200 Quilos de Amor

78 Pages • 39,680 Words • PDF • 924.4 KB
Uploaded at 2021-09-24 07:45

This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.


200 quilos de amor Prólogo De acordo com pesquisas cientificas hoje em dia cerca de 20 % da população sofre com a obesidade e eu sou uma delas. Pelo que me lembro e ao observar minhas fotos de criança notei que nem sempre fui tão gordinha. Aos vinte e dois anos eu já estava com 200 quilos. Os médicos sempre me disseram que minha saúde era de ferro, mas jamais poderia engordar mais que aquilo. Meus problemas com o peso excessivo começaram quando eu tinha mais ou menos treze anos e meus pais morreram em um acidente de carro. Passei a ser depressiva e comer descontroladamente. Fiquei sob os cuidados de uma tia que não gostava muito de mim e vivia dizendo que eu iria me tornar uma balofa enorme e feia e foi realmente isso que aconteceu. Mesmo com essa minha aparência desagradável e horrenda, sou feliz... Sim, pois todos os dias em que olho para ele me sinto a pessoa mais iluminada do mundo. Seus olhos verdes me derretem e sua risada melhora qualquer momento do meu dia, mesmo os mais nefastos. Ele, o amor da minha vida: Edward Cullen, meu produtor musical, alias o produtor musical da Tanya. Deixe-me explicar direito essa história. Sou apaixonada por musica desde muito pequena, treinei e fiz algumas aulas de canto até conseguir educar bem minha voz. Minha amiga Alice diz que eu tenho voz de anjo e que fica arrepiada ao me ouvir cantando. Certa vez estavam fazendo uma seleção para uma gravadora famosa em Los Angeles e que procuravam novos talentos, Alice acabou me convencendo a ir e foi lá que o conheci. Fiquei esperando uma eternidade até que chegou minha vez. Timidamente entrei no estúdio e pude ouvir algumas risadas, isso sempre acontecia comigo. Todos deviam estar pensando “O que essa gorda quer ai?” “ Será que ela não se enxerga?” Essas frases ficavam martelando em minha cabeça, mesmo que eu não as ouvisse eu podia vê-las estampadas nos rostos maldosos daquelas pessoas. O único a não demonstrar nenhuma surpresa, repúdio ou simplesmente me ignorar foi Edward. Ele estava sentado do outro lado do estúdio, encarei seus olhos verdes esmeralda pelo enorme vidro que nos separava e sentir minhas pernas bambas. Ele me deu um sorriso encorajador e se projetou para frente, provavelmente para apertar algum botão. Logo sua voz linda e firme soou em meus ouvidos. –Olá como se chama? – Ele perguntou ainda me olhando. –Isa... Isabella – Respondi gaguejando. –Que nome lindo. E o que vai cantar para nós Isa? Sim, já no inicio ele me deu um apelido, ele era a coisa mais fofa que eu havia visto na vida. –Vou cantar Imagine dos Beatles – Respondi. –Estamos ansiosos vamos lá Isa mostre-nos sua voz. Eu assenti e comecei a cantar... Sempre que eu cantava musicas naquele estilo tinha o costume de fechar os olhos. Permaneci daquele jeito até terminá-la. Foi difícil desgrudar minhas pálpebras, eu estava morrendo de medo. Abri os olhos, um de cada vez e espiei. Agora havia muito mais pessoas na cabine atrás do vidro. Todas boquiabertas e pasmas. Sorri timidamente e abaixei a cabeça, aqueles olhares estavam me incomodando. –Obrigado Isabella – Edward disse - Vamos conversar daqui a pouco, você pode esperar um minutinho? –Posso – Falei e me retirei da sala.

Aqueles minutinhos pareciam não ter fim. Mas, eu estava feliz afinal, se eu estava esperando é porque alguma coisa tinha acontecido caso contrário simplesmente teriam me mandado embora. Encarei minhas mãos e brinquei com meus dedos sorrindo do que minha tia me dissera uma vez “Que horror Isabella, suas mãos mais parecem dois pães de forma enfeitados com salsichas gordas”. Suspirei e me levantei, será que brigariam comigo se eu desse uma voltinha pela gravadora? Eu adorava qualquer coisa que envolvesse musica e aquele rápido tour seria muito legal. De qualquer maneira eu arrisquei. Ninguém pareceu se importar; estavam muito ocupados em suas funções para se preocuparem com uma gorda zanzando por lá. Visitei o local onde ficavam os instrumentos, a sala de arquivos, a de edição, a de mixagem entre outras. Então lembrei que Edward me procuraria a qualquer momento e voltei para a recepção, mas eu acabei tomando um caminho diferente e sai num corredor totalmente novo. Andei até o final e quando ia avançar para o próximo escutei uma conversa que me paralisou. – Você não percebeu Edward? – Falou uma voz grossa e rude – Ela é GOR-DA – o homem fez questão de enfatizar cada letra. –E daí? Estamos buscando a nova voz da América e não a miss universo! –Você mesmo sabe o quanto a estética é importante no mercado. –Eu sei, mas... Ela tem uma voz fantástica Phill. Você a ouviu lá, é incrível. Não encontramos ninguém assim! –Por que logo aquela gorda feia nos mostrou exatamente a voz que almejamos? Por que não a Denalli? Tanya é linda pena que canta tão mal! –Mal? – Edward riu sem emoção – Isso é um eufemismo. Quando ela cantou pensei que meus tímpanos iam explodir! –É uma pena – Ele suspirou – Tanya é linda demais se tivesse a voz da gorda... –O nome dela é Isabella e não a gorda. –Que seja. Se Tanya tivesse a voz de Isabella ... – Eles fizeram silencio e então o homem bateu com força na mesa – É isso! Que ideia brilhante! –Que ideia? –E se Isabella emprestasse sua voz à Tanya? –Como assim? –Ela grava o CD e colocamos a Tanya na capa. E nos shows ela pode cantar atrás do palco... Debaixo, até mesmo na rua não importa. –Não vou propor uma coisa tão... – Edward inspirou – Tão horrenda. –Pense bem Edward. É uma chance do mundo conhecer a voz dela, a única diferença é que não vão saber que é ela. –Isso é um crime! –E desde quando alguma coisa no mundo é legal? Não me venha com lições de moral agora Edward. Ambos sabemos que nessa profissão vale tudo, até mesmo transformar uma mulher linda que não canta nada numa cantora extremamente talentosa, tudo depende de Isabella. –Ela não vai aceitar uma coisa dessa, nem eu posso aceitar. –Isso se chama estratégia de marketing. –Se chama covardia e eu definitivamente não sou tão canalha a ponto de humilhá-la assim!

Ele falou aquilo com tanta convicção que me emocionou. Ele realmente se importava com os meus sentimentos, ninguém além de Alice se importava com o que eu sentia. Meus olhos se encheram de lágrimas no mesmo instante. –Você sabe que se não encontrar logo uma nova cantora seus dias de produtor musical estarão acabados não é? O que você quer? Vender cachorro quente no parquinho? –Seria mais honesto que fazer uma proposta indecorosa à ela. –É o seu futuro Edward. Você precisa desse emprego é sua vida que está em jogo. Se não fizer isso acabará na miséria. A situação era tão crítica assim? Edward podia perder o emprego? Logo ele? Uma pessoa tão gentil e bondosa? Eu não podia permitir isso, não quando eu podia salvá-lo. Por isso voltei a recepção e esperei até ser chamada a sala de Phill. Entrei e vi que Edward suspirou e balançou a cabeça saindo contrariado. –Ele é meio moralista – O tal Phill falou, era um careca com piercing no lábio inferior e tatuagens nos braços – Então tenho uma proposta a lhe fazer Isabella.

E foi assim que me tornei “dubladora” da Tanya, por assim dizer. Edward jamais soube que escutei aquela conversa, nunca soube que só aceitei aquele acordo para salvar seu emprego, fazer o que? Foi amor à primeira vista e quando uma gordinha se apaixona, pode saber que é de verdade e intenso. Eu disse a ele que não queria mesmo ser exposta, mas que gostava de cantar e seria um máximo dublar a Tanya. O convenci de que era tímida e preferia que as pessoas não conhecessem o meu rosto, ele era ingênuo e acreditou. O processo foi rápido, logo gravei um CD com várias musicas e inclusive uma que eu mesma compus e foi um sucesso total. Lógico que Tanya estava estampada na capa, como se fosse realmente a cantora. Dava entrevistas para a TV, tinha fã clube, sites, blogs. Em seguida vieram os shows, é claro que a equipe bolou um jeito de me deixar embaixo do palco enquanto ela fingia que cantava. A gente ensaiava dois dias seguidos antes de todos os shows, meu espaço era o suficiente para a TV LCD à minha frente para olhá-la no decorrer do show e saber exatamente a hora de cantar, um outro espacinho caso eu quisesse me locomover. Acima do palco, lá no alto Edward e o resto da produção monitorava tanto a mim quanto a Tanya, nossa comunicação era através de pontos no ouvido. O plano de Phill dera certo, Tanya estourou nas paradas de sucesso, Edward garantiu seu emprego e eu ganhava um salário suficiente para me manter sozinha e até comprei um apartamento. Edward também se tornou meu melhor amigo, ele era gentil e carinhoso comigo. Eu sempre o aconselhava sobre seus relacionamentos conturbados, ele ia até minha casa e ficávamos até tarde vendo filmes e conversando sobre suas aventuras amorosas, eu sempre dava risadas e comentava sobre o assunto fingindo indiferença, mas quando ele ia embora eu me jogava na cama e chorava a noite inteira, jamais tive coragem de lhe revelar meus sentimentos. Eu sabia que estragaria tudo se contasse do meu amor, ele me via apenas como sua amiga “Isa” e ser amiga dele era melhor que não ser nada, afinal quem ia querer namorar uma gorda feia feito eu? Ele não era preconceituoso, longe disso. Edward era a pessoa mais incrível do mundo e não via maldade nem defeito em ninguém, mas desejar o amor dele era pedir demais. Eu preferia não arriscar pois nem mesmo o coração puro de Edward teria espaço para mim, literalmente.

Capítulo 1 - Inalcançável

–Esqueça-o - Disse o misticista encarando a foto de Edward – Vir aqui toda semana não vai fazê-lo amá-la Isabella, muito menos mudar seu destino. –Mas... Mas... –Eu leio as cartas, não faço mágica. Se eu fosse já estaria rico.

–Não tem nenhuma novidade ai? – Perguntei bisbilhotando as diversas cartas espalhadas na mesa. –Não. Eu já disse que é melhor não insistir nessa história. Estou vendo um final trágico e embaraçoso. Você sempre teve uma vida difícil e continuará assim. Definitivamente você não tem nenhuma chance com este homem. Célio disse batendo na foto me arrancando um suspiro. Alice também dizia para eu esquecê-lo, que não adiantava me iludir, mas como esquecer alguém com quem você sonha todas as noites? Como dizer para o meu coração apagá-lo quando cada batida grita seu nome? Por isso toda semana eu ia até o refúgio das estrelas pedir ao místico Célio para ler minha sorte, quem sabe ele via alguma luz no fim do túnel, mas a resposta era sempre a mesma: Não. –Olha eu sinto muito Isabella – Ele disse segurando minha mão – Eu queria muito que suas esperanças dessem resultado, mas não vejo nada que penda a isso. –Mas, nunca se sabe... Talvez um dia... Um dia ele goste de mim de verdade. –Ele gosta – Célio sorriu – Gosta muito. Mas, não do jeito que você quer... Pare de tentar adivinhar o futuro, deixe as coisas acontecerem não se atormente com isso. –Eu tento... Juro que tento – Suspirei. –Vou lhe dar um amuleto – Ele se levantou e foi até a gaveta da estante, sem seguida trouxe um colar com um pingente em um símbolo – Não garanto nada, mas espero que isso lhe dê sorte. –Obrigada – Sorri pegando-o – Vou usá-lo como pulseira, não cabe no meu pescoço. –Então terminamos por hoje não é? –Acho que sim – Me levantei e o cumprimentei – Até a próxima semana. –Você não desiste mesmo não é? – Ele gargalhou. –Jamais – Sorri de volta e então sai de sua sala. Fui para casa e me deitei no sofá. Estava na hora de ir para o meu segundo emprego. Na verdade era mais um hobby do que um emprego. Como posso explicar isso... Deixe-me ver, digamos que sou uma amante platônica. Estranho eu sei, vou explicar. Nas minhas noites de folga atendo telefonemas de homens carentes e lhes dou conselhos amorosos, assim como faço com Edward as vezes. A diferença é que com os outros sou mais liberal e mais solta já que não me conhecem e não fazem ideia de minha aparência. Todos são apaixonados pela minha voz e dizem que é extremamente sexy, eu me divirto muito ouvindo os elogios e as histórias bizarras que eles me contam. Eu jamais faria isso pessoalmente, mas o telefone foi um meio que encontrei de ser desejada sem que soubessem quem realmente estava por trás daquela voz sexy. Sabem por que fazia isso? Porque não precisava ser bonita para ter aquele emprego e eu precisava ganhar dinheiro extra para o tratamento do meu pai. Não o meu pai verdadeiro, um outro pai...Conto sobre ele depois. Peguei meu saco de pipocas e liguei a TV num canal de filmes românticos. Logo o telefone tocou e pela hora eu já sabia quem era, meu principal ouvinte: Billy Black. Era um coroa que se dizia louco por mim, eu morria de rir quando ouvia isso, mas ele insistia que sonhava comigo todas as noites, se ele imaginasse como eu era... –Alô – Falei e a voz na outra linha suspirou. –Nossa, me arrepiei só de te ouvir. –Jura? – Sorri aquele não era o Billy, provavelmente um novo cliente – Como encontrou meu numero? –Um amigo me indicou disse que você é incrível e agora vejo porque, alias ouço. –Como se chama? –Posso manter isso em segredo? –Claro. Como desejar.

–E você como se chama? –Você pode me chamar de Bella. –Muito apropriado, combina com você. –Obrigada – Sorri e revirei os olhos se ele soubesse... – E então o que mais quer saber? –Me diga como você é. Essa era a pior parte, eles sempre queriam uma descrição minha. Provavelmente para fantasiar em suas mentes sujas. Como de costume peguei uma boneca que enfeitava minha mesinha. Era uma Barbie, uma das bonecas do meu pai (ele era estilista e as usava para criar roupas). Aquela era a imagem da mulher ideal, um corpo perfeito. –Bom, tenho 86 cm de busto – Falei percorrendo a boneca – Peso 50 kg e tenho 88 de quadril. Cabelos longos e loiros até a cintura. Ai... Reclamei quando pingo puxou a barra de minha calça. Ele era meu cachorro, um poodle branco. –Algum problema boneca? –Não nenhum. Onde estávamos? –Nas estrelas... Nossa você deve ser linda. Conversei vinte minutos com ele o tempo máximo para cada ligação, até que ele foi gentil ao contrário de muitos outros. Assim que liberei a ligação o telefone tocou, dessa vez era Billy. –Oi docinho – Falei manhosa. –Por que demorou tanto atender? Já estava impaciente. –Estava atendendo outra ligação querido. Desculpe. –Estou preocupado. –Com o que? –Minha mulher está no chuveiro há muito tempo. Por que ela está no banho Bella? –Docinho... –Oi? –É só um banho – Bocejei – Relaxa. Billy era meio louco e qualquer coisa que sua mulher fazia o deixava com medo. Ele sempre me ligava para pedir ajuda quando se sentia ameaçado por ela. A maioria dos meus clientes sofriam emocionalmente, principalmente Billy e sempre era eu quem o ajudava. –Bella, você pode cantar minha musica favorita?/ –Claro docinho. Vamos lá ok? –Ta. –Jesus me abençoou com sua graça e alegria... Cantamos até acabar o limite de nossa ligação. Então tirei o plug do telefone e fui dormir, teria show amanhã a noite e eu precisava descansar. Eu fazia aquelas pessoas felizes com a minha voz, mas minha verdadeira profissão era de cantora.

Cheguei ao estádio às dezoito horas. Pelos gritos eu já podia ouvir o quanto estava lotado. Aquilo sempre me emocionava e embora eu não pudesse estar lá junto da platéia eu me divertia cantando para eles. –Isa ainda bem que chegou – Edward disse vindo até mim me abraçando. –Eu sempre venho Ed, por que a surpresa? –Não sei – Ele se separou de mim e apertou minhas bochechas – Tenho medo de que um dia veja que não vale à pena cantar embaixo do palco e vá embora. –Eu jamais faria isso com você Ed – Falei acariciando seu rosto, ele me olhou confuso e retirei imediatamente – Nem com o resto do pessoal – Acrescentei. –Ainda bem – Ele sorriu exibindo seus dentes claros e perfeitamente enfileirados meu coração se acelerou – Está animada? –Muito – Sorri – Tem muita gente? –Bastante vem ver. Ele me puxou pela mão e espiamos por trás do palco. No mínimo havia umas dez mil pessoas. Muitas seguravam os pôster da Tanya e alguns cartazes carinhosos. –Quantos fãs ela tem – Falei baixo, mas ele escutou. –Na verdade eles são seus fãs Isa só não sabem disso – Edward posou sua mão em meu ombro e quase me derreti. –Está na hora vamos lá Isabella – Phill disse e eu assenti. –Boa sorte – Edward disse e me deu um beijo na testa – Estarei lá em cima como sempre, ok? –Ta. Ele sorriu encorajador e saiu. Suspirei e passei a mão onde ele me beijara pousando-a na minha boca. Ouvi Phill dar uma risadinha, mas, ignorei e fui para o meu lugar embaixo do palco. –Vai ser um mega show hein – Paul disse me entregando o microfone, ele era o assistente do Edward. –Espero que sim – Falei e respirei fundo. –Boa sorte amiga – Alice gritou enquanto corria para o palco, ela fazia parte do coro. Acenei para ela e me posicionei. Logo a musica começou a tocar e observei os bailarinos dançando. Em seguida Tanya surgiu magnífica, a multidão foi à loucura. Ela dançava junto com eles, mas era muito mais despojada. Pelo outro monitor vi Edward me dar o sinal de ok e comecei a cantar e ela dublando. Quem olhasse de lá jamais imaginaria o que acontecia ali embaixo, nossa conexão era perfeita. Cantávamos ao mesmo tempo numa ótima sincronia. Olhei para o monitor de Edward e o vi todo concentrado, lindo como sempre... A razão do meu viver. Sem perceber comecei a dançar e me empolguei quando o vi sorrindo olhando para mim. Edward – Minha mente dizia seu nome compulsivamente – Edward... Edward... De repente meus pés não sentiram mais o chão e desabei, literalmente. O mini palco não deve ter agüentado meu peso e desabou, um buraco enorme se abriu e eu caí. –Isa? Isa? – Ouvi Edward me chamando pelo ponto. Minha cabeça ficou zonza e com dificuldade me levantei. –Phill acione os efeitos – Ele disse e ouvi o barulho dos efeitos visuais, também ouvi Tanya cantando, bem baixo é claro, e muito ruim por sinal – Tanya vire-se agora! Droga, coristas assumam! Ele gritou e as meninas do coral começaram a cantar mais alto.

–Isabella – Ele chamou – Isabella pode me ouvir? Consegui subir de volta e fiquei no cantinho que ainda estava intacto. Fiz um sinal positivo para Edward e ele assentiu. –Tanya – Ele disse – Depois do três. Um... Dois... Três. Comecei a cantar novamente e ela se virou dublando, a platéia gritou e aplaudiu. Vi através do monitor que Edward respirou aliviado. Ele era lindo até quando estava preocupado. Sorri e me concentrei no show até tudo terminar. Quando enfim acabou voltei para o salão principal e Tanya entrou jogando seu aplique em um dos assistentes de produção. –Bis uma ova – Ela resmungou enquanto a platéia gritava “bis, bis”. –Parabéns Tanya foi um ótimo show – Alguém gritou. –Bom trabalho – Outra pessoa falou. –O que foi Tanya? – Paul perguntou enquanto ela caminhava com raiva até mim, mas ela não respondeu. –Está cansada? – Ela perguntou sorrindo de canto. –Não... Estou bem. –Você quase estragou tudo. Quando vai entender que você só canta e não dança? –Eu danço como você para parecer mais real Tanya. – Como eu? –Ela me olhou de cima a baixo com repúdio – Se enxerga garota! Edward estava do outro lado do salão cumprimentando as outras pessoas, Tanya e eu ficamos olhando para ele. Então ela correu até lá para cumprimentá-lo, mas ele apenas lhe fez um rápido cafuné e disse “bom trabalho”, em seguida veio correndo até mim e me abraçou. –Ótimo trabalho Isa, - Me afastou e me segurou pelos ombros - Você está bem? Eles fizeram um palco muito frágil eu fiquei muito preocupado com você e... O interrompi lhe dando um abraço apertado como fazia as vezes sem perceber. Edward sempre ficava sem ar quando eu fazia isso, mas depois sorria. Era involuntário eu simplesmente me jogava em cima dele. –Certo – Ele sorriu e me deu um tapinha nas costa – Que bom que não se machucou. Tanya abriu a boca num formato de O e balançou a cabeça negativamente. Cobra invejosa, sempre ficava com raiva quando nos via juntos, ela também era apaixonada por ele, mas eu não a culpava, quem não se apaixonaria por um homem lindo e maravilhoso como ele? Era impossível. Ao final de tudo Edward se ofereceu para me levar em casa, mas Tanya fez um dramalhão e o convenceu de que precisava de uma carona. Eu disse que estava tudo bem e que ia sair com Alice. Ele me deu um rápido beijo no topo da cabeça e saiu com Tanya grudada em seu braço me lançando um olhar de vitória. Alice e eu fomos até um barzinho lá perto de casa. Eu estava com muita raiva daquela vaca loira aguada que se jogava em cima do meu Ed o tempo inteiro. Bebi umas três doses de conhaque e já ia pra quarta quando Alice me lançou um olhar de repreensão. –Preciso dar um jeito nessa situação – Murmurei. –Você acha que ele se interessa por você? – Ela perguntou dando um gole na bebida. –Eu sinto que sim – Sorri e suspirei – Ele é tão gentil comigo.

–Ah Isabella me poupe – Alice revirou os olhos – Existem três tipos de mulheres para os homens: As bonitas que são um presente, as comuns que são um premio de consolação e as como você que são... Rejeitadas. Entendeu agora? Não estou te desmerecendo eu só não acho certo você sonhar tanto amiga, eu te amo tanto que me dói vê-la sonhar com um amor tão impossível assim. Isso só te fará sofrer e eu não quero isso. –Eu tenho uma intuição feminina Alice. –É só uma ilusão amiga. –Intuição vem da experiência e me diga: antes do Edward você já se apaixonou? Se eu já me apaixonei? Claro que sim. Em minha adolescência... Há muito tempo atrás...

Flashback on

–Oi Isabella – Jake disse se sentando na cadeira à minha frente. –Oi – Falei timidamente. –Vou direto ao assunto. Quando te contratei para ser minha assistente na venda de pílulas para emagrecer pensei que daria certo, mas você me enganou. Por que comprou a metade? Era para me ajudar a vendê-las e não comprá-las para si mesma. –Eu... Eu só queria ajudar. – Me senti um inútil quando descobri. Não é assim que você poderia ter me ajudado. Escuta – Ele segurou minha mão – Você é linda do jeito que você é e não precisa emagrecer nem ficar seca feito um osso para um homem se apaixonar por você. Tome aqui os seus cheques. Ele me entregou o envelope e saiu do restaurante. Nunca mais o vi depois daquele dia. Uma semana depois ele me enviou uma carta dizendo que gostava de mim e sabia que eu era apaixonada por ele, mas que não podíamos ter um relacionamento por motivos pessoais. É claro que era por minha aparência, ele era legal, mas no fundo sabia que namorar uma gorda não era nada atraente. Naquele dia resolvi que nunca mais ia comer e iria perder peso. Tomei quase todas as pílulas e o resultado foi uma ambulância na porta da minha casa. É eu quase morri. Naquela noite eu aprendi que não havia nascido pra fazer dieta e... E nem ser amada

Flashback off

–Isabella? – Alice me gritava passando a mão em meus olhos. Só então acordei da lembrança. –Oi? –Acho que já bebeu demais, vamos embora. Ela me ajudou a levantar e caminhamos em direção ao meu prédio. Então passamos em frente à uma loja de roupas e parei para olhar a vitrine. Havia um manequim com um lindo vestido rosa bebê, como eu queria poder comprá-lo para mim. Era uma tentação. –Vamos embora querida – Alice me abraçou pelos ombros e caminhamos para o prédio. Despedimos-nos e eu entrei.

Meu apartamento seria um imenso vazio se não fosse a companhia de pingo, meu cachorrinho amado era a coisa mais fofa desse mundo. Sentei-me no sofá e o coloquei no meu colo adormeci em seguida. O rosto dele foi a primeira coisa que veio em meu sonho... A linda imagem do meu amor inalcançável.

Capítulo 2 - Festa

Numa manhã de sexta feira após acordar de uma longa noite de ensaios. Alice fora me buscar para irmos a um estúdio de tatuagem. Resolvemos fazer isso juntas, era como uma marca de amizade. Chegamos ao estúdio no shopping e várias pessoas ficaram me olhando, era um lugar bem sinistro por sinal. Aposto que pensavam “O que essa gorda quer tatuar? Um hambúrguer?”Idiotas, pensavam que somente eles tinham direito de fazer o que quiser, mas eu nem ligava já estava acostumada com as pessoas se metendo em minha vida e me julgando sem parar. –Bom dia Carl – Alice disse ao homem que terminava de tatuar uma serpente no braço de uma jovem. –E ai gatinha – Ele respondeu guardando a maquininha, um gelo me percorreu – Tomou coragem? –Pois é, minha amiga me convenceu. –Ah ela também vai encarar? – Ele perguntou me olhando e assenti – Ótimo e já sabem o que vão querer? –O símbolo da Hakuna Matata – Falei e ele me olhou sorrindo. –Aquela coisa lá do rei leão? –Não é “aquela coisa do rei leão” É um símbolo africano. Eles acreditam que esse símbolo realiza seus desejos mais profundos. –Se você está dizendo – Ele deu de ombros – E você Alice? Também escolheu esse? – Uhum – Ela sorriu – É o nosso sinal de amizade. –Ah, legal. Mas, acho que não o tenho aqui, vocês trouxeram o desenho? –Eu trouxe – Puxei o papel de dentro da bolsa e entreguei a ele – Aqui está. –Nossa – Ele exclamou olhando o desenho – Bem legal. –E aí? Vamos lá? – Alice me olhou de um jeito temeroso e agoniado. Eu sorri e assenti. Foi bem doloroso devo dizer, mas valeu à pena. Fizemos a tatuagem no quadril do lado direito. É claro que a da Alice ficou muito mais bonita já que sua pele era esticadinha e alva. Mas, eu estava feliz, era a primeira coisa que fazia somente por mim e também era um segredo meu, se tudo desse certo o meu Hakuna Matata faria o Edward se apaixonar por mim. Naquela mesma tarde voltamos para a gravadora, tínhamos um ensaio marcado. Chegamos e logos nos posicionamos do outro lado do estúdio, Edward apareceu atrás do vidro e acenou para mim em seguida sua voz soou linda e melodiosa no microfone. –Boa tarde meninas! Vamos começar o ensaio ok?

Logo a nova musica do álbum de estréia da Tanya começou a tocar e eu cantei, fiquei olhando Edward acompanhando a musica,como podia ser tão lindo? Suspirei e então desviei os olhos quando ele piscou para mim. Logo chegou o refrão e acabei me empolgando e cantei olhando pra ele... “Baby, baby i Love you, Love you much” Edward sorriu, sabe aquele tipo de sorriso que faz seu coração disparar e querer sair do peito? Pois é, foi esse mesmo. Ainda mais quando seus lábios se mexeram e ele cantou a ultima parte junto comigo. “Because You’re perfect to me” Em seguida a musica terminou e as meninas do coral bateram palma, ele também fez o mesmo e eu sorri sem graça. –Vamos dar um tempo galera – Ele disse pelo microfone e paramos o ensaio. Saí do pequeno estúdio e fui até onde ele estava. Peguei uma garrafinha de água e bebi um gole, notei que Edward me encarava de braços cruzados, será que eu havia feito alguma coisa errada? –Que foi? – Perguntei e ele franziu a testa. –Você está bem? – Ele perguntou, mas sua voz estava um pouco alterada – Preciso que cante com mais emoção Isa. Estamos repassando essa musica a dias e parece que você anda com a cabeça nas nuvens, meu deus! Ele suspirou e pegou minha garrafa de água bebendo tudo em um só gole me entregou o frasco vazio. Suspirei e corri meu dedo onde os lábios dele tinham acabado de tocar... Mesmo bravo ele era a coisa mais perfeita do mundo. Nem preciso dizer o que fiz com aquela garrafa não é? Eu a guardei junto com a o porta retrato com a foto dele em minha mesinha na sala de casa. Estúpido eu sei, mas qualquer coisa que pertencesse a ele era especial para mim. Na outra semana fizemos um show em Las Vegas estreando a nova música, todos adoraram. Logo se tornou o primeiro hit nas paradas de sucesso. A cada dia que passava a carreira de Tanya se tornava mais sólida e o meu amor por Edward cada vez mais forte. Ele era sempre atencioso comigo tanto antes quanto depois do show, sempre perguntava como eu estava me sentindo se estava cansada. Pelo monitor eu sempre o via fazendo sinais positivos para mim me incentivando a cantar e quando terminava jogava beijos. Estávamos voltando de um show na sexta feira do ultimo mês e Edward me levava para casa, mas pedi que ele desviasse o caminho, pois precisava ver uma pessoa. Como sempre ele não fez perguntas nem questionou apenas atendeu ao meu pedido, ele sempre dizia que faria qualquer coisa por mim, de certa forma se sentia culpado por eu não poder aparecer nos shows, como não amar um homem desses? Impossível! –O que está fazendo ai? – Ele perguntou desviando os olhos da direção e olhando os símbolos de hakuna matata que eu desenhava na minha partitura. –Nada demais... São só uns desenhos bobos. –Sabe, eu não entendo uma coisa – Ele disse mudando de assunto. –O que? –Todos dizem “Tanya está se esforçando, ela tem tentado muito” Mas, isso não importa. O importante é fazer bem – Ele olhou para mim e segurou minha mão – E você faz bem Isa. Eu só queria que eles reconhecessem isso. –O importante é que você reconhece Ed. Isso basta para mim. Eu queria muito ter dito que o amava naquele momento, queria dizer o quanto ele significava para mim. Era o momento ideal, a mão linda e suave dele tocava a minha fazendo minha pele queimar... O silencio no carro estava perfeito, seus olhos verdes lindos concentrados nos meus, tinha tudo pra dar certo se... Se não fosse o meu medo que me calou definitivamente. Edward gentilmente retirou sua mão para trocar a marcha do carro e em seguida estacionou.

–Acho que é aqui, pelo endereço que digitei no GPS. –É aqui mesmo – respondi um tanto decepcionada comigo mesma – Muito obrigada pela carona. – De nada. Vai visitar alguém? –É – sorri – Alguém que amo. –Ah – Ele arqueou a sobrancelha e sorriu de canto – É a mesma pessoa que te deu essa pulseira? Ele gesticulou para o meu amuleto que na verdade era um colar que o místico havia me dado. Será que... Será que ele estava com ciúmes? As chances de ele me amar como mulher eram tão mínimas, mas por que minhas esperanças aumentavam a cada segundo? –Bom – Sua voz me tirou do pensamento – Espero que seja alguém realmente legal. Tenho até pena de qualquer pessoa que a faça sofrer. Eu darei o troco com minhas próprias mãos. –Bom... Obrigada Ed. –Não precisa agradecer – Ele pegou minha mão e beijou – Você é minha melhor amiga e eu te adoro Isa. –Claro... sua melhor amiga – Sorri sem graça e lhe dei um beijo demorado no rosto. –Isa, amanhã é a festa do meu aniversário. Você vai não é? –Vou sim – respondi já me ajeitando – Com certeza. –Vou te esperar. Sai do carro antes que começasse a chorar na frente dele. Edward acenou e em seguida se foi, me deixando sozinha com a minha dor. Pelo menos ele gostava de mim, mesmo como amiga. Não era um conforto, mas era um mínimo consolo. Suspirei e entrei no sanatório, pois é agora vou explicar sobre aquele meu pai, lembra? Então, na verdade é o meu tio... O esposo daquela minha tia malvada que me criou infelizmente ele tem uma doença chamada Alzheimer e aquela bruxa o abandonou em um hospital psiquiátrico, na verdade era mais uma casa de recuperação. De certa forma foi melhor para ele, assim tem todo os tratamentos que precisa. Meu tio Marcus era estilista antes de ficar doente, isso foi há seis anos. Graças a Deus com o que eu ganhava da gravadora e do meu segundo emprego eu conseguia pagar um bom tratamento para ele. Marcus sempre foi muito bom comigo, ao contrário da tia Minerva, eu o amo como um pai e me dói muito vê-lo naquele estado. Entrei no hospital e fui até o quarto dele. Papai estava sentado na cama penteando o cabelo de uma de suas bonecas. –Boa noite – Falei me aproximando. –Olá querida, que bom que veio me ver. –O senhor está se lembrando de mim hoje? –Claro que estou. Não é você Minerva? –Sim querido. Sou eu. –Ah – Ele sorriu e veio até mim – Senti sua falta. Nós vamos dançar hoje? –Claro. Como sempre. Liguei meu celular e coloquei uma musica pra tocar. Papai e eu dançamos até a hora em que fui embora. Por diversas vezes ele se lembrava que eu era Isabella, mas logo esquecia e pensava que eu era a tia Minerva. Eu já estava habituada à sua condição mental e não me importava com seus lapsos de memória. Quando a gente ama uma pessoa, a gente deve cuidar dela... Não importa a situação.

Acordei na manhã seguinte com o sol forte ofuscando meus olhos. Havia chegado tão tarde que me esqueci de fechar as persianas. Levantei-me e tomei um banho rápido em seguida alimentei pingo. A noite teria de ir à festa de aniversário do Edward e não fazia ideia do que vestir era uma tragédia. Pensei em desistir, mas ele me ligou umas duzentas vezes confirmando minha presença, eu não podia deixá-lo na mão. Alice até que tentou me ajudar com suas dicas de moda, mas infelizmente os estilistas não se importam em fabricar roupas para pessoas gordas. O resultado foi um vestido florido. Fiz uma maquiagem leve e Alice me buscou. Havia muitos carros na entrada do salão, Edward era um homem muito conhecido e tinha muitos amigos. Descemos do carro e Alice segurou minha mão praticamente me arrastando para dentro, ela sabia o quanto eu estava insegura. –Vai dar tudo certo – Ela me garantiu. –Assim espero – Respondi. Entramos no salão e engoli em seco. Havia tanta gente que me dera até um ataque de pânico. Alice foi logo soltando a franga e se enfiando no meio da multidão me deixando sozinha parada na escada. Definitivamente ali não era o meu lugar. Várias mulheres lindas exibindo seus corpos esculturais em vestidos elegantes e eu ali... Uma gorda vestindo um vestido florido cafona. –Olha quem resolveu aparecer – Tanya disse vindo até mim com uma taça de champagne na mão – Fico feliz em vê-la. –É... Mas, eu acho que vou voltar para casa. –Mas, por quê? A festa mal começou. –Não estou me sentindo bem. –Ah que isso querida – Ela sorriu enlanguescendo seus lábios pintados de vermelho – Só porque pegou emprestada a capinha do botijão de gás? Nossa Isabella que mau gosto... Esse vestido é tão feio que merecia ir para o livro dos recordes. Abaixei minha cabeça sentindo lágrimas se acumularem em meus olhos, Tanya gargalhou alto, mas calou-se imediatamente. –E você merecia ir pra lá por ser a pior cantora do mundo – Edward disse surgindo atrás dela. –Ed. Edward eu só estava brincando. –Pois não brinque – Ele se pôs ao meu lado abraçando meus ombros – Isabella não merece isso. –Desculpe. –Não é a mim que deve pedir desculpas – Edward ergueu meu queixo fazendo-me olhar para a loira aguada. –Desculpe Isabella – Ela disse de mau gosto em seguida saiu rebolando. –Não sei o que faço com ela. Às vezes sinto vontade de esganá-la. –Acho melhor eu ir embora Edward não quero te fazer passar vergonha. –Se você for embora eu acabo a festa aqui mesmo – Ele falou e não havia tom de brincadeira em sua voz – Venha se divertir e não ligue para os outros, você é minha convidada de honra. –Ta – Sussurrei e ele sorriu me ajudando a descer as escadas. Edward ficou praticamente a festa inteira ao meu lado deixando muitas, alias, todas aquelas mulheres com inveja. É claro que eu sabia que era apenas porque eu era sua melhor amiga e ele estava com medo que alguém me humilhasse e eu quisesse ir embora, mas eu não ligava. Estar com ele era sempre bom em qualquer situação.

–Você quer dançar? – Ele perguntou bem próximo ao meu ouvido. –Eu... Eu não sei... –Ah todo mundo sabe dançar... Venha – Ele me puxou pela mão. Não havia como negar, o toque dele me deixava mansa. Edward me arrastou até a pista de dança onde muita gente dançava uma musica agitada. Mas, assim que chegamos o som mudou... Uma musica lenta começou a toca e os casais foram se aconchegando uns aos outros. It's undeniable that we should be together, it’s unbelievable how I used to say that I'd fall never, the basis you need to know, if you don't know just how I feel Ficamos parados no meio do salão nos encarando sem saber o que fazer. Então Edward me puxou para junto de si colando nossos corpos. Colocou minhas mãos em seus ombros e embalou minha cintura... Bom, meu projeto de cintura. Ele era muito mais alto do que eu, mesmo assim eu conseguia enxergar o fundo dos seus olhos que me olhavam com tanta ternura e carinho. Quando a música chegou ao refrão ele começou a cantar ainda me olhando... ― One... you're like a dream come true… Two... just wanna be with you Three... girl it's plain to see that you're the only one for me … And Four... repeat steps one through three… Five... make you fall in love with me… If ever I believe my work is done then I start back at one

Não sei dizer ao certo como me senti naquele momento. Será que Edward tinha noção do que aquelas palavras significavam? Eu daria qualquer coisa pra que fosse verdade. O que eu mais queria no mundo era que ele me amasse, não tanto quanto eu pois seria impossível alguém amar tanto uma pessoa como eu o amava, mas pelo menos um pouquinho, uma nesga de amor. Porém eu sabia que para ele eu jamais seria mais que sua melhor amiga... A gordinha conselheira e divertida que lhe tirava do tédio. Será que ele sabia que era o meu sonho verdadeiro? Que eu só queria estar com ele? Que ele era o único para mim? Que eu queria que ele se apaixonasse por mim? É claro que não, jamais saberia... Quando me dei conta a musica já havia terminada e eu continuava presa a ele, me negava a deixá-lo ir. –Edward – Falei, sussurrando procurando alguma coragem no fundo da minha alma – Eu... Eu te amo. Foi mais natural do que pensei. Naquele momento havia tirado um peso enorme de cima de mim, esperei por sua reação por um tempo então ele sorriu e me abraçou. –Eu também te amo Isa. Eu já disse isso muitas vezes. –Eu sei, mas é... –É o que? –Deixa pra lá – Suspirei, era inútil – Quero te dar uma coisa, um presente. –Ah, não precisa. –Eu quero. –Tudo bem então. Tirei o colar do meu braço e entreguei a ele. –Isso não é uma pulseira é um colar, mas não cabe no meu pescoço. A pessoa que me deu disse que era pra dar sorte e agora quero que fique com ele – peguei sua mão e o coloquei lá. –Ah Isa eu não posso aceitar... –Por favor... É um presente.

–Ok – Ele beijou o colar e o colocou no bolso –. Muito obrigada, você é realmente incrível. Olha, eu quero te perguntar uma coisa. –O que? –Eu estou afim de uma mulher, mas eu não tenho certeza se ela sente o mesmo por mim... O fato é que eu queria saber se eu devo chegar nela ou não. –Quem é essa garota? Não sei por que, mas meu coração idiota se apertou e fisgou uma ponta de esperança. –Adele... Ele falou outras coisas e até apontou para uma ruiva que estava sentada no bar, mas eu não ouvi mais nada. Minha garganta se apertou e pensei que ia morrer. Mas, precisei disfarçar e ser forte, não era o momento de desabar. O aconselhei a ir até ela e dizer o que sentia e foi isso que ele fez. Eu não o culpo, Edward nem desconfiava do que eu sentia por ele caso contrário jamais faria isso. Ele pensava que eu o amava como um amigo e por isso pedia meus conselhos. O pior é que eu sabia que aquelas garotas só estavam com eles por interesse e nenhuma delas nunca o fazia feliz. Sai da pista de dança e o vi se aproximar do bar puxando conversa com a tal Adele. Logo os dois saíram de mãos dadas e foram dançar agarrados, preciso dizer que eles se beijaram? Pois é. Aquilo era demais pra mim. Sai do salão e peguei um táxi voltando para casa. Já não tinha mais lágrimas para chorar, o pior de tudo é que no outro dia teríamos outra festa da gravadora e eu tinha que ir. Sentei-me no sofá e pingo se aconchegou no meu colo. Meu coração doía tanto que parecia que ia explodir... A dor era tão forte que me fez gemer e ranger os dentes. Maldita hora em que fui nascer... Maldita hora em que vim ao mundo para vê-lo nos braços de outra. Maldita hora em que tive a oportunidade de lhe declarar o meu amor e não aproveitei. Maldita hora em que fui me apaixonar por Edward Cullen. Você já amou tanto uma pessoa que mal consegue respirar quando está perto dela? Essa pessoa já roubou seus sonhos todas as noites? Você não consegue parar de pensar nela um segundo sequer do seu dia? Se a resposta for sim deve saber como me sinto. Mas, nem sempre o amor trás benefícios, pois não existe dor pior do que a de amar e não ser correspondido. Ele me amava, mas não era o suficiente para mudar coisa alguma, o amor de Edward só servia para me ferir e me machucar, mesmo assim eu não conseguia esquecê-lo e nem queria, pois enquanto o mundo girasse, enquanto as estrelas brilhassem, enquanto existisse uma vida eu iria amá-lo.

Capítulo 3 - Humilhação Acordei com os olhos inchados de tanto chorar. Patética, feia, idiota... Era assim que eu me sentia naquela manhã. Como o amor podia doer tanto? Parecia que uma faca estava fincada bem funda no meu coração e cada vez que eu pensava em Edward parecia que ela era ainda mais enterrada. Levantei-me de má vontade e tomei um banho, preparei um almoço, mas, joguei tudo fora não tinha animo para comer. Sentei-me no sofá e comecei a assistir a um filme na HBO com pingo ao meu lado. Estava sentindo-me um caco humano. Felizmente algum tempo depois Alice chegou com sua alegria de sempre para me salvar. Ficamos conversando sobre várias coisas até que a campainha tocou e um homem do serviço de correio me entregou uma caixa. Voltei para dentro do apartamento e a coloquei em cima da mesinha de frente para o sofá. –O que é? – Alice perguntou eufórica. –Não sei ainda não abri. –Nossa que mau humor – Ela sorriu e se abaixou para pegar o bilhete – Hmm parece que é do Edward. –Do... Do Edward?

–Uhum – Ela me entregou o bilhete que dizia:

“Isa, estou tão agradecido pelo seu trabalho que resolvi lhe presentear com essa humilde lembrancinha, espero que goste. Beijos Edward. Ps: Te espero na festa hoje a noite, não se esqueça.

–Que fofo – Alice disse suspirando – Ele é mesmo um amor, ande abra o presente. Meu humor melhorou na mesma hora. Ele havia pensado em mim e me mandado um presente. Abri a caixa muito animada e me deparei com um vestido imenso de princesa, na verdade era uma fantasia. Todos haviam decidido que ao invés do clássico Black Tie, nós faríamos uma festa à fantasia. –Poxa que legal – Alice disse analisando o vestido – Você vai ficar linda amiga. –Acha mesmo que devo ir à festa? –Claro que sim. Ainda mais depois desse presente! Bom, eu já vou indo porque preciso passar na loja pra buscar minha fantasia. –Você vai de chapeuzinho vermelho não é? –Na verdade – Ela calçou as sapatilhas e enrolou o cachecol no pescoço – Eu vou de garota da capa vermelha. –Não é a mesma coisa? –Claro que não – Ela revirou os olhos – É uma versão muito mais macabra e sensual. –Mas a garota da capa vermelha não é loira e tem olhos claros? –A atriz é assim e eu não vou fantasiada de “Amanda Seyfield”. –Tudo bem – Levantei as mãos, rendida – Tenho certeza que você sabe o que faz. –Sem duvidas – Ela sorriu e pegou a bolsa – Você sabe de que o Edward vai fantasiado? –Ele não me contou. –Acho que ele fica gostoso com qualquer fantasia – Ela gargalhou – Estou só brincando não fique com ciúmes. –Vá embora logo – Falei sorrindo abrindo a porta. –Até mais tarde. Não se esqueça de ficar linda – Ela piscou e saiu do apartamento. “Ficar linda”, aquilo parecia até uma piada. Como uma gorda feia e sem graça poderia ficar linda de princesa? Impossível. Suspirei e me joguei no sofá, a depressão me invadindo novamente. Acabei pegando no sono e acordei com o barulho de pingo latindo. Olhei para fora e pela janela vi que já estava escuro. Dei uma bisbilhotada no relógio e vi que já passava das sete, ou seja, eu estava mais que atrasada. Corri para o chuveiro e tomei um banho. Vesti a fantasia e me encarei no espelho. Nem tinha percebido que a princesa era na verdade a cinderela. Uma fantasia bonita, sem dúvidas Edward tinha bom gosto. Tentei colocar alguma animação no rosto e parti para a festa. O salão estava perfeitamente decorado com um clima exótico. Não dava pra dizer ao certo qual tema foi escolhido, pois a variedade era imensa. Várias pessoas desfilavam com suas diversas fantasias, uma musica eletrônica tocava fazendo algumas pessoas dançarem animadas na pista de dança. Logo percebi Alice no meio da multidão com sua fantasia ultrasexy de chapeuzinho vermelho ou garota da capa vermelha, tanto faz. Ela acenou para mim e em seguida foi arrastada por

um homem vestido de zorro para a pista de dança. Sorri e adentrei ainda mais no salão, meus olhos buscando por Edward e então o vi... Perto do DJ, ele estava fantasiado de Jack Sparrow, uma versão linda do protagonista do Piratas do Caribe e sabe de uma coisa? Eu sempre fui louca pelo capitão Jack, meu coração quase parou naquele momento. Ele me percebeu parada ali e veio caminhando até mim encarnado no personagem. –Milady – Ele disse se abaixando formalmente pegando minha mão e beijando-a. –Oi – Falei timidamente – Adorei sua fantasia. –Eu sabia que ia gostar – Ele sorriu – Ainda me lembro do quanto falava que amava o capitão Jack Sparrow e eu também o acho muito hilário, por isso decidi usar a fantasia. –Está igualzinho – Falei analisando-o – Está até de lentes negras. –Tinha que parecer original. Claro que não chego aos pés do Johnny Depp. –Que isso – Você é muito mais lindo ― completei em pensamento – Está perfeito. –Vamos nos divertir muito hoje – Ele deu uma dançadinha – A festa está animada. –Pois é. E aquela mulher não veio com você? –Ah não deu certo com a Nadia – Ele suspirou – Ela só queria diversão. As mulheres de hoje não querem compromisso sério Isa. Elas se aproveitam dos bons modos e sentimentos de nobres cavalheiros. São traiçoeiras! Na verdade são idiotas, como uma mulher podia ter Edward Cullen ao seu lado e o usá-lo como diversão? Como alguém podia ter coragem de desprezar seu amor e carinho? Somente uma louca mesmo. –Nossa! Como vocês estão lindos – Alice disse vindo até nós – Adorei a fantasia de Jack Sparrow. – Capitão Jack Sparrow! – Corrigimos juntos e Edward sorriu. –Isso mesmo – Ela gargalhou – Vou ali resolver um assunto inacabado e já volto. –Ok. Alice saiu e Edward me puxou para o meio da festa. O toque dele produzia pequenas ondas elétricas que percorriam todo o meu corpo e fazia meu coração saltar e palpitar com emoção. –Estamos tão felizes com o lançamento do novo Cd. Está sendo um sucesso acho que merecemos essa festa. –Sem dúvidas. –Mas, você sabe que a maior merecedora é você não é? – Ele segurou minha mão – Sem você, nenhum de nós poderia estar aqui hoje. –Edward... – Sussurrei sentindo uma emoção imensa tomar conta de mim. –Você é incrível – Ele sorriu iluminando seu rosto me deixando ainda mais apaixonada - Vou buscar alguma coisa pra gente beber – Ele disse saindo. –Quero uma coca – Gritei para ele e sorri do jeito como ele andava imitando o capitão. –Uma coca? – Ouvi uma gargalhada atrás de mim – Jura? Que tipo de garota tem Edward Cullen se dispondo a pegar umas bebidas e pede coca? Quantos anos você tem? Cinco? Virei-me para dar uma boa resposta, mas congelei quando vi a loira aguada com a mesma fantasia que a minha. Meus olhos se encheram de lágrimas quando vi Tanya com a fantasia de Cinderela, uma versão muito mais sexy e bonita que a minha é claro. Ao contrario de mim ela usava um sapato de cristal de salto, um vestido mais curto e um penteado que combinava com a coroa, sem contar a maquiagem bem feita.

–Por que está com a mesma fantasia que eu? – Perguntei sentido a voz embargada. –Não querida – Ela balançou o dedo – Você está com a mesma fantasia que eu, a minha foi um presente. –Presente? – Sussurrei já sentindo o choro sufocando minha garganta. –Sim – Ela me analisou – Presente do Edward. Senti uma pontada no coração... Ele havia dado o mesmo presente para nós duas? Com que propósito? Não... Ele não faria uma coisa dessas, não comigo! –Trouxe as bebidas – Edward disse me entregando um copo. –Olá Edward – Tanya disse. –Oi – Ele respondeu surpreso – Está bonita. –Obrigada pelo presente. Adorei a fantasia. –Não precisa agradecer – Ele respondeu sorrindo. Então era verdade? Ele realmente havia feito aquilo? –E você Isa? Também está bonita. Tanya gargalhou alto, parecia uma daquelas bruxas de filmes de terror. –Acho que Isabella se enganou de fantasia – Ela falou debochada – Acho que deveria ter vindo de abóbora. Sinceramente nenhuma princesa é tão... Volumosa assim. Veja o salão, temos Brancas de neve, Belas adormecidas – Ela apontou para si mesma – Cinderela... Mas, nenhuma com esse porte físico. –Podemos conversar um instante a sós Tanya? – Edward disse puxando-a pelo braço. Ele a levou até o outro lado do salão, mas antes ela me lançou um olhar de desprezo e ironia. Pensei em sair correndo, mas assim que me preparei para a saída senti Alice segurando meu braço. –Não vá – Ela me disse com um olhar severo – Não dê esse gostinho à ela. Não sei o que aquela cobra te disse, mas não pode deixá-la vencer Isabella! –Me deixe Alice... –Não – Ela me abraçou – Eu os vi entrando no banheiro masculino. Vá até lá e fale umas verdades. Diga a Tanya que ela depende de você que sem você nem ela nem ninguém dessa gravadora teria emprego. Humilhe-a também Isabella! –Acha que eu deveria? –Claro que sim. Vá. Alice me empurrou e eu resolvi que estava na hora de colocá-la em seu lugar. Mesmo insegura caminhei até o banheiro masculino disposta a entrar lá e acabar com a raça dela, mas minha mão congelou na maçaneta quando comecei a ouvir a conversa. –Como pode ser tão estúpida Tanya? – Ouvi a voz de Edward e colei o ouvido na porta pra escutar melhor – Achou mesmo isso engraçado? Você nunca aprende! Eu quero fazer isso dá certo, mas você não está ajudando. Está com saudades de ser uma desempregada? –Aquela vadia me enche o saco – Ela respondeu com voz manhosa. –Então por que você não canta no lugar dela? Eles ficaram em silencio por um momento então Edward voltou a falar...

–Você realmente acha que gosto dela? Você sabe o quanto ela é importante para nós. Deixe-a em paz! Seja grata porque a temos trabalhando para nós. –Quero ensiná-la uma lição. Para que aprenda seu lugar no mundo! –Me devolva às chaves do carro e da casa, em seguida rasgue nosso contrato e ai poderá ensinar uma lição à ela. Caso contrário, nada feito – silencio – Por que está chorando? – Ele sorriu – Isabella é quem deveria estar chorando, ela é talentosa, mas horrorosa e gorda, você não tem talento, mas é linda e sexy. Você tem tudo nas mãos Tanya. Ela só existe por você! Escuta: só estamos usando ela, entendeu? Então seja gentil é o mínimo que pode fazer. Sem ela tudo estará perdido. Isabella jamais será linda como você! Ser feia e gorda daquele jeito já é uma punição maior do que você poderia planejar então a esqueça! É difícil descrever a dor que senti naquele momento. Sabe as facas? Elas já não faziam efeito por que aquele tipo de dor era de amor não correspondido, mas no fundo eu ainda tinha esperanças e isso ajudava a amenizá-la. Mas, aquela era diferente... Era a dor da traição, da desilusão, da decepção... Do desespero. A sensação era que meu corpo inteiro estava em chamas, queimando e rasgando-me por dentro. Imagine quando você toca o lado errado de uma chapinha quente, logo a reação instintiva é largá-la não é? A sensação que eu tinha era a mesma: A de estar tocando uma chapinha quente com o meu coração a única diferença é que não dava pra largar. A dor não queria me abandonar, pelo contrário a cada segundo parecia aumentar. Sai de perto do banheiro me apoiando nas paredes, o chão parecia ter sumido e tudo parecia estar em câmera lenta... Girando e girando deixando-me nauseada. Eu nem sequer conseguia chorar, minha garganta estava tão seca quanto osso velho e minha respiração estava tão pesada que parecia que meus pulmões iam se arrebentar de dentro para fora. Não sei como consegui chegar a casa. Só sei que algum tempo depois estava girando a maçaneta de meu apartamento. Entrei e pingo veio pulando em mim, mas logo sossegou quando percebeu que eu não estava bem. Senteime no sofá e fiquei encarando o vazio... Ele realmente tinha dito tudo aquilo sobre mim? Todo aquele tempo em que vivíamos uma amizade pura era mentira? Ele ria de mim junto com todos da gravadora pelas costas? Eu não me importava quando diziam barbaridades ao meu respeito, mas Edward não... Ele não... Todo mundo menos ele. Percebi então o que fiquei negando a mim mesma todo aquele tempo: Edward nunca me amaria. De repente a dor dilacerou meu coração jogando-o em um moedor de cana. Agarrei a almofada e exalei um grito de dor tão forte e profundo que senti minha garganta arder... Meus olhos transbordaram as lágrimas como se através deles eu expulsasse toda a água que havia em meu organismo. Eu queria morrer... Queria nunca ter nascido. A dor era tão grande que me impedia de respirar, de raciocinar... Eu só queria sumir... Para sempre. Desde o dia em que o olhei nos olhos sonhei com uma vida a seu lado. Imaginávamos como um só corpo e um só coração, ele era minha esperança... Edward era tudo para mim. Sem ele eu me sentia como folhas jogadas ao vento, meu amor era tão grande que não podia ser medido nem comparado. Mas, naquela noite meus olhos foram abertos para a dura realidade em que ele era como o sol para mim: Inalcançável. Eu sempre estive ocupada demais, sonhando, planejando e não parei pra pensar se aquele sentimento que eu nutria um dia poderia ser correspondido. Ele não era uma má pessoa, nunca foi. Edward apenas me enxergava como sua amiga e nada mais. Ele jamais seria meu... Como eu poderia viver sem o meu amor? Como eu poderia viver sem a minha vida? Edward era o ar que eu respirava e amá-lo era o que me motivava a levantar todas as manhãs e enfrentar o mundo, mas agora eu não tinha mais nada... A esperança se foi e em seu lugar ficou um imenso vazio doloroso. Naquela noite chorei tanto que já não havia mais lágrimas. Eu não culpava Edward por ter dito aquelas coisas. Eu era mesmo uma gorda feia e jamais teria seu amor. Ele era lindo, jovem e especial... Merecia alguém à altura. A única culpada era eu... Isabella Swan, a gorda horrorosa que vivia metendo os pés pelas mãos. Ninguém além de mim podia ser culpado por aquele sofrimento. Já passava das quatro da manha, Alice me ligou umas trezentas vezes, mas não atendi. Certamente ela estava preocupada, mas eu não me importava com mais nada. Algum tempo depois Billy me ligou também, estava desesperado tentando falar comigo. Acabei atendendo... Talvez eu me animasse com suas loucuras. Foi então que me ocorreu àquela ideia. Billy era cirurgião plástico, ele já deixara muitas mulheres feias lindas e se orgulhava disso. Ele podia ser minha esperança... Billy podia ser minha salvação. Pedi o endereço de seu consultório e ele me deu sem questionar. Arrumei minhas malas para viajar até Chicago. A parte mais difícil foi decidir o que fazer com pingo, eu não

poderia levá-lo. A única pessoa em que eu confiaria seria Alice e por isso o deixei na porta da casa dela. Em seguida fui até a casa de Edward e lhe deixei uma carta. Quando o taxista me perguntou “para onde agora?” Respondi que íamos para o aeroporto. A gorda horrorosa e feia jamais voltaria a existir, eu sabia que cirurgia plástica e redução de estomago eram procedimentos perigosos. Mas, eu não me importava com mais nada, nem que eu morresse numa mesa de cirurgia eu deixaria de tentar apagar tudo aquilo que me fez sofrer... Quando o avião decolou olhei pela janela vendo a cidade desaparecer e jurei que a gorda horrorosa não existiria mais, pois naquele momento eu estava deixando Isabella Swan para trás.

Capítulo 4 (Bônus) - Ela se foi... Pov Edward

Passei horas vagando de loja em loja procurando alguma fantasia para ir à festa até que bati meus olhos na roupa do Capitão Jack Sparrow. Na mesma hora soube que devia ser ela. As memórias da maratona de piratas do caribe que assisti com Isabella me vieram à mente, ela simplesmente amava aquele filme e seria uma ótima surpresa quando me visse vestido com aquela fantasia. Também comprei uma fantasia de Cinderela que Tanya me pedira. Ela havia me dito que não teria tempo de sair e comprar. Voltei para casa e enviei a roupa dela pelo correio. Cheguei ao apartamento e joguei as chaves em cima da mesinha. Fui para o quarto e deitei-me um pouco, estava muito cansado. Olhei para o criado mudo e vi a foto que tirei com Isabella na nossa primeira Turner. Ela era uma moça tão doce e meiga e eu tinha orgulho de ser seu amigo. Isabella era a única pessoa em que eu confiava de verdade, a única com quem eu compartilhava meus segredos mais profundos... Ela era tudo pra mim. Sorri ao lembrar o jeito como ela me abraçava quando estava empolgada. Ela pulava em cima de mim num abraço de urso apertado quase me sufocando e do jeito que seu rosto ficava vermelho quando eu a elogiava, Isabella era simplesmente linda. À noite terminei de me arrumar e fui para a festa. Muitas pessoas já estavam presentes dançando e se divertindo. Fui cumprimentar meu amigo que estava trabalhando de DJ naquela noite e algum tempo depois vi Isabella chegando. Ela estava muito bonita com a fantasia de Cinderela? Será que ela tivera a mesma ideia de Tanya? Sorri com o pensamento e fui caminhando até ela. Como supus Isabella ficou encantada com a fantasia seus olhos brilhantes revelavam que ela realmente se agradou. –Milady – Falei me abaixando e beijando sua mão. –Oi – Ela respondeu timidamente – Adorei sua fantasia. –Eu sabia que ia gostar – Sorri – Ainda me lembro do quanto falava que amava o capitão Jack Sparrow e eu também o acho muito hilário, por isso decidi usar a fantasia. –Está igualzinho – Ela falou me analisando – Está até de lentes negras. –Tinha que parecer original. Claro que não chego aos pés do Johnny Depp. –Que isso – Ela deu uma pausa – Está perfeito. –Vamos nos divertir muito hoje – Falei dando uma dançada – A festa está animada. –Pois é. E aquela mulher não veio com você?

–Ah não deu certo com a Nadia – Suspirei me lembrando daquela bandida– Ela só queria diversão. As mulheres de hoje não querem compromisso sério Isa. Elas se aproveitam dos bons modos e sentimentos de nobres cavalheiros. São traiçoeiras! Isabella ficou calada pensativa... Seus olhos serenos me olhando de um jeito estranho. –Nossa! Como vocês estão lindos – Alice disse vindo até nós – Adorei a fantasia de Jack Sparrow. – Capitão Jack Sparrow! – Isabella e eu corrigimos juntos e eu sorri. –Isso mesmo – Ela gargalhou – Vou ali resolver um assunto inacabado e já volto. –Ok. Alice saiu e puxei Isabella gentilmente para o meio da festa. Era muito bom tê-la ali e queria muito que ela se divertisse, afinal, sem ela aquela festa nunca teria acontecido. –Estamos tão felizes com o lançamento do novo Cd. Está sendo um sucesso acho que merecemos essa festa – Falei e ela assentiu. –Sem dúvidas. –Mas, você sabe que a maior merecedora é você não é? – Segurei sua mão – Sem você nenhum de nós poderíamos estar aqui hoje.

–Edward... – Isabella sussurrou meu nome baixinho. –Você é incrível – Completei a frase e sorri carinhosamente para ela- Vou buscar alguma coisa pra gente beber – Falei e segui para o bar. –Quero uma coca - Ela gritou e ainda ouvi sua risada quando imitei o jeito de andar do Capitão. Eu adorava o som do riso dela, parecia um daqueles bebes fofos que sorriem fazendo barulhinho. Fui até o bar e pedi dois refrigerantes, eu sabia que Isabella não bebia nada que contivesse álcool e eu respeitava isso, portanto não iria ingerir nada diferente do que ela me pedira. –Aqui o pedido – O garçom disse me entregando dois copos grandes. Bebi um pouco do meu e voltei para onde ela estava. –Trouxe as bebidas – Entreguei o copo a ela. –Olá Edward – Tanya disse. –Oi – Respondi surpreso pelo fato de as duas estarem com a mesma fantasia – Está bonita. –Obrigada pelo presente. Adorei a fantasia. –Não precisa agradecer – Respondi sorrindo, mas minha vontade era de matá-la - E você Isa? Também está bonita. Tanya gargalhou alto sendo a mesma cobra de sempre. Por que ela insistia em humilhar Isabella daquele jeito? Aquilo me irritava profundamente! –Acho que Isabella se enganou de fantasia – Ela falou debochada – Acho que deveria ter vindo de abóbora. Sinceramente nenhuma princesa é tão... Volumosa assim. Veja o salão, temos Brancas de neve, Belas adormecidas – Ela apontou para si mesma – Cinderela... Mas, nenhuma com esse porte físico. –Podemos conversar um instante a sós Tanya? ―

Falei puxando-a pelo braço não economizando na força. Que porcaria ela tinha na cabeça? Como tinha coragem de pisar em Isabella como se ela fosse um inseto? Mas, eu ia colocá-la em seu lugar... Ah se ia. Empurrei-a para dentro do banheiro e fui direto à pia jogando um pouco de água no rosto e enxugando com uma toalha de papel precisava esfriar a cabeça. Encarei-a pelo espelho não me importando em esconder minha indignação. –Foi você que mandou aquela fantasia para ela não foi? Para humilhá-la! –Por que acha que fui eu? –Poupe-me de seu cinismo Tanya – Suspirei – Você não perde uma oportunidade para magoá-la! –Se vai ficar aqui me acusando prefiro deixá-lo falando sozinho. Virei-me para ela apertando minhas mãos em punhos fortes. Se eu não tivesse escrúpulos nem moral podia dar-lhe uma surra bem ali, mas como sou um cavalheiro decidi fazer aquilo da maneira mais civilizada possível. O que eu estava prestes a dizer doía no fundo do meu coração, mas Tanya não ia parar de perturbar Isabella até ter certeza que eu não gostava dela também. Eu tinha certeza que sua implicância era na verdade ciúmes. Ela já me confessara seu amor várias vezes e odiava minha amizade com Isabella, como Tanya não tinha uma mente madura o suficiente eu precisaria ser persuasivo e mentiroso para convencê-la a deixar Isabella em paz.

–Como pode ser tão estúpida Tanya? – Falei me aproximando dela devagar - Achou mesmo isso engraçado? Você nunca aprende! Eu quero fazer isso dá certo, mas você não está ajudando. Está com saudades de ser uma desempregada? –Aquela vadia me enche o saco – Ela respondeu com voz manhosa alisando meu peito. –Então por que você não canta no lugar dela? – Falei sorrindo de canto, bingo! Ela fechou a cara e cruzou os braços. Ficamos em silencio e então voltei a falar sentindo o peso daquelas palavras. Jurei a mim mesmo que jamais repetiria aquilo novamente, pois se Isabella as ouvisse eu jamais me perdoaria. Mas, pelo seu bem eu precisava fazer Tanya acreditar que ela não significava nada para mim. ― Você realmente acha que gosto dela? Você sabe o quanto ela é importante para nós. Deixe-a em paz! Seja grata porque a temos trabalhando para nós. –Quero ensiná-la uma lição. Para que aprenda seu lugar no mundo! – Ela disse com ódio. –Me devolva as chaves do carro e da casa, em seguida rasgue nosso contrato e ai poderá ensinar uma lição à ela. Caso contrário, nada feito. Tanya ficou em silencio sua respiração acelerada logo começou a soluçar. – Por que está chorando? – Sorri e senti vontade de me matar por dizer aquela mentira, mas eu não podia voltar atrás – Isabella é quem deveria estar chorando, ela é talentosa, mas é horrorosa e gorda; você não tem talento, mas é linda e sexy. Você tem tudo nas mãos Tanya. Ela só existe por você! Escuta – Limpei uma lágrima de seu olho - Só estamos usando ela, entendeu? Então seja gentil é o mínimo que pode fazer. Sem ela tudo estará perdido. Isabella jamais será linda como você! Ser feia e gorda daquele jeito já é uma punição maior do que você poderia planejar então a esqueça! –Você realmente não gosta dela? – Ela perguntou soluçando. –Não – Menti – Ela é só um negócio para mim. –Ah Edward – Ela me puxou e me abraçou – Fico tão feliz em saber disso. Fechei os olhos e respirei fundo. Minha vontade era de empurrar Tanya para longe de mim. Mas, por Isabella eu agüentaria aquela mentira e seria forte o suficiente para não deixar que ninguém no mundo a machucasse. Pelo menos com aquela afirmação Tanya largaria de seu pé e ela não sofreria mais.

Saímos do banheiro e procurei Isabella por todos os cantos da festa, mas, ela já tinha ido. Em seu lugar eu também teria feito o mesmo, era difícil sofrer uma humilhação daquelas e ainda permanecer firme. Ela era uma menina bondosa e amável não merecia o que aquela desgraçada da Tanya fizera com ela. Senti vontade de ligar ou ir atrás dela, mas achei melhor deixá-la sozinha. Isabella não gostava de dividir seus problemas com ninguém. Mas, eu também não quis ficar na festa, não tinha mais clima. Voltei para casa e me joguei no sofá minha cabeça estava uma bagunça danada. Ainda estava com raiva de mim mesmo por ter dito aquelas barbaridades, mesmo que não fosse verdade. Eu jamais pensaria uma coisa daquelas, jamais desrespeitaria minha melhor amiga, a pessoa mais importante da minha vida. Acabei adormecendo ali mesmo, perdido em meus pensamentos. Na manhã seguinte acordei e me arrumei para ir até o escritório, chequei minha caixa de correi e vi uma carta. No instante em que toquei nela senti um aperto no coração... Uma intuição de que algo ruim estava prestes a acontecer. Voltei para dentro de casa e sentei-me no sofá. Abri a carta e logo conheci a letra bem desenhada e perfeita de Isabella... “Querido Edward, estou indo embora para sempre. Fiquei pensando muito e decidi que não quero mais cantar embaixo de um palco a vida inteira. Sinto muito por deixá-lo assim, mas eu quero fazer uma coisa diferente... Conhecer outros lugares, viver outra vida. Você é uma pessoa incrível e me ajudou muito, sou grata por isso. Por favor, não acabe com sua carreira por mim, sei que podem encontrar outra cantora para a gravadora. Não me procure mais é meu ultimo pedido. Um beijo... Isabella”

Precisei de vários minutos para recuperar o fôlego, li e reli a carta umas dez vezes para constatar que aquilo tudo era real. Liguei para o celular de Isabella milhares de vezes, fui até seu apartamento e não havia sinais de seu paradeiro, ela realmente tinha ido embora. Quando convoquei a reunião para comunicar que ela havia partido todos ficaram desesperados. Phill implorou para que Alice nos contasse para onde ela havia ido, mas ela estava tão desinformada quanto nós. Isabella realmente não queria ser encontrada. Várias semanas se passaram e ela nunca nos deu noticias, nem um e-mail, nem um telefonema nem nada parecido. A carreira de Tanya foi por água a baixo e tivemos que inventar um acidente no qual ela perdera completamente a voz saindo de vez do mundo da musica. Ela estava juntando suas coisas no camarim da gravadora quando cheguei. Escorei-me na soleira da porta e ela me olhou enxugando as lágrimas. –Deve estar pensando “eu te avisei” – Ela disse imitando minha voz – E quer saber? Não to nem ai! –Jura? – Perguntei sarcástico – Então porque está chorando?

–De raiva! – Ela jogou um livro contra a parede e gritou – Por que aquela gorda horrorosa foi fazer isso conosco? O meu sangue ferveu na mesma hora, como ela se atrevia a falar aquilo dela? Fui até ela e a agarrei pelos pulsos segurando com força.

–A culpa disso tudo é sua – Olhei-a no fundo dos olhos – Você e todos esses desgraçados dessa gravadora a humilharam tanto que nem sei como a pobrezinha aguentou. Aposto que esse foi o motivo de ela ter ido embora! –Está me machucando Edward... –É pra machucar mesmo – Falei com ódio e senti uma lágrima caindo de meu olho – As coisas que você dizia a ela machucavam bem mais que isso! –Está chorando? – Ela perguntou incrédula e a soltei limpando os olhos com as costas da mão – Está chorando por ela Edward?

–Estou e daí? – Gritei. –Mas, você disse que ela era só um negocio... Disse que ela era horrorosa e... –Era mentira – Gritei ainda mais alto – Tudo aquilo que eu disse naquela noite era mentira! Eu nunca pensaria uma coisa assim da Isabella! Só falei aquilo pra calar a merda da sua boca! –Mas... Mas... Caminhei até ela e segurei firme seu rosto olhando-a nos olhos. –Você pode ser bonita por fora, mas é horrorosa por dentro. Isabella pode não ser o que vocês dizem ser “a mulher ideal”, mas ela é linda por dentro, ela é pura e tem talento e isso a torna muito melhor do que você! –Edward... Você gosta dela? –Gosto – Falei e caminhei para a porta mas antes virei-me para Tanya – Ela era minha melhor amiga, era a pessoa mais especial que conheci na vida e agora ela se foi... Nossa gravadora acabou entrando em crise, não encontrávamos ninguém com talento e quer saber a verdade? Eu não ligava nem um pouco. Enquanto todos se descabelavam e se desesperavam por não ter mais uma cantora eu estava arrasado por ter perdido minha melhor amiga. A gravadora não importava mais, nada tinha sentido sem Isabella. Ela se foi e levou junto um pedaço do meu coração. Uma amizade tão linda acabou em frangalhos e eu tinha certeza que jamais encontraria alguém tão especial quanto ela, mas por outro lado estava feliz por ela ter seguido seu caminho e por ter tido coragem de lutar pelo que queria sem medo. Estava orgulhoso dela, mas morria de saudade a cada novo dia que se passava.

Capítulo 5 - Recomeçar Cheguei a Washington no inicio da manhã, o céu estava coberto de nuvens cinzentas e uma chuva fina caia do céu. Examinei o papel em que anotei o endereço de Billy, será que havia feito a escolha correta? Deixei minha vida para trás, tudo aquilo em que eu acreditava e tudo pelo que lutei. Mas, continuar seria perda de tempo, no mesmo instante que minhas esperanças de um dia tê-lo pra mim se erguiam uma maré de confusões as desmoronavam novamente. Eu não havia desistido de Edward muito menos da música eu apenas me tornaria outra pessoa. Uma pessoa que merecesse os dois e eu faria qualquer coisa para consegui-los. Fui até o ponto de táxi e entreguei o endereço ao motorista que me aconselhou a esperar a chuva passar, pois o lugar era bem longe e depois seria difícil conseguir outro táxi para voltar. Concordei e ele me deixou em um hotel ali perto do aeroporto. A Capital era um lugar realmente incrível e sempre sonhei em morar lá, era irônico ter sido obrigada a me mudar. Guardei as poucas coisas que havia levado e tomei um banho. A chuva aumentava a cada instante me privando de pisar os pés fora daquele hotel. Suspirei e fui até a janela, a cidade estava coberta pela água. Não havia ninguém passeando pelas ruas, somente os carros se enfileiravam nas avenidas. Fechei os olhos e lembrei-me do rosto dele, do som da sua voz, do seu perfume e do quanto o simples fato de ele existir me deixava feliz... Pelo menos antes de tudo aquilo acontecer. Eu não odiava Edward, jamais seria capaz de fazê-lo. Ele era especial, gentil e o sonho de qualquer mulher. A culpa não era dele, nossos caminhos apenas eram incompatíveis e eu precisava seguir em frente. Logo senti um aperto no coração uma vontade imensa de chorar, mas não o fiz. Tinha prometido a mim mesma que não choraria mais. Precisava ser forte se realmente quisesse levar aquele plano adiante. Eu precisava dele, mais do que precisava de água para matar minha sede ou de comida para aliviar minha fome. Edward era como uma droga para mim eu não conseguia tirá-lo um segundo sequer da minha mente.

Deitei-me e uma vontade imensa de pegar o telefone e discar o numero dele me invadiu... Queria ouvir sua voz me dizendo que tudo não passou de um engano... Que ele me amava e me pedisse para voltar. Um desejo que jamais se realizaria. Não havia modos de ele me encontrar meu celular fora quebrado em mil pedaços e jogado em uma lixeira qualquer. Eu havia desistido da minha antiga vida e não queria nenhuma memória dela. Acabei adormecendo com aquela dor terrível dilacerando meu peito. Acordei na manhã seguinte e fui até o endereço que Billy me dera, era um prédio imenso e bem organizado. Na recepção me fizeram várias perguntas até que a recepcionista se disponibilizasse a ligar para o doutor. Assim que soube que eu estava lá Billy mandou que me levassem a sua sala imediatamente. A mulher me levou até o décimo andar, entramos em um largo corredor e então me mostrou a porta em que uma placa dizia “Billy Black – Médico cirurgião estético” Ela sorriu para mim e saiu. Respirei fundo e girei a maçaneta. Quando entrei Billy estava de costas na poltrona falando ao telefone. Algum tempo depois ele desligou e virou-se, sua primeira expressão foi de surpresa em seguida de dúvida. –Olá posso ajudá-la? – Ele disse simpático. –Oi – Falei timidamente – Sou eu Isabella. –O que? – Ele se levantou e veio até mim me analisado – Isabella... A Bella? Do telefone? – Assenti – Mas, isso é... –Escuta – Falei firme – Sei que menti para você sobre meus atributos físicos, mas deixe-me explicar tudo que aconteceu... –Isso é brincadeira da Bella não é? Aposto que ela te mandou aqui pra fingir ser ela... –Billy, EU SOU A BELLA! – Falei mais alto do que deveria e ele se arregalou os olhos. –Ok – Ele sorriu – Supondo que seja verdade como pode me provar? –Hmm – A idéia de cantar sua musica favorita me veio à mente – Jesus blessed me with his Grace and joy... –Santo Deus – Ele colocou a mão no peito – É você mesmo! –Eu disse docinho – Sorri – Desculpe por ter mentido sobre meu corpo. –Ora tudo bem – Ele puxou meu braço – Sente-se. Vamos conversar... Eu estava tão animado esperando você... –Tenho uma longa história para te contar Billy. –Claro. Pode falar vou desmarcar meus compromisso só para atendê-la. –Obrigada. –Estou tão feliz por finalmente conhecê-la Bella. Billy foi muito gentil comigo. No inicio foi mesmo difícil convencê-lo sobre quem eu era, mas também eu havia mentido para ele então não era fácil acreditar. Quando contei toda a minha história eles emocionou muito e até chorou, disse que ia me ajudar no que fosse preciso. Nós discutimos sobre a cirurgia ele disse que era muito arriscada e que eu poderia morrer, mas eu não me importava se eu morresse tentando então valeria à pena. Implorei tanto que ele acabou cedendo e aceitando. Sem dúvidas aquele foi o ano mais difícil da minha vida. Depois da cirurgia de redução de estomago passei por uma dieta rigorosa e inúmeras sessões de academia e ginástica. Também fiz plástica no nariz e na boca. Sessões de lipoaspiração, drenagem linfática, aplicação de silicone nos seios, nos glúteos e uma cirurgia nas cordas vocais para modificar minha voz. Durante todo o ano não pude me olhar no espelho. Fazia parte do processo de transformação, meu rosto estava vendado desde a primeira cirurgia e eu não fazia ideia de como estava. Todos na clínica me ajudaram e eram gentis comigo, a dor que eu sentia após cada procedimento era terrível, mas meu sacrifício valeria a pena no final.

Aquele era o meu ultimo dia na clínica. Levantei-me da cama e espiei a cidade pela janela. Um ano tinha se passado, um ano que eu havia deixado tudo para trás. Pelos jornais acompanhei a carreira de Tanya ir para o lixo, mas assim que Edward aparecia nas entrevistas ou reportagens eu parava de vê-las. A saudade era imensa e me consumia por dentro, a falta que Alice me fazia era dolorosa e eu queria muito meu pingo de volta. Mas, tudo aquilo estava prestes a acabar, logo eu seria uma nova pessoa e poderia enfim voltar. Billy entrou no quarto junto com alguns enfermeiros. Sai de perto da janela e sentei-me na cama. –Boa dia flor do dia – Ele disse me entregando uma rosa. –Que linda obrigada. –Estou triste por ser seu ultimo dia aqui.

–Vou vir visitá-lo. –Tem que me prometer uma coisa querida. –O que? –Que nunca mais vai deixar alguém humilhá-la ou maltratá-la. –Eu prometo Billy e sempre serei grata por tudo que fez por mim. –Bom – Ele limpou umas lágrimas do rosto – Vamos em frente. –Ok. –Preparada? –Sem dúvidas... Billy veio até mim e começou a desatar os curativos, as faixas e os esparadrapos que cobriam meu rosto há meses. –Hoje você será uma nova mulher – Ele disse – Prepare-se para brilhar, para ser tudo aquilo que sempre sonhou. Ele desatou a ultima faixa e logo senti o vento batendo em meu rosto. Instintivamente levei a mão até minhas bochechas, tocando-as delicadamente. Meu rosto já não era redondo e gigante ele era fino e macio... –Uau – Um dos enfermeiros disse – Você está linda... –Errado – Billy falou – Ela sempre foi linda, só precisava lapidar essa beleza. –Eu... Eu realmente estou bonita? –Muito – A enfermeira disse trazendo um espelho – Veja você mesma. Encarei o espelho à minha frente. Refletido nele havia uma mulher linda, seus olhos bem expressivos. Um nariz perfeitamente acentuado, uma boca pequena num formato de coração. Os cabelos grandes caídos os ombros em ondas volumosas era encantadora. Aquela não era eu... Não podia ser... Mexi minha mão e a mulher no espelho mexeu também, ficamos nos encarando por um bom tempo até que me dei conta de que aquela realmente era eu. Meus olhos arderam e logo as lágrimas começaram a correr. Toquei meu rosto várias vezes para ter certeza que aquilo realmente estava acontecendo... –E agora como se sente sendo uma nova mulher? – Billy perguntou sorrindo. –Muito bem – Respondi ainda perplexa. –Pena que você vai embora hoje – A enfermeira falou – Mas, e ai continuará usando seu nome?

–Não – Respondi confiante, Isabella era parte do meu passado – Nunca mais. –Então, como se chamará? –Anabella – Falei e sorri de uma forma que jamais tinha sorrido na vida. Naquele momento uma nova estrela havia nascido. Isabella já tinha cumprido sua missão agora era hora de Anabella assumir a liderança. Era hora de voltar e dar a volta por cima... Era o momento de resolver os assuntos inacabados, era chegada a hora de recomeçar.

Capítulo 6 - Retorno

Quando Billy e os enfermeiros saíram do quarto uma outra enfermeira trouxe um espelho que mostrava o corpo inteiro para mim. Analisei minha imagem refletida nele e não podia acreditar que era verdade, eu estava muito magra. Apesar de o macacão da clinica ser folgado e não mostrar minha cintura eu tinha certeza que ela estava perfeitamente esculpida. Assim que a enfermeira saiu do quarto fui fazer o que tanto queria desde que comecei a emagrecer... Corri para o guarda roupa escancarando-o e analisando as roupas que estavam guardadas ali há séculos. Peguei uma calça jeans tamanho GG e levei para perto do espelho. Coloquei-a na frente do meu corpo e notei a grandiosa diferença. Sorri alegre e a vesti passando minhas duas pernas por dentro de apenas uma das pernas da calça. Era incrível o quanto me sentia feliz, comecei a pular e gargalhar pelo quarto até que tropecei e cai. Billy tinha acabado de entrar no quarto nesse momento e se espantou ao me ver enfiada em uma das pernas da calça caída no chão, mas logo ele começou a rir. –Você não perde mesmo seu senso de humor não é menina? –Acho que não – Falei e dei de ombros. –Venha cá – Ele estendeu a mão me ajudando a levantar. –O que é isso ai na sua mão – Perguntei tirando a calça. –Um presente – Ele disse estendendo o pacote. –Pra mim? – Perguntei pegando-o. –Exatamente – Ele sorriu – Eu imaginei que não teria roupa pra sair da clinica. Então comprei uma lembrancinha. –Nossa Billy muito obrigada – Abri o pacote encontrando uma calça jeans tamanho 38 e uma blusa branca regata – São lindas. –A Judith vai trazer sapatos, maquiagem e te ajudará a arrumar o cabelo. –Nem sei como te agradecer – Falei dando-lhe meu famoso abraço de urso que agora não deixava as pessoas sem ar. –Sua amizade já é o bastante para mim. Agora vou ver uma outra paciente enquanto você se arruma. –Ta bem – Falei dando-lhe um beijo no rosto – Obrigado novamente. –Por nada – Ele respondeu e sorrindo e saiu do quarto.

Olhei maravilhada novamente para minha roupa nova e corri para o banheiro. Tirei o macacão e liguei a ducha, meu corpo nu era perfeitamente curvilíneo, meus seios e glúteos totalmente empinados e arredondados eu estava mesmo linda. Billy também tomou os devidos cuidados contra celulites e estrias deixando-me com uma pele impecável. Tomei meu banho cantando no chuveiro e sai enrolada em uma toalha. Judith já havia deixado minha roupa estendida na cama junto com os sapatos. Fui até lá e me vesti, logo ela bateu na porta e entrou com uma caixinha de madeira nas mãos. –A roupa coube perfeitamente em você? – Ela perguntou me analisando. –Acho que sim- Falei e me olhei no espelho - Ficou boa? –Ficou ótima. Vamos para a maquiagem agora? Também vou dar um jeito no seu cabelo. Judith me ensinou umas técnicas de maquiagem e de como deixar meus cachos bem definidos. Ela era muito boa comigo e havia me ensinado a usar saltos assim que comecei a perder peso. Quando terminou de me dar os ajustes finais levou-me até o espelho e quase cai de costas quando me vi. Aquela não parecia eu de jeito nenhum. A mulher no espelho era linda demais, os cabelos estavam brilhando soltos em ondas pelos ombros, a blusa branca realçava o volume dos seios e a calça jeans a deixavam com os quadris largos perfeitamente curvilínea. Em seus olhos havia uma mascara de delineador e cílios, a boca desenhada com batom vermelho e um blush rosado nas bochechas... Ela parecia uma boneca. –Você está linda – Judith disse sorrindo – Gostou? –Eu... Eu amei – Falei tocando o espelho ainda não tinha caído a ficha. –Com licença – Billy disse entrando no quarto – Nossa! Você está linda Anabella! –Devo tudo isso a você – Falei dando uma rodadinha. –Está perfeita – Ele tocou meu rosto com carinho. –Sou tão grata a você Billy que seria impossível descrever com palavras. –Ora não vamos ficar emotivos agora – Ele falou enxugando uma lágrima. –Acho que já está na hora do meu vôo – Falei fazendo um bico. –Sim e eu já desmarquei meus compromissos para poder levá-la ao aeroporto. –Jura que vai comigo? –Claro – Ele sorriu – Não ia deixá-la embarcar sozinha. –Você é mesmo um amor docinho. –Me explica uma coisa. –O que? –Por que escolheu o nome Anabella? –Bom... Ana era o nome da minha avó e Bella é por que... –Não quer se perder totalmente da Isabella – Ele perguntou e assenti. –Quero ter alguma coisa dela. –Você tem querida – Ele afagou meu ombro – Tem a inocência e a bondade dela em seu coração. Billy me levou até o aeroporto e nos despedimos com um longo abraço. Eu mal podia acreditar que estava voltando para Los Angeles, a saudade do meu pai, de Alice, do pingo e principalmente de Edward eram imensas e eu mal podia esperar pelo momento de reencontrá-los. É claro que nada seria perfeito, certamente Alice estava furiosa comigo por não

ter dado noticias, meu pai raramente se lembrava de mim, pingo não ia me reconhecer e Edward jamais saberia que eu era a Isabella. Mesmo assim saber que eu os veria novamente enchia meu coração de alegria e de medo. Agora eu era uma nova pessoa e Anabella era destemida, confiante e enfrentaria os problemas de frente ao contrario de Isabella que era tímida, insegura e frágil. Ela devia ser mantida assim em algum lugar dentro de mim e por isso troquei de identidade. Assim que desembarquei no aeroporto internacional de Los Angeles percebi o quanto minha mudança fora radical. Lembrei-me de um ano atrás quando embarquei naquele mesmo lugar e as pessoas me tratavam friamente e indiferentemente como se eu não existisse, mas agora era diferente. Eu chamava a atenção por onde passava, recebia olhares, assobios e cantadas. Não que eu fosse narcisista e altruísta para adorar chamar atenção, mas era engraçado o quanto a vida era irônica, será que alguma daquelas pessoas tinha ideia de que um dia eu era apenas uma gorda feia e sem graça? Certamente que não. Mesmo sabendo que eu deveria gostar de ser admirada aquilo me incomodava e eu estava morrendo de vergonha. Fui para o ponto de táxi imediatamente e pedi ao taxista para me levar a um hotel no centro da cidade. Nem mesmo ele deixou de ficar me olhando pelo retrovisor central e na hora de pagá-lo percebi que cobrou bem menos do que eu realmente lhe devia pela corrida. Um detalhe que eu ainda não tinha pensado é que tecnicamente eu não tinha mais casa. O apartamento era da Isabella e se eu aparecesse por lá seria presa por invasão de domicilio sendo obrigada a revelar minha identidade, por esse motivo decidi ficar num hotel até conseguir resolver essa situação. Como já era final de tarde resolvi dormir e descansar para o dia anterior que certamente seria bem puxado. Tomei um banho relaxante e deitei-me na cama confortável do hotel. Porém o sono não veio como desejado e resolvi assisti televisão. Liguei em um canal qualquer e para minha surpresa estava passando uma matéria sobre a gravadora em que eu trabalhava. Ao que tudo indicava estavam à procura de novos talentos já que Tanya sofrera um acidente incapacitando-a de voltar a cantar. Sorri satisfeita com a derrota dela e continuei acompanhando a matéria. No fundo do coração esperava ver Edward dando uma entrevista, mas somente Phill apareceu. Desliguei a TV e tentei concentrar-me em dormir. Mas, as únicas imagens que passavam por minha mente eram as do rosto de Edward, meu coração se apertava toda vez que pensava nele e aquele amor parecia aumentar a cada dia. Como era possível amar tanto uma pessoa a ponto de nem sequer raciocinar direito? Na manhã seguinte peguei três ônibus e fui visitar meu pai na clínica. No inicio ele não queria ficar comigo pois achava que não me conhecia. Então lhe expliquei que eu havia feito cirurgia e então ele se lembrou de mim. Disse-me que ficou com saudades e que eu estava muito linda. Mas, meia hora depois ele se esqueceu de tudo completamente. Terminada a visita peguei três ônibus para voltar ao centro e ia para o hotel quando decidi que estava na hora de gastar o que sobrou da minha poupança. Primeiro iria até o shopping comprar umas roupas e depois compraria um carro. Peguei um táxi e fui até o shopping fazer compras. Por onde eu passava recebia uma série de olhares tanto de mulheres quanto de homens tentei manter a cabeça erguida e não correr para me esconder. Era engraçado, mas eu não havia me acostumado a ser bonita, aposto que as pessoas pensavam que eu era algum tipo de anti-social pois me esquivava de qualquer olhar ou elogio que recebia. Entrei no shopping e fiquei maravilhada com a decoração. Há muito tempo eu não saia da clinica para nada e o mundo parecia totalmente novo para mim. Diversas pessoas de diversas idades e estilos circulavam por lá e eu estava totalmente maravilhada. Subi na escada rolante sempre atenta aos detalhes no teto e as luzes magníficas do shopping. Subi até o segundo andar e sai da escada em direção à uma loja de roupas. Entrei e comecei a verificar as araras lotadas com roupas lindas, pela primeira vez eu podia escolher o que quisesse sem me preocupar se caberia em mim. Eu andava tranquilamente pela loja até que entrei na sessão de perfumaria e estaquei. Não foram os perfumes caros, nem as vendedoras bonitas muito menos a loja bem arrumada que chamou minha atenção, mas sim a pessoa que estava analisando as prateleiras. Meu coração quase saltou pela boca e minhas pernas pareciam ser feitas de gelatina... Não imaginei que encontrá-lo depois de tanto tempo poderia ser tão difícil. Eu não havia me preparado para aquele momento, como seria possível encontrá-lo em uma das milhares de lojas do shopping? Seria o acaso ou o destino? Edward estava bem diferente e muito mais lindo do que eu me lembrava. Seu corte de cabelo estava num estilo social e ele trajava uma roupa esporte fino.

A vendedora que o atendia não parava de encará-lo eu até podia ver a baba imaginaria escorrendo de sua boca. Senti uma raiva imensa e vontade empurrá-la para longe dele, mas me segurei eu precisava me manter em segredo não era o momento de reencontrá-lo. É impossível descrever o que senti naquele instante. O amor que antes eu sentia parecia ter triplicado. Minha vontade era de abraçá-lo, beijá-lo e amá-lo como nunca. Pensei que o tempo em que estive fora pudesse amenizar aquela paixão, mas estava redondamente enganada. Dizem que a distancia faz ao amor exatamente aquilo que o vento faz ao fogo: Apaga a chama de uma vela, mas inflama uma fogueira. Meu amor por ele era tão grande que a distancia só serviu para aumentá-lo. Escondi-me entre as araras para que eu pudesse admirá-lo, mesmo de longe então percebi que um homem se aproximou dele junto com uma garota vestida de rosa dos pés à cabeça. Eu conhecia os dois, eram rivais da nossa gravadora. Aquela era cantora Amy e seu agente James, um sujeito arrogante e mal educado. Fiquei quietinha para ouvir o que eles falavam... –Que coincidência te encontrar aqui – James falou desdenhoso – Soube que vocês não foram ao ultimo evento musical de Los Angeles. Também fiquei sabendo que sua cantora Tanya Denalli caiu em 45% das pesquisas. É um pena não acha? –Presumo que isso não seja problema seu – Edward respondeu numa perfeita pose de superioridade. –Por que você não vende os direitos das musicas dela para mim? Seria uma fonte de renda fácil. –Você é tão incompetente que não consegue compor as próprias musicas? – Ele perguntou à Amy que apenas deu de ombros. –Você está acabado Cullen – James disse e sorriu – Sua vida no mundo da musica já era! James gargalhou e saiu abraçado à menina de rosa. Maldito, era mesmo um invejoso! Porém isso não abalou Edward, ele parecia mais firme que nunca. Seus olhos percorreram toda a loja e quase que ele me viu; sorte que consegui me abaixar a tempo. Então quando voltei a espiá-lo ele já havia saído. Comecei a procurá-lo por toda a loja e então o vi saindo, descendo as escadas. Corri atrás dele seguindo-o por quase todo o shopping e então ele desceu até o estacionamento. Escondi-me atrás de uma pilastra e o vi falando no telefone perto do carro. Queria tanto ir até lá e abraçá-lo, não agüentava mais de tanta saudade. Então um motoqueiro passou por mim me encarando, fiquei olhando para ele confusa e então ele bateu em uma trava de segurança caindo no chão. Arregalei os olhos e corri até ele para ver se tinha se machucado. Abaixei-me e o ajudei a se sentar. O homem tirou o capacete e ficou me olhando com cara de bobo. –Você se cortou aqui – Toquei sua testa – Está doendo? –Você é um anjo? – Ele perguntou tombando a cabeça – Nunca vi uma mulher tão linda em toda a vida... Franzi a testa encabulada, será que a pancada o deixou doido? –Você está bem? – Ouvi aquela voz conhecida atrás de mim e meu coração gelou na mesma hora. –E-Estou bem – O homem respondeu ainda me olhando. –Tem certeza – Edward falou se aproximando ainda mais – Não parece bem. E você moça? - senti sua mão tocando meu ombro e arregalei os olhos. Peguei o capacete da mão do homem e coloquei na cabeça rapidamente. A ultima coisa que eu queria era que Edward me visse naquele momento. Levantei-me devagar temendo a reação dele.

–Algum problema? – Ele virou-me de frente para ele, se não fosse pelo capacete ele enxergaria meu rosto com perfeição. Assenti depressa me esquivando dele.

Fui andando de volta para o shopping com pressa deixando Edward e o homem com cara de paisagem. Corri para uma loja ali perto e tirei o capacete respirando aliviada. Então me lembrei de seu toque e passei a mão em meu ombro fechando os olhos... Eu ainda o amava e tudo que queria na vida era poder ficar com ele...

Capítulo 7 - Confusões

Precisei de alguns minutos para me recompor do susto. Esperei exatamente trinta minutos para sair do shopping assim teria certeza que não esbarraria em Edward novamente. Assim que me cansei de esconder-me naquela loja resolvi ir atrás do meu carro. Por sorte havia uma concessionária ali perto e eu não precisaria andar muito. Assim que entrei na loja percebi que vários vendedores pararam o que estavam fazendo para me observar. Sorri tímida para alguns deles e comecei a olhar os carros. –Posso ajudá-la senhorita? – Um vendedor disse bem próximo ao meu ouvido fazendo-me levar um susto. –Acho que sim – Respondi recuperando-me – Estou atrás de um carro. –A julgar por sua aparência juvenil e bela está querendo um conversível não é? Aposto que gosta de velocidade. –Não... Nem pensar, porque acha isso? – Ele apontou o capacete em minha mão, droga eu havia me esquecido dele – Ah... Isso aqui é de... De um amigo. –Se não quer um conversível então o que deseja? –Algo econômico. –Temos alguns excelentes com uma faixa de preço incrível. Quer dar uma olhada? –Ok. O vendedor levou-me até outra sessão de carros esportivos. Eram todos tão finos e requintados que me questionei se teria dinheiro para comprá-los. Passamos por um departamento de carros usados e um neon chamou minha atenção. Caminhei até lá enquanto o vendedor continuava o caminho falando sozinho. Somente após alguns minutos ele notou onde eu estava e veio até mim. –Quanto esse custa? – Perguntei alisando o capô. –Eu não o recomendaria. Essa sessão é de carros usados e velhos nenhum deles combina com a senhorita. –Se eu comprar um carro zero terei de esperar para buscá-lo não é? –Um ou dois dias no máximo.

–E se eu levar um usado? Posso levá-lo hoje? –Sim, mas... –Eu gostei desse carro – Falei sorrindo. –Ele já tem vários quilômetros rodados e não está em boas condições sem falar que já saiu de linha há muitos anos. A maioria desses carros antigos vendemos para o desmanche. Os freios também estão ruins e...

–Não tem ar condicionado? –O que? – Ele sorriu – Não. O que esperava de um carro que custa quinhentos dólares? –Só isso? – Perguntei animada. –Sim. Olha senhorita esse carro é muito velho e feio, ninguém o quer. Não vou negar que estou louco pra me livrar dessa lata velha, mas minha consciência não permite que eu engane uma jovem tão linda como você... –Ah... São os seus olhos – Falei corando. –Por favor, não me leve a mal, mas a senhorita é muito linda. Realmente estonteante! O vendedor olhou-me de um jeito terno e carinhoso. Desde que eu me tornara uma pessoa mais afeiçoada ninguém além de Billy havia me elogiado com tanta ternura senti meus olhos se encherem de lágrimas. Uma hora depois eu já estava dirigindo meu carro velho. O vendedor acabou ganhando uma boa comissão por ter se livrado dele e eu estava feliz por tê-lo ajudado. Confesso que era um tanto difícil dirigi-lo com os freios ruins e fazia tanto tempo que eu não dirigia que parecia ter perdido a prática. Felizmente o rádio ainda funcionava, apertei o play e liguei a rádio em uma estação qualquer. Minha musica favorita estava tocando e comecei a acompanhá-la em voz alta enquanto dirigia feito louca pelas ruas movimentadas de Los Angeles. Ajeitei o retrovisor central e aproveitei para olhar-me no espelho. Eu estava mesmo bonita, todos me diziam isso... Era realmente incrível. Infelizmente desviei os olhos do espelho bem na hora que o sinal fechou. Havia um carro bem na minha frente e os freios não funcionaram a tempo e acabei batendo na traseira dele. Soltei um grito de susto na mesma hora em que senti a pancada e meu corpo se projetou para a frente fazendo com que minha cabeça batesse no volante. Levantei um pouco zonza, meu cabelo inteiro estava no rosto tapando minha visão. Um zunido terrível invadiu meus ouvidos deixando-me quase surda, mas ainda assim ouvi quando alguém desceu do carro da frente batendo a porta com força. Em seguida dei um pulo quando essa mesma pessoa bateu violentamente no meu vidro. –Acordei com o pé esquerdo hoje – a pessoa gritou, era um homem – E você ainda me dá prejuízo? –Desculpe – Gritei encolhendo-me no banco meu cabelo ainda tapava meu rosto. –Saia do carro – Ele gritou ainda mais alto – Você vai pagar o estrago! Tirou sua carteira de motorista no açougue? Se você não sabe dirigir então porque inventa! Anda saia desse carro agora! Estou avisando é melhor você sair! Engoli em seco e tirei o cinto de segurança. Abri a porta e desci devagar, meu cabelo tapava meus olhos e eu enxergava bem pouco. Percebi que o homem andava de um lado para o outro no asfalto xingando-me e reclamando. –Você é uma louca! Como não presta atenção no transito? – Ele gritava de costas para mim – E se tivesse atropelado alguém? O que faria. –Desculpe senhor... –Desculpe porcaria nenhuma se eu... Tirei o cabelo do rosto jogando-o para trás na mesma hora em que o homem se virou ele parou de falar e olhou-me de um jeito esquisito. Em seguida veio até mim e segurou minha mão. –O que foi? – Perguntei confusa. –V-Você está bem? – Ele perguntou gaguejando – Não se feriu? –O que? – Perguntei perplexa – Porque mudou de humor tão rapidamente?

Agorinha mesmo achei que ia me matar! –Ah eu... Eu estava nervoso. Mas, você deve ter se distraído não é? Uma moça assim tão... Tão bonita não deve fazer besteira de propósito. –Hei vocês dois – Gritou um policial vindo em nossa direção – Estão atrapalhando o tráfego saiam da pista. –Aconteceu um acidente – O homem falou ao policial que já estava bem próximo a nós. –Desculpe-nos é que... –Oh meu Deus – O guarda falou me olhando – A senhorita está bem? Não tem nenhum ferimento? –Estou bem... Percebi que tanto o guarda quanto o homem estavam me olhando de modo esquisito. Sorri sem graça e percebi que eles suspiraram... O que estava acontecendo? Então notei que a testa do homem em que bati o carro estava sangrando será que ele não percebera o machucado? Uma senhora saiu de dentro do carro do homem e parou perto de nós. –Oh meu Deus você está sangrando – Ela gritou para o homem. Ele levou a mão à testa limpando um pouco do sangue, mas ainda sim estava muito machucado. –Estou bem – Ele disse rindo descontrolado – Nem está doendo... Estou perfeitamente bem. –Tem certeza? – Perguntei aflita. –Totalmente. –Seu carro está bem amassado – O policial falou tirando um bloquinho de papel de dentro do bolso – Você conhece alguma oficina? Eu conheço algumas posso te indicar, qual é o seu número? –O que? – Perguntei perplexa, ele estava flertando comigo enquanto o outro moço sangrava e parecia abobalhado? –Ah – Ele sorriu e coçou a cabeça então olhou para o homem ficando sério – Eu vi tudo. Foi você que a ultrapassou não foi? –Foi – Ele respondeu sorrindo para mim – Não sei onde eu estava com a cabeça. A mulher revirou os olhos e suspirou. –Ora, o que foi? Estão enfeitiçados? Pegue a habilitação dela. Aposto que ela nem tem! – Ela disse me encarando. –A senhora é da policia? – O guarda perguntou. –Não, mas veja a habilitação é o seu trabalho! – Ela gritou e ele suspirou. –Posso ver senhorita? – Ele me perguntou simpático. –Claro – Sorri fui até o carro pegar minha bolsa. Tirei a carteira e entreguei a ele – Aqui está. Ele pegou a carteira e analisou bem em seguida olhou para mim e depois para a carteira, repetiu isso umas três vezes. Acabei indo parar na delegacia naquela tarde. Eu havia esquecido completamente de que a habilitação era da Isabella e não minha. Por sorte o policial foi bem gentil comigo e apenas me levou à delegacia para prestar esclarecimento. Acabei tendo de contar toda minha história ao delegado que custou a acreditar que a mulher da foto era realmente eu. Billy ficou de me entregar documentos falsos com o nome de Anabella, mas ainda não tinha tido tempo. –Você não precisa se preocupar – O delegado me disse sorrindo enquanto outros policiais me olhavam com cara de bobo – Se a sua amiga confirmar sua identidade nós deixaremos você ir.

–Que conveniente – Uma mulher que estava sentada ao meu lado falou – Cirurgia plástica? Foi em qual hospital? Eu queria fazer uma também. –Senhora, deixe a moça em paz. Não a incomode. –Não sabia que vocês policiais podiam flertar em serviço. –Se não se calar a prenderei por desacato à autoridade. –Tudo bem – Ela disse dando de ombros- Vou ficar quieta. Assim que o delegado terminou de ouvir minhas explicações deixou que eu esperasse na recepção junto com o policial que me levou à delegacia. Ficamos sentados em um banco na entrada por um longo período até que Alice apareceu totalmente aflita. Levantei-me depressa assim que a vi tudo que eu queria era lhe dar um abraço bem apertado. Ela olhou para mim e acenou com a cabeça deixando-me confusa, em seguida correu os olhos pela recepção e caminhou até uma mendiga gordinha que estava deitada em um banco lá no cantinho enrolada numa coberta. –Isabella? – Ela chamou abaixando-se perto da mendiga. –O que? – A mendiga falou sentando-se. –Oh meu Deus – Alice acariciou seu rosto – Como você está suja e... Cheira tão mal! –Fome – A mendiga murmurou – Estou com fome. –Não se preocupe minha amiga – Ela sorriu para ela – Nós vamos para casa tomar um banho e comer uma bela carne de porco ok? Veja como você emagreceu! Está tão diferente! A mendiga sorriu exibindo dentes pretos e sujos. Alice fez uma cara de nojo, mas mesmo assim sorriu para ela e segurou sua mão. Será que um ano era tanto tempo assim? Tá certo que a mendiga estava muito suja a ponto de ter o rosto irreconhecível e também era gordinha, mas Alice deveria saber que não era eu. Caminhei até ela receosa e notei que estava chorando. –Alice – Chamei e ela virou-se me encarando confusa. –Eu te conheço? –Alice sou eu... Isabella. –O que? – Ela olhou para a mendiga que deu de ombros – Quem é você? –Luna, mas se quiser que eu seja a sua amiga eu serei. –Ah – Ela sorriu nervosa levantando-se e limpando as mãos sutilmente – Acho que houve uma confusão aqui. Vocês podem, por favor, ir chamar minha amiga? –Alice sou eu - Falei impaciente e ela olhou-me com desdém. –Não é hora para brincadeira ok? –Não acredita em mim? –Como posso? Olha pra você... Isabella era um pouco mais... Gordinha. –Sou eu amiga – Sorri – Acredita em mim. Alice olhou-me com receio. Era inútil quem em sã consciência ia acreditar que era eu? Será que eu estava tão diferente assim. Alice preparou-se para ir embora e então tive que pensar rápido. Segurei seu braço e puxei um pouco minha calça jeans revelando minha tatuagem. Os guardas assobiaram e ela olhou-me espantada.

– Hakuna matata lembra? –Isabella? É você mesmo? –Sim sou eu. –Ah meu Deus – Ela gritou e me abraçou – olha só pra você... O que fez? –Cirurgia. –Nossa... Você está linda! Ai que felicidade te encontrar! Alice e eu ficamos pulando e nos abraçando por um bom tempo. Então resolvemos o problema com os policiais e saímos da delegacia. Infelizmente meu carro recém comprado não tinha mais conserto e o guincho o levou para um ferro velho. Passamos no meu hotel e tomei um banho rápido e então fomos para um restaurante onde contei tudo que me aconteceu à Alice. –Por que não me avisou? Imagine a agonia que fiquei assim que foi embora! Pensei que éramos irmãs. –Nós somos. Mas, eu precisava ir Alice. Por favor perdoe-me. –Tudo bem – Ela sorriu e segurou minha mão – Senti sua falta. –Também senti a sua. Eu preciso que me ajude com uma coisa. –O que? –Quero voltar para a gravadora. –Jura? O Edward vai pirar quando descobrir que você voltou. –Não – Interrompi rapidamente – Não quero que ele saiba sobre mim. Isabella já não existe mais agora sou outra pessoa. –Não creio que isso será possível. Eles vão te reconhecer. –Acha que isso é possível? –Nunca se sabe – Ela deu de ombros – De qualquer forma a gravadora está atrás de novos talentos quem sabe você possa ser uma candidata. Amanhã terá uma audição. Isabella eu percebi que você está com um timbre de voz diferente. –Foi uma parte da cirurgia. Só modifiquei uma seminota pra minha voz ficar mais forte. Se eu cantasse eles notariam que sou Isabella. –Realmente pensou em tudo não é? –Uhum. –Você sabe que se eles te reconhecerem vai ter um problemão não é? Você tinha um contrato com a gravadora. Sumiu por um ano e arruinou o terceiro CD da Tanya. Eles ainda estão te procurando. –Eu sei, mas se você me ajudar eu consigo. Você não me reconheceu quando me viu lembra? –É você tem razão. –E então? Vai me ajudar? –O que eu não faço por você sua maluquinha? –Ah jura? –Juro.

–Eu te amo Alice. –Eu também te amo Isabella e te mato se sumir de novo. –Não vou sumir... Nunca mais. –Então se prepare amanhã você terá uma audição com Edward Cullen!

Capítulo 8 - Reencontro

Meu coração martelava no peito, um nervosismo incontrolável tomava conta do meu ser. Ao meu lado Alice lixava as unhas despreocupadamente enquanto eu aguardava minha vez de apresentar-me. Nem mesmo na minha primeira audição quando eu ainda era gorda e feia me senti tão nervosa. Várias meninas saiam do estúdio com cara de decepção, o que era bom assim eu tinha mais chances de conseguir o contrato. Finalmente minha vez chegara, Alice pediu a Edward pessoalmente para me deixar fazer uma apresentação já que as inscrições já estavam encerradas. –Senhorita Anabella – A secretária falou – É sua vez. –Ok – Respirei fundo e me levantei. –Vai mesmo usar esses óculos escuros? –Claro Alice – Suspirei – Não quero que ele me reconheça! –Como você é ingênua Ana – Ela gargalhou – Ele jamais irá te reconhecer! –Prefiro não arriscar. –E se te contratarem? Vai usar óculos para sempre? –Sim – Dei de ombros e entrei no estúdio. Uma sensação de nostalgia e dejavú me vieram à mente. Eu já havia passado por tudo aquilo, mas de alguma forma eu sentia como se fosse à primeira vez. Logo ouvi um burburinho de vozes, vários cochichos a meu respeito. Alguns dos produtores até se espremeram no vidro para poder olhar-me direito. Meu rosto corou imediatamente, mas confesso que foi satisfatório ver o quanto Phill olhava-me boquiaberto. Mas, nenhum deles mais importou... Era como se nem existissem assim que meus olhos pairaram sobre ele: Edward. Ele não estava tão entusiasmado como os outros, pelo contrário parecia até muito entediado. Estava sentado na cadeira, vestia uma camisa social branca dobrada até os cotovelos, os braços cruzados e uma expressão cansada. Vê-lo ali fez com que meu coração disparasse imediatamente. –Boa tarde – Ele falou ao microfone – Como se chama? –Anabella – Falei tentando disfarçar a emoção em minha voz. –E o que cantará para nós? Eu não havia pensado naquilo. Droga! Eu realmente não havia preparado nenhuma canção. Estava tão preocupada e emocionada com a ideia de revê-lo que não planejei absolutamente nada! Respirei fundo e busquei em minha cabeça alguma musica em qual eu pudesse me sair bem. Então olhei novamente para Edward... Como era possível amar tanto uma pessoa? Como tanto amor cabia em um só coração? Porém pude ver em seus olhos que eu não lhe causei nenhum efeito... Qual era o problema? Será que eu nunca poderia alcançá-lo?

–Querida, desculpe interromper seus pensamentos, mas não temos muito tempo – Phill disse num tom calmo e paciente. –D-Desculpe – Falei e suspirei eu já sabia o exatamente o que cantar. –O que cantará para nós? –Keep holding on. –E qual o motivo da escolha? –Acho que essa musica expressa exatamente o que estou sentindo neste momento. –Pode começar – Phill disse sorrindo. –Espere – Edward falou – Você pode, por favor, tirar os óculos? –S-Sim – Virei o rosto de lado e tirei os óculos então voltei a olhar para frente, percebi que eles ficaram ainda mais surpresos. Edward estreitou os olhos e tombou a cabeça de lado. –Comece – Ele disse fitando-me intensamente. O playback começou a tocar. Fechei os olhos e deixei que minha voz expressasse por meio da canção o que eu sentia em relação a Edward...

You're not alone Together we stand I'll be by your side You know I'll take your hand

When it gets cold And it feels like the end There's no place to go You know I won't give in No, I won't give in…

Abri os olhos e encarei Edward. Ele olhava-me com curiosidade.

Keep holding on Cause you know we'll make it through, we'll make it through Just stay strong cause you know I'm here for you, I'm here for you

There's nothing you can say Nothing you can do There's no other way when it comes to the true So keep holding on Cause you know we'll make it through, we'll make it through…

–Ótimo – Edward falou ao microfone fazendo-me parar de cantar. –Mas, ela ainda não terminou – Phill disse. –Pra mim já está ótimo. –Ok – Phill olhou para mim – Nós vamos conversar querida. Informamos-te num minuto. –Tudo bem - Falei e sorri de volta. –O que achou dela? – Edward perguntou a Phill, eles tinham esquecido de desligar o microfone? –Olha pra ela cara – Ele olhou-me e suspirou – É perfeita! –Também achei a voz dela incrível, mas não sei falta... Emoção. –Podemos dar um jeito nisso. Você sempre consegue isso das cantoras Edward! Neste momento Tanya entrou no estúdio e abraçou Edward pelas costas. Se não fosse aquela janela de vidro nos separando eu arrancaria os cabelos dela! –Ela é boa? – Perguntou gesticulando para mim. Fingi que não estava ouvindo nada, não queria que descobrisse que o áudio ainda estava ligado. –Muito – Phill disse animado – Acho que dessa vez conseguimos! –Viva – Ela bateu palminhas – Agora meu CD vai sair? Eles a olharam espantados, até eu me espantei, mas não olhei para eles. –Deixe-nos a sós – Edward disse seco. –M-Mas, eu pensei que estivesse procurando uma nova dubladora pra mim! –Está brincando? – Phill gargalhou – Porque esconderíamos uma mulher linda embaixo do palco só pra dublar você? Ela tem tudo que você não tem e mais um pouco. –Não podem fazer isso comigo! –Tanya – Edward disse exaltando a voz – Eu pedi pra sair. –Vamos conversar sobre isso – Ela saiu com raiva. –Tanya é maluca não acha Edward? – Phill perguntou e ele o olhou e sorriu. –Você não notou quem ela é? Ah esqueci você não deve saber mesmo! –Como assim? –Nada – Ele balançou a cabeça.

Sai do estúdio apressada. Será que ele tinha me reconhecido? Droga! Por que tinha que ser assim? Acabei esbarrando em Alice que me olhou assustada. –O que foi? –Acho que ele me reconheceu! –M-Mas, isso é impossível! –Edward é muito observador... Com certeza notou alguma coisa! –Não seja paranóica! –Vamos embora daqui – Puxei sua mão, mas ela não se moveu. –Só sairemos daqui quando ele nos der a resposta se você vai ser contratada ou não! –E se ele tiver me descoberto? –Melhor ainda – Ela rolou os olhos – Assim essa farsa acaba de uma vez! –Alice, por favor, vamos embora? –Daqui não saímos! Ela puxou minha mão e me sentou num dos bancos. Meu coração batia tão rápido que me dava medo. Senti um frio na barriga como se tivesse engolido uma pedra inteira de gelo. Não demorou muito e fui chamada ao escritório de Edward. Phill estava ao seu lado e até puxou uma cadeira para eu sentar. Fitei minhas mãos trêmulas pousadas no colo enquanto sentia o olhar de Edward queimando minha pele. –Você já me conhece não é? – Ele disse e deu um sorri de canto, droga! Apenas continuei calada – Eu acho que te conheço. Olhei para ele apavorada. Meu Deus o que eu faria? –Sabe quem sou? – Perguntei com a voz trêmula. –Claro que eu sei! – Ele balançou a cabeça. Meus olhos sem encheram de lágrimas de desespero - Por que não foi honesta comigo desde o inicio? Pensou que podia me enganar? –Eu sinto muito – Falei já chorando – Sinto muito mesmo! Neste momento Alice entrou no escritório. Correu até mim e me abraçou. Provavelmente estava escutando atrás da porta. –Olha Edward – Ela falou – Acho que posso explicar... –Eu te vi com ela assim que chegaram. Por que não me contou a verdade? Por que mentiram Alice? –E-Eu sinto muito – Meu choro já era descontrolado. –Pensou que eu esqueceria o seu rosto? Eu te vi no shopping escondida no meio das araras! Eu sabia muito bem que você estava me espionando! Depois te encontrei lá no estacionamento quando colocou aquele capacete – Ele sorriu – Não precisa chorar, apenas me diga se estava me seguindo. Alice me olhou confusa e aliviada ao mesmo tempo. –Achou que eu não iria saber? Foi você Alice que disse à ela que sou o melhor produtor musical do país? Por isso a trouxe até aqui e me fez aquele pedido de ultima hora? –A-Ah! É isso? – Ela sorriu.

–O que mais seria? –Nada – Ela me abraçou mais forte – Nada mesmo. –Por que você mesma não me procurou? –Anabella é um pouco tímida – Alice disse em minha defesa. –Você sabe que é contra as regras tentar fazer com que assinemos contrato com parentes ou amigos não é? –Eu sei, mas Ana é muito talentosa e você estava precisando tanto... –Tudo bem. Você quer ser mesmo uma cantora Anabella? –S-Sim – Falei enxugando as lágrimas – Eu quero muito. –Aqui querida – Phill me entregou um lenço – Não precisa chorar, está tudo bem. Esta vendo Edward! Você a fez chorar! Seu rosto bonito vai ficar inchado – Ele analisou-me – Falando nisso... Acho que devíamos dar uma modificada nele. Talvez arrebitar o nariz. –Está falando de cirurgia plástica? –É. –De jeito nenhum! – Levantei-me depressa – Sou totalmente contra cirurgias plásticas. Tenho muito medo de bisturis, agulhas e tudo isso! Eu nunca faria cirurgia plástica. Isso é pra quem tem baixa auto-estima. –Como assim? Não é nada demais. –Então você está dizendo que não sou bonita o bastante? –Não – Ele arregalou os olhos – Nem pensar. Você é linda! Tem uma beleza natural eu adorei e você Edward? – Você é cem por cento natural? – Ele perguntou olhando-me de cima a baixo, senti meu rosto enrubescer. –Claro. Sem dúvidas – Torci pra que ele não notasse a mentira no meu tom de voz. –Ótimo – Ele sorriu fazendo meu coração saltar – Vamos assinar um contrato. –Sério? –Sério – Ele sorriu novamente. Alice me abraçou e giramos pela sala. Então meus olhos se conectaram aos olhos esmeraldas de Edward. A distancia não havia modificado em nada o meu amor. Ele continuava firme e forte como uma rocha. Agora, finalmente eu sairia dos bastidores e entraria nos holofotes. Dessa vez, Edward Cullen seria meu.

Capítulo 9 - Dúvida cruel

Os dias se passaram tão rápido que eu mal podia acreditar que finalmente era uma cantora de verdade. Meu CD já havia sido lançado, meu primeiro single ficara em primeiro lugar nas paradas de sucesso, meu primeiro show já estava agendado, gravei vários comerciais e fiz algumas campanhas publicitárias. Mas, a melhor parte do meu dia, a melhor parte de minha carreira e da minha vida era os momentos que eu passava ao lado de Edward. Antes, como Isabella, trabalhávamos sempre juntos, mas dessa vez era diferente. Anabella estava à frente de tudo, nada era feito sem

minha permissão. Sem contar o fato de que Edward me dava dicas, passava horas me auxiliando e sinceramente eu me apaixonava cada vez mais por ele, isso se fosse possível amar tanto uma pessoa. Porém eu precisava ir devagar, devia conquistá-lo aos poucos, mas embora jogasse todo meu charme para cima dele, não parecia fazer muito efeito. Ele realmente era um homem muito difícil. Era um dia calmo de inicio de verão. Edward e eu estávamos almoçando em um restaurante sofisticado próximo a gravadora. Eu havia escolhido meu vestido mais bonito naquele dia: um tomara que caia preto com flores brancas estampadas, meu cabelo estava trançado e escolhi um perfume silvestre suave, bem no clima de verão. Conforme as estações passavam Edward se tornava cada vez mais bonito e naquele dia estava simplesmente radiante com uma blusa branca em gola V, jeans claros e óculos escuros, sua pele estava bronzeada e eu não conseguia desgrudar meus olhos dele. –Algum problema? – Edward perguntou arqueando a sobrancelha. –Nenhum – Engoli em seco tentando olhar para outra coisa que não fosse seu rosto lindo. –Por um instante pensei que... Graças a Deus o telefone dele tocou interrompendo aquele assunto constrangedor. Eu queria ser ousada e seduzilo de vez, mas parece que remodelar seu corpo por fora não significa mudar o que você é por dentro. O lado tímido e recalcado de Isabella infelizmente continuava em mim. –Alô? – Ele atendeu numa voz monótona, eu já sabia de quem se tratava o volume do telefone estava bem alto e eu podia ouvir a voz histérica de Tanya do outro lado da linha. –Por que vocês estão me evitando? –Já conversamos sobre isso milhões de vezes – Ele suspirou entediado. ―Você não pode me dispensar assim Edward! Não pode! Você vai se arrepender... –Não preciso mais de você – Respondeu seco, era impressão minha ou quando era grosseiro se tornava ainda mais sexy? –Vou dar a volta por cima – Ela riu nervosa – Vocês ainda vão voltar atrás. Eu tenho muito mais fãs do que essa... Essa usurpadora! Você vai ver Edward eu vou encontrar a gorda! –Não fale de Isabella! – Ele praticamente gritou e eu engasguei com o suco que bebia. Edward olhou-me questionador, sorri me desculpando e limpei a boca com o guardanapo. Ele esfregou os olhos com a mão desocupada suspirando e então voltou a falar com a voz mais branda – Eu já pedi para esquecê-la. Se ela realmente estivesse preocupada com a gravadora, conosco ou até mesmo com o pai ela já teria aparecido há muito tempo. Está perdendo seu tempo Tanya, pare com isso. Concentre-se no papel que te consegui naquela série de TV, memorize suas falas e esqueça a musica! –Não sou uma atriz – Ela soluçou, provavelmente estava chorando – Eu sou uma cantora! –Tanya... Deus é quem faz todas as coisas, nós humanos só fazemos aquilo que realmente somos capazes! –Eu sou capaz! Sou famosa! Sou uma cantora e você não vai tirar isso de mim! – É mesmo? Então boa sorte - Desligou o telefone jogando-o na mesa impaciente. –Problemas com a sua antiga cantora? – Perguntei fingindo que não sabia de nada. –Ela é problemática. Tanya me tira do sério. –Pensei que ela já tinha desistido. –Não irá desistir nunca. Está com a ideia obsessiva de encontrar Isabella – Ele riu sarcástico. –Quem é essa?

–Ninguém – Ele tentou disfarçar – Que tal irmos para a gravadora? Está na nossa hora. –Tudo bem – Concordei dando de ombros. Estar trancada com ele naquela salinha o dia inteiro me parecia uma ótima ideia. –Vamos então – Ele colocou o dinheiro na mesa e se levantou, me coloquei de pé também – Você está muito bonita, aliás. Sorri e quis me matar por corar. Pude perceber os cantos de sua boca esboçando um sorriso. Eu tinha que parar de ser tão vulnerável, será que não aprenderia nunca? Edward precisava de uma mulher de verdade e não uma garotinha que fica vermelha só por causa de um elogio. Estava na hora de me armar com artilharia pesada.

[...]

Antes minha estação do ano favorita era o inverno. O motivo era simples: Todos usavam bastante roupa e escondiam seus corpos da nevasca. Para uma gordinha era a época perfeita para andar no meio de todo mundo sem se sentir deslocada por vestir mais roupas do que deveria. Porém com todas aquelas mudanças o inverno nada mais era do que uma lembrança de um tempo ruim, agora o verão era tudo para mim. Finalmente eu podia colocar um biquíni sem me preocupar em parecer uma orca patética, meu corpo era magro e escultural. Assim que me olhei no espelho com aquele biquíni vermelho me senti a mulher mais realizada do mundo, só faltava uma coisa: Edward. Parecia doentio o modo como ele estava presente em todos os meus pensamentos, vinte e quatro horas por dia, desde que eu dormia até quando acordava. Talvez eu realmente estivesse doente, mas eu não ligava. Alice e eu estávamos em um badalado clube em que os membros da gravadora eram sócios. Era a primeira vez que eu iria à uma piscina pública, foi bem difícil tirar a canga e ficar apenas de biquíni, mas, com o tempo acabei me acostumando e quer saber? Eu adorei. Alice havia literalmente me arrastado para o clube, dizia que eu precisava esquecer Edward pelo menos algumas horas. Precisava me bronzear e relaxar. Estávamos deitadas nas espreguiçadeiras. Alice havia passado um óleo de bebê para pegar um bronze, embora eu a tivesse aconselhado de não fazer isso. Billy havia me orientado sobre os riscos de tomar sol indevidamente, mas como a perfeita teimosa que era não me deu ouvidos. Perguntei por que ela não usava um bronzeador ou qualquer coisa mais segura, mas ela me disse que óleo de bebê queima a pele mais rápido. Era inútil discutir. Ela estava de costas e eu já podia ver pequenas manchas vermelhas se formando em sua pele alva. –Não vai se queimar um pouco Ana? – Alice tinha se adaptado bem ao meu novo nome, nem se esforçava para chamá-lo. –Nem pensar – Respondi, espalhando protetor solar fator cinquenta na pele – Prefiro não correr riscos. –Você é tão medrosa – Ela riu – Os homens adoram mulheres bronzeadas... –Alice – Cutuquei suas costas. –O que foi? –Tem um homem ali acenando para mim, o que faço? –Acene de volta é claro! Eu sorri desconcertada e acenei para ele. O homem veio andando em nossa direção e eu engoli em seco. Alice virou-se e eu me preparei para falar que o homem que acenara parecia querer algo mais, porém ela se levantou rapidamente e pulou no colo dele. –Oi gatinho como está? – Ela disse grudada ao pescoço dele. –Muito bem, e você?

–Ótima! Vamos dar uma volta? –Claro! –Você não se importa de ficar só um momento, Ana? –Não – Sorri sem graça – Pode ir. Ela me deu um “tchauzinho” e saiu de mãos dadas com ele. Que cafajeste! Não tive coragem de contar a safadeza do “gatinho” para Alice naquele momento, mas ela ficaria sabendo, ah se ia! –Hei – Senti um cutucão nas minhas costas e virei-me dando de cara com Tanya. –O que? – Perguntei sem ânimo. Ela me entregou um vidro de bronzeador. –Passe nas minhas costas – Sem delongas ela se sentou de costas para mim na cadeira de Alice. Pensei em lhe dar uma boa resposta, mas um diabinho colocara uma ideia malvada em minha cabeça. –Não tem medo de se bronzear? Ouvi dizer que o sol é prejudicial à pele – Falei fingindo preocupação. –Meu bronzeador tem protetor solar. Importado de Paris, posso pegar uma cor legal e ainda ter a pele saudável. –Ah – Sorri malignamente e sem que ela percebesse troquei o bronzeador pelo óleo de bebê da Alice. Esfreguei em suas costas até ficar escorregadia. –Obrigada – Ela se levantou – Até que você é útil... – Ela fingiu não saber meu nome. –Anabella – Falei e sorri. –Como? – Ela estava mesmo tentando me irritar... –Anabella, aquela ali do comercial – Apontei para o telão em uma das paredes em que meu rosto e meu nome estavam estampados no comercial do meu CD. –É mesmo – Ela sorriu desconcertada e com ódio nos olhos. Tanya saiu rebolando com o nariz empinado tentando manter a pose. Deitou-se numa espreguiçadeira bem longe, onde o sol era mais forte. Soltei uma gargalhada malvada, agora era só esperar até que os raios ultravioletas torrassem a pele dela. Se bem que ela poderia renová-la depois, não é isso que cobras fazem? Trocam de pele? Balancei a cabeça e ri ainda mais alto. Mas, então percebi que os homens olhavam muito mais para ela do que para mim. Não era difícil saber por quê. Tanya era ousada e tinha... Tinha atitude. Era disso que eu precisava como Alice bem me disse precisava ser um pouco mais... Bitch. Mordi o lábio pensativa, será que Edward gostaria mais de mim assim? Eu tinha que descobrir... –Boa tarde – Congelei quando ouvi aquela voz rouca e sexy. –Boa – Respondi olhando para Edward. Ele estava incrivelmente... Divino. Usava uma bermuda preta, óculos escuros e estava sem camisa. Seu peitoral era bem definido e com o clima de verão e as várias idas aos clubes e praias ele havia adquirido um bronzeado que deixava sua pele acobreada... Simplesmente perfeita. –Também aproveitando a folga? – Ele sentou-se ao meu lado. –Sim – Sorri para ele encantada- Está fazendo muito calor. –Demais – Ele colocou os óculos na cabeça deixando seus orbes verdes encarar-me. –O que ela faz aqui? – Perguntei apontando para Tanya – O clube não é exclusivo para sócios da gravadora?

–Ela ainda tem passe livre. Não é mais cantora oficial, mas tem outros tipos de contrato. –Ah – Falei pesarosa, será que não ia me livrar dela nunca? Se bem que seria interessante conviver com ela, dizem que é melhor manter seus inimigos por perto. Acabei sorrindo perversamente. –O que é tão engraçado? – Edward perguntou arqueando a sobrancelha. –Nada – Respondi balançando a cabeça – Quer dar um mergulho? –Seria bom – Ele se levantou e tirou a bermuda. Preciso dizer que fiquei sem ar? Que pernas eram aquelas? E aquela sunga preta apertadinha? Céus ele era a personificação de um deus grego – Vamos? – Ele estendeu a mão para mim.

Eu estava trêmula, mas precisava manter a calma. Eu não era mais a bobinha da Isabella, agora eu era outra mulher decidida a ter aquele homem para mim então precisava me mostrar confiante e... Sensual. Isso mesmo, eu precisava ser sensual, embora não fizesse ideia de como. Segurei a mão dele e me levantei, caminhamos juntos até a borda da piscina. Eu havia feito várias aulas de natação na clinica com Billy, era parte do processo de emagrecimento, inclusive havia aprendido muitos mergulhos, era uma boa oportunidade de me exibir para ele. –Primeiro as damas – Ele sorriu. –Certo – Pisquei para ele. Inclinei meu corpo para frente e pude jurar que ele deu uma espiada em certos lugares, era exatamente o que eu queria, mas também com um biquíni minúsculo daquele jeito seria meio impossível resistir. Sorri presunçosa e então mergulhei na piscina. Fiz um nado sereia até o outro lado. Assim que emergi vi Edward aplaudindo. Acabei sorrindo e balançando a cabeça. Ele também mergulhou na água e veio até mim num nadando de costas. –Belo mergulho – Ele disse parando ao meu lado. –Obrigada. –Fez aulas de natação? –Algumas – Respondi por alto. –Que tal uma competição? –Sério? É claro que você ganha de mim, com todos esses músculos deve ter muita força para nadar. –Ai que você se engana. Esse seu corpo pequeno deve ser muito mais ágil. –Tudo bem, vamos lá. Iniciamos uma disputa na piscina, é claro que Edward me deixou ganhar. Eu era boa nadadora e ele também, estávamos no mesmo patamar, porém ele fazia questão de se mostrar menos ágil do que era. Quando terminamos de competir ficamos brincando na água como duas crianças. Sem dúvidas era o melhor dia da minha vida e ficaria na minha memória para sempre. Ao cair da tarde Edward me levou para casa já que Alice tinha desaparecido com o carro. Ele achou estranho o fato de eu estar morando no apartamento de Isabella, mas inventei uma desculpa de que Alice tinha a permissão dela para alugar caso desejasse. Ou Edward era muito sonso ou se fazia, mas no final acreditou. –Te vejo amanhã? – Ele perguntou parando o carro em frente ao prédio. –Sim – Respondi sorrindo.

–Foi uma tarde adorável. –Muito... –Você é uma pessoa muito divertida Anabella. Acho que seremos bons amigos. –É... – Falei sem animo – Bons amigos. –Então, até amanhã. –Até – Desci do carro. Acenei para Edward e ele saiu deixando-me um tanto transtornada. Minhas investidas na piscina não tinham significado nada? Parecia que ser somente amiga dele era um carma para mim. Mas, eu não ia aceitar isso. De jeito nenhum! Ele seria meu em todos os sentidos de qualquer maneira!

[...]

Pov Edward

Entrei no apartamento e joguei as chaves na bancada. As lembranças de meu dia com Anabella não saiam de minha mente. Há muito tempo eu não me divertia tanto com alguém. Mas, o que mais me marcou foi a sensualidade dela, será que aquela mulher tinha a mais remota noção do quanto era linda? Olhar para ela era como contemplar a própria Afrodite, deusa da beleza e do amor. Os cabelos ondulados, os olhos... A boca vermelha em formato de coração. E aquele corpo? Tive que me controlar o dia inteiro. Quando olhei para seu bumbum empinado senti um desejo insano de tocá-lo, e os seios arredondados? Será que caberiam em minhas mãos? Balancei a cabeça e suspirei, estava mesmo ficando louco. Talvez fosse falta de sexo, há muito tempo não tinha contato com mulher alguma. Eu precisava me controlar, eu era seu produtor musical e poderia até ser processado se ousasse seduzi-la. Mas, Anabella também não era nenhuma santa eu percebia cada uma de suas ousadas investidas para cima de mim. O jeito como me olhava, quando nos tocávamos e como ela passava a mão pelo cabelo daquele jeito. Sem dúvidas estava jogando seu charme e de um jeito totalmente... Promiscuo. Ela não era a primeira e nem seria a ultima cantora a tentar ter um caso comigo. Tanya era um exemplo vivo, talvez algumas cantoras realmente tenham fetiche por seus produtores, o que não seria estranho. Mas, ao contrário de todas as mulheres que tentavam causar algum efeito em mim, Anabella era a única que até então tinha conseguido. Fui para meu quarto e tirei a camisa jogando-a em um canto qualquer. Olhei-me no espelho e percebi o resultado de uma das minhas “brincadeiras” com Anabella. A lembrança me veio na mente na mesma hora. Ela havia arranhado minhas costas de modo lascivo e ainda piscou para mim. Parecia uma coisa tão simples, mas seu efeito era atormentador. Eu simplesmente adorava ser arranhado, machucado, xingado. Era meu fetiche e ela tinha acertado em cheio, eu tinha certeza que ela fizera de propósito... Sem duvidas era uma vadiazinha, mas diferente das outras que conheci, ela também era ao mesmo tempo, tímida e inocente, um paradoxo delicioso que despertou um desejo insano em mim. Sem dúvidas eu teria de me controlar ao máximo para não levá-la para cama. Na manhã seguinte, quando cheguei à gravadora Isabella já estava lá. Usando um vestido extremamente sensual, sem dúvidas ela maquinava alguma coisa naquela cabecinha. Começamos os ensaios e notei que ela estava diferente. Parecia mais... Ousada. Não que fosse ruim, mas aquela era uma canção romântica e ela não parecia sentir isso. Se insinuar para mim fora do trabalho era uma coisa, mas fazer isso no meio de uma gravação era estritamente inapropriado. Eu precisava fazê-la se concentrar. Anabella tinha uma voz incrível, mas lhe faltava emoção, era como se estivesse desconcentrada.

–Espere um pouco – Falei ao microfone desligando o playback. –O que foi? – Ela perguntou espantada – Fiz algo errado? –Você está no tom certo e acertou as notas, mas preciso que vá além do lado técnico. –Como assim? –Vem aqui um instante, pode ser? –Ta. Anabella veio até mim na sala de equipamentos. Pedi aos outros que me deixassem a sós com ela. –Quero te mostrar uma coisa – Falei ligando o DVD. Logo o vídeo da audição de Isabella começou a tocar. Ela cantava Imagine. Sua voz era doce, calma e estava repleta de emoção. Ao ver aquele vídeo senti uma saudade imensa. –O que você acha? – Perguntei ainda olhando o vídeo. –A qualidade de imagem é ótima – Ela deu uma risadinha – Qual câmera você usou? –Não quis dizer isso. O que quero saber é o que você sente com a música dela. –A musica está no coração dela – Ana falou encarando-me – É como se ela cantasse para alguém que ela ama. É o que eu acho, e você? –Exatamente – Assenti. –E o que isso tem a ver comigo? – Ela perguntou sorrindo sem graça. –Acha que consegue cantar como ela? – Perguntei apontando o vídeo – Você se preocupa demais com sua aparência enquanto canta. O tempo todo arruma o cabelo, ajeita a roupa. Não se concentra como ela. –Mas, ela é tão gorda, feia e... Você devia passar muita vergonha com ela. –Pare com isso – Interrompi nervoso ainda encarando o vídeo - Ela era especial para mim. A gravadora estava com sérios problemas e ela nos ajudou a reerguê-la, você só está aqui graças a ela, todos temos uma dívida enorme com Isabella. –Mesmo assim eu... –Você não é nem metade do que ela era! – Alterei a voz, ouvir alguém falando mal de Isa me deixava muito nervoso, olhei para Ana e estreitei os olhos – Por que está chorando? –É que ouvir você falando assim me deixou emocionada... –Hmm – Foi só o que consegui murmurar – Tente se concentrar mais Anabella. Cante com seu coração do mesmo modo que ela fazia. Tenho certeza que se tornará uma cantora melhor. Vocês duas até tem a voz parecida, mas na sua falta a emoção que Isabella tinha. –Vou me esforçar – Ela limpou as lágrimas, mulheres são tão emotivas! –Ótimo. Sai da sala e fui direto para meu escritório. De repente senti uma falta imensa de Isabella... Onde será que ela estaria? Por que foi embora sem dizer nada? Será que estava bem? Todas essas perguntas me atormentaram durante todo o dia.

[...]

Pov Bella

Eu não podia acreditar no que tinha acontecido. Passei o dia inteiro me desmanchando em lágrimas por ter ouvido aquelas coisas da boca de Edward. Ele realmente me achava especial... Realmente sentia minha falta. Eu quis tanto me revelar para ele naquele momento, mas não era a hora. Eu tinha que pensar bem no que diria a ele. Mas, quando soube da reunião entre os membros da gravadora à noite decidi que seria a hora perfeita. –Ficou maluca? – Alice perguntou encarando-me pelo espelho enquanto eu ajeitava meus brincos – Como assim vai contar para ele? –Tenho que contar antes que seja tarde demais Ali. Ele vai entender. –Se lembra dos três tipos de mulheres que te falei? –Sim. Mas, eu sou bonita agora. –Isso realmente é tudo? Será que Edward é do tipo que aceita mulher plastificada? Ele preza muito a naturalidade. –E desde quando você tem experiência nisso? - Sorri fazendo graça Parece até que teve milhões de namorados! –Muito mais do que você – Ela rebateu mostrando a língua – Pelo menos meu amor não é platônico! –Então você está apaixonada? –Sim. –Por quem? Por aquele cara do clube? Ele também está apaixonado por você? Ou está tentando te vender coisas? Ele é um corretor de imóveis não é? –Mexeu na minha bolsa? – Ela perguntou com raiva. –Encontrei os papéis no meu casaco que você usou. Alice, não compre nada dele! Pode ser um golpista barato! –Não sou como você! Nossa conversa começou a ficar séria. –Eu realmente era uma tola ingênua. Portanto não faça nada estúpido do jeito que eu já fiz. Os homens mentem Alice, eles sempre te elogiam e nunca dizem na sua cara que você é “gorda e feia”, quando querem alguma coisa de você não apontam seus defeitos. –Você tem muita experiência nisso não é? – Ela respondeu magoada – Conte a verdade para Edward e verá se não tenho razão. Alice saiu do quarto e pude ouvir quando bateu a porta da sala. Ela estava apaixonada por aquele canalha e não ouviria meus conselhos, mas, eu também não era muito confiável. Apesar de tudo que ouvi de Edward eu continuava ali, mudando minha vida inteira só para estar com ele. Sentei-me na cama suspirando pesadamente. A dúvida cruel martelando minha cabeça: Contar ou não contar? O que eu deveria fazer?

Capítulo 10- Coisas do coração

Fazia quase uma hora que eu estava parada no corredor do apartamento de Edward sem coragem de bater em sua porta. Que desculpa inventaria? Desde que ele me ligara dizendo que a reunião havia sido cancelada pensei em algum motivo para ir encontrar-me com ele assim mesmo, mas minha cabeça não conseguia projetar nada. Precisei reunir toda minha coragem – Afinal eu era Anabella agora – E fui até sua porta. Bati duas vezes torcendo para ele não estar em casa, droga eu continuava a mesma medrosa de sempre. É como o ditado diz: Pau que nasce torto morre torto. –Bella? – Edward indagou me encarando assim que abriu a porta. Amaldiçoei-me por dentro ao ficar com aquela cara boba olhando para ele. Edward estava de roupão, enxugando os cabelos molhados com uma toalha. Eu esperava tudo, menos encontrá-lo recém saído do banho... Era simplesmente lindo. –O-Oi – Falei gaguejando tentando inutilmente não parecer tão estúpida. –O que faz aqui? – Ele sorriu simpático. –Sobre o vídeo – Joguei o cabelo de lado fazendo um charme- Pensei muito no que me disse, achei que seria bom se o analisássemos direito. –Hã? – Ele arqueou a sobrancelha... Tão lerdinho, mas não deixei de notar o jeito como me olhou de cima a baixo, certamente estava admirado – Claro, entre. Ele abriu mais a porta me dando passagem. Sorri para ele e entrei confiante, enquanto ele voltava a fechá-la suspirei tentando não me arrepender de ter ido lá. –Seu apartamento é muito bonito – Falei como se estivesse ali pela primeira vez, o que não era verdade. –Obrigado. Mas, como conseguiu meu endereço? Bingo. –Ah... Eu... Eu... –Tudo bem – Ele sorriu e balançou a cabeça – Isso não importa. Já que você está aqui pode me fazer companhia no jantar. Pedi comida chinesa você gosta? –Adoro – Falei empolgada. Eu não comia comida chinesa há tempos. –Engraçado – Ele deu um risinho – Só conheci uma pessoa que ficava tão animada com esse tipo de comida. –Sério? – Sorri amarelo, droga eu precisava me controlar. –É – Ele voltou a enxugar os cabelos – Bom, vou colocar uma roupa e já volto ok? –Está bem. Edward foi para o quarto e assim que sumiu de vista me dei um tapa na testa. Como eu podia ser tão descuidada? Suspirei e comecei a olhar seu apartamento. Tudo ali tinha a cara dele, desde os eletrônicos até os móveis. Por um minuto imaginei como seria morar ali com ele, dividir cada espaçinho daquele lugar... Era um sonho, meu sonho. Sentei-me no sofá que era tão macio quanto uma manteiga e inspirei, o cheiro dele estava impregnado por toda parte. Eu já estava com medo de mim mesma, amava tanto aquele homem que mais parecia uma obsessão.

–Eu soube que você está morando no apartamento da Isa – Edward disse vindo para a sala, havia vestido uma calça jeans escura e uma camisa pólo branca, os cabelos molhados bagunçados... Era demais para minha sanidade. –Pois é – Respondi desviando os olhos – Alice alugou para mim. –Sabe se ela tem noticias de Isabella? –Que eu saiba não. –Ah – Ele foi até a estante e pegou o notebook, sentou-se ao meu lado. Estávamos perto demais. Eu podia sentir o braço desnudo dele encostando-se ao meu, parece tolice, mas uma enorme descarga elétrica se desencadeou por meu corpo. Ele exalava um aroma gostoso de sabonete e xampu, senti uma vontade louca de cheirar o pescoço dele. Assim que o computador ligou desviei meus olhos para a tela. Precisava manter a calma, se bem que... Talvez fosse hora de finalmente tentar seduzi-lo. Aproximei-me mais de Edward, nossas peles entraram em atrito. Joguei o cabelo de lado deixando meu pescoço à mostra, afim de que meu perfume invadisse seu campo de respiração. Ele pigarreou e começou a vasculhar as pastas do computador. –Não encontro o vídeo – Ele falou. –Tudo bem – Falei quase sussurrando em seu ouvido, ele fechou os olhos e suspirou. –A comida está demorando, não é? – Ele sorriu e olhou para mim. De repente não precisei, nem consegui fazer mais nada. Aqueles pares de olhos imensamente verdes me prenderam em sua imensidão. Edward também ficou estático. Aos poucos senti nossos rostos se aproximando um do outro, eu podia até sentir seu hálito quente com cheiro de menta em meu nariz. Mas, então alguém tocou a campainha fazendo-nos nos afastar com um pulo. Ele fechou o notebook e se levantou com pressa. Me afundei no sofá sentindo meu corpo pegar fogo, nosso quase beijo me deixou totalmente sem ar. –Nosso jantar – Ele me mostrou as embalagens. –Ótimo – Sorri, mas porque a maldita comida não demorou um pouco mais?

[...] A comida estava divina. Edward pedira meus pratos favoritos: Yakisoba, frango xadrez, tempurá de legumes e um bom vinho tinto de acompanhamento. Não era a primeira vez que jantávamos juntos, mas era a primeira vez que o jantar parecia algo além de uma simples refeição entre amigos. A cada intervalo trocávamos olhares discretos e meios sorrisos. Eu fazia de tudo para parecer charmosa e graciosa enquanto Edward nem precisava se esforçar. Eu precisava começar algum assunto que me levaria a revelar a ele toda a verdade, seria difícil, mas eu precisava contar.

–Então – Falei e bebi um gole de vinho – Eu estava conversando com Alice sobre mulheres americanas que fazem cirurgia plástica. O que você acha sobre isso? Edward apenas sorriu. Franzi a testa tentando entender o motivo, mas, então outra coisa chamou minha atenção. Algo que me paralisou completamente. Assim que olhei para a porta vi Pingo parado ali me olhando... O que meu cachorro estava fazendo na casa de Edward? Alice havia me dito que não tinha tempo para cuidar dele e por isso havia lhe dado para adoção. Meus olhos se encheram de lágrimas. Como eu estava com saudades do meu amiguinho. Tentei disfarçar meu nervosismo, eu ia contar tudo a Edward, mas não podia ser assim de qualquer jeito. Mas não adiantou desviar os olhos. Pingo correu até mim e pulou no meu colo. Edward o olhou curioso e espantado ao mesmo tempo. Eu também estava confusa, como ele podia me reconhecer? Isso era possível? –Parece que ele gostou de você.

–É – Falei assustada e emocionada. Pingo começou a lamber meu rosto com sua língua quente. –Pingo, quieto. Deixe a moça em paz... Pingo! – O telefone de Edward tocou. Ele olhou para o cachorro em meu colo e para o telefone tentando decidir para qual dos dois dava atenção. –Pode atender – Falei gargalhando com as cócegas que sentia das lambidas de pingo. –Já volto. Ele se levantou e foi atender a ligação. –Amorzinho – Segurei seu rostinho peludo com carinho – Como veio parar aqui hein? Sinto muito ter abandonado você – Abracei-o chorando – Me desculpe... De repente Edward apareceu na minha frente. Ele falava sorrindo com a pessoa no telefone, mas o sorriso se desfez assim que me viu naquela cena embaraçosa. Disfarçadamente coloquei pingo de volta no chão e limpei as lágrimas. –Falo com você depois – Edward desligou o telefone e me olhou confuso – Algum problema? Ele machucou você? –Não – Limpei as lágrimas e sorri – Ele me fez chorar de tanto rir... A língua dele faz cócegas. –Ah – Ele coçou a cabeça e então voltou a se sentar. –Você dá peixe cru pra ele? Ele gosta. –Como sabe disso? – Ele sorriu colocando um pedaço de frango na boca. Droga! –Eu li numa revista que cães dessa raça gostam de peixe. –É? Eu não sabia. Mas, voltando ao assunto da cirurgia plástica – Ele mudou de assunto me deixando aliviada – Você mesma disse que não concorda. Acho que tenho a mesma opinião. –Estive pensando nisso... Acho que mudei de ideia. Tentar ficar bonita não deve ser uma coisa ruim não é? Fazer cirurgia plástica é o mesmo que usar um cosmético, atualmente é bem comum e natural. –Então porque ninguém gosta de dizer que fez cirurgia plástica? Sempre inventam desculpas. Mas, você não percebe? Por isso que vai fazer tanto sucesso no ramo musical, além de ter uma voz incrível é toda natural. As pessoas gostam disso. Estava comprovado que eu era uma covarde. Dei-me conta disso no momento que estava no banco carona de Edward olhando a paisagem que passava por nós sem dizer uma única palavra. Nosso jantar terminou com ele falando sobre os negócios e eu sem a menor disposição de revelar meu segredo. Ele não permitiu que eu pedisse um taxi e fez questão de me levar em casa. Já estávamos a um bom tempo calados quando finalmente ele quebrou o silencio. –Sobre a história da cirurgia plástica... Estava aqui pensando sobre isso. –E qual sua conclusão? –Acho que entendo... As mulheres são muito vaidosas e não tem nada demais em querer melhorar um pouco. Sorri satisfeita era o momento ideal para a revelação... –Mas – Ele falou antes de mim – Não ia gostar de algo assim em minha garota. É claro que não ele não ia aceitar. Não sei por que ainda não tinha tomado consciência de que ele jamais perdoaria o fato de eu ter mentido e escondido minha verdadeira identidade por todo esse tempo. –Chegamos – Ele disse sorrindo. –Obrigada – Respondi sem muito animo. –Nos vemos na gravadora amanhã.

–Claro, claro – Assenti e sai do carro. Fui caminhando até a entrada do prédio. Ele acenou para mim dando-me um “tchau” que retribui desanimada, mas então uma expressão séria ocupou o sorriso em seu rosto e ele saiu lá de dentro vindo na minha direção. Milhões de coisas se passaram pela minha cabeça naquele momento, talvez ele tivesse enxergado o que eu realmente esperava daquela noite, talvez tivesse percebido que estava mesmo apaixonado por mim. Esperei que ele chegasse mais perto com o coração acelerado, mas então... Edward passou direto indo para um beco ali próximo. Fui atrás dele um tanto decepcionada e o vi agarrando um garoto pela gola da camiseta. –Qual o problema? – Perguntei não entendendo nada daquilo. –Ele estava te filmando – Edward mostrou-me a câmera que tinha tomado dele – Quem te mandou filmar isso garoto? O garoto ficou calado. –Edward... – Tentei acalmá-lo, pois já estava ficando nervoso. –Ninguém mandou – O garoto disse por fim – É que eu gosto muito dela. –Espere – Observei bem o rosto sorridente do menino – Você é aquele moço que caiu da moto aquele dia não é? –Sim – Ele assentiu – Sou eu. –Solte-o Edward. –Tem certeza? – Ele olhou para mim e depois para o menino. –Sim. –Não tente nenhuma gracinha – Ele soltou o rapaz que suspirou aliviado. –Você se lembrou de mim – O garoto disse contente e tentou me abraçar, mas Edward o impediu empurrando-o de encontro à parede. –Edward... – Olhei-o assustada. –Se publicar isso aqui será violação de privacidade entendeu garoto? –Eu me apaixonei por ela desde o dia em que a vi, eu não sabia que ela era famosa... Depois que ela lançou o CD com aquelas músicas eu gostei mais ainda. Eu juro que não ia publicar nada... –Se gosta tanto dela não pensou que poderia incomodá-la seguindo-a esgueirando-se pelos cantos? Anabella poderia ficar assustada! Documentar a vida privada dela é um crime, eu devia te levar para a delegacia! –Não, por favor! Eu estava filmando para mim mesmo... Eu juro! –Mentiroso – Edward o empurrou novamente – Isso aqui é coisa de maníaco... Não tem vergonha na cara? –Chega Edward – O empurrei para longe do garoto que já estava assustado. –O que está fazendo? – Ele questionou. –Não seja tão duro com o pobrezinho! Ele só... Ele só gosta do meu trabalho e estava fazendo uma coisa ingênua, não pode bater nele por causa disso! –Filmando você? –O que tem demais? – Senti o choro preso em minha garganta – Qual o problema em uma pessoa que só pode amar de longe? Você tem ideia de como é não poder se declarar para a pessoa que você ama?

–Como você sabe que eu me sinto assim? – O garoto perguntou tirando-me do transe. Só então percebi que estava chorando. –Você já disse o que precisava dizer não é? – Falei limpando as lágrimas e tentando sorrir para ele. –S-Sim. –Então acho que deveria ir embora. Tanto ele quanto Edward estavam com cara de bobos, ambos sem entender aquela minha reação, mas é que de repente Isabella tomou conta das minhas emoções e não pude evitar de me sentir tão triste quanto aquele garoto, pois eu sabia melhor que ninguém o que era amar alguém impossível para mim. –Pode ir garoto – Edward falou por fim – Mas a câmera fica comigo. –Tudo bem... –Como você se chama? –Seth... – Ele disse timidamente. –Você quer ir assistir meu show em um camarote na semana que vem Seth? –Claro, eu gostaria muito. –Espere um momento – Vasculhei minha bolsa até encontrar uma caneta e um bloco de notas, destaquei uma folha e entreguei a ele junto com a caneta – Anote seu endereço para eu mandar os ingressos. Pode levar um acompanhante. –Sério? – Ele sorriu largamente. –Sim, anote ai. –Está bem. Rapidamente ele anotou o endereço e me entregou. Guardei dentro da bolsa e dei-lhe um beijo na bochecha. Ele se despediu com um tímido aceno e saiu com pressa temendo o olhar feroz de Edward. –Você confia demais nas pessoas Bella – Edward disse enquanto caminhávamos de volta para o meu prédio. –B-Bella? –Desculpe – Ele sorriu e bagunçou uns fios do cabelo – Eu tenho mania de apelidar as pessoas. –Tudo bem... Eu gostei. –Ótimo, então a partir de agora você será Bella e devo acrescentar que o apelido combina perfeitamente. –Chegamos – Falei suspirando assim que chegamos à portaria. –Acho que você devia mudar de endereço. Em breve os paparazzi não te deixarão em paz. Esse prédio não vai te proteger das câmeras, você já tem bastante dinheiro, não sei por que insiste em ficar com o apartamento da Isa. –Eu gosto... É confortável. –Imagino – Ele suspirou – Aposto que ela deixou toda sua doçura e alegria impregnadas em todas as paredes. –Você gostava muito dela? –Sim... Ela era minha melhor amiga. –Ah – Suspirei desanimada – Amiga.

–Eu já vou indo – Ele girou as chaves nos dedos. Lembrei do que vi num filme uma vez. Disseram que quando a outra pessoa diz que vai embora e gira as chaves nos dedos quer dizer que não quer ir realmente. –Obrigada por essa noite – Falei aproximando-me dele – O jantar estava incrível. –Por nada – Ele sorriu de canto de um jeito extremamente sexy – Foi ótimo ter sua companhia. –Devíamos fazer isso mais vezes – Edward já estava preso em meu olhar. –É... Devíamos... Mas – Ele quebrou nosso contato – Eu realmente preciso ir agora. –Tudo bem. –Mas, antes me diga uma coisa. –O que? –Por que se comoveu tanto com aquele garoto? –Ah – Droga – Aquilo... Bem, eu sou muito sensível. Até hoje eu choro quando assisto Titanic... Não suporto amores impossíveis. –Entendi – Ele sorriu e então me deu um beijo na testa – Vejo você amanhã. –Sim... Edward foi para o carro e eu permaneci ali parada olhando para ele. Cada dia que se passava aquela mentira se tornava mais difícil de ser mantida e o pior é que eu o conhecia bem demais para saber que algo daquele tipo o deixaria com muita raiva... Mas, eu sentia que Edward estava muito próximo da verdade e aquilo me deixava com muito medo...

Capitulo 11 - Contratempo

O passado é uma coisa que nos perseguirá para sempre, não importa onde formos quem nos tornemos as lembranças sempre estarão lá para nos lembrar de todos os momentos. Nunca pensei que me livrar de quem eu era fosse tão difícil. A verdade é que no fundo eu continuava tendo as mesmas inseguranças que tinha antes, a única diferença era que agora eu tinha mais coragem de enfrentar os meus medos.

Eu já não sabia ao certo quem eu realmente era. Estava me tornando uma estrela como sempre sonhei, tinha um bom dinheiro e podia ficar perto de Edward sem me sentir mal por isso. Entretanto sentia que alguma coisa faltava, começando por meu pai. Acabei descobrindo que Tanya vivia no hospital perto dele na esperança que Isabella aparecesse para visitá-lo. Às vezes eu tinha que apenas observá-lo de longe percebendo que a cada dia que se passava ele estava com a saúde mais debilitada. Alice e eu quase não nos falamos mais depois da nossa briga, o que era estranho já que em anos de amizade nunca havíamos brigado daquela maneira. Acredito que tudo na vida tem seu lado positivo e negativo e por mais que eu tentasse não conseguiria mudar isso. Minha fama, meu sonho e meu amor por Edward tinham um preço e eu estava pagando por ele.

Certa vez fui procurar Célio, meu amigo místico do refugio das estrelas. Contei-lhe toda a historia, ele ouviu com atenção e censurou-me por minha mentira, mas no final suspirou aliviado por eu finalmente ter dado noticias e me aconselhou. Suas sábias palavras fixaram em minha mente “Para se tornar uma nova pessoa, deve esquecer quem você era. Seu passado, suas memórias, apague tudo”. E foi isso que eu fiz, juntei todas as minhas fotos antigas e queimei na lareira... Queimei todas as coisas intimas e pessoais que pertenceram a Isabella. O fogo levou embora todos os rastros do meu antigo eu e pra me adaptar de vez na minha nova vida e deixar para trás o meu doloroso passado me concentrei em minha carreira. Trabalhava dobrado, ensaiava quase vinte e quatro horas por dia. Ajudava os produtores, fazia shows e me focava em conquistar Edward. A cada dia que passava estávamos mais próximos, era como se não pudéssemos existir sem precisar um do outro.

–Sou bonita até suada – Falei sorrindo olhando-me no espelho após fazer duas horas de step na academia do clube da gravadora. Balancei a cabeça gargalhando de minha pretensão e enxuguei meu rosto, bebi um pouco de água e fui até o armário pegar minhas coisas para ir embora já era tarde da noite e não havia quase ninguém por lá, de repente dei um pulo ao ouvir um barulho, parecia alguém... Gritando? –Looooooved! - Gritou a voz de novo, tão alto e desafinado que meus ouvidos doeram. Imediatamente comecei a procurar de onde vinha aquela gritaria toda. Não era muito difícil seguir o som já que era alto o suficiente para ser ouvido do outro lado do quarteirão. Acabei encontrando a origem da voz na quadra de basquete do clube ao lado da academia e para minha surpresa quem estava tentando sem sucesso cantar She will be loved do Maroon 5 aos berros era Tanya. Escondi-me atrás de uma pilastra para observá-la. A loira aguada estava parada no centro da quadra com as mãos para trás e o peito estufado, provavelmente buscando ar. –She will be looooved – Ela tentou novamente saindo ainda mais desafinada e sem ritmo. Tapei a boca para sufocar o riso. Resolvi que era hora de ir antes que eu ficasse surda, mas infelizmente acabei esbarrando em alguma coisa ali perto provocando um barulho ecoante. –Merda! – Xinguei tentando sair de fininho. –Quem está ai? – Ela gritou – É você Anabella? Estaquei onde estava e me virei lentamente. Tanya estava com as mãos na cintura e batendo o pé no chão, não me olhava furiosa como pensei que estaria. Seus olhos estavam rasos d’água como se tivesse chorado por horas e sua expressão era de tristeza e desespero. –Eu... Eu ouvi você cantando – Falei e ela franziu a testa. –Veio rir da minha cara? –Não eu só... –Tudo bem – Ela suspirou, parecia cansada. Deu-me as costas e foi pegar a bolsa que estava numa cadeira ali perto. –Praticar na sauna pode ajudar – Falei dando de ombros. –O que disse? – Ela voltou a me encarar. –Que praticar na sauna pode ajudar a melhorar a voz... Você realmente quer cantar?

–É claro! Não é o que as cantoras fazem? Mas, você não é cantora sua vaca arrogante! Pensei, mas acabei falando outra coisa, eu estava tentando ajudar e ela esnobando? Então que se danasse. –Não é isso... –Falei - É que sei lá, você não pode se obrigar a fazer algo que não consegue. Só Deus é capaz de fazer qualquer coisa. –O que? Como assim? –É o que meu pai diz – Sorri – Deus é o único que pode fazer qualquer coisa! Nós humanos só fazemos o que somos capazes. –Eu não pedi sua opinião – Ela respondeu e saiu pisando duro. Dei de ombros e sorri, Tanya era mesmo uma ingrata. Fui para casa e tomei um banho relaxante, verifiquei minha secretária eletrônica na esperança de que Alice tivesse ligado ou deixado algum recado, mas não havia nada. Será que ela nunca ia me perdoar? Resolvi que estava com fome após meu estomago protestar uma dezena de vezes. Preparei uma salada com frango grelhado e jantei sozinha e solitária para só então ir para a cama dormir. Na manhã seguinte me levantei cedo para ir à gravadora, teríamos um grande show naquela noite e precisávamos ensaiar. Havia deixado meu carro novo na frente do prédio porque a garagem estava passando por reformas. Assim que atravessei a rua notei que havia algumas pessoas ao redor do meu carro, tá certo que um Porsche Boxster chama atenção, mas, nem tanto. Aproximei-me e por fim descobri o que causou tanta algazarra, alguém havia pichado o capô com spray vermelho em letras grandes a frase: Você é uma farsa! Meu susto foi tamanho que precisei me apoiar no carro para não cair... Quem havia escrito aquilo? E porque dizia que eu era uma farsa? Será que haviam descoberto que eu era Isabella? Ah droga... Não podia ser... Tentei pensar em alguém, mas minha mente não cooperava... –Moça – Alguém disse cutucando meu braço. –Hã? – Respondi ainda entorpecida pelo susto. –Seu telefone está tocando. Era só o que faltava eu perder também a audição. Vasculhei a bolsa atrás do celular que tocava irritantemente. Assim que o encontrei notei que o numero no visor era desconhecido, apertei a tecla enter. –Alô? Outro susto... Eu estava certa que enfartaria a qualquer instante. Imediatamente expulsei as pessoas de perto do carro e arranquei com tudo. Disquei o número de Edward rapidamente e depois de alguns toques ele atendeu. –Onde se meteu? Está atrasada. –Edward... Eu... Eu vou me atrasar ainda mais. –Aconteceu alguma coisa? Você parece agitada. –A... A. Alice. –O que tem ela? –Alice tentou se matar... –O que? –Acabaram de me ligar avisando. Estou indo para o hospital no centro agora.

–Bella você tem um show importante essa noite, precisa ensaiar! –Minha amiga é mais importante que esse show, droga! – Engasguei com o choro. Ele suspirou –Desculpe... Eu sei que sim. Olha, vou dar um jeito de explicar sua ausência... Acha que consegue chegar a tempo do show? –Sim. –Ótimo. Mande-me noticias de Alice. Ele desligou, estava irritado e eu não o culpava. A cabeça de Edward rolaria se esse show desse errado, os patrocinadores o esfolariam vivo e mesmo assim ele me permitiu ir ver Alice. Quando cheguei ao hospital, para minha surpresa Edward já estava lá. –O que está fazendo aqui? – Perguntei confusa. –Alice é funcionária da gravadora. –Ah. –E também – Ele completou – Eu fiquei preocupado com você. Parecia muito nervosa. –Como chegou antes de mim? –Evitei a rodovia. Era óbvio, ele não pegou o mesmo trânsito infernal que eu. –Vocês são parentes de Alice Brandon? –Sou amiga e ele é nosso chefe, trabalhamos juntas. Como ela está? –No momento o estado dela é estável. –Posso vê-la? – Perguntei aflita. –Claro. Acompanhem-me. Nós o seguimos até o final de um largo corredor e quando entramos no quarto meu coração se apertou ao vê-la naquele estado. Ela estava desacordada, o rosto pálido, os lábios brancos, vários fios enfiados no braço... Era de cortar o coração. Sentei-me ao lado dela e segurei sua mão. –Alice... O que você fez? – Sussurrei derramando algumas lágrimas. –Quando ela chegou aqui estávamos muito preocupados – O médico disse – Não encontramos nada no estômago dela, tudo foi digerido. Trinta pílulas para dormir, se não a tivessem encontrado logo provavelmente teria sido fatal. –Ela está em coma? – Edward perguntou. –Não, ela está apenas dormindo. Essa mocinha teve muita sorte, poucas pessoas escapariam de uma overdose tão grande. Trinta pílulas daquelas que podem matar até um elefante. –A pessoa que a trouxe sabe o que a levou a tomar os remédios? – Edward voltou a perguntar. –Quem a trouxe foi o carteiro. Ele estava entregando as cartas do vizinho no momento em que presenciou uma briga dela com um suposto namorado. Parece que a briga foi feia e ela mencionou alguma coisa sobre traição. O carteiro disse que ela entrou em casa chorando muito e ele ficou preocupado. Bateu na porta por alguns minutos e ela não

respondia então resolveu ir terminar de entregar o resto das cartas da vizinhança. Voltou até a casa dela meia hora depois para ver se estava tudo bem e ela ainda não respondia e então ele resolveu entrar na casa e a encontrou caída no chão da sala. O desgraçado do namorado dela! O crápula por quem ela brigou comigo... Aquele maldito safado era o culpado daquela tragédia. Alice amava demais aquele homem e descobrir que ele era um sem vergonha deve ter arrasado o coração dela. Mas, ele ia me pagar...! Corri para o carro, Edward veio atrás de mim me mandando esperar, mas, não pude. Dirigi feito louca até a casa de Alice, por sorte eu ainda tinha uma cópia da chave. Entrei e me deparei com a caixa de remédios jogada no meio da sala, meu estomago se revirou. Subi correndo para o quarto dela e vasculhei todos os cantos possíveis atrás do maldito cartão do imbecil do namorado dela.

–Bella o que está fazendo? – Edward disse ofegante encostado na soleira da porta. Não respondi, apenas continuei procurando.

Quando finalmente encontrei o endereço do crápula voltei correndo para o carro e dirigi até lá. Entrei no prédio verificando novamente o número do apartamento dele, fui para o elevador e apertei o botão do quinto andar. Estava ansiosa para encontrar aquele cretino e lhe dizer umas boas verdades, mas não foi preciso esperar muito, pois coincidentemente ele entrou no elevador em que eu estava. O nojento ficou me olhando dos pés à cabeça com um sorrisinho idiota no rosto. –Por que você terminou com ela? – Perguntei com raiva ele me olhou confuso. –Do que está falando sua maluca? –Alice! Por que fez isso com ela! Por que a traiu? –Ah – Ele coçou a cabeça – Ela era muito gostosinha, mas eu já estava enjoado. Sabe como é... –Você é um verme! – Gritei – Um desgraçado! –Calma boneca... – Ele passou a mão no meu braço – Está muito nervosinha! –Não toque em mim – Estapeei seu rosto. –Sua louca! –Desgraçado – Avancei para cima dele chutando batendo e gritando com todas as minhas forças – Ela tentou se matar por sua culpa... Desgraçado! Ouvi um clique e as portas do elevador se abriram havíamos chegado ao térreo. Edward estava lá parado e nos olhou espantado, imediatamente entrou no elevador e apertou o botão para subirmos. As portas voltaram a se fechar. –O que está havendo? – Ele se colocou entre mim e o cretino. –Essa puta louca me atacou. –Puta é a sua mãe – Gritei avançando para cima dele, mas Edward me segurou. –Calma... Calma Bella! –Me solta eu vou matar esse miserável! –Segura essa vadia ou não respondo por mim... Você vai se arrepender sua idiota, vou ligar para a policia, o que você fez é um crime... Tomara que seja presa e estuprada na cadeia sua puta ordinária de uma...

Edward o silenciou com um soco profundo na cara. O verme caiu no chão segurando o nariz que sangrava. –Você está bem? – Edward perguntou me analisando – Ele não tocou em você? –Não... Edward ficou me encarando e então olhou para o homem com o nariz sangrando. –Como vamos explicar isso a tempo de ir ao show? – Perguntou balançando a cabeça – Já sei. Ele se abaixou e rasgou o forro da barra do meu vestido deixando-o super curto. Bagunçou meu cabelo e afastou uma das alças do meu vestido. Tirou um bocado de notas da carteira e jogou no homem. –Chame a policia ou pegue esse dinheiro e fique de boca fechada. O asqueroso preferiu o dinheiro. Então apertou o botão do térreo e logo descemos. As portas se abriram e havia uma multidão esperando pelo elevador, todos nos encaravam. Edward segurou meu braço e saímos. –Não te falei – Ele disse alto sacudindo meu braço – Esse vestido curto é um convite para os estupradores! Viu o que aconteceu? E se eu não tivesse chegado a tempo? Ele me arrastou e saímos do meio do povo. Provavelmente iriam querer massacrar aquele verme estirado no chão do elevador. Eu tinha de admitir, Edward era um gênio. Logo em seguida corremos para o show. Tínhamos apenas vinte minutos para minha apresentação e assim que chegamos tínhamos apenas cinco e eu estava um desastre. Era um show beneficente com vários cantores e eu cantaria com o Maroon 5, nos bastidores estava uma correria danada. –Tragam o vestido dela – Edward gritou para os figurinistas enquanto me arrastava por todos os cantos. –Ai – Reclamei após tropeçar uma dezena de vezes. –Onde diabos vocês se meteram a tarde toda? – Phill berrou para nós quando o encontramos, estava vermelho de tanta raiva. –Tivemos um contratempo. Você soube de Alice? – Edward disse. –Claro, mas o horário de visita terminou às três da tarde! –Como eu disse tivemos um contratempo! –E agora? O que vamos fazer? Tem um público enlouquecido lá fora e Anabella sequer passou o som com o Adam! –Quanto tempo temos? –Menos de dois minutos. –Certo – Edward disse e respirou fundo então me arrastou até uma das penteadeiras e tentou dar um jeito no meu cabelo. Aquilo estava sendo engraçado. –Não dê risada – Ele disse bravo – Tudo isso é culpa sua. Por que teve de ir atrás daquele sujeito? –Alice é minha amiga... –E eu sou seu chefe. Se quiser manter seu emprego aprenda a me obedecer! Levar uma bronca de Edward seria péssimo se não fosse o fato de ele ficar tão sexy bravo. –Vai dar tudo certo – Falei afagando seu ombro – Confie em mim. –Eu confio... Não vai dar tempo de colocar outro vestido, no intervalo você troca.

–Mas, é muito curto... Você rasgou. –Acredite... O público não irá reclamar. –Veja quem está aqui – O produtor rival de Edward falou rindo com sarcasmo, ao seu lado a garota de cabelo rosa – Qual é o figurino dela? Os dois riram e Edward fechou a cara. –Não ligue para eles – Eu disse – Não vou decepcioná-lo. –Todos adoram sua voz isso que importa – Ele segurou minha mão e voltou a me arrastar. Pegou o microfone das mãos de um dos assistentes e me entregou. Lá fora o apresentador anunciava Maroon 5 no palco seguido por uma série de aplausos e gritos. –Chegou a hora – Edward disse acariciando meu rosto – Mostre a eles o que você sabe fazer. Você é incrível Bella, uma das melhores eu acredito no seu talento e confio que... Não resisti e lhe dei um abraço, do mesmo jeito que Isabella o abraçaria. Ele era maravilhoso e eu o amava demais. Meu abraço de urso agora não o deixava sem fôlego, mas pelo menos consegui um sorriso de seus lábios. –Certo – Ele separou-se de mim – Agora vá Bella. –Sim – Sorri e fui para a escada que dava acesso ao palco. –E agora – O apresentador falou – Vamos receber a nova revelação da musica pop, a princesinha dos palcos... Anabella! O público gritou alto aplaudindo. Era chegado a hora de me apresentar... Olhei novamente para Edward que me fez um sinal positivo e jogou um beijo eu estava pronta, mais do que nunca. Era hora de brilhar no palco ao lado de Adam Levine.

Capitulo 12 - Sentimentos revirados

O show havia sido um sucesso. Eu mau podia acreditar que tinha cantado ao lado de um artista tão incrível quanto o Adam. No inicio senti um pouquinho de timidez, encarar meu primeiro show super lotado era um desafio e tanto, mas a platéia me deixou super a vontade, me receberam com carinho, cantaram minhas musicas junto comigo e inclusive algumas pessoas levaram cartazes escritos coisas carinhosas para mim. Depois do show eu ‘estourei’ nas paradas de sucesso. Meu Cd fora o mais vendido de todos os tempos, me apresentei em vários programas de TV, rádio, talk shows... Era um verdadeiro sonho. Anabella era uma estrela, até mesmo fã clubes eu tinha. Entretanto, na vida nem tudo são flores. Nem eu, nem Edward, nem a produção sabíamos explicar de onde vinha os ataques contra mim. De uma hora para outra os meus pôsters espalhados pela rua começaram a ser pichados com frases como “você é uma fraude” e coisas do tipo. Nossa principal suspeita era a Tanya e por isso ficamos de olho nela, mas nem mesmo os ataques eram capazes de ofuscar o sucesso da minha carreira e o que mais me mantinha satisfeita era saber que Edward estava orgulhoso de mim. Numa noite, depois de uma apresentação num programa de auditório, Edward me levou para jantar e depois fomos para a casa dele. Era uma coisa normal, eu o visitava sempre e ele me visitava também, mas naquela noite em

especial havia algo diferente no jeito que ele estava agindo comigo... A forma como segurou minha mão e me olhou nos olhos ao me convidar. Obriguei minha mente boba a não criar esperanças, mas meu coração estúpido como era não conseguiu resistir e assim que chegamos lá, fomos para a sala e passamos a conversar enquanto bebericávamos um vinho não consegui parar de sorrir como uma perfeita idiota. Percebi que enquanto conversávamos Edward me olhava de cima abaixo, especialmente e discretamente para as minhas pernas cruzadas. Senti minhas bochechas enrubescerem e um leve tremor subir pelo meu corpo, os olhos dele eram intensos, lindos e me encaravam de um jeito que ele jamais havia me olhado. Quando ele notou que eu havia percebido suas encaradas, desviou os olhos, se remexeu no lugar e bebeu o restante do vinho de uma só vez. A essa altura meu rosto queimava de tanta vergonha. –Acho que estou um pouco bêbada – Falei sorrindo – Sentindo uma tonturinha leve. –É? – Ele sorriu e se inclinou para perto de mim pegando a taça da minha mão, nossos rostos ficaram bem próximos... Arfei – Então acho que chega de vinho por hoje – Ele voltou para o lugar com um sorrisinho maroto nos lábios. –Eu só bebi uma taça – Falei fazendo biquinho. –Pois é, algumas pessoas são muito sensíveis ao álcool e você é uma delas – Ele piscou e eu dei uma risadinha – Você estava incrível hoje, a apresentação foi um espetáculo. –Obrigada. –Estou muito orgulhoso de você, Bella. –Isso significa muito para mim, Edward. Ficamos nos olhando por um tempo infinito e então suavemente ele chegou mais perto de mim, sem nunca desviar os olhos. Sua mão longa e bem cuidada acariciou meu rosto e depois colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. A sensação era divina, meu corpo inteiro estava arrepiado e eu tremia ligeiramente, meu coração batia acelerado e eu respirava ofegante. –Você é tão linda – Ele sussurrou - Linda demais. –Ed. Edward – Balbuciei incapaz de dizer qualquer coisa. Estava hipnotizada pela nossa proximidade, pelo seu olhar preso ao meu. –Bella... Ele sussurrou meu nome com carinho e então numa lentidão torturante tombou a cabeça de lado e foi se aproximando do meu rosto, os lábios rosados entreabertos, passei a tremer ainda mais forte... Droga, eu não queria morrer antes de sentí-lo, antes de finalmente beijar o amor da minha vida e então munida de uma coragem que arranquei do fundo da minha alma, segurei seu rosto e o puxei para mim colando nossos lábios. Com apenas aquele contato senti como se tivesse sendo eletrocutada, eram tantos sentimentos fervendo dentro de mim que fiquei até desnorteada. Edward intensificou nosso beijo enfiando a língua na minha boca e tocando a minha. Beijar Edward era como tocar o céu... Era divino, esplêndido. Era o sonho da minha vida se tornando realidade. Quantas vezes eu havia sonhado com aquele beijo, quantas vezes eu o desejara com todas as forças do meu coração, quantas vezes fantasiara aquela cena e imaginava o gosto da boca dele na minha. Nem mesmo meus sonhos mais intensos podiam ser comparados com aquela sensação, não chegaram nem perto. Edward continuou me beijando intensa e profundamente, por um momento ele abandonou meus lábios e passou para o meu pescoço distribuindo cálidos beijos ali e me deixando ainda mais arrepiada. Eu acariciava seus cabelos sedosos deleitando-me com a sensação de estar nos braços dele. Nós dois estávamos perdidos um no outro e eu podia jurar que ele desejava aquilo tanto quanto eu... Senti um pouco de ciúmes de mim mesma. Será que isso é possível? Meu coração estava transbordando de alegria por finalmente tê-lo, mas também estava triste por saber que era Anabella que ele desejava.

–Bella, está tudo bem? – Ele perguntou se afastando de mim. –Sim – Disse rapidamente puxando-o de volta – Por favor, não se afaste. Voltei a beijá-lo com todo o desespero que senti desde que nos conhecemos. Empurrei minhas inseguranças e frustrações para longe e me concentrei apenas em aproveitar o momento com Edward, meu Edward. Eu estava tão imersa no calor do momento que quando dei por mim estávamos no quarto dele, eu deitada sobre a cama e ele por cima de mim beijando minha boca, meu rosto, meu pescoço e deslizando as mãos pelo meu corpo, a sensação era gloriosa. Meu corpo ficou tenso ao me dar conta do que estava prestes a acontecer. –Edward... – Sussurrei seu nome e ele me olhou. –Algo errado? – Perguntou preocupado. –Não... É que... – Sorri sem graça – Eu... Eu nunca... Ele arqueou a sobrancelha e olhou-me intrigado. –Você... É virgem? Corei terrivelmente ao ouvi-lo verbalizar aquilo. Assenti desviando os olhos para o outro lado envergonhada. Edward sorriu e me fez olhar para ele. –Está tudo bem – Disse e me deu um selinho – Isso não é problema nenhum. Pelo contrário só torna tudo ainda mais especial. –Jura? –Claro que sim... Mas, por acaso você tem certeza de que quer isso? Quer mesmo que eu seja seu primeiro? –Sim – Respondi de imediato – Só pode ser você, Edward. Ele sorriu e me deu um selinho. –Então espere um momento. Ele desceu a cama, atravessou o quarto e foi até o aparelho estéreo, ligou-o e colocou uma musica para tocar “Iris” do Goo Goo Dolls começou a tocar e então lentamente voltou. Ajoelhou-se aos pés da cama e despiu a camisa. Meu coração batia tão acelerado naquele momento que pensei que enfartaria... Não consegui deixar de admirar o corpo desnudo dele, os músculos perfeitos e bem torneados, minhas mãos coçaram de vontade de tocá-lo. Quase como se entendendo a minha súplica mental, Edward voltou a deitar-se sobre mim e me beijou com carinho. Espalmei as mãos nas costas dele, acariciando-o de cima a baixo, extasiando-me com seu calor, com seu cheiro. Eu mal podia acreditar que faríamos amor... Em todos os momentos ele foi gentil. Cada toque em mim era bem pensado, calculado e bem executado. Ele se preocupava tanto com o meu bem estar que parecia nem ligar em satisfazer o próprio desejo. Quando já estávamos nus, sentindo um ao outro ele me fez carinhos íntimos, despertando em mim sensações jamais sentidas pelo meu corpo inexperiente. Gemidos baixos e tímidos escapavam dos meus lábios entreabertos e ele sorria satisfeito ao ouvir cada um deles aumentando ainda mais as carícias. Quando finalmente pude tê-lo dentro de mim desfrutei da mais sublime e completa felicidade que poderia existir no mundo. Houve uma dor incômoda, mas não era nada perto da sensação de saber que ele era meu e eu era dele. Nós nos movíamos em perfeita sincronia, nosso encaixe era perfeito, parecia que havíamos sido feitos um para o outro. Edward sussurrava palavras carinhosas no meu ouvido a todo o momento, beijava-me, apertava-me, acariciava-me e fazia com que eu me sentisse mulher, sua mulher. No ápice do prazer ele fechou os olhos com força, mordeu o lábio inferior e gemeu meu nome bem alto levando-me junto com ele. Ficamos imóveis por um momento acalmando a respiração e nos recuperando do prazer intenso que vivenciamos e só então Edward saiu de dentro de mim e deitou-se ao meu lado puxando-me para seus braços.

–Não sabe o quanto sonhei com isso – Ele disse sorrindo beijando minha cabeça. –Eu também – Respondi sentido uma lágrima descer pelo meu olho – Você não imagina o quanto... Lembrei-me do meu antigo eu... A gorda desengonçada e sonhadora que fantasiava estar nos braços de Edward Cullen... Será que ela se sairia bem como Anabella havia se saído? Será que a cena teria sido tão bonita como havia sido? A verdade é que se Isabella ainda existisse, eu jamais poderia ter tido a primeira vez com o amor da minha vida, isso era um fato. Edward suspirou e me deu mais um beijo na cabeça. Aconcheguei-me mais perto dele para sentir seu cheiro e seu calor pelo máximo de tempo que eu podia. Passei então a subir e descer a mão pelo seu peito definido, sentindo os músculos e não demorou muito para que ele adormecesse. Enquanto Edward dormia profundamente com um lindo sorriso no rosto eu fiquei sentada na cama observando-o. Não conseguia pregar os olhos. Estava feliz demais para conseguir dormir. –Você é tão lindo – Sussurrei acariciando de leve o rosto dele – Eu te amo tanto meu amor... Tanto que chega a doer. Ele se remexeu um pouquinho, mas não acordou. Eu sorri contente e suspirei. Distraidamente peguei um bloco de notas e uma caneta que estavam no criado mudo e comecei a rabiscar enquanto a mente voava longe. Quando o sono finalmente chegou, coloquei o bloco de volta no criado, me aconcheguei ao lado de Edward e dormi feliz como nunca havia estado na vida. Quando acordei pela manhã Edward já não estava mais deitado ao meu lado. Levantei-me e fui correndo para o banheiro, tomei um banho, escovei os dentes com a escova dele, catei minhas roupas espalhadas pelo quarto, vesti e sai à procura dele. Meu coração batia acelerado imaginando se ele estaria preparando um café da manhã romântico para nós ou alguma surpresa... Eu estava ansiosa para vê-lo, beijá-lo e dizer o quanto estava feliz. Diferentemente do que pensei não o encontrei na cozinha, mas sim na sala sentado no sofá prestando atenção na TV, assim que me viu ele desligou sem me dar a chance de ver o que ele assistia. –O que estava vendo? – Falei brincalhona – Algum filme pornô por acaso. Ele não sorriu. Pelo contrário, estava com uma carranca esquisita. Ficou de pé e me encarou. –Anabella – Disse sério – Sobre ontem a noite... Eu quero, quero que esqueça tudo que aconteceu. Certo? Senti uma pontada no peito e um gelo subir pela espinha. Olhei-o espantada. –Mas... – Falei com a voz embargada, a garganta sufocando. –Por favor – Ele disse passando a mão nervosamente nos cabelos – Será que você poderia me deixar sozinho? Eu estava num estado de torpor tão grande que não tive forças para questionar, apenas assenti. Peguei minha bolsa jogada no sofá e corri porta a fora. Entrei no elevador e comecei a chorar compulsivamente. Minha mente me dizendo que ele só havia me usado, como devia fazer com muitas outras. De repente ele perdera o interesse por mim já que eu havia dado o que ele queria. Não sei o que me deixou mais quebrada, o fato de ele ser um canalha ou ter me rejeitado daquela forma. Pensei que nunca mais voltaria sentir aquela dor esmagadora dentro do peito, mas eu estava redondamente enganada. A dor havia voltado e dez vezes pior. Eu chorava tanto que mal conseguia ficar de pé. Quando o elevador chegou ao térreo sai correndo do prédio peguei um táxi e fui direto para casa sentido meu mundo desabar por causa de Edward... De novo.

Cap. 14 (Bônus) Isa...?

Pov Edward

Abri os olhos e pisquei algumas vezes. O quarto estava parcialmente iluminado pela luz da manhã. Eu havia pegado no sono após fazer amor com Anabella... Não que houvesse sido ruim ou entediante para me causar sono, pelo contrário. Fora tão bom que toda a tensão e estresse acumulados no meu corpo se esvaíram e pude relaxar como não relaxava há séculos. Olhei para a garota adormecida ao meu lado. Bella estava com um semblante incrivelmente lindo e sereno. Um leve sorriso brincava em seus lábios e sua respiração era tranquila e vagarosa. Ela era linda... E era minha. Eu mal podia acreditar que a tivera nos braços depois de tanto desejá-la. Estar com Bella havia sido um tanto diferente do que eu havia imaginado. Pela forma com que muitas vezes ela tentara me seduzir pensei que toda aquela meiguice era uma fachada para esconder sua verdadeira natureza safada. Mas, ao descobrir sua virgindade e desfrutar sua inexperiência todos os pensamentos horríveis que tinha sobre ela desapareceram completamente. Bella era pura tanto por dentro quanto por fora e eu me senti um canalha por duvidar disso. –Prometo que a farei feliz, Bella – Sussurrei acariciando seu lindo rosto. Ela se remexeu e ronronou como uma gatinha deixando-me ainda mais encantado. Sorri e parei de mexer nela antes que a acordasse. Sentei-me na cama com cuidado e olhei o relógio no criado mudo ao lado de Bella, eram seis horas da manhã e eu estava bastante atrasado já que tinha uma reunião às 8 com o pessoal da gravadora. Notei que o meu bloco de notas perto do relógio estava aberto. Eu não havia mexido nele então só poderia ter sido Bella. Então movido pela curiosidade me levantei e caminhei até o outro lado da cama na ponta dos pés para não acordá-la e peguei o bloco de notas para dar uma espiada, era errado, mas a curiosidade estava me matando. Não havia nada de significante, apenas rabiscos de carinhas felizes, flores e um “Senhora Cullen”, eu não sabia se achava fofo ou esquisito, sorri e balancei a cabeça. Estava prestes a colocar o bloco de volta no lugar quando um dos rabiscos me chamou bastante a atenção. Era um símbolo estranho que não combinava em nada com os demais, mas eu podia jurar que o conhecia perfeitamente bem. Foi então que senti uma pontada no estômago e um gelo me subir pela espinha... Não era possível. Imediatamente larguei o bloco lá, vesti minha calça e corri para meu escritório pedindo aos céus para não ser o que eu estava imaginando. Quando cheguei lá abri uma das gavetas da estante e peguei a partitura de Isabella que eu guardara quando ela fora embora. Engoli em seco e abri a pasta... Meus olhos mal podiam acreditar no que viam... O símbolo desenhado por Anabella em meu bloco de notas era o mesmo que Isabella desenhara por toda a sua partitura. Ofegante, sentei-me na cadeira, completamente perplexo. Seria possível? Então uma série de lembranças começaram a jorrar na minha cabeça. Pequenos detalhes que eu havia deixado passar despercebido, mas que naquele momento faziam todo o sentido. Primeiro o aparecimento repentino de Anabella, sua amizade com Alice, a emoção ao encontrar-se com pingo, seu abraço de urso, seu jeito de me olhar, a forma como gritou comigo quando repreendi o garoto que a seguira com uma câmera me perguntando qual o problema em amar alguém de longe, sua recusa em mudar de apartamento, a conversa estranha sobre cirurgia plástica.. E por fim seu desenho completamente igual aos da partitura... Agora tudo fazia sentido. Como eu não havia notado antes? Até os nomes eram iguais. Coloquei-me de pé e comecei a andar de um lado para outro pelo escritório. Eu precisava afirmar minhas suspeitas, mas não podia perguntar isso diretamente a ela. Provavelmente Bella se assustaria e fugiria. Eu precisava de um plano e sabia exatamente o que fazer... Aquilo doeria muito mais em mim do que nela, mas era necessário. Guardei a partitura de volta na estante voltei para quarto. Parando no batente da porta encarei a linda mulher adormecida na minha cama sentindo meu peito ser invadido por uma série de emoções tão fortes que minha garganta sufocou. –Isa... – Sussurrei emocionado – É você?

Cap. 15 Verdades que machucam, feridas que não cicatrizam.

–Isabella, estou falando sério! Se você não atender esse telefone agora eu vou até ai te dar uns puxões de orelha! Eu sei que você está no apartamento eu liguei para o sindico e ele me confirmou que você não saiu... Então porque não quer me atender? Eu estou muito preocupada, atenda esse telefone ou vai se ver comigo! Aquela já era a décima primeira ligação de Alice, ela devia mesmo estar muito brava comigo. Como eu podia atender ao telefone e dizer que estava tudo bem quando na verdade não estava? Eu estava morrendo de vontade de correr para o colo da minha melhor amiga e chorar as minhas mágoas, mas, não podia. Alice já tinha problemas demais para se preocupar e sinceramente eu também não estava a fim de ouvi-la me dando sermões e me dizendo para esquecer o Edward... Ah Edward... Como era possível ter o coração quebrado tantas vezes pela mesma pessoa? E como era possível continuar amando essa mesma pessoa com todo o desespero do mundo? Isso era horrível era... Doentio. Novamente o telefone começou a berrar, deixei tocar até cair na secretária eletrônica. –Bella – Não era Alice era Edward, sentei-me depressa no sofá para escutar melhor - O Phill organizou um evento de publicidade hoje na gravadora e você tem que comparecer. Será às 19h00min horas, não se atrase. A ligação foi encerrada e mesmo assim continuei encarando o telefone esperando mais alguma coisa... Qualquer coisa que não fosse aquelas palavras frias e profissionais. Oh céus, por que Edward estava me tratando com tanta indiferença? Eu não queria acreditar que ele não passava de um canalha sem vergonha, mas suas atitudes só comprovavam isso. Voltei a deitar no sofá e chorei até pegar no sono. Quando acordei o apartamento já estava todo escuro. Sentei-me depressa, liguei o abajur e olhei as horas no relógio que marcava 20h30min. –Merda – Resmunguei correndo para o quarto. Já estava mais que atrasada. Eu não tinha a mínima vontade de ir à festa alguma. Não queria ter que encarar Edward, mas eu havia lutado muito por aquela carreira e não podia jogá-la no lixo só porque levara um fora do amor da minha vida. Ser cantora era o sonho da minha vida, por isso eu ia pensar com a cabeça e não com o coração. Tomei banho depressa e escolhi um vestidinho roxo tomara que caia, um Louboutin preto e prendi os cabelos num coque firme. Precisei fazer uma maquiagem bem pesada para esconder meu rosto inchado. Quando fiquei pronta tomei um analgésico para a dor de cabeça, criei coragem e fui para a gravadora. Havia muitos carros estacionados em frente ao prédio e foi bastante difícil encontrar uma vaga. Quando finalmente consegui chegar de fato na festa já eram 21h30min. O salão da gravadora estava lotado de gente, uma musica alta soava nas caixas de som enquanto as pessoas dançavam no ritmo da batida, luzes de várias cores brilhavam no teto. –E a nossa estrela chegou – Phill disse no microfone enquanto eu adentrava o salão. Uma luz forte me iluminou e as pessoas começaram a bater palmas. No começo fiquei um pouco confusa, mas então passei a observar a ornamentação da festa e vi várias fotos minhas espalhadas pelo salão... Enquanto eu caminhava as pessoas iam me elogiando e parabenizando... Só então percebi que aquela festa era para mim, mas por quê? –Você se atrasou – Edward disse parando ao meu lado e colocando a mão na base da minha cintura enquanto andávamos. Senti meu corpo inteiro se acender ao seu toque.

–Desculpe – Respondi quase sem voz. –Não tem problema, as estrelas sempre se atrasam. Edward estava lindo de morrer numa camisa social preta, terno cinza e sem gravata. –Qual o motivo dessa festa? – Perguntei confusa. –E você precisa de um motivo para ser festejada? – Ele riu – Você salvou nossa gravadora Anabella... Decidimos que havia passado da hora de comemorar.

Ele me virou para ele. –Aproveite a festa, Bella – Ele disse me olhando nos olhos – Tenho certeza de que vai se divertir muito. E então Edward saiu e me deixou sozinha... Por acaso ele era louco? Primeiro me levava para a cama, depois me dispensava com a maior frieza e agora me dava uma festa? –Ah – Suspirei – Eu preciso beber... Fui até o bar e pedi uma dose forte de Martini. Quando o barman me entregou bebi tudo de uma vez só, sentindo o liquido queimar minha garganta. –Te encontrei, finalmente! – Alice resmungou sentando-se ao meu lado – O que aconteceu Ana? Estava fugindo de mim? Eu estava a ponto de invadir seu apartamento! –Que exagero – bufei e balancei a cabeça – Eu... Eu passei um bom tempo dormindo nem vi o telefone tocando! –Dormiu por dois dias seguidos? –Foi – Dei de ombros e pedi outra dose ao barman – O que tem demais? –Você está mentindo – Ela disse estreitando os olhos – Te conheço muito bem e sei que está mentindo, mas se não quer me contar tudo bem. –Alice... –Não vou te forçar a nada... Quando você quiser se abrir eu estarei aqui para te ouvir. –Eu te amo, sabia? Ela sorriu largamente. –Também te amo! Mesmo você tendo se tornado uma super star metida a besta! –Alice Brandon não acredito que disse isso! Ela gargalhou. –Vamos dançar? Estou numa energia danada! –Não sei Alice... Estou desanimada... –Ah qual é vamos lá! –Tudo bem – Bebi meu Martini e a acompanhei até a pista de dança. Há muito tempo eu não me divertia daquele jeito. Alice era ótima em fazer as pessoas se esquecerem de seus problemas e comigo estava funcionando muito bem. Por um momento eu me desliguei do mundo e me concentrei apenas em curtir a dança com a minha melhor amiga.

Vez ou outra meu olhar se encontrava com o de Edward que estava sentado no bar me encarando o tempo todo. Depois da nossa noite de amor algo havia mudado dentro de mim... Antes como Isabella eu o amava apenas com um amor puro e singelo, mas depois de estar nos braços dele como Anabella eu passara a amá-lo com paixão e desejo... Meu corpo inteiro se acendia toda vez que eu o via me olhando de cima a baixo. – Você e o Edward parecem a ponto de se atacar – Alice disse rindo – Se eu não conhecesse a história de vocês diria até que já transaram. Eu a encarei e mordi o lábio. Droga, eu era péssima em esconder as coisas. –O que? – Ela parou de dançar e arregalou os olhos – Não me diga que... Oh meu Deus! – Alice colocou a mão no peito – Você e ele... Ah sua danadinha! Vai ter que me contar tudo agora mesmo senão eu... –Com licença – A voz enjoada de Tanya interrompeu o ataque de Alice. Minha amiga olhou para ela com um ódio mortal. –O que é? Estamos no meio de um papo super interessante! O que você quer? –Falar com a Anabella. –Você não cansa de tentar aparecer não? – Alice bufou – Você já era... Puft acabou, some das nossas vidas! –Já disse que quero falar com a Anabella e não com... Seja lá quem você é! –O que? Pois fique sabendo que eu sou a melhor amiga dela, ok? –Bom pra você – Tanya riu e a olhou com desdém. –O que quer falar comigo? – Entrei no meio antes que Alice partisse para cima dela. Tanya riu sonoramente e fez um sinal para o DJ desligar o som. A música parou e todo mundo começou a prestar atenção nela. –Primeiramente – Ela disse – Quero parabenizá-la por todo o seu sucesso. –Obrigada – Respondi intrigada. –E – Completou – Também quero dizer que eu lhe trouxe uma surpresa... –Que surpresa? –Eu trouxe uma pessoa que é um grande fã seu. Então a multidão começou a abrir caminho para alguém passar. Tanya foi até a pessoa e a trouxe pela mão. Meu coração se acelerou, tive uma vertigem e quase desmaiei quando vi que era o meu pai. –Trouxe isso para você – Ele disse me entregando uma das suas bonecas, eu só conseguia encará-lo perplexa. Meus olhos se desviaram para onde Edward estava. Ele observava tudo com muita expectativa. Engoli em seco e voltei a encarar meu pai... De alguma forma Tanya havia descoberto que eu era Isabella e agora estava tentando arruinar a minha carreira... Eu não podia deixar aquilo acontecer... Não podia. –O. O que o senhor está fazendo? – Perguntei tentando sorrir. –Tome – Ele continuou estendendo a boneca – É para você... –Eu... Eu... –Tome! Tome! Tome – Ele gritava sacudindo meu braço. –Me solta... Me solta! – Sem querer acabei empurrando-o e ele caiu no chão.

Imediatamente Edward veio correndo até onde estávamos. Levantou meu pai do chão e o segurou pelo colarinho da camisa, sacudindo-o. –Não encoste nela seu louco, ouviu? Não encoste nela!

Eu queria mandá-lo parar... Queria proteger o meu pai... Mas, se eu fizesse isso era o fim da minha carreira, era o fim do meu sonho... Era o fim do dinheiro para pagar a clínica dele. Apertei as mãos em punhos e senti meu peito doendo... Eu não conseguia respirar direito. –Levem-no – Edward disse aos seguranças. –Não – Alice gritou – Pode deixar que eu cuido dele. Ela correu até meu pai e o segurou pela mão levando-o embora dali. Meus olhos ardiam por causa das lágrimas, mas eu não permiti que caíssem... Eu não podia chorar... Não podia. Edward caminhou até mim e me encarou sério. –Você o conhece? Conhece aquele homem? Fiquei em silêncio um bom tempo encarando-o. Edward esperava minha resposta numa expectativa palpável. –Não – Respondi por fim desviando os olhos para o chão – Não conheço... Deve ser apenas um fã... Edward deu uma risada nervosa. –Olhe para mim – Ele disse erguendo meu rosto – Você me decepcionou... E então saiu. A música voltou a tocar e as pessoas recomeçaram a dançar... Como assim eu o havia decepcionado? Por que? Será que... Não, não era possível... Corri atrás de Edward e como imaginei o encontrei na sala de gravação. Aquele era seu local favorito de toda a gravadora. Quando entrei na sala ele não olhou para mim, permaneceu imóvel encarando o vidro à sua frente. Parei ao lado dele e fiquei em silêncio. –Pensei que depois de tudo aquilo você já tinha ido embora – Ele disse impassível – Você já tinha que estar em casa. Vamos viajar cedo amanhã para seu show no Texas. Respirei fundo. –Sabe... Eu... Eu conheço aquele senhor... –Eu sei, ele é seu fã. Você mesma disse. –Não... O que eu quero dizer é que... É que... –Não precisa me dizer nada – Ele olhou para mim, dentro dos meus olhos – Eu já sei de tudo... Isabella. Meu corpo inteiro estremeceu... Minhas suspeitas eram verdadeiras, ele já sabia de tudo... –Do que me chamou? –Não se preocupe – Ele disse voltando a encarar o vidro – Ninguém mais sabe. A Tanya me ajudou, mas apenas suspeita, ainda não sabe com certeza. Nem eu sabia até encontrar aquilo ali – Ele apontou uma pasta em cima da cadeira – Veja você mesma. Relutante, peguei a pasta e abri. Meu coração palpitou ao ver minha antiga partitura completamente rabiscada pelas minhas carinhas felizes e pelos símbolos de hakuna matata. –Quando você descobriu? – Minha voz era quase um sussurro.

–E isso importa? – Ele me olhou e sorriu amargurado – Agora você é a Anabella. E a Anabella tem um grande show amanhã e já devia estar em casa. O olhar que Edward dirigia a mim era carregado de tristeza e decepção... –Por acaso... Por acaso você já sabia que ele era meu pai? –Sim – Ele suspirou – Esta noite eu dei uma chance tanto a Isabella quanto a Anabella... Queria saber quem de fato você era, alias queria saber em quem havia se transformado– Ele balançou a cabeça – Agora eu já sei. Isabella nunca deixaria o pai ser maltratado e humilhado daquele jeito. Mas, foi até melhor assim... Afinal, quem tem um contrato é Anabella e não Isabella. Aquilo me atingiu bem fundo no peito. Ele tinha até certa razão, mas não sabia o quanto aquilo havia me ferido. Meu pai era e sempre seria tudo na minha vida, mas eu precisava da minha carreira para cuidar dele. Sem o dinheiro absurdo que eles cobravam na clinica ele jamais teria o tratamento adequado. Comecei a tremer e chorar... Mais uma vez meu coração havia sido partido... Partido nada, daquela vez ele estava sendo fatiado. –Oh – Suspirei – Então eu sou apenas um produto? Isabella era uma inútil, mas Anabella vale uma fortuna. É isso? Pois saiba que o fato de não ter sido sincera com você desde o inicio têm acabado comigo... Mas, agora vejo como fui tola – Limpei as lágrimas que caiam sem parar – Sei que isso não tem nada a ver, mas quero saber de uma coisa... Por que você ficou com o meu cachorro, Edward? Como refém? Você me ameaçaria a tê-lo de volta caso eu retornasse? –Já basta... –Agora que já sabe de tudo quero respostas! Por acaso ainda me acha repulsiva mesmo depois das plásticas? –Eu já disse que basta! Pare com isso! Eu chorava compulsivamente, mal conseguia articular as palavras. –O fato é que você sempre me evitou! Sempre! –Cuidado com o que você vai falar... –Eu farei o seu show – Falei limpando mais uma vez as lágrimas – E farei muito bem, mas quero que se livre de tudo isso. Comecei a arrancar todos os meus pôsters das paredes. –Pare com isso – Ele gritou. –Por quê? Anabella é uma farsa – Continuei arrancando e rasgando tudo – É repulsiva! –Pare! Por favor, pare com isso! –Não quero mais ser ela... Eu não aguento mais! Comecei a derrubar também os meus CDS em cima da mesa. –Pare com isso! Pare! –Não aguento mais! Não aguento mais. Essa não sou eu – Falei encarando meu reflexo no vidro da estante – Não sou eu... Eu não sei mais quem sou eu... Não sei... Minha fúria era tanta que num ato insano acabei socando o vidro rachando-o ao meio e abrindo um corte profundo na minha mão. Logo o sangue começou a pingar no chão. Meu corpo todo tremia e eu não parava de chorar. –Ah meu Deus – Edward correu até mim e cobriu minha mão com um lenço que tirou do bolso. –Estou bem – Falei encarando-o – Não está doendo. Esse corte nem se compara com o que senti na cirurgia... – Balancei a cabeça – Eles cortaram até os meus ossos... Então isso não é nada comparado ao que passei para ficar assim.

Mas, apesar de tudo sabe o que dói mais? – Solucei – O meu coração... Nossa eu nem imaginava que um dia ele podia doer tanto assim... –Eu... –Isso é tão horrível! –Me diz porque – Ele perguntou num fio de voz – Por que foi embora e se submeteu a tudo isso? –Porque eu te amo... Sempre amei e queria que você me amasse também. –Mas eu amava! –Não! Não do jeito que eu queria! Você me amava como sua amiga... Sua maldita amiga gorda e feia! –Não fale assim! –Então me diz se não é verdade! Me diz Edward se você só não me amava como amiga! –Você nunca me disse nada... Como eu ia saber? –Está de brincadeira? O que eu deveria ter dito? –Eu jamais imaginei que você me amasse como homem... Sempre pensei que fosse apenas amor fraternal e construí nossa amizade em cima disso! –Se eu tivesse dito teria sido diferente? Ele ficou calado. –Está vendo só? Você jamais me amaria naquele corpo horrível! –Para de falar isso! Eu sempre amei a Isa... Sempre! Ela era a pessoa mais especial do mundo para mim! –E porque só comigo que você ficou? Hein? Foi pelo meu corpo? –Você está me deixando confuso! Droga! – Ele me soltou e esfregou as têmporas – Parece que você a Isabella são duas pessoas diferentes! –Nós somos! Ela é o meu passado... O passado horrível e repulsivo! –Não fale assim! Nunca mais diga isso! Eu morro de raiva toda vez que se refere à Isa desse jeito! –Mas não deveria já que essas palavras são suas! Você mesmo disso isso a Tanya! Ele me encarou perplexo. –O que disse? –Isso mesmo. Eu ouvi sua conversa com a Tanya na sua festa de aniversário do ano passado... Ouvi claramente o quanto você me desprezava! –Aquilo... Então... Então foi por isso que você foi embora sem se despedir? Por isso que sumiu por todo aquele tempo? –Eu só queria que você gostasse de mim e não tivesse nojo... Edward segurou meu rosto entre as mãos, ele estava tremendo. –Oh meu Deus... Você entendeu tudo errado... Eu juro que nada daquilo era verdade! Eu só disse aquilo para a Tanya te deixar em paz... Juro que nenhuma daquelas palavras eram verdadeiras. –Eu já não acredito em mais nada...

–Por favor... –Quero que me responda uma coisa, Edward... –O que? –A pessoa que você ama agora... É a Isabella ou a Anabella? –Isso não faz sentindo... Vocês duas são uma só... –Apenas responda! Antes de saber a verdade, você amava ou apenas gostava de qual das duas? –Não faz isso... –Vou facilitar – Respirei fundo e o olhei no fundo dos olhos – Você teria ido para a cama com a Isabella? Ele suspirou e seu rosto assumiu uma expressão de derrota. –Isa... –Eu sabia – Me desvencilhei dele- Aquela gorda horrorosa jamais teria chance alguma com você... –Por favor... Caminhei depressa para a porta, mas antes de sair olhei bem para o amor da minha vida. –Você partiu o meu coração, Edward. E não foi a primeira vez.

Cap. 16 Quando as coisas se ajeitam

Logo após a discussão terrível com Edward e de ter meu coração novamente destroçado, sai correndo do estúdio de gravação fui para o estacionamento. Queria ir embora dali o mais rápido possível. O sangue que corria da minha mão ia pingando conforme eu corria, mas eu não estava me importando muito com isso. –Bella! Espera! – Ouvi Edward me chamando aos gritos. Continuei meu caminho sem olhar para trás. Entretanto ele era mais rápido do que eu e infelizmente conseguiu me alcançar. Segurou-me pelo braço para que eu parasse de caminhar e virou-me de frente para ele. –Espera... – Pediu quase sussurrando, estava ofegante. –M-Me deixa. –Você precisa ir ao hospital... Está sangrando muito. –Vou ficar bem – Soltei meu braço do aperto dele bruscamente. –Me deixe levá-la ao médico. –Só quero ficar sozinha... Não quero ficar perto de você. –Bella... Por favor!

–PARA DE ME CHAMAR DE BELLA! - Gritei com raiva, Edward encarou-me de olhos arregalados, desviei meus olhos dos dele, pois se o encarasse me quebraria mais do que já estava, amansei a voz e voltei a falar - Anabella não está mais aqui... Eu sou a Isabella então para de me chamar por esse apelido que pertence a outra pessoa... Que pertence a uma farsante! –Pelo amor de Deus – Ele me segurou pelos ombros – Por favor deixe-me levá-la ao hospital. Você está sangrando demais. –Não está doendo – Sussurrei baixinho – Acho que nada mais pode me fazer sentir dor... Você esgotou toda a minha cota. –Pare de me punir dessa forma... Você vai me deixar louco! Eu sabia que estava sendo muito melodramática... Mas o que eu podia fazer? Era o que estava sentindo. –Eu não vou ficar tranquilo enquanto você não curar essa mão. –Hey pessoal – Phill nos chamou aparecendo sei lá de onde – O que estão fazendo aqui fora? Caramba – Exclamou ao ver o sangue em minha mão – O que houve? –Ela se machucou – Edward respondeu por mim. Àquela altura minha voz havia desaparecido completamente. –Temos que levá-la ao hospital – Phill disse. –Sim. –Só vou se você não for – Falei para Edward, ainda sem encará-lo. –Vocês dois tiveram algum problema? –Não é da sua conta – Edward resmungou com raiva. –Certo – Phill riu – To sentindo um clima bem esquisito no ar... Bom, vamos lá minha estrela. Temos que curar suas mãozinhas de princesa. Desde que passei por todo o processo da cirurgia plástica prometi a mim mesma que nunca mais pisaria num hospital de novo e se ficasse doente daria um jeito de ser atendida em casa. Infelizmente não pude cumprir a promessa. E então eu estava lá... Sentada numa maca na enfermaria do hospital observando meu braço ser costurado. –O corte foi bem feio – A enfermeira que realizava o procedimento comentou – Vou ter que dar vários pontos. Apenas assenti. Eu estava num estado zumbi, não conseguia falar ou raciocinar direito. –Você é aquela cantora famosa, né? – Ela voltou a falar – Minhas sobrinhas amam a sua música... Elas não vão acreditar que eu cuidei de você... Será que podia dar um autógrafo para elas? –C-Claro – Respondi baixinho, mesmo no estado catatônico em que me encontrava eu ainda era capaz de ser gentil com um fã – Você tem papel e caneta? –Tenho, vou só terminar o procedimento - Ela se apressou em fazer o curativo e quando terminou começou a revirar a bolsa – Aqui está – Entregou-me o papel e a caneta. –Qual o nome delas? –Mirela e Sônia. Escrevi uma dedicatória bonita e assinei Anabella embaixo. Será que elas ficaram muito decepcionadas quando descobrissem que eu era uma farsa?

–Pronto – Devolvi a ela. –Muito obrigada. A senhorita é tão linda e tão gentil por isso tem tantos fãs. –Obrigada – Agradeci com um sorriso fraco e sai da sala. Voltei para a recepção e vi Phill falando ao telefone, supus que fosse Edward perguntando onde nós estávamos e como eu não queria vê-lo, dei um jeito de sair do hospital pelos fundos, peguei um táxi e fui para casa. Tudo que eu precisava naquele momento era ficar sozinha. Por isso quando cheguei ao meu apartamento, Tomei banho e desliguei todos os telefones para evitar qualquer ligação indesejada. Estava me dirigindo para o quarto quando ouvi a campainha sendo tocava repetidamente. Tapei os ouvidos desejando que a pessoa fosse embora e parasse de me incomodar, mas ao contrário disso continuou apertando o maldito botão, provavelmente acordando todos os vizinhos, mas mesmo assim não atendi. Quando finalmente parou de tocar pensei que estava livra, mas então a pessoa começou a bater na porta... Na verdade diria que estava socando-a. Caminhei lentamente até a sala, parecia estar no piloto automático... Não ia abrir a porta, então não faço ideia do que realmente fui fazer lá. –Você está ai? Deixe-me entrar – Ouvi a voz dele e senti uma pontada de dor no estômago. Edward era a última pessoa que eu queria ver naquele momento, mas ainda assim caminhei até a porta, me sentei no chão e escorei-me na parede. –Por favor – Ele implorou – Eu só preciso saber se você está bem... Deixe-me saber se você está bem. Eu não estava nada bem, mas não lhe respondi. Ainda no estado de torpor em que me encontrava – como se tivesse tomado doses cavalares de calmantes – Me levantei e fui para o quarto, me joguei na cama e fiquei encarando o teto. Por incrível que pareça meu coração não doía mais. Acho que passei tanto tempo sofrendo que todo o meu estoque de dor fora utilizado e tudo que restara fora um vazio... Um vazio tão grande quanto um buraco negro no espaço. Sentia que faltava um pedaço em mim e temi nunca mais ficar inteira de novo.

[...]

Passei dias trancada em casa, mal comia ou bebia. Alice me visitou algumas vezes e contei a ela tudo que havia acontecido, ela cuidou de mim por todo o tempo que pôde, afinal ela também tinha uma vida... Ou pelo menos estava começando a construir uma já que conhecera um rapaz na festa e estava de rolo com ele... Bom, fiquei feliz por ela ter superado o canalha que quase a matou. A minha sorte fora os cinco dias de folga que Phill havia me dado por causa do corte, pois assim poderia curtir minha fossa em paz. Eu não tinha a ilusão de que ele gostava de mim e estava preocupado, com certeza toda aquela gentileza era apenas para preservar a “estrela” que mantinha sua gravadora de pé. Era só nisso que todos eles pensavam: Dinheiro. O lado bom era que sua ganância me rendera uns dias longe de Edward, eu ainda não estava pronta para encarálo de novo... Pelo menos não como a Isabella presa no corpo da Anabella. O meu último dia de folga havia terminado e eu precisava voltar ao trabalho, tinha um show muito importante naquela noite. Eu não sabia se podia fazer aquilo, Edward já sabia que eu não era Anabella coisa nenhuma... Como poderia dar certo? Na verdade eu estava farta de toda aquela mentira, mas o que podia fazer? Enquanto eles mantivessem meu contrato eu estaria lá... Precisava do dinheiro para o meu pai, ele era a coisa mais importante do mundo para mim e eu jamais o abandonaria. Há poucas horas antes de minha apresentação recebi uma ligação da gravadora solicitando minha presença para uma reunião de emergência. Eu não fazia ideia do que podia se tratar e isso me deixou bastante apreensiva.

Eu estava no meu quarto em frente ao espelho sem saber se aquela escolha de roupa era aconselhável. Eu estava um caco. Devia ter emagrecido uns dois quilos, tudo que eu vestia ficava folgado e no final optei por um vestidinho florido simples que me deixou com ainda mais cara de abatida... O que um coração partido não faz! Acho que não existe no mundo dieta melhor. Quando cheguei ao local do show, procurei a secretária de Phill e assim que ela me informou seu paradeiro, precisei reunir todas as poucas forças que tinha para criar coragem e entrar na sala de reunião improvisada, pois eu sabia que teria de encarar Edward e não estava nem de longe pronta para isso. –Até que enfim chegou – Phill disse ríspido, visivelmente irritado assim que entrei. Todos já estavam lá. –Desculpe o atraso – Respondi baixinho olhando para o chão, não queria erguer a cabeça e encarar Edward. Desde que ele descobrira tudo, “Anabella” meu alter-ego confiante e destemido evaporara e ali só sobrara a tímida e retraída Isabella. A gordinha que nunca se encaixou em lugar nenhum. –Não seja tão grosseiro – Edward o repreendeu e o som rouco de sua voz fez meu coração estúpido acelerar... Burra, mil vezes burra, era isso que eu era! Phill suspirou. –Sente-se, garota. Assenti e me sentei tentando ficar longe de Edward - sem muito sucesso já que eles estavam sentados envolta de uma mesa pequena – Respirei fundo e levantei a cabeça, meu trabalho precisava vir em primeiro lugar naquele momento. –Bom – Phill pigarreou – Vamos começar, serei rápido e objetivo. Tome – Ele me estendeu uma folha de papel. –O que é isso? – Peguei a folha hesitante. –Veja por si mesma. Abri a boca num formato de O quando li as informações contidas no papel... Lá contava tudo sobre a ligação entre Isabella e Anabella. –Mas... Isso... –Já sabemos de tudo, Isabella – Phill disse secamente. –C-Como? –Alguém nos enviou isso ontem e... Edward confirmou a história. Não me contive e lhe lancei um rápido olhar magoado. Ele não se abalou, continuou sério. –Por quanto tempo pensou que fosse nos enganar? – Phill ralhou tomando o papel da minha mão – Por acaso acha que somos palhaços? –Não... Eu... –Sorte sua que somente nós três sabemos disso... Pelo menos por enquanto. Vamos cancelar o show e abafar esse caso. –Eu não acho que seja uma boa ideia - Edward comentou – Isso não é justo com os fãs lá fora... e ainda tem o prejuízo de todo o dinheiro gasto... Está muito em cima da hora para cancelar. –E o que propõe? Hã? Que simplesmente deixemos rolar? –Sim. Acho a melhor opção... Eu sinto muito por toda essa confusão, assumirei todas as responsabilidades. Encarei-o chocada.

–O quê? – Phill bradou – Está falando sério? Vai mesmo fazer isso? – Ele riu amargo – Você é um estúpido! Cancele essa porcaria de show agora! –Não posso... Não dá! –Phill... Eu posso subir lá no palco e dizer que não estou me sentido bem e... – Ele pegou o copo de água que bebia e jogou na minha cara – Cala a boca sua vadia mentirosa que eu não falei com você! –Seu cretino! – Edward gritou se levantando – Não fala assim com ela! –Você não vê que a pessoa que nos enviou isso pode ter enviado também para a imprensa? Se não cancelarmos esse show agora eles podem acabar contanto para todo mundo e seremos todos linchados! Aqui diz claramente que ela fazia dublagem para a Tanya! Isso vai arrasar conosco! –Phill... – Edward tentou intervir, mas foi rudemente cortado. –Dá mais uma olhada – Ele tirou um papel do bolso e jogou sobre a mesa – Você conhece esse contrato de trás pra frente! Tem certeza que vai dar conta de todo o prejuízo, Edward? Vai conseguir arcar com os processos que abrirão contra nós? Esse povo lá fora pagou para ver Anabella e não uma farsante! Então te aconselho a pensar muito bem na minha proposta. Ou você cancela essa porra de show ou ela vai ter que fazer aquele serviço para garantir meu dinheiro caso a gravadora vá para o espaço. –Q-Que serviço? – Perguntei temerosa. Phill sorriu malicioso e me olhou de cima abaixo. –Pelo menos uma coisa boa você fez que foi acabar com aquela pança de baleia assassina que tinha. Agora você está até gostosa, então para garantir meu dinheiro irá pousa nua para a Playboy e relevar esse belo corpinho plástico para o mundo! Vamos lucrar enquanto não descobrem que você na verdade era um monstrinho que se escondia debaixo do palco. –Seu desgraçado! – Edward gritou puxando Phill da cadeira e o empurrando contra a parede – Eu avisei pra não faltar o respeito com ela! Eu só não quebro sua cara agora mesmo porque você precisa dessa boca maldita para pedir desculpas! Phill olhava para Edward em choque, provavelmente era a primeira vez que o via com tanta raiva, assim como era para mim. –Vamos – Ele o sacudiu – Peça desculpas ou eu te arrebento inteiro. Phill seria louco se não obedecesse. Edward era muito maior que ele, muito mais musculoso e naquele momento estava assustadoramente perigoso. –D-Desculpe – Phill pediu assustado. –O nome dela! Diga o nome dela! –Desculpe Isabella! E então Edward o largou. Passou a mão nos cabelos e ajeitou o paletó. Caminhou tranquilamente até a mesa e pegou o meu contrato nas mãos. Rasgou e jogou na cara de Phill. –Nunca mais na sua merda de vida ouse ofendê-la... E tampouco fazer propostas indecorosas ou eu juro por Deus que acabo com a tua raça! Ele veio até mim, segurou minha mão e me arrastou para fora da sala. –Edward... –Chamei tentando acompanhar seus passos apressados.

–Você vai fazer esse show e será um sucesso. Acho que foi Tanya que enviou esse arquivo, mas vou dar um jeito nisso. –Por que você confirmou tudo? –Porque estou cansado de mentiras. Já chega. –V-Você acha... Você acha que eu vou ter mesmo que... Que fazer aquilo? –De jeito nenhum – Senti sua mão apertar a minha com mais força – Não vou deixar que ele te obrigue a se expor! Sem chances! Só quando funguei que percebi que estava chorando. Edward parou de andar e segurou meu rosto em suas mãos. –Hei, não chore. Vai ficar tudo bem. Assenti e voltamos a caminhar. Fomos para o camarim, onde encontrei Alice. Quando me viu naquele estado ela foi logo acusando Edward. –O que fez com ela dessa vez seu canalha? –Ele não fez nada – Respondi por ele. –Então o que foi? –É uma longa história – Suspirei – Mas para resumir... Phill descobriu que sou Isabella. –Puta merda! – Ela me puxou para um abraço – Sinto muito amiga. –Foi melhor assim, Alice. –O que faremos agora, Edward? – Ela perguntou a ele. –No momento o show. –Mas ela... –Por enquanto ainda é Anabella. Depois do show decidimos o que fazer. –Certo – Alice respirou fundo- Então vamos começar a te aprontar. Temos que chamar a cabeleireira e o maquiador. Seu figurino já está todo ali. –Ok – Sussurrei. –Eu trouxe o seu pai... Se você não se importa – Minha amiga comunicou. –Jura? – Sorri contente – Isso é muito bom. –Ele gosta de te ouvir cantar – Ela deu de ombros e piscou – Quem não gosta, não é? –Isso é verdade – Edward completou – Ninguém canta como você. Não olhei para ele... Meu coração ainda estava fragilizado e um simples olhar me faria despedaçar na frente dele e a ultima coisa que eu precisava naquele momento era voltar a chorar. Percebendo que eu não responderia, Edward saiu do camarim inventando uma desculpa qualquer e Alice e eu começamos a nos aprontar para o show. Depois de algumas horas eu estava finalmente maquiada, penteada e vestida. Sentei-me de frente para o espelho da penteadeira e me encarei.

Aparentemente tudo parecia pronto para o inicio do show... Tudo, menos meu estado de espírito. Eu estava tão abalada que temi não ter voz para cantar, temi decepcionar todas aquelas pessoas que pagaram para me ver. Imediatamente o pânico começou a tomar conta de mim e senti uma enorme vontade de vomitar, e o pior é que eu estava sozinha no camarim... Se passasse mal não teria ninguém lá para me socorrer. –Oi – Quase como se ouvisse meus pensamentos Edward apareceu. Olhei para ele através do espelho. –Oi – Respondi com a voz baixa e rouca. –Você está linda - Senti minhas bochechas corando e o ar me escapando... Mas que merda, eu já estava nervosa e ele piorava tudo. Eu queria lhe dizer o quanto também estava lindo, mas não podia fazer isso. –Todos estão esperando... Você precisa ir para o palco. –Eu não consigo – Encarei minhas mãos – Não posso... –Por que não? – Ele se aproximou... Droga, eu ia acabar morrendo de uma vez. –Não consigo Edward – Me levantei e caminhei para o outro lado do camarim. Meu coração batia tão rápido... –Vai dar tudo certo... Eu estou com você, não vou deixar nada de mal te acontecer... –Não posso... Não posso – Comecei a ofegar quase chorando. –Escute – Edward acabou com a distância entre nós e segurou-me pêlos ombros – Isso não é pela gravadora, nem pelo idiota do Phill, nem por mim... É por você. É o seu show, seus fãs lá fora... –T-Tudo... Tudo bem. Respirei fundo algumas vezes. –Vamos lá então – Ele sorriu para mim. Um sorriso lindo de morrer. Assenti e caminhei com ele para fora do camarim. Comecei ao ouvir o som das pessoas gritando meu nome... Da banda tocando e quando o assistente de palco me entregou o microfone notei que estava tremendo. –Edward... –Estou aqui – Ele segurou minha mão e me ajudou a entrar no elevador que me levaria para cima do palco – Vai dar tudo certo. –Promete? –Prometo, vai lá e arrasa minha linda... Se o elevador não tivesse começado a subir me afastando dele eu teria desmaiado ali mesmo. Estava na hora... Não tinha mais jeito. Conforme eu subia podia ouvir os sons do público cada vez mais alto as luzes se apagaram de uma vez ... A banda começou a tocar a introdução da minha nova música, os backings vocals começaram a cantar e várias luzes coloridas e faíscas começaram a piscar e quando finalmente cheguei lá em cima o público foi a loucura. Era para ser meu momento de glória... Era minha obrigação aparecer graciosamente... Como uma diva pop star, mas eu tinha certeza que não parecia nada glamorosa naquele momento. Eu apertava o microfone com força nas mãos e tremia feito vara verde, toda encolhida e retraída, entretanto o público parecia ter notado, todos estavam eufóricos demais. Desci as escadas que me levariam para mais adiante do palco tentando não tropeçar em meus próprios pés e cair de cara no chão. Eu precisava reagir, precisava me recompor, mas não conseguia. Olhei para minha direita e vi Edward junto ao sonoplasta, ele me observava preocupado e fazendo gestos que eu não conseguia compreender, acho que queria dizer “Faça alguma coisa”. Só então percebi que eu estava petrificada no meio do palco parecendo uma

débil mental... tentei dar mais alguns passo, mas não consegui... Minha mente estava uma bagunça... Eu estava uma bagunça. O som era muito alto, as luzes piscavam rápido demais, fiquei tonta, enjoada... Estava entrando em pânico. –CHEGA! – Gritei com toda a minha força e minha voz saiu estridente pelos alto falantes, ecoando por todo o local. No mesmo instante a banda cessou e o público também. Todos me olhavam assustados. –Eu não posso... – Sussurrei, mas como estava com o microfone super alto todos ouviram – Não posso... – Já chorando olhei para o público embasbacado – Me desculpem... Sinto muito de verdade. Desatei a falar tudo que me estava preso na garganta. Eu estava tão cansada, não aguenta mais aquilo... –Eu não sou Anabella, a linda cantora que vocês pagaram para ver – Falei entre soluços – Sou Isabella... A Isabella esquisitona. Escorreguei para o chão, perdendo completamente as forças. – Eu era... Eu era feia, feia e gorda – Continuei meu discurso sem me importar com as consequências, precisava desabafar – Ninguém nunca quis me contratar porque eu estava fora dos padrões de beleza. Minha voz não importava, mas sim minha aparência. Foi então que comecei a cantar para outra pessoa, escondida debaixo do palco... Isso era... Era tão humilhante – Solucei – Então resolvi fazer cirurgia plástica no corpo inteiro, da cabeça aos pés. Um burburinho de vozes surgiu ao meu redor, mas não me importei. Não me importava com mais nada. –Agora eu estou bonita... Já podia cantar no palco... Estava tão apaixonada e pela primeira vez na vida era correspondida – Outro soluço, dessa vez mais alto – Eu era feliz sendo a Anabella, mas ela não sou eu... Anabella é egoísta, sendo ela enganei todos vocês, briguei com minha melhor amiga, desprezei meu pai... Fiz mal até a mim mesma... Estraguei tudo, me desculpem... Desculpem... Eu não sei mais quem eu sou. Eu nem me lembro mais de como eu era, não consigo lembrar. Eu... Eu sinto tanta falta de ser Isabella. Não consegui mais falar. Comecei a chorar descontroladamente. Foi então que comecei a ouvir uma voz... A minha voz cantando “Imagine”. Todo mundo apontou para trás de mim e me virei, deparando-me com o vídeo de minha primeira audição, ainda como Isabella... A gordinha tímida. –Sou eu... – Sussurrei sorrindo em meio ao choro – Essa sou eu – Falei mais alto para o público ouvir. Olhei para o lado e vi Edward sorrindo-me carinhoso. Foi ele... Foi ele quem colocou o vídeo. –ESTÁ TUDO BEM – Alguém gritou bem alto da platéia e de repente todos começaram a repetir. Sorri e respirei fundo. –Anabella não existe mais – Falei – Mas se vocês quiserem ouvir essa gorda esquisita e horrorosa cantar... –Chega – Edward disse no microfone – Já chega disso. Ele veio até mim e me levantou do chão. –Ed. Edward... –Nunca mais chame a si mesma de horrorosa, inútil, esquisita... Nunca mais. Você não é nada disso. Veja só – Ele me virou para frente do telão – Ela é tão linda... Canta com a alma, com o coração. Poucas pessoas no mundo são tão puras como ela! Eu... Eu nunca conheci uma pessoa tão maravilhosa na minha vida. Fui um estúpido por ter permitido que ela sentisse que não era especial. Ele me virou para ele e acariciou meu rosto com a ponta dos dedos. –Isa... Você é linda, por dentro e por fora. Eu não sei cantar, mas... – Ele sorriu – Vou recitar o refrão de uma música que você conhece e que diz tudo sobre você...

Eu estava num estado de torpor tão grande que não conseguia dizer nada, nem fazer nada. Portanto fiquei apenas observando. Edward limpou uma lágrima que correu pelo meu rosto e sorriu carinhosamente, pigarreou e começou a falar. – When I see you face, there’s not a thing that I would change, Cause you’re amazing just the way you are, and when you smile, the whole world stops and stare for a while, Cause girl you’re amazing just the way you are Voltei a chorar ouvindo-o recitar o refrão da música “Just the way you are” do Bruno Mars. Eu mal conseguia respirar... –Isa – Ele disse suavemente – Eu poderia recitar a música inteira e dizer que seus olhos fazem as estrelas parecerem que não têm brilho, que seu cabelo recai perfeitamente sem você fazer nada... Que eu poderia beijar seus lábios todos os dias se me permitisse e que sua risada que tanto odeia é tão sexy... – Ele sorriu – Mas, tem outras coisas que quero dizer... Começando pelas desculpas, me perdoe por ter sido um tolo, por não ter percebido que me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi... Por ter confundido meus sentimentos com amizade e por ter ficado tão confuso no nosso último encontro. Você me perguntou quem eu amava, se era a Anabella ou a Isabella e agora eu sei a resposta, na verdade sempre soube. Eu amo você Isa... Sempre amei e sempre vou amar, porque você é a pessoa mais incrível que conheci na vida e eu nunca me cansaria de te dizer isso... Não importa se é cheinha ou magrinha isso nunca importou. Perdoe-me por todo mal que eu te fiz... Eu... Eu te amo! O mundo inteiro parou naquele instante. Eu já não ouvia mais o barulho das palmas e a gritaria das pessoas, nem enxergava mais nada além de Edward... Ele disse que me amava, eu Isabella e não a farsante. Como eu poderia não perdoálo? Eu estava tão feliz e tão eufórica que nem percebi quando ele me envolveu nos braços e beijou-me apaixonadamente. Não sei por quanto tempo ficamos nos beijando, só sei quando paramos eu estava sem ar. Mas, todo o medo, a dor e aflição haviam me abandonado e só sobrara a leveza da paz e da felicidade. Edward me deu mais um selinho antes de se afastar e eu resolvi que precisava terminar o show. Naquela noite cantei num palco como Isabella pela primeira vez na vida e foi tão perfeito que por várias vezes pensei estar sonhando.

[...]

Bom, como toda história tem um final. Eis aqui o meu ( feliz como deve ser). Depois do escândalo da minha revelação a gravadora foi processada por fraude e eu por falsidade ideológica, mas como os advogados foram muito bons conseguiram que pagássemos apenas uma boa indenização e o caso foi encerrado. Para ajudar Phill com os prejuízos – E também porque ele pedira desculpas sinceras- Continuei na gravadora, mas com o contrato assinado como “Isabella”. Lancei meu CD e logo estourei nas paradas de sucesso novamente, dessa vez do jeito certo. Tanya também teve o que merecia, nunca mais conseguiu um emprego no ramo artístico. Acho que um dia tudo acaba entrando nos eixos e minha vida não podia estar mais... Perfeita. Eu tinha meus shows, meus fãs e o meu grande amor. Íamos nos casar depois da minha turnê e eu não podia estar mais feliz, pois o sentimento que eu carregava por Edward era tão forte e tão grande que mal cabia em mim. Acho que eram uns... Duzentos quilos de amor.

Pov Edward

Minha Isa era tão linda... E era só minha. Eu mal podia acreditar que tinha demorado tanto tempo para perceber que aquela era a mulher da minha vida. Felizmente acordei antes que fosse tarde demais. Estávamos no intervalo do ensaio para a gravação do novo CD. A turnê tinha acabado há dois meses e nós íamos nos casar na próxima semana, eu já podia imaginar o quanto ela ia ficar linda vestida de noiva. –Dá tchau pro papai – Ela disse ao pingo acenando com a patinha dele. Pude ouvi-la pelo alto falante, já que ela estava na cabine de gravação. Eu tinha levado nosso cachorro para o ensaio porque estava meio adoentado. Sorri para ela e acenei de volta. –Quer que eu pegue um babador – Meu assistente disse ao meu lado. Desliguei o alto falante e o encarei. –Quê? –Você fica ai babando nela – Ele riu. –Ela é minha noiva. Nada mais natural. –E por que você gosta tanto dela? Encarei- com uma expressão de “ainda pergunta?”, mas não falei nada. Ele insistiu. –Porque ela é bonita? –Idiotas como você acham que sim – Respondi secamente. Ele ponderou por momento. –Hmm... Então, porque ela é meiga, amável e boa? Sorri largamente e suspirei... Um suspiro apaixonado e então respondi encarando minha Isa brincando inocentemente com o cachorro. –Idiotas como eu tem certeza que sim.

Todas as histórias são de responsabilidade de seus respectivos autores. Não nos responsabilizamos pelo material postado. História arquivada em http://fanfiction.com.br/historia/164610/200_quilos_de_amor/
200 Quilos de Amor

Related documents

78 Pages • 39,680 Words • PDF • 924.4 KB

0 Pages • 20,961 Words • PDF • 3.3 MB

16 Pages • 2,043 Words • PDF • 29.1 MB

3 Pages • 701 Words • PDF • 71.4 KB

7 Pages • 167 Words • PDF • 1.2 MB

80 Pages • PDF • 8.7 MB

264 Pages • PDF • 24.4 MB

89 Pages • 36,856 Words • PDF • 800.8 KB

152 Pages • 53,815 Words • PDF • 1.1 MB

64 Pages • 9,696 Words • PDF • 148.7 KB

8 Pages • 1,282 Words • PDF • 237.7 KB

511 Pages • 116,524 Words • PDF • 6 MB