20200520 - Levante - High Alpha - Efeitos-nao-caixa-dominam-os-balancos_Levante Dividendos

8 Pages • 2,461 Words • PDF • 326.6 KB
Uploaded at 2021-09-24 11:47

This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.


Rafael Bevilacqua (HA)

Efeitos não caixa dominam os balanços Olá, investidores. Tudo bem? No relatório de hoje iremos comentar sobre os resultados de Petrobras (PETR4), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3). Os três resultados foram bons, com a JBS sendo o menos impactante entre eles. Além de resultados, temos os ativos de risco ao redor do globo vivendo em bandas. Essas bandas são testadas pelo lado positivo quando temos notícias sobre vacinas e/ou reaberturas econômicas que vão dando certo e pelo lado negativo quando rumores de novas ondas de contaminação ganham força, e o Brasil vai nadando junto com o mundo, sofrendo um pouco mais e as vezes se descolando, principalmente quando nosso caótico cenário político entra em cena.

Petrobras (PETR4): resultado do 1T20 A Petrobras (PETR4) divulgou o seu resultado do primeiro trimestre de 2020 na quinta-feira passada (14 de maio), após o fechamento do mercado. Os números vieram bons e acima das expectativas em termos de receita e Ebitda, mas abaixo do esperado na última linha, cujo resultado foi um prejuízo líquido de 48,5 bilhões de reais. Contudo, o número foi afetado por uma revisão no valor dos ativos (impairment) de 63 bilhões de reais, a qual foi proveniente da revisão das estimativas de preços do Brent no contexto global pós-coronavírus – ou seja, no longo prazo. Esta revisão impacta o fluxo de caixa que os ativos (plataformas de petróleo, por exemplo) produzirão no futuro, o que, considerando essa nova premissa, leva a uma reavaliação contábil desses ativos. O destaque positivo foram as exportações de petróleo, cuja receita alcançou 24,7 bilhões de reais, registrando um aumento de 42% na comparação anual e de 7,1% na comparação trimestral. O Ebitda recorrente de 36,9 bilhões de reais também foi bom e superou as expectativas, crescendo 27,7% na comparação com o primeiro trimestre de 2019 e ficando praticamente estável com relação ao quarto trimestre de 2019.

Já o destaque negativo foi o prejuízo líquido de 48,5 bilhões de reais no período, bastante afetado pelo impairment. Se considerarmos a forma recorrente do resultado, o prejuízo teria sido de 5,8 bilhões de reais, ainda assim abaixo do esperado. Embora o resultado na última linha possa parecer desastroso, as linhas de Ebitda e receita foram surpreendentemente positivas e prevaleceram na interpretação dos resultados pelo mercado. Desde a divulgação do resultado da empresa, suas ações subiram quase 10%. A companhia reportou uma receita líquida de 75,46 bilhões de reais, um incremento de 6,5% ante o mesmo período de 2019. Este resultado, bem como o aumento do Ebitda, é bastante positivo, pois demonstra que a companhia conseguiu elevar sua produção a um nível bem mais eficiente, dado que o preço médio do Brent no primeiro trimestre de 2020 foi de 50 dólares, número 20,5% inferior ao patamar do primeiro trimestre de 2019 e do quarto trimestre de 2019. A margem Ebitda do segmento de Exploração e Produção (E&P) saltou de 59% no primeiro trimestre de 2019 para 68% no primeiro trimestre de 2020, com o custo médio de extração na camada do pré-sal caindo mais de 10% em relação ao quarto trimestre de 2019. Além do impairment, o resultado foi impactado pela maior despesa financeira, que totalizou 21,1 bilhões de reais, número bem acima dos 8,4 bilhões de reais do primeiro trimestre do ano passado. O aumento ocorreu por conta do efeito cambial no serviço da dívida. A dívida líquida saiu de 78,8 bilhões de dólares no fechamento do ano passado para 73,1 bilhões no fim de março de 2020. Essa redução da dívida é explicada pela retirada de Linhas de Crédito Compromissadas para reforço de caixa para aumentar a liquidez neste cenário mais desafiador. Com isso, a relação dívida líquida/Ebitda fechou primeiro trimestre de 2020 em 2,73 vezes, levemente acima dos 2,46 vezes de 2019. A Petrobras demonstrou, em números, que está executando bem as diretrizes estabelecidas em sua estratégia para o quadriênio 2020-2024. Mesmo que não consiga alcançar todas as metas devido à pandemia e ao cenário para o petróleo daqui para a frente, os recentes esforços demonstram que ela está bem preparada para enfrentar a crise atual.

Marfrig (MRFG3): resultado do 1T20 A Marfrig (MRFG3) divulgou o seu resultado do primeiro trimestre de 2020 na segunda-feira (18), após o fechamento do mercado. Os números vieram acima das expectativas em termos de Ebitda e de margens operacionais, mas abaixo do esperado em termos de lucro líquido e geração de caixa. O lucro líquido foi afetado pelo efeito da variação cambial, que não causa impacto no caixa da

companhia, e pelo pré-pagamento de títulos que iriam vencer em 2023. Os destaques positivos foram os resultados das unidades de negócio na América do Norte e na América do Sul, ambas com aumento na receita e melhoria nas margens operacionais. É possível perceber tal melhoria nos resultados operacionais apresentados: o Ebitda atingiu 1,2 bilhões de reais, crescimento de 109,3% na comparação ano contra ano, e a margem Ebitda consolidada foi de 9,1%, aumento de 3,6 pontos percentuais no ano contra ano. O destaque negativo ficou por conta do consumo de caixa e do aumento do nível de endividamento. O resultado foi impactado pelo pagamento de linhas de capital de giro, mais onerosas, de 938 milhões de reais, e pelo bônus para os executivos da operação da National Beef de 759 milhões (efeito caixa neste trimestre, mas teve seu impacto nos demonstrativos do último trimestre), os quais contribuíram para a queima de caixa de aproximadamente 1 bilhão de reais. O pagamento das linhas de capital de giro é positivo, pois reduz as despesas com o pagamento de juros. O resultado líquido da companhia também foi negativo, porém não muito relevante devido ao fato de não apresentar efeito caixa nos números da companhia. O impacto deveu-se, principalmente, ao fato de a empresa ter suas dívidas atreladas ao dólar, moeda principal de suas transações; ou seja, como tivemos uma forte variação do dólar no período, por questões contábeis, a empresa precisou passar essa variação a seu resultado, o que acabou impactando a última linha. A empresa reportou uma receita líquida de 13,5 bilhões de reais, um incremento de 27% ante o mesmo período de 2019. Além do câmbio, tivemos um aumento do volume vendido e uma melhoria do mix de produtos mais favorável. O Ebitda consolidado foi de 1,2 bilhões de reais, um crescimento de 109% em comparação ao primeiro trimestre de 2019. A margem Ebitda foi de 9,1% nesse trimestre – ante 5,5% no mesmo trimestre de 2019. O aumento da margem ocorreu principalmente por conta do aumento das exportações nas unidades da América do Sul e de um aumento no spread das vendas na América do Norte (melhoria no mix de produtos). O resultado foi impactado pela maior despesa financeira, que totalizou 1,1 bilhão de reais, número bem acima dos 573 milhões de reais do primeiro trimestre de 2019. O aumento ocorreu por conta do efeito cambial na dívida em dólar (632 milhões) e de outras despesas envolvendo o pré-pagamento de dívidas.

A dívida líquida saiu de 13,3 bilhões de reais em março de 2019 para 19,38 bilhões no fim de março de 2020. Esse aumento da dívida é explicado pela variação cambial, pelos impactos no caixa dos prépagamentos de dívidas e pelo desembolso dos bônus para a operação da América do Norte. Com isso, a relação dívida líquida/Ebitda fechou o primeiro trimestre de 2020 em 3,56 vezes, acima dos 2,77 vezes de 2019. Em dólares, a relação manteve-se praticamente estável, ficando em 2,84 vezes. A Marfrig apresentou números operacionais fortes em suas unidades de negócios e teve seu resultado impactado por alguns fatores não recorrentes, como o pré-pagamento de dívidas e a forte redução de operações de capital de giro. A alavancagem ainda não preocupa; porém, a empresa precisa transformar em caixa os fortes resultados operacionais para que, além de não preocupar, a alavancagem se torne um alívio.  

JBS (JBSS3): resultado do 1T20 A JBS (JBSS3) divulgou o seu resultado do primeiro trimestre de 2020 na última quinta-feira (14 de maio), após o fechamento do mercado. Os números vieram em linha com as expectativas em termos de receita, Ebitda e geração de caixa operacional, mas abaixo do esperado em termos de lucro, cujo resultado foi um prejuízo líquido de 5.9 bilhões de reais. Contudo, nesse semestre, o número sofreu consequências do efeito da variação cambial, que geralmente não causa impacto no caixa da companhia. Ao se retirar esse efeito contábil, teríamos um lucro ajustado de 803 milhões de reais. Os destaques positivos foram os resultados das unidades de negócio da Seara no Brasil (10% das vendas) e da JBS USA Pork (11% das vendas), com crescimento nas exportações e melhoria no mix de produtos – tanto no mercado interno como no mercado para exportação. O destaque negativo ficou por conta das unidades de negócio JBS USA Beef (carne bovina) e Pilgrim’s Pride (focada em produção e processamento de frango nos Estados Unidos). Ambas tiveram pequenos incrementos na receita e deteriorações adicionais nas margens. Como são as principais unidades de negócio da companhia, 41% e 24%, respectivamente, a piora em suas margens impactou a margem Ebitda consolidada da companhia, que caiu de 7,2%, no primeiro trimestre de 2019, para 6,9% agora. O resultado líquido da companhia também veio negativo, porém não foi muito relevante devido ao fato de não apresentar efeito caixa nos números da companhia. O impacto se deveu, principalmente, ao fato de a empresa ter suas dívidas atreladas ao dólar, moeda principal de suas transações; assim, como tivemos uma forte variação do dólar no período, por questões contábeis, a empresa precisou passar essa variação a seu resultado, o que acabou impactando a última linha. A empresa reportou uma receita líquida de 56,48 bilhões de reais, um incremento de 27,37% ante o

mesmo período de 2019. Além do câmbio, tivemos um aumento de volume vendido e uma melhoria do mix de produtos mais favorável. O Ebitda foi de 3,91 bilhões de reais, um crescimento de 22,6% em comparação ao primeiro trimestre de 2019. A margem Ebitda foi, nesse trimestre, de 6,9% – versus 7,2% no mesmo trimestre de 2019. Essa redução de margem ocorreu principalmente pela pequena piora operacional das unidades de negócio de carnes e frango nos Estados Unidos, que sofreram com o aumento do custo de insumos e a redução de capacidade instalada (aumento do custo fixo). O resultado foi impactado pela maior despesa financeira, que totalizou 9,08 bilhões de reais, número bem acima dos 1,3 bilhões de reais do primeiro trimestre de 2019. O aumento ocorreu por conta do efeito cambial na dívida em dólar. A dívida líquida saiu de 48,8 bilhões de reais em março de 2019 para 56,9 bilhões no fim de março de 2020. Esse aumento da dívida é explicado variação cambial. Em dólares, a dívida líquida encolheu 12,4%. Com isso, a relação dívida líquida/Ebitda fechou o primeiro trimestre de 2020 em 2,77 vezes, levemente acima dos 2,16 vezes de 2019. Em dólares, a relação manteve-se praticamente estável, ficando em 2,2 vezes. A JBS apresentou números operacionais fortes em algumas unidades de negócios, principalmente na Seara. Números um pouco fracos foram apresentados em outras unidades, principalmente nos Estados Unidos, impactadas por custos de produção um pouco mais elevados do que o esperado. Entretanto, para o segundo trimestre, já percebemos redução nos insumos e um reposicionamento de marcas (Pilgrim’s) que devem favorecer melhorias operacionais.

Dúvidas Frequentes Até que preço investir O que significa “Até que preço investir”? O “Até que preço investir?” representa o preço máximo para que vocês, investidores, montem suas posições nos ativos recomendados e consigam aproveitar a valorização que esperamos para eles. Então, entendam a nomenclatura como uma espécie de “barreira” que limita a entrada de investidores em ações caso o mercado tenha um forte movimento de alta. Este preço não tem nenhuma correlação com a minhas projeções de Valuation das ações. Posso comprar uma ação que está acima do “Até que preço investir?” Não, se o preço das ações estiver acima do “Até que preço investir” indicado, e caso você ainda não a tenha comprado, você não deverá comprá-la.

Se a ação estiver acima do “Até que preço investir”, devo vendê-la? Não, se o preço da ação estiver acima do “Até que preço investir”, isso não significa que quem já a possui deva vendê-la. O momento de venda será importado via relatório com uma ordem clara de venda.

Carteiras Coloco abaixo as carteiras separadas de acordo com o perfil de investidor:

Mais conteúdo Com o objetivo de aproximar nosso contato, além do canal, estou presente nas redes sociais todos os dias falando sobre a minha visão para o mercado. Então, para quem quiser me seguir nas redes, deixo abaixo os links: YouTube: rafabevilacqua Instagram: rafabevilacqua2 Twitter: rafabevilacqua2

Próximo encontro O nosso próximo encontro será na quarta-feira (dia 27). No entanto, sigo de olho nas empresas e nos mercados locais e internacionais, sempre buscando oportunidades que tragam lucro para a estratégia do High Alpha – Bolsa 3.0. Qualquer oportunidade, vocês serão os primeiros a receber meus avisos. Um abraço, Rafael Bevilacqua Estrategista-chefe da Levante Disclaimer Este relatório foi elaborado pela Levante Ideias de Investimento e o uso é exclusivo de seu assinante, estando protegido pela Lei de Direitos Autorais. Este conteúdo não pode ser reproduzido, copiado ou distribuído, no todo ou em parte, a terceiros, sem prévia e expressa autorização. Este documento tem como objetivo somente informar os leitores e não tem a finalidade de assegurar, prometer ou sugerir a existência de garantia de resultados futuros ou isenção de risco para os leitores. O documento não tem o cunho de ofertar, negociar, comercializar ou distribuir   títulos ou valores mobiliários ou qualquer outro instrumento financeiro.

As decisões de investimentos devem ser realizadas pelo próprio leitor. O analista responsável poderá esclarecer dúvidas de seus leitores através de vídeos ou relatórios que serão enviados simultaneamente aos assinantes, mantendo e garantindo a isonomia de informações. As informações deste relatório foram baseadas em fontes públicas e consideradas fidedignas na data de publicação, e estão sujeitas à mudanças, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação com respeito a tal mudança. Nos termos do artigo 17 da ICVM 598/2018, os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram que as recomendações contidas neste relatório refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente e autônoma. Conforme o artigo 16, parágrafo único da ICVM 598/2018, o analista Rafael Bevilacqua declara-se inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise. Os valores mobiliários não contam com garantia do Fundo Garantidor de Crédito – FGC. A reprodução, cópia ou distribuição deste conteúdo, no todo ou em parte, implicará ao infrator sanções cíveis e criminais, incluindo a obrigação de reparação de perdas e danos causados, nos termos dos artigos 102 e seguintes da Lei 9.610/98.
20200520 - Levante - High Alpha - Efeitos-nao-caixa-dominam-os-balancos_Levante Dividendos

Related documents

6 Pages • 1,659 Words • PDF • 331.9 KB

83 Pages • 19,735 Words • PDF • 900.7 KB

12 Pages • 2,323 Words • PDF • 1004.5 KB