Vizinhos três deliciosas histórias - Chris Prado

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Vizinhos – 3 deliciosas histórias sobre paixão, desejos e fetiches Copyright © 2019 Chris Prado Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, personagens e acontecimentos reais é mera coincidência. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a citação da fonte. Plágio é crime. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Capa e diagramação: Chris Prado Revisão e colaboração: Erik Renato Baccin Banco de imagens: Pixabay, Shutterstock, Freepick, Depositphotos Classificação indicativa: 18 anos. Esta obra apresenta conteúdos de sexo explícito em algumas cenas. Dados catalográficos Prado, Chris 1ª Edição Vizinhos – 3 deliciosas histórias sobre paixão, desejos e fetiches

São Paulo, 2019 1. Literatura Brasileira. 2. Romance. 3. Literatura erótica. https://linktr.ee/ChrisPradoAutora

Notas da autora #1 MEU CHEFE, MEU VIZINHO... DELÍCIAAA! #1 Capítulo 1 #1 Capítulo 2 #1 Capítulo 3 #1 Capítulo 4 #1 Capítulo 5 #1 Capítulo 6 # 1 Capítulo 7 # 1 Capítulo 8 # 1 Capítulo 9 #1 Capítulo 10 #2 A GAROTA DA JANELA #2 Capítulo 1 #2 Capítulo 2 #2 Capítulo 3 #2 Capítulo 4 #2 Capítulo 5 #2 Capítulo 6 #2 Capítulo 7 #2 Capítulo 8 #2 Capítulo 9

#2 Capítulo 10 #3 FANTASIAS PERIGOSAS #3 Capítulo 1 #3 Capítulo 2 #3 Capítulo 3 #3 Capítulo 4 #3 Capítulo 5 #3 Capítulo 6 #3 Capítulo 7 #3 Capítulo 8 #3 Capítulo 9 #3 Capítulo 10 AGRADECIMENTOS LEIA TAMBÉM SOBRE A AUTORA

Olá leitor(a)! Esse livro é uma coletânea de três histórias cheias de paixão, desejos, fetiches, amor e muita quentura. É um livro com conteúdo erótico, mas com bastante emoção e romance também. Não são romances longos, cheios de tramas e complexidade; não é esta a intenção desta obra. São histórias leves e picantes para você se deliciar e se divertir. Espero que goste. ❤ SINOPSES ✔ "MEU CHEFE, MEU VIZINHO... DELICIAAA!" conta a história de Lena, uma garota do interior recém-formada e que vem para a capital para começar em seu primeiro emprego. Ao se mudar para seu pequeno apartamento, descobre, na primeira noite, que seu vizinho faz sexo barulhento do outro lado da parede. Descobertas, surpresas, desejos e o nascimento de um sentimento norteiam essa história cheia de quentura e picância. ✔ "A GAROTA DA JANELA" traz a história de Felipe, um jovem e tímido universitário, taxado como nerd e sexualmente inexperiente que um dia se depara, ao olhar pela janela, com uma vizinha um tanto sensual. Observando-a escondido, ele terá que arcar com as consequências de seu voyeurismo. Resta saber se ele está preparado para isso.

✔ "FANTASIAS PERIGOSAS" conta a história de Samantha, uma mulher recém-divorciada e sexualmente frustrada que contrata um empresa especializada em fetiches a fim de realizar uma antiga e louca fantasia: ser amarrada, vendada e tarada por um desconhecido. O que ela não espera, nesse meio tempo, é realmente ser sequestrada por um cara que não mostra o rosto, mas que parece ser tudo o que ela havia pedido: bonito, gostoso e bem dotado. Assim a dúvida surge: o sequestro é real ou faz parte de seu contrato? Uma proposta lhe é feita. O que Samantha irá fazer? Resistir ou se entregar? Desejo a todos(as) uma ótima leitura!

ATENÇÃO: Esta obra contém cenas de SEXO EXPLÍCITO. NÃO RECOMENDÁVEL PARA MENORES DE 18 ANOS.

Finalmente!

Aquela era a última caixa! Empurrei a porta com o pé enquanto carregava nos braços uma enorme caixa de papelão com objetos pessoais. Olhei para o chão da sala e me desanimei. Aquilo estava uma bagunça... E eu odiava bagunça. Suspirei e ergui minhas mangas. Precisava colocar tudo em ordem naquele domingo, pois segunda já começaria a trabalhar e a última coisa que eu precisava era chegar em casa e me deparar com coisas espalhadas pelo chão. Ao final de longas horas de arrumação, olhei para o meu novo lar e senti orgulho. Estava começando uma nova fase da minha vida, uma nova fase de independência e aquilo me deixava com o coração aquecido. Aquele apartamento era perfeito. Foi muita sorte a moça do RH da empresa onde iria trabalhar tê-lo indicado, pois eu não conhecia nada da cidade e aquele prédio ficava a menos de dez minutos de onde iria trabalhar. Procurei saber quais eram as linhas de ônibus que me serviriam e vi que existiam duas que me levariam até meu mais novo local de trabalho, o que era ótimo. Mas aquele apartamento não era bem o que se podia chamar de apartamento, na verdade... Estava mais para um loft moderno. Não havia divisão entre os cômodos, exceto pelo banheiro. A cozinha era separada da sala apenas por um balcão e o quarto ficava no mezanino. Por conta desses dois andares, o pé direito da sala era enorme e a janela de vidro ocupava toda aquela parede, proporcionando uma magnífica visão da cidade. Uma grande

persiana automatizada escurecia o ambiente durante o dia, caso fosse necessário. Estiquei-me no sofá, joguei os pés para cima do encosto e sorri como uma boba. Minha primeira casa... Morando sozinha, claro. Tinha sido um grande passo sair da casa de meus pais e vir para a cidade grande. Felizmente estava tudo dando certo, a sorte estava me sorrindo. Mal acreditei quando recebi aquela ligação de que meu currículo tinha sido selecionado para uma entrevista. Eu era praticamente uma recémformada em designer gráfico e só havia feito um estágio em uma agência pequena de publicidade da minha cidade. Provavelmente, ter feito o curso em uma boa universidade deve ter contado pontos. Socorro... Nunca fiquei tão nervosa quanto no dia que fiz a tal entrevista, que foi por Skype, já que eu morava em outra cidade. Ainda bem que o dono da empresa foi bem agradável e simpático, o Sr. Monteiro, Henrique Monteiro... Era até estranho chamá-lo de senhor. O cara não devia ter mais do que trinta e poucos anos, mas, enfim, ele seria meu chefe e teria que tratá-lo com respeito. Dei uma olhada no celular, minha mãe estava me mandando mensagens querendo saber como eu estava e se já tinha arrumado tudo. Sorri e respondi que estava tudo no lugar e que estava morta de cansaço. Quando vi as horas, me assustei. Já passava das 22 h e eu ainda tinha que tomar um banho e comer alguma coisa. Somente próximo das 23 h consegui me deitar. Acertei o alarme e fechei os olhos, feliz. Acordei com um barulho na parede atrás da minha cama. Olhei no celular e ainda era meia-noite. Teria sido um sonho? Então o barulho se fez ouvir novamente, e outro e outro. O ritmo e o tipo de som, que pareciam batidas na parede logo me fizeram imaginar do que se tratava. Os vizinhos estavam transando do outro lado da parede e, pelo visto, estavam bem animados. Cobri a cabeça com o travesseiro, mas as pancadas eram fortes e eu não conseguia deixar de ouvi-las. Tive que esperar. Uma hora eles teriam que parar... O cara tinha que gozar, afinal. E pararam... após uns dez minutos. Retirei o travesseiro da cabeça e quando já estava pegando no sono novamente, as batidas recomeçaram. Mas que porra! Merda! Eu precisava dormir! O cara ia dar quantas naquela noite? Será que eles não trabalhavam

não? Cacete! O dia seguinte era uma segunda-feira! Outros dez longos minutos depois as batidas cessaram novamente. Agradeci mentalmente e fechei os olhos, rolei para um lado, rolei para o outro. A merda do meu sono tinha ido embora! Ai que ódio! Bufando de raiva, me levantei, fui ao banheiro e desci para a cozinha. Um leite morno sempre me ajudava a dormir. Estava dando os últimos goles na bebida quando escutei vozes no corredor e o som de uma porta se fechando. Com certeza eram os vizinhos trepadores. Curiosa, abri a minha porta devagar e dei uma espiada no corredor. Uma moça loira vestida com uma calça agarrada preta e saltos muito altos esperava o elevador. Como ela estava de costas, não me viu. Franzi o cenho. Que estranho, ela estava indo embora àquela hora sozinha? Então meus vizinhos não eram casados? Será que ela era a namorada? Ou amante? Balancei a cabeça em negativa. Olha eu já querendo saber da vida dos outros... Aquele prédio realmente não parecia ser do tipo que moravam famílias, já que os apartamentos só dispunham de um quarto. Estava mais para um prédio de solteiros, ou de amantes que quisessem dar uma escapada. Fechei a porta e subi para o quarto bocejando. O sono parecia ter voltado e desta vez estava tudo silencioso, rapidamente adormeci. No dia seguinte, acordei animada; me troquei, tomei meu café e saí. Estava adiantada, meu horário de entrada era às 8h30 e eu ainda tinha 45 minutos para chegar na empresa. Como o endereço era perto, chegaria com folga. Meu coração dava pulos de felicidade e animação. Na sexta-feira, eu tinha ido até lá para levar meus documentos e havia gostado muito do ambiente, que parecia descontraído e amigável. Vários funcionários vieram me cumprimentar e dar as boas-vindas, e eu realmente tinha me sentido acolhida, aquilo era muito bom! Tranquei a porta do apartamento e me virei em direção ao elevador. Qual não foi minha surpresa, quando a porta do vizinho se abriu bem na hora que eu estava passando. Olhei, óbvio, para ver quem era o barulhento da noite anterior. Meu queixo caiu, literalmente! Puta que pariu, que homem lindo! Devo ter cometido algum pecado em outra encarnação, porque consegui, ali, na frente dele, sem mais nem menos, tropeçar nos meus próprios pés e cair de cara no chão. Soltei um gemido de dor.

— Você está bem? — A voz grave ecoou no corredor. Quando consegui me erguer um pouco, notei que ele estava agachado ao meu lado. Olhei-o e ele parecia preocupado. Então reparei melhor em seu rosto. Lindo era pouco, aquele homem parecia ter saído de uma revista. Os cabelos castanhos um pouco mais escuros do que os meus e perfeitamente cortados combinavam com seus olhos um tanto enigmáticos e que não eram claros, mas também não eram escuros, algo entre o cinza e o verde. O maxilar quadrado e perfeito, a camisa entreaberta e o perfume cítrico completavam o belo conjunto. — Estou bem sim — respondi, levantando-me desajeitadamente. Por sorte, eu não precisava ir com roupa social para o novo emprego e não estava de saia. Vestia apenas um jeans confortável e uma camisa feminina branca. Mas para o meu azar, a blusa que eu usava abriu o primeiro botão quando eu caí, e o vizinho bonito deixou seus olhos pousarem ali por alguns segundos. Quando me dei conta que parte de meu sutiã estava à mostra, rapidamente fechei a camisa e senti um calor subir pelo meu rosto. — Prazer, sou Carlos. — Ele estendeu a mão. — Lena... — Aceitei a mão dele e recebi um aperto firme de quem está acostumado a tomar decisões. Não fiquei para trás, também retribui firmemente o aperto de mãos. Detestava aquelas pessoas que davam a mão mole, igual geleia. — Lorena, na verdade, mas ninguém me chama pelo meu nome inteiro. Só minha mãe quando quer me dar bronca. — Eu ri e ele devolveu o sorriso. Puta que pariu número dois! Que sorriso arrasador! Ele se virou para fechar a porta de seu apartamento e eu fiquei meio sem saber se continuava andando até o elevador ou se esperava por ele. Esperei. — Você se mudou no fim de semana? — Ele perguntou enquanto andávamos até o elevador. — Sim, terminei de arrumar tudo ontem. Ele apertou o botão. — Seja bem-vinda ao prédio. — Obrigada. Sorri discretamente e, enquanto esperava o elevador chegar, observei o vizinho pelo canto do olho. Então era esse o cara do outro lado da parede? Pelo físico que ele aparentava ter sob as roupas, certamente era um homem bem gostoso, além de alto. Fazendo uma comparação comigo, que tenho 1,65 m, ele deveria ter cerca de 1,85 m ou um pouco mais.

Lembrei-me dos barulhos da noite anterior e imediatamente imagineio nu, movimentando-se vigorosamente sobre alguém qualquer. Ignorei a imagem da moça loira que eu vi saindo de seu apartamento depois. Se tivesse que imaginar alguém embaixo daquele corpo sexy, seria eu mesma. O elevador chegou enquanto eu tentava disfarçar um sorriso besta. — Térreo ou subsolo? — ele perguntou ao entrarmos. — Térreo. O vizinho bonitão apertou os botões enquanto eu mirava suas costas. Realmente, agora que o conhecia, se aqueles barulhos se repetissem, seria complicado não imaginá-lo praticando o ato. Um calor se irradiou pelo meio das minhas pernas, fazendo com que eu as prensasse uma contra a outra. Mas, falando sério... Outra noite de batidas na parede certamente me deixaria irritada... Para a minha infelicidade, às vezes me esqueço de segurar a língua dentro da boca; assim, num impulso, acabei verbalizando meu desconforto. — Escuta... você poderia afastar sua cama da parede? — pedi. Ele me olhou com curiosidade. — Se ela continuar batendo na parede sempre que você estiver transando, ficará complicado para eu dormir. — Dei um sorriso mais falso que nota de três reais. O belo moreno riu. — Peço desculpas se não te deixei dormir ontem, prometo que irei desencostá-la na próxima vez. — Seus olhos brilhavam de divertimento. — Quer uma carona? — ele perguntou de repente. — Hã? como? — Eu não sabia se tinha entendido direito. Carona? Por que diabos ele me ofereceria carona? — Para a M&M. Se você for pegar o ônibus agora, irá se atrasar. Olhei-o espantada. — Como sabe que eu vou para a M&M? — Porque fui eu quem avisou para a Sonia do RH que o apartamento ao lado do meu estava vago e ela me confirmou depois que você o tinha alugado. Continuei olhando-o estática, tentando processar o que ele havia dito. As portas do elevador se abriram no térreo e ele apertou o botão para que elas não se fechassem.. — Você também trabalha na M&M? — perguntei. — Sim. — Ele deu outro daqueles sorrisos.

— Entendo... — Caralho! Então aquele homem era um colega de trabalho! E eu o imaginando nu. Pior, imaginando sua desenvoltura na cama. Uma carona não seria ruim, mas a minha desconfiança de menina interiorana que sempre ouvira falar dos perigos da capital me fez hesitar. Afinal, mesmo ele sendo meu vizinho e dizendo que trabalharíamos na mesma empresa, eu não o conhecia e também não o tinha visto quando estive lá na sexta-feira. A voz da minha mãe martelava em meus ouvidos: “Não entre em carros de desconhecidos”... — Hum... agradeço muito, mas... desta vez irei de ônibus. Preciso ter uma ideia melhor do trajeto e do tempo que levarei até lá. — Você é quem sabe, só digo que não pegaria bem alguém se atrasar logo no primeiro dia. Olhei no celular, eu ainda tinha 40 minutos para chegar na empresa. — Não creio que eu vá me atrasar. A M&M não fica longe. O tal Carlos apenas sorriu e eu resolvi sair logo do elevador. — Até mais tarde — falei. — Até... — ele respondeu antes das portas se fecharem novamente. Fui para o ponto que ficava bem pertinho, na própria rua, e me sentei no banco. Havia duas linhas de ônibus que eu podia pegar e, por isso, estava tranquila, tinha certeza que em breve algum deles passaria. No entanto, passaram-se dez minutos e nada de ônibus. Virei-me para um senhor que também aguardava ali. — Com licença. O senhor sabe se as linhas 171-B ou 200-T demoram para passar? Ele me olhou parecendo aborrecido. — Ah, o 171-B demora, moça. Ele passa de meia em meia hora só, e pelo que eu vi passou um pouco antes da senhora chegar. Já o 200-T, eu também estou esperando. Ele devia ter passado há cinco minutos, mas se não passou é porque deve ter quebrado. Esses ônibus vivem quebrando... Agora o próximo só às 8h15. Arregalei os dois olhos, 8h15? Fiz as contas mentalmente. Se o trajeto levava dez minutos, ainda teria cinco minutos para chegar na empresa. O ponto era quase em frente, então daria tempo. Por muito pouco, mas daria tempo... Os minutos foram passando e eu fui ficando nervosa, imaginando se o próximo ônibus chegaria no horário. Seria terrível chegar atrasada e ter que me explicar logo no primeiro dia de serviço. Comecei a me arrepender de não

ter aceitado a carona do vizinho gostoso. Felizmente o ônibus chegou no horário, o que me deu um grande alívio. Mas para minha má sorte, quando ele entrou na avenida principal, onde ficava a empresa, o trânsito parou. Olhei pela janela. Eram carros e mais carros, e uma fila de ônibus. O nervoso começou a me consumir e passei a agitar uma de minhas pernas, batendo o calcanhar repetidamente no chão. Não aguentei e me levantei. Faltava um pouco mais do que um ponto para a M&M, mas se ficasse dentro daquele ônibus perderia mais tempo do que se fosse a pé. Desci agitada e comecei a andar, ou melhor, quase a correr na direção da empresa. Olhei no relógio. Faltavam três minutos para as 8h30. Merda! Merda! Por que tinha que acontecer isso logo no primeiro dia? Cheguei esbaforida no prédio comercial onde a M&M estava instalada, já eram 8h30, mas como ainda não tinha o crachá da empresa, tive que mostrar meu documento e fazer um provisório na portaria. Sai do elevador no décimo andar e olhei novamente as horas, 8h34. Suada e descabelada, eu sabia que estava atrasadinha, mas nem tanto, talvez ninguém percebesse. Engano meu... assim que cumprimentei a recepcionista, vi o olhar que ela deu no relógio da parede; ela sorriu, mas não me disse nada. Merda, que vergonha... Entrei rapidamente e de cabeça baixa, esperando que ninguém mais notasse o meu pequeno atraso. A M&M era uma empresa de publicidade que ocupava todo um andar, mas não havia muitas divisões de salas. Os funcionários, em sua maioria, trabalhavam próximos uns dos outros, em espaços separados por divisórias baixas. Como eu era designer gráfica, teria à minha disposição uma mesa com um moderno computador em um desses espaços. Os únicos que tinham salas separadas eram a Sonia e sua assistente do RH, o diretor financeiro e os donos da empresa. Acabei descobrindo, quando estive ali na sexta, que eram dois sócios. Um deles, o Sr. Henrique, foi o que me entrevistou, o outro disseram que estava viajando. Caminhei até a mesa que me havia sido destinada e guardei minha bolsa. Então procurei Elaine com os olhos, ela seria a minha coordenadora naquela sessão e já a havia conhecido também, mas não a vi por ali. Quem eu vi foi Carlos, o vizinho delícia, na sala do senhor Henrique, cujas paredes eram de vidro e permitiam enxergar seu interior. O moreno estava sentado na frente do chefe e me olhava com um

sorriso. Intencionalmente, pegou o celular como se estivesse conferindo as horas, o que me fez bufar de raiva. Ele devia estar rindo de mim, o desgraçado. O Sr. Henrique me olhou também e aquilo me fez gelar. Será que o tal Carlos estava comentando com ele algo sobre eu chegar atrasada? Era só o que me faltava... Um puxador de tapetes. Cumprimentei o meu chefe com a cabeça e desviei o olhar, franzindo o cenho. Irritada, liguei o computador, prendi meus cabelos lisos, compridos e suados em um coque e alguns minutos depois Elaine apareceu. Nos cumprimentamos e ela começou a me passar o serviço. O projeto era para a criação de um logotipo e uma marca para um novo produto de uma empresa de café. Algum tempo depois, eu já estava tão concentrada no que estava trabalhando que levei um susto quando escutei uma voz atrás de mim. — Olá, senhorita Lorena. Virei-me e dei de cara com o meu chefe e com Carlos ao seu lado. — Ah, bom dia, senhor Henrique — respondi com um sorriso e olhei para o meu vizinho, que também sorria. — Por favor, não me chame de “senhor”. Ninguém aqui me trata assim, chega até a ser estranho. Você vai ver que o ambiente aqui é bem descontraído, portanto me chame apenas de Henrique, está bem? — disse ele. — Okay! — concordei. Realmente estava me sentindo estranha chamando aquele rapaz de senhor. O meu chefe era um pouco mais baixo do que Carlos, tinha os cabelos castanhos claros encaracolados, olhos também castanhos e o rosto fino; notei que os dois eram bem diferentes, apesar de parecerem ter a mesma idade. Eu chutaria que ambos estavam na casa dos 30 a 32 anos. — Mas peço, então, que me chame de Lena, por gentileza — continuei. — Também prefiro meu apelido. — Combinado — ele disse. — Lena, sei que já conheceu o Carlos, então não preciso fazer as apresentações, não é? — Ah, sim. Não há necessidade. — Virei-me para o Carlos. — Mas você não me disse o que faz aqui. — Eu faço reuniões, costumo tomar algumas decisões e cobrar um bom serviço dos funcionários — respondeu ele de forma descontraída. — Eu e o Henry somos sócios e, segundo ele, sou o chefe malvado aqui. Meus olhos se arregalaram e devo ter ficado com uma cara de pateta. Porque os dois se entreolharam e sorriram. Henrique se despediu e se afastou,

enquanto Carlos encostou o traseiro em minha mesa, ficando quase de frente para mim. — Você se atrasou — disse ele com um sorriso nos olhos. Puta que pariu número três! O vizinho gostoso que eu teimava em imaginar nu em uma cama era o meu chefe!

— Tem razão — respondi com um sorriso amarelo. — Infelizmente o ônibus não passou no horário e o trânsito aqui na avenida estava infernal. Peço desculpas pelo meu atraso de menos de cinco minutos, isso não irá mais acontecer. Carlos continuou sorrindo. Maldito sorriso! O homem devia ser modelo. Eu ainda estava para conhecer alguém com um sorriso tão charmoso... — Eu sei. Só estou brincando, não estou te cobrando. Hum... podemos almoçar juntos hoje? Eu tenho um grande problema... eu não consigo disfarçar minhas emoções. E naquele momento, achando que o meu chefe já estava me assediando, devo ter feito alguma cara de incredulidade ou de indignação. Porque meu vizinho sexy ficou sério de repente e se desencostou da minha mesa. — Desculpe — ele disse. — Não me expressei muito bem. Nós aqui costumamos almoçar em um pequeno self-service na esquina, sempre vamos em grupos de três ou quatro pessoas. Então se quiser vir conosco... Senti o calor subir pelo meu rosto. Ahhh! Merda! Eu imaginei que ele já estava me chamando para sair. Que erro! Que vergonha! E ele percebeu que eu havia pensado em algo assim, certeza! — Está bem... eu vou — consegui dizer com a voz quase em um fio. Ele deu um sorriso que me pareceu meio sem graça e se afastou, indo para a sua sala que ficava logo atrás de mim e que também tinha as paredes

envidraçadas. Ah, que ótimo, meu dia começou muito bem! Primeiro caí na frente do meu vizinho gostoso como uma banana, depois pedi para ele parar de fazer barulho enquanto transava, cheguei no meu primeiro dia de serviço atrasada e então descobri que o gostoso era o meu chefe, e agora tinha acabado de fazer um julgamento errado dele. Bela imagem que eu estava passando. Suspirei, pois, para fechar com chave de ouro, eu sabia que, sentada ali naquele local, eu o teria olhando para minha nuca o dia inteiro. Merda! Voltei para o computador e tentei me concentrar no projeto. No fim, a manhã passou voando e, perto das 13 h, Carlos voltou a se aproximar da minha mesa. — Vamos? — ele disse, seu semblante era sério. Eu concordei, pegando a minha bolsa. Apesar de mal conhecê-lo, ainda não o tinha visto sério daquele jeito. Algo dentro de mim me apontou o dedo de “culpada”. Elaine, minha coordenadora, uma bela moça negra e alta, logo se juntou a nós e também um rapaz que eu ainda não tinha sido apresentada e que trabalhava duas mesas depois da minha. Rafael era o nome dele. Fomos nós quatro para o tal restaurante e, felizmente, Elaine era uma pessoa bem falante, assim, o clima manteve-se descontraído, mesmo comigo falando pouco e com Carlos praticamente mudo. — O que está acontecendo com você hoje, Carlos? — perguntou Elaine durante a refeição. — O gato comeu a sua língua? Ele sorriu e olhou de relance para mim. — Não. Só estou com algumas coisas para resolver e isso me deixa um pouco distraído. Não teve como eu não me sentir mal. Era óbvio que ele estava chateado com a minha reação de horas antes. Pior... e se ele estivesse com raiva de mim? Já comecei a me imaginar tendo que empacotar novamente as minhas coisas para voltar para o interior. Afinal, eu estava ainda em período de experiência, não era certo que eles iriam me contratar em definitivo, e depois dessa... Talvez fosse melhor procurá-lo mais tarde para me desculpar. Mas como é que se desculpa por algo que a gente não falou? Voltei para o escritório com aquilo na cabeça e me sentindo um pouco chateada, ansiosa. Meu horário de saída era às 17h30 e faltando uns cinco minutos para

acabar o expediente, me virei e olhei para a sala de Carlos. Ele também estava me observando, sério, mas logo abaixou a cabeça e continuou a trabalhar. Inspirei fundo, desliguei meu computador e fui ao banheiro. Olhei-me no espelho e soltei meus cabelos. Gostava de prendê-los para trabalhar porque eram compridos e assim não me atrapalhavam. Lavei o rosto, que àquela altura já estava sem nenhuma maquiagem, passei um batom leve e saí. Ainda queria me desculpar com o vizinho delícia, mas me sentia envergonhada. Fui até a minha mesa para pegar minha bolsa e reparei que ele também estava arrumando as coisas dele para ir embora. Inspirei fundo novamente, reuni toda a coragem que tinha e caminhei até a porta da sala dele, parando na entrada. Ele levantou a cabeça e me olhou com curiosidade. — Pode entrar — falou. — Em que posso te ajudar? Entrei com vontade de voltar para trás e me enfiar em um buraco. O que eu ia dizer? Acho que ele notou minha falta de jeito, porque sorriu e pediu para eu me sentar na cadeira à sua frente. — Tudo bem? — ele perguntou. — Como foi hoje? Está gostando daqui? — Sim, sim... Estou gostando muito, o pessoal é legal e o projeto é bastante animador. Carlos me olhava fixamente, como se estivesse tentando me analisar. — Hum... — continuei. — Eu... creio que te devo desculpas. Ele ergueu uma das sobrancelhas. — Por que diz isso? — Porque te interpretei mal quando você me chamou para almoçar hoje cedo e vi que você percebeu. Sinto muito — falei, sentindo algo se agitar dentro do meu estômago. — Quer um café? — Carlos apontou para uma cafeteira expressa, do tipo que usava refil. Estranhei a pergunta, mas assenti. Um café cairia bem naquela hora. — Você não fez uma interpretação totalmente errada — ele disse enquanto ligava a máquina. — Na verdade, eu queria mesmo te chamar para um almoço só entre nós dois, mas não com o intuito de... assediá-la. Eu apenas queria conversar, saber um pouco mais sobre você, já que não fui eu que fiz sua entrevista. — Ele se virou e sorriu. — Mas acho que realmente

deixei passar uma impressão errada. Eu que peço desculpas por isso. Fiquei sem fala. O que dizer sobre aquilo? Eu estava certa, mas ao mesmo tempo estava errada... Senti a necessidade de consertar aquela situação estranha de algum jeito. — Podemos conversar... — eu disse. — Quer dizer... se não for te atrapalhar... Carlos pegou os cafés e voltou a se sentar, colocando uma das xícaras na minha frente. — Não me atrapalha. Hoje tenho tempo. — Seu olhar ainda era analítico, mas tinha um brilho de divertimento. — O que quer saber de mim? — perguntei, me sentindo um pouco mais à vontade. — Tudo! Abri a boca confusa e ele riu. — Me fale sobre sua família, sobre sua cidade, por que quis vir para cá... Dei um sorriso discreto e comecei a falar sobre as coisas que ele havia me pedido. Ele escutava com atenção, então acabei me empolgando e contando sobre a faculdade, o emprego onde eu fiz estágio e sobre meus sonhos profissionais. — Tem namorado? — ele quis saber. — Não — sorri. — Deixei uns rolos lá na minha cidade, mas nada demais. — Uns? Carlos ergueu novamente a sobrancelha e eu ri. — Nunca fui santa. Mas nunca quis namorar de verdade. Então saía com um aqui, outro ali... E você? — perguntei curiosa, até me esquecendo de que estava diante do chefe. — Eu o quê? Quer saber sobre a minha vida ou se eu tenho namorada? — Ele sorriu, o sorriso matador. Caralho! Que homem lindo! — Tudo! — respondi na mesma moeda. Ele me fitou por alguns segundos antes de começar a falar: — Tenho 30 anos, sou solteiro, me formei em publicidade, conheci o Henrique na faculdade, decidimos abrir essa empresa há cinco anos, saí da casa dos meus pais e estamos aí, seguindo a vida. — Um bom resumo — concluí, constrangida de ter ocupado a meia hora anterior falando sobre mim. — E aquela moça loira que estava com você

no apartamento? Seria tipo... só um rolo também? — Você a viu? — Ele juntou de leve as sobrancelhas. — Ah... vi — respondi meio sem jeito, percebendo que eu tinha acabado de me entregar, agora ele sabia que eu andei espiando. — Não tenho rolo com ninguém — ele respondeu sorrindo. — Ela é só uma das moças que eu pago para me distrair de vez em quando. Fiquei olhando-o estática. Nunca esperaria uma resposta daquelas. — Por que paga? Você decididamente não é do tipo que teria dificuldades em arrumar alguém... Ele riu. — Vou tomar isso como um elogio — falou enquanto terminava seu café. — Pago porque justamente não quero rolo, não quero ter que ficar indo em bares ou boates atrás de uma boa foda, não quero ninguém no meu pé depois, achando que poderia ter algo a mais comigo, não quero ter que dar meu telefone e ficar inventando desculpas para não voltar a ver a pessoa. — Entendi... — falei surpresa. Então era isso. O vizinho delícia era um solteiro convicto. — E você faz muito isso? — Você quer saber quantas vezes eu transo por semana? — Ele me olhou sorrindo. Mais uma vez eu havia me esquecido de usar o filtro entre minha mente e minha língua. — Normalmente duas ou três vezes na semana, mas tem vezes que fico até uns quinze dias sem chamar ninguém. Depende do meu estado de espírito... — respondeu. — Não se preocupe. Vou afastar a cama da parede... — Ele riu. Sorri meio sem graça. Mentalmente eu estava agradecendo por aquilo. Não ia ser nada bom imaginar o que o meu chefe andava fazendo por trás daquela parede. Aliás, aquilo lá era conversa para se ter com o chefe no primeiro dia de trabalho? Levantei-me. — Melhor eu ir, obrigada pelo café — eu disse. — Só não te ofereço uma carona porque estou indo para a academia. — Ele apontou para uma pequena mochila ao lado. — Apesar de não ter certeza se você ia aceitar... Senti meu rosto ruborizar, sabendo que ele se referia ao fato de eu não ter aceitado a carona dele de manhã. — Ah, não... Tudo bem — falei já me dirigindo para a porta. — Até

amanhã. — Sorri e saí. Peguei a minha bolsa e deixei o escritório sem olhar para trás, mas com a leve impressão de que Carlos ainda me observava.

Asemana passou sem outros percalços, felizmente. Comecei a sair mais cedo e acabei não me encontrando mais com Carlos logo pela manhã. E, à tarde, ou ele continuava trabalhando até depois de eu ir embora, ou ele saía antes. Certamente para ir à academia, dada a mochila que levava. Não era à toa que meu magnífico vizinho exibia aquele corpo lindo. Ele não era excessivamente musculoso, mas era possível perceber, através da camisa, seus belos contornos e o corpo enxuto. Aquele homem nu devia ser a visão do paraíso. Por que diabos eu não conseguia tirar aquilo da minha cabeça? Era só olhar para o Carlos que imediatamente minha imaginação fértil já lhe arrancava toda a roupa. Acho que algumas vezes eu fiquei olhando por tempo demais, pois quando dava por mim, ele também estava me encarando com aquele sorrisinho sem vergonha, fazendo-me ruborizar. Não ficamos mais sozinhos; algumas vezes almoçamos juntos, mas com outras pessoas por perto. Notei que ele era bastante carismático e articulado. Falava sobre tudo e sempre tinha algo a dizer, a opinar. Por isso que Elaine estranhou o fato de ele ter ficado tão calado naquele dia, quando almoçamos juntos pela primeira vez. Também não escutei mais barulhos vindos do quarto dele do outro lado da parede. No entanto, na sexta-feira, quando tive que descer até a portaria para pegar a pizza que eu havia pedido, escutei vozes dentro do apartamento dele ao passar pela porta. Fiquei frustrada, porque, na verdade, estava pensando em convidá-lo

para comer um pedaço de pizza comigo, mas não seria daquela vez. Na volta da portaria, minha curiosidade falou mais alto e parei por alguns segundos diante da porta dele tentando escutar algo e ouvi algumas risadas. Uma delas era de mulher, certeza. Pelo visto ele estava se dando bem com a companhia. Um muxoxo tomou conta de mim. Entrei em meu apartamento e devorei a pizza quase inteira. Depois fiquei passando mal... Enfim... Engoli minha frustração naquela noite e no dia seguinte resolvi aproveitar o fim de semana para visitar a cidade, que eu ainda não conhecia direito. Andei pelo centro, visitei um museu e uma galeria de compras. No domingo, fui ao parque e ainda consegui pegar um cinema à tarde. À noite liguei para minha mãe e ficamos mais de meia hora papeando. Eu não tinha uma “melhor amiga” para conversar, daquelas que sabem de tudo sobre a nossa vida e de quem não desgrudamos. Quando eu era mais nova, as meninas eram muito competitivas na minha cidade e, como eu era considerada bonita pelos garotos, sempre fui alvo de inveja e maledicência; apesar de não ter os olhos claros, nem os cabelos loiros. Como nunca gostei de encrenca ou falsidade, acabei por me afastar das garotas e as minhas amizades passaram a se concentrar mais no campo masculino, mas também nunca foram amizades profundas. Então, quem costumava fazer o papel de melhor amiga, de vez em quando, era a minha mãe. Outra semana se iniciou na M&M e, com ela, a cobrança de alguns prazos. Para ajudar, quando o projeto já estava quase pronto, o cliente pediu algumas alterações. Assim, eu estava trabalhando feito uma louca e, por dois dias, nem saí para almoçar. Pedi um lanche e comi na minha mesa mesmo. Elaine havia me dado um prazo, que era até a manhã do dia seguinte, para entregar o logotipo e a marca finalizados, pois ainda precisava ter a aprovação do cliente para poder disponibilizá-los para o pessoal de criação da campanha. Olhei no relógio. Já estava dando 17 h e ainda tinham alguns detalhes a serem finalizados. Detalhes que pareciam pequenos, mas que faziam diferença no final. E perfeccionista do jeito que eu era, ficaria ali a noite inteira se fosse necessário. Lá pelas 18 h, Henrique passou por mim e se despediu. O vizinho gostoso apareceu logo depois. — Ainda falta muito para finalizar? — perguntou Carlos.

— Não muito, mas quero deixar isso perfeito. — Não pode terminar isso amanhã, com a cabeça mais fresca? — Ahh, não. Elaine me mata! Além disso, minha cabeça está boa, não se preocupe. — Sorri. Ele se inclinou um pouco e olhou para a tela do meu computador. Seu perfume invadiu minhas narinas e quase virei o rosto para senti-lo melhor, precisei me segurar para não fazer isso. Ao mesmo tempo, tive receio de ele não gostar do que estava vendo ou achar que eu tinha errado em algo no projeto. — Está ótimo isso! — Carlos exclamou. — Tem certeza de que já não está pronto? — Não, tem algumas coisinhas ainda para fazer... — respondi aliviada. — Hum, está bem... Estou indo embora agora. Quando for sair, avise o segurança que ele vem fechar o escritório. — Okay — concordei. Somente após ele sair que reparei que todo mundo já havia ido embora. Suspirei e voltei ao trabalho. Embora estivesse cansada, estava animada em estar finalizando meu primeiro projeto na M&M. Só esperava que o cliente gostasse também. Lá pelas 20h30 recebi uma mensagem no celular. Dei uma olhada e vi que era de um número desconhecido. “Oi! Você ainda está aí?”, dizia. Estranhei, devia ser algum engano. “Quem é?”, digitei. “Ah, desculpe, não me identifiquei. Aqui é o Carlos.” Meu coração, por algum motivo, bateu mais rápido. “Oi, ainda estou sim, mas já estou saindo.” Aquilo era verdade, só faltava salvar e imprimir o projeto para ver como ficaria o resultado final no papel. “Não vai embora ainda. Já estou indo para aí.” “Por quê?” “Porque você merece um jantar. Por favor, não recuse.” Fiquei olhando a tela do celular por alguns segundos. O coração, nessas alturas, já querendo sair pela boca. O chefe vizinho delícia estava me convidando para jantar... Dessa vez não quis imaginar se ele estava me assediando ou não.

“OK”, enviei. “Chego em 15 minutos ❤” Enviar um simples “ok” foi a única coisa que me veio na cabeça como resposta. Um coração foi o que ele me retornou. Caralhooooo! O desgraçado não sabe o quanto mexe com o psicológico de uma mulher enviar coraçõezinhos assim? Salvei logo o bendito projeto, mandei imprimir, conferi se estava tudo certo e guardei-o na pasta para apresentá-lo à Elaine no dia seguinte, então me levantei. Sentia coisas saltitarem em meu estômago e havia perdido até a fome de leão que estava me incomodando alguns minutos antes. Depois de guardar tudo, fui ao banheiro dar um trato na aparência. Me assustei ao ver meu reflexo no espelho. Meu senhor... eu estava acabada! Parecia que um trator havia passado em cima de mim. Passei uma água no rosto, inspirei fundo e refiz a maquiagem. Coisa básica, só um batom e uma máscara que eu levava na bolsa. Me encostei, então, na bancada da pia, de costas para o espelho, e esfreguei minha nuca. Estava cansada e aliviada pelo trabalho concluído, mas também estava ansiosa pelo jantar. Fechei meus olhos. Que droga, Lorena! É só um jantar... com o vizinho sexy. Não, não! Não podia pensar nele assim... Eu iria apenas jantar com o meu chefe, meu lindo e gostoso chefe... Dei-me um tapa mental! Merda! Precisava parar com aqueles pensamentos, urgente! A voz de Carlos na porta do banheiro me fez sobressaltar. — Lena... Você está aí dentro? — Estou sim. Já estou saindo! Dei uma última olhada no espelho, inspirei fundo, tentando alcançar minha paz interior, e saí. O maldito me esperava do lado de fora lindo de morrer! Os cabelos ainda úmidos do banho, a calça preta colada e aquela camisa azul marinho com os dois primeiros botões abertos o deixavam maravilhoso. E estava ainda mais perfumado do que antes. Me senti uma maloqueira ao lado dele. — Está tudo bem? — ele perguntou. — Sim, tudo ótimo. — Sorri. — Terminou o que tinha para fazer? Assenti e nos encaminhamos para a saída. Carlos trancou a porta de vidro da recepção e me deu um sorriso. — Não devia trabalhar até tão tarde...

Olhei-o interrogativamente. — Como assim? — Estreitei meus olhos de forma divertida. — Meu chefe está dizendo para eu não me esforçar? — Não foi o que eu disse. Só acho que você não devia ficar aqui até uma hora dessas. — Ele chamou o elevador. — Por quê? — Porque senão vou ter que te pagar hora extra. Abri a boca, pasma, e ele riu. — Não precisa me pagar nada, Sr. Carlos Mantovanni — retruquei com o cenho franzido. — Eu fiquei porque eu quis e... — Schhh... — Ele colocou o dedo indicador nos meus lábios e sorriu. — Estou brincando... não precisa ficar irritada. É claro que você pode ficar o quanto precisar, e é claro que lhe pagarei as horas extras, pois somos uma empresa correta. Apenas não quero que fique se matando. Te vejo trabalhar o dia inteiro e já percebi que não é do tipo que fica enrolando ou fazendo corpo mole. Então, se precisar de mais prazo, peça. Ele retirou o dedo dos meus lábios deslizando-o suavemente para baixo, enquanto olhava fixamente para a minha boca. Meu corpo todo esquentou como um vulcão com aquele toque e, de repente, foi como se parássemos no tempo. Ficamos nos encarando sem dizer nenhuma palavra, até que o elevador chegou e nos tirou daquele transe. Carlos sorriu ao entrarmos e iniciou uma conversa descontraída sobre filmes e séries que durou até chegarmos ao restaurante, uma cantina italiana que não ficava muito longe dali. Pedimos os pratos e eu lhe perguntei sobre sua família. Foi assim que eu fiquei sabendo que o seu pai também era empresário e financiou a parte dele na sociedade com Henrique. Quem o ouvisse, logo pensaria que o homem à minha frente era só mais um playboy filhinho de papai, mas eu sabia que não era o caso. Ele podia vir de família rica, podia ter tido a ajuda do pai para começar, mas trabalhava muito e sem descanso. Não era só eu que ficava até mais tarde no serviço. Por pelo menos três vezes na semana anterior, fui embora e ele continuou em sua sala trabalhando. — Nunca namorou? — indaguei ao receber minha sobremesa. Estava curiosa. — Já. — Ele sorriu meio de lado. — Namorei por quatro anos e estive noivo durante outros três anos. Meu queixo caiu.

— E... o que aconteceu? — A pergunta escapou. Foi inevitável, não consegui segurá-la na minha boca. — Ela arrumou um partido melhor... — Carlos disse aquilo sorrindo, mas percebi uma certa mágoa em sua voz. — Faz tempo isso? — Um ano e meio. — Ainda gosta dela? — Não. — Não parece. — Minha incontinência verbal certamente havia chegado ao ápice ali. Ele me olhou e refletiu um pouco antes de responder. — Não creio que eu ainda a ame, mas confesso que, quando penso no que aconteceu, algo me revolta aqui dentro. — Ele apontou para o peito. — Infelizmente ainda não me livrei da mágoa, da decepção... — É por isso que paga para ter sexo? Não quer se envolver e se machucar de novo? — Garota esperta! — Ele sorriu. Fiz uma pausa, me lembrando da outra noite, da noite da pizza. — Você sempre... fica de papo com essas moças? As que você paga? — perguntei. — Como assim? — Carlos franziu levemente a testa. — Eu sempre tive essa ideia de que quando um cara pagava para transar, só transava e ponto, não ficava perdendo tempo com conversas... Ele soltou uma gargalhada. — E quem disse que eu fico de papo com elas? — Eu escutei vocês rindo e conversando outro dia, na sexta-feira... Fui pegar uma pizza e ouvi quando passei por sua porta — apressei em me explicar. Não queria que ele pensasse que eu o ficava espionando. — Na sexta? Confirmei e ele riu de novo. — Era a minha irmã que estava em casa. Ela veio me visitar. — Ah, tá... entendi — falei sentindo uma estranha sensação de alívio e de contentamento. Terminamos de jantar e voltamos para casa. Carlos tinha um belo carro, uma Land Rover cinza chumbo com bancos em couro que era muito confortável. Durante o trajeto, observei-o discretamente; admirei-o, na verdade. Aquele homem não era apenas lindo, era seguro, confiante,

carismático, charmoso, educado, só faltava ser bom de cama... Ri comigo mesma. Lá estava eu, de novo, imaginando coisas com ele. Sim, porque àquela altura eu não o imaginava apenas nu, imaginava-o na minha cama fazendo loucuras. A noiva dele foi, com certeza, uma sonsa por tê-lo trocado por outro. Chegamos no prédio e, já no nosso andar, ele me acompanhou até a minha porta. Eu a abri, mas ele não se despediu, apenas continuou me olhando. O clima ficou estranho. Eu não sabia se dizia “tchau” ou se o convidava para entrar. — Quer tomar um café? — perguntei, sem nem saber se tinha café em casa. De manhã eu costumava tomar café solúvel e não me lembrava se havia comprado em pó. — Aceito. Dei passagem para ele entrar e fui até o balcão que separava a cozinha da sala. Meu coração parecia pronto para saltar pela boca. Eu estava tão nervosa que os meus pensamentos viraram uma confusão só. E, como uma idiota, fiquei ali parada em frente ao balcão, de costas para ele, tentando me lembrar o que é que eu tinha que fazer... Café... isso! Eu tinha que fazer o café. Virei-me e dei de cara com Carlos. Ele estava muito próximo e antes que eu pudesse dar qualquer passo, ele se aproximou mais e colocou as duas mãos no balcão atrás de mim, prendendo-me entre seus braços. Olhei diretamente para o seu peito e senti o seu perfume, senti a sua respiração, o seu calor... Engoli em seco e, num ato ousado, ergui meu rosto, encarando-o. No segundo seguinte, senti os lábios dele colando nos meus, macios, quentes... Sua língua pediu passagem e eu deixei que ela invadisse a minha boca. Fechei os meus olhos, desfrutando daquele contato úmido, excitante, delicioso. As mãos dele passaram do balcão para minha cintura e ele me puxou contra si. Eu não raciocinava mais. Enlacei-o pelo pescoço e me deixei levar. O beijo ficou mais voraz, mais devasso, e suas mãos logo desceram para a minha bunda. Ele me apertou contra o seu membro e notei que estava duro. Puta merda! Não acreditava que estava beijando e me esfregando no meu vizinho gostoso, aquilo ia dar em cama, certeza! Subitamente, um receio tomou conta de mim. Ele não era apenas o meu vizinho, era o meu chefe, inferno! Se fôssemos para a cama, como seria

no dia seguinte? Como nos olharíamos e fingiríamos que nada aconteceu? — Carlos... — murmurei entre seus lábios. — Hum? — Ele continuou me beijando, agora sua boca corria pelo meu pescoço e sua língua deixava um rastro úmido pelo caminho. — Não sei se devemos... — eu disse com dificuldade. Minha respiração estava curta e acelerada. Ele se afastou um pouco e me olhou nos olhos. — Por quê? — Você sabe o porquê. — Porque sou o seu chefe? — Uma sombra passou pelos olhos dele. — Acha que eu estou me aproveitando de você, Lena? — Não! — apressei-me em dizer. — Não é isso! Acontece que... vai ser complicado depois, lá na empresa. Para disfarçar... Carlos ainda me olhava interrogativamente. Imaginei que ele não entenderia... Para alguém que estava acostumado a pagar para ter sexo e não se envolver com ninguém, talvez fosse normal agir, no dia seguinte, como se nada tivesse acontecido. Mas eu sabia que comigo não seria assim... Embora eu também nunca tenha namorado sério com ninguém, me conheço o suficiente para saber que eu não conseguiria disfarçar meus sentimentos. — Lena... — Escute... — interrompi-o. — Para você pode ser fácil, mas para mim não é. Eu não consigo... sinto muito, eu não posso... — falei, sentindo um aperto no peito. Carlos deixou os braços caírem ao longo do corpo e se afastou um pouco mais. Imaginei que aquele era o momento em que ele me viraria as costas e iria embora, mas não foi isso o que ele fez. Com uma expressão séria, ele se afastou e foi em direção à grande janela da sala. A persiana estava aberta e ele ficou olhando para fora, de costas para mim. Sem saber como agir, resolvi preparar o tal do café. Por dentro eu era um turbilhão de emoções. Eu me xingava mentalmente por ter interrompido nosso momento, por ter jogado um balde de água fria em meus anseios, por ter dispensado uma tórrida noite de sexo — porque eu tinha certeza de que seria tórrida — e por ter frustrado Carlos. Não só ele, eu estava decepcionada comigo mesma, por ser tão fraca, tão covarde. Achei o pó de café, felizmente, e liguei a cafeteira. Em poucos minutos a bebida ficou pronta. Minutos esses em que o meu belo vizinho permaneceu sem olhar para mim.

— Açúcar ou adoçante? — perguntei, ainda me remoendo por dentro. — Sem nada, por favor. — Sua voz era séria. Servi duas xícaras, coloquei açúcar na minha e levei a outra para ele. Quando Carlos se virou para pegá-la, vi frustração em seu olhar e desejo. Ele ainda me queria, eu sabia. E eu o queria... mas... Tomamos o café em silêncio. Eu me sentei no sofá, enquanto ele permaneceu em pé. Quando terminou, Carlos levou a xícara até a cozinha e eu senti que dali ele iria embora. Meu coração parecia que estava sendo prensado entre duas mãos. — Lena... — falou ele, parado perto do balcão. — Eu peço desculpas se te constrangi. Isso não vai mais acontecer... — Então se virou em direção à porta. De repente, meu coração resolveu me dar um coice e eu percebi que estava prestes a jogar pela janela a única chance que eu teria de ter um homem maravilhoso daqueles na minha cama. Que merda eu estava fazendo? — Carlos! — chamei-o alto, quando ele já estava tocando a maçaneta. Ele parou, mas ainda permaneceu de costas para mim. Larguei minha xícara na mesinha de centro da sala e corri até ele, me aproximando por trás. — Por favor — pedi. — Não vá... fique... Carlos se virou e, desta vez, eu vi um lampejo de dor em seu olhar. Eu não entendi o que foi aquilo, mas não me contive e me joguei em seus braços. Enlacei-o pela cintura e encostei a testa em seu peito. Eu não queria que ele fosse embora, não queria... Ele me abraçou de volta enquanto inspirava o cheiro dos meus cabelos. Seus dedos começaram a fazer um carinho em minhas costas e eu sorri. Aquilo era tão gostoso... Não tinha nada de sexual, mas era bom, aconchegante... Ergui meu rosto para olhá-lo e vi que ele ainda permanecia sério. Aquilo preocupou-me, será que ele havia desistido porque eu o havia rejeitado? Será que agora ele não queria mais nada comigo? Então um esboço de sorriso apareceu em seus lábios e ele fez um carinho em meu rosto com os dedos. Senti um certo alívio por ver que não tinha estragado tudo. O olhar dele era intenso, como se quisesse enxergar a minha alma. — Se eu ficar, não quero que se arrependa depois... — falou, levando alguns fios dos meus cabelos para trás da minha orelha. — Vou me arrepender se deixar você sair por essa porta — respondi.

O sorriso dele aumentou e ele desceu novamente seus lábios sobre os meus, em um beijo profundo, cheio de desejo. A língua dele invadia a minha boca, procurando pela minha, enquanto suas mãos deslizavam pelo meu corpo. Tesão. Era isso o que eu sentia naquele momento. Puro tesão. Meu corpo respondia às carícias que ele fazia se apertando mais contra ele. Carlos interrompeu o beijo e sorriu, afastando-se de mim. Andou até o centro da sala, pegou o controle da persiana da janela e a fechou. — Pronto — ele disse com um olhar cheio de fogo. — Agora teremos privacidade. Eu sorri de volta e ele me pegou pela mão, levando-me para as escadas que subiam para o quarto. Meu coração estava acelerado. Puta que pariu número quatro! O vizinho delícia seria todo meu!

Assim que subimos as escadas, Carlos voltou a me beijar e apalpar minha bunda, me pressionando contra sua ereção que, pelo que dava para sentir, já estava em ponto de bala novamente. Ele começou a tirar a minha blusa, mas eu o impedi. — Não, espera, Carlos... Ele parou e me olhou com desconfiança. — Preciso de um banho primeiro — eu disse. — Não posso fazer isso assim, suja e suada como estou. Não me sentiria à vontade. Poderia me dar uns minutos, por favor? — pedi. Ele riu. — Claro, pode ir. Corri para o banheiro, arranquei rapidamente as minhas roupas e prendi meu cabelo em um coque alto, afinal, ninguém merece transar com o cabelo molhado grudando na cara. Agitada, entrei no box e abri o registro. A água quente demorou alguns segundos para começar a sair e eu, mais do que impaciente, falei alguns palavrões mentais até poder me molhar. Finalmente entrei embaixo da água, joguei o sabonete líquido nas mãos e espalhei-o pelo meu rosto e corpo. Enfiei a cara sob o jato de água para enxaguar, passei novamente as mãos no rosto e só então abri meus olhos. Qual não foi minha surpresa quando vi a porta do box aberta e Carlos me olhando com um sorriso maroto. Puta que pariu número cinco! O homem já estava nu e eu não consegui evitar olhá-lo de cima a baixo. Com o queixo

caído, claro! Porque o que eu estava vendo ali na minha frente, deixava no chinelo qualquer imagem que eu tivesse projetado dele na minha mente. Tapei minha boca com a mão para não soltar um grito de alegria e admiração. Era oficial. Meu estômago estava cheio de borboletas esvoaçantes. Ele riu da minha reação e entrou. Aproximou-se, encostando seu corpo no meu e me beijou. A pele dele roçando na minha me deixava em ponto de fusão. Tudo em mim parecia ferver. Meu centro de prazer já pulsava e ansiava por um contato. Coloquei minhas mãos em seus braços e senti seus músculos firmes e trabalhados. Carlos esfregava seu membro ereto contra o meu ventre e minha vontade era de abrir as pernas e abraçá-lo com elas. Deslizei as minhas mãos para suas nádegas redondas e puxei-o mais contra mim. A boca de Carlos era uma maravilha, ele passava dos lábios para o meu pescoço e do pescoço para a minha orelha, me arrancando pequenos gemidos e me fazendo arrepiar. Suas mãos, antes na minha cintura, escorregaram para a minha bunda, e uma delas continuou descendo pelo meio, em direção ao meu centro pulsante. Senti os dedos dele descerem cada vez mais e, ao passarem pelo meu ânus, ele deu uma pequena massageada ali em movimentos circulares. Prendi minha respiração, achando que meu vizinho pervertido enfiaria o dedo lá, mas ele não o fez. Desceu mais um pouco e logo seus dedos alcançaram a minha entrada. Eu quase me derreti ali. — Gostosa — ele murmurou no meu ouvido enquanto seu dedo se afundava em mim. Gemi, me agarrando a ele. Carlos começou a me foder com o dedo, entrando e saindo, e eu já estava vendo estrelas. — Eu quero... Eu quero você dentro de mim, Carlos. — Eu já estou dentro de você... — Ele sorriu e mordiscou meu lábio. — Quero o seu pau — eu disse, enquanto levava a minha mão até ele e sentia-o o quão duro estava. Fechei minha mão em volta do membro rijo e comecei a deslizá-la para cima e para baixo. Ele era bem avantajado, maior do que eu imaginava, isso porque minha imaginação era fértil. Desta vez foi Carlos quem gemeu. — Você vai ter o meu pau, mas antes terá a minha língua — falou retirando o dedo de dentro de mim e se afastando. Sem tirar os olhos dos meus, Carlos fechou o registro de água e abriu

a porta do box. Com um sorriso, estendeu sua mão e me conduziu para fora do banheiro, direto para a cama. Nem ao menos nos enxugamos. Molhados como estávamos, ele me fez deitar e logo me cobriu com o seu corpo. Voltou a me beijar, beijar meu queixo, meu pescoço. Desceu para os meus seios e tomou um deles com a boca. Sorri de alegria e de prazer. Meu corpo respondia àquelas deliciosas carícias com estremecimentos. Depois de sugar, lamber e mordiscar meus dois bicos, provocando pequenos choques em mim, Carlos desceu pelo meu ventre, beijando-o em toda sua extensão e finalmente chegou à minha intimidade. Minha coluna se contorceu em um pequeno arco quando senti o toque de sua língua em meu ponto sensível. Puta que pariu número seis. Que língua maravilhosa! Ela descia e subia pelas minhas dobras, ora contornando o meu clitóris, ora se enfiando em minha entrada. Eu estava enlouquecendo, eu queria mais, eu queria gozar. Como se tivesse lido minha mente, Carlos se concentrou em meu ponto de prazer e passou a sugá-lo de leve. Senti a pressão aumentar, senti a onda chegando e então explodi. Fui ao céu e meus músculos internos se contraíram em espasmos. Carlos ainda passou a língua pela minha entrada, experimentando meu suco e, só então, levantou a cabeça para me olhar. Ele tinha um sorriso no rosto, um sorriso safado. Meu corpo, em estado de relaxamento, logo se animou quando ele subiu novamente e se enfiou entre as minhas pernas. Eu já tinha gozado, mas ainda o queria, eu precisava daquele pau dentro de mim com urgência. Abri minhas pernas e senti a cabeça macia do membro dele em minha entrada. Devagar ele começou a me penetrar. Entrava e saía aos poucos, se afundando cada vez mais na minha carne. Eu sentia a respiração pesada dele em meu ouvido. — Lena... — ele sussurrou. — Eu vou te foder a noite inteira! Com uma estocada mais forte, ele se enfiou inteiro dentro de mim e eu soltei um gemido alto. Ele me fitou nos olhos e começou a se movimentar. Minhas pernas enlaçaram o seu quadril e comecei a rebolar, me projetando contra ele e tentando buscar novamente o meu prazer. Nossos corpos unidos seguiam em um mesmo ritmo, cadenciado, sensual. Ele encostou sua testa na minha e percebi, pela sua respiração, que ele já estava chegando ao seu limite, mas parecia se segurar, como se estivesse postergando o orgasmo. Eu também já estava chegando próximo do

clímax outra vez. O contato da minha púbis com a dele estimulava meu clitóris e eu me apertei mais contra o seu quadril, pressionando meus músculos internos em volta de seu membro. Ele gemeu. — Eu não consigo mais segurar... Eu vou gozar... — disse. — Goze... goze para mim — falei sentindo minha mente anuviar. Carlos me estocou mais fundo e então gemeu e gozou. Senti as contrações do membro dele em minha entrada e eu o segui logo na sequência. Não me contive e gritei enquanto gozava, apertando-o e sugando-o para dentro de mim. Meu vizinho delícia deixou seu corpo relaxar sobre o meu e eu protestei com o peso dele. Ele riu e saiu de cima de mim, se acomodando ao meu lado. Seus olhos brilhavam. — Você é linda... — disse ele, acariciando o meu rosto. — Gostou? — perguntei passando meus dedos pelo peitoral dele. — Muito! — Hum... — Olhei-o provocativa. — Olha só... E nem precisou pagar... — Eu ri. Carlos arqueou uma sobrancelha e sorriu também. — Tem razão.. Nem precisei... — Puxou-me para cima de seu peito e eu encaixei minha cabeça na curva de seu braço. Ele passou a fazer um carinho nas minhas costas. — Sabe há quanto tempo que eu não transo sem pagar? — perguntou. — Quanto? — Um ano e meio... Levantei minha cabeça para olhá-lo. — Desde que rompeu o noivado? Ele assentiu e um friozinho passou pelo o meu estômago. — Por que comigo? — indaguei. — Porque você me atraiu desde o momento que te vi cair na frente da minha porta. Eu ri. — Como assim? Eu caí feito uma banana. Tenho certeza de que não foi nada sexy. — Não foi, realmente. — Ele sorriu. — Foi engraçado, mas... quando olhei em seus olhos, eu... não sei o que aconteceu... Simplesmente fiquei atordoado. — Não me zoa. Meus olhos são normais, castanhos, não têm nada

demais. — Têm sim. E não são apenas castanhos, são âmbar, são belos e combinam perfeitamente com o seu rosto, que é lindo. Desviei meu olhar. Aquelas palavras me faziam feliz, como se aquecessem meu coração. — Então... Eu sou a primeira mulher que você está ficando por se sentir atraído, nesse um ano e meio? — Sim... Voltei a encará-lo e Carlos tinha os olhos quentes. O que significava exatamente aquilo? Um temor surgiu em meu peito. — Eu preciso te perguntar uma coisa — eu disse. — Pergunte. — O nosso caso vai ser só de uma noite? Essa noite? — Meus batimentos cardíacos estavam acelerados novamente. Ele suspirou. — É isso o que você quer? — Não... — Fui sincera. — Mas eu não sei o que você quer. A única coisa que eu sei é que você tem evitado por todo esse tempo se envolver com alguém, e... — Não completei a frase, não sabia ao certo o que pensar sobre aquilo. Carlos passou a mão em meus cabelos e levantou o meu queixo, fazendo-me olhá-lo. — Vamos deixar rolar, está bem? — ele disse. — Vamos continuar saindo e ver no que isso vai dar. Eu gosto de ter você aqui, assim, comigo, e eu não quero que seja um caso de uma noite só. Sorri, mas meu coração ainda permanecia apertado. Eu tinha certeza de que este estava começando a bater um pouco mais forte do que deveria por Carlos. E tinha certeza de que poderia me dar muito mal por causa disso. Voltei meu rosto para o peito dele e então outra preocupação tomou conta dos meus pensamentos. — Carlos? — Hum? Olhei-o e ele tinha os olhos fechados. — Não usamos camisinha... Ele abriu os olhos. — Relaxa, não vou te passar nenhuma doença. Fiz exames de sangue em um check-up no mês passado.

— Eu não tomo pílula — soltei, e ele imediatamente se sentou, me olhando espantado. Me sentei também. — Só agora você me diz isso? — ele perguntou arqueando uma sobrancelha. Um sentimento de irritação se apossou de mim. — Você não me perguntou e eu não me lembrei de dizer. De início, achei que iríamos usar camisinha, mas na hora não estava pensando direito, acabei não... Bufei, esse era o meu problema, eu sempre me deixava levar pelo momento e parecia que não raciocinava mais. — Escute! — voltei a falar enquanto ele me olhava pensativo. — Nem pense em me culpar exclusivamente por isso, ouviu? — Minha voz começou a se elevar. — Eu... não pensei, não lembrei, me empolguei, tá? Você também tinha que ter... — Ei! — ele me interrompeu, segurando de leve meu rosto e fazendo um carinho com os dedos. — Calma... — Carlos se deitou outra vez e voltou a me puxar para cima de seu peito. Fitei-o confusa. — Está tudo bem — ele disse com uma tranquilidade surpreendente. — O que tiver de ser, será. — Como assim? Não está dizendo isso muito fácil? Não está preocupado? Ele me olhou com um sorriso. — Você tem medo? De engravidar? — É claro que tenho — respondi, espantada com a pergunta. — Eu te conheço há pouco tempo e mal comecei a trabalhar, como poderia criar um filho? — Um filho não é impeditivo para se ter uma carreira. — Não, mas é complicado... — franzi o cenho, só de pensar em ter que trabalhar e cuidar de uma criança, meu coração estremecia. — É complicado quando não se tem o apoio. Quando pai e mãe dividem as tarefas e responsabilidades, fica mais fácil. Encarei-o. — E você estaria disposto a dividir esse tipo de responsabilidade? Ele sorriu de novo. — Não vejo isso como um problema... Abri a boca, pasma. Era impressão minha ou ele parecia até estar

interessado nisso? — Carlos! — Escute. Creio que estamos sendo meio apressados em pensar que você vai engravidar. Vamos com calma, okay? Só quero que saiba que, se acontecer, não vai ficar sozinha... Eu fiquei sem reação. Não sabia se ficava preocupada ou não com aquilo. Tentei me lembrar de quando havia sido minha última menstruação, mas nem isso me vinha à mente. Dez dias, doze, quinze? Não me lembrava. Eu nunca anotava o dia e não era muito regulada, então não tinha como saber se eu estava próxima ou não do período fértil. De qualquer forma, agora teria que esperar. Sorrindo, meu querido chefe me virou na cama e ficou por cima novamente. — Carlos... — murmurei entre seus beijos quentes, já sentindo meu corpo responder às suas carícias. — Eu falei que iria te foder a noite inteira, não falei? Ele me beijou e eu retribuí. O que estava feito, estava feito; não adiantava chorar pelo leite derramado. Depois eu pensaria em minha menstruação e no resto, agora eu o queria de novo dentro de mim. Decididamente, meu vizinho gostoso era um tesão e aquilo tudo era uma loucura...

Acordei com o alarme do celular tocando em algum lugar ao longe. Completamente sonolenta, abri os olhos e levantei a cabeça para tentar identificar de onde vinha o barulho. Era lá de baixo. Eu havia deixado o celular dentro da bolsa. Olhei para o lado e vi aquele homem lindo de morrer ainda dormindo. Seu torso nu subia e descia com a respiração e seu semblante era calmo e relaxado. Meu estômago deu uma pequena pirueta. Em menos de duas horas nós deveríamos estar na M&M e fingir que nada acontecera. Entre uma transa e outra durante a noite, nós concordamos que não deveríamos levar esse relacionamento para dentro da empresa, assim, manteríamos a relação chefe/funcionária enquanto estivéssemos lá dentro. Também combinamos de não comentar sobre isso com ninguém. Não seria bom esse tipo de fofoca ficar circulando no ambiente de trabalho. Ainda mais por mim, pois certamente as más línguas já iriam dizer que eu estava dando para o chefe para poder me firmar dentro da empresa, ou então poderiam pensar que Carlos estava se aproveitando da posição de chefe para me comer. Difícil seria manter as aparências. Felizmente, eu ficava de costas para a sala dele, então a chance de me pegarem contemplando-o como uma boba eram pequenas. Suspirei, estava na hora de me levantar, mas antes... Sorri, eu estava louca para fazer um negócio. Cuidadosamente ergui o lençol que nos cobria e enfiei minha cabeça embaixo dele. Tomei o membro amolecido de Carlos na

boca e comecei a chupá-lo. Não demorou quase nada para que o magnífico pau do meu delicioso vizinho começasse a ficar rijo e a crescer dentro da minha boca. Senti os dedos de Carlos na minha cabeça, se entrelaçando nos meus cabelos e escutei-o gemer. Seu pau agora já estava tão duro que eu mal conseguia engolir metade dele. Continuei sugando sua glande enquanto movimentava minha cabeça para cima e para baixo. Caralho, que pau delicioso! Aquilo era um pênis de respeito. Engoli-o o máximo que pude e arranquei de Carlos outro gemido. Aumentei o ritmo das chupadas enquanto estimulava a base de seu membro com uma de minhas mãos, subindo e descendo com ela junto com a minha boca. — Lena... — disse ele com a voz rouca. — Vou gozar... Lena... Caralho! O jato de esperma foi direto em minha garganta e quase me engasguei com ele, mas consegui me controlar e engoli o líquido quente. Eu não me importava de engolir. O gosto realmente não era muito bom, mas isso era o de menos. Só o fato de olhar para o rosto de Carlos e vê-lo extasiado de prazer, já me compensava. Meu vizinho lindo fechou os olhos e sorriu bobamente. — Esse foi o melhor despertador de todos... — ele disse e eu ri. — Vou tomar um banho — falei me levantando. — Não quero me atrasar, senão o meu chefe pode não gostar muito. — Só se for o seu chefe número dois, porque o seu chefe número um não se importaria se você se atrasasse para ficar um pouco mais na cama. — Seu olhar era divertido. — Como assim, agora você virou o chefe número um? Porque quem me contratou foi o Henrique. Ele deveria ser o um. — Nunca! — falou se levantando e me puxando de volta para a cama. — Eu vou ser sempre o um. — Beijou-me enquanto se acomodava entre minhas pernas. — Não, Carlos... espera... — Mordi meu lábio. — Eu estou ardendo... — falei um pouco constrangida. Ele riu. — Tudo bem... Peguei pesado com você essa noite, né? Me desculpe por ter te esfolado, mas você é inebriante, sabia? É difícil parar... — disse e começou a distribuir vários beijos suaves em meu pescoço.

Eu bem que queria mais, mas minhas partes íntimas não estavam mais em condições. — É que já fazia um tempo que a minha boneca estava sem uso — justifiquei, sorrindo com as cócegas que sua boca fazia em minha pele. — Quanto tempo? — Ele me olhou curioso. — Uns quatro meses... — Com quem foi? — Com um ex-namorado do Ensino Médio. Nos reencontramos um dia, depois que voltei da faculdade, e acabou acontecendo. — Vocês ainda se falam? Ergui minhas sobrancelhas. — Não — respondi. — Não nos falamos mais. Por quê? — Por nada. Carlos sorriu e notei que ele tinha ficado aliviado. Então ele voltou a me beijar e desceu os lábios até a minha orelha. — Tem outras formas de te deixar feliz sem te machucar... — falou e desceu sua cabeça para o meio das minhas pernas. Fechei os olhos, lá íamos nós de novo. Depois de gozar sob os habilidosos lábios dele, insisti que eu precisava me levantar. Tomamos juntos um banho rápido e quando olhei no relógio, já passava das 7h20 e eu nem havia me trocado ainda. Arregalei os olhos e comecei a correr. Se eu não quisesse me atrasar, precisaria pegar o ônibus das 7h45. — Lena... — falou Carlos vestindo a camisa sem fechar os botões. — Calma, eu te levo hoje. — Não pode me levar, as pessoas vão começar a falar e... — Falar o quê? Moramos no mesmo prédio. Para dizer a verdade, estranho é você pegar ônibus todos os dias quando poderia ir de carona comigo. Fico com a impressão de que passo uma imagem arrogante para os outros. — Ainda assim, acho que não pega bem — eu disse enquanto penteava o cabelo. — Então só por hoje, okay? Um dia só não vai fazer o pessoal fofocar. — Ele sorriu. — Vou até o meu apartamento trocar de roupa. Passe lá assim que estiver pronta. Vou fazer o café. Quinze minutos depois eu estava batendo na porta dele. Carlos já estava trocado e o cheiro do café fresco invadiu minhas narinas. Tomamos a

bebida fumegante acompanhada de algumas torradas e geleias e seguimos para a M&M. Felizmente, o dia foi mais tranquilo do que eu esperava. Nos tratamos normalmente e ninguém pareceu desconfiar. Elaine gostou do resultado final do projeto e ao final do dia veio com a resposta do cliente, ele tinha aprovado. Pulei de alegria e alívio. Eu confesso que estava um pouco tensa, apesar de confiar no meu trabalho. Elaine sugeriu que saíssemos para comemorar depois do expediente e Carlos foi também. Houve um momento que senti o olhar dele mais demorado em mim, mas ele logo disfarçou. Acabei pegando uma carona com ele novamente para casa e mal entramos no elevador e ele já me puxou para um beijo. — Passei o dia inteiro com vontade de fazer isso — ele disse. — Se controle Sr. Mantovanni. Não vai dar bandeira. — Sorri. — Fica em casa comigo hoje? Fitei-o surpresa. — Não sei... ainda estou dolorida. — Prometo ser gentil. — Ele deu um daqueles sorrisos matadores. Aquilo era maldade. Eu não resistia àquele sorriso perfeito. — Tudo bem, mas acho melhor começarmos a usar camisinha. — Isso é o que não falta lá em casa. Ele riu e eu fiquei imaginando as mulheres com quem ele as usava. Um sentimento incômodo surgiu em meu peito. Fui para o meu apartamento primeiro, tomei um banho, vesti uma camisola curta e coloquei um roupão por cima. Para ir de uma porta à outra, não vi problema em sair de pijama no corredor. Carlos sorriu ao me ver, e a primeira coisa que fez foi abrir meu roupão e tirá-lo. — Tem um corpo fenomenal, sabia? — Não tanto quanto um certo rato de academia que eu conheço. Nós rimos e subimos para o quarto. Naquela noite, Carlos foi mesmo mais delicado e usou camisinha. Confesso que preferia a sensação do contato direto com a pele dele, mas até eu ver a questão do anticoncepcional, era melhor assim.

Duas semanas se passaram e nós continuávamos nos encontrando em nossos apartamentos. Mesmo quando não transávamos, dormíamos juntos e, por incrível que pareça, ninguém no escritório desconfiou. Aprendemos a nos conter na frente das pessoas e a manter uma relação estritamente profissional lá dentro. Até o dia em que tive que ficar um pouco mais para adiantar um trabalho e sobrou apenas nós dois na empresa. Assim que desliguei meu computador, me virei e vi que Carlos me observava da mesa dele. Então ele fez um gesto com a mão, me chamando. Sorri e me levantei, indo até lá. Só pelo olhar que ele me deu, eu sabia o que ele queria. Com apenas nós dois ali, eu não via problemas em lhe ceder uns beijos. Só não imaginava que meu querido chefe queria mais do que apenas uns beijos. Carlos também se levantou e se encontrou comigo no meio da sala. Com um puxão pela cintura, nossas bocas se colaram e as mãos dele foram direto para a minha bunda. Como estava fazendo muito calor nos últimos dias, eu havia escolhido um vestido solto para trabalhar, o que facilitou o acesso de Carlos à minha intimidade. Com a mão entrando por baixo do vestido, ele enfiou os dedos sob a minha calcinha e iniciou um delicioso estímulo em meu sexo latejante. — Você está molhada... Gosto disso. Sorri e abri o seu cinto, desabotoei sua calça e desci o zíper. Passei minha mão pelo seu pau ainda por cima da cueca e ele mordeu meu lábio. — Gostosa! Quero te comer... — Aqui? — perguntei já com os pelos do corpo todos eriçados de excitação. — Aqui, agora, em cima da minha mesa. — Me pegou, então, pela bunda e me ergueu do chão, me levando até sua mesa e fazendo eu me sentar ali. Abri um sorriso. Aquilo era realmente excitante. Só o fato de estarmos em um local público, onde não podíamos revelar nosso envolvimento, deixava aquilo com ar de proibido. Eu não sei por que temos esse fetiche de sermos atraídos pelo proibido. Só sei que estava com muito tesão e quando Carlos se enfiou por entre as minhas pernas abertas, não resisti e desci a sua cueca, liberando seu membro em minha mão. Comecei a alisá-lo, enquanto ele me beijava e gemia na minha boca. Escutar os sons que ele emitia me deixava ainda mais fogosa. Suas mãos

agora estavam nos meus seios, por cima da roupa mesmo, já que meu vestido não dava acesso fácil a eles. Num movimento mais ousado, Carlos, puxou a barra do vestido e o ergueu. Resisti quando percebi que ele queria tirá-lo por cima da minha cabeça. — Carlos... e se alguém aparecer? — falei. — Ninguém vai aparecer... — Mas o segurança... — Ele não vem aqui enquanto sabe que tem alguém trabalhando. Ainda desconfiada e com um frio na barriga, deixei que ele tirasse meu vestido e meu sutiã. Carlos olhou meus peitos com desejo e passou a lambê-los e chupá-los com vigor. Joguei a minha cabeça para trás, aproveitando as sensações. Com os lábios, ele apertou um de meus bicos e voltou a sugá-lo. Que tesão! Meu sexo latejava cada vez mais. — Me come logo, Carlos. Quero sentir você dentro de mim — murmurei de olhos fechados. Com as mãos, ele afastou algumas coisas que tinha sobre a mesa e me deitou sobre ela. Olhei para trás e vi a enorme janela de vidro que ficava atrás da mesa dele. Uma janela sem persianas. Já estava escuro lá fora e, com certeza, estávamos dando um belo espetáculo para quem estivesse ainda no prédio da frente. Sorri, quem quisesse que olhasse, eu não me importava. Senti, então, Carlos deslizar minha calcinha pelas pernas e retirá-la. Puta que pariu número sete. Eu estava completamente nua deitada na mesa do meu chefe! Carlos levantou meus joelhos, abrindo minhas pernas, e fiquei totalmente exposta para ele. Meu vizinho não se fez de rogado, desceu sua boca quente sobre a minha fenda e iniciou seu magnífico trabalho com a língua que só ele sabia fazer. Eu já havia recebido sexo oral de outros caras antes, mas nenhum tinha a habilidade dele de me excitar e prolongar aquela sensação pré-orgasmo, até me fazer explodir de tesão. Enquanto ele me chupava, seus dedos me fodiam em um movimento rápido e enlouquecedor. O ápice veio logo. Eu gritei, agarrei os cabelos dele e me contrai em torno de seus dedos. Carlos levantou seu tronco, limpou o canto da boca com as costas da mão e, sorrindo, me puxou para a beirada da mesa. Seu membro entrou com tudo dentro de mim, fazendo-me soltar outro gemido. Olhei novamente para trás e vi o reflexo de Carlos no vidro, com as

mãos em minha cintura, me segurando e metendo em mim, me estocando com força. O pau dele deslizava dentro da minha cavidade, tocando-me lá no fundo, me preenchendo, me fodendo gostoso. Com o dedo ele voltou a estimular meu clitóris. Caralho! Aquilo era muito bom. Antes de eu me mudar, jamais passou pela minha cabeça que, ao vir para a capital, encontraria alguém tão sexy, fogoso, tarado e lindo como Carlos. Nunca imaginaria que iria transar com o meu vizinho, e menos ainda com o meu chefe. E agora, lá estávamos nós dois, em sua sala envidraçada, dando um show de sexo para quem quer que estivesse vendo no prédio da frente. A onda de prazer chegou novamente para mim, intensa e deliciosa, e Carlos gozou em seguida. Ele ainda permaneceu dentro de mim por algum tempo, enquanto eu relaxava em sua mesa, aguardando minha respiração voltar ao normal. As mãos dele me acariciavam e ele me olhava com paixão. Sim, eu conseguia identificar aquilo nele, porque eu também sentia a mesma coisa, eu também o olhava daquele jeito. Mesmo que não pronunciássemos essa palavra, “paixão”, ou disséssemos: “estou apaixonado por você”, o sentimento estava lá, sabíamos disso. Entretanto, não víamos a necessidade de expressar aquilo em palavras naquele momento. Havíamos combinado de apenas deixarmos rolar, sem cobranças ou expectativas. Não éramos namorados, éramos apenas amantes. E nosso caso era apenas um “caso”. Contudo, eu percebia que no fundo algo estava crescendo entre nós e, em breve, aquela informalidade não bastaria. Pelo menos, não para mim. Eu me conhecia o suficiente para saber que logo eu iria querer dizer aquelas palavras, e também iria querer ouvi-las. Carlos me puxou para cima fazendo eu me sentar e me abraçou, mergulhando o rosto na curva de meu pescoço. Ele não disse nada e, por um tempo, apenas trocamos um carinho. — Você está virando minha cabeça, Lena... Ele levantou o rosto e me olhou. — Faz muito tempo que eu não me sinto assim quando estou com alguém... — disse. — Assim como? — indaguei, com ânsia de saber mais. — Dependente... Ergui minhas sobrancelhas e ele continuou. — Eu havia prometido para mim mesmo não abrir mais meu coração,

não esperar mais do que sexo casual das mulheres, não desejar estar mais do que uma noite com elas. — Carlos passou os dedos em meus lábios e me olhou com sofrimento. — Eu não queria mais me sentir assim, não queria mais sentir essa necessidade de estar com alguém e de desejar que a pessoa sentisse o mesmo por mim. Mas agora aqui estou eu, completamente faminto por você. Te quero! Te quero tanto! E te quero mais a cada dia... Engoli em seco. Aquilo foi uma declaração? Meu coração estava apertado, mas não de tristeza, e sim de felicidade, uma felicidade misturada com ansiedade. Porque eu também queria ficar com ele, mas tinha receio de que ele um dia se cansasse de mim e não quisesse mais nada comigo. — Carlos... Eu também gosto e quero muito continuar assim com você, mas confesso que tenho medo. Medo de entregar meu coração e você se enjoar de mim. Ele encostou a testa na minha e a ponta de nossos narizes se tocaram. — Eu nunca vou me enjoar de você... — Não diz isso, por favor... Não alimente minhas esperanças... Carlos suspirou e me deu um beijo suave, cheio de delicadeza. — Vamos embora... — disse. — Estou com fome e depois de jantar quero tomar um banho gostoso com você, deitá-la na minha cama e fazê-la minha de novo. Sorri. Meu vizinho delícia era mesmo um tarado!

Mais alguns dias se passaram e comecei a ficar preocupada com a minha menstruação que não descia. Ainda não estava tomando anticoncepcional, pois precisava esperar um novo ciclo para começar, mas nada de vir a bendita. Cansei de olhar no calendário para tentar me lembrar quando ela tinha vindo pela última vez. Sabia que tinha sido antes de começar na M&M, mas não lembrava o dia certo, o problema é que eu havia acabado de completar um mês que estava trabalhando lá. Aquilo começou a me deixar agoniada, mas não queria dizer nada a Carlos, já que mesmo estando atrasada, eu sabia que a minha menstruação era meio louca. Ora adiantava, ora atrasava, e eu nunca conseguia prever quando ela viria. Saí de minha cadeira para dar uma esticada nas pernas e fui até o bebedouro encher minha garrafinha. Olhei para a sala de Carlos e ele me fitava com um sorriso. Sorri de volta e quase derramei a água da garrafa de tanto que ela encheu. Nesse momento duas mulheres passaram pela porta da recepção. Uma delas, de cabelos ruivos e óculos escuros, cumprimentou a recepcionista com um aceno de cabeça, a outra, uma loira alta e elegante em cima de seu salto 15, passou direto, sem nem mesmo olhar para a moça. Elas vieram em minha direção e passaram por mim como se eu fosse um objeto inanimado, assim como os demais funcionários. A ruiva ainda cumprimentava discretamente um ou outro que aparentemente ela conhecia.

— Mulher horrorosa... — disse Elaine, que havia se aproximado para pegar água também. — Qual delas? — quis saber eu, porque para mim, as duas me pareciam horrorosas, embora fossem bonitas. — A loira. Olhei na direção delas e ambas entraram na sala de Henrique, a loira o cumprimentou, falou alguma coisa e logo saiu, indo para a sala de Carlos, que mantinha o semblante carregado. Ela fechou a porta, não sei para quê, já que era tudo de vidro, e se aproximou dele, beijando-o no rosto. Carlos não esboçou nenhuma reação e ela deu um sorriso sem graça, indo se sentar à sua frente. Elaine e eu ainda nos mantínhamos observando a cena. — Quem são? — eu quis saber. — A ruiva é a Márcia, esposa do Henrique, e a loira se chama Suellen. Ela foi noiva de Carlos... Uma idiota, sonsa, nojenta. Arregalei meus olhos e voltei-os novamente para a mulher. Então era aquela a ex de Carlos? — Por que tanta raiva no seu coração? — perguntei à Elaine. Ela tinha ira no olhar. — Porque ela fez Carlos sofrer demais! Ele quase entrou em depressão, emagreceu, não saía mais de casa e deixou a empresa meio de lado, quase não vinha trabalhar. Henrique teve que levar tudo nas costas, mas foi complicado, passamos por alguns percalços por conta disso. — Ele gostava tanto dela assim? — Meu coração se entristeceu. — Sim... Carlos sempre foi muito passional e ele era perdidamente apaixonado por ela, mas... — Mas... ? — Agora eu estava curiosa — Acho que ela nunca gostou realmente dele, subestimava-o e desprezava o trabalho dele aqui. Ela achava que ele deveria trabalhar com o pai e assumir um alto cargo na empresa da família. Mas o pior não foi isso... — O que houve? — Quando ela engravidou, Carlos só faltava lamber o chão para ela passar. Encheu-a de mimos e cuidados... Senti meu coração dar uma falhada. Carlos tinha um filho? — E... o que foi pior? — Um mês depois que tivemos a notícia da gravidez, ela perdeu a criança. Ou pelo menos disse que perdeu. Acho que ela mandou tirar..., mas

ela nunca assumiu e Carlos nunca quis entrar nesse assunto com a gente. Ele ficou arrebentado. Fato é que, logo em seguida, ela rompeu o noivado e dois meses depois já estava com outro cara. Um empresário rico do ramo de automóveis. Meu coração estava partido por Carlos. Agora eu entendia por que ele se manteve todo esse tempo sem querer se envolver com ninguém. — Acha que ela fez isso por interesse? — Ah... certeza! Aquela ali só enxerga a cor do dinheiro. Quando Carlos comprou o apartamento onde ele mora hoje, ela torceu o nariz, dizendo que era minúsculo e que ele deveria pensar mais alto. Quando ele disse que não usaria o dinheiro da família e que viveria dos rendimentos da M&M, ela surtou. Acho que só não o deixou antes porque descobriu, justamente nessa época, sobre a gravidez. Meu queixo estava caído com aquelas revelações. Nem conhecia a mulher e já tinha um ódio mortal dela. — E o que você acha que ela veio fazer aqui? — Ela e Márcia são amigas, acho que ela só está aqui para acompanhá-la. Dei uma outra olhada discreta em direção à sala envidraçada e vi que eles ainda permaneciam conversando. Carlos não parecia nada contente, seu cenho estava franzido e ele mantinha uma postura afastada da mesa. Já a tal Suellen fazia umas expressões de dor e tristeza que pareciam mais falsas do que a minha bolsa “Louis Vuitton” comprada em uma loja chinesa. Fechei meu semblante também. O que ela queria com ele? Estaria dizendo que estava arrependida ou algo assim? Um sentimento de revolta me consumia por dentro. Andei pisando duro de volta à minha mesa, e antes de me sentar, voltei a olhar para os dois. Suellen tinha se inclinado na direção de Carlos e estava com a mão sobre a dele. Minha vontade era de entrar lá e jogar o conteúdo daquela garrafinha de água na cabeça da megera, mas respirei fundo e voltei minha atenção para o computador, embora minha mente não conseguisse se desligar do que poderia estar acontecendo atrás de mim. Escutei quando a porta se abriu e a voz da sonsa chegou aos meus ouvidos. Ela parecia estar mais alegre. Olhei pelo canto do olho e vi ela saindo com Carlos. Passaram na sala do Henrique, falaram qualquer coisa e deixaram o escritório da M&M. Ainda vi quando ela, sorridente, pegou no braço de Carlos ao passarem pela recepção, mas não vi o rosto dele.

Aonde eles estavam indo? Outro sentimento tomou conta de meu coração. Ciúme, medo, raiva... Não sabia... Olhei no relógio, já estava próximo das 17 h. Naquele momento eu só queria ir embora. O escritório estava me sufocando. Lentamente, os minutos finais de trabalho se passaram. Quando deu exatamente 17h30, peguei minhas coisas e saí. Mas não fui para o meu apartamento, eu precisava descontar a minha frustração em algo e decidi que seria sorvete. Passei na sorveteria e peguei quatro bolas de sorvete cremoso, enchi de calda de morango e castanhas e me sentei em uma mesinha do lado de fora do estabelecimento. Não sei se senti o gosto daquele sorvete, meus pensamentos estavam no meu chefe e na megera. O que eles estavam fazendo? Onde tinham ido? Carlos ainda gostava dela? Ele voltaria com ela se ela pedisse? De repente me dei conta de que aquilo não me dizia respeito. Embora eu estivesse tendo um caso com ele, embora ele tivesse dito que queria ficar comigo, a verdade é que não estávamos namorando. No fundo, não era uma relação séria. Meu coração se apertou e meus olhos marejaram. Mas que merda! Por que eu estava prestes a chorar? Eu não tinha que chorar! Eu já devia estar preparada para um término. Crispei minhas mãos. Término de que, se nunca havíamos começado nada? Com uma dor profunda, percebi que havia me deixado iludir. No fim, o que tínhamos era só sexo. Um bom sexo. Talvez eu tivesse me confundido e tivesse visto paixão nos olhos dele, quando na realidade era apenas carência afetiva. Talvez eu tivesse visto apenas aquilo que eu desejava ver... Senti uma lágrima rolar pelo meu rosto. Com um suspiro, limpei a lágrima e me levantei. Não ia ficar bancando a coitadinha, nunca fui pessoa de me achar vítima de nada. Eu tinha as rédeas da minha vida, eu estava no comando. Ninguém ia me ferir. Nem mesmo o meu vizinho gostoso saradão. Fui para casa, tomei um banho e decidi ver uns filmes. O sorvete já tinha praticamente ocupado o espaço da janta, então fiz um saco de pipoca de micro-ondas e tentei ocupar minha mente com outra coisa que não fosse Carlos. No fundo, eu esperava que ele viesse bater na minha porta naquela noite, mas aquilo não aconteceu. Foi inevitável pensar que ele poderia estar

com a ex, ter voltado com ela. Assim, quando resolvi me deitar, outras lágrimas surgiram em meus olhos. Escondi minha cara no travesseiro e quando dei por mim já estava chorando de soluçar. Mas que merda! Merda! Merda! Que ódio! Demorei um século para dormir, até que finalmente o sono me venceu. Não é preciso dizer que acordei no dia seguinte com os olhos tremendamente inchados. Preocupada, me olhei no espelho e soltei alguns palavrões. Não podia aparecer na empresa com aquela cara. Mandei uma mensagem para Elaine dizendo que eu tinha acordado com o estômago ruim e que demoraria um pouco mais para chegar. Detestava mentir, mas não ia contar que estava me atrasando porque não queria que ninguém visse minha cara pós-choro. Tomei um banho, coloquei um roupão e me deitei na sala com um pano úmido e sobre os olhos. Deixei uma bacia com água e gelo ao lado para ir molhando o pano a fim de mantê-lo frio. Algum tempo depois, deixei o pano de lado e vi que Elaine havia respondido com um “Okay, se cuide!”. Já passava das 8 h e minha vontade de ir trabalhar estava lá no chão. Só de pensar em ver meu querido chefe, meu peito se apertava e a vontade de chorar retornava. Eu tinha tanta raiva de mim mesma naquela hora... Raiva por ter me sentido atraída por Carlos, raiva por ter me deixado levar pelos meus desejos, raiva por sentir o que eu sentia por ele, raiva por me importar com o que ele fazia da vida dele, raiva... Muita raiva e frustração. Sentindo um vazio dentro de mim, me levantei do sofá, apoiei meus cotovelos no balcão da pia e coloquei minha cabeça entre as mãos. Não ia chorar novamente, não ia. Precisava engolir meus sentimentos e ir trabalhar. Eu era uma profissional e não deixaria que aquele tipo de coisa interferisse no meu desempenho. Suspirei, me servi do café que já estava pronto na cafeteira, comi uma fatia de pão com requeijão e subi para me trocar. Antes de sair, chequei minha imagem no espelho. O inchaço dos olhos já tinha diminuído bastante, mas ainda não estavam 100%. Fiz uma maquiagem para tentar esconder, entretanto não achei que deu muito certo. Enfim, talvez até chegar ao trabalho aquilo se resolvesse. Uma mensagem chegou no meu celular e eu fui conferir. Era de Carlos, ele já estava na empresa e perguntava como eu estava, se eu estava doente, dizia também que se eu quisesse ficar em casa naquele dia, não teria

problema. Por um instante, fiquei pensando se ele realmente estava preocupado comigo ou se estava querendo me evitar. Franzi o cenho e respondi, curta e seca, que já estava a caminho. Um frio passou pelo meu estômago quando as portas do elevador se abriram no andar da M&M. Entrei e olhei no relógio, 9h20. Odiava chegar atrasada, me sentia culpada. Cumprimentei o pessoal pelo caminho e, ao chegar na minha mesa, não consegui evitar olhar na direção de Carlos. Ele me observava com um olhar ansioso. Dei um breve aceno de cabeça, um sorriso amarelo e me sentei. Dei graças a Deus de ficar de costas para a sala dele, assim não precisaria ficar encarando-o, meu psicológico não estava legal para aquilo. Elaine se aproximou. — Lena, mas já aqui? Achei que viria mais tarde... Não estava passando mal? — Foi só um mal estar — dei outro sorriso amarelo. — Hum... enjoo é? — Ela deu um sorriso malicioso. — Cuidado, hem. Vai que é gravidez! — Ela riu. Eu não tinha tido enjoo coisa nenhuma, mas aquela palavra “gravidez” me fez lembrar que minha menstruação ainda não tinha dado as caras. — Lena, posso falar com você? — A voz de Carlos se fez ouvir atrás de mim. O frio em meu estômago voltou com força total. Fitei sua expressão séria e me levantei, acompanhei-o até sua sala e me sentei na mesma cadeira que a bruaca da ex dele estava sentada no dia anterior. — Está tendo enjoos, Lena? — Carlos tinha uma ruga entre as sobrancelhas. — Não foi enjoo, foi dor de estômago, azia... — menti. — Devo ter comido muita pipoca ontem. Ele estreitou levemente os olhos. — Sua menstruação ainda não desceu, né? Encarei-o séria. Ele estava prestando atenção àquilo? — Não, mas não estou atrasada, para sua informação — falei seca, mentindo novamente. — Você está brava comigo? Lena, eu... — Não, Carlos, não estou brava com você! — cortei-o. — Estou

brava comigo. Escute, será que eu posso voltar ao trabalho agora? Já cheguei atrasada, tenho coisas para fazer. Carlos assentiu com uma expressão preocupada e eu retornei para minha mesa. Aquele resto de manhã foi um inferno. Eu tinha a sensação dos olhos dele queimarem a minha nuca. Felizmente não precisei encará-lo novamente pelo resto do dia. Carlos saiu antes do meio-dia, pois havia marcado um almoço com um cliente. E à tarde, ele permaneceu em reunião na maior parte do tempo. Quando meu expediente acabou, o vi sentado na sala de Henrique, conversando. Peguei minhas coisas e saí. Mais uma vez, não quis voltar para o meu apartamento. Aproveitei que o dia ainda estava claro e fui passear em um shopping que ficava próximo. Fazia tempo que eu não me sentia tão desanimada. Eu parecia meio morta por dentro. Tudo porque não consegui manter minhas pernas fechadas para o meu vizinho gostoso, ou deveria dizer, chefe delícia? Passei no cinema e escolhi um filme aleatório para assistir. Só queria não pensar em Carlos. Ao final do filme, religuei meu celular e, para minha decepção, não havia nenhuma mensagem ou ligação perdida dele. Voltei a sentir raiva de mim. Por que eu estava esperando uma ligação? Eu devia ser muito tonta mesmo. Cada vez mais, eu sentia que o nosso caso de três semanas tinha sido apenas mais um caso qualquer para Carlos, algo que, de repente, ficou sem importância. Ri ironicamente com a lembrança dele dizendo que nunca se enjoaria de mim. Mentiroso! Voltei para casa de ônibus e já passava das 22 h quando cheguei no prédio. Chamei o elevador no térreo e, para minha infeliz surpresa, dei de cara com Carlos e a bruaca da sua ex lá dentro quando as portas se abriram. Ele me olhou espantado, mas eu fingi que não o conhecia. Murmurei um “boa noite” e me mantive de costas para os dois até chegarmos no nosso andar. Saí na frente e entrei em meu apartamento sem olhar para trás. Meu peito queimava, meus olhos ardiam com as lágrimas ainda não derramadas e minhas pernas fraquejaram assim que me vi sozinha em casa. Desabei no chão sobre o tapete, apoiei meus braços cruzados no sofá e escondi meu rosto entre eles. Não consegui conter minhas lágrimas, eu queria, mas não conseguia. Meus soluços só cessaram após cerca de meia

hora. Completamente acabada, me levantei do chão e fui procurar algo para beber. Não sou do tipo que aprecia muito álcool, mas havia comprado uma garrafa de vinho para minha mãe e uma de uísque para o meu pai, para levar quando eu fosse visitá-los. Assim, irritada e desanimada, resolvi abrir a garrafa de vinho. Tomei uma, duas, três taças enquanto olhava para a TV ligada sem realmente estar assistindo alguma coisa. Comecei a ficar tonta e um pouco mais relaxada. Ainda sentindo um vazio dentro de mim, decidi dormir ali na sala mesmo, não queria subir para o meu quarto com medo de escutar barulhos através da parede.

Acordei

péssima, com dor de cabeça, enjoada e com o bendito sol batendo na minha cara, já que eu tinha me esquecido de fechar as persianas da sala. Pelo menos era sábado e eu não teria que me preocupar com olhos inchados ou ressaca. Fui até o banheiro e tomei um longo banho. Após chorar tanto, eu me sentia seca, sem vida, sem vontade de nada. O pior é que eu não tinha porra nenhuma para fazer naquele sábado. Sem muita opção, coloquei um biquini, um vestido leve por cima e fui para a piscina do condomínio. Não era uma piscina grande, mas dava para pegar um solzinho. Acabei cochilando ali em uma das cadeiras. Acordei com uma mão sobre o meu braço. — Você está ficando vermelha — disse Carlos ao meu lado. Congelei por um momento e então me sentei. Felizmente eu estava de óculos escuros, que escondiam um pouco meu abatimento e meu estado de espírito. Meu vizinho estava lindo e cheiroso, como sempre, vestindo uma camisa polo branca e uma bermuda cáqui. Não respondi ou falei qualquer palavra. Apenas fechei a cara e tomei um pouco de água da garrafinha que havia trazido. Carlos também estava de óculos escuros, então eu não fazia ideia de como era o seu olhar. — Podemos conversar? — ele disse. Meu estômago deu um nó e senti meu coração acelerar, em um misto de frustração, mágoa e angústia. Já prevendo o que viria, inspirei fundo. — O que quer, Carlos? — Me explicar.

Dei um sorriso torto. — Não precisa. Não sei se quero ouvir explicações, na verdade. Você não me deve nada. Tivemos um caso, foi bom e acabou. Ponto. Não quero saber dos seus motivos, não me interessa. — Minha voz saiu amarga. — Acabou, ponto? É assim? — ele pareceu desapontado. Quase ri. — E é como, então? — indaguei. — O que quer de mim, Carlos? Que eu fique escutando de você como sua ex voltou e reconquistou seu coração? Quer me falar sobre a noite que passou com ela? Quer me contar sobre como foi o sexo? — Eu já podia sentir meus olhos arderem novamente. — Foi bom, Carlos? Ele abaixou a cabeça, encarando o chão. — Foi péssimo... Naquele momento meu mundo parou. Pouco me importava se tinha sido bom ou ruim. O fato de ele me confirmar que tinham transado foi como se tivesse enfiado uma faca no meu peito. Peguei minhas coisas de qualquer jeito e saí dali, quase correndo. Coloquei meu vestido no meio do caminho e não olhei para trás. Escutei ele me chamar, mas não me virei e, graças a Deus, ele também não veio atrás de mim. Entrei no meu apartamento querendo quebrar alguma coisa, mas me segurei. Não era rica para ficar destruindo coisas que eu teria que comprar novamente depois. Coloquei meus óculos e minha água sobre o balcão e levei minhas mãos à cabeça, com vontade de puxar os meus cabelos. Caminhei até o meio da sala inquieta, agoniada, com o peito em chamas e o coração despedaçado. Como é que podia, um caso de poucas semanas e sem grandes pretensões, me fazer tanto estrago? Levei as duas mãos à boca, eu queria gritar, espernear, xingar, amaldiçoar, mas nem isso saía, era como se eu tivesse um bolo na minha garganta, me sufocando. Após alguns minutos, escutei uma batida na porta. Não precisava ser adivinho para saber que era Carlos. Não respondi. Não queria atendê-lo, não queria ver a cara dele. Ele bateu de novo e chamou. Eu queria gritar para ele ir embora e não me procurar mais, mas preferi me fingir de morta e permaneci em silêncio, olhando para a porta e com o corpo travado de raiva. Então a maçaneta girou e a porta se abriu. Merda! Eu havia me

esquecido de trancar a maldita. Carlos entrou e eu estava plantada, no meio da sala, como uma estátua. Irritada, nervosa e angustiada, abracei meu próprio corpo e fiquei esperando. Já que não tinha como evitar aquilo, que pelo menos acabasse logo de uma vez. Eu escutaria o que ele queria tanto dizer e depois cada um seguiria a sua vida. Ele retirou os óculos e parou de frente para mim, olhando-me com aqueles olhos verde acinzentados. Um olhar de como quem procura algo, um olhar preocupado e tão angustiado quanto o meu. Ergui o queixo e o encarei. — Muito bem... Você quer falar, Carlos? Então desembucha logo tudo e some daqui! — Lena... me desculpe. Meu sangue quase ferveu nas minhas veias. Desviei meu olhar, eu queria matá-lo, mas só travei minha mandíbula. Permaneci em silêncio, e ele continuou. — Eu não imaginava que a Sue ia voltar assim. “Sue”... Então era assim que ele a chamava. — Eu fiquei aborrecido quando ela apareceu lá no escritório, mas ela me convenceu a jantar com ela. Pediu para conversarmos... — Carlos olhou para o chão. — Ela... me implorou por uma nova chance... Me pediu perdão, disse que tinha errado, que tinha feito uma má escolha... — Disse é? E cadê o outro cara? O que ela ficou depois que te deixou? — Eu tinha tanta raiva na voz que ela saiu sibilante. — Ele a traiu e depois a dispensou. — Ah... entendi. Aí ela veio correndo para os seus braços e você a aceitou de volta como um cordeirinho! — Minhas mãos estavam tão crispadas que minhas unhas quase perfuravam minha palma. Ele suspirou. — Eu... fiquei em dúvida sobre o que ainda sentia por ela... Lena, por favor, entenda... Entre namoro e noivado eu e Sue ficamos juntos por sete anos. Nós temos uma história... — Já entendi, Carlos! Já entendi! — quase gritei. — Agora que já me contou, pode se retirar, por gentileza? Eu não quero mais ouvir a sua voz, eu não quero mais ver você. Por favor... — Lágrimas grossas voltaram a descer pela minha face. — Vai embora, me esqueça, me deixe em paz... Dei alguns passos para trás, até encostar no sofá e me sentei,

curvando-me para frente. Escondi o rosto entre minhas mãos e esperei escutar a porta se abrindo. Mas Carlos não foi embora, ele se aproximou e se sentou ao meu lado. Senti a mão dele nos meus cabelos e, em seguida, ele as deslizou pelas minhas costas. Me retraí com aquele toque e me afastei. — Não toque em mim! Não quero! Não quero que me toque nunca mais, Carlos! — Levantei meus olhos úmidos para ele e vi sua face se contrair. — Eu não terminei, Lena... Ergui os meus ombros, me sentando ereta, e enxuguei as minhas lágrimas. Ele ainda queria me torturar mais? — Carlos... Você não entende, não é? — Respirei fundo, soluçando sem querer. — Eu sei que estivemos por pouco tempo juntos, eu sei o que aconteceu entre nós foi passageiro, que não foi um namoro, foi só um caso, mas eu... acabei me apaixonando por você... — Olhei para as minhas mãos sobre o colo. — Não era para ser assim, mas aconteceu, e agora eu estou sentindo muita dor... Então, por favor, eu te peço mais uma vez, vai embora, pare de me torturar com suas palavras... Mais lágrimas caíram e eu as enxuguei — Eu não quero te torturar com minhas palavras, Lena... — Seus olhos marejaram também. — Eu não queria te causar essa dor... Me desculpe... de verdade.., mas eu preciso que me ouça. Balancei minha cabeça em negativa e me recostei no sofá. — Você é um idiota, Carlos... — Olhei-o em desalento. — Eu sei... eu sei que sou... — Uma lágrima escorreu pela sua face e o meu peito se apertou um pouco mais. Por alguns segundos, ficamos em silêncio. — Merda, Carlos! Fala de uma vez! O que quer tanto me dizer? — me exaltei. Eu só queria que aquilo acabasse logo e que ele fosse embora. Uma ruga surgiu entre suas sobrancelhas e ele levou a mão ao rosto para limpá-lo das lágrimas. — Antes de ontem, depois que eu saí com Sue da M&M, a levei para jantar e, em seguida, para a casa dos pais dela. Eu não pretendia me demorar lá, mas o pai dela me viu e me chamou para tomar uma bebida. Acabei chegando tarde em casa, e por isso não vim até aqui. Eu queria falar com você sobre Sue e esperava fazer isso ontem de manhã, mas você chegou irritada e durante o dia eu tive um milhão de compromissos... Nem vi quando

você foi embora. Ele passou a mão nos cabelos e suspirou. — Eu estava realmente confuso, Lena... Ver Sue novamente mexeu comigo, e eu fiquei em dúvida se eu ainda sentia algo por ela. Eu sei que eu tinha você, que nós estávamos saindo, mas estava inseguro quanto a isso também, eu não tinha ideia do que isso realmente significava. Como você mesma disse, ficamos juntos por pouco tempo, eu não tinha certeza de nada... Então... Sue me ligou de novo ontem à tarde, depois do expediente. Eu ainda estava no escritório e ela disse que queria me ver. Incomodada, me remexi no sofá. O relato de Carlos estava se aproximando da hora em que os encontrei no elevador. Ele continuou: — Jantamos juntos outra vez e ela pediu para conversar comigo em um lugar mais sossegado, que não fosse na casa dela, ou o pai dela me alugaria outra vez para papear. Por isso eu a trouxe para cá. — Ele fez uma pausa. — Então você entrou no elevador e eu vi o seu olhar, vi sua reação e me senti culpado. Eu não queria te magoar, mas eu precisava ter aquela conversa com a Sue, precisava esclarecer as coisas. Carlos desviou o olhar para o chão e inspirou fundo. — Eu... eu só não esperava que a conversa acabaria em sexo. Um novo choque percorreu meu corpo e eu ri, nervosamente, ironicamente. — Ingênuo você, né? — fuzilei-o com o olhar. Merda! Por que ele tinha que me falar aquelas coisas? Minha garganta estava seca, meus olhos ardendo e eu podia sentir meus lábios tremerem. — Sinto muito, Lena... — A voz de Carlos era carregada. — Sinto tanto... Eu fui um fraco, um estúpido. Mas..., no fim, o que eu fiz acabou me dando certeza dos meus sentimentos. — Ele me olhou como se implorasse para que eu acreditasse nele. — Eu descobri que não amo mais a Sue. Não senti com ela aquilo que eu sinto quando estou com você. Foi como transar com uma daquelas mulheres que eu vinha pagando nos últimos anos. Sem emoção, sem graça, sem tesão... Esfreguei minha nuca, tentando aliviar um pouco da tensão que sentia e o encarei sem expressão. Na verdade, eu não sabia o que pensar ali. Deveria ter ódio por ele ter se deitado com a ex-noiva? Deveria ficar satisfeita por ele não ter apreciado a transa? Deveria ficar feliz por ele ter percebido que não amava mais a mocreia? Ou deveria me sentir vitoriosa por ele dizer que comigo o sexo era mais interessante?

— Acabou? — perguntei. — Não. Revirei meus olhos, xingando-o mentalmente. — Lena... Eu quero ficar com você... Encarei-o de boca aberta. — O quê? — Eu percebi que estou apaixonado por você, Lena... Eu te amo... Aquelas palavras me chocaram. E não vou negar que senti, de certa forma, que elas aqueceram meu coração machucado, mas eu ainda estava magoada, muito magoada... — Pena que você precisou transar com sua ex para perceber isso — eu disse, me levantando. — Lena, me perdoe, por favor... — Ele se levantou também e me segurou pelos braços. — Fica comigo... Eu sei que eu fui um babaca, que pisei na bola, mas eu juro que estou falando a verdade aqui. Meu coração é seu, Lena..., por favor... — Sua voz era rouca e cheia de desespero. Ele estava tão perto... Seu perfume me invadia o nariz, me fazendo lembrar do seu abraço, de seus beijos, do contato do seu corpo contra o meu. Suas mãos quentes queimavam a minha pele. Se eu ainda o queria? Não serei hipócrita para dizer que não... É claro que eu o queria, mas, naquele momento, meu coração gritava para afastá-lo, para enxotá-lo dali, para quebrar algo na cabeça dele. — Carlos, eu não consigo pensar agora... Meu coração está todo moído. Eu preciso de um tempo para entender o que eu quero. Porque agora, eu é que não tenho certeza de mais nada. Ele assentiu com a cabeça e tirou as mãos de mim. Seu olhar era triste, mas não tive pena, ele merecia. Carlos merecia um soco no estômago, um tapa na cara e uma boa dose de frieza da minha parte... Ele não podia achar que depois de me magoar eu voltaria correndo para os seus braços, sem pensar, sem ponderar, sem refletir se valia a pena. Assim que ele saiu, me sentei novamente no sofá e abracei a almofada. Carlos tinha sido um idiota, um tremendo idiota, mas quem era eu para julgar? Eu não tinha realmente ideia do que ele havia vivido com a loira aguada. Pelo pouco que ouvi de Elaine, ele a amava muito enquanto estiveram juntos. Não era tão absurdo assim que ele tivesse ficado com dúvidas quando ela apareceu, querendo voltar. Mesmo ela o tendo magoado,

o coração é complicado. E quanto a mim... Que direito eu tinha de cobrá-lo? Apenas dividíamos a cama algumas vezes por semana. O sexo era ótimo, mas era só... Não tínhamos realmente nada de concreto, e eu tinha que reconhecer que ele nunca havia me prometido nada. Ele havia, sim, me dito certas palavras que me deram alguma esperança, como no dia em que disse que eu estava “virando a sua cabeça” e que fazia tempo que ele não se sentia daquele jeito com alguém. Mas a verdade é que não foi uma esperança nascida de uma promessa. Foi apenas algo em que eu quis acreditar, por minha conta e risco. A verdade verdadeira é que nunca fomos namorados... Será que eu tinha o direito de me sentir daquele jeito, como se tivesse sido traída? Inclinei a cabeça para trás, fechando os olhos. Cacete! Estávamos saindo, afinal... Eu merecia uma satisfação antes de ele se jogar nos braços da baranga... Por consideração, ao menos... Aff! Que grande bagunça estava minha cabeça... Agora ele havia dito que estava apaixonado por mim, que me amava... E tinha descoberto isso fodendo a ex? Ahhh, me poupe! Só de imaginar Carlos enfiando seu pau naquela horrorosa, a bile me subia na garganta. Quer saber? Foda-se! Foda-se tudo! Eu não queria mais ficar remoendo aquelas coisas, estava cansada. Daria um tempo para organizar as minhas ideias e o meu coração, e depois veria como lidar com aquilo tudo. Afinal, Carlos ainda era meu chefe e eu não pretendia pedir demissão da empresa. De uma forma ou de outra, as coisas iriam se resolver, eu tinha fé nisso. Só precisava de tempo... O resto do meu fim de semana foi uma bosta... No sábado, tentando não pensar em Carlos, resolvi fazer uma faxina geral no apartamento. À noite saí para dançar. Sozinha mesmo! Passei a madrugada inteira em uma boate e me acabei na pista. Alguns caras vieram falar comigo e eu até fiquei tentada em sair com um deles, mas eu sabia que me arrependeria no dia seguinte, pois se fizesse sexo com um desconhecido, não seria por eu realmente querer, seria por desforra, e certamente eu me sentiria mal comigo mesma depois. Voltei para casa de Uber e dormi até depois do meio-dia no domingo. O resto da tarde e da noite passei maratonando uma série de suspense e comendo pipoca. Tomei um pouco de vinho para relaxar e fui dormir. O dia

seguinte com certeza seria complicado.

Realmente,

ter que encarar Carlos naquela manhã foi foda! Ele me olhava com uma cara de cachorro sem dono e eu tentava não dar atenção, mas era impossível não olhar para a sala dele sempre que eu precisava me levantar, nem que fosse de canto. E, em cada vez que eu o via, eu sentia algo diferente, ora raiva, ora tristeza, ora ansiedade. Na hora do almoço, Elaine me chamou para eu me juntar ao grupo, incluindo Carlos, mas inventei uma desculpa para não ir, dizendo que eu tinha coisas para fazer. Na verdade, eu tinha mesmo. Eu queria passar em uma farmácia e comprar um teste de gravidez. Já fazia 35 dias que eu começara a trabalhar na M&M e, portanto, já fazia pelo menos uns 38 ou 40 dias que minha última menstruação tinha descido. Relutei em comprar o teste, mas precisava tirar aquilo da minha cabeça. E, óbvio, estava morrendo de medo do resultado. Guardei-o na bolsa e voltei para o escritório. À noite eu tiraria a prova. Felizmente, eu estava cheia de trabalho e minha mente permaneceu ocupada durante o resto do dia. Quando deu meu horário, arrumei minhas coisas e peguei minha necessaire com meus itens básicos de maquiagem. Queria jantar no shopping, então precisava dar um jeito na cara. Me levantei e fui ao banheiro. Na volta, notei Carlos se aproximando da minha mesa e vi que minha bolsa estava no chão. Provavelmente eu a havia deixado mal apoiada e ela caiu. Ele se abaixou para pegá-la e então ficou estático. Eu não queria me aproximar da mesa enquanto ele estivesse ali, mas a

reação dele me chamou a atenção. Foi quando notei o que Carlos estava segurando, a caixinha do teste de gravidez. Merda! Ela devia ter caído da bolsa. Ele me procurou com o olhar e eu fiquei paralisada no lugar. Seu cenho se franziu e ele começou a andar em minha direção. Ao chegar na minha frente ele levantou a caixinha e me encarou com um olhar interrogativo. Senti o sangue corar as minhas faces. Olhei para os lados e ainda havia alguns funcionários ali. Elaine nos olhava com curiosidade. — Então... está atrasada? — Carlos perguntou. — Alguns dias — respondi. — Mas acontece de vez em quando, já fiquei até 40 dias sem menstruar. Só quero fazer o teste para tirar isso da cabeça e seguir com a minha vida — dei ênfase nessa última frase. As sobrancelhas dele se juntaram mais. — Vamos, eu te levo para casa — ele disse. Olhei-o irritada. — Não! Não precisa! Eu sei muito bem o caminho — rosnei e arranquei a caixinha de suas mãos. Voltei para minha mesa e peguei minha bolsa. Eu ainda estava com raiva em meu coração e não queria falar com ele, muito menos pegar uma carona. Olhei para Elaine e ela me fitava com as sobrancelhas arqueadas. Senti-me envergonhada, imaginei que, àquela altura, já devia estar claro para todos que algo estava acontecendo entre mim e Carlos. Quis sair o mais rápido possível dali. Passei por ele sem olhá-lo e chamei o elevador, torcendo para que este chegasse logo. Infelizmente meu amado chefe chegou antes. — Já disse que eu não vou com você! — falei. — Então eu vou com você — ele respondeu. Fitei-o séria. — De ônibus? — De ônibus, a pé, de charrete, não me importo. — Você é insistente, né? — Sou. — Mas eu não vou para casa. Vou para o shopping! — retruquei. — Eu te acompanho. — Eu não quero a sua companhia! — E eu não vou desistir de você! — Ele me olhou com intensidade e

meu coração deu um leve salto. Desgraçado de homem bonito! Franzi o cenho. — Faça como quiser! O elevador chegou e Carlos entrou comigo. Andamos por dois quarteirões completamente mudos até chegarmos ao shopping. Aquilo não estava dando certo. Eu tinha me programado para ir ao shopping a fim de distrair minha mente do meu vizinho gostoso e tapado, mas isso era impossível com ele ali ao meu lado. — Vai mesmo ficar me seguindo? — perguntei, mas ele não me respondeu. Andei até a praça de alimentação e pedi um lanche. Carlos também pediu um e, sem dar atenção às minhas objeções, pagou para nós dois. — Carlos, por favor..., eu preciso de um tempo..., eu preciso ficar sozinha — comecei a falar enquanto comíamos. — Eu não posso te dar esse tempo, Lena. — Ele mantinha os olhos baixos, cutucando uma batata frita. — Por que não? — indaguei impaciente, ainda com vontade de socar aquele rostinho lindo. — Porque eu tenho medo... — ele respondeu. Arqueei as duas sobrancelhas. — Medo? Medo de quê? — De me afastar e você perceber que não me quer mais... — Eu realmente não sei se te quero mais! — respondi. — Também tenho medo, sabia? Tenho medo de ser só uma diversão para você! Tenho medo de sentir que temos alguma coisa, quando não temos nada! Medo de te entregar meu coração, e você correr para a sua ex na primeira carinha triste que ela fizer... — Eu não... — E estou com raiva também! — interrompi-o. — Raiva de você ter dormido com ela, sim! Raiva porque você me tratou como um brinquedo descartável! Raiva porque você não mostrou um pingo de consideração para comigo — despejei. — Eu juro que se eu pudesse te socaria aqui mesmo! — Outra vez senti as lágrimas subirem em meus olhos. — Então me soque, Lena... Eu não me importo de ser seu saco de pancadas. Desconte a sua raiva em mim, mas não me afaste de você, por favor... Eu sei que fui um idiota, tolo, babaca, estúpido... Dei-lhe um chute por baixo da mesa e ele gemeu de dor, me olhando

assustado. Dei outro chute, e outro, e outro. Eu não podia socá-lo ali na praça de alimentação, mas podia chutá-lo. Carlos travou a mandíbula e cerrou os punhos, fazendo uma careta de dor, mas aguentou meus chutes. Quando parei, ele soltou a respiração, e eu deixei as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Se eu estava aliviada? Um pouco... Ainda queria chutá-lo mais, mas comecei a me sentir mal por estar machucando-o, então parei. Carlos estendeu a mão e a colocou sobre a minha. Aquele toque me angustiava, mas eu não quis interromper o contato. No fundo, eu queria abraçá-lo, queria esquecer tudo o que aconteceu, queria ter de volta meu vizinho gostoso, sexy e charmoso, mas como? Como passar uma borracha naquilo tudo? — Me diz uma coisa... — falei. — Você... você não sentiu nada mesmo? Quando esteve com ela? — Senti... — Ele suspirou e segurou a minha mão, que eu tentei retirar num impulso. — Senti culpa, repulsa, nojo de mim mesmo, raiva por estar fazendo aquilo. Me senti sujo, egoísta, mal caráter. Eu me odiei naquela noite. Foi a única coisa que eu senti... Nos olhos dele pude ver o seu arrependimento e a dor que aquele erro lhe infligia. Ainda assim, a imagem dele sobre ela, dentro dela, não me saía da cabeça e queimava meu peito como ferro em brasa. — Usou camisinha, pelo menos? — A pergunta escapuliu de raiva e, naquele momento, eu temi pela resposta. — Usei, mas também não gozei... Arregalei os olhos. — Não quero saber dos detalhes — eu disse, virando o rosto. Ele começou a fazer um carinho em minha mão. — Acredita no que eu te disse, Lena? Sobre o que eu sinto por você? Engoli em seco e inspirei fundo, soltando o ar de uma vez. — Talvez... — respondi. — Não acha que três semanas é muito pouco tempo para dizer que está apaixonado ou que ama alguém? — É o que você acha? — Ele me devolveu a pergunta, e a resposta que me veio foi bem clara. Como eu podia duvidar, se eu também estava apaixonada? — Podemos ir embora? — perguntei, tentando encerrar aquele assunto. Eu me sentia exausta, exausta de pensar e de sentir. Ele sorriu discretamente e me conduziu para fora do shopping pela

mão. Não recusei o contato dele. Estava realmente cansada de lutar contra meus sentimentos. Chamamos um Uber e voltamos para casa. Carlos me acompanhou até meu apartamento e deixei-o entrar. Por quê? Não sei. Ao contrário dos últimos dois dias, em que eu não queria vê-lo nem pintado de ouro, naquele momento, eu sentia uma estranha necessidade de que ele ficasse por perto. — Quer um café? — perguntei. — Só se você quiser... Tentei esboçar um sorriso que não saiu e fui preparar a cafeteira. — Você vai fazer hoje? O teste? Olhei-o séria. Tinha até me esquecido daquele teste. — Vou... Uma expressão de ansiedade e nervosismo surgiu em seu rosto. — Posso...? Posso ficar para saber? Meu coração bateu acelerado. Precisávamos da verdade, então seria melhor fazer aquilo de uma vez. Peguei a caixinha de dentro da bolsa, a abri e comecei a ler as instruções. Em seguida, peguei o teste e subi para o banheiro. — Já volto — falei da escada, enquanto Carlos me olhava de olhos arregalados. Aguardei com o coração na mão o resultado e quando vi, suspirei aliviada. Nada de gravidez, felizmente. Não era hora para aquilo, eu ainda era muito nova e não pensava em ter filhos tão cedo. Saí do banheiro e Carlos me esperava do lado de fora, visivelmente agitado. Olhou-me interrogativamente. Me aproximei e entreguei o teste para ele. — Viu, eu disse que não estava grávida. É só um dos meus atrasos... Isso me lembra que eu preciso passar em um ginecologista e... — parei quando vi a expressão de Carlos. Ele ainda olhava para o teste, desolado. — Carlos? — chamei, erguendo uma das sobrancelhas. Ele me fitou e vi tristeza em seus olhos. Abri a boca, espantada, enquanto ele se sentava na cama e olhava fixamente para o chão. Andei até ele e me sentei ao seu lado. — Está triste porque deu negativo? — perguntei. Ele deu de ombros e eu me lembrei do que Elaine havia me dito, sobre o filho que ele e a mocreia haviam perdido. Talvez ele quisesse mesmo

ter um bebê. — Escute... — falei colocando a mão em suas costas. — Não era a hora... — Eu queria ser pai... — ele murmurou baixinho, ainda sem me fitar. Meu peito se apertou. — Eu quase fui... Algum tempo atrás... — Carlos continuou. — Eu soube... Sinto muito. Ele me olhou e sorriu de lado. — Elaine é uma fofoqueira... — Ele voltou a fitar o chão. — Eu queria tanto aquele bebê... Eu já me imaginava com ele, ou ela, brincando no parque, levando para a praia, lendo uma história na cama... essas coisas... — Carlos... Não é raro algumas mulheres perderem o bebê. Tem coisas que, às vezes, não é para ser... — Sue não perdeu nosso filho... Ela o tirou, sem eu saber... — A voz dele saiu engasgada. Fiquei pasma, sem saber o que dizer. Então as suspeitas de Elaine estavam certas... — Carlos, eu... Eu realmente sinto muito... — respirei fundo, enquanto levava minha mão aos seus cabelos e lhe fazia um carinho. Depois de tanto tempo, ele ainda parecia arrasado com aquilo. — Tenho certeza de que você ainda terá muitos filhos — continuei. — E tenho certeza de que, quando chegar a hora, você será um pai maravilhoso. Ele voltou a me olhar e sorriu. Era um sorriso triste, mas pelo menos era um sorriso. E, para minha surpresa, percebi que não estava mais com tanta raiva dele. Carlos tinha sido um babaca, mas eu sentia um certo alívio por ele ter, finalmente, percebido que não sentia mais nada por aquela megera que tinha feito ele sofrer tanto. Parecia que ele tinha colocado uma pedra definitiva naquele assunto, e agora estava livre da mocreia. Livre para mim... Um arrepio percorreu minha coluna. Continuamos nos olhando e ele se aproximou. Senti sua respiração no meu rosto e o leve roçar de seu nariz no meu. Tive medo do que ia acontecer, medo de me deixar levar pelas minhas emoções, pelos meus sentimentos, e de me magoar novamente, mas não me afastei. Fechei os olhos e ele desceu os lábios suavemente sobre os meus. Meu coração estava agitado, inquieto, cheio de dúvidas, ainda assim deixei que ele tomasse a minha boca. A língua dele deslizou sobre a minha, invadindo, preenchendo, explorando os espaços e me inflamando por dentro. Meu corpo começou a

responder àquele contato e retribuí o beijo, que passou de suave para voraz, quente, promíscuo... Senti meu sexo pulsar e apertei uma perna contra a outra. Esse era o poder que aquele homem tinha sobre mim, ele me enlouquecia com apenas um beijo. Sua mão veio para a minha cintura e estremeci com o toque. Um friozinho subiu pela minha coluna. Lentamente Carlos foi se inclinando sobre mim e eu me deitei. Ele distribuía beijos em meu pescoço, me arrancando suspiros de prazer. Ah, como eu amava o toque daqueles lábios em minha pele, me arrepiando inteira, fazendo meu desejo crescer cada vez mais... — Eu preciso de você — ele sussurrou em meus ouvidos. — Me deixe te amar, Lena. Confesso que aquelas palavras me derreteram e terminaram de derrubar as paredes que eu havia erguido em torno de meus sentimentos. Apertei-o contra mim. — Eu quero... Eu quero o seu amor, Carlos... Mas tenho medo... Ele parou de me beijar e me olhou intensamente. — Não vou mais errar com você, minha pequena, eu juro. Quero conquistar o seu coração e cuidar dele como se fosse um bibelô de cristal. E prometo que nunca mais te farei chorar novamente, ou te magoar. Eu sou seu e te amarei de corpo e alma. — Nunca mais vai aceitar jantar com sua ex ou convidá-la para o seu apartamento? — Aquilo ainda me corroía, eu precisava de uma confirmação, de uma promessa. — Nunca, eu juro... Te garanto que ela não significa mais nada para mim, nada! Fitei-o bem no fundo dos olhos, buscando a verdade, e eu vi sinceridade ali. — Você já tem meu coração, Carlos... — esbocei um sorriso, enquanto lhe fazia um carinho na face. Ele encostou a testa na minha. — Meu amor, minha linda, minha doce, gostosa e maravilhosa vizinha... Eu prometo te fazer feliz... — E eu prometo que lhe darei filhos lindos... — Assustei-me com as minhas próprias palavras. Como assim? Eu já estava pensando em um futuro com filhos? Carlos abriu a boca surpreso e então sorriu largamente.

— E eu serei o homem mais feliz do mundo! Mas já aviso que quero uma casa cheia de filhos, uns cinco pelo menos. Arregalei os olhos e ri. — Está maluco? Dois, no máximo! — Quatro! — Três! Ele estreitou os olhos. — Hum... concordo com três, por enquanto. Rimos juntos e ele voltou a me beijar, sua mão escorregou por baixo da minha blusa e alcançou o meu seio. Ele puxou o sutiã para baixo e começou a acariciar meu mamilo com os dedos. Gemi em sua boca. Carlos apertou o bico entre os dedos e, com um sorriso safado, se ergueu e retirou minha blusa por cima da cabeça. Abriu o fecho do meu sutiã e liberou meus seios. Ficou admirando-os enquanto acariciava-os com ambas as mãos. Abaixou, então, a cabeça e depositou um beijo em cada um, fazendo-me morder os lábios. Em seguida, ele levou suas mãos à minha calça e a desabotoou, puxando-a para baixo. Com um brilho quente no olhar, ele se sentou ao meu lado e começou a passar o dedo levemente em minha intimidade por cima da calcinha. Fechei os olhos e inclinei levemente a cabeça para trás. Aquilo era tão excitante... Ele puxou a calcinha para o lado com uma das mãos e deslizou seu dedo médio por entre minhas dobras. — Está molhada... gostosa... — Penetrou-me com o dedo. Começou, então, um vai e vem rápido dentro de mim, deixando-me alucinada. Com o dedo, ele me tocava por dentro em um ponto enlouquecedor. Explodi quando ele se abaixou e sugou o meu clitóris. Foi o orgasmo mais rápido que eu tive na vida, e foi avassalador, deixando-me completamente arrebatada. Carlos retirou minha calcinha e se levantou para tirar suas próprias roupas. Observei-o admirada. Seu corpo era uma delícia, sua ereção, uma coisa do outro mundo... Molhei meus lábios com a língua e ele sorriu de canto. Deitou-se sobre mim e eu, excitada e desejosa de tê-lo logo dentro, o recebi entre minhas pernas. A língua dele invadiu minha boca novamente enquanto eu sentia seu pau em minha entrada úmida e sedenta de ser preenchida. Ele ficou brincando por um tempo, colocando apenas a cabeça e tirando, passando seu membro sobre o meu clitóris e voltando a enfiar apenas

a cabeça. — Eu quero mais, Carlos... Enfia logo esse pau em mim, está me enlouquecendo. Ele riu baixinho. — Quer o meu pau? Quer que eu te foda gostoso? — Quero... — Estou sem camisinha aqui... — falou em meu ouvido. — Dane-se a camisinha, eu quero você, quero agora. Me come, Carlos! Com uma única estocada ele me penetrou fundo, me arrancando um longo gemido. — Você é maravilhosa... — disse se movimentando em um vai e vem delicioso. Seu pau me preenchia e satisfazia minhas ânsias. Ele se afundava dentro de mim com vigor. Nossos corpos unidos se moviam juntos, colados em um ritmo perfeito. Uma de suas mãos apalpava e apertava o meu seio, e ele gemia de prazer em meu ouvido. Sua púbis pressionava o meu clitóris, estimulando-o e aumentando minha excitação. Eu queria mais, eu queria gozar de novo. Agarrei sua bunda, pressionando-a ainda mais contra mim, e ele estocou mais fundo, meu ápice estava chegando novamente. Com um gemido alto, liberei meu prazer e o suguei com minhas paredes. Carlos gemeu também e estremeceu, continuou estocando até minhas contrações cessarem, então saiu de dentro de mim e despejou seu líquido em minha barriga. Ele fechou os olhos enquanto eu observava, deliciada, os espasmos do seu pau e os jatos de esperma que ele lançava sobre minha pele. Puta que pariu número oito. Que homem gostoso!

Carlos passou aquela noite no meu apartamento e transamos outras duas vezes. Eu não quis mais pensar no que tinha acontecido, eu só queria ele ali comigo, me preenchendo, me amando. Meu coração implorava para lhe dar outra chance e aquilo foi mais forte do que a minha mágoa. No dia seguinte, ele me levou de carona e disse que não era mais para eu ir de ônibus. Questionei-o se não daria margens a fofocas na empresa e ele apenas sorriu. Ao chegarmos no escritório, notei que alguns colegas nos olhavam com curiosidade. Elaine tinha um sorriso no rosto. Antes do almoço, ela aproveitou que eu havia levantado para pegar um café e se aproximou. — Está grávida, Lena? — perguntou baixinho. — Nãaaao. — Fez o teste? — Fiz, mas deu negativo. Ela fez uma cara de muxoxo. — Que pena, Carlos ia gostar... Arqueei as duas sobrancelhas. — Elaine! Como...? Ela riu. — Mais evidente do que vocês têm deixado, impossível. Olhei-a, esperando uma explicação. — Carlos não tira os olhos de você. E vi como você ficou

incomodada com a presença da Suellen aqui outro dia. Vi que depois disso, você se afastou... — Ela fitou-me com interesse. — Já fizeram as pazes? Eu estava surpresa com a perspicácia de Elaine. — Fizemos, mas... — Mas... ? — Ele ficou com ela semana passada... — contei. — Disse que ficou confuso, mas que acabou descobrindo que não sentia mais nada por ela. Elaine suspirou. — Aquela mulher teve muito poder sobre ele, Lena. Ele fazia tudo por ela... Foram muitos anos de relacionamento, um relacionamento quase obsessivo por parte dele e abusivo por parte dela. Acho que foi natural ele se sentir confuso, ficar em dúvida. Perdoe-o. Se ele diz que não sente mais nada, acredite. Carlos é um dos caras mais sinceros que conheço, ele não mentiria para você. Sorri. Era bom ouvir aquilo. — Acho que já o perdoei. — Isso é bom. Agora é melhor cuidar bem dele, porque, se eu o conheço bem, ele irá entrar nisso de corpo e alma, ele vai se entregar e se doar a você com tudo o que tem. Então não o machuque, ou irá se ver comigo! Entendeu? — disse ela sorrindo. — Entendi perfeitamente, dona Elaine — sorri também. Olhei para meu querido chefe que estava nos observando com uma cara de curioso. Ele era tão passional assim? Um formigamento subiu pela minha nuca. Ele era lindo... Para minha surpresa, quando fomos almoçar, Carlos me enlaçou pela cintura na frente de todos. Pelo visto, ele não queria mais esconder nosso envolvimento e isso me aqueceu o coração. À tarde, ele saiu e só voltou no fim do expediente. Perguntei onde ele tinha ido e ele me deu um sorrisinho safado, sem me responder. Quando chegamos em nosso prédio, ele me pediu para que fosse até o apartamento dele. Relutei. Não tinha certeza se queria entrar lá. Não queria ficar imaginando que ele a bruaca haviam transado ali. — Por favor... — Ele pediu. Entrei e meu queixo caiu. O apartamento estava cheio de arranjos de flores e a mesa posta com cuidado. — Não sou muito bom em cozinhar, então encomendei o jantar — ele disse. — Mas prometo que está gostoso, pelo menos me foi altamente

recomendado. — Está lindo! — Eu sorri e me sentei. Carlos acendeu uma vela em um lindo arranjo no centro da mesa e foi buscar um champanhe que estava gelando. — O que estamos comemorando? — perguntei brincando. Ele se aproximou, colocou a garrafa sobre a mesa e se agachou ao meu lado. Meu coração deu um salto e arregalei os meus olhos. Ele não ia fazer aquilo! Mal tínhamos começado a sair! Ele riu. — Calma, Lena. Não é o que você está pensando, sei que ainda é cedo para isso. Precisamos nos conhecer melhor. Mas eu queria fazer isso direito... Carlos pegou uma caixinha de dentro do bolso da calça e a abriu, revelando um anel de prata com algumas pedrinhas incrustadas. — Quer namorar comigo, Lena? Meu coração se apertou e eu o abracei em um impulso. Eu me sentia tão feliz... — Quero — disse dando-lhe um beijo. Um não, vários. Ele sorriu enquanto eu o beijava e se afastou um pouco para colocar o anel em meu dedo. Olhei para a pequena joia em minha mão sentindo um calor gostoso invadir o meu peito. — Agora temos um compromisso, moça. — Ele sorriu, um sorriso lindo. Passamos a noite juntos, em sua cama. Ele me garantiu que não tinha feito nada com a mocreia ali, que tinha sido na sala, em pé mesmo. Apesar de dizer que eu não queria saber dos detalhes, aquilo havia me deixado curiosa e perguntei como é que tinha sido, então. Constrangido, Carlos me contou que, ao entrarem no apartamento, ela começou a se insinuar e o beijou, disse que sentia a falta dele e que queria transar com ele. Confuso e sem pensar direito no que estava fazendo, ele foi buscar uma camisinha, virou-a de costas sobre o balcão e a comeu por trás. Ou pelo menos tentou... Ele disse que seu pau não estava muito duro e que depois de algumas investidas desistiu, pois estava se sentindo muito mal, não queria fazer aquilo. Então ela ficou possessa, gritou com ele, xingou-o e saiu. Ele disse que passou a noite pensando em me procurar e remoendo sua culpa. Sabia que tinha feito besteira e ficou envergonhado de bater em

minha porta. Somente no dia seguinte teve coragem de falar comigo, foi quando me achou na piscina. É engraçado como, conforme o tempo vai passando, aquela raiva inicial vai diminuindo e conseguimos nos colocar um pouco no lugar da outra pessoa. Conseguimos compreendê-la melhor. Eu conseguia compreender Carlos agora, e conseguia perdoá-lo. E isso me aliviava a alma, pois carregar raiva no coração pesa, e eu não queria mais ter raiva dele, não queria mais carregar aquele peso, aquela angústia. Dormimos abraçados naquela noite e nas outras que se seguiram. Ora no meu apartamento, ora no dele. Uma semana depois, Carlos me botou contra a parede ao final de mais um dia de trabalho. — Lena, sua menstruação não veio ainda... Você precisa ir ao médico! Já está atrasada há quanto tempo? — Acho que há uns 45 dias, mais ou menos, não tenho certeza. Vou marcar um médico, prometo. É que essa semana foi meio corrida aqui e... — Sua saúde vem em primeiro lugar, não arrume desculpas. — Está bem, está bem... Vou ligar hoje e marcar para a semana que vem, okay? — Irritei-me. — Okay... Hum, tem outra coisa que preciso te falar — ele disse, pensativo. — O quê? — Desconfiei, ele estava muito sério. — Sábado agora é aniversário de 35 anos de casados dos meus pais... Eu queria que você fosse comigo. Arqueei minhas sobrancelhas. Ele queria que eu conhecesse os pais dele? Senti o meu coração disparar. Não me sentia preparada para aquilo. Ainda mais que, certamente, a festa seria grande e requintada, já que ele vinha de uma família rica. E eu nunca tinha ido em festas assim. Eu não era uma pessoa requintada. Pela minha expressão, ele deve ter visto meu receio e então sorriu. — Não se preocupe, Lena. Meus pais não mordem. — Não é por isso. Quer dizer... não acho que eles mordam, mas eu não sei se saberei me portar adequadamente em uma festa assim. — Por quê? — Ele riu. — Pretende beber demais e dançar em cima da mesa? — Não! Claro que não. É que... eu não sou uma pessoa chique, Carlos. Uso tênis e sapatilha. Acho que nem conseguiria colocar um daqueles

saltos altos... Vou te fazer passar vergonha. — Você nunca vai me fazer passar vergonha. Por mim, poderia ir de jeans, camiseta e tênis, que eu sentiria orgulho de você mesmo assim. — Não exagere! Nunca iria vestida assim em uma festa — falei indignada, mas feliz pelas palavras que ouvi. — Então vamos encontrar algo que te deixe confortável, certo? Concordei e naquele mesmo dia fomos ao shopping. Escolhemos um vestido azul escuro lindo, que caiu super bem em meu corpo, mas que não era tão chamativo. Afinal, o que eu menos queria era chamar a atenção. Carlos fez questão de pagar, mesmo sob meus protestos. Se bem que se eu fosse pagar aquilo com o meu salário, teria que trabalhar pelo menos uns três meses. Duro foi encontrar uma sandália que combinasse e que não fosse tão alta. No fim, acabei gostando de uma prateada que me pareceu bastante confortável e que não me fazia caminhar como uma pata.

O dia da festa chegou e eu estava uma pilha de nervos. Carlos parecia relaxado, mas quando estávamos quase chegando, seu semblante se fechou um pouco. — O que foi, Carlos? — perguntei enquanto passávamos por um bairro cheio de mansões com muros tão altos que não era possível saber o que havia por trás deles. — Preciso te dizer uma coisa... Aguardei receosa o que ele ia dizer. O que seria agora? Meu estômago embrulhou de nervoso. — Suellen vai estar lá — ele disse. — Meus pais são amigos dos pais dela e eles foram convidados. Inspirei fundo e soltei o ar de uma vez. Meus medos voltaram à tona. E se aquela mulher desse em cima dele de novo? Ele resistiria? E se ele percebesse que ela era muito mais bonita e elegante do que eu? E se ele se arrependesse de ter ficado comigo em vez dela? — Escute... — ele voltou a falar. — Só estou dizendo isso para você não ser pega de surpresa. Não precisa se preocupar com ela, está bem? — Hum... — desviei meu rosto para a janela. — Lena, olha para mim!

Olhei. — Confia em mim ou não confia? — Confio — murmurei. — Então, relaxe, vai dar tudo certo. Logo entramos numa puta mansão enorme com um jardim super bem cuidado e já com bastante movimento lá dentro. Para os convidados, havia um manobrista na porta, mas como Carlos era da casa, ele deixou o carro na garagem. Contei cinco carros ali. Uma Lamborghini dividia o espaço com uma Mercedes, um Audi, uma SUV, que não reparei a marca, e outros dois carros menores. — Uau! Quantos carros — exclamei. — A Lamborghini é minha — disse ele, sem dar muita atenção. Fiquei olhando-o feito besta. — Ganhei da minha mãe quando eu me formei — justificou Carlos, vendo minha cara de espanto. — Praticamente não a uso. Não é seguro andar com esse tipo de carro aqui na capital. Vou ver se vendo ela logo. Entramos no salão onde estava ocorrendo a festa e meu estômago reclamou novamente. As mulheres estavam usando vestidos chiquérrimos com decotes e fendas de saltar aos olhos. Tive vontade de me esconder atrás de Carlos. — Eu devia ter escolhido algo com mais brilho... — sussurrei para ele. Carlos riu. — Lena, você não precisa se vestir como um pavão para se destacar. Já está todo mundo olhando para você... — Seu olhar era divertido, enquanto o meu era de pânico. Ele tinha razão, parecia que todas as cabeças se viravam para nos olhar. Agarrei-me ainda mais ao braço dele. — Estão olhando para você, não para mim — disse tentando me convencer. Realmente, Carlos estava maravilhoso de smoking e gravata borboleta, mas pude perceber que os olhares se concentravam na minha pessoa. Merda! Começamos a andar entre os convidados e fui sendo apresentada a alguns deles. O que me acalmou um pouco, pois todos me sorriam e pareciam ser agradáveis. Até que encontramos Henrique e a esposa dele, Márcia. A mulher me

olhou de alto a baixo e me cumprimentou seca. Logo ela saiu de perto, dando a desculpa de que precisava falar com alguém, e meu segundo chefe nos olhou divertido. — Você está linda, Lena! Carlos foi esperto! Vocês combinam perfeitamente e fico feliz por vocês dois. — Ah, olha só quem chegou e nem veio cumprimentar os donos da festa! — Uma voz feminina se fez ouvir atrás de nós. Voltamo-nos em direção à voz e Carlos sorriu, depositando um beijo na face da elegante mulher à nossa frente. Em seguida deu um abraço no homem que estava ao lado. — Lena, essa é minha mãe, Ivone, e esse é meu pai, Flávio. Estendi minha mão para cumprimentar a mulher, mas ela se aproximou e me deu um abraço e dois beijos. Então sorriu. — Que boneca mais linda é essa, Carlos? — Olhou para o filho e depois para mim. — Fique à vontade, minha querida, a casa é sua. Sorri em agradecimento e olhei para o senhor Mantovanni, um homem grisalho que parecia estar na casa dos sessenta anos, mas era muito bem cuidado. Ele também se aproximou e me deu um abraço, porém mais discreto. — Seja bem-vinda — falou. Eles se afastaram para dar atenção aos outros convidados enquanto eu permanecia de boca aberta. Não esperava tamanha simpatia e simplicidade vinda de gente tão rica. Olhei para Carlos e entendi de onde vinha o jeito simples e descontraído dele. Lá pelo meio da festa, precisei ir ao banheiro e deixei Carlos conversando com uns amigos. Havia um banheiro no próprio salão, concebido justamente para atender os convidados, pois era enorme, tinha uma espécie de antessala com duas poltronas no canto e, após uma divisória, três cabines com os assentos sanitários, uma linda pia em mármore e um espelho que cobria toda a parede. Entrei em uma das cabines e já ia sair quando escutei as vozes de duas mulheres entrando no banheiro. — É uma simplória desqualificada. Você viu o tamanho do salto dela? Não deve passar de três centímetros. Não sei onde Carlos consegue arrumar esse tipo de mulher, mas com certeza ele fez isso para me provocar. Ele sabia que eu estaria aqui hoje — falou uma delas. Agucei meus ouvidos, enquanto sentia meu sangue subir. Certamente

estavam falando de mim. — Ela trabalha lá na M&M, pelo que Henrique me disse. — Sério? Agora o Carlos come suas funcionárias? — A voz da mulher era de indignação. — Então, Sue... Parece que o negócio é pra valer, viu... — Como assim? Está dizendo que o relacionamento deles é sério? — Pelo que eu sei... — Não pode ser... Outro dia mesmo, nós transamos na casa dele. Se fosse sério, ele não faria isso, certo? — Sim, mas pelo que eu me lembre, você disse que ele não foi muito bem... — A voz da outra escondia um riso. — Isso é o de menos. Ele estava nervoso com o reencontro, só isso. Ele ainda me quer, Márcia, tenho certeza. E eu vou ter ele de volta. Você vai ver! A voz das duas sumiram banheiro afora e eu não escutei mais nada. Por um tempo ainda me mantive sentada naquele vaso, sem coragem de sair. Insegurança. Era isso que eu estava sentindo naquele momento. A mocreia não ia desistir dele... E eu...? Eu era mesmo um tanto simplória se comparada a elas. Era difícil de entender o que Carlos havia visto em mim. Saí da cabine e fui lavar as mãos, no entanto, senti que estava suando frio e minha vista começou a escurecer. Apoiei-me no balcão da pia e acho que desmaiei. Porque quando voltei a mim, duas mãos estavam me erguendo e me levando até uma das poltronas. Fixei minhas vistas e vi Carlos me olhando preocupado. Então a ânsia veio. Só deu tempo de virar para o lado antes de vomitar no chão. Quando tudo o que havia em meu estômago saiu, eu consegui levantar a cabeça com os olhos lacrimejantes. Mantive uma das minhas mãos na boca e um papel me foi estendido por uma senhora que estava ali ao lado. Ela avisou que ia pegar um copo d’água e saiu em seguida. Eu estava morrendo de vergonha e não consegui encarar Carlos. — Desculpe... Eu sujei tudo aqui. — Não se preocupe com isso, alguém virá limpar. O que aconteceu, Lena? Vou te levar para o hospital. — Não... não precisa, minha pressão deve ter caído, só isso. Ele me olhou com desconfiança. — Então vamos para casa — disse.

Fisicamente meu mal estar já tinha passado, mas eu estava me sentindo mal emocionalmente, por isso concordei. A senhora prestativa logo chegou com o copo d’água e eu bebi tudo de uma vez. — Venha — ele me disse, me ajudando a me levantar. — Vamos lavar esse rosto. Passei uma água e dei um jeito no rosto com a maquiagem que havia trazido na minúscula bolsinha de mão. Quando saímos do banheiro, senti como se houvesse um sino sobre minha cabeça anunciando meu retorno. Exagero meu, pois a grande maioria dos convidados mal notou que eu havia sumido por um tempo. No entanto, logo vi Márcia e a bruaca da Suellen me olhando torto. Já estávamos quase na porta, quando ela se antecipou a nós e parou na frente de Carlos, colocando a mão em seu braço. — Querido... — disse. — Nós nem conversamos. Não me diga que já vai? Veja, não é todo dia que os pais fazem 35 anos de casados. Não vai fazer uma desfeita dessas, não é? — Preciso ir, se me der licença. Ela me olhou e me mediu com desdém. — Não está passando bem? Parece mesmo meio abatida... — Virouse novamente para Carlos. — Por que não a leva para casa e volta? Precisamos conversar... Ele fechou o semblante. — Não, Suellen, não precisamos. Não temos mais nada o que conversar. — Está mesmo me dispensando para ficar com essa aí? — Os olhos dela faiscavam. — Essa aqui é a mulher que eu amo e com quem eu quero ficar para o resto da minha vida. Ela riu. — Mentiroso. Você ama a mim, Carlos. Sempre irá me amar. Mostrou isso quando me comeu no seu apartamento... Quando mesmo? Quinze dias atrás? — Ela me olhou com um olhar de vitória, como se tivesse soltado uma bomba. Carlos sorriu com desprezo. — Mostrei mesmo? Acho que você não compreendeu muito bem o meu desempenho. Guarde isso, Suellen. Não quero mais nada contigo. Meu amor por você acabou há muito tempo e dou graças a Deus por isso, porque

ele colocou em meu caminho alguém mil vezes melhor do que você. A loira arregalou os olhos e em seguida nos fuzilou com o olhar. — Mil vezes melhor? Está louco, Carlos! Essa daí não serve para limpar as minhas botas. — Com certeza não serve. Porque ela está muito acima disso! Talvez você que tivesse que limpar as botas dela. — Carlos sorriu e me conduziu para a saída, deixando-a com cara de idiota. Eu não sabia se ria ou se pulava no pescoço dele e enchia-o de beijos. De qualquer forma, eu estava feliz e minha insegurança, felizmente, havia virado fumaça.

Na segunda-feira, meu delicioso chefe me acompanhou ao médico. Eu disse que não precisava, mas ele insistiu. Insistiu também para que eu passasse com o ginecologista que atendia sua família há anos. Ele comentou que o Dr. Flávio era de confiança, pois cuidava da mãe e da sua irmã desde sempre, e havia feito, inclusive, o parto de sua sobrinha. Entrei na sala do médico com Carlos na minha cola. Eles se cumprimentaram e nos sentamos. Eu contei sobre o meu atraso e comentei que costumava ter ciclos irregulares. O Dr. Flávio perguntou sobre minha idade, quando foi minha primeira menstruação, se mantinha atividade sexual frequente — nessa parte notei que Carlos ficou corado — e anotou o que eu ia dizendo no computador. — Qual foi a data da sua última menstruação? — A data exata eu não sei, mas faz mais de 50 dias e eu nunca atrasei tanto... — Usa anticoncepcional? — Não, eu... estava esperando a menstruação descer para eu começar. — Faz sexo seguro? Carlos arqueou uma sobrancelha. — Normalmente sim, mas já aconteceu de não usarmos preservativo. — Sabendo aonde ele queria chegar, me adiantei. — Eu fiz o teste de farmácia, deu negativo para gravidez. — Certo, vamos até a outra sala. Faremos um ultrassom e se eu não encontrar nada, pedirei alguns exames de sangue, está bem?

— Ultrassom? — perguntei me sentindo incomodada. — Sim, se tiver cistos em seu ovário que possam estar influenciando em seu ciclo, já saberei. Segui com ele e Carlos veio atrás. O médico colocou um pouco daquele gel gelado em minha barriga e começou a passar a ponteira enquanto olhava o monitor. Com um semblante compenetrado, ele parou, clicou no mouse, digitou alguma coisa, continuou passando, parou, digitou outra coisa e então retirou a ponteira e me deu várias folhas de papel para eu me limpar. Então ele deu um sorrisinho. Aquilo estava me deixando ansiosa e, pelo visto, Carlos também, porque vi que ele ficava trocando o peso do corpo de um pé para o outro. — E então? Tenho cistos ou algo assim? — perguntei apreensiva, sentando-me na maca. — Parece que você tem um cisto de 5 semanas e meia — disse o Dr. Flávio. Não entendi, achei que cistos eram medidos por tamanho e não por semanas. Então o médico mostrou o monitor e apontou o dedo. — Estão vendo essa manchinha branca aqui? Este é o cisto de vocês. Nosso? Como assim, nosso? — Parabéns, você está grávida — completou o Dr. Flávio com um sorriso. Arregalei meus olhos ainda sem acreditar naquelas palavras. — Como assim? Eu fiz o teste, deu negativo! — exclamei. — Quando se faz o teste muito no começo, é possível ele dar um falso negativo — explicou o médico. Puta que pariu número nove! Grávida? Eu? Olhei para o monitor novamente e senti meu estômago gelar enquanto eu observava fixamente a tal manchinha. Virei-me, então, para Carlos e ele estava branco como uma folha de papel. Achei que ia cair duro ali. — Carlos? — chamei preocupada. Para o meu espanto, vi lágrimas escorrerem por sua face. Ele me olhou e se aproximou, me puxando para um abraço enquanto escondia o rosto em meus cabelos. Abracei-o também e mal percebi quando o médico saiu da sala. — Carlos... — murmurei entre seus braços. — Como vai ser isso?

— Vai ser como tem que ser, minha Lena... — Mas... meu trabalho, eu mal comecei, ainda estou em experiência... — Você está brincando, né? — Ele me olhou com um sorriso enquanto ainda chorava. — Acha que vou te mandar embora? — Não..., mas... — Eu não estava conseguindo pensar direito. Antes meu único objetivo era consolidar minha carreira, agora eu ia ter um filho... Meu coração batia rápido e eu senti medo de não conseguir dar conta. — Você se lembra do que eu disse quando conversamos sobre isso uma vez? — perguntou Carlos, depositando um beijo em minha testa. Mordi o lábio, eu me lembrava, mais ou menos, eu não me lembrava nem do meu sobrenome naquela hora. — Não quero que se preocupe com a sua carreira. Eu prometo, Lena, que você terá todo o apoio do mundo, tanto na empresa quanto em casa. Esse bebê é meu também e irei criá-lo junto com você. Não pense que vou deixar você levar toda a carga. Sei que não é tão simples criar uma criança, mas conseguiremos juntos, meu amor, eu e você. Juntos, entendeu? — Ele encostou a testa na minha e voltou a chorar. Nos abraçamos mais uma vez. Um sentimento quente tomou conta do meu peito e eu senti ali todo o potencial do amor. Amor... Sim, era isso o que eu sentia. Amor por Carlos e por aquele serzinho que acabamos de descobrir em meu ventre. Um amor que nasceu da atração física pelo meu vizinho gostoso, que virou uma paixão vulcânica pelo meu chefe delícia e que, em meio a uma mágoa, descobri ser um sentimento muito maior do que eu pensava. — Casa comigo? — falou Carlos de repente, ainda sem me largar. Levantei minha cabeça para olhá-lo e sorri — Você sabe que nos conhecemos não faz dois meses, né? — Pois, para mim, parece que eu te conheço a vida inteira... — Ele ficou me olhando por alguns segundos e vi que estava com medo da minha resposta. — Me responde, Lena... Sorri e, sentindo cócegas na barriga, aproximei-me do ouvido dele. — Caso — sussurrei. Ele me levantou da maca com uma exclamação de alegria e me girou pela sala. Eu gargalhei. — Eu te amo, minha pequena. Amo tudo em você, amo cada pedacinho seu, amo seu sorriso, sua voz, o seu jeito. Eu te amo com todo o

meu coração e vou te amar a minha vida inteira — falou Carlos emocionado. — Eu também te amo... — respondi fazendo-lhe um carinho no rosto. Com um sorriso lindo estampado na face, ele colou sua boca na minha e nos beijamos ali mesmo no consultório. Um beijo quente e apaixonado. Um beijo que selaria um amor lindo, sólido e feliz. Um amor que nos levou ao altar em menos de dois meses e que nos deu de presente um lindo menino. O primeiro de pelo menos três, nas minhas contas, claro...

Cheguei no prédio da faculdade apressado. A merda do metrô tinha que ficar com “velocidade reduzida” justo hoje? Ofegante e com o suor pontilhando a minha testa, subi as escadas correndo até a sala onde o orientador do mestrado havia marcado a reunião. Merda! Seria o primeiro encontro com todos os seus orientandos juntos e eu já estava dez minutos atrasado. Não tinha sido fácil conquistar aquela vaga. Pelo que eu soube, havia pelo menos seis outros candidatos. Felizmente meu currículo era bom e minhas notas impecáveis, além disso, eu também havia feito uma excelente iniciação científica durante a graduação, o que me rendeu uma ótima indicação. Mas não era nada bom chegar atrasado justo na primeira reunião. Logo vi o professor orientador na porta da sala conversando com uma mulher que parecia ser uma professora também. Ao chegar mais próximo, fiz uma cara de paisagem e limpei minha garganta antes de cumprimentá-los. — Bom dia. — Bom dia, Felipe, pode entrar, os outros estão lá dentro. Daqui a pouco começo a reunião — disse ele sem notar meu atraso, ufa! Assenti com um sorriso forçado e entrei. Havia outros dois alunos ali, um cara ruivo de óculos que parecia tão perdido quanto eu e uma moça com traços orientais mexendo no celular. — Oi! Sou Felipe — eu disse. — Ângela — falou a moça sem desgrudar os olhos do telefone. — Thomas — disse o ruivo.

Como a conversa não deslanchou, fiquei quieto no meu canto. Eu nunca fui o melhor exemplo de pessoa sociável, mesmo. Muito pelo contrário, a vida toda fui aquele típico cara que na escola costumam chamar de nerd. Não nego, sempre dei importância demais ao meu desempenho escolar e, quando era mais novo, ficava nervoso e depressivo quando tirava nota menor que oito. Também preferia ficar lendo quadrinhos a me meter na roda de conversa dos colegas e nunca fui bom em esportes coletivos, apesar de praticar judô desde pequeno. Ou seja, eu estudava muito, quase não saía de casa e, quando não estava estudando ou lutando, ficava jogando no computador. Logo, tive pouquíssimos amigos no colégio e menos ainda na faculdade. Na verdade, eu diria que tive apenas colegas de estudo, e meus amigos se resumiam a apenas dois caras que eu conhecia do judô. Tamborilei o lápis sobre a mesa, distraído com meus pensamentos. Já estava me perguntando que tanto assunto o professor tinha para falar com a mulher da porta quando percebi alguém entrando. Levantei meus olhos e tive um espasmo, quase caindo da cadeira. A bela moça de olhos e cabelos castanhos que havia acabado de chegar me olhou com curiosidade e sorriu. Enquanto isso, eu permanecia paralisado, encarando-a como um idiota. Caralho! Era ela! A garota da janela!

Dois anos antes. TCC. Queria entender qual era a utilidade daquilo. Provavelmente só existia para infernizar a vida do formando. Eu tinha milhares de coisas para fazer relacionadas à minha iniciação científica e ainda tinha que me preocupar com o maldito projeto de conclusão de curso. Ainda faltava mais de um ano para eu me formar, mas o projeto devia ser entregue até o final do semestre. Okay. Estávamos nas férias de julho e o semestre nem tinha começado ainda, mas eu sou assim. Enquanto não tiro o assunto da frente, aquilo fica me azucrinando a mente, igual pedra no sapato. E eu precisava pensar no tema para o tal TCC. Não queria usar o mesmo da iniciação, pois já que eu teria que investir horas do meu tempo naquilo, que fosse um assunto diferente do que eu já via todo dia. Talvez

escolhesse algo relacionado à Energia escura ou Termodinâmica de Universo, precisava pesquisar um pouco mais para decidir. Fechei os livros sobre a mesa e me espreguicei na cadeira em frente ao computador. Olhei as horas e só então vi como era tarde, passava das 23 h e a janta já tinha esfriado no fogão faz tempo. Meu estômago fez um barulho indicando que precisava ser preenchido e eu me levantei, estava mesmo com fome. Caminhei até a janela para fechá-la, pois o vento frio do inverno estava fazendo o meu quarto ficar gelado. Antes que eu pudesse fazer isso, no entanto, reparei que, diferente do habitual, a janela do quarto da vizinha estava acesa. Ambos morávamos em sobrados; contudo, dona Amélia, minha vizinha, morava apenas com o marido e o quarto deles era na frente da casa, não na lateral como o meu; portanto, aquela luz acesa me chamou a atenção. Não era realmente um cômodo utilizado pelos meus vizinhos. Curioso, fiquei olhando para ver se enxergava alguma coisa. Vai que eram assaltantes invadindo a casa do casal. Não duvidava, a cidade andava cada vez mais perigosa... Vi, então, uma silhueta pelas cortinas semiabertas. Franzi as sobrancelhas. Era uma garota? Menos mal, não eram assaltantes, mas o que uma garota fazia na casa da dona Amélia? Pelo que eu sabia, o único filho deles morava na Austrália há muitos anos. Continuei observando e, para minha sorte, o vento mudou de lado, fazendo com que as cortinas da janela da vizinha balançassem e se separassem mais, dando-me uma visão melhor do interior do quarto. Meu queixo caiu. A garota era linda e..., puta merda, ela estava tirando a blusa! Fiquei na dúvida se continuava ou não olhando para lá, minha consciência brigando com meu lado depravado, e adivinhe quem venceu? Corri para apagar a luz do quarto para me camuflar na escuridão e, meio que escondido atrás das minhas cortinas, voltei a olhar para a garota. Ela estava de costas e reparei em seus cabelos castanhos compridos e lisos que chegavam até sua cintura. Aliás, que cintura! Comecei a me sentir um canalha ali, observando-a, mas, sendo sincero, meus olhos não conseguiam desgrudar da moça. Para meu deleite, ela começou a se virar, e pude admirar, então, seu belo par de seios cobertos por um sutiã preto que parecia valorizar ainda mais

suas curvas. Senti meu rosto pegar fogo e acho que senti outra coisa se manifestar um pouco mais embaixo também. Embasbacado, vi a moça levando as mãos aos botões de sua calça jeans e começar a desabotoá-los. Quase tive um infarto quando ela desceu a calça e saiu de dentro dela graciosamente. A calcinha da garota era preta também e quando ela se virou de lado pude reparar que seu traseiro era redondo e maravilhoso. Nessas alturas, meu amigo aqui embaixo já estava bem acordado. Meu lado racional me dizia que uma mulher de calcinha e sutiã não era muito diferente de uma mulher de biquíni, mas quem disse que minha cabeça de baixo pensava assim? Ansioso, me encostei um pouco mais na janela apreciando o contato da parede com o meu pau inquieto e vi a garota se virar de costas novamente. Ela abriu o fecho do sutiã e o jogou para o lado, me fazendo prender a respiração e ficar naquela torcida “vira moça, vira”. Contudo, a moça não se virou. Ela pegou uma camisola pendurada na cadeira ao lado e a vestiu, para acabar com a minha festa. Em seguida, caminhou para fora do quarto, saindo do meu campo de visão. Suspirei, lá se foi minha chance de ver uma garota nua ao vivo pela primeira vez... Ops! Me entreguei! Sim, sou um nerd virgem, para variar... Não que eu seja ingênuo ou tolo demais para nunca ter desejado sair com uma garota. No Ensino Médio bem que eu tive minhas vontades. O problema é que eu não levava jeito mesmo. Minhas habilidades sociais sempre foram terríveis. Era só uma garota chegar perto de mim que minha mente ficava em branco, eu gaguejava, ficava vermelho e não sabia o que dizer. Então começava a falar sobre a aula ou sobre o trabalho que precisava ser feito. Conclusão, minhas intenções de chamar uma garota para tomar um sorvete, que fosse, sempre só ficaram nas intenções. Creio que a única coisa que me fazia destoar um pouco daquele estereótipo nerd era a aparência. Eu não usava óculos e não era magrelo. Por causa do judô sempre tive um físico razoável e não andava curvado por aí. Além disso, minha mãe me dizia que eu parecia o Reynaldo Gianecchini quando era mais novo. Okay, mãe é mãe, né? Mas quem sou eu para contestar ela? Talvez fosse por isso que meu apelido entre as garotas na escola era “desperdício”. Se isso me incomodava? Um pouco. Ninguém gosta de ser

zoado, mas acabei me acostumando e aprendendo a ignorar. Até que um dia, uma menina de outra sala chegou junto no intervalo e me prensou contra a parede. Óbvio que fiquei paralisado. Então ela simplesmente me tascou um beijo e saiu como se não tivesse feito nada. Descobri depois que a tal menina tinha perdido uma aposta e me dar um beijo tinha sido sua punição. Nem preciso dizer que minha autoestima entrou na escala negativa, né? Fui zoado e humilhado por um bom tempo e me fechei ainda mais. Eu literalmente comecei a fugir das garotas e minhas esperanças de ser um pouco mais normal foram para o ralo. Me conformei em me distrair com os meus jogos on-line e, de vez em quando, assistia uns vídeos XXX na internet. Pois é, confesso que guardava uma caixinha de lenços umedecidos na minha gaveta, aliás guardo... Não me julguem! Enfim, quando entrei na faculdade, foi um alívio estar entre pessoas que eu nunca havia convivido antes e que não me conheciam, assim pude cultivar a minha invisibilidade. Ou seja, continuei sendo um Zé Mané nessa questão de garotas, mas pelo menos aprendi a disfarçar minha falta de jeito, evitando situações que pudessem me colocar em embaraço. Um movimento na janela da frente me fez acordar dos meus devaneios e, quando percebi, a garota estava encostada no parapeito olhando para fora, para a minha direção. Meu sangue congelou nas veias e não me movi do lugar. Meu receio era que ela pudesse estar me vendo, mesmo eu estando atrás das cortinas e de luz apagada. Mas, para o meu alívio, ela apenas fechou a veneziana da janela e logo a luz do seu quarto se apagou. Finalmente consegui me mover do lugar e saí do meu quarto, descendo as escadas em direção à cozinha. Meu coração pulava acelerado e eu estava com aquela sensação estranha de ter feito algo proibido, mas excitante. Com um sorriso bobo na cara eu me servi do que havia nas panelas sobre o fogão e coloquei o prato no micro-ondas. E, enquanto ele girava, fiquei tentando imaginar quem seria a garota que estava na casa da dona Amélia. Seja lá quem fosse, era muito bonita...

Meu dia seguinte praticamente se arrastou. Apesar de estar de férias das aulas regulares, eu tinha que ir à faculdade por causa da iniciação científica e acabei ficando lá quase o dia inteiro, como era habitual. Normalmente eu não me importava muito com aquilo. O problema era que estava louco de curiosidade para saber quem era a tal moça da janela e, a essa altura, minha mãe já saberia com certeza, pois enquanto tomava café da manhã instiguei sua curiosidade a respeito, imaginando que ela logo correria para saber das novidades com a dona Amélia. Como eu previra, assim que eu cheguei em casa, minha mãe, também conhecida como dona Matilde, já veio contando tudo o que sabia sobre a hóspede da vizinha. A moça se chamava Luiza, era sobrinha de dona Amélia, tinha 23 anos — dois a mais do que eu — e morava no interior, mas estava na capital a fim de tirar um visto para estudar no exterior; assim, passaria alguns dias na casa da tia. Muito bem, mãe. Você daria uma ótima detetive. Infelizmente não sou expansivo o bastante para chegar na casa da vizinha e dar meus cumprimentos de boas-vindas. Então, se eu pudesse apenas continuar olhando-a pela janela já ficaria feliz. Não que eu esperasse vê-la sem roupas novamente. Quer dizer... isso não seria ruim..., mas a moça era mesmo bonita. Um colírio para os olhos! E se eu pudesse continuar contemplando-a sem ser notado, seria ótimo. Entrei no meu quarto e fui até a janela. Ainda não havia escurecido e não vi nenhum movimento na casa da frente, apenas reparei que, desta vez, as

cortinas estavam quase totalmente abertas, embora o vidro estivesse fechado. O que não era surpresa, já que estava fazendo um frio desgraçado. Liguei meu computador e fui relaxar um pouco assistindo alguns vídeos no Youtube. Minha mãe me chamou para jantar algum tempo depois e, quando voltei, dei mais uma olhada pela janela, mas nada da moça. Eu estava ansioso, não vou negar. Coloquei uma música no computador e fui tomar um banho. Eis que quando retornei, notei a luz da janela da vizinha acesa. Rapidamente corri para apagar a luz do meu quarto e me posicionei atrás da cortina. Nem sequer pensei em me trocar e permaneci do jeito que estava, só com uma toalha na cintura. Como os vidros da minha janela também estavam fechados, o quarto não estava tão frio. Além disso, minha ansiedade era maior do que qualquer sensação desconfortável que eu pudesse ter em relação à temperatura. As cortinas abertas do quarto da garota me permitiam observar quase o cômodo inteiro, e ela estava lá, sentada em frente a uma escrivaninha lendo alguns papéis. Fiquei contemplando-a como um bobo, enquanto ela parecia concentrada, passando as páginas do documento. Logo, porém, ela se levantou e deu uma olhada em direção à janela. Imediatamente dei um passo para o lado me colocando atrás da cortina e respirei fundo. Esperei alguns segundos e cuidadosamente inclinei minha cabeça para o lado a fim de olhá-la de novo. Ela ainda estava de frente para a janela e voltei, então, a me esconder. Meu coração batia rápido. Sinceramente, eu estava me sentindo um moleque arteiro agindo daquele jeito, coisa que nunca fui. Mas aquela sensação me empolgava, a adrenalina corria nas minhas veias e, mesmo eu sabendo que estava fazendo algo que não devia, não tinha como negar que aquilo era estimulante. Esperei mais alguns segundos e tornei a olhar. Ela já tinha se virado e estava dobrando algumas roupas sobre a cama que ficava bem defronte à janela, mas na parede oposta. Quando terminou, ela as empilhou sobre a cadeira e, para minha alegria, começou a se despir. Voltei a ficar animado, na expectativa de ver algo a mais naquela noite. Pena que a moça teimava em fazer isso de costas para mim. Ela retirou a blusa, a calça e eu me perdi na lingerie branca que ela usava. Aquela calcinha, o que era aquilo? Mega cavada, quase um fio dental... Delícia... Luiza... era esse o nome dela e eu me lembrava bem. Babei ao ver ela retirar o sutiã e, quando eu achei que ela já ia vestir a camisola, eis que seus

dedos se encaixaram na lateral da calcinha e começaram a descê-la. Puta que pariuuuuu! Meus olhos se arregalaram tanto que achei que eles fossem saltar das órbitas. Paralisei, é sério. A mulher estava nuazinha da silva, a menos de seis metros de distância, mas de costas, infelizmente. Óbvio que voltei à minha torcida “vira, vira”, e... ela não se virou... Pegou a camisola, vestiu-a, veio fechar a janela e apagou a luz. Fiquei ali, imaginando-a deitada na cama só de camisola, sem calcinha... Cara, que delícia... Meu pau estava mais do que acordado, apontando na toalha, e eu tinha que fazer alguma coisa. Corri para a cômoda, peguei minha caixinha de lenços umedecidos na última gaveta e me sentei na cadeira do computador. Abri minha toalha e taquei cuspe na mão. Hora de brincar! Agarrei meu pau com vontade e comecei a movimentar a mão. Ah, como aquilo era gostoso... Já estava chegando no meu auge quando dona Matilde bateu na porta. — Lipe? Posso entrar? Nem preciso dizer que quase caí da cadeira com o susto, né? — Não, espera! — gritei, tentando me recompor. Fechei rapidamente a toalha e corri para trás da porta, enquanto minha mãe a abria. — Mãe, espera, estou sem roupas! — Ah, desculpe, filho. Pode dar uma olhada no meu chuveiro? Acho que queimou. — Já vou — falei ainda meio ofegante. — Eu só tenho que me trocar... — Está bem... Não demore, já está tarde e eu preciso dormir. Suspirei aliviado por ela não ter me pego no flagra. Merda de chuveiro! Tinha que ter pifado justo agora? Desde que meu pai falecera, há três anos, sou eu que faço esse tipo de manutenção em casa. Minha mãe, além de trabalhar, se desdobra em duas para deixar a casa ordem, e eu ajudo no que eu posso. Assim, de acordo com a divisão das tarefas, sou o encarregado de consertar coisas que quebram, como o maldito chuveiro. Frustrado por ter sido interrompido faltando tão pouco, me troquei e fui ver o que estava acontecendo. Olhei os disjuntores e estavam todos ligados. Pelo visto, a bosta do chuveiro tinha queimado mesmo!

Minha mãe teve que tomar banho no meu banheiro e eu fiquei a ver navios. Afinal, não ia bater uma punheta com ela logo ali na porta ao lado, né? E, depois que ela saiu, não tive mais clima para continuar com aquilo. Na verdade, me senti um pouco envergonhado por ter observado a moça e estar pensando nela daquele jeito. Acabei indo dormir frustrado e chateado comigo mesmo.

No dia seguinte, me dei ao luxo de acordar um pouco mais tarde, pois tinha uma palestra para ir somente após o almoço. Inferno! Bem que eu queria um pouco de sossego nas férias, mas precisava daqueles créditos, então aproveitei a manhã para jogar e, depois de comer alguma coisa, saí disposto a enfrentar o bendito metrô e ônibus para chegar no local. Engoli em seco quando, ao pôr os pés na calçada, me deparei com dona Amélia na frente de sua casa conversando com a outra vizinha, e junto delas estava Luiza, linda... Tranquei o portão e caminhei na direção das mulheres. Merda! O ponto de ônibus tinha que ser justo para aquele lado? Abaixei um pouco a cabeça e murmurei um “boa tarde” quase inaudível ao passar por elas. — Felipe! — exclamou alto dona Amélia. Parei e dei um sorriso amarelo, sem coragem de olhar para a moça ao lado. — Lipe, meu querido! Deixa eu te apresentar minha sobrinha! Essa aqui é a Luiza. Olhei para a garota, não tinha como evitar. Na hora me veio uma sensação de estar escrito “tarado, pervertido” em minha testa e quase entrei em pânico — Oi, prazer — falei baixo. Meu pescoço e minhas orelhas queimavam. — Prazer — respondeu ela sorrindo. — Desculpe, mas preciso ir — me apressei em dizer. — Tenho uma palestra agora, é longe e... hum... até mais, então. — Até mais... — Bom estudo, Felipe — disse dona Amélia. — Ah, sábado teremos bolo, hem? Farei aquele de chocolate que você ama!

— Obrigado, mas sabe que não precisa se incomodar... — O que é isso, rapaz? Faço todo ano. Não é porque está crescendo que vou deixar de fazer! — Ela me deu um tapinha no ombro. — Vai lá filho, não queremos te atrasar. Acenei para elas e, ao me virar para ir embora, podia jurar que Luiza tinha um olhar divertido, mas estava nervoso demais para pensar com clareza.

Voltei para casa decidido a não observar Luiza pela janela novamente. O que eu estava fazendo não era certo. Eu me sentia um voyeur, um aproveitador. Fechei as minhas cortinas para não ficar tentado a olhar e liguei o computador, focado nas milhares de coisas que eu tinha em mente para fazer. Comecei pelo TCC, fazendo algumas pesquisas para definir de uma vez o tema que iria usar, em seguida fui preparar umas tabelas para minha iniciação científica e, quando terminei, resolvi jogar um pouco para me distrair. Só me levantei da cadeira quando meu estômago roncou de fome e vi no relógio que já era quase meia-noite. Voltei meu rosto para a janela com as cortinas fechadas e algo coçou dentro de mim, pedindo para que eu desse só uma espiadinha. Balancei a cabeça em negação e saí logo do quarto, com medo de ceder à tentação. Esquentei a janta, mas enquanto comia, a imagem de Luiza não saía de minha mente. A coceira começou a aumentar dentro de mim e eu não aguentei mais. Uma espiadinha só e depois eu iria dormir. Quem sabe ela também já não estaria dormindo... Subi as escadas pulando de dois em dois degraus e, ao chegar em frente à janela, meu coração batia feito um louco. Naquele momento, eu não sabia para que lado torcer. Ao mesmo tempo que queria vê-la, torcia para ela já ter apagado as luzes, pois eu sentia que não conseguiria exercer meu autocontrole de não ficar olhando se ela estivesse lá. Sim, enquanto eu me aproximava da janela, eu reconhecia que era um

fraco, e queria me espancar por isso. Com a consciência pesada, abri uma pequena fresta na cortina. E lá estava ela, já de camisola, sentada com as pernas cruzadas sobre a cama e mexendo no celular. Bem, pelo menos, ela não estava nua. Não teria problema se eu ficasse apenas contemplando sua beleza, certo? Respirei aliviado, mas sentindo uma pontinha de decepção. Sentimento que procurei afastar de minha mente enquanto buscava a cadeira e me sentava em frente à janela, debruçado sobre o parapeito. Abri a cortina cerca de um palmo para poder vê-la melhor, seguro de que a escuridão do meu quarto me encobria. Luiza era realmente muito bonita. Ela sorria enquanto digitava no celular e fiquei imaginando se ela conversava com algum namorado. Namorado de sorte... A garota tinha um corpo incrível, sem dúvida. Suspirei, um sentimento de impotência e inferioridade começou a brotar em meu peito. Fazia tempo que eu não me sentia daquele jeito. No Ensino Médio aquilo me incomodava, saber que todos os meus colegas já tinham tido alguma experiência amorosa ou sexual, enquanto eu só tinha recebido um beijo forçado. Naquela época, eu já tinha uma noção de que eu provavelmente nunca namoraria ninguém e me sentia mal por isso. Eu mesmo me achava um esquisito e ficava triste por não conseguir ser normal como os outros. Com o tempo, fui levantando defesas e barreiras contra esse sentimento. Fui me convencendo de que eu não precisava de garotas, de que eu podia me virar bem com os vídeos pornôs e minha mão, e eu acabei me conformando com o que eu era. Eu sabia que continuava sendo um esquisito, mas aquele estado angustiante de ser diferente dos outros havia passado. Afinal, eu me sentia bem do jeito que estava e ninguém tinha nada a ver com a minha vida. Agora, contudo, aquela tristeza estava voltando a me incomodar. Luiza havia despertado em mim um desejo real de experimentar o sexo de verdade, com uma mulher e não com a minha mão. Mas eu sabia que aquilo era impossível para mim, eu nunca teria uma garota..., eu era um idiota, um babaca, um infeliz... Pensei em fechar a cortina de uma vez e me esquecer de tudo aquilo. Era como se um trabalho mental de anos estivesse indo para o ralo, minhas defesas estavam caindo e eu temia voltar a ser o garoto depressivo do colégio.

Ergui-me do parapeito da janela na mesma hora em que Luiza largou seu celular e levantou os olhos em minha direção. Engoli em seco, ela me olhava como se pudesse me ver. Mas ela não podia me ver, eu estava nas sombras, não estava? Olhei ao meu redor para conferir se minhas luzes estavam todas apagadas e notei que o computador estava ligado, girando uma proteção de tela. Merda! Será que a luz emitida por ele era o suficiente para me expor? Voltei minha cabeça para o quarto da vizinha e Luiza continuava olhando para onde eu estava. Meu coração tinha voltado a bater rápido e lentamente comecei a afastar meu tronco da janela. A cadeira que eu estava sentado tinha rodinhas, então pensei em usar os pés para me locomover sem chamar muito a atenção. Antes, porém, que eu pudesse sair do lugar, Luiza sorriu e aquilo me paralisou. Ela estava sorrindo para mim? Ela estava mesmo me vendo? Eu tinha sido pego? Ainda olhando em minha direção, a bela moça se ajoelhou na cama e, com um sorriso travesso, pegou a barra de sua camisola e começou a subi-la pelas pernas. Arregalei meus olhos e prendi minha respiração. Será que ela estava sem a calcinha? E estava! Conforme a camisola foi subindo, pude ver seus pelos pubianos surgindo, cobrindo apenas a fenda de sua intimidade. Caralhooo! Que linda, que linda! Meu coração estava disparado e ela continuava olhando para mim. Sim, porque, a essa altura, eu tinha certeza de que ela estava me vendo. Luiza continuou subir a camisola e logo seus delicados seios apareceram, redondos e com auréolas rosadas. Puta merda, eu ia ter um infarto! Meu pau acordou rapidinho e começou a ficar prensado dentro da calça. Instintivamente e sem tirar os olhos dela, desabotoei e desci o zíper do meu jeans, aliviando um pouco o aperto. — Calma rapaz — falei colocando a mão sobre ele. Luiza já tinha retirado a camisola por cima da cabeça e eu podia contemplá-la por inteiro. Meus olhos se alternavam entre sua vulva e seus peitos e eu babava naquela visão. Percebi que ela tinha um sorriso maroto no rosto e tive certeza de que ela estava fazendo aquilo de propósito. Para aumentar ainda mais a minha excitação, Luiza levou seu dedo indicador até os lábios e passou a lambê-lo e a chupá-lo, sem desviar os olhos

de mim. Em seguida, começou a deslizar suas mãos pelo próprio corpo. Passou-as pelos seios, cintura, ventre... Ela fechou os olhos, inclinando levemente a cabeça para trás e, devagar, escorregou uma das mãos até chegar ao seu maravilhoso sexo. Os meus olhos não podiam estar mais arregalados, e o meu pau não podia ficar mais duro. Apertei-o em minha mão e voltei a me inclinar sobre o parapeito, quase grudando meu nariz no vidro da janela. Sim, ela sabia que eu estava ali, eu não tinha mais dúvidas. Senti meu rosto pegar fogo de vergonha. Em compensação, toda a minha culpa de estar observando-a escondido se dissipou. Luiza estava fazendo aquilo de propósito. Ela queria que eu a visse e aquilo estava me deixando louco de tesão. Abri mais as cortinas e saí da cadeira, ficando de joelhos no chão. Não conseguia mais me segurar. Liberei minha ereção da cueca e passei a massagear o meu membro necessitado enquanto continuava observando-a se acariciar. Aquilo era tão bom... Luiza abriu os olhos e então se deitou. Estiquei meu pescoço para ver melhor e quase me engasguei com minha própria saliva quando ela subiu os joelhos e abriu as pernas. Puta merda! Ela estava se abrindo para mim... Meus olhos estavam tão abertos quanto a minha boca. Pena que estava tão longe. Quer dizer, não estava tão longe, mas estava distante o suficiente para eu não ver os detalhes. Só sei que eram as dobras mais lindas e gostosas que eu já tinha visto. Os dedos dela deslizaram sobre seu ponto de prazer, o clitóris. Okay, não dava para enxergá-lo, mas eu sabia o que ela estava fazendo. Já tinha lido bastante a respeito de como dar prazer a uma mulher. Por que eu lia aquelas coisas? Nem eu sei. Nunca guardei muita esperança de ter uma garota, mas eu era curioso. Aumentei o ritmo da minha mão enquanto ela própria se tocava e se penetrava com o dedo. Senti a pressão em meu pau aumentar. Eu ia gozar... eu ia gozar... cacete! Abafei um gemido ao expelir meu esperma na parede. O líquido leitoso escorreu grosso, respingando no chão e melando meus dedos. Continuei apertando levemente meu membro até os espasmos cessarem, ao mesmo tempo em que via a bela garota se contorcer sobre a cama, ela estava gozando também. Ahhh, caralho! Que visão! Após alguns instantes em que continuei ali ajoelhado, Luiza se sentou e, com um sorriso sem-vergonha nos lábios, se levantou, caminhando até a

janela. Pensei em fugir e me esconder, mas àquela altura seria besteira. Ela estava me vendo, não havia como duvidar. A moça nua e maravilhosa parou em frente à janela e, para o meu espanto, jogou-me um beijo e piscou, fechando as cortinas em seguida. Meu coração deu um pulo dentro do meu peito e eu me larguei no chão, olhando para o teto e com o pau para fora da cueca, ainda meio duro. Aquilo tinha mesmo acontecido? Eu não estava acreditando... Cobri meu rosto com o antebraço. Esperava apenas não topar com ela ou com a dona Amélia na rua no dia seguinte. Seria terrivelmente constrangedor... Puta que pariu!!! Levantei-me de um pulo. O dia seguinte era sábado, meu aniversário, e a vizinha disse que ia me fazer um bolo. Ou seja, elas viriam em casa e eu ia ter que encarar Luiza... Creio que meu rosto assumiu todas as nuances de vermelho possíveis. Meu pescoço queimava e meu coração estava mais acelerado do que quando me sentei na cadeira para fazer a prova do vestibular da FUVEST. Comparação idiota, eu sei. Mas que eu estava nervoso, estava... Olhei para a minha mão melecada e fui até o banheiro me limpar. Lavei-a na pia e, enquanto arrancava as roupas para tomar um banho, comecei a imaginar desculpas para que dona Amélia não precisasse aparecer com o tal bolo. E se eu fingisse que estava doente? Poderia pedir para minha mãe dizer que eu estava ruim do estômago e que não conseguiria comer nada... Não, provavelmente elas ainda apareceriam para cantar parabéns e mandariam guardar o bolo até eu melhorar. Eu poderia sair para comemorar com os amigos. Isso se eu fosse um cara normal e tivesse amigos... Merda, merda, merda!!! Encostei minha testa na parede fria do box, deixando a água escorrer em minhas costas. Meu nervoso já estava virando pavor. Ação e reação. A terceira lei de Newton veio à minha mente. Desta vez, não aplicada à física, óbvio, mas à vida. Nossos atos geram consequências, boas ou ruins. E o que eu tinha feito, ou melhor, o que nós havíamos feito... Eu não tinha ideia de que tipo de consequência aquilo ia trazer, mas que eu estava morrendo de vergonha de me encontrar com a garota, ahhh, isso eu estava! Voltei para o quarto de toalha com o rolo de papel higiênico na mão para limpar a sujeira que eu havia feito na parede e no chão. Dei uma última

olhada para a janela da vizinha e já estava tudo apagado. Inspirei fundo tentando me acalmar. Fosse como fosse, eu ia ter que encarar aquilo. — Bem-feito, idiota! Fica aí bancando o voyeur! — resmunguei comigo mesmo. Depois de limpar tudo e me trocar, fui até o computador e me sentei para jogar, pois do jeito que eu estava, sabia que não conseguiria dormir tão cedo.

Fui dormir só lá pelo meio da madrugada e acordei na manhã seguinte com minha mãe batendo na porta. — Lipe! Ainda está dormindo? Vamos, acorde! Temos que ir até a feira antes que a gente só pegue restos! — Já vou, mãe... — respondi meio bêbado de sono. Sentindo que precisava dormir por pelo menos mais umas três horas, me troquei e desci para tomar o café. — Parabéns, meu querido! — falou minha mãe ao me dar um abraço. Ah... sim, era meu aniversário. — Olhe aqui, o seu presente! — Ela me estendeu uma caixa que logo vi ser de sapatos. Abri o embrulho e sorri. Era um tênis, algo que eu estava mesmo precisando, já que o meu estava quase descolando a sola. — Obrigado, mãe! — Tudo bem, filho? Parece que não dormiu direito. — É... fui dormir tarde, estava sem sono... — respondi pensando no que tinha acontecido na noite anterior. Ainda era difícil de acreditar. Parecia que tinha sido um sonho, que eu estava imaginando coisas... Inspirei fundo, ansioso. Quando saímos de casa, minha tensão era quase palpável. Torci mentalmente para não encontrar a vizinha ou sua linda sobrinha na rua e, para o meu alívio, não havia ninguém. O momento de voltar para casa também foi tenso. Até dobrar a esquina e ver que elas não estavam por ali, meu coração parecia querer saltar

pela boca e o suor escorria pela minha testa, mesmo estando frio. — Ah, a Amélia disse que ela e a sobrinha estarão aqui lá pelas 18 h — comentou minha mãe enquanto guardávamos as compras. Meu estômago gelou. — Mãe... não preciso mais disso, de bolo ou de parabéns... Não sou mais criança. — E daí? Não seja tonto, Lipe. Aniversário se comemora em qualquer idade, e a Amélia faz questão de fazer o bolo que você tanto gosta. Não faça essa desfeita, por favor. Sabe que ela é quase da família! — Hum... eu sei... É só que... talvez eu não me sinta mais tão confortável com isso — suspirei fundo. — Você nunca se sente confortável com as pessoas... — Ela lançoume um olhar de reprimenda. — Precisa aprender a trabalhar essa sua dificuldade, filho. O mundo aí fora não é fácil e se você se fechar demais vai ser engolido por ele. Dei um sorriso amarelo e subi para o quarto. Eu entendia o que ela queria me dizer. O problema era que falar era mais fácil do que fazer. Talvez eu precisasse de terapia, mas não tinha dinheiro para aquilo. Passei a tarde dividido entre afundar a cara no travesseiro, roer as unhas e tentar dar algum andamento ao meu TCC, o que logo se revelou uma perda de tempo. Eu não estava conseguindo me concentrar. Tentei jogar um pouco, mas também estava sem motivação. A imagem de Luiza nua não me saía da cabeça e quanto mais perto chegava da hora marcada para elas aparecerem, mais eu ficava nervoso. Tomei um banho e desci para ver TV na sala. Minha mãe estava na cozinha e, pelo cheiro, eu sabia que ela estava fazendo coxinhas. Dona Matilde sempre fazia coxinhas no meu aniversário e desde pequeno ansiava por esse dia só para poder comê-las, além de ganhar meu presente, é claro. Naquele dia, porém, minha ansiedade estava voltada para outra coisa. Dei um pulo do sofá como se tivesse levado um choque quando a campainha tocou. Olhei no relógio. Eram elas... Cacete! Eu não sentia mais frio no estômago, ele estava era congelado mesmo! — Lipe! Vai abrir o portão! — gritou minha mãe da cozinha. — Já estou indo — respondi, pegando a chave. Parei, antes, em frente à porta da sala ainda fechada e respirei fundo três vezes. Sentindo meus músculos todos tensionados, abri a porta e vi as duas mulheres aguardando atrás do portão de ferro vazado.

Dona Amélia trazia o bolo em um recipiente próprio com tampa transparente e Luiza tinha um embrulho de presente nas mãos, mas só consegui olhar para o seu rosto, belo e sorridente. Não faço ideia de como estava o meu. Só sei que desviei o olhar, sentindo a minha nuca queimar de novo. Abaixei o rosto para destrancar o portão, esperando que a onda de calor passasse logo. Vergonha infinita! Se isso existisse, era o que eu estava sentindo. Dei passagem para elas entrarem e segui atrás após fechar o portão. — Já irei te cumprimentar, Lipe! — falou dona Amélia. — Deixa eu só colocar esse bolo lá dentro. A vizinha entrou e foi direto para a cozinha, enquanto Luiza me fitava com um olhar divertido. Constrangido, dei um meio sorriso e enfiei as mãos dentro do bolso da calça. — Quer se sentar? — perguntei. — Depois... Nisso, dona Amélia irrompeu na sala. — Lipe, vem cá me dar um abraço! — exclamou ela vindo em minha direção. — Parabéns! Vinte e dois anos, hem? Um rapaz! Quem diria que ajudei sua mãe a te trocar as fraldas! Retribui o abraço desajeitadamente e olhei para Luiza que também se aproximava de mim. — Parabéns, Lipe — falou ela me entregando o pacote de presente e me dando um beijo na face. — Obrigado — respondi, estático como um robô. Abri o pacote e era uma camiseta preta com uma estampa de um personagem do League of Legends. Sorri, pelo menos minha mãe soube dar a dica certa. Há duas semanas ela havia entrado no meu quarto e começado a fazer perguntas sobre que tipo de jogo eu gostava. Logo vi que ela estava querendo alguma coisa. Achei que ela iria me presentear com algo relacionado, mas, no fim, a informação era para a dona Amélia. — Espero que desta vez eu tenha acertado, rapaz! — falou a vizinha. — É muito difícil saber do que você gosta, por isso tive que apelar para a ajuda de sua mãe. — Acertou sim, dona Amélia — respondi com um sorriso verdadeiro. — Gostei bastante. — Por que não veste para a gente ver se ficou bom? — sugeriu Luiza.

Olhei para ela e fiquei sem fala por alguns instantes. Lá estava ele de volta, o meu velho e conhecido bloqueio com garotas. E desta vez com um agravante, aquela garota sabia que eu a espionava. Será que ela me descobriu só na noite anterior ou será que ela já havia notado antes? — Vai lá, Lipe! Coloque a camiseta — disse minha mãe, tirando-me da minha indecisão. Entrei no pequeno banheiro social que ficava sob a escada e troquei de camiseta. Logo vi que era do tamanho certo para o meu corpo. Talvez certo demais, já que eu costumava usar roupas um pouco mais largas, mas, olhando-me no espelho, até que tinha ficado bom. Saí e todas me olharam com aprovação. Sorri meio sem graça, não estava acostumado a ser o centro das atenções. Luiza se aproximou de mim e, por algum motivo totalmente inexplicável, eu me apavorei. Engoli em seco quando ela tocou em meu peito. — Ficou muito bonita em você — disse com um sorriso e um brilho diferente no olhar. Era como se ela estivesse me testando. — O...Obrigado — gaguejei. Felizmente, minha mãe me salvou aparecendo com uma travessa cheia de coxinhas. Mãe, eu te amo, pois enquanto estou com a boca cheia não preciso falar com ninguém. Voltei para o sofá e me sentei, enquanto ela e Dona Amélia falavam sobre tortas e bolos, e Luiza aparentemente apenas prestava atenção nas duas. Digo aparentemente, porque notei que ela continuava me observando de canto de olho, fazendo eu me sentir bastante apreensivo. Eu estava morrendo de medo de que ela viesse falar comigo sobre o que tinha acontecido na noite passada e me sentia terrificado só de imaginar que ela pudesse contar aquilo para minha mãe ou para sua tia. Assim que o papo sobre receitas acabou, minha mãe sugeriu cantar os parabéns, colocando sobre o bolo alguns palitos daquelas estrelinhas que queimam soltando faíscas. Ah, merda! Só faltava o chapeuzinho e os balões de festa para completar meu constrangimento. Enfim, cantamos os parabéns, cortamos o maravilhoso bolo de chocolate e comemos. Normalmente, aquela era a hora em que eu costumava deixar as duas comadres conversando e voltava para o meu quarto. Contudo, com Luiza ali, achei que fazer isso seria falta de educação da minha parte. Encostei-me no batente da porta entre a cozinha e a sala, enquanto minha mãe e a vizinha voltavam para o sofá e emendavam outra conversa.

— Não quer me mostrar o seu quarto? — falou Luiza de súbito. Quase me engasguei com o refrigerante que estava tomando. Olhei-a assustado e ela sorriu. — Você podia me mostrar o jogo, o da camiseta — continuou a garota. Acho que tive um mini ataque de pânico ali, meu corpo paralisou, meu coração disparou e minha respiração ficou mais curta e rápida. Minha mente era um branco total e eu não sabia o que responder. — Hã... eu... — Olhei para as duas senhoras tentando arrumar uma desculpa para fugir daquela situação, mas elas definitivamente não estavam prestando atenção na gente. — Não vai pegar mal? — falei baixo. Ela se aproximou mais e se elevou nas pontas dos pés. — Somos adultos, Lipe, não somos mais adolescentes... — sussurrou ela em meu ouvido. Meu corpo se arrepiou inteiro e meu coração quase saiu pela boca. — Não precisa ter medo de mim... Não sou nenhuma assassina psicopata de vizinhos. — Ela sorriu e se voltou para dona Amélia. — Tia, nós vamos subir um pouco. O Lipe vai me mostrar o jogo dele — anunciou ela. — Ah, tudo bem, querida. Sem pressa... Eu e a Matilde temos mesmo que colocar o papo em dia. Aquela frase me fez gelar. Colocar o papo em dia, em se tratando daquelas duas, significava horas e horas de conversa. Olhei para Luiza e ela me encarava com um olhar travesso. Não vi outra alternativa a não ser indicar as escadas para ela subir. Caralho! Ela iria me confrontar, com certeza. Talvez me ameaçar, me chantagear... Puta merda, tô fudido! disse para mim mesmo enquanto subia os degraus sentindo o peso dos meus atos nas costas.

Entramos no quarto e eu acendi a luz. Meu estômago doía de nervoso e os músculos do meu pescoço queimavam de tensão, uma sensação que me era comum diante de uma prova importante, mas aquilo não era uma prova, era pior! Pois nas avaliações eu ainda tinha o controle, eu sempre estudava e conhecia matéria. Ali eu me sentia perdido e com uma vontade imensa de inventar uma desculpa e sair correndo. Luiza começou a observar o quarto, curiosa. Meu quarto não tinha muito o que olhar, na verdade. Eu não era o tipo de nerd que enchia as paredes com pôsteres do Star Wars, embora tivesse alguns bonequinhos em uma pequena prateleira. Enquanto ela andava pelo cômodo, liguei o computador, na esperança de mostrar logo o bendito jogo e descermos novamente para a sala, sem tocar no assunto da noite passada. Fixei meus olhos na tela, não queria encará-la. Mas sabe quando você sente que está sendo observado? Pois é... Eu sentia aquilo, como se os olhos dela estivessem direcionados à minha nuca. Inspirei fundo, xingando mentalmente o computador que demorava tanto para inicializar. — Gostei do seu abajur — falou Luiza. — Posso ligar? — Hã? — Virei-me e a vi próximo do meu abajur de estrelas. Eu o havia ganhado quando ainda era uma criança, mas não vou negar que de vez em quando ainda o usava, eu gostava dele. — Sim... Pode ligar... Luiza sorriu e o acendeu, em seguida foi até o interruptor e apagou a luz do quarto. O teto e as paredes se encheram de pequenas estrelas azuladas

girantes e ela permaneceu olhando-as por alguns segundos. Então voltou-se para mim e, com um sorriso, fechou a porta do quarto. Arregalei os olhos e me encostei na mesa do computador enquanto a observava se aproximar de mim. — Não acha melhor deixar aberta? A porta? — falei sem muita segurança. — Vai que minha mãe ou sua tia nos chamam... — Elas não vão nos chamar, estão ocupadas papeando... — Luiza colocou a mão em meu peito e eu me espremi ainda mais contra a mesa. — Você é mesmo tímido. Minha tia me disse, mas não achei que fosse tanto já que... — Ela sorriu. — Já ligou! — Eu a interrompi e me virei para o computador. Meu coração estava a mil e minha mão tremia, mal conseguia mexer no mouse para abrir o jogo. — Lipe... — Ela tocou em meu ombro. — Depois você me mostra o jogo, vamos conversar primeiro. Hesitei, respirei fundo e me virei devagar. Eu estava fodido! Claramente... Contudo meu medo não era mais do confronto, ela não parecia querer brigar comigo. Meu medo era... Cacete! Nunca ninguém tinha me olhado como ela estava me olhando... Mesmo estando meio escuro eu podia ver o brilho malicioso, o sorriso... Engoli em seco. — Escute... — falei desviando os olhos para baixo. — Sobre ontem, eu... desculpe... Eu não devia ter... — Minha tia me disse que você não tem namorada. — Luiza me interrompeu. — É verdade? — É... sim... Não tenho. — Então não se desculpe. — Mas não foi certo... — Você só viu o que eu quis te mostrar, então não se culpe. — Ela pôs a mão em meu rosto e me fez olhá-la. — Gostou do que viu? Assenti, sentindo minha face pegar fogo. — Então, que tal passarmos para o próximo estágio? — Ela sorriu. — Que estágio? — perguntei preocupado, ela estava muito perto. — Este aqui... — Luiza elevou-se nas pontas dos pés e tocou seus lábios nos meus. Paralisei e me segurei na beirada da mesa atrás de mim. Puta merda! Ela estava me beijando! Os lábios dela eram tão macios... Mas eu não sabia como fazer aquilo direito. Entrei em pânico, com certeza ela daria risada de

mim quando visse que nem beijar eu sabia. Coloquei as mãos nos ombros dela e a afastei. — Eu... eu não consigo... sinto muito — falei com a voz entrecortada. Luiza me olhava sem entender — Por que não, Lipe? Apenas balancei a cabeça negativamente, como eu ia dizer que nunca tinha beijado ninguém de verdade? Que nunca havia estado com uma garota? Era muito constrangedor. — Você gosta de rapazes? É isso? — ela perguntou. — Pode me falar, eu entendo... Se for por isso, eu é que peço desculpas... — Não é por isso... — Saí de minha posição entre Luiza e o computador e caminhei até o meio do quarto. — Então o que é? — Ela se aproximou novamente e colocou a mão em meu ombro. — Eu quero entender, Lipe... Não faço o seu tipo? Gosta de alguém? Alguém que não corresponda aos seus sentimentos? Olhei-a envergonhado. — Não — respondi. — Quero dizer... Não gosto de ninguém em especial e, sim, você faz o meu tipo, quero dizer... — Fiquei sem fala. Que diabos eu estava dizendo ali? Merda! Como eu era ruim naquilo... — Escute, Luiza... Eu... não sou um cara normal, entende? Eu não consigo fazer isso... — Fazer o quê? — Ela continuava me olhando interrogativamente. — Isso... beijar, ficar com alguém... — respondi. Porra, onde estava o buraco para eu me enfiar nele? — Por que acha que não consegue? — Eu não levo jeito, não sei o que fazer... Eu nunca... — Interrompi minha fala, envergonhado. — Nunca ficou com uma garota? — Ela parecia surpresa agora. — Não... — Suspirei, pior que aquilo não ficaria. — E se eu te mostrar como é? — Como assim? — Meu coração saltou. Luiza pegou em minha mão e me fez sentar na cama. Em seguida sentou-se ao meu lado. — Me deixe te mostrar como beijar... — Ela sorriu. — Não precisa ficar com medo. Juro que não te arrancarei nenhum pedaço. Acho que tive meu terceiro ataque de pânico da noite. Estava tão nervoso que não conseguia nem responder àquilo. Se eu queria? Não fazia ideia. Ela me dizia para não ter medo, mas o medo parecia grudado em mim,

e creio que a única coisa que eu queria naquele momento era me atirar pela janela. De qualquer forma não consegui dizer nada e apenas a vi se aproximando novamente. — Feche os olhos — ela pediu. Obedeci. Eu não me sentia em condições de negar qualquer coisa ali, naquela hora. Minha mente não estava trabalhando direito e, quem sabe, se eu fizesse o que ela pedia, aquilo poderia acabar logo. Assim que ela visse o desastre que eu era, certamente sairia correndo. De olhos fechados, senti a respiração dela próxima do meu rosto. Seus lábios tocaram os meus e eu os entreabri. Ela colocou a mão no meu rosto e pressionou sua boca um pouco mais, senti a língua dela se introduzir lentamente entre meus lábios e, ao tocar a minha, foi como se um choque passasse pelo meu corpo. A língua de Luiza explorava minha boca e eu comecei a acompanhar seus movimentos. Caralho, que delícia! Acabei levando, sem perceber, minha mão à sua cintura e creio que isso a incentivou a subir de nível, pois, sem interromper o beijo, ela saiu do meu lado e jogou uma das pernas por cima das minhas, sentando-se em meu colo, de frente para mim. Tomei um susto. O beijo tinha me excitado e meu pau já estava duro dentro das calças. Meu medo de Luiza notar aquilo me travou um pouco e ela percebeu minha tensão. — Relaxe, Lipe... — disse ela afastando seus lábios levemente dos meus. — Aproveite. Não quero que se preocupe com nada. Quero te dar um presente de aniversário que você nunca mais vai esquecer. Nem preciso dizer que meu coração disparou novamente, né? Quantos níveis aquela garota estava pensando em subir? Eu não estava preparado para aquilo... Relaxar era algo impossível. Seja lá como for, Luiza parecia não estar preocupada com o meu nervosismo, pois com um movimento mais brusco, ela me empurrou e me fez deitar na cama. Olhei-a ansioso. — Luiza, eu... Eu não sei se a gente devia... Minha mãe está lá embaixo, sua tia... — Pare de arrumar desculpas. Elas não vão aparecer aqui... — falou, debruçando-se sobre o meu peito e me beijando no pescoço. — Eu... estou ficando excitado — confessei, sem saber o que dizer. — É essa a intenção. — Ela sorriu e começou a rebolar sobre mim, sobre o meu pau que estava mais duro do que nunca. — Vai me dizer que não

está gostando? Apesar da minha ansiedade, eu não podia negar que aquilo estava delicioso. Ter meu membro massageado daquela forma por uma garota, mesmo que por cima da calça... Caralho! Era bom demais! — Estou... — respondi e ela sorriu me beijando outra vez. Então ela se afastou e tirou a blusa de frio e a camiseta, ficando só de sutiã branco. Arqueei as sobrancelhas e olhei para a curva de seus peitos. Se eu não estivesse deitado, provavelmente a baba escorreria. Luiza sorriu e levou as mãos até o fecho da frente da lingerie. — Quer ver? — perguntou. — Quero. — Desta vez não hesitei para responder. Ela abriu o fecho e revelou seus lindos e maravilhosos seios perfeitos bem diante dos meus olhos. Que visão! Agora eles não estavam mais a metros de distância. Estavam ali, ao alcance de minhas mãos. — Toque-os, Lipe. Obedeci ao seu comando e elevei minhas mãos, segurando-os. Eram tão macios... Ela colocou as mãos dela sobre as minhas e começou a movimentá-las, apertando-as contra si e massageando seus peitos enquanto voltava a rebolar e a se esfregar em mim. — Você está duro — ela falou. — Isso é gostoso, não é? — É... Luiza sorriu e se inclinou sobre mim novamente, mas desta vez ela subiu mais o corpo e posicionou os seus seios na altura do meu rosto, a poucos centímetros da minha boca. Ela não precisou dizer nada. Abocanhei o da direita e passei a sugá-lo, sentindo o bico endurecido em minha língua. — Uau! Sua boca é deliciosa... Olhei-a e sorri. Pelo menos eu estava fazendo certo, então... Parti para o outro seio e, me sentindo mais confiante, passei apenas a língua sobre o mamilo, circundei-o e apertei-o levemente entre meus lábios, em seguida abocanhei-o também. Aquilo era bom... bom demais para ser verdade. Eu estava sonhando? Porque se fosse sonho, eu não queria acordar. — Lipe... É mesmo sua primeira vez? Olhei-a novamente, mas desta vez preocupado. — É... eu... Está ruim? — Não. — Ela sorriu. — Muito pelo contrário, você faz isso bem. Está me deixando molhada...

Engoli em seco. Até aonde aquela garota queria ir? Como se estivesse ouvido minha pergunta mental, Luiza alcançou a barra da minha camiseta e a puxou para cima. Sentei-me brevemente, apenas para que ela pudesse ser retirada e voltei a me deitar. Se eu ainda estava com medo de não fazer certo? Estava, mas também estava disposto a arriscar. E puta que pariu! Luiza era maravilhosa e eu provavelmente nunca mais teria outra oportunidade como aquela. Se eu fugisse, com certeza eu iria querer me matar de raiva depois. — Tem um belo peitoral, sabia? — Ela passou os dedos pelo meu tórax e desceu pelo meu estômago. — Achei que rapazes estudiosos como você seriam mais magros. — Faço judô — expliquei enquanto observava ela descer os dedos até chegar ao botão da minha calça. — Que faixa você é? — Ela abriu o botão e desceu o zíper. — Preta. — Prendi a respiração. — Uau! Faz tempo então que você pratica? — Através da braguilha aberta, Luiza passou os dedos levemente por cima da cueca, me fazendo soltar a respiração de uma vez; em seguida, ela enfiou a mão por dentro do tecido, fechando os dedos em meu pau. Estremeci, gemi, fechei os olhos. Minha cabeça estava tão virada que nem conseguia pensar na resposta. — Desde criança... — respondi num murmúrio. — Não é só seus músculos que estão me impressionando, sabia? — disse ela enquanto movimentava sua mão em meu membro. Apertei minhas mãos em suas coxas, extasiado com as sensações. Então ela retirou sua mão e eu a fitei, sem entender. Estava tão bom aquilo, minha excitação estava no limite. Por um momento, achei que ela ia parar, se vestir e que a brincadeira havia acabado. Contudo ela desceu mais o seu corpo e levou junto minha calça e minha cueca. Em seguida, desceu da cama, arrancou meu tênis e me tirou o resto da roupa. Fiquei totalmente nu, deitado, olhando-a sem saber o que fazer. — Delicioso — disse ela enquanto desabotoava e retirava sua própria calça e calcinha. Arregalei meus olhos. Agora ela estava nua também. Puta merda! Caralho! Meu coração ia ter um infarto. — Luiza... espera... eu...

— Nunca fez isso, eu sei. — Ela sorriu. — Não fiz e... não tenho... não tenho camisinha... Eu... — Eu tenho, não se preocupe. Luiza pegou sua calça e tirou de dentro do bolso de trás dois envelopes de preservativos. Abri minha boca, pasmo. Ela tinha premeditado aquilo? Iríamos mesmo fazer sexo? — Feliz aniversário — falou ela voltando para a cama com um sorriso para lá de sedutor.

Deitada sobre mim, Luiza voltou a me beijar enquanto se pressionava e esfregava sua púbis contra o meu membro duro. Eu estava ansioso, nervoso e muito excitado. Os pelos de sua intimidade em contato com o meu pau me enlouqueciam. Coloquei minhas mãos em sua cintura e lentamente fui descendo em direção às nádegas redondas e volumosas. Apertei a carne macia e ela sorriu, mordendo-me o lábio. — Lipe... Você é muito gostoso! Quero chupar você! — falou ela, já descendo pelo meu peito com beijos molhados. Abri a boca abobado. Meu coração palpitava acelerado e minha respiração ficou curta conforme ela ia chegando próximo da minha virilha. Caralho! Ela ia fazer um boquete em mim! Luiza sorriu ao ficar na altura do meu pau. Eu não conseguia tirar os olhos dela e sentia que poderia gozar só de ela tocar nele. Não, não, eu tinha que me conter! Puta merda! Precisava me segurar. A garota voltou a fixar a atenção em meu membro e passou levemente o dedo na ponta, espalhando o líquido transparente que saía por ele. Então aproximou sua boca e passou a ponta da língua sobre a glande. Não sei como descrever o que senti naquele momento. Foi como um choque percorrendo meu interior, desde o meu sexo até a minha nuca. Prendi a respiração e me segurei nos lençóis. Luiza continuou a passar a língua pela cabeça e em seguida desceu pela extensão até chegar à base. Então segurou-o com uma das mãos e, com

um sorriso malicioso, abocanhou-o. Gemi. Caralho! Que boca maravilhosa! Quente, molhada! Ela apertava meu pau com os lábios enquanto subia e descia com a boca, me proporcionando sensações deliciosas. Sem dúvida que aquilo era mil vezes melhor do que a minha mão. O problema é que eu estava tão excitado que logo comecei a sentir o gozo chegar. — Luiza... assim vou gozar rápido. — Mesmo? — Ela sorriu e desceu com a boca até onde conseguia, arrancando-me um gemido. — É sério... — falei quase num sussurro. A pressão aumentando em meu pau. — Uhumm... goze então... — Ela chupou a cabeça e voltou a descer e subir com a boca. Gemi sentindo o ápice chegar, eu ia gozar... ia gozar... — Ah, caralho! — exclamei ao explodir de prazer dentro da boca de Luiza. Ela sugou meu membro enquanto ele se contraia em espasmos, engolindo cada gota do meu líquido. Estremeci quando ela retirou a boca e lambeu a ponta do meu pau mais uma vez. — Gostou, Lipe? – Ela perguntou subindo o corpo e se colocando sobre mim novamente. — Você está brincando, né? — falei ainda sem fôlego. — Foi a melhor coisa que já me aconteceu na vida. — Não pense que acabou, lindinho. Ainda nem abri a camisinha. — Luiza sorriu, passando o indicador em meus lábios. — Quero te chupar também — falei animado. Já tinha visto alguns vídeos e sabia que as mulheres gostavam daquilo. Se fosse tão bom quanto foi para mim, eu também queria proporcionar isso a ela. Luiza mordeu o lábio inferior sorrindo. — Okay — respondeu ela deitando-se ao meu lado. — Seja delicado. Um friozinho passou por meu estômago. — Me fale se eu fizer algo errado — pedi um pouco inseguro. Mudei de posição e a deixei por baixo de mim. Ela se acomodou melhor e abriu suas pernas, fazendo meu quadril se encaixar entre elas. Senti sua vulva quente e úmida em meu pau ainda rígido. Tive vontade de penetrála, mas me segurei e comecei a beijá-la no pescoço. Ela era tão cheirosa, sua pele tão macia... Desci com meu lábios até

um de seus mamilos e o abocanhei. Suguei-o enquanto escutava Luiza gemer baixinho. Comecei a brincar com seu bico endurecido, passando a língua em volta e voltando a chupá-lo. Em seguida, fui para o outro lado e fiz o mesmo. Os seios dela eram tão lindos! Eu poderia ficar ali para sempre brincando com eles, mas eu também queria algo que estava um pouco mais embaixo. Desci beijando seu ventre, parando em seu umbigo e enfiando minha língua nele. Ela gemeu. Percebi que ela tinha gostado e continuei a massagear aquele pequeno buraco com a língua. — Lipe... — Ela agarrou meus cabelos. Levantei minha cabeça e sorri, voltei, então a descer com mais beijos até chegar aos pelos pubianos. Parei e fiquei olhando para aquela belezura. Os lábios delicados, o pequeno monte despontando entre eles, a pele rosada, a pequena entrada úmida. Uma gota brilhante saía de dentro dela e, sem me conter, passei a língua ali. Luiza inspirou fundo quando fiz aquilo. Sorri e comecei a prová-la, lambendo suas dobras até chegar ao clitóris. Senti Luiza estremecer quando o contornei e passei a ponta da língua sobre ele. Podia senti-lo entumecido. Continuei lambendo-a delicadamente e, para a minha felicidade, vi que ela estava gostando. Luiza tinha os olhos fechados e mordia seu lábio, soltando pequenos gemidos. Abocanhei, então, seu pequeno monte, fazendo-a gemer mais alto, e comecei a sugá-lo de leve. — Ah... Lipe, não pare, por favor... — ela disse com voz entrecortada. — Não pare... Não parei e logo senti o corpo dela estremecer outra vez. Luiza soltou um gemido longo enquanto agarrava novamente meus cabelos. Ela estava gozando, eu sabia, e me senti orgulhoso de ter conseguido proporcionar aquilo a ela. Luiza relaxou e sorriu, então me puxou para cima. — Espero que ainda esteja duro — falou. — Porque agora quero você dentro de mim. — Estou duro, nunca estive tão duro. — Ótimo! Ela sorriu e se virou, ficando por cima e se sentando um pouco abaixo dos meus quadris. Esticou a mão para pegar o envelope de preservativo no canto da cama e o abriu. Embasbacado com a desenvoltura da moça, observei-a desenrolar o látex sobre o meu pau. Em seguida ela subiu um pouco o corpo e começou a

esfregar sua vulva sobre ele, me fazendo ficar ansioso. Eu queria penetrá-la, muito! Luiza se inclinou sobre mim e tomou meus lábios com um beijo. Agarrei seus quadris e ela se encaixou em mim. Soltei um palavrão mental quando a senti descendo sobre o meu membro. Ela era gostosa demais! Deslizei para dentro daquela cavidade apertada enquanto ela gemia em minha boca. Eu mal conseguia acreditar que estava mesmo dentro de uma garota, que estava fazendo sexo. Eu achava que nunca encontraria alguém que me quisesse daquele jeito e já me via como aquele personagem do filme “O virgem de 40 anos”. Então, para mim, aquilo tudo era um sonho. Luiza se ergueu e começou a se movimentar sobre mim, indo e vindo com seus quadris, massageando meu pau e me deixando louco. Seus seios balançavam lindamente e eu os agarrei, apertando-os de leve e passando os polegares nos bicos. Ela sorria e se pressionava contra meu osso pubiano. Voltou, então, a se inclinar e a me beijar, e eu levei minhas mãos até sua bunda. Ela continuou conduzindo o movimento, deslizando sobre o meu membro ao mesmo tempo que buscava o contato de seu ponto sensível contra minha púbis. Seus gemidos aumentaram eu percebi sua respiração ficar mais forte. — Lipe... vou gozar de novo... — Goze, goze no meu pau — murmurei. Luiza fechou os olhos e eu contemplei extasiado sua expressão de arrebatamento quando o clímax lhe chegou. Senti seus músculos internos se contraírem em torno do meu membro, como se o estivesse sugando e aquilo me fez desejar gozar também. Virei-a na cama e fiquei por cima. Luiza sorriu e desta vez eu que comecei a me movimentar sobre ela, enterrando-me em sua cavidade com vigor. A cada estocada ela gemia e eu passei a investir cada vez mais rápido e com mais força. Luiza começou a gemer alto e eu tapei sua boca. — Schhh.... — falei sorrindo. — Desse jeito vão nos ouvir... Ela deu risada. — Não tenho culpa que você é tão gostoso! Tomei a boca dela em um beijo e voltei a estocá-la. Agora Luiza

gemia dentro da minha boca e eu fui chegando ao meu ápice também. Com uma estocada mais profunda, liberei meu gozo. Que loucura, que delícia, que tudo! Agarrei-me a ela e afundei meu rosto em seu pescoço, esperando os espasmos terminarem. Ao final, relaxei sobre Luiza e senti sua mão acariciando meus cabelos. Ainda ofegante, saí de dentro dela e deixei meu corpo escorregar para o lado. Fitei-a, curioso para saber o que ela tinha achado e ela me encarou com um sorriso nos lábios, o que me trouxe um certo alívio. — Como fui? — perguntei. — Magnífico, perfeito... — Ela deslizou os dedos em minha face. Se consegue ser assim sem ter experiência, imagino como será quando tiver. Sorri envergonhado. — Não sei se vou conseguir ser tão experiente assim... — Por que não? Dei de ombros. — Você viu como eu sou. Fiz 22 anos e só agora tive a minha primeira vez... Não levo jeito com as mulheres. — Não se subestime tanto, Lipe. Você é tímido, eu entendo, mas leva muito jeito com as mulheres, pode ter certeza! — Ela riu. Balancei minha cabeça negativamente. — Só cheguei a tanto porque foi você que tomou a iniciativa. Acho que nunca vou ter coragem o suficiente para me aproximar das garotas por conta própria. Ela suspirou e me deu um beijo. — Você é tão lindo... Se eu pudesse te levava embora comigo. — Luiza sorriu. Sorri de volta. Eu bem que gostaria, mas além de ser impossível eu sabia que aquilo era só brincadeira, não passava de uma divagação momentânea da garota. — Para onde você vai? — Londres. Vou ficar por um ano lá, em um programa de intercâmbio pela faculdade. — Isso é bem legal! Boa sorte! — falei me sentando e tirando a camisinha. — Obrigada. — Ela me abraçou por trás, passando os braços por cima de meus ombros e mordiscando minha orelha. Olhei-a e nos beijamos novamente.

— Preciso me lavar — eu disse quando ela se afastou. — Vamos juntos. Ergui uma sobrancelha. — Quer tomar banho comigo? — Ainda tenho uma camisinha... — Luiza sorriu marotamente. — Seu cabelo vai molhar... — E daí? — Sua tia vai ver. — Não me importo. Você se importa? De sua mãe saber que a gente estava transando? — Ela beijou meu pescoço. Hesitei. — Eu... não sei... Luiza me olhou no fundo dos olhos e eu voltei a beijá-la. Ao inferno se minha mãe ou a tia dela desconfiasse de algo. Eu queria tomar banho com ela, queria estar dentro dela novamente. Peguei-a pela mão e fomos até o banheiro. Meu pau já estava duro de novo quando entramos no box. Aliás, ele nem chegou a amolecer direito. — Você é gostosa demais! — falei prensando-a contra a parede e passando meus dedos em sua vulva úmida. — E você tem um pau delicioso! Dei-lhe um beijo e peguei a camisinha de suas mãos. Cobri o meu membro com ela e encarei Luiza. Ela envolveu meu pescoço com os braços e eu me aproximei, colando meu corpo no dela. Nos beijamos profundamente. Luiza elevou uma de suas pernas enlaçando o meu quadril e eu a penetrei. Nossas línguas se exploravam enquanto nossos corpos se moviam contra a parede. Eu a estocava fundo sem me importar com a água caindo em minhas costas. Desta vez, demorou um pouco mais para a onda de prazer me arrebatar, mas estar dentro dela era tão gostoso que mal percebi o tempo passar. Gozei novamente enquanto ela se agarrava a mim. Aguardei minha respiração normalizar e sorri para ela. Me desencaixei de seu corpo e me abaixei, ficando na altura de seu sexo. Luiza me olhou curiosa e eu coloquei a perna dela sobre o meu ombro. Ela riu e gemeu quando comecei a chupá-la. — Ah, Lipe... A gente mal se conhece, mas já amo essa sua boca. Nossa... — gemeu. — Isso, lindo... Vou gozar, Lipe, cacete! — Ela gemeu mais alto e eu enfiei a língua em sua entrada. Senti suas contrações e lambi

mais uma vez seus lábios inchados. Luiza tirou a perna de meu ombro e escorregou pela parede, ficando na minha altura. — Onde você estava esse tempo todo? — ela me perguntou com um sorriso. — Bem aqui — respondi e nos abraçamos, rindo. A água continuava caindo sobre a gente e aproveitei para beijá-la um pouco mais. Por fim, nos lavamos e saímos do chuveiro. Se minha mãe soubesse o tempo que a água ficou ligada, me mataria, com certeza. Luiza enxugou os cabelos o máximo que pôde e voltamos para o quarto. Já fazia bem mais de uma hora que tínhamos subido e eu estranhei minha mãe não ter nos chamado ainda. Abri a porta e coloquei a cabeça para fora. Escutei as duas mulheres tagarelando lá embaixo e ergui as sobrancelhas, elas realmente não estavam dando falta da gente. Vesti minhas roupas e me sentei na cama ao lado de Luiza que também já estava vestida. Agora vinha a parte constrangedora, eu não fazia ideia do que conversar com ela. — Gostou do seu presente? — ela perguntou. — Qual deles? — Sorri. — Do meu? — Ela sorriu também. — Foi o melhor presente de todos! — Olhei para o teto. — Eu jamais vou me esquecer disso... Luiza me deu um beijo na face. — Você é lindo, Lipe. Gostoso, charmoso, cheiroso. Não devia menosprezar sua capacidade de atrair garotas. — Obrigado pelo elogio, mas eu me conheço... — Dei de ombros. — Tudo bem. Quem sabe um dia eu chego lá. Graças a você, hoje eu fiz um enorme progresso! Gigantesco, na verdade. Eu sempre achei que... se eu quisesse fazer sexo um dia, teria que pagar, ou ficaria virgem para o resto da vida, sabe? — Ah, Lipe... — Ela me abraçou e caímos deitados na cama. Aconcheguei-a em meus braços e comecei a fazer-lhe um cafuné. — Não se incomoda de eu ser mais novo do que você? — perguntei. — Claro que não! Você é gostoso, eu já disse. — Ela riu. — Você vai voltar, um dia? Luiza levantou o rosto para me olhar. — Para o Brasil, eu volto com certeza. Se você quer saber se um dia

eu voltarei a te visitar, eu não sei. Talvez... — Ela suspirou. — Não conte com isso, Lipe. Não me espere, se é que está pensando nisso. Sorri de lado. É claro que eu estava pensando naquilo. Era frustrante imaginar que eu não a veria novamente. — Está bem, não vou esperar — falei sentindo uma certa tristeza. — Podemos manter contato por e-mail, pelo menos? — Melhor não, Lipe. Por favor, não quero que crie expectativas a meu respeito. Nem eu sei o que eu quero da vida... — Não pretendo criar nenhuma expectativa, eu só... — parei de falar. Na verdade, era exatamente aquilo que eu estava fazendo ao pedir o contato dela, criando expectativas. — Tudo bem... esquece o que eu falei. Luiza voltou a encostar a cabeça em meu peito. — Eu também nunca irei me esquecer desse nosso encontro... — disse. Ficamos em silêncio por um tempo até que escutei minha mãe me chamar lá de baixo, avisando que a dona Amélia já estava de saída. Luiza ajeitou os cabelos e descemos. Se as duas mulheres notaram que eles ainda estavam meio úmidos, não falaram nada. Acompanhei-as até o portão e Luiza me deu outro beijo na face. — Vou embora amanhã. Então..., se cuide. Assenti. — Faça uma boa viagem e se cuide também — respondi com um meio sorriso. Aquela foi a última vez que a vi. É claro que não me contive e, algum tempo depois, fui fuçar em suas redes sociais. Precisei criar um perfil fake no Facebook e no Instagram, porque nem isso eu tinha, mas Luiza quase não postava nada. Uma foto ou outra de algum lugar interessante e raramente ela tirava selfie. Às vezes eu ficava horas olhando para suas fotos, mas nunca cheguei a contatá-la por mensagem. Nunca tive essa coragem, ainda mais sabendo que ela não queria manter contato comigo. Dona Amélia mantinha minha mãe informada sobre a sobrinha e, cerca de um ano e meio depois daquele meu aniversário, eu soube que Luiza havia voltado de Londres, mas ela nunca mais apareceu na casa da tia. Aparentemente ela andava ocupada com os estudos. Então, vê-la ali na universidade, bem na minha frente, após dois anos, foi um choque. Um choque tão grande que fiquei completamente sem fala.

Oprofessor

entrou logo atrás de Luiza, não me dando tempo de cumprimentá-la direito. Após sair da minha paralisia inicial, consegui murmurar apenas um “oi” estrangulado, minha voz quase não saiu e meu coração estava aos saltos. Ela sorriu e se sentou, enquanto o orientador começava a falar sobre os projetos que iríamos desenvolver. Contudo, quem disse que eu conseguia me concentrar no que o professor falava? De canto de olho eu observava a garota que, ao contrário de mim, parecia atenta ao discurso do orientador. Finalmente, após quase duas horas de conversa, fomos liberados da reunião. Peguei o celular e vi que ainda tinha mais uma hora livre até a aula. Olhei para Luiza e ela estava guardando o notebook na bolsa, preparando-se para ir embora. — Hum... oi — cumprimentei novamente, meio sem jeito. Ela levantou os olhos e sorriu. — Oi... Meu coração batia descompassado, eu queria tanto conversar com ela, mas não tinha certeza se ela queria falar comigo. Resolvi arriscar. — Você está com pressa? — Por quê? Inspirei fundo e apertei a alça da minha mochila. — Só queria saber se... gostaria de tomar um refrigerante comigo na cantina. — Refrigerante logo cedo? — Ela riu. — Não, obrigada..., mas aceito

um café. Esbocei um sorriso que não saiu direito por conta do nervoso e saímos da sala. Andamos em silêncio pelo corredor; eu me sentindo um idiota por não saber por onde começar a conversa, enquanto Luiza se mostrava tranquila. Na verdade, ela tinha um sorriso no rosto como se estivesse se divertindo com aquela situação. — Como foi Londres? — perguntei após pegarmos nossos pedidos na cantina e nos sentarmos. — Foi ótimo, aproveitei bastante. — Me surpreendi em te ver aqui. Achei que você fizesse faculdade no interior. — Eu fiz, aproveitei os créditos do intercâmbio e terminei no ano passado. Então me inscrevi para o mestrado, minha orientadora do TCC me recomendou para o professor Amaral, fiz os testes, ele analisou meu currículo e cá estou, na capital. — E vai morar onde? — quis saber, esperançoso de que ela dissesse que seria na casa da tia. — Em uma república, perto daqui. — Ah... — Você continua tímido, não é? — Ela sorriu e eu dei de ombros. — É o meu jeito... — Arrumou uma namorada, pelo menos? — Hum... não — corei. — Mas saiu com algumas garotas? Cocei a cabeça e me remexi, desconfortável, na cadeira. Aquele não era propriamente um assunto sobre o qual eu gostava de conversar, pois eu sabia que seria julgado. Afinal, não devia ser normal um cara da minha idade não sair com garotas. — Não... — respondi fixando meu olhar no sanduíche que havia pedido junto com o refrigerante. Luiza me encarou séria e pensativa. — Do que tem medo, Lipe? Inspirei fundo novamente. — Eu só não tenho vontade... — Não tem vontade ou não tem confiança em si mesmo? Franzi o cenho. — Virou minha terapeuta agora?

Um silêncio se fez por alguns segundos e eu me arrependi de ter falado daquela forma. Achei que a tinha aborrecido e que ela fosse se levantar para ir embora. Contudo, ela sorriu. — Não sou terapeuta de ninguém, mas também não sou ingênua ou cega. Podemos não nos conhecer muito bem, mas te conheço o suficiente para enxergar sua insegurança. Insegurança que não tem fundamento, porque eu já te disse uma vez e volto a repetir, você é um cara muito bonito, Lipe. Aliás, está mais bonito agora do que antes, com um ar mais maduro, sabe? Poderia estar fazendo muito sucesso com as mulheres. Fiquei sem fala por um momento, eu não lidava bem com elogios. — Eu não consigo, okay? — Meu tom de voz saiu um pouco mais alto do que devia. — Não sou bom em conversar com garotas. Não adianta ser bonito e não saber o que dizer quando estou na frente de uma. Luiza riu de novo. — Nem sempre é preciso dizer alguma coisa. Por favor, Lipe! Você está em um campus de uma universidade grande. O pessoal daqui faz festa quase toda semana. Sei disso, porque só estou há uma semana instalada na república e já fui convidada para pelo menos duas neste mês. E posso te garantir, que tem muita garota por aí que está mais interessada no que você tem dentro das calças do que se você sabe conversar. Senti meu rosto arder novamente e continuei fitando o meu lanche. Não era assim tão simples para mim... Eu nem sabia como entrar nessas festas, não tinha com quem ir e, realmente, eu não tinha vontade de ir. E não era só por causa da minha timidez crônica, mas eu não tinha interesse mesmo. Eu bem que tentei. Ficava, às vezes, observando as garotas no campus, procurando algum atrativo que me fizesse ao menos apreciar a visão, mas eu não sentia nada. Nenhum tipo de desejo, animação ou excitação Para falar a verdade, depois que Luiza visitou o meu quarto, foi como se todas as outras garotas tivessem perdido a graça. Há dois anos que eu sonhava com a sobrinha da minha vizinha e somente com ela. Mas eu não podia lhe revelar aquilo, então apenas me mantive em silêncio, mastigando meu sanduíche sem encará-la. — Lipe! — ela chamou e eu levantei meu olhar. — Muito bem, está decidido. Eu vou te ajudar... Você vai na próxima festa comigo! Quero ver se você não vai arrumar uma gatinha lá. Arqueei minhas sobrancelhas e quase me engasguei com o lanche. — Não... não precisa, quero dizer... Eu não quero...

— Sem essa de “não”. Chega de desperdiçar oportunidades. Está na hora de você mostrar o pegador que tem aí dentro. — Eu não sou e nunca vou ser um pegador — protestei. — Você entendeu o que eu quis dizer, Lipe. Não se faça de bobo. Precisa começar a aproveitar a vida. Suspirei. Aquela era a ideia mais fora de propósito que eu já tinha ouvido. Me acelerava o coração só de pensar em sair pegando garotas em festas, eu não servia para aquilo. Por outro lado, era uma oportunidade de eu ter um pouco mais de contato com ela, com Luiza. — Você aproveita bastante a vida? — perguntei, minha voz saiu com um toque de ironia. — Agora não muito, tenho namorado. Mas ainda gosto de ir às festas. Desta vez quase me engasguei com o refrigerante que estava tomando. Foi como receber uma tijolada na cabeça. Puta merda! Namorado? — Ah... hum... ele... vai na festa também? — Não, ele mora em Londres. É inglês. — Inglês? — repeti, sentindo um peso se instalar em meu peito. — Sim, conheci ele na faculdade de lá. Ele estava fazendo doutorado e começamos a sair, depois de um tempo viramos namorados. — E... dá certo? Esse namoro assim, de longe? Luiza refletiu por um momento. — Sinceramente, achei que seria mais fácil. A distância atrapalha um pouco, mas a gente se fala quase todo dia e... acho que ele virá passar uma semana aqui no mês que vem. — Entendi... — Então estamos combinados? — Hum? Combinados de quê? — Vai vir comigo na festa? — Não sei... — Por favor, Lipe... Também não conheço quase ninguém aqui, mesmo que você não queira ficar com nenhuma garota, poderá me fazer companhia. — Ela sorriu e colocou a mão sobre a minha. — Vamos? — Okay... — concordei. Minha mente um caos. Eu não queria ir, mas queria estar perto dela, contudo, também não podia esperar nada porque ela tinha namorado. Então por que ir? Ainda assim, não conseguia recusar. — Isso! — Ela bateu palma, feliz. Luiza pegou o número do meu celular e eu tive que me despedir dela,

pois minha aula já estava para começar. Fui para a sala com os sentimentos embaralhados. Eu tinha ficado feliz, surpreso e esperançoso ao vê-la ali, mas agora estava triste e frustrado. Eu não devia me sentir assim, não tinha o direito de me sentir assim, mas não sabia como tirar aquela sensação de dentro de mim. Um namorado inglês... Não dava para competir. Competir? Como eu podia pensar em algo assim? Eu nunca conseguiria competir com alguém nesse quesito. Eu não passava de um tolo, uma piada sem graça. Luiza podia até me achar bonito, mas entre tantos caras muito mais carismáticos do que eu ali naquele campus, mesmo que ela não tivesse namorado, eu não teria a menor chance. E essa constatação me esmagava. Por um momento, eu desejei não tê-la encontrado novamente. Mas foi só por um momento, porque no seguinte eu já estava pensando em quando a veria outra vez. Que merda que era aquilo! Às vezes eu tinha vontade de me dar uns socos.

Luiza

me ligou em uma quinta-feira à noite, dez dias depois de tomarmos aquele café na lanchonete. Desde aquele dia, não havíamos conseguido nos falar mais. O professor orientador do mestrado costumava marcar horários separados para conversar com cada aluno e, para minha tristeza, acabamos não escolhendo as mesmas matérias para obter os créditos necessários ao curso, assim, não frequentávamos as mesmas aulas. Às vezes eu a via de longe, ou na lanchonete ou andando pelo campus, mas ela sempre estava acompanhada e, para variar, eu me sentia constrangido de chegar junto para conversar. Quando vi o número dela na tela do meu celular, dei um pulo do sofá onde estava sentado e demorei alguns toques para atender. Um frio me tomou o estômago, mas reuni coragem e apertei o ícone verde. — Oi. — Oi, Lipe! Tudo bem? Estou te ligando para te dizer que a festa é amanhã e que vou te esperar para irmos juntos. — Amanhã? Já? — Meu coração quase parou. Comecei a tentar imaginar uma desculpa para não ir. — Sim, moço, e nem pense em me dar um bolo. Engoli em seco. — Hum... não... eu... — Desisti da desculpa e suspirei. — Onde te encontro?

— Aqui na república mesmo. Você tem carro? — Posso pegar o da minha mãe. — Ótimo, venha às 22 h, então. Vou te passar o endereço. Até amanhã, Lipe. — Até... Ela desligou e pouco depois chegou uma mensagem com o endereço. Cocei minha cabeça, agora não tinha como fugir.

Eu parecia uma barata tonta andando pelo quarto. Já tinha olhado para o celular umas dez vezes esperando dar o horário para sair de casa. Eu estava, sim, nervoso. Muito nervoso. Nervoso por ter que ir àquela festa, nervoso por saber que iria encontrá-la, nervoso porque não queria perder a hora ou chegar muito cedo. Fui até a janela e inspirei profundamente umas três vezes. Precisava me acalmar. Olhei para a casa da vizinha e para a janela da frente, agora escura. As lembranças vieram, a saudade bateu e a ansiedade voltou. Depois de dois anos, ela estava próxima novamente. Próxima, mas ao mesmo tempo distante. Agora Luiza tinha um namorado e eu tinha que parar de sonhar acordado com ela. — Merda! — exclamei. Olhei mais uma vez as horas e resolvi sair. Cheguei no endereço que Luiza havia me dado uns cinco minutos antes do horário marcado. A república na qual ela estava instalada não era dentro do campus, porém, era próxima. Tratava-se de um conjunto de sobradinhos que, na verdade, não pertencia à universidade, mas mantinham uma espécie de convênio, onde os alunos pagavam apenas uma taxa de manutenção e as despesas com água, luz e gás. Logo Luiza saiu e entrou no carro. Não consegui deixar de reparar em suas belas pernas à mostra por conta da minissaia que vestia. — Boa noite, Lipe. — Ela me deu um beijo na face. — Está preparado para virar o rei da noite? — Hum... — respondi com um leve mau-humor. Se ela estava mesmo achando que eu iria chamar a atenção de alguma garota naquela festa, iria se decepcionar. — Para onde vamos? — Para o centro acadêmico da química. Sabe onde fica? — Sei — respondi dando a partida.

No campus, tive que deixar o carro meio longe, porque o lugar já estava bombando de gente. Ao chegarmos na festa, Luiza foi até um balcão improvisado com mesas onde havia uma faixa escrito “caixa” e pegou duas pulseiras coloridas. Colocou uma em meu pulso me explicando que era “open bar” e me arrastou para onde a música estava mais alta. Sabe aquela expressão “peixe fora d’água”? Era exatamente assim que eu me sentia andando no meio daquela gente toda que ria, dançava, bebia e se agarrava no meio da pista. — Vem, Lipe! Vamos pegar alguma coisa para beber. — Eu vou dirigir! — gritei para que minha voz fosse ouvida no meio daquele barulho. — Qualquer coisa a gente chama um Uber. Eu paguei para bebermos até cair. Então não me faça essa desfeita! — Ela gritou também. O lugar de pegar bebidas estava lotado. Aliás, onde não estava lotado ali? Luiza se embrenhou no meio das pessoas para fazer o pedido e retornou com dois copinhos de plástico transparente com um líquido meio amarelado dentro. — O que é isso? — Tequila! — Ela me entregou um. — O ideal é beber com um pouco de sal e limão, mas aqui está um pouco complicado conseguir isso. — Ela riu. — Vamos? Vire no três. Um, dois, três... Ambos viramos os copinhos e senti minha garganta queimar. Fiz uma careta. Não estava acostumado com bebidas assim. No máximo era uma cerveja ou uma caipirinha. — Mais uma? — Luiza perguntou, mas não esperou resposta. Ela voltou ao balcão e pegou outras duas doses. Viramos novamente. Até que não era tão ruim, porém mal dava para sentir o gosto também. Luiza conferiu algo no celular e voltou a me puxar pela mão. — Vamos, tem gente que quer te conhecer. — Como é? — Falei de você para algumas meninas lá da república e elas ficaram interessadas. Vem! Vai poder escolher, Lipe! — Ela riu e eu quase travei. — O que falou de mim? — perguntei preocupado. Luiza me olhou e sorriu. — Falei que você é lindo e gostoso. Olhei-a desconfiado.

— Relaxa, não expus nossa intimidade — ela continuou. — Não cheguei a dizer que você era bom de pegada. — Porque aí seria mentira! — Não, não seria! — Luiza parou e me fitou. — Você tem uma pegada sensacional, Lipe. Sei do que estou falando. — Ela voltou a me puxar. Eu juro que, naquele momento, eu queria sair correndo dali. Não queria conhecer ninguém, muito menos as amigas dela. Não estava pronto para aquilo. Talvez não estivesse pronto nunca. Saímos da muvuca de gente e encontramos as tais amigas um pouco mais afastadas, do lado de fora do centro acadêmico. Eram três, uma morena de pele amendoada e cabelos ondulados e duas loiras não naturais. Luiza nos apresentou, mas eu mal consegui encará-las, meu estômago estava quase revirando. Após um tempo de conversa, na qual eu só fiquei escutando, uma das loiras se aproximou mais de mim. O perfume dela era doce, doce demais, e seu cabelo era tão liso e escorrido que quase grudava no rosto. — Me acompanha até o bar? — Ela perguntou. — Quero pegar uma cerveja. Olhei de canto para Luiza e ela fez uma cara de quem ia me chutar a bunda se não fosse. Sorri meio forçado e fui com a garota. Ela acabou pegando uma cerveja para mim também. Nessa altura, eu já estava começando a sentir a tequila fazer efeito. Algo leve, mas que me deixava um pouco mais relaxado. — Vem comigo — a loira disse, me levando para uma direção diferente de onde estava Luiza e as outras. Não entendi, mas a acompanhei e, quando me dei conta, estávamos atrás do prédio e não havia muitas pessoas por ali, apenas alguns casais espalhados pelos cantos escuros. Meu coração palpitou. Não de ansiedade por algo bom, mas de receio. Eu era inexperiente, não idiota; e percebi logo o porquê de ela ter me levado até lá. Eu fiquei meio sem ação, querendo dizer para a garota que não estava a fim de nada, mas ao mesmo tempo constrangido de dar um fora nela. Não queria chateá-la. Além disso, Luiza esperava que eu fizesse algo ali, que tomasse uma atitude, que deixasse de ser um panaca. A loira se aproximou e tirou o copo das minhas mãos, colocando-o no chão. — Escute... — tentei falar.

— Schhh... — Ela colocou um dedo em meus lábios e colou seu corpo no meu, envolvendo meu pescoço com os braços. — Sei que é tímido, mas não precisa ser. Você é um pedaço de mau caminho, sabia? Bem que a Luiza disse... Olhei para os lados e ela segurou o meu queixo, me forçando a olhar para ela. — Não se preocupe, ninguém está preocupado com a gente — a loira falou, aproximando mais o rosto do meu. — Relaxa, gato, vamos aproveitar. Antes que eu pudesse recuar, ela já estava com a boca sobre a minha, invadindo-a com sua língua. Paralisei no lugar, não a impedi, tampouco consegui retribuir. Não queria aquele beijo, não queria estar ali, mas me senti pressionado. Achava que se eu a afastasse estaria bancando o grosseiro, ou, no mínimo, o nerd idiota. Apoiei minhas mãos nos quadris dela com a intenção de mantê-la um pouco afastada; contudo, ela pareceu entender o contrário, pois me empurrou contra uma parede próxima e se pressionou ainda mais contra mim. Para o meu desespero, senti as mãos dela descer pela minha barriga e abrir o botão da minha calça. A garota continuava a me beijar como uma maluca e eu me senti encurralado. Meu coração batia rápido, não de felicidade, mas de nervoso. Ela enfiou a mão dentro da minha calça e apalpou o meu pau. É claro que dado ao meu estado emocional, ele não estava nem um pouco duro. A loira se afastou me olhando interrogativamente e eu tive a certeza de que tinha estragado tudo. — Desculpe — murmurei sem olhá-la. Como um covarde, saí rapidamente dali fechando as minhas calças. Não olhei para trás e não voltei para onde estava Luiza. Eu me sentia péssimo. Péssimo por ser tão ruim naquilo, péssimo por ter feito algo que eu não queria, péssimo por não conseguir aproveitar o momento, péssimo por decepcionar a garota, Luiza e a mim mesmo. Péssimo... Saí do local da festa e me encostei em um carro qualquer, não muito longe. Daria um tempo por ali e depois procuraria Luiza. Ou seria melhor mandar uma mensagem perguntando se ela podia voltar com as amigas? Não, aquilo seria sacanagem. Ela tinha vindo comigo e eu me sentia na obrigação de levá-la embora. Procurei em volta um lugar para me sentar e avistei um banco perto

de uma árvore. Suspirei, esperaria um pouco ali, até minha coragem voltar. Merda! Eu era um merda! Um idiota completo, um fracassado. Tive vontade de chorar, mas aí eu me sentiria mais merda ainda. Engoli o bolo que se formava em minha garganta e joguei a cabeça para trás, respirando fundo. Olhei para o céu, estava estrelado. Não dava para ver muitas estrelas ali no meio da cidade grande por causa da claridade, mas dava para identificar algumas mais brilhantes. Sirius, Canopus, Procyon, Pollux. Eu estava acostumado com elas, sempre fui fascinado por astronomia e estudavaas em meu mestrado. Fechei os olhos. Naquele momento eu não reclamaria de ser engolido por um buraco negro. Então algo me despertou de meu devaneio, era meu celular vibrando. Retirei-o do bolso e vi que havia recebido uma mensagem. Uma mensagem de Luiza...

“Onde vc está?”, li na tela do celular. Suspirei. “Fora. Perto dos carros.”, respondi. Aguardei, mas não houve mais mensagens. Continuei onde estava, em dúvida se enviava alguma outra mensagem ou não. Mas eu ia dizer o quê? Eu não queria voltar para a festa, muito menos ser um peso morto para Luiza. Também não a deixaria ali; então, só me restava esperar e torcer para que ela não quisesse ficar até as 5 h da manhã. Não era nem meia-noite ainda... Merda! Por que eu fui aceitar vir naquela maldita festa? Estalei a língua, frustrado e irritado. Aproveitei que estava com o celular na mão e abri um jogo qualquer para me distrair. Não havia muito o que fazer, mesmo... Devo dizer que quando jogo, me concentro de tal forma que esqueço do mundo ao meu redor. E era disso que eu precisava naquela hora, me esquecer do mundo. Não percebi quanto tempo passei jogando, só sei que dei um pulo de susto quando senti uma mão em meu ombro. Levantei o rosto e vi Luiza me observando com olhos estreitos. — Então era aí que você estava? — perguntou ela com uma voz levemente arrastada. — Por que fugiu? — Sentou-se ao meu lado. — Porque sou um idiota, porque aqui não é o meu lugar... — A Carol te assustou? — Ela riu, referindo-se à loira. Desviei meu olhar para o chão sem responder. Talvez... mas era vergonhoso demais dizer aquilo.

— Desculpe, Lipe... — Luiza colocou a mão em meus cabelos, passando os dedos entre eles. — Eu forcei a barra te empurrando para elas, te pressionando para ficar com alguém... — Tudo bem. Você não tem culpa de eu ser assim... tão Zé Mané. — Não diga isso! Você só é tímido e não tem que pensar que ser assim é errado. — Ela juntou as sobrancelhas. — Você não está errado... Eu é que estou, tentando mudar quem você é... — Ela se encostou em mim, apoiando a cabeça em meu ombro. — Vamos embora? — Já? — Olhei o celular. — É meia-noite e meia ainda. Você não aproveitou nada da festa. Ela riu. — Eu já tomei quatro doses de tequila e um copo de cerveja. Estou começando a ficar tonta, Lipe, e não creio que seja uma boa ideia eu beber mais. Além disso, não tem muito o que fazer aqui. Nem posso pegar ninguém... — Ela riu de novo. — Okay, vamos, então. Nos levantamos e fomos para o carro. Luiza se apoiava em mim, claramente alterada pela bebida. — Não é melhor chamar um Uber? — Ela perguntou ao se sentar no banco do passageiro. — Não precisa. O que eu bebi já fez efeito faz tempo. Estou bem. Retornamos para a república e no caminho Luiza fechou os olhos, encostando a cabeça no vidro. Não conversamos durante o trajeto e ao chegarmos em frente ao sobrado, vi que ela parecia adormecida. Coloquei a mão em seu ombro para chamá-la, mas ela não se mexeu. — Luiza? — Balancei-a um pouco, e só obtive um resmungo como resposta. Provavelmente a tequila que ela havia bebido antes de deixar a festa estava no pico do efeito naquela hora. Saí e dei a volta no carro, abri a porta do lado dela com cuidado, apoiando-a para que não caísse e coloquei a mão em seu rosto. — Luiza, acorde! Chegamos. — Hmmmm... já vou — foi a resposta. Ela abriu os olhos, mas não parecia muito focada. Não tinha jeito, eu teria que ajudá-la a entrar em casa. — Certo, eu te ajudo — disse, apoiando-a em meus braços e ajudando-a sair do carro.

Tranquei o veículo e, com o braço ao redor da cintura dela, caminhamos até a porta. Peguei a chave dentro da bolsinha que ela levava a tiracolo e entramos. — Onde é o seu quarto? — Lá em cima — respondeu Luiza com a voz sonolenta. Subimos e, após ela me indicar qual era a porta certa, acendi a luz e coloquei-a na cama. — Minha cabeça está girando... — Ela disse e riu. — Imagino que sim. — Tirei os sapatos dela. — Preciso ir ao banheiro! — Ela se sentou subitamente e, fazendo uma careta, se levantou. Por sorte, o quarto tinha um banheiro exclusivo, pois ela correu cambaleante para lá e mal teve tempo de chegar ao vaso antes de vomitar. Fui atrás dela e segurei seus cabelos para não sujarem. Luiza tossiu e, por alguns segundos, ficou parada de olhos fechados. — Droga — murmurou ao dar a descarga. Ajudei-a a se levantar e ir até a pia para se lavar. Peguei a toalha e aguardei enquanto ela lavava o rosto e escovava os dentes. — Está melhor? — perguntei entregando-lhe a peça. — Não muito, mas vou ficar — respondeu enxugando o rosto. Acompanhei-a ao quarto e desci para pegar um copo d’água. Ainda bem que tínhamos voltado, seria pior se ela tivesse passado mal na festa, e ainda bem que ela não vomitou no carro da minha mãe, ou eu ia ouvir um monte, além de ter que lavar tudo, claro. Quando voltei ao quarto, Luiza havia tirado a minissaia e a blusa e estava deitada na cama com o braço sobre o rosto. Tentei não reparar nas curvas de seu corpo, mas era impossível, ainda mais com aquele conjunto de lingerie branca que ela usava. — Luiza — chamei. — Trouxe a água. — Obrigada. — Ela se sentou e pegou o copo de minhas mãos, bebendo quase tudo. — Eu... hum... é melhor eu ir agora, antes que suas amigas apareçam — falei pegando de volta o copo e colocando-o sobre o criado-mudo. Luiza sorriu zombeteiramente. — Está com medo de encarar a Carol depois de ter dado para trás com ela? Senti minhas orelhas esquentarem.

— Não é medo, mas acho que seria um pouco constrangedor... — É só trancar a porta. — Luiza se deitou novamente. — Elas não vão entrar, não se preocupe. — Mas e sua colega de quarto? — Apontei para a outra cama que havia no cômodo. — Estou sozinha. Minha colega foi visitar os pais dela em outro estado. Só vai voltar domingo à noite. — Ainda assim, é tarde e... você está bem agora. Não precisa mais de mim aqui. — Lipe... Não vai, não. Não quero que vá embora. — Ela afastou seu corpo para o lado e deu algumas batidinhas na cama. — Vem para cá. Fica comigo, por favor... Abri a boca, pasmo e sem ação. Meu coração veio parar na garganta e milhares de pensamentos povoaram a minha mente. O que ela queria? Ficar comigo? Mas e o namorado? Ela deve ter notado minha hesitação, pois apoiou-se em um dos cotovelos e me estendeu a outra mão. — Não vamos fazer nada, bobo. Só quero que se deite aqui comigo. Vem, prometo que não vou te atacar. — Ela riu. Caminhei devagar até a cama, ainda duvidando de que aquilo era uma boa ideia. Inspirei fundo e retirei meus tênis e meias. Já estava me sentando, quando Luiza me interrompeu. — Ei! Não vai dormir de calças, vai? Engoli em seco, aquilo não ia dar certo. Suspirei e tirei o jeans escuro que vestia. Senti meu membro dar sinais de vida e tentei pensar em outra coisa. Não precisava mostrar a ela que estava ficando excitado. Contudo, minha estratégia não parecia estar dando certo. Tentando evitar um constrangimento maior, aproveitei que ainda estava em pé e desliguei a luz do quarto. Voltei para a cama e pedi licença para puxar o lençol. Em seguida, entrei embaixo dele, cobrindo nós dois. Luiza encostou-se em mim e se acomodou na curva do meu braço, passando uma das pernas por cima da minha. Caralho! Assim, ia ser complicado não ficar duro. Aliás, eu sentia todos os meus músculos tensos ali. O braço dela descansava sobre o meu peito e o cheiro suave de seu perfume me invadia o nariz. Aos poucos fui relaxando e quando dei por mim, já estava com a minha

mão em suas costas, fazendo-lhe um carinho. Luiza levantou o rosto para me olhar e eu fiz o que meu coração pedia. Desci minha boca sobre seus lábios macios e os tomei em um beijo. Ela retribuiu, contudo, quando a apertei mais contra mim, senti seu corpo se retrair. — Lipe... — ela disse, interrompendo o beijo. — Sei que quer isso e, para falar a verdade, também quero, mas... eu não posso. Não posso fazer isso com Bryan... — O seu namorado? — Meu coração se apertou. Ela assentiu. — Não podemos só ficar juntos, assim deitados? Inspirei fundo, me sentindo mal por tê-la beijado. Que bosta, eu só fazia merda mesmo! Meu lado racional me pedia para sair daquela cama e ir embora, mas havia outro lado meu que não queria, que desejava ficar com ela, mesmo que não fôssemos fazer nada. — Está bem... — respondi, por fim. — Me desculpe... — Não... eu é que não devia ter te beijado. Senti os dedos dela brincarem sobre o meu peito, fazendo pequenos círculos. — Eu gosto de você, Lipe... — ela soltou de repente. — Quando nos encontramos pela primeira vez, na calçada da minha tia, eu me senti atraída pelo seu jeito tímido, por isso dei em cima de você. E ficar contigo foi tão bom.... Só que, naquela época, eu queria apenas curtir e não imaginei que fosse sentir saudades, mas senti. Lá em Londres eu sempre me lembrava de você... Ficava pensando no que você poderia estar fazendo, se já tinha arrumado uma namorada... — Suspirou. — Foi uma surpresa te encontrar no campus, e... eu fiquei feliz com isso. E eu estou feliz que você esteja aqui agora. Algo se aqueceu em meu peito e eu senti meu coração bater mais rápido. Contudo, não sabia o que significava aquilo. Por que ela estava me dizendo aquelas coisas? Que tipo de confissão foi aquela? O que ela queria de mim? Eu queria perguntar, mas não tinha coragem, estava com medo da resposta, na verdade. Então resolvi confessar algumas coisas também. — Nesses dois anos eu não consegui te tirar da minha cabeça. Até criei um perfil falso no Facebook e no Instagram para procurar suas fotos... Ela riu.

— Eu tenho um stalker, então? — É... mas você nunca posta nada. — Verdade, não sou muito chegada em expor minha vida em redes sociais. — Luiza, eu... — Meu estômago deu uma cambalhota. — Eu também gosto de você, e... acho que é por isso que eu não consigo pensar em outras garotas ou me sentir atraído por elas. Eu só quero você... Luiza se ergueu e, após um breve momento, me deu um leve beijo nos lábios, então me abraçou. — Eu quero te pedir uma coisa... — ela disse. — Tenha um pouco de paciência. Isso logo vai se resolver. — Como assim? — perguntei. — Você vai ver. Confie em mim, pode fazer isso? Assenti, ainda sem entender. O que ia se resolver? Meus sentimentos por ela? Se em dois anos longe não consegui esquecê-la, como ela podia achar que eu conseguiria deixar de gostar dela estando assim, tão próxima? Fechei meus olhos sentindo meu coração ficar apertado. Eu estava apaixonado, definitivamente. Só que no meu caso não parecia ser algo bom, pois aquilo estava doendo, e era uma merda essa sensação!

Não consegui dormir direito. Demorei muito para pegar no sono e, com medo de acordar Luiza, quase não me mexi. Resultado, acordei várias vezes no meio da noite e de manhã estava me sentindo meio travado. Peguei meu celular no criado-mudo para ver as horas, 6h35. Era cedo ainda e parecia que eu estava mais cansado do que quando fui dormir. Olhei para o lado e vi Luiza de costas para mim. Sua bunda tocava o meu quadril e involuntariamente comecei a ficar duro novamente. Mas que porra! Meu corpo a desejava e ficar ali ao lado dela era uma tortura. Inspirei fundo, era melhor me levantar de uma vez. Fui ao banheiro e demorei quase cinco minutos para conseguir mijar. Pau duro era foda! Voltei para o quarto, coloquei minhas calças e procurei um papel para deixar um bilhete. Não queria acordar Luiza e não podia ficar mais. Minha mãe logo acordaria e ficaria muito puta se não me visse em casa. “Bom dia, precisei ir. Beijos, Felipe.”, escrevi em um post-it que encontrei na escrivaninha e deixei sobre a tela do celular dela. Tive vontade de beijá-la, mas me segurei e saí da casa sem fazer barulho. Durante a semana que se seguiu, nos encontramos algumas vezes. Um dia almoçamos juntos na cantina, outro dia nos esbarramos na biblioteca e, quando deu sexta-feira, a encontrei ao sair da sala do orientador. — Oi, Lipe! O que vai fazer hoje à noite? — ela perguntou. — Nada... Jogar, talvez... — Dei um sorriso amarelo. — Quer sair?

Olhei-a desconfiado. Nem a pau que eu iria em outra festa. — Para onde? — No cinema. Quero ver um filme que lançou semana passada. É um romance, se não se importar... — Hum... Não, não me importo. Só... nós dois? — Sim... A não ser que você queira que eu chame a Carol. — Ela sorriu. — Não! — me apressei em dizer. — Por que tenta tanto me empurrar para sua amiga? — Franzi as sobrancelhas. Ela riu. — Estou só brincando... Semana passada eu te empurrei para ela porque queria que você descobrisse coisas novas, tivesse outras experiências, mas foi um erro... — Ela mordeu o lábio. — E quer saber? Ainda bem que você não foi na minha, porque senão eu estaria puta comigo mesmo agora. — Luiza sorriu meio sem graça. — E então? Quer ver um filme comigo, ou não? — Quero. — Sorri. Um friozinho de ansiedade invadiu meu estômago. — Me pega às 19 h? Acho que a sessão é às 20h30. Concordei e ela me deu um beijo no rosto. Em seguida, entrou na sala do professor que a estava esperando.

Cheguei na república no horário combinado. Coração aquecido, embora ansioso. Luiza apareceu na porta, linda, usando um vestido rosa de alças e com os cabelos castanhos soltos. Seguimos para o cinema e, apesar de eu não ser muito articulado com as palavras, o clima entre nós era leve e agradável. Felizmente, a garota falava por nós dois e eu me sentia bem no papel de ouvinte. O filme foi interessante. Não fazia muito o meu gênero, mas eu estava feliz. Feliz por ter Luiza ali, mesmo sendo apenas como uma amiga. Uma semana atrás. ela havia dito que gostava de mim e eu também tinha confessado que gostava dela. Mas havia o Bryan e eu não guardava esperanças quanto a isso. Luiza tinha me falado um pouco sobre ele quando almoçamos juntos. Não foi difícil eu perceber como ela o admirava, o que me trouxe um pouco de frustração comigo mesmo. O cara era mais velho, quase um “Doutor”, e

vinha de uma família rica e influente; seu pai também era um político importante, pelo que entendi. E eu, o que era? Um estudante de astronomia que trabalhava meio-período como monitor em um museu de ciências, pobre e sem grandes expectativas de emprego futuro — talvez conseguisse algo em alguma empresa de telecomunicação ou acabaria virando professor mesmo, não fazia ideia. De qualquer forma, eu não era um bom exemplo de sucesso, a não ser dentro da carreira acadêmica que estava começando. Talvez isso fosse a única coisa que eu e Luiza tínhamos em comum, a astronomia. Tínhamos o mesmo orientador e nossas linhas de pesquisa eram parecidas. O sonho de Luiza era trabalhar em um centro de pesquisa espacial e, dada sua determinação, eu não duvidava que ela conseguisse. Fizemos um lanche após sair do cinema e, ao entrar no carro, Luiza me deu um endereço. — Vamos para esse lugar agora — disse, e aquilo não parecia ser um pedido. — Onde é isso? — Vai ver. — Ela sorriu. Coloquei o endereço no aplicativo de mapas e seguimos para lá. Eu estava curioso e Luiza se recusava a me dizer para onde estávamos indo. Quando chegamos, olhei para ela espantado. Era aquele lugar mesmo? — Está com medo de entrar, Lipe? — Ela apenas sorriu. — É um... motel! — falei. — Sim... e daí? Olhei-a confuso. — Confie em mim, bonitinho. Vamos? Engoli em seco e entrei com o carro. Deixamos nossos documentos na portaria e recebi uma chave com um número. Eu nunca tinha entrado em um motel antes e meu coração batia acelerado. O que estávamos fazendo ali? A expectativa estava me matando. Entramos no quarto e eu deixei o queixo cair. Era muito legal! Meus olhos se fixaram na cama, enorme e redonda, e uma sensação gelada percorreu minha coluna imaginando o que poderia ser feito ali em cima. Havia espelhos por tudo quanto é canto e apenas uma divisória de vidro separava o quarto do banheiro com hidromassagem. Luiza se sentou na cama e, com um sorriso, começou a testar os botõezinhos que havia ao lado da cabeceira, luzes diferentes se acendiam e a

TV ligou também. Um filme pornô estava passando e ela riu, desligando em seguida. Meu rosto ficou vermelho, com certeza. Então me sentei ao lado dela. — Por que estamos aqui, Lou? — perguntei. — Por que você acha? Suspirei e dei de ombros. Eu realmente estava confuso. — Quero ficar com você — ela disse. — Em que sentido? — Nesse mesmo que você está pensando. — Luiza riu e se aproximou por trás, abraçando-me pelo pescoço. — E o Bryan? — perguntei. — Terminei com ele. Virei o rosto, olhando-a surpreso. — Mas ele não ia vir agora, daqui a alguns dias? — Ia! Mas não achei justo ele atravessar o oceano para eu terminar com ele aqui. Então conversamos por Skype e nos entendemos. — Por que fez isso? — Porque, apesar de achar Bryan um cara legal, não é por ele que eu suspiro quando vou dormir todas as noites. — Ela roçou o nariz em minha orelha, causando-me arrepios. — É por você, Lipe. Fitei-a quase sem acreditar. — Não brinca com isso — falei. — Não estou brincando. Eu falei sério quando eu disse que gosto de você. — Luiza começou a beijar meu pescoço e eu fechei os olhos. — Lou... — murmurei e me virei para ela. Nossos olhos se encontraram e nossas bocas se aproximaram. Meus lábios tocaram os dela e nossas línguas se procuraram, enroscando-se uma na outra. Abracei-a enquanto a deitava na cama. Aquilo era um sonho? Se fosse, eu não queria acordar. Em poucos minutos, arrancamos nossas roupas e eu me deitei sobre ela, sentindo seu corpo quente, sua pele suave e cheirosa, sua vulva úmida de excitação resvalando em meu pau. Caralho, eu a queria muito! Meu membro quase doía de tão duro. Eu precisava dela. — Deve ter camisinhas aí ao lado — ela disse com o rosto afogueado. Procurei e encontrei alguns pacotinhos perto da cama. Abri um e vesti o meu pau sob os olhares ardentes de Luiza. Voltei a cobri-la com o meu

corpo e ela se abriu para mim, enroscando suas pernas em minha cintura. Penetrei-a. Ah, cacete! Que delícia senti-la daquele jeito. Luiza gemia enquanto eu me movimentava sobre ela e a beijava. Aumentei meu ritmo e fui mais fundo. Gemi. Puta merda! Meu gozo chegou rápido, rápido demais! — Desculpe... — murmurei ofegante. — Não consegui segurar. Ela riu e me virou, ficando por cima. — Desde que continue duro, não me importo. — Luiza retirou a camisinha usada e colocou outra. Então começou a me cavalgar enquanto eu passava meu polegar em seu clitóris entumecido. Ela arqueou as costas e jogou a cabeça para trás. Seus seios eram uma visão do paraíso e eu passei a acariciá-los com a minha mão livre. — Ah, Lipe... — gemeu ela. — Você é tão gostoso! Seus quadris iam e vinham sobre mim em uma massagem excitante. Continuei a circundar seu ponto sensível com o dedo até a onda de prazer chegar para ela também. Luiza gemeu alto e apertou meu pau dentro de si. Nessas alturas eu já estava pronto para outra gozada, mas eu queria de outro jeito. Tirei-a de cima de mim e a virei de bruços na cama. Dei uma mordida de leve em seu pescoço, arrancando-lhe uma risada gostosa e me ajoelhei entre suas pernas. Admirei por alguns segundos aquela bunda redonda e macia e em seguida puxei-a para mim, fazendo Luiza ficar de quatro. Ela virou o rosto para me olhar e sorriu. — Gostoso! — falou. — Me fode com vontade! Fiquei louco. Penetrei-a de uma só vez, até minhas bolas encostarem em sua bunda, e ela gritou. — Te machuquei? — perguntei preocupado. — Não — ela disse sorrindo. — Pode meter, Lipe! Quero sentir você todo. Segurando firmemente em suas ancas, passei a estocá-la profundamente. Cada investida era um gemido. Luiza gritava e parecia que ia se desmanchar em minhas mãos. — Puta merda, que pau delicioso! — exclamou. — Não para, Lipe, não para! Não parei e, com uma estocada mais funda, liberei meu gozo novamente. Assim que os espasmos cessaram, apertei sua bunda e me inclinei, depositando-lhe um beijo nas costas. Só então saí de dentro dela,

tirei a camisinha e me deixei cair de lado. Luiza sorriu e me deu um beijo. — Gostoso! — Maravilhosa! Nós dois rimos e ela deitou a cabeça em meu peito. Logo que nossas respirações voltaram ao normal, resolvemos encher a banheira de hidromassagem. Aquilo tudo era novidade para mim e eu estava me deliciando. Mas também me peguei pensando em quantas vezes Luiza havia estado em motéis como aquele com outros caras. Um pensamento incômodo que tratei logo de expulsá-lo da minha cabeça. Não importava com quantos homens ela já havia se deitado, agora ela estava ali comigo, e isso é que era o importante. Após algumas brincadeiras na banheira, voltamos para a cama e transamos novamente. Fizemos 69 e eu gozei na boca dela. Aquilo era bom demais! Caralho! Somente lá pelas 2 h da madrugada é que sossegamos e nos aconchegamos nos braços um do outro. — Lou... — chamei enquanto lhe acariciava os cabelos. Ela me olhou. — Não se importa mesmo que eu seja mais novo do que você? — Não... por que me importaria? — Não sei... Você deve estar acostumada a sair com caras mais velhos... — Idade não importa. — Mas experiência, sim. — Não para mim. — Luiza suspirou e se ergueu para me dar um beijo. — Pare de se menosprezar, Lipe. Se estou com você é porque eu quero estar com você. Pouco me importa idade, experiência ou seja lá o que estiver passando aí pela sua cabeça. — Eu queria saber o que você viu em mim... — Sorri meio de lado. — Você é lindo, mas não é só por isso, não sei explicar... Apenas sei que meu coração bate forte por você... Ouvir aquelas palavras me davam esperança, mas também me angustiavam. Eu não sabia que caminho era aquele que estávamos tomando. Por isso me ergui apoiado nos cotovelos e a fitei nos olhos. — O que espera de mim, Lou? Ela sorriu. — Quer ser meu namorado?

A pergunta direta me pegou de surpresa e eu desabei na cama olhando para o teto espelhado, observando o reflexo de nossos corpos nus. — Quer mesmo namorar um astrônomo que ainda não tem um emprego de verdade? Luiza passou a mão em meu peito e sorriu. — Eu também sou astrônoma e também não tenho um emprego de verdade. Então estamos quites. — Ela riu. — Lipe, vamos deixar que o tempo se encarregue de nos mostrar o caminho. Pode não ser fácil, mas também pode não ser tão difícil. Não adianta nos preocuparmos com isso agora, mal começamos o nosso mestrado... — Quer mesmo arriscar seu futuro comigo, então? — O futuro é algo tão incerto. Deixe as coisas fluírem normalmente, enquanto isso, aproveitamos a vida. — Luiza piscou e eu sorri, tomando-a com outro beijo. Mergulhei meu nariz em seus cabelos e suspirei, pensativo. Por muito tempo eu vivi apenas dentro da minha zona de conforto, fugindo daquilo que eu não podia controlar. Eu reconhecia que precisava parar de me preocupar com coisas que estavam fora do meu alcance e aproveitar mais a vida. Aliás, com meus 24 anos de nerdice, já estava mais do que na hora de ser mais confiante e parar de perder tempo com minhas inseguranças. Com um sorriso, Luiza me puxou para cima de seu corpo e nos beijamos outra vez, enquanto eu me enterrava dentro dela novamente. O futuro podia ser incerto, mas eu sentia que uma nova porta estava se abrindo em minha vida. E, para a minha felicidade, a responsável por isso era a mulher mais incrível, linda e gostosa que eu já tinha conhecido, a sobrinha da minha vizinha, a garota da janela.

Ah! Férias... O momento mais esperado do ano e, infelizmente, o que passa mais rápido... Coloquei minha enorme mala sobre a cama com aquele desespero natural de quem vai ter que lavar o que está sujo e guardar o que não está. Desfazer as malas era a pior parte. Não só pelo trabalho, mas pelo significado. Minhas férias estavam acabando... Respirei fundo. Calma, Samantha, ainda temos dez dias! disse para mim mesma. Dez dias para não fazer nada! Dez dias para curtir minha vida de recém-divorciada, com direito a balada e, quem sabe, uns gatos em minha rede. Pelo menos eu ainda fazia algum sucesso, mesmo não sendo mais uma menininha. Apesar de estar meio enferrujada quando o assunto era paquerar, com meus 35 anos eu conseguia manter o corpo em forma pela natação e, de vez em quando, arrancava alguns olhares dos machos alfa da academia, embora eu não desse muita atenção a isso. Depois de anos de um casamento falido, onde eu e meu ex mal nos olhávamos, a melhor coisa que fizemos foi nos divorciarmos. Aproveitei para dar uma erguida na minha autoestima e fui cuidar de mim. Mudei meu cabelo, cortei um pouco, deixando na altura do sutiã, e fiz umas luzes, quebrando o castanho uniforme que era antes. As crianças sofriam um pouco com a ausência do pai que, por conta de uma oportunidade de trabalho, acabou se mudando para outro estado, mas

ele aparecia pelo menos uma vez por mês e essas duas últimas semanas de férias escolares elas passariam lá com ele. Livre! Era assim que eu me sentia naqueles dias. Como a Elza naquele desenho da Disney. Não que eu não amasse meus filhos de 5 e 8 anos, mas quem é mãe sabe como é difícil e estressante lidar com dois garotos em casa o dia todo, ainda mais sozinha. Então, um pouco de liberdade vinha a calhar. Guardei o que tinha que guardar e passei a tarde vendo TV. Quando começou a escurecer, fui tomar um banho. Eu tinha combinado com Lídia, minha melhor amiga, de sairmos essa noite e estava animada. Fui buscá-la em casa e de lá fomos para uma boate. — Não arrumou nenhum gato na viagem? — ela me perguntou ao nos sentarmos em um canto do bar. — Arrumei alguns... — gargalhei. — Uau! — Ela bateu palmas. — Aleluia! Dei de ombros. — Depois de cinco meses de divorciada, estava na hora de eu soltar minhas amarras, né? — Com certeza, amiga! Pelo menos, você está melhor do que eu. Aqui embaixo já está criando teia de aranha. — Ela riu. — Não exagere, não faz duas semanas que você dispensou o último namorado. Quanto a mim, não posso dizer que foi lá aquelas coisas... Lídia ergueu uma sobrancelha. — Como assim, mulher? — Os caras não tinham a pegada certa. — Eu ri. — Anda muito exigente, Sam. — Talvez..., mas eles eram muito sem graça. De ruim de cama já basta meu ex. — Balancei a cabeça e sorri meio de lado. — Eu queria experimentar algo diferente... — falei pensativa. — Diferente como? — Algo com uma pegada mais forte, assim... perigosa, bruta, com emoção! — Bruta? Tipo chicote, essas coisas? — Ela riu. — Não, não... Não me atrai a ideia de apanhar, mas às vezes penso em como seria fazer sexo com um desconhecido... — Desconhecidos é o que não falta aqui — apontou ela para a pista

de dança. — Não assim... eu queria algo inesperado... — Sorri. — Eu tenho um fetiche, sabe? — Fetiche? — zombou. — Sim, eu queria tipo ser presa na minha cama por um cara bem gostoso e depois ser comida por ele. — Mordi meu lábio imaginando a cena. Lídia arregalou os dois olhos como uma coruja. — Tipo num sequestro? — Tipo isso... — Tá maluca, Samantha? Que horror! Tá romantizando estupro? — minha amiga indignou-se. — Não, Lídia. Eu hem! É claro que seria um horror se algo assim ocorresse de verdade. Deus me livre ser sequestrada e violentada! É só um fetiche utópico, daqueles que a gente sonha, mas que sabe que nunca vai ocorrer e nem quer que ocorra, porque se acontecesse mesmo seria terrível. Por alguns segundos, ela continuou me olhando como quem olhava para um alien. — Não sei se entendi, mas me lembrei de uma coisa. Espera... — Lídia pegou o celular e começou a digitar algo. — O que está fazendo? — perguntei curiosa. — Tenho uma conhecida no trabalho que andou usando um serviço de realizar fetiches, ou a fantasia das pessoas, algo assim. Pedi para ela o telefone. Olhei-a com espanto. — Existe isso? — Existe, menina. Ela disse que a fantasia dela era transar com um piloto de avião. Não sei se o cara era piloto de verdade, mas ela me contou que eles a levaram até o aeroporto e a colocaram em um avião fretado. Aí, no meio do voo, ele apareceu com aquela roupa chique e foi um fogo só. — Nossa! Que legal! Mas deve ter saído caro isso. — Acho que sim... Ela não me disse quanto foi, mas disse que valeu cada centavo. — Lídia riu. — Interessante isso — ponderei, pensando seriamente no assunto. — Seria um risco calculado... — Ah, sim, com certeza! Parece que eles têm um contrato. Fazem tudo certinho como você quer. — Olha só, gostei! Me passe o telefone dessa empresa assim que

conseguir, por favor. Nós duas rimos e continuamos a curtir a balada. Logo fomos abordadas por uma dupla de rapazes que nos pagaram uma bebida e nos convidaram para sair dali. Sinceramente, eu não estava a fim, então recusei, mas Lídia ficou interessada. Ela queria muito tirar as teias de aranha e acabou topando ir com os dois. Não posso negar que fiquei preocupada. Peguei o telefone deles e fiz ela prometer me ligar ou mandar uma mensagem que estava bem. Fui para casa e não dormi direito até receber a ligação dela, horas depois, dizendo que já estava em casa. Respirei aliviada e só então peguei no sono pesado. Acordei com o sol alto e sentindo uma leve dor de cabeça. Cacete! Tudo o que eu não precisava naquele domingo era de uma ressaca. Tomei meu café perto da hora do almoço e não consegui engolir quase nada. Praticamente fui me arrastando até o mercado a fim de comprar algo para colocar na geladeira, que estava às moscas depois da viagem que eu fiz. Na volta, encontrei minha vizinha cortando a grama. Como moro em um pequeno condomínio fechado com uma entrada única e guarita de segurança, as casas aqui não têm muros altos e quase todas possuem jardim na frente. Alguns moradores cuidavam do próprio jardim, como eu, mas não a minha vizinha, por isso estranhei. — Oi Rute, aconteceu algo com o jardineiro? — Ah, nem me fale! Ele foi passar uns dias com a família em outra cidade, vai demorar uns quinze dias para voltar. — E não dava para esperar um pouquinho? — perguntei, reparando no suor que cobria o rosto da mulher. — Isso aqui ia virar mato se eu esperasse. E eu quero deixar tudo em ordem para quando o Juninho chegar. — Ele está voltando? — perguntei curiosa. — Pois é. O pai tocou ele de casa e agora ele está vindo para cá. Como eu, Rute tinha se divorciado, mas havia se casado novamente. Foi quando ela se mudou para o condomínio. O filho, no entanto, preferiu continuar morando com o pai e eu praticamente não o conhecia. Algumas vezes cheguei a vê-lo de relance quando ele vinha visitar a mãe nas férias, mas isso foi há muitos anos, Juninho era um adolescente na época. Depois ele

sumiu; pelo que entendi, foi fazer faculdade em outra cidade. — Nossa, Rute. Tocou ele de casa por quê? — Eles brigaram feio. Parece que o pai não aceita as escolhas dele e quer mandar até na sua profissão. O Juninho estava fazendo administração em uma faculdade boa da capital, mas desistiu quase no fim e o pai não aceitou isso. — Entendo... E o seu marido? Não se importa do seu filho estar vindo morar aqui? — Não, Nelson se dá bem com ele e temos um quarto sobrando. Juninho está trabalhando também e disse que vai ajudar nas despesas da casa. Ele só quer ficar aqui por um tempo. Até encontrar um emprego melhor que dê para ele pagar um aluguel e viver por conta. — Certo. Que bom então, Rute. Vai poder curtir o filho um pouco... — Peguei minhas sacolas de compras do banco. — Deixa eu entrar ou as coisas de freezer irão derreter tudo aqui. Até mais! Rute acenou com a mão e voltou a se ocupar do jardim, enquanto eu fui guardar as compras e comer algo. Agora sim eu estava com fome. Naquela tarde, Lídia me passou o tal do telefone da empresa de fetiches. Um friozinho tomou conta da minha barriga e decidi que ligaria no dia seguinte.

Segunda-feira chegou e com ela um leve desapontamento. Era minha última semana de férias e eu não tinha muito o que fazer a não ser cuidar da casa, do jardim e assistir uns filmes. Olhando o celular de manhã, dei de cara com a mensagem da Lídia. Respirei fundo, me faltava coragem. Adiei um pouco minha decisão, ainda teria o dia inteiro para ligar. Um pouco antes do almoço fui até o shopping comprar algumas coisas que eu estava precisando, almocei por lá mesmo e decidi emendar com um filme no cinema. Mas quem vai ao cinema sozinha? Eu mesma! Afinal, eu tinha que aproveitar, porque nas dez últimas vezes que eu estive no cinema, foi para assistir animações da Disney ou coisa parecida. Ser mãe é assim... a gente molda nossa vida e nossa diversão pelos filhos. Eu amo ser mãe, não se engane. E estava com saudades dos meus pimpolhos, mas já que eu estava de folga, tinha que aproveitar! Ao voltar para casa, notei uma moto na frente da garagem de Rute. Devia ser do Juninho, filho dela. Entrei, me larguei no sofá e fiquei olhando para o celular, para o número de telefone diante de mim. Minha mão coçava para ligar, mas meu coração batia acelerado. Balancei a cabeça a fim de espantar os meus fantasmas. Não tinha nada demais, eu só iria pegar algumas informações e depois analisaria se seria interessante ou não. Ansiosa, liguei para o número e uma moça gentil atendeu. Ela

explicou como funcionava o serviço e que os valores dependiam do que o cliente pedia. Era necessário primeiro preencher um questionário que eles mandariam por e-mail e depois eu teria que comparecer à empresa para negociar os termos e fechar o contrato. Passei meu e-mail para a moça e aguardei. Estava um pouco nervosa, mas excitada. O sexo no final do meu casamento era quase inexistente e, depois da separação, eu só havia saído novamente com alguém durante a viagem de férias mesmo, um cruzeiro de cinco dias. Mas a verdade é que foi decepcionante, para não dizer péssimo. Primeiro porque tive que dividir a cabine com uma mulher que eu não conhecia e que gostava de dormir cedo. Ou seja, não podia levar ninguém lá. Eu estava louca para dar, pois, como dizia Lídia, minhas teias de aranha já estavam dando nó. Mas depois de tanto tempo sem praticar o ato da sedução, confesso que me sentia estranha, meio desconfortável em me insinuar para alguém, eu parecia um peixe fora d’água. Somente no segundo dia de viagem foi que consegui me soltar um pouco e conhecer um cara. Conversa vai, conversa vem, fomos para a cabine dele. Infelizmente, o carinha também tinha companhia e acabamos fazendo sexo às pressas, enquanto o amigo com quem ele viajava tomava um banho. Resultado, só ele gozou, claro. No terceiro dia, um belo homem, um pouco mais velho do que eu veio falar comigo no bar. Aí eu pensei. Opa, esse vai! Foi nada! Tão ruim quanto o outro. Gozou, virou para o lado e dormiu, roncou ainda por cima. Tenha santa paciência. Só serviu para eu ficar com raiva. Depois disso desisti. Curti o restinho da viagem sem me preocupar com homens e sem ficar na neura de fazer sexo. Mas eu continuei com as minhas vontades. Meu sonho era fazer um sexo louco, gozar muito e poder me esbaldar com um pau bem gostoso. Sempre tive meus anseios, meus sonhos, meus próprios fetiches. E quem sabe agora poderia concretizá-los... Só de pensar nisso, meu estômago dava cambalhotas. O e-mail chegou rápido e eu me assustei com o tanto de perguntas que eu precisaria responder. Além dos dados pessoais, havia uma parte só para dados médicos,

onde eu precisava dizer se tinha problemas cardíacos, hipertensão, diabetes, depressão, alergias a comida, remédios ou outras coisas, se era portadora de alguma DST, se tinha pinos ou placas, ou problemas de mobilidade, se fazia uso de medicamentos controlados e até se eu costumava ter enxaqueca. Passei para a terceira parte e outro questionário enorme me esperava. Como eu já tinha falado para a moça mais ou menos no que eu estava pensando como fantasia, ela me enviou um questionário que era próprio para o tema. Mas antes de tudo, havia um espaço onde eu precisaria descrever detalhadamente o meu fetiche. Inspirei fundo e estalei os dedos. Pensei em várias coisas, mas uma não me saía da cabeça e, embora parecesse ser chocante, como seria em um ambiente controlado, me entusiasmei com a ideia. “Quero ser feita cativa, quero me sentir presa e impotente, quero que meu sequestrador seja gostoso e lindo de morrer, e que tenha um pênis grande — eu ri ao escrever aquilo —, mas que não seja tão grande a ponto de machucar. Quero que ele me faça sentir medo, emoção, mas não terror, que me faça sentir desejada e que me faça gozar muito. Não quero apanhar, não quero que me machuque, não quero ser humilhada e não quero ser violentada, caso eu desista. Quero uma garantia de que ele vai parar se eu pedir.” Li e reli, e achei que estava bom. O próximo passo era responder o questionário. Okay, vamos lá. Para cada pergunta tinha um quadradinho para “Sim” ou “Não”. Primeira pergunta: Você é virgem? — essa foi fácil, marquei no “N” Aceita penetração vaginal? (Esteja ciente de que será utilizado preservativo) >> “S” — minha perseguida esquentou só de imaginar aquilo. Aceita penetração anal? (Idem ao anterior) >> “N” — nem pensar, meu ex-marido me forçava a isso de vez em quando e eu odiava. Aceita sexo oral? >> “S” — será que eu podia colocar S várias vezes? Sente dor ao fazer sexo? >> “N” Já fez sexo grupal? >> “N“ Aceita fazer sexo grupal? >> “N” — talvez, um dia, mas não

dentro do meu fetiche... Aceita o uso de brinquedos sexuais? Se “Sim”, marque com um X quais você aceita >> “S” — olhei a lista e comecei a marcar: Vibrador, venda, algemas, pênis de borracha — tinha uma série de outras coisas lá que eu não tinha ideia do que era ou para que servia, por isso achei melhor não marcar. É praticante de BDSM? >> “N” Caso seu fetiche se relacione a essa prática responda às perguntas a seguir... Dei uma olhada por cima nas questões , mas pulei essa parte. Eu não tinha interesse em BDSM propriamente dito, embora meu fetiche envolvesse ser amarrada. Fiquei na dúvida. Sinceramente eu não sabia, mas a moça disse que se eu tivesse perguntas poderia fazê-las pessoalmente depois. Terminei o questionário com um sorriso no rosto e uma sensação de cócegas na barriga. Em seguida, devolvi o e-mail com as respostas torcendo para que eles não demorassem muito para me dar o orçamento. Só esperava que não ficasse muito caro. No outro dia de manhã, eu estava fazendo uma faxina na casa quando recebi a ligação da empresa. Levei um susto ao ver o número e meu coração disparou. Atendi e, enquanto a moça falava do outro lado da linha, eu parecia uma barata tonta andando em círculos pela sala. — Sim — respondi. — Posso ir hoje à tarde, sim. Certo, 14 h, combinado. Desliguei o celular com a mão sobre a boca. Então me larguei no sofá, rindo como uma maluca. Eu ia mesmo fazer aquilo? A moça havia me passado o preço. Era caro, mas não era nada absurdo e ainda dividiam em três vezes. Ela disse que a minha fantasia era simples e que não despendia muitos custos, felizmente. Mais confiante, me troquei após o almoço e fui até o escritório da empresa no centro da cidade. Gostei do lugar, do ambiente sóbrio, mas decorado com uns quadros picantes. A moça da recepção estava super bem vestida e, aparentemente, pareciam ser sérios. Uma outra moça veio me atender, muito elegante também, e me pediu para acompanhá-la até sua sala. — Boa tarde, meu nome é Margarete; muito prazer, Samantha. Posso

te chamar assim? — Claro — concordei. Ansiedade era meu segundo nome. A moça pediu para eu me sentar e me ofereceu um café, que aceitei sem hesitar. — Analisamos o seu pedido e gostaríamos de confirmar algumas coisas antes de redigir o contrato. — Ela conferiu algo em seu computador. — Primeiro deve saber que nossas fantasias são bem realistas e que procuramos fugir dos estereótipos. Então, se você pedir para ser sequestrada, você será sequestrada entendeu? Balancei a cabeça confirmando, meu estômago cheio de borboletas. — Você tem alguma pergunta que queira fazer antes de continuarmos? — falou ela. — Sobre a parte do BDSM, deixei em branco porque não conheço quase nada dessa prática. Não sei se se encaixa. — Não exatamente, embora sua fantasia tenha elementos parecidos, como ter sua mobilidade limitada ou uso de vendas. — E como vai ser? Eu estou de férias agora, mas semana que vem volto a trabalhar e meus filhos também estarão em casa. Vamos agendar uma data? Aí posso ver alguém para ficar com eles. — Na verdade, dado o tema de sua fantasia, o ideal não seria marcar uma data propriamente. Teria algum problema se fosse durante essa semana? — Não, seria ótimo. — Tem algum animal em casa para cuidar ou alguém que precise avisar que poderá se preocupar com o seu sumiço? Aquela pergunta me deu calafrios, mas respondi que não. — Perfeito. Em casos como o seu, que envolve uma tensão psicológica, nós estabelecemos uma palavra de segurança. Se você se sentir muito pressionada, poderá interromper a fantasia usando a palavra escolhida. O contrato será cancelado, mas você não terá direito a reembolso. De nossa parte, prometemos cumprir apenas com o combinado, não extrapolando os limites ou fantasias estabelecidos. Está de acordo? — Sim. — Muito bem, vamos rever juntas sua fantasia e suas respostas. Qualquer coisa que queira incluir ou modificar, deverá ser feito agora. Repassamos as informações que eu mandei por e-mail, ela me perguntou mais algumas coisas e pediu mais alguns detalhes, e eu reiterei o fato de que não queria apanhar, muito menos que me machucassem.

Ela me olhou pensativa. — Nem uns tapinhas na bunda? Pode ser interessante no seu caso — sugeriu. Devo ter ficado vermelha, não sei, mas eu ri. — Se for uns tapinhas bem leves, pode ser. Não quero ficar com vergões ou sentir dor — afirmei. — Tapinhas leves nas nádegas, certo... — Ela digitou no computador. Céus, onde eu estava me metendo? Sorri comigo mesma. Estava meio apreensiva, claro, mas excitada com a ideia de que em breve meu fetiche se realizaria. — Qual será sua palavra de segurança? — perguntou a mulher. — Não escolha palavras óbvias como “pare” ou “por favor” ou “me solte”, pois assim você poderá usar essas palavras dentro da sua fantasia sem interromper o contrato. Também não escolha uma palavra muito difícil, porque se você não se lembrar, não adiantará pedir de outra forma que ele não irá te atender. Pensei um pouco. — Pode ser “cancele”? É meio óbvia, mas eu não acredito que falaria isso sem querer durante a fantasia. — Sim, me parece boa. — Ela digitou e me olhou novamente. — Muito bem. Mais alguma dúvida, Samantha? — O rapaz vai ser bonito mesmo? — Sorri meio envergonhada. — Posso te garantir que será bonito e bem dotado, como pediu. Contudo, não poderá ver totalmente o rosto dele. — Por quê? — Pela característica da sua fantasia. Como eu disse, tentamos aproximar o máximo a fantasia do que seria a realidade. Outro arrepio me acometeu e eu mordi meu lábio. A mulher imprimiu uns papéis e me entregou. — Esse é o contrato. Leia com calma e se concordar com tudo o que está escrito, rubrique todas as páginas e assine a última. São duas vias. Você ficará com uma cópia. — Ela se levantou. — Vou te deixar à vontade; quando terminar, entregue uma das vias assinada para a moça da recepção. Se ainda tiver alguma dúvida peça para ela me chamar. O pagamento você também acerta com ela. — Okay. Obrigada. — Nós é que agradecemos sua confiança e esperamos que tenha uma ótima experiência.

A mulher me estendeu a mão e nos despedimos ali. Li o contrato e me pareceu estar tudo em ordem, era bem detalhado e possuía garantias para ambos os lados. Inspirei fundo, assinei e fui acertar o pagamento na recepção. Assim que deixei o contrato lá e saí, meu coração começou a bater forte. Minha fantasia poderia se realizar a qualquer momento.

Fui para casa e mandei uma mensagem para a Lídia dizendo que tinha fechado o contrato e que se eu sumisse por uns dias era para ela não se preocupar. Não demorou cinco minutos e ela me ligou querendo saber dos detalhes. Eu estava super ansiosa e conversamos por mais de meia hora. Lídia era uma ótima amiga e ela também ficou entusiasmada com minha ousadia, fazendo eu prometer que contaria tudo em detalhes depois. Rimos muito e quando desliguei, me sentia mais leve. Preparei meu jantar, tomei um banho e liguei para os meus filhos para matar as saudades, avisei também meu ex que se caso eu ficasse uns dias sem aparecer, não era para ele se preocupar, pois eu estaria em um “retiro”. Sim, menti, óbvio. Em seguida, assisti um filme e somente lá pela meia-noite fui dormir. Demorei a pegar no sono. Estava agitada, mas estava feliz. Acordei com um barulho estranho na casa. Eu tinha o sono leve e tive a impressão de ter escutado alguma porta bater. Fiquei prestando atenção por alguns segundos, mas estava tudo silencioso. Imaginei que poderia ter sido alguma corrente de ar e aproveitei para me levantar e ir ao banheiro. O relógio de cabeceira marcava 3h15. Bufei, detestava acordar àquele horário porque depois dificilmente conseguia pegar no sono de novo. Saí do banheiro e já ia me deitar quando vi, pela fresta da porta entreaberta do quarto, o reflexo de uma luz. Paralisei por um instante e, no seguinte, já estava correndo para fechar a porta, mas ao chegar perto, ela se

escancarou e dois homens encapuzados entraram por ela. Fiquei em pânico, como eles tinham entrado ali? O condomínio era seguro, ninguém entrava sem a autorização de um morador. Não podiam ser da empresa que eu havia contratado. Aqueles caras eram bandidos mesmo, que provavelmente haviam rendido o segurança da guarita, era a única explicação. Tentei correr, mas braços fortes me seguraram e eu senti apenas um pano com cheiro estranho ser colocado em meu rosto. Me debati freneticamente, mas conforme inalava aquele cheiro, fui perdendo as forças e minha mente foi ficando confusa, até que apaguei.

Acordei com sede e com algo sobre os olhos que me impediam de enxergar. De início me senti atordoada, perdida no tempo e no espaço. Tentei tirar o tecido que me bloqueava a visão, mas meus braços não chegaram, estavam presos. Só então me dei conta do que tinha acontecido naquela noite. Meu coração disparou, eu estava começando a me lembrar dos homens em minha casa, dentro do meu quarto. Puxei novamente meus braços e senti a resistência das tiras em meu pulso, parecia couro. Para o meu desespero, meus pés também estavam presos. Puxei-os em vão. Eu até tinha um pouco de mobilidade, mas não o suficiente para alcançar meu rosto com as mãos, nem fechar totalmente as pernas. Senti o suor escorrer pelas minhas têmporas e minha respiração ficou mais rápida. Pensei no contrato que eu havia fechado e tentei me acalmar, mas e se não fosse? Não conseguia imaginar como duas pessoas estranhas entrariam no condomínio sem autorização. Uma empresa como aquela que eu havia estado não ameaçaria ou renderia o cara da segurança só por conta de uma simulação. Também não acreditava que pudesse ter sido suborno. Engoli em seco. Se fossem mesmo bandidos, o que eles estavam querendo? Dinheiro? Eu nem guardava isso em casa, não tinha joias ou muitas coisas de valor. Tentei prestar atenção aos barulhos da casa, mas estava tudo silencioso. Silencioso demais! Talvez eles já tivessem roubado tudo o que queriam e ido embora. Achei melhor gritar por socorro. Certamente a Rute ou o vizinho do

outro lado ouviriam. As casas não eram muito distantes umas das outras. — Socorro! — gritei a plenos pulmões. — Alguém me ajude, estou presa! Rute! Me ajuda, socorro! Continuei gritando por uns cinco minutos, até minha garganta ficar seca e começar a doer. Esperei um pouco, talvez alguém já estivesse escutado. Meu maior medo era ficar presa ali, sem água e sem comida e sem que ninguém soubesse disso. Eu morreria com certeza! Pois ninguém me procuraria. Nem Lídia, que eu havia alertado para não se preocupar se eu sumisse por causa do contrato. Aguardei algo em torno de dez minutos e voltei a gritar. Ao final já estava chorando, mas não podia chorar, não podia desperdiçar água. A mente da gente é estranha. Naquele momento, minha ideia principal era como sobreviver se ninguém viesse, como sair daquela cama? Puxei novamente minhas amarras, forçando o pulso, mas estava bem presa. — Droga, merda! Desgraçados! — xinguei. — Gritar, xingar ou tentar se soltar não vai adiantar — alguém disse secamente. Era um homem... Virei meu rosto na direção do som daquela voz. O medo me fez gelar, ao mesmo tempo em que fiquei aliviada por saber que não morreria de sede presa à uma cama. — Não tenho dinheiro em casa, nem joias. De valor só tenho computador, TV, essas coisas. Levem tudo, mas me soltem, por favor. — A gente já pegou o que queria, inclusive você — ele falava como se estivesse se divertindo. — Eu? Como assim? O que querem de mim? — Tudo. — Tudo o quê? Senti, então, a mão dele na minha canela. Ele fez leves círculos com os dedos na minha pele e começou a subir pela minha perna. — Não! — gritei apavorada quando ele passou dos joelhos. Tentei me mover, a fim de me afastar do toque dele, mas ele riu e sua mão permaneceu na minha coxa. — Pode gritar à vontade, e tentar sair daí só vai te machucar. Aceite e desista, você não vai a lugar algum, mulher. — Sua mão subiu mais por dentro da camisola e seus dedos escorregaram para o meio das minhas coxas.

Nessas alturas, meu coração já estava saindo pela boca. Não podia ser, eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo comigo. Eu tinha um fetiche com aquilo, mas era só uma fantasia, nunca quis que fosse real. E o fato de estarem em dois me convencia ainda mais de que não se tratava da empresa que contratei. Afinal, eu havia marcado “Não” para sexo grupal. Lágrimas começaram a sair de meus olhos, mas elas não escorriam, apenas molhavam a venda. A mão do homem subiu mais e alcançou minha virilha. Ele começou a passar o dedo ali. — Não, pare, por favor — pedi. — Não gosta de carinho, boneca? — seus dedos escorregaram de novo para o interior das minhas coxas, quase me tocando. — Não de você! — exclamei me debatendo como podia. — Não me toque seu nojento! Ele gargalhou e retirou a mão. Senti o suor escorrer pela lateral do meu rosto, eu respirava de forma ofegante e meu coração batia como um louco. Minha garganta doía. — Preciso de água — falei. Escutei passos e percebi que ele tinha saído do quarto. Meus músculos relaxaram um pouco e só então vi como estava tensa. Respirei fundo tentando pensar em minha situação e em minhas opções. Eu não podia perder a cabeça, ou corria o risco de não sair viva dali. Pensei na palavra de segurança do contrato. Mas se eles fossem bandidos, não adiantaria de nada falar a palavra, provavelmente iriam rir da minha cara e me violentar da mesma forma. Entretanto, se fossem da empresa que contratei, tudo aquilo não teria passado de encenação. Eu ficaria livre, o contrato seria cancelado, mas eu perderia o que havia pago e não teria realizado o meu fetiche. Meu fetiche... Não era isso o que eu queria? Ser sequestrada e tarada por um desconhecido? A mulher havia me dito no escritório que eles procuravam deixar as fantasias o mais próximo do real. E eu havia concordado. Mas aquilo estava real demais... Merda! Merda! Inspirei fundo... Encenação ou não, se eu falasse a palavra de segurança de nada adiantaria, sairia perdendo de qualquer forma. Eu estava com a cabeça tão confusa... não conseguia raciocinar direito. Eu só queria esclarecer aquilo a fim de saber com o que realmente eu estava lidando. Até que ponto eu deveria me desesperar?

Escutei passos novamente e senti a mão do homem passar por baixo da minha nuca, erguendo minha cabeça do travesseiro. Ele encostou o copo d’água na minha boca e eu comecei a sorver o líquido refrescante. Queria beber mais rápido, mas ele não virava o copo direito. Ah, que nervoso que isso me dava! Devo ter tomado mais da metade do copo. Quando me senti satisfeita, virei meu rosto para o lado e ele entendeu o gesto, retirando o copo de perto e a mão da minha nuca. — Isso é um sequestro? Vocês estão pedindo algum tipo de resgate por mim? — perguntei, mas não obtive resposta. — Cadê o seu comparsa? — insisti. — Ele já foi. — E por que você não foi com ele? — Porque eu ainda queria algo mais. Quero, na verdade. Engoli em seco, estava claro que ele estava falando de mim. — Escute, não faça isso, por favor. — Por que não? — Não é obvio? É errado, é cruel... Não quero! — E por que você acha que tem que querer alguma coisa? — Ele riu. — Quem tem que querer aqui sou eu, e você vai ficar quietinha. Ou pode gritar, se quiser, ninguém vai ouvir mesmo. — Você é um asqueroso! — Acho que vai mudar de ideia quando ver o meu pau. — Nojento! Não quero ver o seu pau. Não chegue perto de mim! — gritei histérica. Ignorando meus gritos, ele novamente me tocou. Mas desta vez foi no ventre, por cima da camisola. Ele começou a passar os dedos ali e me senti impotente. A raiva era tão grande que eu cuspi na direção que ele supostamente estava. O filho da puta riu novamente. — Você não só vai ver meu pau, docinho, mas vai ver tudo o que eu vou fazer com você. Senti a mão dele sair da minha barriga e ir até a venda, arrancando-a por cima da cabeça. Pisquei os olhos com a claridade. Não que estivesse tão claro, mas minhas vistas levaram alguns segundos para se acostumar. A primeira coisa que consegui enxergar foi o bandido. Ele tinha um capuz escuro na cabeça que cobria metade de seu rosto até a altura do nariz,

havia apenas dois buracos para os olhos, olhos de um castanho claro que me encaravam sem emoção. Reparei também que ele vestia um jeans e uma camiseta preta colada, era alto e tinha o peito largo, músculos definidos, mas não era muito massudo. Franzi o cenho. Mas que idiotice a minha reparar nisso numa hora daquelas. Olhei em volta e só então percebi que não estava no meu quarto. Era um lugar estranho, um quarto simples com poucos móveis, cuja janela estava fechada e coberta por uma grossa cortina. Não dava para saber se já tinha amanhecido ou não. — Onde eu estou? Que lugar é esse? — Meu coração deu um novo salto. — Não te interessa. — Ele fitava meu corpo de alto a baixo e dessa vez eu vi a intenção dele em me tarar. Uma sensação gelada invadiu o meu estômago. — Preciso ir ao banheiro — falei. Ele me olhou por alguns segundos e foi até uma mesa de canto onde havia uma grande mala preta. Retirou de lá uma corrente com algumas argolas e voltou, prendendo duas delas em minhas canelas. Só então soltou as tiras de couro das amarras que prendiam meus pés à cama. — Sente-se — ordenou. Com dificuldade, apoiei-me nos cotovelos e arrastei minha bunda para cima, me sentando. Ele pegou as outras duas argolas que pareciam algemas, e as prendeu nos meus pulsos, as correntes das argolas ligavam meus dois pés e subiam conectando meus dois pulsos. O espaço entre meus punhos não era maior do que meio metro, assim como entre meus pés. — O banheiro fica ali. — Ele apontou para uma porta. Era sério que eu teria que ir ao banheiro daquele jeito? Merda! Bufei e sai da cama desengonçadamente. Meus músculos das costas doíam. Não sei se era por causa da tensão ou por ficar na mesma posição durante horas. O banheiro era limpo, pelo menos. Estranhei, limpo até demais para um cativeiro. Uma pequena e estreita janela no alto revelava que já era dia, mas não dava para enxergar nada através do vidro texturizado e também não conseguiria fugir por ali. Era muito estreita. Fiz as minhas necessidades, lavei meu rosto e pensei em me trancar ali e gritar mais um pouco, quem sabe alguém ouvisse. Mas logo vi que o banheiro não tinha chave.

Como se estivesse adivinhando, uma batida forte soou na porta. — É melhor sair logo daí, ou eu que vou entrar! — avisou o homem. Franzi o cenho. Idiota! Miserável! Por outro lado, que tipo de bandido batia na porta para avisar que ia entrar? Comecei a desconfiar. Eram pequenos detalhes que não se encaixavam. E aquela mala escura? Parecia ter outras coisas lá. Mas por que um ladrão de casas teria amarras de couro e algemas consigo? A venda que eu estava usando era preta e de tecido macio, parecia de cetim, algo planejado. Ou aquele homem era um tarado e roubava casas já esperando encontrar mulheres sozinhas ou... Será que aquilo fazia parte da porra do meu contrato? Meu estômago deu uma cambalhota.

Saí do banheiro e o homem encapuzado já me esperava ao lado da porta. De forma bruta, segurou-me pelas correntes e me arrastou de volta para a cama. Resisti e ele me puxou com mais força. — Não me amarra, não me amarra de novo na cama — pedi. — Me deixe só com essas correntes, por favor. Apesar das minhas recentes dúvidas, a ideia de voltar a ficar imobilizada me agoniava. — Não — respondeu ele de forma dura. — Quando é que eu vou sair daqui? — indaguei enquanto ele me colocava novamente nas tiras de couro. — Se você souber me satisfazer direitinho, posso pensar em deixar você sair. Aquela fala me arrepiou, ele estava me ameaçando de morte caso eu dificultasse para ele? De qualquer forma, eu estava com a pulga atrás da orelha. — Você é da empresa de fantasias, não é? — perguntei. — Como é? — Ele me olhou com estranhamento e então gargalhou. — Acha que eu vendo fantasias? Tipo de palhaço, mágico, Batman, HomemAranha, essas coisas? De onde tirou isso? — Não! — me irritei. — Estou falando da empresa que eu contratei para realizar minha fantasia, meu fetiche Ele ficou me olhando sério por um tempo.

— Fetiche? Você contratou alguém para realizar um fetiche seu? E está achando que sou eu? — Ele riu de novo. Senti meu rosto ferver. Não sei se era de vergonha ou se era pelo deboche dele, só sei que uma sensação de insegurança voltou a tomar conta de mim. Ele não era da empresa, então? Ou só estava mentindo para que eu acreditasse que aquilo era um sequestro de verdade? Ele voltou a se aproximar com a venda nas mãos. — O que vai fazer? — perguntei arregalando os olhos. — Te vendar, não é óbvio? — Pra quê? Não precisa mais disso. — Preciso sim, quero tirar essa touca da minha cara. Está me sufocando. Ele me vendou novamente e um frio percorreu minha coluna. Era horrível não enxergar o que estava acontecendo em volta. — Está com fome? — ele perguntou. — Não. — Me conta sobre o seu fetiche. Senti que ele havia se sentado na cama e franzi as sobrancelhas. — Não. — Tinha a ver com ficar amarrada, vendada? — Seus dedos deslizaram novamente pela minha perna. — Não te interessa! — rosnei. — Talvez interesse, quem sabe eu possa realizar ele para você. — Nunca! — Por que não? — Ele subiu a barra da minha camisola, expondo meu ventre. Minha cabeça deu um nó. Meu fetiche era exatamente aquele, ser amarrada, vendada e tarada por um desconhecido, mas... era para ser algo controlado e ali eu não tinha certeza de nada, eu estava com medo. — Porque... porque não quero ser forçada a fazer sexo contra a minha vontade, era para ser um jogo erótico, uma encenação — respondi. — Não precisa ser contra a sua vontade. — Ele passou os dedos de leve logo acima da borda da minha calcinha. — Eu posso fazer você querer. — Só se eu estiver louca. Um perfume invadiu meu nariz e percebi que ele havia se inclinado, chegando bem próximo do meu rosto. Que diabos de ladrão era aquele que usava um perfume tão cheiroso?

— Louca de tesão? — ele sussurrou em meu ouvido. Meus pelos todos se arrepiaram involuntariamente e meu coração voltou a acelerar. Então percebi ele se levantar da cama e se afastar. A porta bateu e eu fiquei no silêncio, sozinha. De início, fiquei aliviada, mas o tempo foi passando e eu comecei a ter dores musculares de ficar apenas em uma posição. A fome também deu as caras e eu queria mais água. — Ei! — dei um berro. — Tem alguém aí? Estou com sede e com fome! Alguns minutos depois escutei a porta se abrir. — Sentiu minha falta, docinho? — Não sou docinho nenhum e não senti sua falta, eu estou com fome e sede — resmunguei. Ele levantou minha cabeça como na primeira vez e me ofereceu água no copo. — Gosta de frutas? — perguntou. — Gosto. — Então abra a boca. — Como? — Abra a boca, vou te dar. — Não pode me soltar, para eu comer pelo menos? — argumentei. — Não. Abra a boca ou fique com fome. Sem outra alternativa, abri a boca e logo senti a textura fria e áspera de um morango nos meus lábios. Mordi e o sabor doce e azedo invadiu minha boca, me fazendo salivar. Acabei com o morango em duas mordidas e ele me ofereceu outro e outro. Até que não estava sendo tão ruim ser alimentada na boca. Minha mente começou a seguir por caminhos estranhos. Então senti o cheiro de outra fruta, banana. O sequestrador passou a banana já descascada nos meus lábios e eu abri a boca. Ele introduziu a ponta da fruta e, puta merda, por que aquilo tinha que ser tão sexual? Em um acesso de raiva, eu mordi a banana com tudo e ele riu. A risada do desgraçado era gostosa. Caralho! Acabei por comer toda a banana e ele me perguntou se eu queria mais. Recusei. Estava irritada comigo mesma, e confusa. — Quando estiver com fome, é só pedir, Samantha. — Como sabe o meu nome? — me espantei.

— Vi nos seus documentos. Ah, sim, Eu havia me esquecido de que ele havia invadido minha casa. Com certeza roubou meu dinheiro e viu meus documentos. — Qual é o seu nome? — perguntei. — Isso não é importante. — Se não me der nenhum nome, vou te chamar de escroto, está bom para você? Ele riu de novo. — Pode me chamar de B.J. — B.J.? Isso é abreviação do seu nome? — Já está querendo saber demais, moça. Melhor parar com as perguntas ou serei obrigado a lhe colocar uma mordaça também. Desgraçado! Minha vontade era de xingar o miserável e mandar ele enfiar a mordaça no cu, mas o receio de irritá-lo ainda mais e, aí sim, ser amordaçada, me impediu de extravasar minha raiva. Bufei. — Me deixe participar de seu fetiche, Sam — falou ele fazendo um carinho na minha face. — Posso ser carinhoso, bruto, do jeito que preferir. Meus batimentos cardíacos aceleraram. — Você não é mesmo da empresa de fantasias? — perguntei mais uma vez, ainda com uma certa esperança. — E isso faria diferença? — Claro que faria. — Por quê? — Porque temos um contrato, tem coisas que eu não quero fazer. — Você pode me dizer quais são — insistiu ele. Fiquei muda por um tempo. Eu precisava ser racional e analisar a situação. Ao que parecia, ele ia querer me foder de qualquer jeito. Talvez, se pudéssemos entrar em um acordo parecido com o do contrato... Talvez, se eu conseguisse imaginar que ele era da empresa que contratei, poderia acreditar que estaria realizando o meu fetiche, e não sendo abusada. — Você promete respeitar as minhas vontades? — perguntei. Ele riu. — Você não está em condições aqui de me pedir tal coisa. Eu poderia te ter aqui e agora, com ou sem seu consentimento. Mas se isso te tranquilizar e fizer você curtir a parada, eu prometo. Engoli em seco, sem saber se poderia acreditar na palavra dele, mas aquela era minha melhor opção.

— Você está com a minha bolsa aí? Tem um papel, um contrato lá dentro — falei. — Lá tem os termos que foram acordados, as minhas restrições... — Sim, eu vi. Na verdade, já dei uma lida enquanto eu estava lá fora. — Leu? Então você sabe o que eu quero ou não fazer — falei indignada. — Sim, eu sei. Não quer sexo grupal, nem anal, e não quer apanhar, a não ser uns tapas leves nas nádegas. Eu não estava enxergando nada, mas tinha quase certeza de que ele estava sorrindo. — Eu prometo respeitar as suas exigências se você me prometer não fazer perguntas, como também está no contrato — disse ele. — E então? Mordi o lábio inferior. Cacete! Meu interior era um tsunami de emoções. Ainda estava com medo, mas também estava excitada e a minha raiva tinha virado ansiedade. O contrato realmente dizia que eu não poderia fazer perguntas ao executor, e agora o tal B.J. também exigia isso. Respirei fundo. — Está bem... — concordei com um frio no estômago. — Ótimo. Vou sair, buscar algumas coisas, volto em uma hora. — Vou ficar aqui sozinha? — Não se preocupe, não vai te acontecer nada. — Ele afrouxou as amarras dos meus pés, me dando maior liberdade de movimento, e tirou minha venda. Pensei que fosse ver seu rosto, mas ele estava com o capuz novamente. — O meu comparsa não vai voltar. Ele saiu e eu fechei os olhos. Merda! Eu devia estar ficando louca mesmo de aceitar aquilo. Mas o que eu podia fazer? Estava certa de que a melhor maneira de sair daquela situação sem carregar um trauma para o resto da vida, era me convencendo de que aquele homem era mesmo o executor do meu contrato. Mas o que me perturbava é que aquilo começou a me parecer uma ideia que poderia dar certo. Céus! O que estava acontecendo comigo? Na solidão do quarto, fiquei pensando se B.J. tinha os atributos que eu havia pedido para a empresa de fantasias. Será que ele era grande? Eu sorri. Não devia, mas sorri. Também não dava para saber se ele era bonito, eu só tinha visto seus olhos e sua boca. Parecia que sim, os olhos cor de caramelo eram instigantes, seu maxilar era bem definido e tinha covinhas quando ria. Os dentes eram

brancos e alinhados. O corpo enxuto e bem delineado. Sinceramente, ele não tinha aspecto de bandido, nem cheiro...

Eu já estava com vontade de ir ao banheiro de novo quando B.J. voltou. Ele me soltou e eu aproveitei para esfregar meus braços doloridos por causa da posição na cama. — Tem toalha no banheiro — falou ele me entregando uma minúscula calcinha de renda novinha e uma camisola branca transparente. — Tome um banho. — Não vou vestir isso — falei olhando para o micro pedaço de tecido nas mãos. — Pode ficar sem nada, então. — Ele sorriu. — Ou manter a calcinha suja, não vai ficar com ela durante muito tempo mesmo. Algo saltitou em meu estômago. Ah, que ótimo, agora eu estava me impressionando com as palavras de um ladrão sequestrador. Bufei e fui para o banheiro. Não ia ser ruim tomar um banho, eu precisava relaxar um pouco. Passei bastante tempo embaixo do chuveiro, de propósito, postergando os acontecimentos que viriam a seguir, trabalhando a minha mente, o meu psicológico. Calafrios percorriam o meu corpo só de pensar em B.J. me tocando, me fodendo. Eu ainda tinha medo, claro, mas não estava mais com aquela sensação de repugnância, como senti quando ele me tocou pela primeira vez horas atrás. Desliguei a água e inspirei fundo. — Não vai ser ruim — disse para mim mesma. — Acredite nisso, não vai ser ruim. Vai ser como eu esperava que fosse antes, como era para ter sido com a empresa.

Saí do banheiro vestindo a calcinha rendada e a camisola que mostrava quase tudo e o vi em pé, de costas para mim, mexendo em sua mala preta. O desgraçado estava sem camisa e pude notar seus músculos bem trabalhados, desci meus olhos para a bunda e vi que era bem redonda. Talvez não fosse tão ruim, eu esperava sinceramente que não fosse tão ruim. B.J. se virou e notei que ele havia trocado o capuz estranho por uma máscara negra, só então reparei em seus cabelos, que antes estavam escondidos. Eram castanho-claros, não muito curtos e levemente revoltos. Ele era bem jovem, agora eu podia perceber isso. Cócegas invadiram meu estômago quando ele sorriu me olhando de alto a baixo. — Vai me prender de novo? — perguntei. — Vou, mas desta vez você vai gostar. Faz parte de seu fetiche, não faz? Ficar amarrada? Outro calafrio percorreu minhas costas. — Promete não me machucar? — insisti enquanto me deitava na cama e ele me atava as mãos, desta vez juntas, acima da minha cabeça. B.J. fitou-me nos olhos e segurou o meu rosto delicadamente, fazendo-me um carinho na bochecha com o polegar. Ele estava tão perto que eu achei que ele fosse me beijar. — Prometo — respondeu e se afastou, indo prender meus pés. — Vou te vendar novamente — avisou. Outra vez me vi no escuro e meu coração acelerou com a incerteza do que ele faria a seguir. Por alguns segundos nada aconteceu, ele não me tocou, nem disse qualquer palavra, aumentando minha ansiedade. O que ele estava fazendo? — Você é linda, Sam — falou ele, finalmente. Então ele estava me observando? — Não precisa massagear o meu ego, sei que não sou mais nenhuma novinha, dessas que deve estar acostumado a comer. Ele riu e me tocou na perna, causando-me um estremecimento. — Não gosto de novinhas, prefiro comer as experientes. Seus dedos mais uma vez deslizaram pela minha coxa, mas desta vez não senti repulsa; na verdade, seus dedos pareciam queimar a minha pele. Um calor tomou conta do meu corpo e minha respiração ficou mais rápida. — Não tenha medo, Sam... — sua voz era baixa, seus dedos entraram por baixo da camisola e seguiram para o meu ventre. — Não estou com medo... só nervosa.

O perfume gostoso dele invadiu novamente meu nariz. — Não precisa ficar — B.J. sussurrou próximo ao meu ouvido. Meus pelos se eriçaram e ele se afastou. O problema de estar vendada é que a gente fica na expectativa o tempo inteiro. Eu queria saber onde ele estava, o que estava fazendo, o que ia fazer, e não podia. Isso me angustiava e me dava cócegas no estômago. Senti algo frio tocar a minha barriga e escutei o barulho de uma tesoura. — Está cortando minha camisola? — perguntei elevando um pouco a cabeça. — Estou. — Mas ela é nova... — Ela atrapalha. Senti a lâmina encostar em meu ombro e percebi que ele estava cortando as alças também. Não sei o que ele fez com a tesoura, só sei que senti a mão dele em minha barriga, afastando o tecido cortado. — Maravilhosa... — disse ele. Eu estava ciente de que B.J. estava olhando para os meus peitos e aquilo me deixou um pouco constrangida. Eu não estava acostumada a ter meu corpo admirado assim, quase nu, ainda mais por um desconhecido. Seus dedos subiram lentamente em direção a um dos meus seios e eu estremeci novamente quando seu polegar tocou meu bico eriçado. Ele fez pequenos círculos em torno dele e em seguida pinçou-o com os dedos. Logo sua outra mão se apoderou do meu outro seio e os movimentos ao redor dos meus mamilos se tornaram sincronizados. Chamas internas me esquentavam entre as pernas e eu não estava mais com receio ou coisa parecida. Aquilo não estava ruim, definitivamente não estava. — Está gostando, Samantha? Apenas concordei com a cabeça, ainda não conseguia verbalizar aquilo. Era como se fosse errado eu estar gostando, mas eu não conseguia evitar. Senti uma de suas mãos escorregarem novamente pelo meu ventre e seus dedos logo alcançaram a minha calcinha. Lentamente ele os introduziu por dentro do tecido, tocando minha fenda úmida. Sim, eu estava úmida e excitada. Puta merda! — Caralho, Sam. Está molhada. Você me quer, não quer? — Quero... — murmurei. Não estava mais em condições de negar.

Os dedos dele deslizaram por minhas dobras, espalhando meus sucos e me proporcionando sensações maravilhosas. B.J. circundou o meu clitóris, arrancando-me um gemido baixo e em seguida introduziu um dedo em minha entrada. Prendi a respiração e mordi o lábio. Que delícia. Eu me sentia derretendo ali. Fazia tanto tempo que um homem não me tocava assim que eu nem me lembrava mais de como era a sensação. Eu não queria que ele parasse, contudo B.J. retirou a mão, deixando-me com uma sensação de insaciedade. O metal da tesoura encostou em minha pele novamente. Desta vez ele estava cortando as laterais da calcinha. Sorri ao sentir ele puxar o tecido e me deixar totalmente exposta. Exposta, amarrada e vendada. A sensação era única e excitante, por eu não saber o que viria a seguir e pelo fato de estar totalmente à mercê de suas vontades. O colchão entre minhas pernas afundou e as mãos de B.J. pousaram em minhas coxas causando-me um frenesi interno, ele estava sobre a cama. Percebi o corpo dele cobrindo o meu, porém sem me tocar. Eu podia sentir o cheiro dele, o calor, sua respiração na minha pele, no meu ventre, subindo para os meus seios. Um choque percorreu meu corpo quando ele tocou um de meus mamilos com a língua quente. Céus, que tesão! Naquela altura eu já nem me lembrava mais de que eu havia sido levada para aquele lugar contra a minha vontade. Ele rodeou meu mamilo, prendeu-o entre seus lábios e em seguida o abocanhou. Começou a sugar de leve me levando à loucura. Uma contração fina se irradiou pelos meus músculos internos desde meu baixo ventre, fazendo meu clitóris entrar em combustão, e eu tive certeza de que estava ficando ainda mais molhada. B.J. passou para o outro mamilo, me proporcionando mais sensações deliciosas, e então começou a descer com a boca pela minha barriga, depositando beijos quentes e molhados, roçando o nariz na minha pele e fazendo eu me arrepiar inteira. Meu sexo começou a pulsar conforme ele descia e se aproximava do meu ponto de prazer. Ah, caralho, ele ia me chupar! constatei. Não segurei o gemido quando a boca dele cobriu o meu clitóris e sua língua começou a brincar com ele. Aquilo era o céu e eu não queria mais sair de lá. Agarrei as cordas que me prendiam os pulsos no momento em que ele desceu a língua e a

introduziu em minha entrada. — Gostosa — ele murmurou. — Continue, por favor... — pedi. B.J. passou os dentes em minha virilha e voltou a se concentrar em meu pequeno ponto sensível. Ele enfiou um dedo em minha entrada e eu gemi de prazer. Conforme me chupava, ele me fodia com o dedo e aquilo rapidamente me levou ao limite. Meu corpo se contorceu quando as ondas de prazer me invadiram e eu tive a sensação de ver estrelas. Relaxei ainda com o dedo de B.J. dentro de mim. Ele o retirou lentamente e voltou a acariciar meu clitóris sensível, provocando-me espasmos. Escutei sua risada gostosa e ele saiu do meio das minhas pernas. — Gostou, docinho? Eu sorri sem me importar mais com o fato de ele me chamar de docinho. — Você é bom — respondi. — Você não viu nada ainda... — Ele passou o dedo em meus lábios. — Vou pegar algo para você comer, já passou da hora do almoço. — Agora? — perguntei com uma ponta de decepção na voz. Achei que ele fosse me foder. Eu queria saber como era ter o pau dele dentro de mim. — Volto já. Depois do almoço a gente brinca mais um pouco. — Senti ele afrouxar as cordas que prendiam meus braços até eu conseguir abaixá-los, mas ele não me soltou. B.J. saiu do quarto e eu fiquei ali, ansiosa por mais dele, por mais sexo, por mais orgasmos. Mal acreditava que eu tinha me deixado levar por aquela mentira tão fácil, e a verdade é que estava pouco me importando com aquilo. Se B.J. era um ladrão, um sequestrador, um tarado ou o executor do contrato da empresa de fetiches, eu não queria mais saber, eu só queria que ele voltasse logo. E ele voltou. Um aroma delicioso de comida quentinha invadiu o quarto quando ele entrou pela porta. Escutei ele colocar algo sobre a mesa e senti meus pés sendo desatados da cama. Em seguida, ele desamarrou meus braços. — Posso confiar em você? Não vai tentar fugir? Ou preciso te colocar as algemas? — ele perguntou tirando-me a venda.

— Não vou fugir — afirmei. Nem poderia. Como eu ia sair dali? Eu não era forte o suficiente para derrubá-lo em um embate. — Você vai me soltar depois, não vai? — Vou, não se preocupe. Tem a minha palavra. — Não vai almoçar comigo? — Não, vou te deixar em paz enquanto come. — B.J. se levantou e foi para a porta. — Quando terminar é só chamar. — Apontou para a mesa onde havia uma bandeja com uma refeição e um copo de suco, em seguida saiu trancando a porta. Meu estômago roncou, o cheiro estava muito bom. Me aproximei da mesa e vi que era lasanha. Provavelmente daquelas congeladas, mas eu gostava daquelas lasanhas. Comi com gosto, realmente estava uma delícia. Fui ao banheiro e aproveitei para me lavar. Notei também que havia uma escova de dentes ainda na embalagem sobre a pia. Quem era esse B.J? Ele pensava em tudo, como se tivesse planejado. As dúvidas voltaram a rondar minha cabeça. Voltei para o quarto e vi a mala preta dele encostada em um canto. Curiosa que sou, fui xeretar, mas a mala estava trancada, era do tipo que tinha segredo e precisava conhecer a combinação para abri-la. Suspirei frustrada. Olhei em volta e a camisola e a calcinha cortadas também haviam sumido. O desgraçado era organizado. Puta que pariu, nem eu era assim!

Eu havia prometido não fugir, mas não resisti em ir até a janela ver se dava para sair por ali. Embora um lado meu ainda quisesse continuar brincando com B.J., eu precisava conhecer as minhas possibilidades. Abri a veneziana e me deparei com uma grade de ferro. Merda! Olhei para fora e só vi mato. Cacete! Onde eu estava? Em um sítio? Não foi à toa que B.J. disse que não adiantava gritar que ninguém iria ouvir. O barulho da porta se abrindo me fez dar um pulo. Me virei e vi B.J. me encarando com os olhos frios, congelei no lugar. Ele fechou a porta, passou por mim, fechou a janela e voltou a se aproximar pelas minhas costas. Não me movi. Meu medo por ter sido pega pensando em fugir me emudeceu. B.J. colocou as mãos quentes em meus ombros e aproximou seus lábios da minha orelha. — Você me disse que não ia tentar fugir... — falou em voz baixa. — Eu sei... Não vou mentir, não consegui resistir. Eu precisava saber se eu tinha alguma chance — confessei. — Não quer mais brincar? Achei que tivesse gostado do que eu fiz... — Ele deslizou os dedos pelos meus braços até chegar aos cotovelos. Engoli em seco. — Eu gostei, B.J., eu gostei... Eu só... — Schh... Chega de falar. — Seus braços me envolveram, prendendo os meus entre eles. Senti seu nariz na curva do meu pescoço. — Você é gostosa pra caralho!

B.J. passou a língua pelo meu pescoço até chegar ao lóbulo de minha orelha, em seguida começou a chupá-lo. Quase me desfiz ali. Sua mão deslizou até a minha fenda molhada e passou a me acariciar. — B.J... — murmurei acompanhado de um gemido. Em um movimento rápido ele me pegou no colo e me levou para a cama. Achei que desta vez ele não fosse me prender. Engano meu. Tive novamente meus pés e mãos amarrados na cama, porém ele não me colocou a venda desta vez. Ele sorriu e eu vi fogo em seus olhos. Olhos caramelados, olhos de desejo que me esquentaram só de vê-los percorrerem o meu corpo. B.J. foi até sua mala preta e retirou de lá alguns objetos. Arregalei os olhos quando vi o que eram. Pintos. Um pinto de borracha e outro que parecia um vibrador. Caralhooo! Ele ia usar aquilo em mim? Mas por que ele tinha aquilo na mala? O tarado sorriu novamente e se aproximou com os objetos nas mãos. — Vamos brincar, docinho? — falou, tocando meus lábios com o pênis de borracha. — Abra a boca. Eu obedeci e ele enfiou apenas a cabeça do pênis na minha boca. Era uma sensação estranha, mas não deixava de ser excitante. — Lambe. Lambi e chupei a cabeça de borracha. — Por que não me dá o seu de verdade? — perguntei ousadamente. Ele riu. — Sem pressa... B.J. tirou o falo da minha boca e passou a esfregar minha entrada com ele. Mordi os lábios e ele me penetrou com o objeto, mas não foi muito fundo, apenas alguns centímetros. Inspirei fundo e ele começou a movimentar o pinto de borracha dentro de mim. Puta que pariu. Que tesão! — Enfia tudo — pedi. — Não. — Está me matando... — Estamos só começando. — Ele abaixou a cabeça e, sem parar de me foder com o pau de mentira, chupou um de meus peitos. Gemi. Cacete, estava gostoso demais! B.J. levantou a cabeça com um sorriso sacana e pegou o vibrador, uma imitação de pênis colorido, mas não muito grande. O barulhinho do aparelho me arrepiou. Ele tocou o objeto na minha barriga, fazendo pequenos

círculos em torno do meu umbigo. Aquilo era uma tortura, eu queria logo que ele descesse. Com se adivinhasse meu pensamento, ele deslizou o vibrador para baixo alcançando meu clitóris. Gemi alto, e continuei gemendo enquanto ele brincava de passá-lo por ali e ainda movimentava o pau de borracha dentro de mim. — Goza pra mim, docinho — B.J. pediu com voz rouca. Não demorou para o meu corpo atingir o ápice e eu explodir de prazer. Espasmos fortes contraiam meus músculos internos em torno do pênis e eu achei que ia me desmanchar quando eles cessaram. Pensei também que B.J. fosse parar, mas ele não parou. Continuou passando o vibrador em meu ponto sensível, arrancandome fortes choques. — Não, espera... — pedi. — Está sensível. Pare... — Não — respondeu ele e continuou com os estímulos. Contorci-me na cama, meu clitóris parecia estar queimando. E então uma nova onda veio, tão forte quanto a anterior. Eu gritei, eu gemi e quase chorei, tamanha a intensidade do orgasmo. Assim que o meu corpo relaxou, B.J. retirou o pênis emborrachado de mim e deixou-o de lado junto com o vibrador. Eu estava exausta, com a respiração ofegante e suando. — Quer água? — ele perguntou com um olhar divertido. — Quero — minha voz quase não saiu. Ele me trouxe um copo e me deu na boca, limpando o canto dos meus lábios ao final. — Vou deixar você descansar um pouco — falou ele tirando minhas amarras e guardando os objetos que ele havia usado em um saquinho transparente. — Mais tarde eu volto. B.J. fechou a mala dele e saiu. Me ajeitei de forma confortável na cama e suspirei. Que gozo incrível! Tinha me deixado toda mole, eu estava me sentindo relaxada e satisfeita. O ladrão tarado era bom... Fechei os olhos e logo adormeci. Não sei por quanto tempo eu dormi, eu tinha perdido totalmente a noção de tempo. Só sei que já estava escurecendo quando me levantei e fui ao banheiro. Por quanto tempo eu ainda ficaria ali? Não fazia ideia e aquilo me causava uma certa inquietação. Eu não estava mais com medo de ser morta por B.J., eu acreditava

que ele cumpriria com a palavra e me soltaria quando nós acabássemos. Um friozinho circundou meu estômago. De repente eu não tinha certeza de que queria que aquilo acabasse rápido. Fazia anos que eu não me sentia tão mulher, tão desejada; fazia anos que eu não recebia um oral e não gozava tão gostoso. Os dois caras do cruzeiro com quem eu havia transado há poucos dias, mal se deram ao trabalho de abaixar direito as calças e a minha calcinha, foi rápido e frustrante. E antes de eu me separar, meu ex também só comparecia para satisfazer suas próprias necessidades. Depois do divórcio, eu até comprei uns brinquedinhos. Eu tinha o meu próprio vibrador, mas nunca foi daquele jeito, nunca senti tanto tesão como havia sentido com B.J.. De volta ao quarto reparei que a bandeja com o meu almoço tinha sido retirada e havia um robe de cetim pendurado em uma cadeira. Imaginei que fosse para eu usar e o vesti. Mas onde B.J. estava? — B.J.? — chamei encostada na porta. — Você está aí? Logo escutei o barulho da chave na fechadura. Me afastei para ele entrar e, por alguns segundos, ele ficou me olhando pensativo, sem nada dizer. — Dormiu bem? — perguntou. — Um pouco... — Você dormiu por três horas seguidas — ele disse arqueando uma sobrancelha. — Quer ver um filme? — Um filme? — estranhei. — Vai começar um interessante agora na FOX. Se quiser ver... Olhei-o desconfiada. Desde quando cativeiros tinham TV à cabo. — Aqui é a sua casa? — perguntei. — Sem perguntas, docinho. Se lembra do nosso acordo? Quer ou não? Se não quiser vou fechar a porta de novo. Suspirei. Seria uma boa sair daquele quarto um pouco, e eu estava curiosa para saber como era o resto da casa. Ele abriu passagem para eu ir na frente e aproveitei para observar o lugar. O quarto ficava em um corredor e ao final dele chegamos na sala, que não era muito ampla. A cozinha era ao lado e, pelo que dava para enxergar, era pequena também. As mobílias eram simples, mas não estavam velhas ou desgastadas. O sofá escuro e o tapete claro davam um ar moderno ao lugar. Sem falar na TV

de 40 polegadas sobre o rack. B.J. indicou o sofá para eu me sentar e foi até a cozinha. — Não adianta tentar fugir! — ele berrou de lá. — A porta da sala está trancada. Bufei. Eu não havia pensado em fugir; na verdade, eu não queria fugir. E essa constatação me pegou de surpresa. Decididamente, eu devia estar louca. Escutei o barulho do micro-ondas e não demorou para eu sentir o cheiro da pipoca. Até salivei. B.J voltou com uma bacia cheia delas, equilibrando dois copos e um refrigerante embaixo do braço. Ele ainda usava a máscara e aquilo o deixava com um ar de mistério. Mas bem que eu gostaria de ver o rosto dele sem ela. Notei também que ele tinha uma tatuagem no peito, próximo ao ombro direito. Uma lua crescente e uma estrela dentro de um sol, ao estilo tribal. — Gosta de pipoca? — perguntou ele enquanto servia o refrigerante nos copos e me entregava um. — Amo. — Sorri. — Gosto de piroca também... Arrisquei a piada e ele me olhou parecendo surpreso. Então gargalhou. — Sei... — Sentou-se ao meu lado e colocou a bacia de pipoca sobre o meu colo. — Não vai tirar essa máscara? — Não — respondeu seco. O filme começou e voltamos nossos olhos para a TV. Era um filme de ação qualquer, mas eu não conseguia prestar muita atenção no que estava acontecendo na tela. Minha atenção estava no interessante ladrão ao meu lado. Pelo canto do olho eu disfarçadamente observava como ele colocava na boca cada floco de pipoca. Ah, aquela boca... Ela fazia maravilhas... Será que ele beijava bem? De repente eu queria descobrir aquilo. A pipoca acabou e ele se levantou para levar a bacia embora; na volta, trouxe um pacotinho de lenço umedecido, daqueles que vêm embalados individualmente, para eu limpar as mãos. De onde ele tirava aquelas coisas? Ele se sentou e nos encaramos por algum tempo. Não sei se estava estampado na minha cara o que eu queria, mas ele sorriu e me puxou, me fazendo encostar as costas em seu tórax. Continuei não conseguindo prestar atenção ao filme. Eu podia sentir a

respiração dele em meus cabelos, seu cheiro me embriagava e suas mãos brincavam sobre o meu braço, fazendo pequenos carinhos. Puta que pariu! Eu queria aquele homem, eu queria sentir o gosto da boca dele.

Sem conseguir mais controlar minhas vontades, levantei ousadamente meu rosto na direção dele, fazendo nossas bocas ficarem muito próximas. B.J. me olhou e, por um tempo, não moveu um músculo. Sua respiração se encontrava com a minha enquanto meu coração batia descontroladamente, aguardando qualquer reação. Lentamente ele foi inclinando a cabeça e quando seus lábios tocaram os meus foi como se uma corrente elétrica percorresse meu corpo. Sua língua macia abriu caminho pela minha boca procurando pela minha. Puta língua gostosa! Minha periquita ardeu em brasa e eu me virei para ele, passando minhas pernas por cima das dele e me sentando em seu colo. As mãos de B.J. agarraram a minha bunda e me trouxeram para cima de seu pau que logo percebi duro dentro das calças. Me esfreguei contra ele e um gemido abafado saiu de sua boca. Aquilo me incendiou ainda mais. B.J. ainda estava sem camisa e eu aproveitei para passar as minhas mãos em seu peito, em seus músculos bem definidos, desci com elas até o cinto da calça e o desafivelei. Abri o botão, abaixei o zíper e enfiei minha mão ali. Caralho! Desacreditei quando senti o volume do rapaz. Interrompi o beijo e o olhei de queixo caído. B.J. deu um sorriso sem-vergonha. — Gostou? — perguntou. — Preciso analisar com mais atenção para te responder — falei apertando-o em minha mão.

— Não vai conseguir fazer isso se não tirar primeiro as minhas calças. Sorri e saí de cima dele. B.J. se levantou também do sofá e eu me abaixei na sua frente. O pau dele saltava pela braguilha aberta e seu contorno se revelava perfeitamente por baixo do tecido da cueca. Molhei os meus lábios e desci primeiro a calça. Levantei meus olhos e vi B.J. me encarar sério, como em expectativa. Sorri e passei meus dedos por sua extensão, louca para vê-lo despido daquele tecido, mas me segurando só para provocá-lo. — Quer me enlouquecer? — ele falou entredentes. — Talvez... — falei aproximando meu rosto e roçando meu nariz em sua ereção. Olhei-o mais uma vez e então passei meus dentes onde estava a cabeça. — Puta merda! — ele exclamou. Gargalhei e resolvi matar nossas vontades. Encaixei meus dedos na lateral da cueca e a desci até os pés. O membro de B.J. saltou duro, imponente, lindo... Cabeça rosada, delicioso. Olhei para aquilo tudo embasbacada. Não precisei pensar muito para lambê-lo, foi automático. Ele gemeu quando passei minha língua em sua extensão e segui para a glande. Contornei-a, lambi a gota do líquido pré-ejaculatório e a abocanhei. B.J. segurou em meus cabelos e passei a sugá-lo. Puta cara gostoso! O pau dele ocupava toda a minha boca e ainda sobrava. Subi e desci experimentando-o e chupando-o com força. — Deixa eu foder sua boca... — pediu ele. Sem tirar o pau de B.J da boca, parei de movimentar minha cabeça e ele a segurou entre suas mãos, passando a se mover devagar de início. — Puta que pariu, mulher, que boca gostosa! Me engole todo... — Aos poucos ele foi se enfiando em minha garganta cada vez mais fundo e aumentando a velocidade. Quase me engasguei e algumas lágrimas saíram dos meus olhos, mas ele não parou. — Ah... caralho, Sam. — B.J. gemeu e repentinamente retirou o pau da minha boca. Abaixou-o em direção ao meu pescoço e despejou seu líquido quente em mim. Sua expressão era de puro êxtase e aquilo me encantou de alguma forma. Assim que a última gota de sêmen saiu de seu membro, ele me olhou

ofegante e sorriu, em seguida me pegou pelas mãos e me ajudou a me levantar. — Isso foi fantástico. Você é fantástica... — Não exagere! Foi só um boquete. — Sorri e me afastei um pouco. — Agora eu preciso me lavar. — Uma delícia de boquete. Vai lá, já estou indo — falou ele saindo de dentro das calças abaixadas e recolhendo-as nas mãos. Voltei para o quarto e fui direto ao banheiro tomar uma ducha rápida. O cara tinha um corpo fantástico. Fiquei tentando imaginar a idade dele. Parecia novo, talvez entre 24 e 28 anos. Dei risada sozinha. Se a Lídia soubesse, com certeza me chamaria de papa-anjo. B.J. já me esperava no quarto quando saí do banho enrolada em uma toalha. Ele estava deitado na cama totalmente nu e aquilo fez meu estômago dar cambalhotas. Não consegui evitar de sorrir ao me aproximar. Ele se sentou e eu me sentei ao lado dele. — Peguei isso na sua bolsa, acho que precisa tomar. — B.J. estendeu a mão até o criado-mudo e alcançou uma cartela de comprimidos. Eram meus anticoncepcionais. — Espero que não tenha passado muito do horário. — Não passou não. Eu costumo tomar à noite. — Peguei a cartela e ele me entregou um copo d’água também. Me estiquei para deixar o copo sobre o criado mudo e reparei no que mais havia ali, camisinhas. Voltei-me para ele e nos encaramos como se quiséssemos desvendar o que o outro estava pensando. B.J. estendeu a mão e segurou minha cabeça por trás, fazendo uma carícia com o polegar em meus cabelos. Lentamente ele foi se aproximando, ao mesmo tempo que me puxava ao seu encontro, e logo nossas bocas se uniram novamente. Ele me deitou na cama e abriu minha toalha. Seus olhos percorreram meus seios e, com um sorriso, ele os tomou na boca, um a um, arrancandome suspiros e provocando ondas de calor que subiam por entre minhas pernas. Eu o queria, ah, como eu o queria! — Me fode, B.J.! Quero sentir seu pau dentro de mim. — E eu estou louco para me enterrar dentro de você, docinho. Nessa sua buceta quente e gostosa — falou ele subindo e me beijando o pescoço. — Então vem. — Enlacei-o com minhas pernas e senti seu membro rijo em contato com o meu sexo pulsante.

B.J. me tomou a boca enquanto se esfregava em mim, próximo da minha entrada, sem penetrar-me e me deixando louca de tesão. Eu estava querendo tanto aquilo que movi meu quadril encaixando minha entrada em sua cabeça. Ele sorriu, mas se retraiu, afastando-se um pouco. Esticou, então, a mão para o criado-mudo, pegou um pacote de camisinha e o abriu. Observei fascinada ele desenrolar o látex por todo o seu pau ereto e o puxei novamente para mim assim que ele terminou. B.J. riu e voltou a me beijar no pescoço, no queixo, na boca. Encaixado entre as minhas pernas, ele começou a me penetrar e eu fui ao delírio. Movendo-se devagar, com poucas investidas ele se colocou inteiro dentro de mim. Eu gemi alto, e gemi com cada estocada que ele passou a me dar. Agarrei suas costas e me pressionei contra ele, rebolando em seu pau enquanto nossos corpos conectados se moviam sincronizados. Eu buscava o meu prazer, ele me acompanhava. Ditei o ritmo e a pressão e, após alguns minutos, comecei a sentir a onda chegar. — Eu vou gozar — falei. — Goza, gostosa! Goza no meu pau. O ápice chegou e eu me apertei contra ele, gemendo e contraindo meus músculos internos em torno de sua ereção. B.J. voltou a tomar a minha boca, e antes mesmo que eu pudesse relaxar, ele começou a se movimentar vigorosamente, me proporcionando outras ondas de prazer diferentes do orgasmo, mas tão deliciosas quanto. — Ah, cacete! — exclamou ele se enterrando mais fundo e gozando também. Quando seus espasmos pararam, ele encostou a testa na minha e eu sorri. Nossos corpos suados, nossa respiração pesada e nossos corações batendo acelerados. Ele me devolveu o sorriso, saindo de dentro de mim e deixando-se cair ao meu lado. Não falamos nada, não precisávamos falar nada. O que tinha acontecido ali entre a gente havia sido perfeito, pelo menos para mim. Não me importava se B.J. era um desconhecido, não me importava se ele era um ladrão, sequestrador, o seja lá o que fosse. Aquele foi o melhor sexo que eu tive em anos, e era isso o que importava naquele momento.

Anoite não foi curta. B.J. me comeu outras três vezes. Cada uma mais gostosa do que a outra. Ele era fascinante, um deus do sexo. Sua boca, seus dedos, seu pau, tudo era perfeito e ele sabia muito bem usá-los todos. Fui possuída de várias formas e em cada uma delas eu gozei, me desmanchei, gritei. Ele também não ficou atrás, chegou a brincar dizendo que eu o deixaria seco daquele jeito. Mas B.J. era lindo gozando. Ele era lindo de qualquer jeito. Pena eu não poder ver seu rosto direito. De forma alguma ele deixou que eu lhe tirasse a máscara. Disse que era uma de suas restrições e que eu tinha que respeitar isso, já que ele respeitou as minhas. Aliás, recebi uns tapas na bunda de B.J. enquanto ele me comia por trás, tapas leves, mas gostosos demais. Eu amei cada momento daquela noite, e o que havia começado no dia anterior com terror e a perspectiva de ser violentada, havia se tornado a execução mais perfeita do meu fetiche. Ao final, B.J. quis me deixar sozinha para dormir, mas eu pedi para que ele ficasse e, por fim, cedeu. Adormeci aconchegada em seus braços, sentindo o seu cheiro e o seu calor. Quando acordei, porém, estava sozinha na cama. Não fazia a menor ideia de que horas eram e um pensamento incômodo me veio à mente. B.J. me libertaria naquele dia? Sinceramente, eu poderia passar o resto das minhas férias inteiras ali que não me importaria, mas eu não acreditava nisso. Tomei uma ducha, coloquei o robe de cetim e me encaminhei para a porta do quarto. Achei que estaria trancada, mas, para minha surpresa, não

estava. Segui para a sala e vi B.J. na cozinha, apenas de cueca, preparando o café. — Bom dia, dorminhoca — ele disse quando me viu. — Que horas são? — Já passa do meio-dia. Esse será um café-almoço. — Ele riu. Agradeci mentalmente, estava com o estômago nas costas de fome. Nos sentamos na mesa da cozinha e começamos a comer. Tinha torradas, ovos mexidos, queijo, leite, café fresquinho... Comi como uma leoa. Ao final, ele me olhou pensativo e me pegou pela mão. — Venha, precisamos conversar. — Conduziu-me até o sofá e nos sentamos lado a lado. B.J. me trouxe para ele e eu me apoiei em seu peito. Meu coração estava apertado, era hora de partir? Suspirei e ele encostou o nariz em meus cabelos. — Gostou da noite? — perguntou. — Gostei de tudo — respondi com sinceridade. — Que bom... Vamos ter que parar por aqui, Sam... Fechei meus olhos, não conseguia impedir um sentimento de frustração. — Não podemos ficar mais? — pedi. — Não... Minha chefe já me enviou umas dez mensagens querendo saber o que está acontecendo. — Ah... — me surpreendi. Eu não esperava que ele tivesse um trabalho, achava que fosse só um ladrão. — Por que você rouba, se você tem um emprego? — Eu não roubo... — O que estava fazendo na minha casa, então? — Me virei para olhálo. — Sequestrando você. — Ele sorriu. — E o seu comparsa? — Estava lá só para me ajudar, ninguém roubou nada na sua casa. Fique tranquila. Meu queixo caiu. — E por que você quis me sequestrar? — Porque fazia parte do meu trabalho. Encarei-o com o coração batendo mais rápido.

— Que trabalho? — perguntei ansiosa. — B.J. você... você é da empresa que eu contratei? Ele passou os dedos na minha face, contornando-a. — Sou. Endireitei meu corpo no sofá e me virei, ficando de frente para ele. Minha vontade era de socá-lo, xingá-lo. — Não acredito que você fez isso comigo! — falei sentindo as lágrimas quererem brotar dos meus olhos. — Não acredito que você me fez pensar que era um sequestrador de verdade. Por que fez isso? Tem ideia de como fiquei apavorada? Por achar que seria violentada e morta? — Você se sentiu violentada, Sam? — perguntou ele sério e com o semblante preocupado. — Sentiu-se mal com algo que eu fiz, se sentiu pressionada ou obrigada? — Não, eu... não senti. Eu gostei de tudo o que você fez, do que nós fizemos. Mas eu senti tanto medo... antes... Por que não me falou logo que era da empresa B.J.? Por que me deixou no escuro? — Porque foi um pedido seu. Olhei-o sem entender. — Você mencionou em sua fantasia que queria sentir medo, se sentir impotente. Se eu tivesse revelado logo de cara que eu era o executor do seu contrato, a emoção que deveria vir junto com o seu fetiche acabaria. Está no contrato e Margarete certamente te falou que sempre tentamos realizar a fantasia do contratante da forma que fique o mais próximo da realidade possível. Balancei a cabeça inconformada, tentando processar aquelas palavras. Sim... eu me lembrava de que Margarete havia me dito aquilo e que eu tinha escrito algo a respeito de sentir medo. Suspirei. — Eu pensei em falar a palavra de segurança... — confessei. — Eu quase falei. — Ainda bem que não falou... — B.J. esboçou um meio sorriso. — Sei que você ficou com medo, mas eu estava prestando atenção nas suas reações. Se você entrasse em pânico ou se não aceitasse o acordo, ou se eu percebesse que o meu toque estava te causando mal-estar, eu teria contado. Eu nunca, jamais teria forçado qualquer coisa com você, Sam. Massageei de leve a minha nuca a fim de aliviar a tensão e deixei meus ombros caírem, juntamente com algumas lágrimas. Mas não eram lágrimas de raiva, apenas de tristeza, um sentimento de ter vivido uma

mentira. Era a coisa mais ridícula do mundo, mas eu estava triste por aquilo não ter sido real, por ter sido apenas a minha fantasia. — Então foi só trabalho? — falei. B.J. me puxou pela mão, mas eu resisti. — Vem cá, Sam. — Ele me puxou de novo e desta vez eu me deixei cair em seu peito. Ele me abraçou. — Sabe por que a minha chefe está atrás de mim? — Por quê? — funguei. — Porque já era para eu ter te liberado ontem. Estou fazendo hora extra aqui... — Ele riu. — E sabe por que estou fazendo hora extra? — Por quê? — Por que eu queria ficar mais com você... — Ele ergueu meu queixo para olhá-lo. — Devia ter sido só trabalho, mas eu gostei de você, de estar com você. E fiz coisas que não estão dentro do meu contrato pessoal com a empresa. Então não foi só um trabalho. — O quê, por exemplo? — perguntei sentindo-me um pouco mais aliviada. Eu realmente não queria que ele tivesse me visto apenas como uma contratante qualquer. — Eu deveria ter apenas proporcionado prazer a você de forma eficiente, rápida e segura. Ou seja, um oral, uma brincadeirinha com o vibrador, uma foda, você gozaria e pronto, estaria livre. Mas não foi o que aconteceu... Não era para assistirmos filme, comermos pipoca, não era para você me ter feito um oral, não era para eu ter gozado, nem naquela, nem em todas as outras vezes, não era para dormirmos juntos. — Então está me dizendo que você foi além do que devia na sua obrigação de executor? — franzi minhas sobrancelhas, mas com um sorriso no rosto. — Fui, muito além. — Ele sorriu. — E pode ter certeza de que não foi nenhuma obrigação. Eu curti pra caralho! Eu sorri e ele me aconchegou mais em seus braços, levantei meu rosto e recebi um beijo, um beijo quente, gostoso, lascivo. Meu corpo esquentou de novo e logo eu estava sobre ele, me esfregando em seu membro já duro. Eu estava ardida pra cacete, mas não liguei para aquilo. Eu o queria e rapidamente arranquei sua cueca. — Espera, docinho. Preciso pegar uma camisinha — Ele riu e me colocou de volta no sofá. Foi até o rack, pegou uma embalagem de preservativo dentro de uma

das portas e o vestiu. Ao voltar para o sofá, montei-o novamente e, entre beijos fogosos e amassos, ele me penetrou. E eu o cavalguei. Gememos, suamos e gozamos. Aquilo era o máximo, e se dependesse de mim não sairia mais de cima dele, mas não é assim que a vida é. Ainda deitados no sofá, B.J. me acariciou os cabelos. — Tenho que ir — falou. — Acabou? — perguntei engolindo minha decepção. — Acabou... — B.J. — olhei-o. — Não poderíamos... Ele pousou o dedo em meus lábios. — Não. Sinto muito, Sam. Não vamos mais nos ver. Suspirei. Eu já esperava por aquilo... Foi bom enquanto durou, agora era hora de voltar à minha rotina. Saímos do sofá, nos lavamos e ele me trouxe algumas de minhas próprias roupas e minha bolsa. — Como entrou no condomínio? — perguntei curiosa. — Isso eu não posso dizer. — Ele piscou. — Tenho meus segredos. — Você tem muitos segredos... — comentei. Ele sorriu e me deu mais um beijo. — Estou saindo. Em vinte minutos, mais ou menos, um táxi vai vir te buscar. A porta vai ficar aberta. Não precisa fugir e não saia andando sozinha por aí. O táxi já vai estar pago, não se preocupe. B.J. acenou e saiu, me deixando com o coração pesado e feliz ao mesmo tempo. Uma contradição, mas era assim que eu me sentia, meio que dividida entre a felicidade de ter estado com B.J. e a tristeza de não poder vêlo mais. Terminei de me trocar e fui esperar o táxi lá fora. Saí da casa e vi que estava mesmo em um sítio. Árvores cercavam o lugar e uma estrada longa e estreita levava até o portão principal. Logo um carro entrou na estrada e se aproximou. Era o táxi. Fui para casa e me espantei o quanto estávamos longe de qualquer cidade. Cheguei no condomínio mais de uma hora depois e constatei que realmente nada tinha sido tirado do lugar. Meu passo seguinte foi ligar para Lídia. Eu precisava urgente conversar com ela. Não só para contar o que tinha acontecido, mas precisava desabafar sobre o que eu estava sentindo, precisava de um apoio para aliviar

meu coração.

Lídia apareceu em casa no final da tarde, após sair do seu trabalho. Somos amigas há anos e sempre contamos tudo uma à outra, e ela enlouqueceu quando eu contei o que havia acontecido comigo. — Nossa, Sam. É sério isso? Meu deus, que loucura! — exclamou ela dando risada. — Sim, uma loucura! Mas estou triste agora... — Triste por que, mulher? Você não teve o que queria? Fez um sexo louco com um cara lindo, bem dotado e que te fez gozar mais vezes do que gozou nos últimos cinco anos. Eu ri do jeito dela falar aquilo. — Sim, mas agora ficou um vazio aqui dentro, sabe? De pensar que vou voltar para minha vida de mãe neurótica e estafada, cumprindo dupla jornada e sem tempo para nada. Ôoo vidinha mais sem graça e sem tempero, viu... — Não pense assim, Sam... Um dia vai encontrar alguém que te levará aos céus todas as noites e preencherá o seu coração. Até lá, minha amiga, vamos curtir! — Ela bateu na minha perna. — Seus filhos chegam no sábado não é? Sexta vamos para a balada! Sorri meio de lado. — Ah, Lídia. Mão sei se estou no clima... — Não quero saber! Você se lembra daqueles dois caras com quem saí? Pois é, já te contei a loucura que foi. Então, eles querem me encontrar de novo. Ou melhor, nos encontrar, porque eu falei que da próxima vez levaria

você. — O quê? — Arregalei meus olhos. — Nem morta, não mesmo! Obrigada, Lídia, mas não vou. Eu preciso de um tempo para processar o que eu vivi essa semana, curtir minhas lembranças... Quem sabe mais para frente... Ela bufou. — Okay, okay... — disse se levantando do sofá e pegando sua bolsa. — Tenho que ir agora, Sam. Combinei de jantar com um gatinho lá do prédio onde eu trabalho. Mas se mudar de ideia, me avise... — falou antes de sair. Lídia era uma ótima amiga, mas era meio maluca. Saia quase todo final de semana, ficava com qualquer um e não estava nem aí para qualquer relacionamento mais sério. Infelizmente, eu não conseguia acompanhar o ritmo dela. Primeiro porque tinha meus filhos. Nem sempre conseguia alguém para cuidar deles. Geralmente era a minha vizinha, Rute, quem ficava com eles, pois gostava das crianças e de paparicá-los. Segundo porque eu sempre fui uma romântica. Apesar da minha fantasia estranha, na vida real eu sempre busquei o amor, o carinho, o afeto. Quebrei muito a cara com namorados galinhas antes de conhecer meu ex, e depois de me casar, eu realmente quis que tivesse dado certo com ele, mas o estresse, as tensões no trabalho e as brigas constantes fizeram nosso relacionamento esfriar e, quando nos demos conta, parecíamos estranhos sob o mesmo teto. Então eu não conseguia me ver em uma vida louca, de solteira recémdesquitada, dando para qualquer homem que caísse na minha rede. Eu não era assim. A semana terminou, meus filhos chegaram e eu aproveitei o domingo para curti-los muito. Apesar de reclamar da minha rotina sem-graça, eu amava meus filhos e amava estar com eles. Se eu pudesse, gostaria de ter mais tempo para ser uma mãe mais presente. Infelizmente, meu trabalho me ocupava demais e sem trabalhar eu não podia ficar. Por isso, à noite e aos fins de semana eu tentava me dedicar ao máximo a eles, quase não sobrando tempo para mim. Fazia natação duas vezes por semana e só. A semana de retorno ao trabalho foi mega corrida. Tinha tanta coisa acumulada que acabei levando até serviço para casa, algo que odeio fazer. Mas talvez por isso que ela tenha passado tão rápido.

O fim de semana chegou e eu olhei desanimada para o meu jardim. A grama estava alta, fazia pelo menos três semanas que eu não cortava e, como dizia Rute, já estava virando mato. Sem ter para onde fugir, vesti um short, camiseta, coloquei as crianças para brincar na frente da casa, e fui ligar a máquina de cortar. O barulho deve ter chamado a atenção de Rute, porque logo ela saiu de casa. — Samantha! Quanto tempo..., nem conversamos essa semana! — Ela foi até as crianças e deu um beijo em cada uma. — Pois é... — desliguei o cortador. — Voltei a trabalhar também, estou só na correria. — E os meninos? Ficaram bem com o pai? — Ficaram sim. — O meu Juninho chegou semana passada, mas também quase não para em casa. Ele está procurando um emprego fixo e, por enquanto, faz uns bicos por aí. — O que ele procura, Rute? Talvez eu possa ajudar, ver se tem algo para ele lá nas vagas da empresa onde trabalho. — Ah, meu anjo, eu ficaria muito grata. Mas não sei exatamente o que ele quer. Sabe que ele largou a faculdade, né? No último ano... Pode? — Rute fez uma expressão de desapontamento. — Enfim, o Juninho foi até o mercado comprar um produto para lavar a moto, mas acho que daqui a pouco ele aparece por aí. Vou perguntar para ele. — Peça para ele vir falar comigo, é mais fácil. — Sim, verdade, é melhor. Escute... o que acha de eu levar as crianças no parquinho enquanto você cuida do jardim? — perguntou, mudando de assunto. — Se não for te dar trabalho... — Trabalho nenhum, o Nelson está viajando a serviço e eu já estava com saudades deles também. Ei crianças! — Ela chamou. — Vamos com a tia Rute no parque? Os dois meninos pararam o que estavam fazendo e, com os olhos brilhando, começaram a dar pulos de alegria. Poucos minutos depois saíram os três com o carro, me deixando com a chata tarefa de dar um jeito naquela grama. Já estava na metade do gramado quando o filho da Rute chegou de moto.

Ele estacionou na frente da garagem e acenou para mim, entrando de capacete e tudo dentro de casa. Não deu dez minutos e ele saiu novamente, desta vez de bermuda, óculos de sol, boné e uma camisa de manga curta semiaberta. Dei uma olhada de canto de olho enquanto ele ia até a moto e eu terminava de passar o cortador. O rapaz tinha encorpado. Não parecia em nada o adolescente magrinho que eu tinha visto anos atrás. Finalmente aparei o último metro de grama e, antes de guardar tudo e voltar para dentro de casa, resolvi falar com o rapaz sobre o emprego. Ele estava concentrado, limpando a moto, e levou um susto quando eu apareci ao lado dele. — Oi, Juninho? Como vai? — Estendi a mão para ele. — Meu nome é Samantha. — Hum... oi — Ele pegou em minha mão e eu senti aquele perfume, um perfume do qual eu nunca ia me esquecer. Fiquei paralisada por um momento, olhando para ele. Eu não podia ver seus olhos ou os seus cabelos direito, mas aquela boca... Desci meu olhar pelo seu corpo. Aquele peito, visível através dos botões abertos da camisa, os braços, as mãos, a altura. Engoli em seco e meu coração começou a palpitar. Não podia ser... Voltei a olhar para o seu peitoral. Só havia um jeito de saber. Coloquei a mão na abertura da camisa na intenção de afastá-la para o lado, mas ele segurou meu pulso. Encarei-o, seu semblante estava sério. Minha respiração ficou mais rápida. — Não... — ele disse. Puta merda, eu conhecia aquele “não”. — Por que não? — desafiei-o. Suas sobrancelhas franziram e ele soltou meu pulso. Engolindo em seco, lentamente afastei a camisa dele para o lado e lá estava ela, a tatuagem de lua crescente dentro de um sol. Não resisti e passei a mão sobre ela, escorregando para o centro de seu tórax, que subia e descia com a respiração. Voltei a encará-lo e, em um movimento brusco, ele me puxou para si, me abraçando e colando sua boca na minha. Nossas línguas se encontraram e se enroscaram, e um sentimento de

quentura, de saudade e de felicidade se apossou do meu peito. Sem parar de me beijar, ele me levantou do chão e me levou para a garagem, fechando-a em seguida com o controle remoto. — B.J. — falei quando paramos para respirar. — Por que... — Schh... agora não. — Ele colocou as mãos por baixo da minha camiseta e começou a levantá-la. — E me chama de Breno... — Breno? — murmurei ofegante e excitada. — Então é esse o seu primeiro nome? Ele sorriu e tirou minha blusa, beijando-me no pescoço. — Não faz isso, estou suada. — Eu ri. — Acha que eu me importo? — Levou as mãos ao fecho do meu sutiã e o soltou. — Escuta... a gente não devia... sua mãe... — Ela não vai chegar agora, acabou de me mandar uma mensagem. Disse que está comprando algodão doce. — Ele jogou meu sutiã de lado e agarrou meus seios. — Gostosa demais! — falou em meu ouvido e me virou de encontro à bancada de ferramentas. Em um movimento rápido, ele abaixou meu short e minha calcinha. Meu coração disparou. Cacete! Ele ia me comer ali na garagem? — B... Breno... O que está fazendo? — Senti os dedos dele escorregarem para o meu sexo e gemi. — Eu te quero, você me quer... Está tão molhada, Sam... Me deixa eu te comer. — Ele enfiou um dedo em mim. — Ah... eu quero, eu quero, mas... — Mas o quê? — Ele depositou um beijo em meu ombro enquanto movimentava seu dedo dentro de mim. Eu não estava raciocinando direito, mas tinha algo que eu precisava dizer, algo que, de repente, começou a me incomodar. Algo que me veio ao pensamento quando percebi quem ele realmente era, o filho da minha vizinha. — Não está certo... — eu disse. — O que não está certo? — Ele não parava de me foder com o dedo. — Você é o filho da Rute, e é muito mais novo do que eu. — Treze anos. — É muito... — Você não se importou com isso antes. — Ele colocou outro dedo. — Eu não sabia... quero dizer não sabia que era tanto — gemi. — E

não sabia quem você era... B.J. eu... — Sam... — Ele retirou os dedos de dentro de mim e me virou, colocou seu boné e seus óculos escuros na bancada e segurou meu rosto, me encarando, seu nariz quase tocando o meu. — Você se importa tanto assim com a nossa diferença de idade? Porque eu não me importo. Isso não quer dizer nada, é só uma convenção da sociedade. Somos adultos. E eu te quero... — falou baixo e desceu sua boca sobre a minha. Aceitei seu beijo, era impossível resistir àquilo, meu sexo ardia de excitação. — B.J.... — Desabotoei sua bermuda e passei minha mão em seu volume rijo. — Breno, Sam... — Ele sorriu e me virou novamente. — Me chama de Breno. Logo senti o pau dele encostar em minha bunda e ele começou a se esfregar em mim. — Deliciosa.... Ainda está tomando o anticoncepcional? — Estou. — Posso te foder sem camisinha? — sussurrou em meu ouvido. — Não tenho elas aqui, estão lá dentro. — Pode... — Eu o queria tanto dentro de mim que só de pensar em senti-lo sem a capa, meu estômago deu cambalhotas. Breno penetrou-me de uma vez. Com um gemido, me segurei na bancada e ele passou a me estocar forte, segurando os meus quadris. Eu podia sentir suas bolas baterem na minha bunda. Caralho! Ele ia fundo e eu tive vontade de gritar de tesão. — Se toque, Sam. Se toque enquanto eu te como. Quero ver você gozar também. Mordi meu lábio, eu sempre tive vergonha de me tocar na frente de um homem, mas ele estava pedindo e eu estava louca de vontade de gozar. Levei minha mão até o meu clitóris e comecei a massageá-lo. — Isso, docinho... Engole meu pau, você é tão gostosa... Goza pra mim. As palavras sacanas dele em meu ouvido e seu delicioso membro me preenchendo estavam me levando à loucura. Continuei escorregando meu dedo em minha fenda úmida, acariciando meu ponto sensível, até que o meu corpo começou a responder com mais intensidade. Gemi enquanto chegava ao ápice.

— Vou te encher de porra, Sam! — exclamou Breno enterrando-se até o fundo e me segurando contra ele. Gozei apertando-o dentro de mim e ele gozou na sequência. Eu podia sentir os espasmos de seu pau em minha entrada, pulsando, enquanto derramava seu líquido dentro de mim. Breno me abraçou por trás e encostou a testa em minha cabeça. — Deliciosa... — murmurou. Ficamos assim por um tempo e ele ainda deu uma movimentada dentro de mim antes de sair, me fazendo sorrir. Me virei e fitei seus olhos caramelo. Sem a máscara, Breno era mais lindo ainda. Perfeito... perfeito demais! Uma insegurança enorme bateu no meu peito. O que estávamos fazendo, afinal? O que significava aquilo? Não era mais minha fantasia. Era a vida real e eu tinha acabado de transar com o meu vizinho, filho de uma pessoa que eu considerava muito, e... ele era só um rapaz, caralho! Um rapaz jovem, cheio de energia, de tesão, com a vida toda pela frente, lindo de morrer. Era muita areia para o meu caminhãozinho. Sem dizer que o trabalho dele... o trabalho dele era transar com quem o contratasse para isso. Não... aquilo não daria certo! Nem como uma transa eventual. Eu não conseguia me ver naquela situação. Sorri meio de lado e me afastei, pegando minhas roupas e vestindo. Breno também ergueu suas calças e me olhou meio desconfiado. — O que foi, Sam? Não gostou? — Não é isso... — Suspirei. — É só que... Nesse momento, escutamos a porta de um carro bater e, em seguida, as vozes das crianças se fizeram ouvir. Olhei preocupada para Breno, que me puxou pela porta da garagem que se comunicava com o interior da casa. Passamos por ela bem a tempo de escutarmos o barulho do portão automático se abrir. Fomos para a cozinha e Breno me serviu um copo d’água. Apesar de estar mesmo com sede, aquele foi um gesto mais para disfarçar minha presença ali do que outra coisa. — Vai em casa mais tarde — eu disse. — Precisamos conversar. Eu falei para a Rute que ia ver se tinha algo para você na empresa onde eu trabalho. Breno franziu a testa.

— Você está falando de um emprego? — Sim, sua mãe me disse que está procurando um emprego fixo. Era sobre isso que eu ia te falar quando me aproximei de você lá fora. Ele arqueou uma sobrancelha, mas não teve tempo de comentar nada, pois as crianças invadiram a cozinha com Rute logo atrás. — Ah. Você está aqui! — exclamou Rute. — Fomos até sua casa, mas você não atendeu, achei que estava tomando banho. — É eu... vim falar com o Breno e ele me ofereceu um copo d’água — expliquei com um sorriso meio amarelo. — Pedi para ele passar lá em casa depois para conversarmos direito. Agora tenho que ir, estou precisando mesmo de um banho. — Sim, sim. Não é fácil cuidar do jardim. Sei como é, a gente fica um nojo de tanto suor. Sorri novamente. Não era só pelo suor que eu precisava de um banho... — Obrigada por levar os meninos para passear, Rute — falei colocando o copo na pia. — Disponha, anjo. Eu adoro suas crianças. Despedi-me deles, peguei os meus filhos e fui para casa. Guardei o equipamento de cortar grama que ainda estava no jardim e entrei para tomar uma ducha. Tirei minha roupa e notei minha calcinha totalmente molhada de líquidos que haviam saído de mim, inclusive o sêmen de Breno. Um friozinho passou por meu estômago. Aquele cara era uma loucura..., mas precisávamos mesmo conversar.

Breno apareceu próximo das 20 h. Propus pedirmos uma pizza e ele se juntou aos meninos na sala enquanto a comida não chegava. Vinícius, o meu mais velho, correu para o quarto para buscar uma mesa de futebol de botão que ele havia ganhado do pai, e os dois começaram uma partida. Era estranho vê-lo ali totalmente à vontade, rindo e brincando com o meu filho. Nem parecia o homem que havia me feito cativa dez dias atrás e que havia me dado tanto prazer, nem parecia que horas antes estávamos fodendo na garagem de sua mãe. A pizza chegou, nós comemos, Vini quis jogar mais uma partida com Breno e depois levei os garotos para a cama. Voltei para a sala e me sentei no sofá, ao lado do meu mais recente vizinho. Inspirei fundo antes de começar a falar. — Por que você, Breno? — perguntei. — Foi coincidência você ser designado para o meu contrato? Ele sorriu de canto. — Eu não diria coincidência. Digamos que eu preenchia os requisitos. — Ele piscou e eu me lembrei que havia pedido no contrato um cara lindo com um pau grande. — Mas você sabia quem eu era? Que era vizinha da sua mãe? — Quando fui chamado para o serviço, a Margarete, minha chefe, disse que estava me requisitando porque eu tinha acabado de me mudar justamente para o seu condomínio, e ela achou que isso facilitaria, como

facilitou mesmo. Só me dei conta de que era você quando ela me passou a cópia do contrato e eu vi o endereço. — E você não ficou preocupado de ser descoberto depois? — Fiquei, mas a gente sempre tem aquela ilusão de Batman. De que ninguém irá nos reconhecer se usarmos máscara. — Ele riu. — Mas eu quis arriscar, eu tinha interesse em aceitar esse contrato mais do que qualquer outro. — Por causa do dinheiro? — Não... — Breno sorriu e seus olhos brilharam. — Porque eu sempre tive uma tara antiga por você. — Como é? — estranhei. — Uma vez, quando eu vim visitar a minha mãe, eu estava olhando pela janela do meu quarto no andar de cima e te vi brincando com o seu filho no quintal. Acho que foi há uns seis anos, ele era pequeno, quase um bebê, e eu, um adolescente ainda. Você havia montado uma piscininha nos fundos e estava rindo, toda molhada e com a camiseta grudada no corpo, sem sutiã. — Ele mordeu a ponta do polegar e sorriu. — Eu fiquei com tesão e continuei ali te olhando por vários minutos. Arregalei meus olhos, surpresa. — É sério isso? — Seríssimo. Tive que bater uma depois. Aliás, bati várias pensando em você, por muito tempo, por todo esse tempo, na verdade. Você nunca saiu das minhas fantasias, Sam. Por isso que, quando vi que era você no contrato, eu não hesitei em nenhum momento. Não era só a sua fantasia que eu estava realizando, era a minha também. Abri a boca, pasma. — Nesse caso, acho que eu deveria pedir um desconto lá com a Margarete — brinquei. Nós dois rimos, mas logo fiquei séria. — Breno... Foi delicioso estar com você, mas... o contrato acabou e não deveríamos mais fazer o que fizemos hoje na garagem. Ele me olhou sério. — Por que não? Qual é o problema? Eu continuo te desejando e tenho certeza que sente o mesmo por mim, não devemos satisfação a ninguém. Está com medo da minha mãe descobrir? — Também... — Se você vê problema nisso, não precisamos falar nada agora, não

precisamos sair anunciando aos quatro ventos que estamos transando. Mas minha mãe tem mente aberta. Se ela descobrir, ou se a gente quiser contar uma hora, não acho que será um empecilho. — Não é só por isso, Breno. — Suspirei. — Ah, por favor! Não me venha com aquele papo de idade, de eu ser muito mais novo do que você — falou irritado. — Não tem nada a ver. — Também não é essa a questão, embora eu também me sinta insegura com isso. — Não tem que se sentir insegura, Sam, você é um mulherão. Dá de dez a zero em muitas meninas por aí, e eu já disse que prefiro as mais experientes. Não se importe com o que os outros vão pensar... — Ele se aproximou mais de mim e colocou sua mão sobre as minhas, me fazendo um carinho com o polegar. — Mas se não é essa a questão, qual é? Mordi meu lábio, era difícil explicar aquilo para um homem. — O que acontece é que não consigo ser o tipo de mulher que transa com um cara e consegue não sentir nada além de tesão. Eu sei que pode parecer estranho, dado o contrato que eu fiz, mas a verdade é que eu sou uma romântica, Breno. Eu não gosto de relacionamentos vazios, de ficar com alguém só para transar. Eu não sou assim, sinto muito. — Acha que eu estou buscando um relacionamento vazio com você? Uma foda aqui outra ali, um sexo gostoso e nada mais? Olhei-o em dúvida. — Eu não sei... — Se eu quisesse apenas sexo, pode ter certeza de que tem uma fila de mulheres atrás de mim, fora os meus contratos... — disse ele com uma ruga entre as sobrancelhas. — Mas não é isso o que eu quero, eu quero você, Sam. Meu coração acelerou algumas batidas ali, mas as palavras dele apenas aumentaram a minha angústia. Balancei a cabeça em negativa. — Breno... Você mexe demais comigo, com a minha cabeça, com os meus desejos, mas precisa entender que eu sou uma pessoa que se entrega demais. Eu gostaria que isso pudesse dar certo, mas não vejo como... Eu não iria conseguir dividir você com outras, eu ficaria louca de te imaginar fazendo o que fez comigo em outra mulher. Eu não consigo... eu sou do tipo que precisa de exclusividade... Breno tirou sua mão das minhas e jogou a cabeça para trás, encostando-se no sofá e olhando para o teto.

— Ah... então é por isso? Meu trabalho? — Ele inspirou fundo. — É... exclusividade não é algo que eu possa te prometer, não agora. Eu tenho contas para pagar, prometi ajudar minha mãe nas despesas de casa e tenho as prestações da minha moto para quitar. Não posso abrir mão desse emprego. — Você gosta? Do que você faz? — perguntei com um peso no coração. Ele sorriu meio de lado. — Eu gosto de sexo e acho divertido proporcionar prazer às mulheres, não vou negar. Mas faço isso pelo dinheiro mesmo. Nem sempre é agradável... Já pensei em parar, mas não posso. Não enquanto não arrumar outra coisa. — Isso nos leva ao nosso segundo assunto. — Uma esperança nascia em meu peito. — Como eu te disse mais cedo, talvez a gente tenha algo para você lá onde eu trabalho. — E eu trabalharia com você? — Ele riu. — Não daria certo, eu ia querer te comer no banheiro todos os dias. Gargalhei, não consegui evitar. — Não, seu besta! Eu trabalho em uma empresa de recolocação profissional. Tenho acesso à várias ofertas de emprego e posso ver se seu perfil se encaixa em alguma. — Hum, entendi. — Ele sorriu e eu o achei mais lindo ainda. — Preciso que entre no site da empresa e preencha uma ficha lá, é uma espécie de currículo. — Okay. — Porque você largou a faculdade, Breno? — perguntei curiosa. — Seria mais fácil se ainda estivesse estudando. Existem muitas vagas de estágio ou trainee. — Não larguei. Meu pai andava pegando muito no meu pé e eu só disse isso para irritar ele, aí ele contou para minha mãe. Na verdade, eu tranquei a matrícula e entrei com um pedido de transferência para uma faculdade daqui da cidade. Semana passada recebi a informação de que fui aceito e vou me rematricular no início do mês para o próximo semestre. Quero ver se faço o curso à noite, falta pouco mesmo para eu terminar. — Isso é ótimo! — me empolguei. — Coloque na ficha apenas o ano ou semestre que está cursando, vou ver o que eu consigo para você. Ele sorriu e me puxou para os braços dele, pegando-me de surpresa. — Se eu conseguir um emprego decente e largar o que eu faço hoje,

você fica comigo? — perguntou a centímetros do meu rosto. — Podemos tentar... — respondi olhando fixamente para a boca linda e deliciosa dele. — Estamos evoluindo, então... — Ele riu. — O que acha de comemorarmos? — sugeriu roçando o nariz no meu. Algo saltitou em meu estômago. — Por antecipação? — perguntei agitada. — Claro, por que não? Tem coisa melhor para fazer agora? — Seu nariz escorregou para o meu pescoço. — Não. Mas você quer comemorar como? — Sorri, já me derretendo e imaginando a resposta. — Do melhor jeito que sabemos... — disse ele com um sorriso safado, me pegando no colo e nos levantando do sofá. — Onde fica o seu quarto? Eu ri e apontei a direção.

Sexo... sexo louco, intenso, delicioso, como eu nunca tive antes. Era isso que Breno me proporcionava a cada encontro. Se eu consegui um emprego normal e decente para ele? Sem dúvida que sim! Mas não foi só por interesse próprio, Breno tinha um bom currículo, já tinha feito alguns estágios em outras empresas na capital e não foi difícil encontrar uma colocação para ele. Isso me deu a segurança necessária para entrar de cabeça naquela relação. E agora eu vivia um sonho. Não só pela afinidade sexual que tínhamos, mas estávamos realmente construindo um relacionamento cheio de carinho, amor e muitas risadas. Um relacionamento que causou um frenesi entre nossos parentes e que deixou Rute boquiaberta, mas que meus filhos têm curtido muito, já que Breno é ótimo para eles. Assim, para a minha alegria, aquilo que nasceu de uma fantasia perigosa, virou realidade. Uma deliciosa e maravilhosa realidade que acabou com todas as minhas frustrações e que fazia eu me sentir a mulher mais feliz e desejada do mundo. Pois eu tinha só para mim o ladrão e sequestrador fake mais lindo de todos, o meu Breno...

Olá querido leitor(a)! Primeiramente gostaria de agradecer a você por ter dedicado um pouco do seu tempo para ler estas histórias. Espero que tenha gostado da leitura e se divertido. Quem me acompanha desde o início, sabe que a minha principal linha de escrita é o romance misturado com fantasia contemporânea e acompanhado de muita quentura! Assim, embora eu já esteja acostumada a escrever hot, o estilo é um pouco diferente. Então, escrever essas histórias mais curtinhas em primeira pessoa e focadas no erotismo foi um desfio para mim. Um desafio que nasceu de uma conversa com uma autora que eu adoro e que sempre me dá muita força e incentivo, por isso também quero muito agradecê-la. Obrigada Gisa R. Costa! Sem você, estas histórias não teriam virado realidade. Quero agradecer também às leitoras e leitores que sempre me acompanham no Wattpad ou pelas redes sociais. Os comentários e incentivos de vocês são muito importantes para mim. Por fim, quero agradecer ao meu marido Erik, meu companheiro lindo que sempre lê o que eu escrevo e me ajuda demais com suas dicas, fazendo correções e me dando muito apoio. Obrigada a todos vocês! ❤

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Chris Prado é mãe, esposa, professora e escritora de romances. Sua paixão por criar histórias vem desde quando era criança, porém somente resolveu colocá-las no papel em 2018. Com o apoio do marido e da família

conseguiu, então, realizar esse sonho. Sua primeira história foi Spectrum – Entre sombras e segredos, um romance sobrenatural que vai muito além de anjos, demônios e caçadas, pois fala sobre a força do amor verdadeiro, sobre destinos, escolhas e caminhos cruzados. Misturando paixão, ação e fantasia, a autora se aventura nas cenas sexy e quentes do romance erótico sem, no entanto, torná-lo o foco do livro; mas dando às suas histórias aquela deliciosa pitada de quentura de que tanto gostamos. Warg é sua segunda obra. Com um pegada mais romântica e dramática, a história foi escrita entre 2018 e início de 2019 e vem carregada de muitas surpresas e emoções. Agora, com Vizinhos, a autora também está se lançando na leitura erótica contemporânea, mas sem abandonar suas histórias com fantasia. Em breve, ela lançará Luca Constantin, um spin-off de Warg, que aborda o romance proibido entre um vampiro e uma humana, uma história cheia de paixão, segredos, sangue e picância.

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Vizinhos três deliciosas histórias - Chris Prado

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