Guerra do Peloponeso 3

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GUERRA DO PELOPONESO (3) - O IMPÉRIO DEMOCRÁTICO

Da Confederação Délia ao imperialismo ateniense

Desenho que reconstitui a estátua de Zeus, esculpida por Fídias, no apogeu ateniense Os cinqüenta anos que se seguiram ao fim das Guerras Médicas presenciaram o início da grandiosa era de Atenas, o chamado Século de Péricles, que se tornou magnífico graças aos nomes de Ésquilo, Sófocles, Eurípides, Aristófanes, Fídias (um dos maiores artistas atenienses, famoso principalmente como escultor, mas também como arquiteto e pintor) e Polignotos (pintor elogiado, inclusive, por Aristóteles). A posição de Atenas como salvadora da Grécia, livrando-a dos persas, seu sentimento de independência e liberdade política, seu império marítimo recém-conquistado, provocaram um estado de exaltação favorável à produção de grandes obras intelectuais. Atenas também conheceu a evolução de suas instituições democráticas. Com as reformas de Clístenes, aprimoradas por Efialtes e Péricles, a democracia ateniense alcançou a plenitude de seu desenvolvimento: governo do povo pelo povo, cargos públicos acessíveis a todos os cidadãos e pagamento aos cidadãos para o exercício efetivo de seus direitos políticos, de tal forma que mesmo os mais pobres podiam suportar o ônus de participar dos deveres públicos. Além disso, Atenas se tornara um dos principais centros comerciais do Mediterrâneo oriental, um ponto de atração para visitantes de todas as partes do mundo grego, propenso a exercer, evidentemente, a supremacia mercantil.

Da hegemonia ao poder efetivo Mas como Atenas financiava esse complexo sistema? Os recursos indispensáveis ao funcionamento da máquina ateniense provinham da Liga de Delos (ou Confederação Délia), surgida quando Atenas assumiu, em relação às cidades insulares e asiáticas, a

responsabilidade de expulsar os persas em definitivo do mar Egeu. Delos, uma pequena ilha, foi escolhida para ser a sede da aliança fundada em 478 a.C. Os aliados, incluindo as ilhas jônicas e as cidades da Eubéia e da Ásia Menor, embora mantivessem sua autonomia, pagavam contribuições para a consecução do objetivo final: a derrota persa. Delos não apenas guardava o tesouro da Liga (no Templo de Apolo), mas ali também se realizavam as assembléias que congregavam as cerca de 250 cidades tributárias. Desde seu início, a Liga garantiu aos atenienses um papel hegemônico, pois a eles pertencia o comando da frota e das tropas aliadas - e a seus funcionários estava entregue a gestão do tesouro comum. Contudo, depois que o perigo persa foi afastado, o caráter da confederação se modificou, transformando-se em um império ateniense. De uma situação de comando ou hegemonia, Atenas passou a um efetivo exercício do poder sobre os confederados. Assim, a faculdade de receber contribuições financeiras das cidades-estado que não tinham recursos militares transformou-se na cobrança de tributos em proveito exclusivo dos atenienses. O recolhimento dos impostos aumentou então de maneira substancial e o número de cidades tributárias chegou perto de 300. Seguindo os objetivos fixados pelos estrategos atenienses (magistrados eleitos diretamente pelo povo e que compunham uma espécie de poder executivo), o tesouro da confederação foi transferido para Atenas (a pretexto de maior segurança), a assembléia dos confederados deixou de se reunir e o raio de ação da Liga foi ampliado, de maneira a garantir que Atenas pudesse exercer uma política nitidamente imperialista. Os antigos aliados foram, então, submetidos ao indiscutível poderio ateniense. Em 435-434 a.C., aprovou-se um decreto que impunha o uso do sistema monetário ateniense e a unificação das unidades de peso, também seguindo o modelo de Atenas, para quaisquer transações mercantis entre cidades-estado. Os tribunais de Atenas passaram a julgar todos os processos criminais e políticos que implicassem em banimento, atimia (privação dos direitos civis) ou morte de cidadãos aliados. Algumas cidades chegaram, inclusive, a perder o direito de decidir soberanamente os litígios privados de maior importância. Mas o imperialismo de Atenas ofendeu o sentimento político grego, essencialmente favorável à independência de cada cidade-estado. E as conseqüências disso surgiriam na forma de uma guerra que dividiria a civilização grega.

Bibliografia Grécia clássica. Cecil Maurice Bowra, Livraria José Olympio Editora, RJ, 1969. História ilustrada da Grécia Antiga. Paul Cartledge (org.), Ediouro, RJ, 2002. El mundo clásico - La epopeya de Grécia y Roma. Robin Lane Fox, Editorial Crítica, Barcelona, 2007.

 Dicionário Oxford de Literatura Clássica - grega e latina. Paul Harvey, Jorge Zahar Editor, RJ, 1998.  Enciclopédia Mirador Universal *Rodrigo Gurgel é escritor, crítico literário e editor de "Palavra", suplemento de literatura do Caderno Brasil do Le Monde Diplomatique (edição virtual).
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