, assim como recusou a senatória federal constituinte, deputação federal e estadual republicanas. Concordou, então, em aceitar o cargo de auditor de guerra do então 5 Distrito M i litar, sediado em Curitiba ,ao mesmo tempo que se dedicava à sua banca de advogado provecto, honesto e trabalhador. Jornalista vigoroso redatoriou a "Gazeta Paranaense". Orador fluente e brilhante, possuia o raro dom de captar a atenção dos ouvintes, que o escutavam arrebatados. Espírito empreendedor, cujo coração o guiava na prática da caridade, anonimamente. O Dr. Faria Sobrinho, verdadeiro artífice da causa pública, faleceu em Paranaguá, a 12 de setembro de 1893. A Rua Faria Sobrinho teve o nome de Ouvidor até a rua João Régis e daí para frente, Pêcego Júnior. o

RUA FERNANDO SIMAS

a serviço da sua profissão, depois a Paranaguá. Aí, no ano de 1888 foi vereador à Câmara. Pela excessiva bondade era sinceramente estimado por todos, principalmente pelos infelizes que eram por êle socorridos, não só com a consulta, como, também, com medicamentos e alimentação. Em 1887, mudou-se para Petrópolis Estado do Rio, retornando posteriormente ao Rio de Janeiro,,sempre estabelecido com farmácia. Dado o seu descomunal preparo em física, química e botânica, nomearam-no naturalista auxiliar do Jardim B o tânico, em cujo cargo procedeu como cientista de alto valor. De regresso ao canto natal, lutou incessantemente em prol da liberdade dos escravos e da mudança do sistema governamental do nosso País. Fundou o jornal "Livre Paraná", órgão em que propugnou pelas citadas nobres causas. A bondade de sua alma cristalina não admitia uma terra livre, onde não existisse a igualdade e a fraternidade. O dia 13 de maio de 1888 e o 15 de novembro de 1889 representaram para o nosso digno patrício, dias do maior júbilo de sua tão util existência. Êle via realizado um ideal que lhe custara sérios e irremediáveis aborrecimentos. Não lutara em vão: "enfim o seu Brasil possuia alguém que sentia dentro de si um coração e em sua cabeça um cérebro bem formado, a princesa Isabel".

O Dr. Fernando Machado Simas nasceu a 24 de abril de 1851, em Paranaguá. Era filho de Manoel Ignácio de Simas e de da. Francisca Romana Machado. Matriculou-se no curso de Farmácia da Faculdade de M e dicina do Rio de Janeiro, após haver concluído o curso de humanidades em Curitiba. Portou-se sempre como aluno distinto. Depois de concluir o curso, dirigiu-se a Antonina,

Espírito forte, liberal, batalhador incansável. Severo e enérgico, talhado para as lutas em benefício da pátria e seus semelhantes. Talentoso e de firma convicção. Homem que jamais se curvou às conveniências partidárias. Atacado pelos adversários, nunca baqueou, graaçs à retidão do seu caráter e à sua fortaleza de ânimo.

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Polemista cortês, denodado, intimorato. Estudioso e investigador até os últimos momentos de sua valiosa, quão prestativa existência. Faleceu Fernando Simas, a 17 de setembro de 1916, no Rio de Janeiro. A Rua Fernando Simas chamou-se Ipiranga e 13 de Maio. RUA F R E I THOMAZ Frei Manoel dos Santos Thomaz veio para Paranaguá, onde cuidava da igreja e seus paroquianos com carinho, interessando-se pela solução dos seus problemas. Caridoso, fêz-se muito querido pela população. A milagrosa imagem de Nossa Senhora do Rosário do Rocio pertencia a um preto que a achara, cuja casa era coberta de palha. Em seu humilde altar a Santa recebia as orações de seus fiéis. Esta casa pertencia ao ten. Faustino José da Silva Borges e o preto era conhecido pela alcunha de Beré ou Emberé. Como o ten. Faustino se achasse muito velho (80 anos) o piedoso Padre Frei Thomaz tomou a iniciativa de construir uma capela para a Virgem em local apropriado e que desse acesso a todos os seus devotos. Assim é que, em 1813, foi construida a capela de Nossa Senhora do Rosário do Rocio, sob a proteção de Frei Thomaz. Este gesto, claramente revela o zelo que esse vigário dispensava à religião e a seus problemas. RUA GASTAO SOARES GOMES Gastão Soares Gomes nasceu em Curitiba a 26 de julho de 1900. Era filho de Bernardo Soares e de da. Maria Carolina Soares Gomes. — 60 —

Gastão Soares Gomes dedicou-se ao comércio, tendo sido agente dos carros Chevrolets em Paranaguá. Por duas vezes elegeram-no vereador à Câmara dessa cidade. Foi presidente do Rotari Clube (1948-49), e membro do Clube Literário, do Olímpico, do Republicano e dos clubes de futebol Elite, Rio Branco e Paranaguá Futebol. Na m o cidade pertenceu aos quadros de jogadores do Elite. Cidadão que viveu para o lar. Era muito estimado pelo seu gênio calmo e compreensivo. Faleceu Gastão Soares Gomes a 4 de maio de 1957 em Paranaguá, onde viveu desde a sua mocidade. RUA GENERAL CARNEIRO O general Ernesto Gomes Carneiro nasceu no Cerro, Estado de Minas Gerais, a 18 de novembro de 1846. Era filho de Marciano Ernesto Gomes Carneiro e de da. Maria Ad< laide Gomes Carneiro. Ernesto criou-se cercado dos frascos que completam as prateleiras das farmácias. Aos oito anos começou a trabalhar na farmácia, lavando vidros. Aos dezenove anos viajou para o Rio de Janeiro a fim de concluir o curso de humanidades. Ao ouvir falar em guerra, esqueceu-se do que fora fazer e alistou-se como voluntário número 1. Durante a campanha fêz o aprendizado das armas. Convenceu-se, pois, de que era essa a sua vocação. Voltou glorioso. Pelos atos de bravura, recebeu ordem de matricular-se na Escola M i litar. Terminou o curso com distinção, merecendo a espada de ouro. Diplomou-se inclusive em engenharia. Foi comandante das forças sediadas em Mato Grosso, ocasião em que colocou as linhas telegráficas; pacificou os índios, dos quais se tornou amigo; em 1892, comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, mais de um ano, então no posto de tenente-coronel.

Ildefonso sempre viveu em Paranaguá, onde se educou. De feitio contrário às injunções políticas, exerceu, para satisfazer seus familiares, vários cargos de nomeação e eletivos. Entre esses, o de deputado estadual, se bem que contra a sua vontade. Contudo desempenhou o mandato, revelando-se um legislador eficiente, haja visto a sua atuação nas comissões a que tomou parte. Estimado e considerado pelos seus conterrâneos, não poupou esforços no desempenho dos seus encargos em benefício dos filhos de sua terra. Dedicou-se ao comércio, cujas lides eram a sua vocação. Faleceu em Curitiba ,a 15 de novembro de 1950. RUA ITIBERÊ DE L I M A José Itiberê de Lima nasceu em Paranaguá, a 3 de agosto de 1886. Era filho do mestre de banda Caetano de Lima, o melhor mestre de música daquela época. Com o pai iniciou a cultura musical. Mais tarde, já senhor dos primeiros rudimentos musicais, passou-se a aluno da professora Alcídia Ribeiro de Souza. Com a maestrina Ludovica Caviglía Bório concluiu os estudos, aperfeiçoando-se. Cazuza, como era conhecido, celebrizou-se pelo seu pendor para a música popular. Suas composições são belas e contam-se às centenas. Pelo muito que realizou a favor da música popular, foi alvo de justa homenagem por parte da Cidade. Faleceu a 15 de maio de 1935, relativamente moço. Como todo artista, Itiberê de Lima era um homem simples, bondoso, despido da tola vaidade. Todos o estimavam e o respeitavam como genuíno representante da música popular parnanguará. — 63 —

Promovido a tenente-coronel, Deodoro não quis assinar a sua promoção. Floriano, escreveu-lhe o seguinte bilhete: "Maneco — Carneiro é um soldado da pena e da espada. É mais republicano do que nós. V. sabe que êle tinha motivos de coração para não tomar parte na República, mas se algum dia ela perigar, será nas mãos dele que se há de salvar". Impressionado, Deodoro assinou o decreto e, em verdade, foi Carneiro, comandando o cerco da Lapa quem defendeu a República, durante esse triste episódio de nossa história. Carneiro pouco falava, pouco ria. O seu feitio era, indiscutivelmente, o de dirigir, chefiar. E, como sabia comandar ! Quando o marechal Floriano soube que Lapa havia sido tomada, dissera: "Lapa só desapareceria, se com ela sucumbisse Carneiro". Que triste e dolorosa verdade! E o mais triste ainda é que existem remanescentes do Cerco da, Lapa que afirmam ter sido uma praça sob o comando de Carneiro quem o baleou. Faleceu o grande general da República, a 9 de fevereiro de 1894. Suas últimas palavras recomendavam silêncio e não se entregar. Lutar a arma branca na escassez de bala, conservando sempre u m a . . . Seus restos mortais repousam no Panteon erigido em homenagem aos heróis da Lapa. RUA ILDEFONSO MUNHOZ DA ROCHA Ildefonso Munhoz da Rocha nasceu em Antonina, a 2 de fevereiro de 1881. Era filho do cel. Bento Munhoz da Rocha e de da. M a ria Leocádía Munhoz da Rocha. — 62 —

RUA JOÃO PESSOA O Dr. João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque nasceu a 24 de janeiro de 1878, na vila de Umbuseiro, Estado da Paraíba. Era filho de Cândido Clementino Cavalcanti de Albuquerque e de da. Maria Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Fêz o curso primário na Escola Municipal regida pelo professor Salustiano Cavalcanti e no Liceu Paraibano. Cursou a Escola Militar do Rio de Janeiro, donde se afastou devido a um movimento revolucionário, matriculando-se, a seguir, na Faculdade de Direito do Recife. Colou grau a 19 de dezembro de 1903. Desempenhou os seguintes cargos: professor da Escola Normal "Pinto Júnior" e do Ginásio Pernambucano; deputado estadual; Ministro do Supremo Tribunal Militar; presidente da Paraíba, tendo governado somente quinze meses, pois fora assissinado a 26 de julho de 1930, na capital Pernambucana. O seu matador, inimigo político João Dantas, alvejou-o, quando João Pessoa palestrava despreocupado na confeitaria Glória, sita à Rua Nova. Na época deste lutuoso acontecimento, João Pessoa fazia a sua propaganda como candidato à vice-presidência da República, figurando na chapa apresentada pela Aliança Liberal, encabeçada por Getúlio Vargas, 1929. Homem dotado de costumes simples, era afável e cortez, muito estimado pela pobreza desamparada a quem sempre auxiliou. Político de fibra é digno de nota o seu gesto no episódio, conhecido nor — "Nego". RUA JOÃO ESTEVAM O cel. João Estevam da Silva nasceu em Paranaguá, a 2 de setembro de 1850.

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Educou-se na cidade do seu nascimento, preparando-se para as lides comerciais. Foi despachante geral da Alfândega do Paraná, camarista, tendo sido presidente da Câmara; prefeito municipal; tabelião de Notas; Escrivão vitalício dos Órfãos; atendendo conjuntamente à sua casa comercial, que fora uma das mais acreditadas na aprazível Paranaguá e deputado ao Congresso Lagislativo do Estado. João Estevam desempenhou todos os cargos que lhe f o ram confiados honesta e criteriosamente. Durante a revolta federalista prestou apreciáveis serviços à causa republicana. Cidadão, cuja linha de conduta fora das mais dignas. RUA JOÃO GUILHERME , O comendador João Guilherme Guimarães nasceu em Paranaguá, a 8 de maio de 1857. Eram seus pais Manoel Antônio Guimarães (Visconde de N a c a r ) , e da. Rosa Correia Guimarães. Só recebeu instrução primária, o que não o impediu de tornar-se abastado e importante comerciante de ervamate, tal era-lhe a inteligência e a natural pendência para as lides comerciais. Foi comandante da Guarda Nacional, vereador, presidente da Câmara Municipal, prefeito e intendente municipal de Paranaguá. Exerceu todos os cargos com honestidade, demonstrando sempre aptidão e patriotismo em t o dos os atos da sua vida de homem público. Com os subsídios a que tinha direito, quando prefeito, fêz melhorar as estradas e o Matadouro Municipal, assim como gratificava com dinheiro os funcionários subalternos. — 65 —

No laborioso encargo de provedor da Sta. Casa de M i sericórdia (1894 a 1900), da cidade litoreana que lhe serviu de berço, mandou construir o atual edifício, o que lhe prova a eficiência de sua gestão. Durante uma década e tanto, dezessete anos — presidiu o Club Literário de Paranaguá. O atual prédio da c i tada agremiação, também foi construído sob os auspícios do venerável cidadão João Guilherme Guimarães. Fundou um curso mercantil, anexo ao clube e o Instituto Comercial, cujo diretor foi o Prof. Serapião do Nascimento e dois outros colégios, sob a direção de da. Ouvia Pereira Alves e Júlio Orlandini. Industrial progressista fêZ-se estimado e respeitado pelo seu caráter reto e seu coração bondoso. Amigo dos operários, tudo fazia para o seu bem estar tar e o de suas famílias. Político tolerante e de larga visão. Por ocasião da revolta da Armada organizou, num ápice, a Guarda Nacional. Em virtude de se haver desentendido com o comandante da guarnição, passou o comando da Guarda para seu substituto. E o fêz em boa hora, porquanto, dessa forma "não assumiu a responsabilidade das v i o lências que depois essa autoridade praticou. (Comandante da Guarnição)". Posteriormente prestou auxílio ao então, comandante da praça portando-se com civismo, no trabalho de apaziguamento no levante da companhia de artilharia.

Convidado para a vice-presidência do Estado, declinou de tão elevada honra. Em 1900 retirou-se das lides políticas, só retornando a elas em 1909, nas vésperas da eleição do Marechal Hermes da Fonseca, a fim de atender aos insistentes pedidos de vários chefes políticos, seus grandes e velhos amigos. No Rio de Janeiro foi um dos fundadores da "Humanitária Paranaense". Fêz parte de sua direção. Quando prefeito mandou editar o Almanaque de Paranaguá, designando redator o seu secretário, professor H o nório Décio da Costa Lobo. Era oficial da Ordem da Rosa. Mudando-se para Curitiba, foi eleito presidente da A s sociação Comercial de Curitiba. Ao sentir-se enfermo, embarcou para o Rio em busca de melhora para a sua saúde. A 27 de outubro de 1927, poucas horas depois do seu desembarque em Paranaguá, faleceu o prestativo e ilustre parnanguara que tantos serviços prestou à sua terra e aos necessitados, Cel. João Guilherme Guimarães. RUA JOÃO EUGÊNIO

Uma única vez consentiu em ser considerado candidato à deputado. Para evitar que insistissem na intenção, conseguiu que à Câmara votasse uma lei, incompatibilizando o cargo de prefeito com o de deputado, lei essa que mais tarde foi revogada.

O cel. João Eugênio Gonçalves Marques era filho do cap. João Gonçalves Marques e de da. Ritta de Mendonça Marques. Nasceu em Paranaguá a 2 de setembro de 1850. Industrial progressista, foi o concessionário da empresa de bondes da cidade de Paranaguá ao piotresco recanto Rocio e um dos primeiros exportadores de madeira do Paraná. Espírito empreendedor e de iniciativa, tornou-se intérprete das aspirações do povo auxiliando os poderes constituídos a resolver os problemas de relevância política.

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Exerceu os seguintes cargos: camarista e presidente da Câmara Municipal de Paranaguá; deputado estadual em várias legislaturas, cônsul da Bélgica, 1888; Despachante geral da Alfândega; Prefeito de Paranaguá. O cel. João Eugênio pertenceu à pleiade de grandes homens do seu tempo. Tornou-se abastado capitalista, a custa do próprio esforço. Mesmo no fastígio da opulência, manteve-se sempre atencioso, acessível, tratando a todos sem exceção de classe, cavalheirescamente. Faleceu a 19 de janeiro de 1924, no recanto onde nascera. RUA JOAQUIM F. BARBOSA Joaquim Ferreira Barbosa era capitão do Exército. C o mandava na ocasião em que se deu o combate ao vaso inglês Cormorat, a fortaleza de Paranaguá. Nessa sortida, o cap. Joaquim "briosamente defendeu a soberania nacional, ultrajada pelo navio de guerra inglês Cormorant".

mor, teve o mesmo de ir pelo Correio, porque ninguém o quis receber. Indignado ante a atitude insultante do comandante inglês, o povo revoltou-se. O cap. José Francisco do Nascimento fêz submergir o brigue Astro para não cair em poder dos estrangeiros. Num abrir e fechar de olhos a juventude parnanguara, arregimentada, sob o comando do Cap. Nascimento, seguiram para a Fortaleza. O cap. Joaquim Ferreira Barbosa, tíenodamente dirigiu o combate. Embora lutando com armas obsoletas, puseram em fuga os audaciosos ingleses, que, incendiaram os brigues "D. Ana", e "Sereia". A Inglaterra solicitou providência sobre esse incidente. O cap. Barbosa .exonerado e submetido a conselho de guerra, foi absolvido e reintegrado no cargo de comandante da Fortaleza. Entretanto, rejeitou voltar ao comando da Fortaleza, o que o fêz digna e acertadamente. Retirou-se para S. Paulo, onde faleceu. RUA JOAQUIM T I G R E

Quando da visita do guarda-mor da Alfândega às embarcação bretã, foi o mesmo recebido com atrevidas palavras do seu comandante, declarando alto e em bom som que andava em busca de embarcações negreiras e, que não tinha de dar satisfações a ninguém. Um ofício ao guarda-

Joaquim M. Fernandes, conhecido como Joaquim T i gre, era filho de Francisco Fernandes e de da. Agostinha Fernandes. Nasceu no Varadouro, Paranaguá, a 21 de outubro de 1869. Fêz o curso primário onde nasceu. Sua vida transcorreu em afazeres marítimos, tendo sido: mestre de rebocador de portos, rios e canais; mestre de chatas; e em Santa Catarina, onde fora a chamado, mestre de draga. Regressando a Paranaguá, em 1917, ingressou como prático da barra. Sua profissão é das mais úteis, pois, sem a orientação dos práticos os navios não podem atracar nos portos, seus desconhecidos.

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Tendo a Inglaterra decidido levar a cabo a humanitária tarefa de acabar com o tráfico de escravos, fazia os seus navios de guerra policiarem os mares. Então o cruzador Cormorant, na manhã de 29 de junho de 1850, aportou na Ponta da Figueira. Assim que fundeou, emissários armados ocuparam as embarcações brasileiras ancoradas no porto. Como era natural os parnanguaras não puderam opor resistência, pelo inesperado do fato.

Só eles, os práticos, são os grandes conhecedores do ingrato, misterioso e traidor mar. Eles o conhecem, como "a palma da sua mão", como se diz vulgarmente. O' saudoso governador Dr. Caetano Munhoz da Rocha convidou Joaquim Tigre para que realizasse um raide em canoa de Paranaguá ao Rio de Janeiro, como parte do programa dos festejos alusivos ao primeiro centenário de nossa emancipação política, a 7 de setembro de 1922. O nosso bravo patrício saiu-se muito bem da grande prova. No ano de 1932, ei-Io novamente feito herói, pois salvou a vida de cento e cincoente cinco pessoas, passageiras do navio Maria Madalena, se não nos falhas a memória que, jogado pelo furioso mar contra um banco de areia, partiu-se ao meio. Em conseqüência desse exaustivo e penoso trabalho, sob impiedosa e inclemente chuva, adoeceu de pneumonia que o levou ao outro lado da vida, três meses após o seu heróico feito, feito esse inédito nos anais de nossa história. É, pois, Joaquim Tigre um dos grandes vultos não só da cidade litoreana que lhe serviu de berço, como do Paraná e do Brasil. Êle merece muito mais do que ser patrono de uma rua. A Prefeitura Municipal devia mandar erigir-lhe a herma, a fim de se tornar conhecido de todos que visitam a aprazível Paranaguá.

Desempenhou os seguintes cargos: conferente, guardamór, inspetor da Alfândega de Paranaguá; Promotor Público interino. Como funcionário da Fazenda Federal exerceu cargos em Antonina, Estado do Paraná e em Macaé, Estado do Rio. Colaborou por mais de cincoenta anos, ininterruptamente nos jornais e revistas de sua cidade e redatariou as revistas "Verve" e "Violeta" que êle fundara. Usou o pseudônimo — Olmedo Neto. João Régis tornou-se elemento de destaque nos meios literários e sociais por mais de meio século. Culto e de personalidade marcante, recebeu, do então Presidente da República, Dr. Wenceslau Braz a incumbência de servir de mediador entre conterrâneos de atitudes exaltadas na antiga questão de limites entre o seu Estado e o de Santa Catarina. E, como era de esperar, João R é gis desincumbiu-se admirávelmente de sua missão. Foi extraordinário o seu trabalho em prol da instrução. Grande coração, porém pobre de bens materiais, João Régis foi um dos parnanguaras que mais riqueza proporcionou à sua terra". Funcionário honesto, cidadão probo o nosso biografado pertence ao rol dos grandes vultos do Paraná. Faleceu o prestativo cidadão a 5 de março de 1925, na cidade do seu nascimento.

R U A JOÃO RÊGIS O cidadão João Francisco Régis Pereira da Costa nasceu em Paranaguá a 5 de março de 1855. Era filho do major Antônio ( T o n h á ) Pereira da Costa e de da. Hypólita Alves Pereira da Costa. Realizou seus estudos na cidade nativa e em Curitiba, tendo sido aluno do professor Cleto. Por meio de leitura adquiriu sólida cultura geral.

RUA JOSÉ C A D I L F E

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José Cadilhe era filho de Felisberto Fernandes Cadilhe e de da. Escolástica Maravalhas Cadilhe. Nasceu em Antonina, a 26 de agosto de 1881. Foi professor primário, funcionário da Estrada de Ferro S. Paulo — Rio Grande, hoje R . V . P . S . C . , diretor do "Diário do Comércio" de Paranaguá.

Teatrólogo de valor e poeta. Colaborou em toda i m prensa curitibana, parnanguara e pontagrossense. Escreveu as seguintes peças teatrais: "Pouco mais ou menos", "Os três amores", "A datilografa", e a revista teatral "Encrenca", 1918, todas levadas à cena em Curitiba e no interior com grande sucesso. Pertenceu à Academia Paranaense de Letras e ao Centro de Letras do Paraná. Em seus vibrantes artigos usou os pseudônimos 'Nho Lisandro", "João d'Aqui" e "Adão Camacho das Neves". Publicou os seguintes livros: "Poesias", 1910, "Valdivina", 1917; e "Delirium tremens". Modesto e bom, de todos fazia seus amigos. Sempre fora muito estimado pelos colegas de trabalho, e, principalmente, pelos subalternos a quem tratava como seu igual. Faleceu a 10 de novembro de 1942. R U A JOSÉ GOMES Nasceu José Luiz Gomes, na freguesia da Capela, Portugal. Era filho de Salvador Gomes e de da. Maria Josepha de Britto Lima. Ainda bem moço, em companhia do irmão, chegou ao Brasil. Estabeleceu-se primeiro em Antonina. Trabalhador incansável, e de vida metódica, dentro em breve estava r i co. Dedicou-se ao comércio e à industria de beneficiar erva mate e arroz. Montara engenhos em Jacarei e Pinheiros e adquiriu grandes navios de transporte. A escravatura fora um dos auxiliares na conquista da fortuna, tornando-o um cidadão dos mais ricos do seu tempo. Modesto e sóbrio. Austero, porém justo. Foi o amparo de sua família. Pensando prevenir o futuro enchera uma

bota de moedas de ouro que colocou numa parede, rebocando-a, a seguir. Os escravos que tinham conhecimento desse precioso guardado, aproveitaram um domingo em que os empregados achavam-se ausentes e mataram João Gomes para roubar-lhe a tal bota. Em seu testamento êle legara 6.000 varas de fazenda de algodão para a pobreza e constituiu seu herdeiro o irmão. O sítio de Pinheiros com os engenhos ficou para um sobrinho e afilhado. RUA LUDOVICA BÓRIO A educadora Ludovica Caviglia Bório nasceu em Tu^rim, Itália, onde estudou, diplomando-se professora normalista. Por volta de 1890 mudou-se para o Brasil, fixando residência em Paranaguá. Logo que organizou sua vida, dedicou-se ao estudo da nossa 'íngua. Criou um curso de bordados e prendas domésticas, incluindo pintura e piano. Passados três anos, já conhecedor» do nosso idioma, abriu um curso primário e complementar misto. Sua escola era freqüentada pelas filhas das melhores famílias da época. Grande pianista, insigne educadora, cujo pendor inato, fê-la um símbolo da educação em nossa terra. Durante trinta ininterruptos anos, da. Vica, como era conhecida, distribuiu instrução à infância e adolescência da terra de Júlia da Costa. Realizava com seus discípulos festividades cívicas e de beneficência, ocasião em que as crianças exibiam os seus conhecimentos artísticos. Belas exposições de trabalhos manuais foram realizadas, por ocasião dos exames. Não raro estes eram assistidos pelas personagens mais cultas da ci-

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dade e, por vezes, por ilustres visitantes. Os alunos de da. Vica sempre faziam bonito. O Clube Literário de Paranaguá concedeu-lhe o título de sócia honorária, em atenção aos relevantes serviços prestados à cidade pela inolvidável educadora. No ano de 1920, transferiu sua residência para Curitiba, em virtude do mau estado de sua saúde. RUA MANECO V I A N N A O cidadão Manoel Vianna nasceu em Paranaguá, a 2« de novembro de 1851. Era filho de João Rodrigues Vianna e de da. Maria A n gélica de Assumpção Vianna. Fêz os estudos primários na escola particular da professora Mariquinha Theodora e, com o saudoso Dr. Leocádio, as disciplinas complementares. Havendo grande afinidade espiritual entre mestre e aluno, Maneco Vianna dedicou-se à enfermagem e aprendeu a manipular drogas. Homem sóbrio, de costumes simples e trabalhador M a neco Vianna desempenhou os seguintes cargos: profético; agente dos Correios; administrador da Capitania da Alfândega de Paranaguá, tendo sido também comerciante e homeopata. Desta forma, dotado de coração bem formado, tornou-se o amparo das pessoas desprovidas de fortuna. Pertenceu à Maçonaria de Paranaguá e ao Clube L i t e rário como sócio fundador. Chefe compreensivo e humano, o nosso biografado fêz da filantropia uma das razões do seu viver. Faleceu o prestativo e util cidadão, a 21 de agosto de 1936, na cidade do seu nascimento. RUA MANOEL PEREIRA Manoel Antônio Pereira nasceu a 24 de julho de 1783, na freguesia de Ribeiros. Portugal.

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Era filho de Antônio José Magalhães e de da. Marianna de Oliveira. , Com 13 anos emigrou para o Brasil, estabelecendo-se em Paranaguá, a 15 de agosto de 1796. Dedicou-se ao comércio, empregando-se na casa comercial de propriedade de um patrício seu. Com perseverança e trabalho, conquistou fortuna. Exerceu os seguintes cargos: alferes, 1807, tendo merecido várias promoções; 1816, comandante das Ordenanças de Paranaguá; contratador do Real Contrato de Sal de Paranaguá e Antonina; tesoureiro do Cofre dos Órgãos; procurador do Conselho; prefeito de Paranaguá, 1838. Pelos reais serviços prestados à coletividade, D. João VI o agraciou com o Hábito da Ordem de Cristo, tendo feito profissão de fé na matriz de Paranaguá. Entusiasta da separação de 5* Câmara de S. Paulo, fora escolhido para compor o governo provisório como deputado do comércio, do malogrado movimento separatista de 1821. Espírito organizado, deixou suas "Memórias". Trabalhador enérgico, tornou-se figura de destaque, pelos dotes do seu caráter. Faleceu a 21 de março de 1857. RUA MANOEL BONIFÁCIO O cidadão Manoel Bonifácio Carneiro nasceu em Paranaguá. Estudou, preparando-se para as lides comerciais. Tendo trazido do berço fina educação e sendo possuídos de caráter impoluto, Manoel Bonifácio foi um político que gozou de maior prestígio, prestígio este que se estendeu ao meio social, de tal sorte, que nada se fazia, no seu tempo, se mque êle fosse consultado. Sua opinião era sempre acatada pela sensatez e justiça que ela expressava.

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Sua vida é um exemplo de dignidade e honradez. Muito inteligente e não menos trabalahdor fêz-se comerciante, cuja casa de negócio era das mais importantes. Deste modo cooperou para o progresso de sua cidade. Foi rico de bens materiais e de amizades. •

R U A MARECHAL A. ABREU O marechal Alberto Ferreira de Abreu nasceu em P a ranaguá, a 11 de junho de 1853. Era filho de dr. Antônio Cândido Ferreira de Abreu e de da. Maria Cândida Guimarães Ferreira de Abreu. Efetuou o curso primário nos pagos nativos, seguindo para o Rio de Janeiro, aindaj adolescente. Matriculou-se na Escola Militar. Aluno dedicado e de comportamento exemplar, diplomou-se engenheiro militar e bacharel em matemática e ciências físicas. Militar correto, teve várias promoções por merecimento, até atingir a patente de marechal. Desempenhou os seguintes cargos: diretor das edificações militares na Província do Paraná; diretor das estradas estratégicas do Paraná, deputado estadual e federal pelo seu Estado; diretor das obras militares em Santa Catarina; comandante do distrito militar de S. Paulo e Paraná; diretor das colônias militares Chopim e Chaepcó, no Paraná; diretor do Arsenal de Guerra da Bahia; diretor da Intendência de Guerra do Rio de Janeiro. Desempenhou outros cargos em outros Estados da República. R U A MARECHAL DEODORO O marechal Manoel Deodoro da Fonseca nasceu em A l a goas, a 5 de ãgôsto de 1827. Estudou no recanto nativo e no R i o de Janeiro. Completou o curso de artilharia. Tomou parte na guerra do Paraguai; governou o Rio Grande do Sul.

Comandou unidades militares sediadas em vários Estados. O marechal Deodoro proclamou a República a 15 de n o vembro de 1889 e foi o seu primeiro presidente. Amigo sincero do Imperador, o seu gesto traduz o imperativo do m o mento. Recebeu as comendas da Ordem do Cruzeiro, da Rosa, de Aviz e as medalhas da campanha paraguaia. Tendo vivido sempre na caserna e sob a disciplina militar, muitos desgostos sofreu Deodoro, ao ingressar na política. Grande coração, negou-se a fornecer praças para prender negros fugidos dos maus tratos, infligindos por seus senhores. Espírito um tanto exaltado, mas digno em suas atitudes, preferiu renunciar ao governo, porque, além do precário estado de sua saúde, não se podia acomodar com as intrigas políticas. Faleceu o bravo marechal Deodoro, a 23 de agosto de 1892, no Rio de Janeiro. RUA MARECHAL FLORIANO O marechal Floriano Peixoto, cognomidado, Marechal de Ferro, pela sua energia inquebrantável, nasceu em A l a goas, a 30 de abril de 1849. Além do curso da Escola Militar, ainda bacharelou-se em ciências físicas e matemática pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Fêz a campanha do Paraguai; comandou as forças do Rio Grande do Sul; foi ajudante general do Exército; m i nistro da Guerra; deputado à Coustituinte; ministro do Supremo Tribunal Militar; vice-presidente e presidente da R e pública.

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» Dotado de férrea força de vontade e caráter inflexível salvou o Brasil da anarquia, por ocasião na nefanda revolta federalista. Muitos e horríveis crimes foram praticados em seu nome, por vis aproveitadores a baixos espíritos v i n gativos. Porém, serenados os ânimos, foram surgindo os verdadeiros criminosos, vendilhões da Pátria, fazendo-se justiça a Floriano. Contudo a sua saúde se abalara com tantos entrechoques emocionais, nesse triste episódio de nossa história. Como patriota, deu exemplo sublime e fecundo. Apaixonado pela carreira que seguira, era ainda designado por "Carneiro do batalhão". Faleceu o bravo Marechal de Ferro, a 29 de junho de 1896. A Rua Marechal Floriano teve as denominações de Rua Direita e da Imperatriz.

RUA MESTRE LEOPOLDINO Mestre Leopoldino não foi, como parece à primeira vista, professor. Entretanto, no exercício do ofício de pedreiro, construtor de casas, êle se tornou verdadeiro artista, m e recendo daí por diante, o apelido de mestre. Descendendo de família humilde, Mestre Leopoldino era estimado por toda a gente de Paranaguá, que o respeitava como uma das figuras tradicionais de sua idade, pela sua bondade, mormente com as crianaçs que tanto o apreciavam.

RUA NILO CAIRO O Dr. Nilo Cairo da Silva nasceu em Paranaguá, a 12 de novembro de 1874. Era filho de Simplício Manoel da Silva e de da. Alzira de Paula Costa e Silva. Cursou a escola primária na cidade que lhe serviu de berço. Seguiu, depois para o Rio de Janeiro, onde assentou praça na Escola Militar, 1891. No ano de 1911 era capitão, tendo cursado a Escola de Estado Maior do Exército. Pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro diplomou-se médico. Recebeu o grau em 1903. Dedicou-se à cura pela homeopatia. Fundou a "Revista Homeopática" de sociedade com Domingos Duarte Velloso. Com a colaboração do Dr. Victor do Amaral e outros espíritos lúcidos, fundou a Universidade do Paraná, cuja idéia fora lançada anos atrás pelo preclaro patrício José Francisco da Rocha Pombo. Nilo Cairo além de secretário da nova casa de ensino, também prelecionou várias cadeiras. Espírito conservador e intransigente. Arrojado e impulsivo. Altivo e laborioso, mas, no fundo era o Dr. Nilo Cairo um bom homem, cuja cristalina alma viveu a praticar a caridade. Colaborou em jornais e revistas do Rio e de Curitiba, com belos artigos versando, principalmente sobre medicina. » 1

Moralmente sadio, Mestre Leopoldino mereceu a homenagem que lhe prestou a Câmara Municipal de Paranaguá, ligando o seu nome, honesto e digno, a uma das vias públicas da primeira cidade marítima de nosso Estado.

Possuidor de agradável estilo, publicou as seguintes obras: "Luchesis Mutus", "Crotalus terríficus", "Medicamentos complexos", "Hannemann", "A cultura da terra", "Guia prático da cultura do fumo", "Patologia geral", "Elementos de fisiologia", "Guia de medicina homepática", etc. Faleceu a 6 de junho de 1928.

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RUA NESTOR VICTOR á " , 'O elogio do amigo", etc. etc. Colaborou na "Cidade do Rio", "Jornal do Comércio", "O País", etc. Nestor Victor foi um dos fundadores da Liga Brasileira pelos Aliados, 1914, atuando como primeiro secretário. Por esse feito foi condecorado pelo Rei da Bélgica. Pertenceu à Sociedade de Geografia do Rio e ao Centro de Letras do Paraná. , Nestor Victor é um grande vulto das letras do Paraná e um incansável batalhador que sempre soube honrar o nome de cidadão brasileiro. Honesto e nobre em todos os seus atos. Faleceu a 13 de outubro de 1932, no Rio de Janeiro. n

O Dr. Nestor Victor dos Santos, nasceu em Paranaguá, a 12 de abril de 1868. Era filho de Joaquim dos Santos e de da. Maria Mendonça dos Santos. Estudou as primeiras letras com o saudoso prof. Cleto. Mudando-se para Curitiba, matriculou-se no Instituto Paranaense, onde concluiu os preparatórios. Como secretário do Clube aderiu à campanha pró-libertação dos escravos, cujo título era "Confederação Abolicionista do Paraná". Foi um dos fundadores do Clube R e publicano de Paranaguá, no qual desempenhou a tarefa de secretário. Em 1888 seguiu para o Rio, matriculando-se no Curso Anexo à Escola Politécnica. Convidado pelo Dr. Américo Lobo presidente do Paraná para ser seu oficial de gabinete, declinou da honra, preferindo a chefia do jornal oposiocionista "Diário do Paraná". Desgostoso com a política reinante, seguiu viagem de negócios pelo interior de Santa Catarina. De regresso, pouco tempo esteve em Paranaguá, seguindo logo depois, 1891, para o R i o . Exerceu os cargos de secretário da Companhia Metropolitana do Paraná, vice-diretor do Internato do Ginásio Nacional, professor nesse internato e no Licèe Français; tradutor e revisor da Livraria Garnier; correspondente de "O País", do "Correio Paulistano" e funcionário do Consulado do Brasil em Paris até 1905, quando retornou ao Rio; deputado estadual; professor da Escola Superior de Comércio, de cujo estabelecimento foi seu vice-diretor. Publicou as seguintes obras: "Signos", "Cruz e Souza", "A hora", "Transfigurações", "A terra do futuro", "O elogio da criança", "Três romancistas do Norte", "Carta ao Para-

RUA DR. ROQUE VERNALHA O Dr. Roque Vernalha era filho de Domingos Vernalha e de da. Rosália Vernalha. Nasceu em S. Roque, Estado de S. Paulo, a 12 de outubro de 1894. Fêz os estudos primário e secundário no Colégio Arquidiocesano de S. Paulo e o superior na Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná, diplomando-se a 19 de dezembro de 1921, porém o Dr. Roque havia iniciado o curso superior em S. Paulo. Exerceu os seguintes cargos: médico da Profilaxia Rural do Estado do Paraná, 1922, tendo sob sua responsabilidade todo o litoral paranaense; vereador à Câmara Municipal de Paranaguá, de cuja Casa foi seu presidente; prefeito por duas vezes. A primeira por nomeação e a segunda por eleição (1952). Pela sua profícua gestão é considerado um dos grandes prefeitos de Paranaguá. Durante quase quarenta anos exerceu a medicina, servindo-a com honra e dignidade. Grande era-lhe o coração bem formado. A pobreza ainda chora a sua falta pelos bens que recebeu de suas mãos. Cari-

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doso, todo o bem que fazia, conservava-o no íntimo de sua alma, sem dele fazer alarde. O Dr. Roque "fêz de sua vida um apostolado; da ciência um sacerdócio; do seu coração um sacrário e, da sua bolsa, uma sacola com a qual minorava o sofrimento dos desventurados". Paulista de nascimento, era paranaense de coração e paranaense, parnanguara. Êle varejou a zona beira-mar, tendo habitado em vários lugarejos no desempenho de sua missão. Sacrificava sua abnegada esposa, vivendo no desconforto a fim de bem servir o povo da zona rural litoreana. Honesto e probo; amigo de todos, que o estimavam e respeitavam pelas suas qualidades morais. Faleceu em Curitiba, a 28 de janeiro de 1958, porém os seus despojos foram inhumados no Cemitério Nossa Senhora do Carmo de Paranaguá, conforme o seu desejo. RUA OUVIDOR PARDINHO O Dr. Raphael Pires Pardinho foi um notável magistrado e estadista português. Prestou inestimáveis serviços à capitania de S. Paulo. A 17 de setembro de '1717 tomou posse dos cargos de ouvidor geral e corregedor da capitania para os quais fora nomeado. Em 1720 visitou, em viagem de correição, as vilas existentes no sul da colônia. Era geral o estado de anarquia da capitania. O Ouvidor Pardinho em enérgica e pronta ação procurou desde logo garantir a tranqüilidade pública, implantando a ordem, há muito esquecida... Distribuiu justiça. Estabeleceu o regime de correição. "Arrostando os perigos e incômodos das viagens por íngremes e quasi intransitáveis picadas e por rios içados de corre-

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deiras e saltos, visitou as vilas de sua comarca, que até então viviam sob um regime de desorganização que as lutas entre os antigos donatários tinham produzido". Dentre essas vilas visitadas, achavam-se Paranaguá e Curitiba. Tomou todas as providências que se faziam necessárias para o gozo da paz e para o caminho do progresso. O Ouvidor Pardinho além de ser um magistrado íntegro, era dotado de grande coragem cívica. " . . . os poderosos não lhe mereciam mais contemplação que os pobres". Criou a Ouvidoria Geral de Paranaguá. Devem-se-lhe também o livre comércio da erva-mate com a colônia do Sacramento; as novas medições dos rocios de Paranaguá e Curitiba; a abertura da estrada da Graciosa; a fundação das povoações de Ararapira, Morretes, Porto de Cima, etc. Da capitania de S. Paulo, o Ouvidor Pardinho foi transferido para Minas Gerais. Honesto e inflexível no cumprimento do dever. Deixou o mundo dos vivos com mais de noventa anos, tendo prestado uma lista infindável de grandes benefícios ao Brasil. Poucos se lhe igualam em atuação. É, pois, justa a homenagem que a Prefeitura Municipal de Paranaguá prestou à sua memória. RUA P. CORREIA O com. Presciliano da Silva Correia nasceu em Paranaguá, a 30 de novembro de 1879. Era filho de José Francisco Correia e de da. Maria A u gusta da Silva. Exerceu os cargos de camarista e presidente da Câmara de Paranaguá; juiz de Paz; deputado provincial, sem jamais afastar-se das lides comerciais e delegado de Polícia, durante a revolta de 94. Republicano histórico. Era, porém, partidário da república unitária e parlamentarista.

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No desenrolar da revolta federalista e ocupando o cargo de delegado de Polícia, agiu calma e serenamente, porém entregou aos rebeldes telegramas que avisavam os movimentos de ambas as facções. Ao retorno do Estado à legalidade, não fugiu. Mas, as almas negras, sedentas de sangue, prenderam-no e o assassinaram miserável e traiçoeiramente no km. 65 da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, junto dos demais mártires da nefanda revolução federalista no Paraná. Deu-se o fuzilamento a 20 de maio de 1884. A Rua P. Correia chamou-se anteriormente, da Conceição. R U A PÊCEGO JtfNIOR O Dr. José Gonçalves Pêcego Júnior foi abastado comerciante em Morretes e Paranaguá. Espírito progressista e de iniciativa, auxiliou o desenvolvimento de Paranaguá, onde fixou residência. Era um dos concessionários da Estrada de Ferro do Paraná. É justo, pois a homenagem que os edis parnanguaras prestaram à sua memória, dando o seu honrado nome a uma das vias públicas da aprazível cidade litoreana, a principal do nosso Estado. RUA PROFESSOR CLETO José Cleto da Silva nasceu em Paranaguá a 24 de outubro de 1843. Era filho de José Cleto da Silva e de da. Maria Rosa da Silva. Assíduo e esforçado educador, foi um dos mais zelosos mestres de nossa terra. Espírito combativo, mas de linha. Pela imprensa defendia os seus nobres ideais.

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Servidor público dos mais corretos, desempenhou os cargos de delegado de Polícia; administrador geral dos Correios; inspetor do Tesouro do Estado; secretário de F i nanças do Estado; deputado à Assembléia Provincial: P r o motor Público; Tabelião de Notas. O seu galardão de g l ó ria, porém, está no amor, carinho e dedicação com que exerceu o magistério. Durante quarenta e cinco anos formou e aperfeiçoou caracteres, tornando-se muito estimado dos discípulos, aos quais tratava como filhos. Ainda depois de aposentado, fundou e dirigiu colégios particulares, com a mesma devoção e assiduidade, em Curitiba e em Ponta Grossa. O professor Cleto faleceu a 24 de fevereiro de 1912. Os seus ex-alunos ergueram-lhe uma herma na litorânea cidade do seu nascimento, como homenagem ao cidadão nrestático, correto e bom. Oxalá, todos nós professores, possuíssemos a "fé de ofício" do saudoso mestre Cleto da Silva! A rua que ostenta o seu nome, já se chamou Rua do Rosário. RUA PROFESSOR DÉCIO O professor Honório Décio da Costa Lobo nasceu a 11 de novembro de 1831 em S. Paulo. Era filho do com. Francisco de Paula Lobo e de da. Rosa Joaquina da Costa Lobo. Décio realizou os estudos primários no Colégio Diocesano de S. Paulo. Destacou-se por seu aproveitamento, principalmente no estudo de línguas. Era destinado à carreira eclesiástica, mas, sentindo que náo possuia pendor para o celibato, desistiu dos estudos teológicos e canônicos. Dedicou-se à carreira burocrática.

Foi praticante da Secretaria da Fazenda, 1854; amanuense da secretaria do governo provincial; oficial da secretaria da Assembléia Legislativa Provincial, onde se manteve durante muitos anos. Pediu demissão desse cargo para dedicar-se ao magistério público em Paranaguá, em cuja cidade serviu como secretário, em comissão, da Prefeitura Municipal. No exercício de sua cátedra, revelou raro zelo, competência e dedicação à nobre missão de ensinar. Ao mesmo tempo que iluminava as mentes infantis, formavalhes o coração, tornando-os educados perfeitamente. Lecionou durante trinta anos. Nas horas de lazer, preenchia o tempo, pesquizando fatos históricos. Era sócio correspondente do Instituto Histórico e G e o gráfico Brasileiro. Presidiu o Clube Literário de 1873 a 75 e de 1877 a 78. Durante o período em que exerceu o cargo de secretário da Câmara, deu início à publicação do Almanaque dos Municípios. Eleito deputado, não poude tomar assento na sua cadeira, porque a Assembléia fora dissolvida em conseqüência da proclamação da República. RUA PROFESSOR RANDOLPHO ARZUA

Recem-formado lecionou no Colégio Paroquial de Par a n a g u á , depois passou-se para o magistério público primário. Particularmente ensinou piano. Com o correr dos tempos nomearam-no professor da Escola Normal e do Ginásio Estadual. Durante trinta e cinco anos Randolpho Arzua manteve-se à frente da cátedra que dignamente ocupou. Estimado e respeitado pelos colegas e querido dos discípulos pela sua atitude bondosa, imparcial, justa. A^No decorrer de sua tão útil existência "Três coisas lhe preocupavam a vida. Três coisas lhe deram os mais belos momentos de felicidade. Três coisas lhe causaram aborrecimentos. O bem estar dos seus alunos, a grandeza e o progresso de Paranaguá e a projeção cada vez maior no cenário educacional do seu querido Colégio Estadual "José Bonifácio" e Escola Normal "Caetano Munhoz da Rocha". A vida de um professor resume-se a lecionar... lecionar... e. . lecionar... Entretanto representa um mundo de sensações que só quem exerceu o magistério primário pode aquilatar o que seja lecionar, conviver com crianças. E Randolpho Arzua foi exclusivamente — professor. í Faleceu a 14 de janeiro de 1954, em Curitiba, sendo os restos mortais trasladados para a cidade do seu nascimento e que êle como bom e verdadeiro patriota tão bem a serviu — Paranaguá. RUA RODRIGUES ALVES

O professor Randolpho Arzua nasceu em Paranaguá, a 31 de agosto de 1898. Era filho de Hypólitho Arzua e de da. Emília Adelaide Arzua. Randolpho Arzua fêz o curso primário em Paranaguá e, em Curitiba o de professor normalista. Recebeu o grau a 27 de janeiro de 1917.

Francisco de Paula Rodrigues Alves nasceu em Guaratinguetá, Estado de S. Paulo, a 7 de junho de 1848. Era filho de Domingos Rodrigues Alves. Cursou o Colégio Pedro II e a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Diplomou-se bacharel em ciências jurídicas e sociais, em 1870.

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Exerceu com raro brilho, inteligência e espírito de equidade os seguintes cargos: Juiz de Paz e Municipal em Guará tingue tá; deputado provincial à Assembléia Constituinte; ministro da Fazenda por duas vezes; presidente da R e pública, 1902; governador de S. Paulo; senador. Espírito moderado, tolerante. Governante de ação independente. Foi durante o seu governo que Pereira Passos remodelou a então capital da República e Oswaldo Cruz a saneou. Novamente eleito presidente da República em 1918 não poude findar o mandato, pois faleceu a 16 de novembro de 1919. Como um justo, expirou calma e serenamente . Político ilustre, o Dr. Rodrigues Alves foi um dos grandes vultos de nossa história. RUA SAMUEL PIRES DE MELLO O pastor Samuel Antônio Pires de Mello nasceu no Rio de Janeiro a 5 de junho de 1864. Era filho de Antônio de Mello. Ficara órfão quando criança, porém em boa situação econômica. Mudando-se para Santos, Estado de S.Paulo, abriu uma casa de penhores. Pondo-se a meditar sobre os ensinamentos legados pelos progenitores, concluiu que o seu comércio era ilícito. Liquidou a casa, dirigindo-se ao sul do País com a idéia de fazer pregações evangélicas, salvando almas. Chegou a Paranaguá, no dia 7 de setembro de 1902, dando logo início às suas atividades religiosas. Seu único propósito era pregar o Evangelho. "Desempenhou-se nobremente dessa missão. Daí o seu mérito incontestável; realizou seu ideal mesmo com sacrifício de sua vida, em holocausto ao programa que se impôs" (José das Dores Camargo).

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Sua tarefa foi árdua, porém vencida com galhardia. P i o neiro de sua fé em Paranaguá, lançou excelente semente que cresceu e muito frutificou. Sua perseverança é digna de imitação, pois, tendo adquirido a maleita em suas peregrinações, não desertou do campo da luta; campo inculto; estéril até sua chegada Em suas andanças encontrou centenas de pessoas não registradas. De regresso a Paranaguá conseguiu com o então Juiz de Direito, Dr. Sebastião Lamenha Lins de Souza que não fossem cobradas as multas dessas pessoas. Dessa forma foram registrados uns e casados os que viviam maritalmente. Fundou trabalhos evangélicos em Paranaguá, Antonina, Morretes, Porto de Cima, Cedro, Faisqueira, Taquaral, Eufrasina, Itaquí, Tagaçaba, Colônia S.Luis. Nos outros lugares só fazia pregações. Construiu a igreja de Paranaguá com morada anexa com 0 dinheiro que apurara com a liquidação da sua casa de comércio em Santos. Para melhor propagar os ensinamentos evangélicos fundou o jornal "Boas Novas" que era distribuído por todo o Estado do Paraná e pelo Brasil. Não só convertia as pessoas batisando-as, como as atendia em suas enfermidades. T r a zia o médico, muitas vezes pagando êle as despesas. _ Na própria igreja de Paranaguá abriu uma aula primária que era muito bem freqüentada. Êle, o professor nada recebia a não ser a satisfação de estar trabalhando para o bem de outrem. O mal que não saiu do seu corpo, levou à sepultura a 1 de junho de 1911, em Campinas, Estado de S.Paulo. Samuel Pires de Mello viveu pouco, mas trabalhou muito.

"Samuel não morreu, dorme o sono dos bemaventurados; o seu corpo jaz no pó até o dia em que vier na companhia de Jesus, para fazer-se admirável com todos os fiéis. Samuel não trabalhou em vão, suas obras o seguem. Samuel foi um pastor fiel para a sua igreja, a qual chora a separação do seu sempre lembrado pastor. Êle deixou seu nome gravado em nossos corações". (José das Dores Camargo) RUA SCHERER Lá pelos princípios de 1871 foram efetuadas as primeiras tentativas no sentido de ligar cidades por meio de linha férrea. Seria a primeira do Paraná. A 2 de dezembro de 1878, foram iniciados os primeiros trabalhos. O grupo de homens experimentados e de iniciativa, que encabeçou o plano da obra era representado pelo Dr. P e dro Aloys Scherer, José Gonçalves Pecêgo Júnior e José Maria da Silva Lemos. O então presidente da Província concedeu-lhes privilégio para assentarem trilhos entre o Porto de D. Pedro II (Porto d'Água) e a cidade de Morretes. O Dr. Scherer não gozou a dita de ver a locomotiva, galhardamente trafegar. A morte ceifou-lhe a preciosa vida em meio à grandiosa luta. O dr. Scherer era engenheiro formado e foi prefeito de Paranaguá, aliás um dos prefeitos que trabalharam, realizando sensíveis melhoramentos.

Industrial de grandes recursos realizou grandes empreendimentos. Movimentou o recanto natal, por meio do trabalho. Tornou-se dest' arte chefe político prestigioso. Desempenhou os seguintes cargos: administrador da Mesa de Rendas de Antonina; prefeito dessa cidade, tendo dotado a cidade de luz elétrica; chefe da fiscalização da Arrecadação Geral do Estado; deputado à Assembléia L e gislativa Estadual em várias legislaturas; comandante superior da Guarda Nacional; delegado do Ministério da Guerra, quando se organizou o Exército de 2 linha; chefe da Comissão de Colonização do Paraná; inspetor geral das Rendas do Estado; fiscal do Governo junto ao Banco de Curitiba. a

Escritor que se especializou na literatura teatral. As ,peças de sua autoria foram representadas com sucesso. Em 1893, como autor espiritual da revolução em Antonina, foi preso, mas, capitulada a Lapa, aclamaram-no g o vernador provisório do Estado. Seu governo teve curta duração, porquanto a legalidade em breve espaço de tempo dominou a revolta. Escreveu as peças teatrais: "Os milagres de N . S . do Pilar", "Esteia", "A quiromante", "O Gererê", "Xisto numa república de estudantes", "O Lobishomem", "Oh! ferro!", etc. Era membro honorário do Ateneu de Valparaiso e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais ( S . B . A . T . ) .

RUA SOARES GOMES O Cel. Theóphilo Soares Gomes nasceu em Antonina a 16 de fevereiro de 1854. Era filho de Manoel Soares Gomes e de da. Maria Gonçalves Moraes Gomes.

Modesto e bom se fazia amigo de todos. Muito cuidadoso no trajar, mais ainda o era com relação ao seu bigode. Homem honesto, desempenhou todos os encargos de guarda do dinheiro público, sem um deslise, sem manchar o seu nome. Não precisou, para ser honesto, receber paga especial, como hoje, no século das luzes, acontece.

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RUA THEODORICO DOS SANTOS O cel. Theodorico Júlio dos Santos nasceu a 1 de julho de 1855 em Paranaguá. Estudou na cidade natal, preparando-se para a carreira comercial. Depois de muitos anos de labuta honesta, ininterrupta, tornou-se um dos elementos do mais alto destaque de sua classe. Político de valor, fêz-se esteio do seu partido, alcançando o apogeu político. O cel. Theodorico era o chefe supremo da política do litoral. K Patriota de ação eloqüente, dedicou-se com abnegação e firmeza à causa dos escravos. r- Pertenceu à Guarda Nacional. Era capitão quartel-mestre do comando superior de Paranaguá, durante a revolta da Armada, tendo prestado relevantes serviços à legalidade. Quando prefeito de sua cidade dotou-a de luz elétrica. ^ Desempenhou honrosamente o mandato de deputado estadual. ,Ç Jamais se afastou das lides comerciais, senão ho período em que se realizavam as sessões do Congresso Legislativo do Estado. ^Afastando-se da política, dedicou a sua vida à corrtinuação da prática do bem. Sua casa semjpre serviu de lar a órfãos desamparados, abrigando-os das necessidades. C o ração bem formado, prestou sempre auxilio à pobreza necessitada. O Cel. Theodorico Júlio foi um homem útil e bom. Colaborou no "Treze de Maio", na "A Ordem", defendendo a triste sorte dos homens de côr, e suas idéias políticas. Faleceu o honesto e probo cidadão cel. Theodorico Júlio dos Santos a 23 de março de 1925 em Curitiba.

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RUA V I E I R A DOS SANTOS Antônio Vieira dos Santos nasceu no Porto, Portugal, a 3 de dezembro de 1784. Em 1797 emigrou para o Brasil. No Rio de Janeiro e m pregou-se no comércio. Dois anos mais tarde, mudou-se para Paranaguá. Exerceu o cargo de vereador, tanto nessa cidade, como na de Morretes, comerciando em ambas. Foi Vieira dos Santos o primeiro pesquisador dos f a tos referentes à história do Paraná. Coordenou-os e enfeixou-os em volume, que só vieram a lume muitos anos d e pois de sua morte. 1

Escreveu as seguintes obras: "Memória histórica e c r o nológica", topográfica e descritiva de Paranaguá e do seu município", (2 vols.) "Memória histórica de Antonina",. "Memória histórica de Morretes", "Memória histórica de Porto de Cima", "Caderno sobre astrologia celestial, seus efeitos", etc. "Estudos genealógicos das famílias Freire e França" e "Estudo sobre o ensino do psaltério". Foi, portanto, Vieira dos Santos o primeiro historiador do nosso Estado por ordem cronológica. Não fora o seu gosto pelo trabalho de "traça" e, quiçá, fossem extraviadas as fontes onde êle adquiriu as notas que foram transformadas nos preciosos livros, acima citados. a

Antes, porém, da emancipação da 5 Comarca de S. Paulo, entregou sua alma a Deus, a 4 de julho de 1853. O Paraná acha-se em débito com o inteligente, estudioso e desinteressado lusitano. A Rua Vieira dos Santos teve a denominação de R u a do Fogo.

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RUA VISCONDE DE NACAR Manoel Antônio Guimarães, Visconde de Nacar, nasceu em Paranaguá, a 15 de fevereiro de 1813. Eram seus pais o cap. Joaquim Antônio Guimarães e da. Anna Maria da Luz. Desde muito jovem dedicou-se ao comércio, tornandose o mais ativo e importante exportador de erva-mate. Grangeou sólido crédito tanto no País, como no estrangeiro. Trabalhador, honestíssimo; caráter imaculado. Político de atuação moderada. Madrugador por hábito, fazia parte deste, visita aos enfermos. Suavisava o sofrimento alheio tanto com palavras como com óbulos." Era-lhe grande o prestígio ao liquidar contendas. Franco e hosiptaleiro foi sempre o seu lar. Benemérito paranaense que muito fêz pelo torrão em que viveu. Exerceu os seguintes cargos: vereador à Câmara Municipal de Paranaguá; deputado à Assembléia Provincial de Paranaguá; deputado à Assembléia Provincial do Paraná, tendo sido seu vice-presidente; comandante da Guarda Nacional. Pertenceu à diversas associações literárias e religiosas. Concorreu com o primeiro auxílio para as despesas preliminares da Estrada de Ferro Paraná. ^ F u n d o u e instalou a companhia de navegação " P r o gresso". O Visconde de Nacar testemunhou o combate entre a fortaleza de Paranaguá e o vapor inglês Cormorant, a 29 de junho de 1850. Nesse dia que tão longe vai, nossos heróicos irmãos parnanguaras obrigaram o vaso bretão a respeitar o nosso sagrado pavilhão.

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Homem de elevado mérito recebeu várias manifesta' ções de apreço por parte do Imperador, que o agraciou com -** a comenda de dignatário da Ordem da Rosa, em virtude de "'haver libertado expontâneamente os seus escravos. A 21 de julho de 1876 recebeu o título de barão e, a 31 de agosto de 1880, o de visconde. Faleceu o Visconde de Nacar a 16 de agosto de 1893 em Paranaguá de onde se afastou só para o desempenho do elevado cargo de deputado. A Rua Visconde de Nacar em tempos idos chamou-se Rua ria Boa Vista. RUA WHASHINGTON LUIZ AÍÍ O Dr. Whashington Luiz Pereira de Souza nasceu no ~Río de Janeiro em 1870. IJHT vereador e presidente da Câmara de Batatais nesse Estado; deputado estadual; secretário de Justiça e do I n « e r i o r ; prefeito e Governador de S. Paulo, tendo sido um . « t o s governantes que maior número de boas estradas abriu no Estado bandeirante, o que quer dizer que Whashington • L u i z cooperou grande e decisivamente para o desenvolvimento econômico da terra paulista, e presidente da República, 1926 a 1930. Prestou inestimáveis serviços à causa pública. Em virtude da revolução de 1930, f o i deposto. Silencioso e sem um gesto de revolta contra os seus adjfversários políticos, que o foram prender, partiu, de cabeJça erguida, muito embora amargurado pela incompreensão a dos homens. Viveu no exílio durante vinte e sete anos, quando re• r c e b e u ordem de retornar ao Brasil. Conservou-se sempre m o mesmo cidadão honrado e de caráter íntegro. Estudioso profundo dos fatos de sua terra. F

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Bondoso e muito culto era o Dr. Whashington um dos grandes homens de nossa terra. Faleceu em 1957. RUA X A V I E R DA SILVA O Dr. Francisco Xavier da Silva nasceu a 2 de abril de 1838, em Castro. Era filho de David Antônio Xavier da Silva e de da. G e nerosa Monte Carmello. Na cidade nativa fêz o curso primário, estudou humanidades em Curitiba; diplomou-se bacharel em ciências jurídicas e sociais em S. Paulo. Foi prefeito municipal de sua cidade natal de 1877 a 1881; de 1889 a 1891 e em 1896. Homem de caráter reto e elevado mérito, captou desde logo a confiança e a estima dos conterrâneos. Pertenceu à lista dos fundadores do primeiro clube re publicano, quando ainda estudante, antes da proclamação da República. Notável economista, distinguiu-se pelo alto tino administrativo cue possuía. Dentre os governadores do Paraná, o Dr. Xavier da Silva é, indiscutivelmente, um dos que mais serviços prestou ao Estado. Auxiliou indústrias florescentes; abriu estradas e consertou as que se achavam em ruina; construiu pontes; prédios escolares, edifícios públicos (Ginásio Paranaense, Quartel da Polícia Militar, Tribunal de Justiça, Assembléia L e gislativa, etc. e t c ) . Modesto ao extremo, chegou ao ponto de fazer a pé os seus passeios, dispensando o veículo palaciano. Contrariava-o sobremodo o movimento de prontidão dos guardas em serviço no palácio governamental, à sua chegada.

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O Dr. Xavier da Silva "O Velho" para muitos, em virtude do seu feitio demasiadamente introspectivo que o tornava um esquisitão. Outros o alcunharam de "O Monge". Eleito presidente em 1892, 1900 e 1908 era delirantemente aclamado pelo povo que o esperava sempre como o restaurador das combalidas finanças do Estado. Os políticos destruíam; êle construía. Quando na magistratura do Estado, procurou sempre alheiar-se das injunções partidárias para poder bem g o vernar. Assim, durante os doze anos de sua administração, realizou inúmeras obras, muitas das quais sobreexistem redivivas, sagrando-o um dos maiores, senão o maior dos construtores do Paraná. O Dr. Xavier da Silva, um dos mais ilustres filhos da terra das araucárias, faleceu a 22 de junho de 1922. RUA 15 DE NOVEMBRO Como homenagem à data da proclamação da República Brasileira, a maioria das cidades de nossa terra têm uma rua ou praça — Quinze de Novembro. A proclamação da República deu-se a 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro. Foi seu proclamador e primeiro presidente o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca. Porém, Benjamim Constant Botelho de Magalhães, Quintino Bocayuva, Antônio da Silva Jardim e tantos outros foram os grandes chefes do m o vimento republicano. A presente rua recebeu, anteriormente, as seguintes denominações; da Cadeia; da Ordem e do Imperador. RUA NOSSA SENHORA DE LOURDES "Os grandes Santos, mais que os grandes sábios da humanidade pela sua benemerência e. amplitude de sua obra, são merecedores de culto às suas memórias, apresentando-

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se às gerações que surgem nomes de alto e perene teor altruístico. Só mesmo personalidades assim expressas merecem ser lembradas pelos que, no caso, todos os seres humanos, foram por eles beneficiados. A Eles, unicamente, por lhes ser devido haver culto pessoal, post morten. Assim sendo, Nossa Senhora de Lourdes, a milagrosa padroeira da França, não poderia deixar de receber a sua homenagem, se bem que muito pequena em relação à grandiosidade de sua Santidade". RUA NOSSA SENHORA DO ROCIO O nome de Nossa Senhora do Rocio, dada a uma das ruas da cidade de Paranaguá, é uma modesta homenagem à Santa das Santas, Padroeira do Estado do Paraná. A imgem de Nossa Senhora do Rocio pertencia ao preto alcunhado Beré ou Emberé. Depois passou a propriedade do devoto ten. Faustino José da Silva Borges, já, então, muito velho. Em 1813, o padre Frei Manoel de St° Thomaz tomou a imagem sob sua proteção. Em lugar da casa de palha, em cujo altar era venerada a Santa, mandou construir a nova Capela, à margem da baía de Paranaguá, em local, aprazível. A construção foi custeada por esmolas dadas pelos parnanguaras. Sua festividade é realizada no segundo domingo de novembro. Os paranaenses que sempre pautaram os seus atos, segundo os ensinamentos de Cristo, Nosso Senhor, não poderiam deixar de honrar "Aquela que tão compassiva e amorosa — vela pelos destinos espirituais da terra da qual é soberana Padroeira". AVENIDA NOSSA SENSORA APARECIDA A 12 de outubro de 1717 no nordeste paulista, os trés pescadores Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso

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pescavam no rio Parnaíba, sem nada conseguirem. De repente, um deles, ao retirar a tarrafa das águas, viu que a mesma trazia a imagem partida de uma santa. Regosijaram, certos de que, daí por diante, teriam melhor sorte, porém, assim não aconteceu. A seguir, pescaram a cabeça da santa. — Que coisa estranha? disse um deles. — Agora a santa está perfeita. Dizendo isto, colocara a cabeça sobre o corpo. De fato. Pedaço algum mais faltava ?- imagem. Pondo-a, com cuidado em sua canoa, continuaram a pescaria. Pescaram tanto que a frágil embarcação quase virou ao peso de muitos peixes. Chegando à casa, o filho de Felipe Pedroso construiu pobre e tosca capela de taipa, onde começou a ser venerada a milagrosa Nossa Senhora Aparecida, que se tornou mais tarde a padroeira do Brasil. A notícia dos seus milagres, se espalhou de tal forma que a população foi crescendo, crescendo e hoje é uma das mais ricas cidades do interior de S. Paulo. Está sendo construída a maior basílica do mundo, depois da de S. Pedro de Roma, da catedral de S. Paulo e da de Londres. As romarias à Aparecida do Norte sobrepujam as que são realizadas em Lourdes, na França, em Fátima, Portugal, San Tiago de Compostela, na Espanha e Lujan na A r gentina. BIBLIOGRAFIA Arquivo Nobiliarquico Brasileiro — A . C . Borges Dic. Hist. e Geog. de Ermelino de Leão Hist. do Paraná de Romário Martins Dias Fratricidas de J . B . Bormann Enciclopédia dos Municípios Brasileiros

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PRAÇA LEÔNCIO CORREIA O Dr. Leôncio Correia era filho de João Ferreira Correia e de d. Carolina Pereira Correia. Nasceu em Paranaguá, a 1 de setembro de 1865. Estudou as letras primárias na cidade natal, as humanidades no Instituto Paranaense de Curitiba, em escolas do Estado do Rio e na antiga Capital Federal. Diplomou-se em i> Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de N i terói, Estado do Rio de Janeiro. Foi deputado estadual, deputado federal, diretor de Ins-s trução Pública, no Paraná e, no Rio de Janeiro, Inspetor Es-' colar, Diretor do Ginásio Fluminense, Delegado Fiscal dos es- t tabelecimentos de ensino, diretor do Internato do Ginásio N a - cional, diretor geral de Instrução Pública Municipal; professor de história da Escola Normal, Diretor Geral da Imprensa Nacional e do Diário Oficial. — (- Poeta, jornalista e tribuno vigoroso, pertenceu à Academia Paranaense, à Academia de Letras José de Alencar e à Academia Carioca de Letras. A sua colaboração em jornais e revistas é muito vasta tanto em periódicos de sua terra como nos do Rio de Janeiro. ^_ L E ô N p i O C O R R E I A passou a vida a cantar as belezas de sua terra, e isso o fêz como poucos o tem feito. Embora longejf, da terra natal seu coração, sua alma, viviam voltados para os lugares onde passou sua infância e adolescência onde viviam e repousavam os seus entes queridos. Foi o Dr. Leôncio Correia um grande brasileiro que teve a felicidade de possuir o maior dom de espírito: era um bom! Publicou, dentre outras, as seguintes obras: "Flores Agres" tes", em 1883, "Talento e Ouro", em 1883, "Volatas", em 1887, "Tirania", em 1900, "A Morte", em 1903, "Derredor da Vida", em 1907, "Manhã de Amor", em 1917, "O Batismo do Bebê", 1

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em 1917, "A Boêmia do meu Tempo", em 1935, "A Verdade Histórica sobre o 15 de Novembro", em 1939, "Perfis", em 1941, "Barão do Serro Azul", em 1942 e "Meu Paraná", em 1954. Faleceu no Rio de Janeiro, então, Distrito Federal o grande Filho do Paraná Leôncio Correia. Rua SANTOS DUMONT O genial brasileiro ALBERTO SANTOS DUMONT, o Pai da Aviação, nasceu em Santa Luzia, depois Palmeira e Santos Dumont, Estado de Minas Gerais, a 20 de junho de 1873. Era filho de Henrique Santos Dumont e de d. Francisca de Paula Santos. Estudou na Terra natal, em São Paulo e Paris, França. Santos Dumont dedicou toda a sua v i d a às investigações destinadas a descobrir a possibilidade da navegação aérea e seu aperfeiçoamento. O apaixonado inventor construiu vários tipos de balões, tendo com o Santos Dumont n.° 6 conquistado o prêmio de cem mil francos que êle repartiu entre os seus auxiliares e os, pobres de Paris. O Brasil presenteou-o c o m cem contos de reis e com o n.° 7, a 23 de outubro de 1906, o prêmio Archedeacon. Sofreu acidentes, quase perdendo a v i d a , porém, jamais esmoreceu. Mais tarde construiu três tipos de morvoplanos, sendo o mais célebre o "Demoiselle". Cada aparelho apresentava n o vos melhoramentos. Quando duvidavam que esses aparelhos pudessem manter-se no ar, sem nada dizer, Santos Dumont subiu no monoplano. Alçou vôo. Volteou vitorioso sobre a cabeça dos incrédulos. A França condecorou-o Grande Oficia.1 da Legião de Honra.

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Em 1908, Santos Dumont publicou o livro: "O que eu vi e o que nós veremos". Faleceu a 22 de outubro de 1932 no Guarujá, Santos, Estado de São Paulo, onde se encontrava repousando devido ao mau estado de sua saúde. Seus restos mortais foram trasladados para o Rio de Janeiro. Dorme o sono eterno no Cemitério S. João Batista. Eis o que disse o Governo Brasileiro por ocasião de seu falecimento: "O brasileiro Alberto Santos Dumont, inventor da direção dos balões e do vôo mecânico, dotando a humanidade de novos engenhos para o seu desenvolvimento, estreitou os laços entre as nações e cooperou para a paz e solidariedade entre os povos, tornando-se, assim merecedor da gratidão do Brasil, cujo nome honrou e glorificou". Santos Dumont foi o primeiro homem a cortar o ar, na direção que desejou, dominando totalmente, os aparelhos por êle inventados e construídos. "Nele, teve a humanidade o aeronauta que iniciou a éra da aviação sobre a terra. Viajou os "ares nunca dantes navegados". Rua PRESIDENTE GETÜLIO V A R G A S O Dr. Getúlio Dornelles Vargas nasceu em S. Francisco de Borja, ou simplesmente, São Borja, Rio Grande do Sul, a 19 de abril de 1883. Era filho do cel. Manoel do Nascimento Vargas e de d. Cândida Dornelles Vargas. Passou a infância na Fazenda Triunfo. Desde os 7 anos de idade costumava ouvir atentamente, os mais velhos, quando falavam sobre política. Aprendeu todos os afazeres inerentes ao bom vaqueiro, ao mesmo tempo em que freqüentava a escola local. Depois estudou em Porto Alegre. Mais tarde fora enviado a Ouro

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Preto, Minas Gerais, onde pouco se demorou. Ao retornar dessa cidade assentou praça (1898) no 6.° Batalhão de I n fantaria. Cursou a Escola Preparatória e de Tática do Rio Pardo, Rio Grande do Sul. Desligado do Exército cursou a Escola Brasileira. Em 1903 matriculou-se na Faculdade L i vre de Direito desse Estado. No 5.° ano do curso, fundou o jornal "O Debate", no qual escrevia, sob o pseudônimo de Aderbal. Em 1908, nomeado Promotor Público da Capital sulriograndense, no mesmo ano pediu exoneração do cargo. No ano seguinte, foi eleito e reeleito deputado à Assembléia de Representantes. Renunciando ao mandato, dedieou-se à advocacia. Mais tarde, novamente eleito e reeleito deputado federal; ministro da Fazenda, presidente do EstaLO do Rio Grande do Sul; chefe da Aliança Liberal e da revolução de 1930; ditador do Brasil e seu presidente eleito. Suicidou-se a 24 de agosto de 1954. Ríua Dr. CAETANO MUNHOZ O Dr. Caetano Munhoz da Rocha era filho do ten.-cel. ;ento Munhoz da Rocha e de da. Maria Leocádia Munhoz a Rocha. Nasceu em Antonina, a 14 de maio de 1879. Cursou vários colégios em Curitiba; o colégio S. Luiz, e Itu .Estado de S. Paulo e o Curso Anexo à Faculdade de Direito deste Estado. Em 1902, diplomou-se médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Clinicou apenas três anos, quando fundou a firma Munhoz da Rocha & Irmão. Desempenhou os seguintes cargos: deputado ao Congresso Legislativo do Estado, em várias legislaturas, tendo sido presidente desta Casa; prefeito municipal de Paranaguá por duas vezes, ocasião em que realizou os seguintes

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melhoramentos: canalização dágua, construçoã da rede de esgotos, saneamento e aterro do porto e da parte baixa da cidade, calçamento de ruas, abertura de avenidas; vicepresidente e presidente do Estado por duas vezes; secretário da Fazenda, Agricultura e Obras Públicas; presidente do Conselho Administrativo do Estado e senador. Em sua vida de funcionário público teve sempre independência de atitude. Sua gestão como presidente do Estado foi das mais proveitosas, pois além dos grandes benefícios empreendidos, ainda deixou o Tesouro com saldo. Foi o primeiro chefe do Executivo a prestar verdadeiro e grande auxílio aos funcionários públicos, melhorando-lhes os minguados vencimentos, recebidos, até então, em apólice ou bônus. Criou o Seguro de Vida, iniciou as obras do Porto de Paranaguá, construiu escolas normais, fundou e construiu o Sanatório da Lapa, o Leprosário de Piraquara, o Hospital de Isolamento de Curitiba, o Asilo S. Vicente de Paulo, para pobres desamparados, casas de detenção, Escola de Reforma, amparou as faculdades superiores de ensino, etc. De educação aprimorada, eram-lhe extraordinárias as qualidades intelectuais e afetivas. Modesto, cortez e lhano para com todos. Apesar do muito que fêz pelo seu povo, não foram poucos os dissabores que sofreu. Morre upobre, na pobreza digna e que eleva aqueles que tudo fizeram em benefício do seu torrão e sua gente. Pertenceu ao Círculo de Estudos aBndeirantes, como sócio benemérito. Faleceu, o grande brasileiro, a 23 de abril de 1944, em Curitiba.

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A V E N I D A S Arthur de Abreu Bento Rocha . .. Cel. José Lobo . Gabriel de Lara Gov. Manoel Ribas Nossa Senhora Aparecida ^ L A R G O S Agostinho Pereira Dr. Accyoli Cônego Alcedino .. Monsenhor Celso R A Ç A S Euphrásio Correia Da Paz Fernando Amaro . Iria Correia João Gualberto . Leocadio Pereira . Leôncio Correia . Luiz Xavier . . . . Ruy Barbosa . R U A S Albino Silva Ada Macaggi Alípio Santos

Aníbal Paiva Arthur Bernardes Arthur de S. Costa Barão do Amazonas Barão do Rio Branco Baronesa do Serro Azul Benjamim Constant Brasilio Itiberê Cel Bittencourt C e l . Santa Rita C e l . Nicolau Máder Cmte. Dídio Costa Comdor. Corrêa Júnior Claudionor Nascimento Correia de Freitas . Conselheiro Corrêa Conselheiro Sinimbú Desembargador Ermelino Desembargador Hugo Simas Dona Isabel Dona Júlia da Costa Dos Expedicionários Dr. Leocádio Eurípedes Branco F a r i a Sobrinho Fernando Simas Frei José Thomaz G as tão Soares Gal Carneiro Ildefonso M. da Rocha Itiberê de Lima João Estevam João Eugênio

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Gomes

26 27 28 28 29 30 31 32 40 35 41 36 38 35 45 42 44 46 47 49 50 51 52 56 57 58 60 60 61 62 6$ 64 67

João Guilherme João Pessoa João RJégis Joaquim F. Barbosa Joaquim Tigre José Cadilhe José Gomes Ludovica Bório z. .z Maneco Vianna Manoel Bonifácio Manoel Pereira M a l . Alberto de Abreu M a l . Deodoro M a l . Floriano Mestre Leopoldino Munhoz da Rocha Nilo Cairo Nestor Victor Odilon Máder Ouvidor Pardinho Pêcego Júnior Presidente Jetúlio Vargas Prof. Cleto Prof. Décio P. Correia Prof. Randolpho Arzua Rodrigues Alves Roque Vernalha Samuel P. de Mello Santos Dumont Scherer Soares Gomes Theodorico Santos

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65 64 70 68 , . . . 69 71 72 73 74 75 74 76 76 77 78 103 79 80 53 82 84 102 84 85 83 86 87 81 88 101 9» 9© 92

Vieira dos Santos Visconde de Nacar Washington Luiz Xavier da Silva 15 de Novembro Rua Nossa Senhora de Lourdes Rua Nossa Senhora do Rocio ..

Almas das Ruas

NOTA Devido a falta de dados, algumas ruas de Paranaguá deixaram de figurar neste fascículo, apesar da insistência com que solicitámos os referidos dados. M.N.

"ALMAS DAS RUAS"

é uma

obra

que

se destina a elucidar os estudiosos e turistas sobre o "porquê" dos nomes dados às vias e logradouros públicos. Com o espírito voltado para Deus e o coração para a Pátria, tudo o que fazemos visa o engranãecimento berço natal, o Brasil.

///

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do

nosso querido
Alma Das Ruas de Paranagua Maria Nicolas 1964

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